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universidade feevale cristiane hilda didone boaretto moda japonesa

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UNIVERSIDADE FEEVALE<br />

CRISTIANE HILDA DIDONE BOARETTO<br />

MODA JAPONESA: A ESSÊNCIA CRIATIVA E O CARÁTER ORIGINAL DA<br />

CULTURA E DA ESTÉTICA<br />

Novo Hamburgo<br />

2011


CRISTIANE HILDA DIDONE BOARETTO<br />

MODA JAPONESA: A ESSÊNCIA CRIATIVA E O CARÁTER ORIGINAL DA<br />

CULTURA E DA ESTÉTICA<br />

Trabalho de Conclusão do Curso<br />

apresentado como requisito parcial à<br />

obtenção do grau de Bacharel em Moda<br />

pela Universidade Feevale.<br />

Orientadora (TCC I): Profª Liliane Mancebo<br />

Professores (TCC II): Profª Me Ana Maria Argenton Woltz<br />

Profª Me Emanuele Biolo Magnus<br />

Profª Dra Daiane Pletsch Heinrich<br />

Novo Hamburgo<br />

2011


CRISTIANE HILDA DIDONE BOARETTO<br />

Trabalho de Conclusão do Curso de Moda, com título Moda Japonesa: A essência<br />

criativa e o caráter original da cultura e da estética, submetido ao corpo docente da<br />

Universidade Feevale como requesito necessário para obtenção do grau de<br />

Bacharel.<br />

Profª. Liliane Mancebo<br />

Orientadora (TCC I)<br />

Prof ª.Bruna Pacheco<br />

Banca Examinadora<br />

Prof ª Ida Helen Thon<br />

Banca Examinadora<br />

Aprovação em Junho/2011<br />

Prof a Me Ana Maria Argenton Woltz<br />

Prof a Me Emanuele Magnus Biolo<br />

Prof a Dra Daiane Pletsch Heinrich<br />

Professoras da disciplina de<br />

Trabalho de Conclusão – Projeto de<br />

Coleção II<br />

Profª Liliane Mancebo<br />

Banca Examinadora<br />

Prof ª Bruna Pacheco<br />

Banca Examinadora<br />

Aprovação em Novembro/2011<br />

Novo Hamburgo, 2011.


AGRADECIMENTOS<br />

Liliane Mancebo<br />

Ana Maria Woltz<br />

Emanuele Biogo Magnus<br />

Bruna Pacheco<br />

Ida Helena Thon<br />

Sirlene Boaretto<br />

Nelson Júnior Boaretto<br />

Andrei Boaretto<br />

Rafael Fracasso<br />

Maicon de Brito


RESUMO<br />

O Japão é um país com características culturais muito fortes, pois os japoneses<br />

mantém as suas tradições sempre ativas, desde o período das “Eras” governadas<br />

por um imperador. Eles preservam os costumes dos seus antepassados até os dias<br />

de hoje. Os registros culturais de um dos países mais tradicionais estão refletidos na<br />

indumentária do seu povo, em que destaca-se o uso dos quimonos como uma veste<br />

com características próprias. O quimono é uma indumentária milenar que<br />

permanece entre os japoneses até hoje, possuindo a mesma modelagem, o mesmo<br />

processo de confecção e acabamentos. Independentemente dos japoneses<br />

aderirem às roupas ocidentais, eles ainda possuem uma admiração incomparável<br />

pelo traje tradicional. O Japão respira <strong>moda</strong> no seu modo diferenciado de se vestir.<br />

As roupas expressam os seus sentimentos e a sua personalidade, pois os japoneses<br />

vivem até hoje em um mundo regrado, em que a educação é rígida em qualquer<br />

situação. Além disso, procuram vestir-se de modo diferente uns dos outros, devido<br />

ao seu tipo físico ser muito semelhante. A <strong>moda</strong> dos japoneses inspira<br />

incontestávelmente o estilista Walter Rodrigues, que já desenvolveu várias coleções<br />

inspiradas em elementos da cultura <strong>japonesa</strong>, e desta forma, buscou-se estas<br />

referências <strong>japonesa</strong>s como tema principal da coleção para criar e produzir a<br />

coleção de <strong>moda</strong> da linha lingerie noite. A coleção de <strong>moda</strong> apresentada é uma<br />

nova proposta de segmento para o estilista, que será inovadora e ao mesmo tempo,<br />

preservará a sua maneira de fazer <strong>moda</strong>.<br />

Palavras- chave: Japão. Cultura. Quimono. Moda atual. Walter Rodrigues.


ABSTRACT<br />

Japan is a country with strong cultural characteristics because the japaneses keep<br />

their traditions always actives, since the period of “Ages” ruled by an emperor. They<br />

preserve the customs of their ancestors to this day. The cultural records of one the<br />

most tradicional are reflecting in clothes of this people, which highlights the use of the<br />

kimono as a garment with its own characteristics. The kimono is a clothe ascient<br />

remains among Japonese today, with the same modeling, the same process of<br />

making and finishing. Regardless of the japanese join the western clothes, they still<br />

have an admiration for the incoparable tradicional costume. Japan breathes fashion<br />

in their different way of dress. Clothes express your feelings and your personality,<br />

because the japaneses still live in a regimented world, where education is hard in any<br />

situation. The japanese try to dress differently from each other due to their physical<br />

type be very similar. The Japanese fashion undoubtedly be inspired the designer<br />

Walter Rodrigues, who has developed several collections inspired by elements of<br />

Japanese cultura, and this way, sought to these references to create and produce<br />

the collection of line lingerie night. The collection presents a new proposal for a<br />

segmente to the designer, that will be innovative and at the same time, wil preserve<br />

their way of to do fashion.<br />

Keywords: Japan. Culture. Kimono. Modern fashion. Walter Rodrigues.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES<br />

Figura 1: Mapa geográfico do Japão......................................................................... 15 <br />

Figura 2: Monte Fuji................................................................................................... 17 <br />

Figura 3: Templo Budista. ......................................................................................... 24 <br />

Figura 4: Ritual Hana mi............................................................................................ 29 <br />

Figura 5: Cerimônia do Chá. ..................................................................................... 31 <br />

Figura 6: Quimono feminino e masculino. ................................................................. 41 <br />

Figura 7: Quimono das crianças................................................................................ 46 <br />

Figura 8: Quimono de casamento. ............................................................................ 47 <br />

Figura 9: Gueixas. ..................................................................................................... 48 <br />

Figura 10: Uniformes dos japoneses......................................................................... 55 <br />

Figura 11: Moda de rua em Harajuku........................................................................ 57 <br />

Figura 12: Visualkey - Banda de integrantes homens............................................... 58 <br />

Figura 13: Jovens usando quimonos nas ruas.......................................................... 63 <br />

Figura 14: Plataformas masculinas. .......................................................................... 64 <br />

Figura 15: Desfile Verão 2011 – Kenzo..................................................................... 69 <br />

Figura 16: Coleção Walter Rodrigues ....................................................................... 81 <br />

Figura 17: Coleção Walter Rodrigues Inverno 2011 ................................................. 82 <br />

Figura 18: Coleção Walter Rodrigues Inverno 2011 ................................................. 83 <br />

Figura 19: Briefing. .................................................................................................... 84 <br />

Figura 20: As mulheres de Walter Rodrigues............................................................ 87 <br />

Figura 21: Macrotendência Hyperculture. ................................................................. 92 <br />

Figura 22: Macrotendência Resgate das tradições. .................................................. 93 <br />

Figura 23: Microtendência Cores vibrantes............................................................... 94 <br />

Figura 24: Microtendência Estampas florais. ............................................................ 95 <br />

Figura 25: Brainstorming. .......................................................................................... 97 <br />

Figura 26: Tema de inspiração: Japão. ..................................................................... 98 <br />

Figura 27: Elementos de estilo ................................................................................ 100 <br />

Figura 28: Cartela de cores. .................................................................................... 102 <br />

Figura 29: Cartela de tecidos. ................................................................................. 106 <br />

Figura 30: Cartela de aviamentos ........................................................................... 107 <br />

Figura 31:Cartela de superfícies ............................................................................. 109 <br />

Figura 32: Quadro de coleção ................................................................................. 110 <br />

Figura 33: Desenhos de croquis.............................................................................. 112 <br />

Figura 34: Toile em tecido de algodão. ................................................................... 115 <br />

Figura 35: Modelagens............................................................................................ 117 <br />

Figura 36: Montagem do vestido. ............................................................................ 119 <br />

Figura 37: Montagem do laço de veludo. ................................................................ 120 <br />

Figura 38: Transpasse do corset............................................................................. 122 <br />

Figura 39: Ficha técnica. ......................................................................................... 124 <br />

Figura 40: Sketchbook............................................................................................. 127 <br />

