Individual 24 Claudio Rodrigues Coraçao - SBPJor
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Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo<br />
VI Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo<br />
UMESP (Universidade Metodista de São Paulo), novembro de 2008<br />
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entidades: a questão da representação da realidade; a captação e a apreensão do real<br />
(criação literária e notícia jornalística, respectivamente); a dualidade entre fato e ficção<br />
e a discussão em torno da possibilidade de o jornalismo se configurar como um gênero<br />
literário.<br />
Tais pontos são nevrálgicos neste trabalho, na medida em que os quatro tópicos<br />
exercem função fundamental na escrita joãoantoniana em Corpo-a-Corpo. Portanto, há<br />
necessidade de se verificar as distinções e semelhanças entre jornalismo e literatura.<br />
João Antônio, em sua proposta combativa textual, propõe algo mais estreito,<br />
mais subvertido em termos de fusão e convergência. Porém, é prudente que se<br />
identifiquem as naturezas das duas práticas.<br />
O problema da representação<br />
A idéia de representação carrega em si um “sentimento” de apreensão. O mundo<br />
representado é, grosso modo, o mundo assimilado e percebido por um sujeito. Nesse<br />
sentido, a representação é, essencialmente, subjetiva, mesmo tomando as sutilezas do<br />
fato e do acontecimento. Isso vale para o jornalismo e para a literatura. Mas é, aí, que se<br />
problematiza a questão representacional jornalística, ou seja, mais do que evidenciar o<br />
“apagamento” das marcas do sujeito, o ideário do jornalismo ou da mensagem<br />
jornalística, na era industrializada do capitalismo, é fazer do apagamento do sujeito o<br />
elo insondável de um efeito, o efeito da objetividade.<br />
Dessa maneira, a realidade apreendida pelo jornalismo é condicionada a fatores<br />
de verificação plausíveis, de veracidade, de astúcia factual. Enquanto a literatura possui<br />
a receita autônoma de sua abordagem em outro pólo.<br />
Para Sato (2005), a representação é construída narrativamente, isto é, é<br />
sedimentada no fabrico de idéias “figuradas”, “criadas”, “subjetivas”. Sato adverte que<br />
se a atividade jornalística, muitas vezes, vocaciona a notícia como simulacro da<br />
objetividade, comete-se um esvaziamento que oculta o processo que “possibilitou a<br />
notícia”, isto é, a realidade apreendida.<br />
Tem-se, portanto, a representação como algo extensivo ao simples jogo da<br />
função referencial. Os elementos estéticos e a função poética da linguagem exercem, no<br />
jornalismo, a mesma matriz afincada na escrita literária, no entender de Sato: