CL 07 . ANA LAURA COLOMBO DE FREITAS - SBPJor
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<strong>SBPJor</strong> – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo<br />
VII Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo<br />
USP (Universidade de São Paulo), novembro de 2009<br />
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ra desvendar sua construção, por vezes mesmo confundindo-se com ela. Muito desta<br />
transformação está relacionado à mudança do lugar da música em relação às outras artes,<br />
especialmente a música instrumental.<br />
O autor exemplar desta nova crítica musical, ainda de acordo com Vermes<br />
(20<strong>07</strong>), é E. T. A. Hoffmann (1776-1822), que aponta a música instrumental como a<br />
mais romântica das artes, por ser a mais independente das demais e, por isso, a mais<br />
propensa a alcançar o infinito. Em seu texto crítico sobre a Quinta Sinfonia, de Ludwig<br />
van Beethoven (1770-1827), publicado em 1810 pela revista Allgemeine musikalische<br />
Zeitung, Hoffmann estabelece o modelo que será seguido por outros críticos musicais<br />
ao longo do século XIX. Temendo que as inovações trazidas pela obra de Beethoven,<br />
compositor que marca a transição do classicismo para o romantismo em música, não<br />
seriam bem compreendidas pelo público, o crítico, com a partitura em mãos, assume a<br />
função de descrever em palavras a estrutura que a própria peça fazia questão de explicitar,<br />
à maneira da literatura romântica, que rompia o pacto de ilusão com o leitor e mostrava<br />
o seu fazer-se. “Esse tipo de abordagem descritiva [adotada por Hoffmann naquele<br />
caso] pode ser associado a dois propósitos: por um lado, ensinar ao público o que 'deve'<br />
ser ouvido na obra – um propósito didático – e, por outro lado, tentar estimular no leitor<br />
uma reação que seja semelhante àquela da audição da obra – um propósito estético”<br />
(VERMES, 20<strong>07</strong>, p. 61).<br />
Assim, a crítica romântica assumia tanto um papel educativo quanto uma condição,<br />
em si, artística, de um texto que se aproximava da literatura. Hoffmann que, tendo<br />
o Direito como profissão, atuava também como compositor, dono de uma sólida formação<br />
musical, acreditava que os compositores deviam explorar o espaço da imprensa com<br />
uma crítica especializada. E é, de fato o que acontece com a consolidação da classe dos<br />
críticos-compositores a que aderiram nomes como Robert Schumann (1810-1856), Hector<br />
Berlioz (1803-1869), Franz Lizst (1811-1886) e Richard Wagner (1813-1883).<br />
(VERMES, 20<strong>07</strong>)<br />
Por outro lado, o século XIX viu nascer também uma categoria que reunia o “sábio”<br />
(ou crítico romântico, o típico da descrição de Vermes (20<strong>07</strong>)) e o crítico de aluguel:<br />
o homem de letras. De acordo com Eagleton (1991, p. 37), este seria “mais portador<br />
e disseminador de um conhecimento ideológico genérico que exponente de uma ha-