Figura 41: Looks produzidos ................................................................................... 128 <br />

Figura 42: Release da marca .................................................................................. 129


7<br />

LISTA DE TABELAS<br />

Tabela 1: Mix de produto........................................................................................... 89 <br />

Tabela 2: Mix de <strong>moda</strong> .............................................................................................. 90


8<br />

SUMÁRIO<br />

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10<br />

1 HISTÓRIA E TRADIÇÃO ....................................................................................... 14<br />

1.1 SITUAÇÃO GEOGRÁFICA E CARACTERÍSTICA ............................................. 14 <br />

1.2 ORIGEM .............................................................................................................. 18 <br />

1.3 RELIGIÃO............................................................................................................ 21 <br />

1.4 CULTURA............................................................................................................ 25 <br />

1.5 TRADIÇÃO .......................................................................................................... 26 <br />

1.5.1 A natureza ....................................................................................................... 27 <br />

1.5.2 Os jardins japoneses ..................................................................................... 27 <br />

1.5.3 As flores de Cerejeiras................................................................................... 28 <br />

1.5.4 O cultivo do arroz ........................................................................................... 30 <br />

1.5.5 Cerimônia do chá ........................................................................................... 30 <br />

1.5.6 Teatro............................................................................................................... 32 <br />

1.5.7 Artes ................................................................................................................ 32 <br />

1.5.8 Origamis .......................................................................................................... 33 <br />

1.5.9 Roupas ............................................................................................................ 33 <br />

1.5.10 Acessórios .................................................................................................... 34 <br />

1.5.11 Os Samurais.................................................................................................. 35 <br />

1.5.12 As lutas marciais .......................................................................................... 36 <br />

1.6 O NOVO JAPÃO ................................................................................................. 36<br />

2 O QUIMONO .......................................................................................................... 38 <br />

2.1 OS TIPOS DE QUIMONOS................................................................................. 44 <br />

2.2 O QUIMONO DE SAMURAI................................................................................ 45 <br />

2.3 O QUIMONO DAS CRIANÇAS ........................................................................... 46 <br />

2.4 O QUIMONO DE CASAMENTO ......................................................................... 46 <br />

2.5 O QUIMONO DAS GUEIXAS.............................................................................. 47 <br />

2.6 O QUIMONO HOJE............................................................................................. 52<br />

3 MODA JAPONESA ATUAL................................................................................... 54 <br />

3.1 UNIFORMES JAPONESES ................................................................................ 54 <br />

3.2 MODA DE RUA ................................................................................................... 56 <br />

3.2.1 Visualkey ......................................................................................................... 58 <br />

3.2.2 Cosplays.......................................................................................................... 59 <br />

3.2.3 Lolitas .............................................................................................................. 59 <br />

3.3 A INFLUÊNCIA DA MODA NOS JOVENS JAPONESES ................................... 61 <br />

3.4 ESTILISTAS JAPONESES.................................................................................. 65 <br />

3.4.1 Hanae Mori ...................................................................................................... 66 <br />

3.4.2 Kenzo Takada ................................................................................................. 67 <br />

3.4.3 Yohji Yamamoto ............................................................................................. 69<br />

4 PROJETO E DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÃO PARA A MARCA WALTER<br />

RODRIGUES............................................................................................................. 76 <br />

4.1 PROJETO DE COLEÇÃO ................................................................................... 76 <br />

4.2 DESENVOLVIMENTO DA COLEÇÃO ................................................................ 78


9<br />

4.2.1 Análise da marca ............................................................................................ 79 <br />

4.2.2 Apresentação do público-alvo ...................................................................... 86 <br />

4.2.3 Parâmetros da coleção .................................................................................. 87 <br />

4.2.4 Pesquisa de tendências................................................................................. 90 <br />

4.2.5 Tema de inspiração ........................................................................................ 96 <br />

4.2.6 Elementos de estilo...................................................................................... 100 <br />

4.2.7 Cores ............................................................................................................. 101 <br />

4.2.8 Materiais ........................................................................................................ 103 <br />

4.2.9 Aviamentos ................................................................................................... 107 <br />

4.2.10 Superfícies .................................................................................................. 109 <br />

4.2.11 Quadro de coleção ..................................................................................... 110 <br />

4.2.12 Croquis ........................................................................................................ 111 <br />

4.2.13 Modelagem.................................................................................................. 113 <br />

4.2.14 Montagem.................................................................................................... 117 <br />

4.2.15 Fichas técnicas........................................................................................... 122 <br />

4.2.16 Apresentação da coleção .......................................................................... 125<br />

CONCLUSÃO ......................................................................................................... 131<br />

REFERÊNCIAS....................................................................................................... 135<br />

GLOSSÁRIO ........................................................................................................... 140<br />

APÊNDICE A .......................................................................................................... 150 <br />

APÊNDICE B .......................................................................................................... 152 <br />

APÊNDICE C .......................................................................................................... 154 <br />

APÊNDICE D .......................................................................................................... 156 <br />

APÊNDICE E........................................................................................................... 158 <br />

APÊNDICE F........................................................................................................... 160 <br />

APÊNDICE G .......................................................................................................... 162 <br />

APÊNDICE H .......................................................................................................... 164 <br />

APÊNDICE I ............................................................................................................ 166 <br />

APÊNDICE J ........................................................................................................... 168 <br />

APÊNDICE K .......................................................................................................... 170 <br />

APÊNDICE L........................................................................................................... 172 <br />

APÊNDICE M .......................................................................................................... 174 <br />

APÊNDICE N .......................................................................................................... 176 <br />

APÊNDICE O .......................................................................................................... 178 <br />

APÊNDICE P........................................................................................................... 180 <br />

APÊNDICE Q .......................................................................................................... 181 <br />

APÊNDICE R .......................................................................................................... 182 <br />

APÊNDICE S........................................................................................................... 183 <br />

APÊNDICE T........................................................................................................... 184 <br />

APÊNDICE U .......................................................................................................... 185 <br />

APÊNDICE V........................................................................................................... 186 <br />

APÊNDICE W.......................................................................................................... 187 <br />

APÊNDICE X........................................................................................................... 188 <br />

APÊNDICE Y........................................................................................................... 189


10<br />

INTRODUÇÃO<br />

O Trabalho de Conslusão de Curso (TCC) do curso de Moda é desenvolvido<br />

em duas etapas sendo que a primeira acontece na disciplina de Trabalho de<br />

Conclusão – Projeto de Coleção I (TCC I) e a segunda no semestre seguinte, na<br />

disciplina de Trabalho de Conclusão – Projeto de Coleção II (TCC II). A primeira<br />

etapa compreende um estudo teórico orientado por um professor orientador e a<br />

segunda estabelece a relação desta teoria com a prática no desenvolvimento de<br />

uma coleção de <strong>moda</strong> vestuário orientada pelos professores da disciplina.<br />

Este trabalho apresenta as tradições, a cultura e a <strong>moda</strong> do Japão, tendo<br />

em vista suas particularidades. A partir de uma análise da sua posição geográfica e<br />

da sua história, pode-se ter acesso ao espírito da sua tradição e cultura. O problema<br />

de pesquisa é fazer uma análise sobre a origem da filosofia e da cultura <strong>japonesa</strong>,<br />

refletindo sobre como essa cultura se mantém até os dias de hoje e qual sua<br />

influência sobre a <strong>moda</strong>.<br />

O título “Moda <strong>japonesa</strong>: a essência criativa e o caráter original da cultura e<br />

estética”, refere-se justamente ao modo de fazer <strong>moda</strong> que reflete a cultura e a arte<br />

deste povo, o amor ao que é belo e justo.<br />

“Na realidade, formaram-se na vida simbólica de todos os povos certos<br />

padrões estilísticos resistentes durante séculos, e que receberam da sua<br />

regularidade interna e do seu enraizamento comunitário uma força de reprodução<br />

extraordinária.” (BOSI, 2001, p.18)<br />

Por cultura entende-se “ o conjunto de todos os bens simbólicos produzidos<br />

por uma sociedade, desde a ciência até a arte, incluindo a língua, a religião e<br />

mesmo a economia.” (SEKEFF, 2001, p.10)<br />

Por essência criativa e estética está previsto um olhar sobre a<br />

expressividade artística e o seu caráter único explorado em variadas nuances na<br />

atividade humana desta nação. “ A arte é um fazer. A arte é um conjunto de atos<br />

pelos quais se muda a forma, se trans-forma a matéria oferecida pela natureza e<br />

pela cultura.” (BOSI, 2001, p.13)<br />

O objetivo geral é esclarecer como é a <strong>moda</strong> <strong>japonesa</strong> atual, seja nas ruas,<br />

no trabalho e em diversos eventos, e quais são as influências que geram


11<br />

determinados estilos. O objetivo específico é aprofundar a pesquisa sobre a<br />

