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CL 07 . ANA LAURA COLOMBO DE FREITAS - SBPJor

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<strong>SBPJor</strong> – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo<br />

VII Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo<br />

USP (Universidade de São Paulo), novembro de 2009<br />

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pos especializados (literário ou filosófico etc.)”. São o que ele chama de “intelectuaisjornalistas”.<br />

Em função de sua posição privilegiada entre os dois campos, eles teriam o<br />

poder de impor parâmetros de avaliação das produções. Valendo-se de seu discurso legitimado<br />

como intelectual, os “intelectuais-jornalistas” teriam sua inclinação mercadológica<br />

eufemizada, reforçando o cânone e as listas de best-sellers com implicações sobre<br />

o consumo e a produção cultural.<br />

3. Notas sobre a gênese da crítica<br />

Terry Eagleton (1991) acredita na total irrelevância social da crítica cultural praticada<br />

atualmente, incorporada pelas indústrias culturais ou confinada no meio acadêmico.<br />

Mas nem sempre foi assim. O autor reconstitui o surgimento da moderna crítica literária<br />

em princípios do século XVIII, na Inglaterra, atrelado à ascensão da esfera pública<br />

burguesa. Erguendo-se frente ao regime absolutista repressivo, esta despertaria o debate<br />

no espaço público dos cafés, clubes e jornais, dando origem à opinião pública. Uma estratégia<br />

de consolidação da classe burguesa em que o debate literário abriu o caminho<br />

para a discussão política nas classes médias. Neste processo, periódicos como o Tatler,<br />

de Richard Steele, e o Spectator, de Joseph Addison, atuaram na legitimação de uma<br />

classe, ridicularizando a aristocracia dominante, mas sem causar rupturas. “Em síntese,<br />

o que vai ajudar a unificar o bloco dominante inglês é a cultura, e o crítico é o principal<br />

portador dessa tarefa histórica” (EAGLETON, 1991, p. 6).<br />

De acordo com Daniel Piza (2004, p. 12), “os Ensaios de Montaigne, com sua<br />

capacidade de mesclar o mundano e o erudito, são a matriz evidente das conversações<br />

de Addison e Steele”. Na posição de herdeiro do ensaísmo humanista, portanto, o jornalismo<br />

cultural teria sido parte do movimento iluminista, ampliando o acesso à filosofia<br />

ao transportá-la do enclausuramento da Academia para os espaço público dos clubes e<br />

cafés (PIZA, 2004).<br />

Eagleton (1991) chama atenção, entretanto, para o fato de que a esfera pública<br />

clássica tem um caráter dúbio: ainda que, a princípio, todos possam participar dela, os<br />

pressupostos de uma participação válida são determinados em função de uma racionalidade<br />

que depende da propriedade. No mesmo sentido, a crítica iluminista põe-se ao lado

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