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Discursos 1977 - Paulo Egydio

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so . Ha uma falacia, um equivoco, um engano profundo numa visao distorcida de<br />

desenvolvimento economico crescente, como se ele, por si so, bastasse para trazer ao<br />

homem aquilo que ele perenemente busca na face da terra : maior felicidade interior .<br />

Vivemos numa epoca em que o homem coloca essa felicidade nas ideologias ou nos<br />

sistemas politicos . E o mundo se perfilou entre dogmas e ideologias, cada pals prometendo<br />

aos homens que a adocdo de seus modelos politicos seria a resposta para a inquietude da<br />

alma humana .<br />

Estamos assistindo no Brasil e- fora dele a demonstracao cabal de que nao e o<br />

desenvolvimento economico pura e simples a resposta que satisfaz ao homem . Nao e a<br />

adocao de modelos ideologicos, por mais ideal que ele seja, a resposta que contenda o<br />

homem . Nao e o mimetismo de modelos politicos de terras estranhas, nao e a adocao de<br />

simbolos, nao e o status e o bern estar, que resolvem o problema da humanidade . 0 remedio<br />

para a solidao do homem e a busca da felicidade, so podem ser encontrados na hora em que<br />

cada um, de per si, entender que a missao do todo comeca em si mesmo. Que nao e o<br />

gigantismo do Estado, que tornara o homem mais livre . Nao e a quantidade de obras, nao<br />

serao os metros cubicos de concreto e as estatisticas, que farao com que o homem encontre<br />

efetivamente o caminho de sua felicidade . 0 que realizara isto a exatamente a consciencia<br />

de que cada um atuando na sua comunidade, participando, dando mais de si, tornando-se<br />

um pouco mais consciente sobre a escassez perene dos recursos . Com crises ou sem crises<br />

os recursos serao cada vez mais escassos para atender a demanda cada vez mais crescente<br />

que nos mesmos provocamos .<br />

Se hoje falamos em estrada, em viadutos, em aeroportos, daqui a vinte anos estaremos<br />

falando em mais estradas, estradas mais amplas, viadutos maiores e em aeroportos mais<br />

amplos . E preciso levar todos a conscientizacao de que a agao de governo deve ser a<br />

expressao de uma comunidade, de uma comunidade que ainda tenha a suprema felicidade<br />

de nao encontrar em seu seio um homem solitario, um homem anonimo. Uma comunidade<br />

que ainda possa chamar seu vizinho pelo nome . Uma comunidade que olhe para a cidade<br />

grande, e nutra o desejo de crescer, mas crescer de maneira que seus filhos nao passem<br />

pelos problemas, pelos sofrimentos e pelas angustias gerados pela grande sociedade que<br />

deixou de ser comunitario e passou a ser um espaco geografico que encerra homens que se<br />

desconhecem .<br />

Esta e a visao que este seminario procurou, de certa forma, disseminar, pregar, mostrar . Sao<br />

as maos os elementos que tornam o homem agente de transformacao . Nao e a escassez de<br />

recursos que impede o desenvolvimento . E a apatia, e a lassidao, e o indiferentismo, e a<br />

busca do recurso magico, e a falta de determinacao em criar, transformar, em estabelecer<br />

que aquilo que se desenvolve tem que ter um firn maior que o desenvolvimento em si, por<br />

que este nada significa . Que uma estrada que se constroi, uma estrada que se pavimenta, e<br />

uma estrada que tem que ligar duas cidades e tem de ser parte de um processo de<br />

transformacao da vida daqueles que vivem nessas duas cidades .

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