indumentária tradicional <strong>japonesa</strong>, isto é, o quimono, mostrando toda a sua história,<br />

os tipos de quimonos, as situações onde ele é mais usado e quem são as pessoas<br />

que usam essa indumentária nos dias de hoje. Desenvolver uma coleção de<br />

vestuário relacionada ao tema, Japão, estudado durante todo o TCC I também faz<br />

parte do objetivo específico.<br />

A motivação para o desenvolvimento deste tema está relacionada a uma<br />

curiosidade sobre o modo de vida japonês, tão diferente do ocidental. O Japão é um<br />

país com características especiais, com um cultura riquíssima em valores morais e<br />

estéticos.<br />

A metodologia aplicada a este trabalho é a pesquisa bibliográfica, com<br />

referenciais em livros sobre cultura e <strong>moda</strong> <strong>japonesa</strong>, além de livros de história geral<br />

da civilização e, em específico, da história do Japão. Para as questões relacionadas<br />

com o Japão atual e a <strong>moda</strong>, as referências de dados são Célia Sakurai, historiadora<br />

e antropóloga brasileira que escreveu o livro Os Japoneses, baseado em pesquisas<br />

bibliográficas e de campo. A autora Cristiane Sato, formada em Dinheiro pela USP e<br />

colaboradora do site www.cultura<strong>japonesa</strong>.com.br, juntamente com o autor Júlio<br />

Moreno, diretor executivo da JCB, também foram usados como referenciais teóricos<br />

para o desenvolvimento deste trabalho.<br />

Nas informações colhidas sobre o Japão Antigo e a indumentária tradicional,<br />

os principais autores são Will Durant, escritor da série historiográfica da “História da<br />

Civilização”, Jonathan Norton Leonard, redator dos livros Time-Life, sobre temas<br />

científicos e assuntos latino-americanos, e Richard Tames, autor de livros de história<br />

para o público infantil e jovem. Os livros principais trabalhados sobre a criação e o<br />

desenvolvimento de um coleção de <strong>moda</strong> são a coleção de livros da Editora<br />

Bookman sobre os Fundamentos de Design de Moda, que incluem os exemplares<br />

de Desenvolvimento de uma coleção, Pesquisa e Design, Desenho de Moda,<br />

Tecidos e Moda e Construção de vestuário que foram traduzidos, na sua maioria,<br />

pelos professores da Universidade Feevale.<br />

Em conjunto com esta coleção de livros sobre <strong>moda</strong>, utilizou-se como fonte<br />

de pesquisa o livro Inventando <strong>moda</strong> de Doris Treptow e o de Modelagem & técnicas<br />

de interpretação para confecção industrial da autora e professora Daiane Pletsch<br />

Heinrich, juntamente com o próprio livro de Walter Rodrigues que faz parte de uma<br />

coleção de livros de estilistas brasileiros.


12<br />

Os assuntos tratados no primeiro capítulo são história, cultura e tradição<br />

<strong>japonesa</strong>, tais como a religião, os rituais, as roupas, as atividades recreativas, entre<br />

outras. A posição geográfica do Japão, os acontecimentos naturais, os períodos pré<br />

e pós-guerra e os costumes de vida dos japoneses também estão apresentados<br />

neste capítulo.<br />

O segundo capítulo aborda um assunto mais específico: o quimono,<br />

relatando a sua história, a sua origem, e toda a evolução do traje até ser totalmente<br />

característico do povo japonês, uma vez que esse traje tem sua origem na China.<br />

Neste capítulo, também são apresentados os tipos de quimonos, os usados nas<br />

cerimônias de casamento, os usados pelas gueixas e pelos samurais, e o quimono<br />

hoje – como e onde ele é usado.<br />

O terceiro capítulo aborda a <strong>moda</strong> <strong>japonesa</strong> atual, as tribos urbanas e as<br />

suas características, apresentando a diferença de cada grupo dentro da sociedade.<br />

Uma análise de três estilistas, conhecidos no mundo todo, é feita para aprofundar o<br />

estudo sobre a <strong>moda</strong> <strong>japonesa</strong> e a sua performance atual com toda sua rica<br />

linguagem artística mantida pela tradição.<br />

A relação entre as transformações que ocorreram no decorrer da história da<br />

indumentária <strong>japonesa</strong> e a <strong>moda</strong> atual é tratada, neste trabalho, de forma a mostrar<br />

o envolvimento dos japoneses com a <strong>moda</strong>, sendo esta a principal contribuição de<br />

pesquisa.<br />

O quarto capítulo se estabelece a relação da teoria estudada nos capítulos<br />

anteriores com a prática no desenvolvimentode uma coleção de <strong>moda</strong> para o<br />

segmento feminino, para a marca de Walter Rodrigues. Este capítulo é a aplicação<br />

de toda a pesquisa de forma prática com o desenvolvimento da coleção de <strong>moda</strong>,<br />

em que, no final de toda a pesquisa escolhe-se um estilista ou uma marca e com<br />

base nos dados da marca e do tema escolhido no TCC I desenvolve-se uma coleção<br />

de vestuário.<br />

Este capítulo é referente ao TCC II, onde cria-se uma proposta de coleção,<br />

em que, o estilista escolhido foi Walter Rodrigues. Com um estudo sobre o histórico<br />

de vida do estilista, sobre a sua marca e suas inspirações, optou-se por desenvolver<br />

uma coleção de lingerie linha noite, propondo um novo segmento para o estilista<br />

mas sem sair dos seus padrões de qualidade e acabamento.<br />

No final do trabalho contém um glossário com todas as palavras referentes<br />

ao Japão, algumas palavras <strong>japonesa</strong>s traduzidas para o português, e o significados


13<br />

de diversos conceitos de mdoa <strong>japonesa</strong>, da <strong>moda</strong> em geral e do desenvolvimento<br />

de coleção. O glossário contém os conceitos exemplificados das palavras citadas<br />

nos capítulos e outras conceitos de palavras apenas para um maior conhecimento<br />

do leitor sobre a cultura <strong>japonesa</strong> e sobre as definições de <strong>moda</strong>. Além do glossário<br />

o trabalho possui o apêndice, ao qual contém as demais fichas técnicas<br />

exemplificadas no corpo do texto e os desenhos de croquis com as suas explicações<br />

sobre cada look.<br />

Os processos de desenvolvimento de coleção apresentados neste trabalho<br />

são o estudo da marca, do público-alvo, a pesquisa de tendências e do tema de<br />

inspiração, ao qual resultou nas cartelas de cores, tecidos e aviamentos, nos<br />

elementos de estilos, nos desenhos de croquis, modelagem, montagem, fichas<br />

técnicas, quadro de coleção e na apresentação da coleção para o público.<br />

A pesquisa sobre o Japão, sua história, cultura, tradições e a <strong>moda</strong>, estará<br />

aliada à proposta de desenvolvimento de coleção, pois o estilista Walter Rodrigues<br />

possui uma considerável admiração pela cultura oriental, em especial a <strong>japonesa</strong>, ao<br />

qual a pesquisa contribuirá com a essência da coleção, como para a criação das<br />

peças e para o desenvolvimento do produto final.


14<br />

1 HISTÓRIA E TRADIÇÃO<br />

A história do Japão é contada pelo seu próprio povo, devido a maneira<br />

como os japoneses mantém a sua tradição sempre presente ao longo dos anos,<br />

através das lendas e da posição geográfica desse país. Os relatos históricos do<br />

Japão são apresentados nesse capítulo, mostrando os períodos do governo japonês<br />

e a influência que a sua situação geográfica tem no seu próprio estilo de vida.<br />

“Olho para as flores,<br />

Olho e as flores espalham-se<br />

Olho e as flores...<br />

Crescem as flores<br />

Crescem e depois caem,<br />

Caem e depois...”<br />

Onitsura (SAKURAI, 2007, p. 22)<br />

O poema japonês sobre as Flores de Cerejeiras, de Onitsura (1660-1738)<br />

atribui-se ao modo como os japoneses pensam sobre a sua geografia. O texto diz<br />

respeito a adoração do povo pela natureza, porém, eles não podem mudar o curso<br />

da natureza, referindo-se aos abalos sísmicos.<br />

1.1 SITUAÇÃO GEOGRÁFICA E CARACTERÍSTICA<br />

O Japão é formado por um grupo de ilhas situado no extremo leste do<br />

continente asiático (figura 1), tendo todas as suas fronteiras delimitadas pelo mar. O<br />

seu vizinho mais próximo é a Coréia do Sul, ficando a 190 quilômetros de distância<br />

(TAMES, 2002).


