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c r i a t i v i d a d e<br />
Museu da Língua<br />
Portuguesa:<br />
patrimônio imaterial<br />
A m a n d a Mi r a n d a<br />
Cultura, ciência e diversão<br />
Os museus e centros de ciência e tecnologia atra<strong>em</strong> um<br />
público sedento por interatividade, inovação e conhecimento<br />
Imagine um lugar <strong>em</strong> que cultura e ciência<br />
caminham lado a lado, com prioridade<br />
para a diversão e, mais do que isso,<br />
para a interação com experimentos e fenômenos<br />
naturais. Imagine que nesse lugar<br />
você possa aprender de forma diferenciada,<br />
s<strong>em</strong> ter que apelar à tradicional<br />
dupla giz e quadro negro. Pois b<strong>em</strong>, esse<br />
cenário existe <strong>em</strong> quase todas as principais<br />
cidades do Brasil. São os museus<br />
de ciência e tecnologia, que cresc<strong>em</strong> <strong>em</strong><br />
número e <strong>em</strong> importância, revelando-se<br />
aliados da educação científica.<br />
Uma pesquisa realizada pela Fundação<br />
Vitae revelou que exist<strong>em</strong> cerca de 140 espalhados<br />
pelo país. Os t<strong>em</strong>as são os mais<br />
variados. Há desde jardins botânicos, com<br />
coleções de plantas de milhares de espécies,<br />
até museus de astronomia e planetários.<br />
Mas os que mais conquistam a atenção<br />
dos visitantes são os grandes centros<br />
de ciência, que reún<strong>em</strong> informações sobre<br />
todas as áreas do conhecimento. Mesmo<br />
com a intensa diss<strong>em</strong>inação desses espaços,<br />
eles ainda não são reconhecidos de<br />
forma abrangente pelo público. Uma pesquisa<br />
realizada pelo Ministério da Ciência<br />
e Tecnologia (MCT) <strong>em</strong> 2006 indicou que<br />
apenas 4% dos entrevistados já tinham visitado<br />
um museu de ciência. Parte deles<br />
sequer havia ouvido falar algo a respeito.<br />
Os museus são apontados por pesquisadores<br />
como espaços que privilegiam a divulgação<br />
da cultura científica. Ao lado do<br />
jornalismo científico, são considerados<br />
aliados da educação porque tratam de t<strong>em</strong>as<br />
sérios com criatividade e inovação.<br />
As discussões sobre o assunto levaram,<br />
inclusive, à criação da Associação Brasileira<br />
de Centros e Museus de Ciência<br />
(ABMC), que já conta com 70 filiados. Segundo<br />
o presidente da entidade, Antônio<br />
Carlos Pavão, o Brasil vive um novo momento<br />
quando o assunto são os museus.<br />
“Observamos que existe estímulo e diss<strong>em</strong>inação<br />
por todos os cantos do país”, com<strong>em</strong>ora.<br />
Ele l<strong>em</strong>bra, ainda, que o número<br />
de visitantes t<strong>em</strong> batido recordes. “Nosso<br />
público é formado por escolares. Cerca de<br />
90% das pessoas que vão aos centros ainda<br />
estudam”, aponta.<br />
O presidente acredita que é justamente<br />
essa vinculação com o ensino formal que<br />
traz tanto sucesso aos museus. “Os experimentos<br />
contribu<strong>em</strong> para estimular os<br />
alunos. Eles têm que sair do lugar mais<br />
DIVULGAÇÃO<br />
curiosos do que entraram e procurar formas<br />
de dissolver essa curiosidade”, <strong>completa</strong>.<br />
Todo esse potencial foi reconhecido<br />
pelo poder público. Por meio do CNPq e<br />
da Finep, os centros vêm garantindo verbas<br />
de apoio e difusão. Entre 2004 e 2007<br />
foram US$ 22 milhões de investimento.<br />
Os museus de C&T também foram colocados<br />
como prioridade no plano de ação<br />
2007-2010 do MCT.<br />
Mundo colorido<br />
Não há como ficar imune a toda cor e<br />
criatividade do Museu de Ciência e Tecnologia<br />
da Pontifícia Universidade Católica<br />
do Rio Grande do Sul (PUCRS),<br />
<strong>em</strong> Porto Alegre. São cinco andares que<br />
transformam qualquer curioso <strong>em</strong> descobridor,<br />
e qualquer desinteressado <strong>em</strong><br />
um cientista nato.<br />
A magia do museu está <strong>em</strong> envolver o<br />
visitante na descoberta. Nada de grandes<br />
palestras ou apresentações. Lá, o convidado<br />
é, também, o personag<strong>em</strong> principal da<br />
história. Ele aprende com a mão na massa.<br />
Em uma bicicleta nada convencional, por<br />
ex<strong>em</strong>plo, é possível perceber a ligação entre<br />
a força das pedaladas e a geração de<br />
energia. Se o ritmo de qu<strong>em</strong> pedalar for<br />
leve, uma lâmpada pode ser acesa. Se for<br />
mais forte, é possível ligar uma televisão<br />
ou até mesmo uma geladeira. E aprender<br />
isso brincando é muito mais divertido do<br />
que qualquer um imagina. “São poucas as<br />
áreas <strong>em</strong> que o visitante não interage com<br />
um experimento a fim de obter uma resposta<br />
para um questionamento. Atualmente,<br />
ampliamos essa concepção adotando<br />
uma t<strong>em</strong>ática anual. Por ex<strong>em</strong>plo,<br />
<strong>em</strong> 2009 o t<strong>em</strong>a é a (R)Evolução de Darwin,<br />
trazendo os questionamentos sobre<br />
a evolução dos seres vivos e a diversidade<br />
de espécies e ambientes”, explica o diretor<br />
do museu Emílio Antonio Jeckel Neto.<br />
O giroscópio humano é uma das atrações<br />
mais curiosas. Ele simula um equipamento<br />
utilizado pelas agências espaciais<br />
que mostra o que acontece com o corpo na<br />
DIVULGAÇÃO/ PUCRS<br />
Museu da PUCRS:<br />
visitantes são<br />
estimulados a interagir<br />
falta de gravidade. Outras atrações mais<br />
simples, como o “hom<strong>em</strong> fatiado” e suas<br />
explicações sobre o corpo humano, também<br />
divert<strong>em</strong> os visitantes. “Um museu,<br />
por excelência, é um ambiente estimulante.<br />
Além de satisfazer a curiosidade típica<br />
das pessoas, pode ser uma poderosa ferramenta<br />
para os professores, pois dá o estímulo<br />
e o entusiasmo inicial ao estudo”,<br />
<strong>completa</strong> Jeckel.<br />
A interatividade também é a principal<br />
aposta do Museu da Língua Portuguesa,<br />
de São Paulo. O acervo nada mais é do que<br />
o nosso idioma, um patrimônio imaterial<br />
que é exibido aos visitantes de forma séria,<br />
mas s<strong>em</strong> perder a graça. Escritores<br />
como Machado de Assis, Gilberto Freyre e<br />
Clarice Lispector ganharam exposições<br />
próprias, que encantam e educam qualquer<br />
tipo de público. “O museu torna-se<br />
um espaço privilegiado de identidade, de<br />
autorreconhecimento, algo que neste<br />
mundo globalizado e massificado assume<br />
dimensões de grande importância”, destaca<br />
o diretor Antonio Carlos Sartini.<br />
O Museu da Vida, ligado à Fundação<br />
Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, é outra<br />
referência nacional. O lugar é conhecido<br />
por sediar exposições diferenciadas e ter<br />
s<strong>em</strong>pre uma atração inovadora no cardápio.<br />
A criatividade pode ser percebida<br />
logo na entrada, quando o Trenzinho da<br />
Ciência começa a rodar pelas quatro grandes<br />
áreas do museu. Lá é possível escalar,<br />
ao ar livre, uma célula animal gigante ou<br />
mesmo entrar <strong>em</strong> tubos sonoros. A visita<br />
continua com peças de teatro e vídeos divertidos<br />
do projeto “Ciência <strong>em</strong> cena”, que<br />
buscam levar o visitante a uma verdadeira<br />
imersão na cultura e no conhecimento.<br />
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Locus • Abril 2009<br />
Locus • Abril 2009<br />
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