CL 07 . ANA LAURA COLOMBO DE FREITAS - SBPJor
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<strong>SBPJor</strong> – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo<br />
VII Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo<br />
USP (Universidade de São Paulo), novembro de 2009<br />
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A ênfase no fator mercadológico nos leva à idéia de que a produção e o consumo<br />
em larga escala intensificaram a valoração econômica dos bens culturais. Thompson<br />
(1995) sugere, entretanto, que aspectos da concepção clássica permanecem vivos em<br />
determinados usos cotidianos da palavra. É possível perceber isso nas relações sociais<br />
de poder e distinção descritas por Pierre Bourdieu (2004, 20<strong>07</strong>).<br />
Bourdieu (2004, p. 7-8) define o poder simbólico como um “poder invisível”<br />
que “só pode ser exercido com a cumplicidade daqueles que não querem saber que lhe<br />
estão sujeitos ou mesmo que o exercem”. Dentro dos campos sociais, as diferentes classes<br />
e suas fracções mantêm-se em uma constante luta para imporem a sua definição de<br />
mundo, de acordo com os seus interesses, de modo que as tomadas de posição ideológica<br />
reproduzem o campo das posições sociais. O campo de produção simbólica, assim,<br />
segundo Bourdieu, comportaria uma imagem da luta simbólica entre as classes. Deste<br />
modo, o que define a visão de mundo dominante é um ciclo de relações simbólicas que<br />
ultrapassa a posição em si. “O que faz o poder das palavras e das palavras de ordem,<br />
poder de manter a ordem ou de a subverter, é a crença na legitimidade das palavras e<br />
daquele que as pronuncia, crença cuja produção não é da competência das palavras”<br />
(BOURDIEU, 2004, p. 15).<br />
Neste sentido, o uso da “cultura” no sentido das artes e das humanidades está<br />
inserido no processo de distinção entre as classes. Bourdieu (20<strong>07</strong>) destaca como fator<br />
de distinção a idéia de “competência cultural”, como sinônimo da intimidade com a linguagem<br />
artística, um modo de fruição que ultrapassa a impressão superficial, adquirido<br />
no ceio familiar ou na educação escolar. Através de suas posições estéticas, o indivíduo<br />
se diferenciaria.<br />
Esta maneira de distinção através da “competência cultural” vai ao encontro da<br />
proposta de Thompson (1995, p. 16) de entender a ideologia como um “sentido a serviço<br />
do poder”. Para ele, interessa estudar as maneiras através das quais o “sentido, mobilizado<br />
pelas formas simbólicas, serve para estabelecer e sustentar relações de dominação”<br />
(THOMPSON, 1995, p. 79). Este autor, entretanto, frisa a possibilidade de pensar<br />
esse sentido não só em termos da dominação de classe, mas também em outros tipos de<br />
dominação, como entre homens e mulheres e diferentes grupos étnicos. Thompson