15<br />

Figura 1: Mapa geográfico do Japão.<br />

Fonte: Adaptada pela autora ( TAMES, 2002, p. 5)<br />

O arquipélago do Japão é formado pelas quatro maiores ilhas, que<br />

representam 97% da área terrestre nacional, além delas existem ainda<br />

aproximadamente 3 mil ilhas secundárias. A maior parte delas é montanhosa, com<br />

muitos vulcões. O Japão possui a décima maior população do mundo, com cerca de<br />

127,5 milhões de habitantes (FREITAS, 2010).<br />

Durant (1957, p. 292) comenta que:<br />

[...] os ventos aquecidos e as correntes que vem do sul misturam-se com o<br />

ar frio das montanhas e produzem um clima como o da Inglaterra, propício à<br />

vegetação e variedade paisagística e rico em chuvas e névoas nutridoras de<br />

pequenos rios torrentosos. Fora das cidades, metade da terra é um éden no<br />

tempo das flores; e as montanhas desenham-se artisticamente, em linhas<br />

quase perfeitas como as do Fuji.<br />

As ilhas maiores e principais são: Hokkaido, Honshu, Shikoku e Kyushu<br />

(SAKURAI, 2007). A maior e mais populosa ilha <strong>japonesa</strong> é a de Honshu, com um<br />

tamanho característico à metade do arquipélago, e o povo que habita essa ilha é de<br />

origem marítima destinado à dominação dos mares (DURANT, 1957).<br />

Sakurai (2007, p. 25), quando fala sobre as ilhas <strong>japonesa</strong>s, enfatiza:<br />

É em Honshu que se localiza a capital do país, Tóquio, e cidades<br />

importantes como Osaka, cidade industrial, Nara e Kyoto, cidades<br />

históricas. Essa ilha é a sétima maior do mundo e segunda em<br />

concentração populacional é onde está concentrada a maior parte da<br />

história <strong>japonesa</strong>. Tóquio se localiza na maior planície da ilha, Kanto, e<br />

outras planícies importantes são Nobi (ao redor da cidade de Nagoya), Kinki<br />

(onde se localiza Osaka e Kyoto) e Sendai (nordeste de Honshu). Todas<br />

foram importantes para a história <strong>japonesa</strong> por serem áreas cultiváveis.


16<br />

Hokkaido também é uma das principais ilhas do Japão. Seu povoamento<br />

ocorreu a partir de 1868, com o movimento da colonização incentivado pelo governo<br />

da Era Meiji; hoje é a quinta cidade mais populosa do país. Entre suas atividades<br />

econômicas, destacam-se o laticínio e a cerveja de Sapporo, nome de sua capital.<br />

Esta ilha, com florestas e vulcões, é a área mais preservada do Japão, possuindo<br />

seis parques nacionais, entre eles o Taisetsuan, com a maior área de todo o país.<br />

Nessa região, os invernos são rigorosos devido às altas latitudes; os verões são<br />

frescos, com pouca precipitação de chuvas. A prática de esportes na neve é<br />

bastante utilizada em Hokkaido devido ao clima frio (SAKURAI, 2007).<br />

Durant (1957) relata, em seu livro, que as ilhas são produtos dos terremotos,<br />

pois, nenhuma outra terra sofreu tão dolorosamente os abalos do solo. Os<br />

movimentos que ocorreram na terra foram responsáveis pela separação territorial<br />

que o Japão possui hoje, através dessa movimentação as ilhas foram distanciandose<br />

uma das outras.<br />

Segundo a autora Sakurai (2007, p. 32), todas as teorias são levadas para<br />

essa ideia:<br />

[...] e uma delas diz que erupções vulcânicas, cujas lavas foram<br />

submergindo do oceano desde o período Secundário, que deram origem ao<br />

território japonês. Os movimentos da terra começaram a configurar a atual<br />

formação do território a partir do período Mioceno, há 25 milhões de anos,<br />

através das erupções vulcânicas das fossas submarinas, como a Fossa<br />

Magna que corta transversalmente o norte da ilha de Shikoku e o sul de<br />

Honshu.<br />

Os terremotos estão presentes em todos os períodos da história do Japão,<br />

com épocas em que a ocorrência desses abalos é maior e mais intensa, causado<br />

grande destruição e deixando a população ferida, devido a intensidade dos tremores<br />

e até mortos. O povo japonês durante toda a sua história sofreu com essas forças da<br />

natureza, que causam devastação nos lugares onde atingem.<br />

“No ano de 599, a terra tremeu, destruindo aldeias, meteoros caíram e as<br />

ruas foram revestidas de neve em pleno mês de julho. Os japoneses então<br />

sobreviveram a seca e a fome, e muitos morreram” (DURANT, 1957, p. 292).<br />

Ao longo dos séculos, essa ameça constante dos vulcões provocou uma<br />

relação de temor e admiração dos japoneses diante desta força da natureza. A<br />

atividade vulcânica alterou algumas vezes o mapa do país, modificando paisagens e<br />

afetando a vida da população. O vulcão mais conhecido do mundo é o monte Fuji


17<br />

(figura 2), e a sua última erupção ocorreu em novembro de 1707, sem causar muitos<br />

danos. Hoje este vulcão permanece inativo (SAKURAI, 2007).<br />

Figura 2: Monte Fuji.<br />

Fonte: Adaptada pela autora (MORENO, 2003, p.66)<br />

Outro vulcão bem conhecido é o monte Aso, considerado o vulcão mais<br />

explosivo do mundo, localizado na ilha de Kyushu. Ele possui cinco cones, mas<br />

somente um deles está ativo. Este cone já entrou em erupção 553 vezes, sendo a<br />

última em 1993. Além do monte Aso, ultimamente há muitos outros vulcões que<br />

deixam rastros de destruição e mortes por onde suas lavas passam, como o monte<br />

Sakurajima, na ilha de Kyushu, o monte Unzen em Nagasaki, o vulcão Bandai em<br />

Honshu, entre outros (SAKURAI, 2007).<br />

Há uma lenda antiga, na qual os japoneses explicavam sobre ocorrência dos<br />

terremotos para as crianças, dizendo que eram causados por um enorme peixe que<br />

vive embaixo da terra. Diziam que a crueldade dos humanos provocava nele uma<br />

fúria que o fazia agitar-se e levantar as suas costas, abalando a superfície da terra.<br />

Segundo essa lenda, o peixe tem pavio curto, pois são cerca de 1.500 abalos<br />

sísmicos por ano e, segundo a autora Sakurai (2007), calcula-se que, de todos os<br />

abalos que acontecem em todo o mundo, 10% ocorrem no Japão.


18<br />

O arquipélago japonês está localizado numa área de intensa turbulência<br />

tectônica, no chamado “anel de fogo do Pacífico”, o que provoca abalos<br />

sísmicos de diferentes graus de intensidade, assim como erupções<br />

vulcânicas e movimentos também no mar, que afetam especialmente os<br />

habitantes que vivem nas regiões litorâneas. As turbulências no interior da<br />

Terra podem provocar, no Japão, desde um simples susto a dramáticas<br />

cenas de destruição e morte (SAKURAI, 2007, p. 35).<br />

Com o movimento das placas tectônicas, acabam acontecendo diversos<br />

abalos na estrutura do país. Além dos terremotos, os japoneses também convivem<br />

com diversos temores, como os vulcões e os tufões, que todos os anos varrem o<br />

litoral e já são até esperados pelos japoneses nos meses de agosto e setembro.<br />

[...] Havia um antigo ditado japones que dizia: “a criança <strong>japonesa</strong> tem mais<br />

medo de terremotos, relâmpagos e incêndios que de seu próprio pai. Num<br />

tempo em que ter receio do pai era considerado necessário e positivo,<br />

socialmente, temer os efeitos cruéis de forças da natureza mais do que do<br />

chefe da família significa fato de muito medo (SAKURAI, 2007, p. 37).<br />

Ainda hoje ocorrem diversos abalos como o acontecido em 11 de março de<br />

2011. Segundo reportagem na revista Época de 14 de março de 2011, houve o<br />

maior tremor já registrado em 140 anos de medição no país, com 8,9 graus na<br />

escala Richter (YONAHA, 2011).<br />

1.2 ORIGEM<br />

Um milênio depois da nação chinesa ter alcançado um elevado nível de<br />

civilização, as ilhas <strong>japonesa</strong>s, por volta de 500 a.C, ainda eram povoadas por<br />

habitantes rudes que viviam em estado tribal. Segundo o autor Leonard (1973),<br />

existem achados arqueológicos que indicam que alguns deles habitaram o Japão<br />

por milhares de anos.<br />

“O arquipélago japonês foi se convertendo através dos séculos, na morada<br />

dos mais diversos povos, de diferentes lugares, que chegaram em diferentes<br />

épocas” (GIORDANI, 1996, p. 276).<br />

Os povo que habitaram, inicialmente, as ilhas <strong>japonesa</strong>s vieram de vários<br />

lugares, como da Coréia e da Indonésia. Com essa diversidade de pessoas, as suas<br />

tradições e culturas misturaram-se, formando um povo com características<br />

diferentes dos demais que habitavam a Ásia.


