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G E S T Ã O
Edu a r d o Ko r m i v e s
Parceria promissora
Open innovation alavanca atividades de P&D
nas empresas que apostam em projetos cooperativos
Euler Martins dos Santos desliga o telefone
do escritório. O barulho provocado
pela reforma na sede própria da
empresa, em plena segunda-feira à tarde,
abafa a conversa de tal modo que ele conclui
a entrevista para esta reportagem do
lado de fora, pelo celular. Engana-se, porém,
quem pensa que isso o tenha deixado
incomodado. O galpão de 350 metros
quadrados, em Belo Horizonte, é uma
prova concreta de que a Verti Ecotecnologias,
da qual Euler é diretor executivo,
conseguiu o que toda start-up almeja: um
investidor disposto a pôr dinheiro para
estruturar e viabilizar o negócio.
Neste caso, o investidor é a Nucleus,
holding com sede em Nova Lima, região
metropolitana de Belo Horizonte, que
engloba sete empresas focadas no setor
ambiental e cujo faturamento total chegou
aos R$ 50 milhões no ano passado.
“Até brinco que para casar foi muito fá-
cil. Não tivemos nem tempo para namorar”,
diz o diretor executivo da Nucleus,
André Euzébio de Souza.
Uma reunião foi o suficiente, em maio
de 2008, para que a holding, interessada
em investir em uma unidade de P&D
(pesquisa e desenvolvimento) capaz de
produzir novas tecnologias, enxergasse
vantagens em adotar o modelo de open
innovation (inovação aberta). Nesse modelo,
as companhias pesquisam e desenvolvem
novos produtos externamente,
por meio de parcerias com outras empresas
ou instituições privadas e públicas.
Vantagem mútua
shutterstock
Claro que a decisão de tornar-se sócio
majoritário da Verti não foi uma obra de
filantropia. As ideias por trás disso são
acelerar o desenvolvimento de inovações
para os segmentos de siderurgia e mineração,
nos quais a Nucleus tem participação
expressiva, e economizar dinheiro.
“Criar um departamento de P&D a partir
do zero é um processo lento e custoso,
pois envolve várias competências e requer
investimentos em infraestrutura”, observa
Gustavo Mamão, diretor de Transferências
de Tecnologias do Instituto Inovação,
empresa que faz a ponte entre
desenvolvedores de tecnologia e mercado
há sete anos.
Com sede em Belo Horizonte e escritórios
no Rio de Janeiro e em Campinas
(SP), foi o Instituto Inovação quem trouxe
a oferta de open innovation à Nucleus.
Bom para a holding e bom para a startup,
que agora dispõe, na sua sede própria,
de espaço para quatro plantas pré-industriais
para testes-piloto de novas tecnologias
e de uma equipe fixa de oito pessoas,
incluindo quatro pesquisadores.
“Antes, nós dependíamos muito de editais
públicos para manter uma equipe de
desenvolvimento de tecnologias. Agora,
podemos dar um impulso nos projetos
porque temos uma equipe própria”, observa
Euler dos Santos.
Ajuda aos parceiros
A fim de acelerar e profissionalizar
ainda mais o processo de inovação, o Instituto
Inovação lançou oficialmente a
plataforma de serviços open innovation
Inventta (www.inventta.net) em março,
depois de seis meses de desenvolvimento.
A plataforma é composta por ferramentas
de Tecnologia da Informação (o sistema
on-line), que gerenciam ofertas e demandas,
e de gestão do conhecimento, essenciais
para a efetivação de transferências
tecnológicas (avaliação e valoração de
tecnologias, prospecção e mapeamento
tecnológicos, gestão de ativos intelectuais).
“Trata-se de uma plataforma acessível
da mesma forma para pequenas e
grandes empresas”, ressalta Felipe Matos,
diretor de operações da Inventta.
Empresas com demandas ou ofertas tecnológicas
podem entrar
em contato com o Instituto
Inovação através do
site da plataforma. Matos
explica que aquelas que
se enquadram no primeiro
grupo passam por um
briefing tecnológico, por
meio do qual se especifica
o que a companhia
quer e se avalia os instrumentos de que ela
dispõe para internalizar as soluções – o
licenciamento de patentes, a contratação
de pesquisadores ou a parceria tecnológica,
como no caso da Nucleus.
Com base nessas informações, a demanda
é publicada on-line, inclusive com
a opção de confidencialidade. A plataforma
Inventta possui uma base de dados
com 2 mil pesquisadores brasileiros e colombianos.
Se não houver resposta satisfatória
ao desafio tecnológico proposto,
há dois caminhos alternativos: a Inventta
parte para uma procura proativa por pesquisadores
capazes e desenvolver as soluções
ou busca parcerias internacionais
pela plataforma NineSigma. “As respostas
que chegam são analisadas pela Inventta
a fim de determinar o potencial
para solução do problema. O processo
dura normalmente de três a seis meses,
mas pode chegar a um ano em casos mais
complexos”, diz Matos.
Na outra ponta, a operação é semelhante.
Antes de serem inseridas no banco
de dados, as empresas que querem oferecer
novas tecnologias informam, entre
outras coisas, quais são os seus diferenciais,
as vantagens sobre soluções similares,
além de empresas e mercados-alvo. A
Inventta ainda se encarrega de dar suporte
na negociação quando o cliente demandante
opta pela confidencialidade.
Para tanto, dispõe de especialistas em
modelos de transferência tecnológica e
metodologias de valoração tecnológica.
Os usuários da plataforma pagam um valor
inicial mais taxa de sucesso, mas outros
formatos são possíveis, como a nego-
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Planta industrial da
Verti: open innovation
impulsionou pesquisas
Matos, do Instituto
Inovação: Inventta
contribui para a
solução de problemas
Santos, da Verti:
cooperação com a
holding viabilizou
o negócio
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