19<br />

Nos tempos históricos, observa Hall, esta mistura havia produzido um povo<br />

relativamente homogêneo que se diferenciava claramente de seus vizinhos<br />

continentais – chineses, coreanos ou mongóis – quanto a linguagem, tipo<br />

físico, religião e estrutura política. “Porém suas origens não se conhecem<br />

com precisão, nem está clara a duração do processo de mistura, nem pode<br />

dizer-se com exatidão quando os habitantes primitivos se converteram em<br />

japoneses (GIORDANI, 1996, p. 276).<br />

As origens <strong>japonesa</strong>s, segundo o autor Durant (1957, p 293),<br />

[...] são compostas de três raças distintas, sendo os brancos, povos vindos<br />

do rio Amur nos tempos do período neolítico, os amarelos, caracterizados<br />

como os povos mongólicos que vieram da Coréia no século VII a.C e os<br />

maláias ou indonésios, que chegaram ao japão infiltrados nas ilhas do sul.<br />

Quando falamos sobre a origem do povo japonês, outro autor relata que eles<br />

teriam origem primitiva dos Ainos, povo caracterizado como caucasóides<br />

mesocéfalos, com traços mongóis. Conforme relatos em documentos da era do<br />

Tokugawa, eles ocuparam o Tohoku durante séculos, mantendo os exércitos<br />

japoneses. Os Ainos viviam em comunidades numerosas, porém hoje eles são<br />

aproximadamente 14.000 e localizam-se no extremo norte do arquipélago<br />

(GIORDANI, 1996).<br />

Segundo Leonard (1973, p. 12): “[...] No antigo povo tribal, os Ainos,<br />

possuíam pêlos nos corpos e tinham uma fisionomia rude e grosseira, eles viviam da<br />

caça, da pesca e adoravam os ursos, diferentemente dos japoneses”.<br />

O povo Aino, segundo os autores citados anteriormente, habitou as ilhas<br />

<strong>japonesa</strong>s juntamente com os povos vizinhos, que também passaram a morar no<br />

Japão. Os Ainos, seriam os responsáveis por desenvolver as técnicas da caça e da<br />

pesca, juntamente com o artesanato feito através de objetos de cerâmica.<br />

Certos antropólogos acreditam que os ainos – alguns do quais ainda<br />

habitam a ilha setentrional de Hocaido – eram membros primitivos da raça<br />

branca, variedade que se teria separado de um tronco caucásico ancestral,<br />

em tempos muito remotos. Talvez tenham chegado ao Japão, provindo da<br />

Sibéria, e se disseminado bastante até serem forçados a se afastar em<br />

direção ao norte, por populações mais adiantadas, já fixadas mais ao sul<br />

(LEONARD, 1973, p. 12).<br />

Possivelmente esse povo falasse uma língua semelhante ao japonês<br />

moderno, pois é diferente do chinês e, em parte, aparentado com o coreano<br />

(LEONARD, 1973).<br />

Outro povo descrito por Giordani (1996) é o da cultura Jômon, que viveu no<br />

Japão durante centenas de anos e foi responsavel pelas atividades no campo e na<br />

cerâmica. O homem Jômon praticava a agricultura primitiva e em pequena escala. A


20<br />

vida das pequenas comunidades era organizada em função da caça, da proteção<br />

mútua e da estrutura das comunidades agrícolas (GIORDANI, 1996).<br />

Os homens do período Jômon, que viviam próximo ao litoral, faziam a coleta<br />

de mariscos para se alimentarem. Os homens das montanhas viviam da caça e da<br />

coleta de frutos e raízes. Suas armas eram com pontas de armas de arremesso com<br />

pedra, de forma triangular. A cerâmica era muito praticada por esse povo e eles<br />

também fabricavam argolas de conchas, brincos de presas de javali, adornos de<br />

pedras, estatuetas e máscaras de argila (GIORDANI, 1996).<br />

A era do período Jômon durou de cerca de 8.000 a.C a 300 a.C e foi<br />

chamada de período Jômon, em homenagem ao estilo desse povo de produzir os<br />

artigos em cerâmica. Por volta de 300 a.C que foram introduzidos no Japão as<br />

técnicas agrícolas, da plantação do arroz e do trabalho com o metal. Os habitantes<br />

já usavam armas de ferro para ajudar na produção agrícola, espadas e espelhos nos<br />

rituais religiosos. A era que dura de 300 a.C a 300 d.C é compreendida como o<br />

período Yayoi, em homenagem à cerâmica produzida por eles na época<br />

(INTERNACIONAL SOCIETY FOR EDUCATION INFORMATION, 1990).<br />

No século III a.C, ocorre a invasão dos Yayoi. Eles vieram do sul da Coréia e<br />

sua imigração se prende ao movimento expansionista chinês. A chegada desse<br />

povo assinala uma revolução étnica e tecnológica. Os Yayois têm influência na<br />

formação do tipo físico japonês, na época dos construtores dos grandes túmulos,<br />

nas novas técnicas agrícolas que eles trouxeram para o Japão, substituindo o milho<br />

miúdo pelo cultivo do arroz. Os utensílios para a prática da agricultura – como os<br />

enxadões, enxadas, rastelos, machados e foices – também foram trazidos pelos<br />

Yayois, juntamente com a técnica de fundir o ferro, a qual possibilitava um melhor<br />

acabamento na fabricação das lâminas de ferro (GIORDANI, 1996).<br />

Nesse período, utilizava-se armas de bronze com espada de dois gumes,<br />

pontas de lanças, lâminas de alabarda e adagas-lanças. A cerâmica era<br />

diferenciada, sendo apresentada na cor avermelhada, com os objetos produzidos na<br />

forma de vasos, potes, tigelas e pedestais. A cultura de construção de túmulos<br />

também foi herdada deste período, sendo considerada como uma fase da evolução<br />

da cultura Yayoi (GIORDANI, 1996).<br />

A cultura Yayoi originou-se através da mescla dos habitantes mais<br />

primitivos, que, aos poucos, foram adotando alguns costumes e a língua dos povos<br />

vindos da Coréia. Assim, passaram a praticar alguma forma de culto à natureza,


21<br />

adorando fenômenos como o Sol e a Lua. Essa cultura passou a existir no começo<br />

da era cristã e recebeu esse nome, Yayoi, por ser um sítio onde os arqueólogos<br />

encontraram os restos desse povo pela primeira vez (LEONARD, 1973).<br />

Os estados foram unificados e durante o século IV, a nação foi governada<br />

por uma autoridade política centralizada em Yamato. O período do século IV ao<br />

século VI sofreu grande desenvolvimento na agricultura, pois, foi introduzida da<br />

cultura chinesa, juntamente com o confucionismo e o budismo, vindos da Coréia.<br />

Foram introduzidos no país, pela Coréia, técnicas industriais como a tecelagem, o<br />

trabalho com o metal, o curtume e a construção de navios (INTERNACIONAL<br />

SOCIETY FOR EDUCATION INFORMATION, 1990).<br />

1.3 RELIGIÃO<br />

O xintoísmo, que significa o caminho dos deuses, era a religião própria dos<br />

japoneses, e baseava-se na adoração da natureza e dos deuses. Essa religião não<br />

teve fundador, não teve escrituras, mas apenas alguns mitos que foram registrados<br />

nos primeiros livros dos japoneses, o Kijiki e o Nihon Shoki (TAMES, 2002).<br />

“O xintoísmo ensina que todos os objetos naturais, tais como um lago, uma<br />

montanha, uma árvore ou rochedo, assim como qualquer pessoa, viva ou morta, tem<br />

um espírito (kami) que deve ser respeitado” (TAMES, 2002, p. 10).<br />

Os festivais como de Takayama, o Festival Gion, de culto espiritual, que era<br />

realizado por seguidores que acreditavam que as desgraças e epidemias eram<br />

causadas pelos espíritos de pessoas poderosas que já haviam morrido. O Festival<br />

Bon, que é realizado para que as almas dos mortos retornem aos seus lares, e o do<br />

Ano Novo, que ocorre desde o período Yayoi para as pessoas rezarem por uma<br />

colheita abundante. Esses festivais começaram através de maneiras de pedir aos<br />

deuses por proteção nas plantações de arroz e de agradecer a eles por uma boa<br />

safra (INTERNACIONAL SOCIETY FOR EDUCATION INFORMATION, 1990).<br />

Segundo a autora Sakurai (2007), a religião xintoísta realiza uma forma de<br />

culto animista, que faz homenagens às forças da natureza, fazendo oferendas de<br />

alimentos ao deus do clã e aos ancestrais familiares. Esses cultos também estão


22<br />

ligados ao temor e ao respeito às forças naturais, como as erupções vulcânicas, os<br />

terremotos e maremotos.<br />

Com o tempo, o xintoísmo foi perdendo o seu prestígio na Corte, pois os<br />

imperadores acabaram acolhendo, de braços abertos, a religião budista. Nas<br />

classes inferiores e províncias, o culto aos deuses da natureza e às divindades<br />

familiares permaneceu presente. Os teólogos ajudaram a conciliar as duas religiões,<br />

o xintoísmo e o budismo (LEONARD, 1973).<br />

Segundo Leonard (1973, p. 17): “[...] Isso foi de vital importância para o<br />

Japão, pois a santidade da Família Imperial, símbolo da unidade nacional, decorria<br />

do fato de a mesma descender da deusa Sol, xintoísta [...]”. Pouco a pouco, as duas<br />

diferentes religiões se combinaram e tanto o império quanto a população passaram<br />

a concordar com as mesmas ideologias religiosas, pois, quando o budismo foi<br />

implantado no Japão, as classes inferiores mostraram resistência a aceitar<br />

facilmente essa nova teoria.<br />

Aos poucos, as duas religiões foram se combinando e os rituais feitos pelo<br />

imperador passaram a ter elementos do xintoísmo e do budismo, assim como alguns<br />

aspectos do confucionismo. Conforme relata o autor, a harmonização entre o<br />

xintoísmo e o budismo ocorreu por volta do ano de 740, quando um monge budista<br />

chamado Giorgio, que era um sacerdote influente e interessado em assuntos<br />

religiosos, viajou até Ise, o principal santuário da deusa Sol (deusa xintoísta) e<br />

pediu-lhe a sua opinião sobre a ideia do imperador de construir uma grande estátua<br />

de Buda. O monge elevou suas preces por sete dias e sete noites na porta do<br />

santuário, e por fim, a deusa lhe respondeu que as duas religiões seriam apenas<br />

formas diferentes da mesma fé. Com isso, ficou acertado que o imperador levasse<br />

adiante o seu plano de erguer uma estátua de Buda (LEONARD, 1973).<br />

Os japoneses se interessam pelo budismo porque é uma religião que tem<br />

muito para ensinar sobre o que acontece com as pessoas quando morrem.<br />

Já o xintoísmo se preocupa muito mais com a vida neste mundo. Assim,<br />

considerou-se que essas duas religiões se apóiam mutuamente. O povo<br />

japonês passou a acreditar que os deuses budistas eram espíritos xintoístas<br />

em outra forma. Ainda hoje a maioria dos japoneses prefere o ritual xintoísta<br />

para o casamento e o budista para o enterro (TAMES, 2002, p. 11).<br />

Todo esse processo aconteceu por volta de 400 d.C, quando os japoneses<br />

começaram a ter contato com a China; mas a China era um país mais rico e mais<br />

adiantado do que o Japão. Desse modo, os japoneses ficaram admirados com o<br />

país e se interessaram em aprender a escrever, a fabricar porcelana, seda, laca


23<br />

(verniz brilhante para objetos decorativos), a fabricar papel e a planejar melhor as<br />

cidades. Eles também adotaram o calendário chinês e a religião budista (TAMES,<br />

2002).<br />

Os japoneses adotaram, também, a <strong>moda</strong> e as técnicas da China, como a<br />

astronomia, a arquitetura e o planejamento urbano, o sistema do regime fiscal, a<br />

adoção da moeda, das formas de administração e até o cerimonial da corte. As<br />

tendências de penteados, roupas e gestos, além da dança e da música foram<br />

trazidas pelas chinesas e incorporadas pelas mulheres <strong>japonesa</strong>s. Mesmo com os<br />

japoneses aderindo aos costumes dos chineses, com o tempo, eles desenvolveram<br />

práticas diferenciadas próprias, lhe confererindo maior individualidade perante aos<br />

outros povos (SAKURAI, 2007).<br />

“Por mais de 400 anos, o Japão enviou funcionários e estudiosos à China.<br />

Em troca, recebia muitos professores, sacerdotes e artesãos da China e Coréia, que<br />

vinham se estabelecer no Japão” (TAMES, 2002, p. 10).<br />

Através da implantação de elementos da cultura chinesa e coreana, os<br />

Japoneses passaram a conhecer mais a tradição dos seus povos vizinhos, e assim,<br />

extrairiam dessas culturas apenas os elementos que tinham relação com o seu<br />

modo de vida e com os ensinamentos dos seus ancestrais. O budismo, também foi<br />

implantado nessa época no Japão, quando o rei da Coréia enviou uma imagem do<br />

Buda ao imperador japonês, para ensiná-lo sobre a religião do seu país. Os<br />

japoneses aderiram apenas aos ensinamentos do budismo, que já eram ligados a<br />

sua teoria de vida.<br />

No ano de 552 d.C o rei da Coréia, Paekche, enviou ao imperador do Japão<br />

alguns sacerdotes levando uma estátua de Buda, a fim de explicar a religião<br />

budista. Buda foi o título dado pelos seguidores a um mestre indiano<br />

chamado Gautama. Seus ensinamentos diziam que se a pessoa levar uma<br />

vida boa, com consideração pelos outros e sem egoísmo, ela pode escapar<br />

de renascer outras vezes, evitando toda a dor, sofrimento e doença que<br />

acompanham a vida humana [...] (TAMES, 2002, p. 11).<br />

Quando o imperador japonês recebeu a imagem do Buda, foi grande a<br />

inquietação da população por causa da expressão que essa imagem apresentava.<br />

Alguns clãs se manifestaram a favor e outros contra, mas para evitar maiores<br />

conflitos, ficou decidido que os membros da família Soga, simpatizantes do budismo,<br />

experimentariam a prática, enquanto as outras famílias continuariam cultuando os<br />

deuses ancestrais, conforme a tradição (SAKURAI, 2007).


24<br />

[...] quando uma peste assolou o país, os antibudistas a atribuem à<br />

vingança dos deuses nacionais e acirram sua oposição. A paz não é mais<br />

possível. Enfrentam-se antibusdistas e pró-budistas, estes liderados pela<br />

poderosa familia Soga. A contenda desemboca em guerra com a derrota<br />

dos oposicionistas ao budismo numa derradeira batalha em 587 (SAKURAI,<br />

2007, p. 69).<br />

Com a vitória dos pró-budistas, o budismo é declarado, então, a religião de<br />

Estado, e adotado oficialmente no Japão. Porém, mesmo com a vitória, o budismo<br />

ficou restrito à aristrocacia por um longo tempo; aos poucos, esta religião começou a<br />

se impor. Segundo Sakurai (2007, p. 69), “Os monges dos templos budistas (figura<br />

3) não eram difusores apenas da religião no Japão, mas eles também ensinavam a<br />

cultura chinesa, incluindo a escrita de ideogramas, o kanji ”.<br />

O governo chinês enviou ao Japão missionários e peregrinos, os quais<br />

foram mandados com o propósito de difundir o budismo na Ásia oriental e aumentar<br />

sua zona de influência. A religião acaba atuando como um agente de ligação entre<br />

os povos distintos que, conforme o lugar, sofrem alterações, diferenciando-se das<br />

suas formas originais (SAKURAI, 2007).<br />

Figura 3: Templo Budista.<br />

Fonte: Adaptada pela autora (MORENO, 2003, p. 28)


25<br />

Como os japoneses já eram crentes do xintoísmo – que era uma religião<br />

desprovida de requintes e orientada no sentido da natureza –, eles escolheram do<br />

budismo apenas os valores e aspectos que mais lhe importaram e que mais se<br />

adaptassem com o seu modo de vida. Nos primeiros séculos, apenas procuravam<br />

encontrar no budismo uma maneira de interceder junto aos poderes divinos para<br />

assegurar boas colheiras e afastar a peste e os desastres (LEONARD, 1973).<br />

O budismo veio para os japoneses mesclado de certas tinturas do<br />

confucionismo chinês, que trouxe normas éticas e de comportamento. Entre elas,<br />

incluía-se a do respeito aos superiores, especialmente aos pais. Assim, os<br />

japoneses também atribuíram grande apreço aos seus ancestrais, até em relação ao<br />

exercício dos altos cargos públicos que eram sempre exercidos pelos antigos e pela<br />

aristocracia (LEONARD, 1973).<br />

1.4 CULTURA<br />

A palavra cultura deriva da palavra latina colere, que significa habitar,<br />

cultivar, proteger e honrar com adoração. Cultura refere-se as idéias de cultivo e<br />

cuidado. Os primeiros empregos da palavra “cultura” em inglês, no início do século<br />

XV, estavam vinculados a idéia de cuidar da colheita e dos animais (BARNARD,<br />

2003). A cultura denota de um padrão de significados incorporados aos símbolos e<br />

historicamente transmitidos. Expressões de forma simbólicas por meio dos quais os<br />

homens se comunicam, perpetuam e desenvolvem seus conhecimentos e suas<br />

atitudes em relação a vida (SEEHABER, 2007).<br />

Seguindo esta linha de raciocínio, a cultura não diz respeito somente aos<br />

cultos, aos costumes e a produção humana, mas a uma rede de significados, aos<br />

quais os homens dão forma à suas experiências. De acordo com este pensamento<br />

sobre cultura, pode-se observar que os japoneses não aderiram totalmente à cultura<br />

dos seus povos vizinhos, mas que eles usaram elementos dessa teologia para<br />

incorporar aos seus próprios hábitos.<br />

A cultura <strong>japonesa</strong> foi criada através dos ensinamentos dos outros povos em<br />

parceria com os costumes dos ancestrais japoneses, e hoje, ela possui<br />

características próprias que representam o povo japonêse e o seu estilo de vida.


26<br />

Os japoneses adotaram e se adaptaram à religião, à literatura e às artes<br />

chinesas, mas não aceitaram a maneira chinesa de governar que o imperador<br />

japonês estava tentando implantar na sociedade no ano de 645 (LEONARD, 1973).<br />

No ano de 645, o Imperador Cotoco, apoiado pelo clã Fijiuara, concovou<br />

diversos nobres para ouvirem o seu pronunciamento. A proclamação era uma<br />

declaração de que estaria instituída a monarquia feita pelo imperador. Foi apoiada<br />

por decretos a chamada Reforma Taica, que copiavam quase totalmente os<br />

decretos em vigor na China dos Tangs (LEONARD, 1973).<br />

A Reforma Taica previa a divisão das províncias internas e externas, a<br />

criação de um sistema de impostos sobre a produção agrícola e têxtil, e a<br />

implementação do serviço militar obrigatório em que o soldado vivia por sua própria<br />

conta. As terras seriam divididas às famílias e uma parte das suas colheitas seriam<br />

entregues ao Estado, a título de impostos (SAKURAI, 2007).<br />

Mas a Reforma Taica não foi totalmente aplicada, pois não houve nenhuma<br />

revolta dos poderosos barões que tinham o controle das terras dos camponeses<br />

(LEONARD, 1973).<br />

No reinado de Daigo (898-930), o Japão continuou a absorver e a rivalizar a<br />

cultura da China. Os jardins, a arquitetura, a cozinha, a escrita e o vestuário<br />

eram imitações da China. O Japão, estimulado pela nação vizinha, entrou<br />

no período Engi (901-922), chamada a Idade de Ouro, em que a riqueza<br />

acumulava-se e criava uma vida de luxo. Com excessão dos pobres, todos<br />

andavam com vestidos de seda de tons harmoniosos, a dança e a música<br />

embelezavam a vida na Corte e nos templos, as residências tinham belos<br />

jardins e por dentro tudo era de marfim, bronze e ouro ou madeira entalhada<br />

(GIORDANI, 1996, p. 297).<br />

Como todas as épocas de riqueza geralmente são breves, a extravagância<br />

da Corte arruinou o Estado, pois a criminalidade cresceu entre os pobres e grupos<br />

de bandidos e saqueadores se organizavam nas províncias. Assim, deu-se origem a<br />

um tempo de terríveis lutas civis e pela disputa do trono (GIORDANI, 1996).<br />

1.5 TRADIÇÃO<br />

Do mesmo modo que os japoneses foram mudando a sua história e<br />

desenvolvendo um estilo próprio de vida, deixando, cada vez mais, de ser um povo


27<br />

dependente e copiador da China, os seus costumes e tradições também se<br />

diferenciaram.<br />

O Japão antigo ou o Japão moderno, independentemente do período<br />

cronológico, ainda mantém os seus costumes originários dos seus ancestrais. Os<br />

elementos tradicionais do país estão sempre presentes no dia-a-dia dos japoneses.<br />

1.5.1 A natureza<br />

Os japoneses, durante toda a sua história, sempre tiveram uma relação de<br />

respeito e uma cultura de valorização da natureza. Essa adoração pelos elementos<br />

naturais pode ser proveniente de todos os riscos que o país se depara dia-a-dia,<br />

como os vulcões, os terremotos e os tufões (SAKURAI, 2007).<br />

Os abalos naturais são vistos pelos japoneses como um fato que não pode<br />

ser contornado. Os japoneses aprenderam, durante toda a sua história, a viver e a<br />

sobreviver a esses perigos. Isso faz que com que o povo crie um respeito e um<br />

sentimento de preservação, pois esses acontecimentos são naturais.<br />

1.5.2 Os jardins japoneses<br />

A arte de contemplar a natureza faz parte do dia-a-dia dos japoneses e eles<br />

mostram a sua adoração através da contrução dos seus jardins que são sempre<br />

refletos de flores e folhagens, com pedras e pequenos lagos. Nas casas dos<br />

japoneses, eles cultivam mini jardins, que são criados em pequenos vasos e servem<br />

para representar um pedacinho da natureza que eles podem ter dentro da suas<br />

casas.<br />

Os jardins japoneses são réplicas reduzidas da paisagem natural, com<br />

árvores, arbustos, pedras, peixes, em desenhos que reproduzem o relevo, os<br />

elementos vegetais, animais, minerais, e que mudam de acordo com as estações do<br />

ano. Esses jardins são uma homenagem do homem à natureza (SAKURAI, 2007).


28<br />

Os senhores feudais e os monges nos templos mais antigos compreendiam<br />

seus jardins como um “pedacinho do paraíso”. Construíam laguinhos para<br />

lembrar o mar com pequenas pontes arqueadas ligando uma margem à<br />

outra. Mais adiante, a água caindo em cascata entre as pedras de uma<br />

colina artificial coberta de arbustos e relva. Muito dessa tradição é mantida e<br />

valorizada até hoje (SAKURAI, 2007, p. 16).<br />

As plantas mais comuns no dia-a-dia dos japoneses são o bambu, a<br />

ameixeira, a cerejeira e o pinheiro. O bambu é utilizado para a alimentação e na<br />

confecção de objetos utilitários e de decoração. Da ameixa é feito o umeboshi<br />

(bolinha de cor vermelha que decora o arroz branco), que serve como<br />

acompanhamento nas refeições. O pinheiro é uma das plantas preferidas para<br />

serem miniaturizadas em vasos decorativos. A cerejeira é uma das flores símbolos<br />

do país, e o ritual de adoração às árvores de cerejeira é muito comum no Japão<br />

(SAKURAI, 2007).<br />

1.5.3 As flores de Cerejeiras<br />

As cerejeiras estão sempre presentes no dia-a-dia dos japoneses, pois elas<br />

estão espalhadas pelas ruas das cidades. Os desenhos destas flores são muito<br />

utilizado nas estampas dos quimonos e nos objetos de decoração através das<br />

técnicas de pinturas.<br />

Na primavera, os japoneses realizam um ritual para contemplar as<br />

cerejeiras. Esse ritual se chama hana mi (figura 4) e significa olhar as flores. Todos<br />

os anos, no mês de abril, os japoneses deixam os seus afazeres de lado e vão aos<br />

parques para ver as árvores floridas. Esse ritual é tão conhecido e significativo que<br />

muitas pessoas chegam a pernoitar nesses parques para garantirem um lugar<br />

privilegiado. Em Tóquio, há o parque Ueno, que no mês de abril, reúne multidões<br />

que vão até lá para verem as flores, fazerem piqueniques e fotografar as árvores<br />

(SAKURAI, 2007).


29<br />

Figura 4: Ritual Hana mi<br />

Fonte: Adaptada pela autora (FERREIRA, 2010, p. 1)<br />

O filme “O último Samurai”, do diretor Edward Zwick, lançado em 2003,<br />

conta a história de um guerreiro americano, Algren (Tom Cruise), que é contratado<br />

por Omura, um grande chefe do conselho japonês, ambicioso por terras, para lutar<br />

contra os Samurais em ordem do imperador, pois estes não querem participar das<br />

leis do país, tais como pagar impostos e lutar nas guerras.<br />

Em uma disputa dos soldados japoneses com os Samurais, Algren é<br />

capturado e levado para o alto das montanhas, como prisioneiro dos Samurais. Lá,<br />

ele passa a estudar e a analisar o modo de vida desses guerreiros e aprende os<br />

seus ensinamentos, a sua filosofia de vida, o seu modo de lutar. Assim, ele descobre<br />

que os Samurais são um povo originário do Japão e que apenas querem manter a<br />

sua tradição e seguir a sua cultura milenar.<br />

No filme, pode-se observar o quão valiosas e simbólicas as cerejeiras são<br />

para o povo japonês, e que a beleza destas pequenas flores em um tom rosado<br />

transmitem uma sincronia com o ambiente, tornando este espaço um autêntico<br />

cenário dos sonhos. Podemos analisar, principalmente, a relação do samurai<br />

Katsumoto com estas flores, pois durante todo o filme ele está construindo um<br />

poema sobre as cerejeiras.<br />

Na última luta dos samurais contra os soldados japoneses, Katsumoto é<br />

ferido, e no seu último instante de vida, ele contempla a perfeição e a harmonia das<br />

árvores de cerejeiras com as suas cores e o seu toque de leveza. A intensidade


30<br />

desta cena também é transmitida ao público, mostrando a importância e a<br />

simbologia cultural das cerejeiras para o povo do Japão.<br />

1.5.4 O cultivo do arroz<br />

A plantação do arroz foi introduzida no Japão no século III, pelo povo que<br />

era agricultor, os yayois, e foi o marco fundamental na história <strong>japonesa</strong>, pois são as<br />

disputas pelas terras próprias para o cultivo do arroz que movem a história da<br />

ocupação das terras, todos esses anos. O arroz toma lugar privilegiado na dieta dos<br />

povos da Ásia, substituindo outros alimentos; e o seu cultivo ajuda na diminuição da<br />

fome nos pequenos lugares, gerando até um aumento na população (SAKURAI,<br />

2007).<br />

1.5.5 Cerimônia do chá<br />

O chá, cultivado na China, foi introduzido no Japão no período Nara,<br />

utilizado no início como remédio. Segundo o autor Tames (2002, p.19), foi o monge<br />

Eisai (1141-1215) que trouxe consigo sementes de chá em 1191, após a sua visita à<br />

China. Eisai, como os outros monges, acreditava que o chá o mantinha em alerta<br />

enquanto ele meditava. Assim, para se adequar à tranquilidade da meditação, virou<br />

um costume preparar o chá de forma lenta e cuidadosa. Aos poucos, o costume de<br />

preparar e beber o chá num ambiente calmo e belo espalhou-se entre os<br />

aristocratas e comerciantes (figura 5). Até hoje essas cerimônias são realizadas no<br />

Japão.<br />

O chado é o caminho do chá. Nesse sentido, ele se difere do simples ato<br />

mundano de beber chá, pois, por meio de um ritual todo especial, a<br />

cerimônia estética e espiritual denominada cha-no-yu, toma-se o matcha<br />

(chá verde em pó) em um estado de tranquilidade e pureza, em um<br />

ambiente de respeito e harmonia (DEL REY, 2008, p. 199).


31<br />

Figura 5: Cerimônia do Chá.<br />

Fonte: Adaptada pela autora (TAMES, 2002, p. 19)<br />

O maior mestre da cerimônia do chá foi o comerciante Sen-No Rikyu (1522-<br />

1591) e, segundo ele, o mais importante em uma cerimônia de chá é a atmosfera de<br />

relaxamento e de apreciação da bebida, e não os utensílios utilizados. Na época de<br />

Yushimitsu, as cerimônias de chá eram realizadas com ostentação, apenas com o<br />

intuito de mostrar os objetos preciosos importados (DEL REY, 2008).<br />

É no verdadeiro sentido, uma arte, uma disciplina espiritual: de simplicidade,<br />

silêncio, auto-obliteração e contemplação. No entanto, deve-se notar que é<br />

tudo isso em um sentido de comunidade e, pode-se afirmar, de<br />

convergência. A cerimônia do chá, devidamente compreendida, é uma<br />

celebração de unidade e convergência, uma conquista da multiplicidade e<br />

da automação [...] (DEL REY, 2008, p. 202).<br />

A cerimônia do chá era uma reunião de alguns amigos no interior de uma<br />

pequena casa, erguida em meio a um jardim afastado da residência principal do<br />

anfitrião. O encontro tinha como finalidade tomar o chá e conversar sobre uma obra<br />

de arte (LEONARD, 1973).<br />

Antes do chá, havia um ritual de purificação, no qual os convidados lavavam<br />

as mãos e as bocas em um tanque pequeno. E, segundo o autor Del Rey (2008, p.<br />

202): “inicialmente, todos os participantes precisavam abandonar a sua pessoa<br />

social exterior, e refugiar-se na simplicidade, na pobreza, na unidade da comunhão,<br />

sem distinção entre o nobre e o plebeu”.


32<br />

1.5.6 Teatro<br />

O teatro japonês é característico no país e possui um estilo diferenciado dos<br />

teatros do ocidente. Um tipo de teatro é o Kabuki, que começou no século XVII, com<br />

um estilo mais melodramático e extremamente colorido. O Kabuki tem origem nas<br />

danças populares, com as peças constituídas por bailarinos homens, pois as<br />

mulheres não podiam participar do teatro por desempenharem papéis sugestivos. As<br />

peças do Kabuki retratam problemas do realismo e de caráter típico (LEONARD,<br />

1973).<br />

Outro teatro japonês é o Nô, que originou-se no século IV em Kyoto. Neste<br />

teatro, os atores também eram homens, como em todos os outros, e usavam roupas<br />

belíssimas e máscaras. As peças do teatro Nô falavam sobre o budismo, e muitos<br />

atores eram empregados para trabalhar nos templos e santuários (TAMES, 2002).<br />

No filme japonês “Dolls”, do diretor Takeshi Kitano, lançado em ‘DVD’ no ano<br />

de 2002, é possível observar e conhecer um pouco mais sobre o estilo do teatro<br />

japonês. O filme começa mostrando claramente uma peça de teatro que é composta<br />

somente por atores homens, que interpretam até os papéis femininos. Também<br />

podemos observar que há uma pessoa narrando a história. A peça apresentada no<br />

filme é um teatro com bonecos “marionetes”, os quais são conduzidos através das<br />

mãos dos participantes. O teatro de bonecos é bem tradicional e característico no<br />

Japão. Nessas apresentações, podemos salientar o quão é rica e bela a vestimenta<br />

utilizada pelos atores. Os quimonos são usados por todos os personagens: os<br />

samurais, as rainhas, os cortesãos e os demais atores.<br />

1.5.7 Artes<br />

Além do teatro, os japoneses também têm apreço pela arte de escrever<br />

bem, no que diz respeito à arte da caligrafia com pincel, chamada shodô, que foi<br />

cultivada pelos mestres que imprimiam nas suas obras um cunho nipônico, diferente<br />

da escrita chinesa. A língua e a escrita <strong>japonesa</strong> são originárias da China, porém os


33<br />

japoneses aperfeiçoaram e modificaram elementos e estilos, adaptando-os às suas<br />

tradições (GIORDANI, 1996).<br />

Entre as literaturas destaca-se os poemas, as poesias, o jogo de versos,<br />

chamado de renga, o genêro de ficção e a escrita em diários. Nas cerâmicas estão<br />

os vasos de barros originários do povo Jômon e os vasos de barro de cor cinzentoavermelhada<br />

desenvolvidos pelo Yayoi. A arquitetura foi marcante, no período<br />

Asuka, com a chegada do Budismo no país e a Reforma Taica. Os templos budistas<br />

são o símbolo do poder e da riqueza, constituíndo um estilo totalmente novo e<br />

diferenciado na época. Retratando a cultura budista, os japoneses aderem a pintura<br />

chinesa, uma pintura em preto e branco, chamada suiboku-ga. Esta é uma pintura<br />

em água e tinta preta (GIORDANI, 1996).<br />

1.5.8 Origamis<br />

Os origamis são dobraduras de papel criadas no século XVII como um<br />

passatempo dos samurais. Hoje, os origamis são uma das mais importantes formas<br />

de manifestação artística dos japoneses. Essas dobraduras são destaques em<br />

exposições e galerias de arte. Também são usadas nos processos de aprendizagem<br />

nas escolas como forma de desenvolver a criatividade e a concentração (MORENO,<br />

2003).<br />

1.5.9 Roupas<br />

A indumentária <strong>japonesa</strong> é caracterizada como uma arte, pois, para vestir<br />

um quimono, é necessário muita dedicação e cuidado. O quimono normalmente é<br />

confeccionado em tecido de algodão ou seda e a sua estampa é bem característica.<br />

A maior parte apresenta desenhos florais e estas estampas geralmente são pintadas<br />

artesanalmente. O corte e a modelagem do quimono é sempre igual, com uma<br />

silhueta reta e mangas largas, que podem ser longas ou curtas (SAKURAI, 2007).<br />

Em 1854, com a abertura do Japão para os países do ocidente, tanto a<br />

cultura quando as roupas ocidentais foram trazidas ao conhecimento dos japoneses.


34<br />

Eles aderiram de modo parcial e com restrições os trajes usados em todo o resto do<br />

mundo. Usam-nas por serem peças mais práticas, mas não perdem de vista os seus<br />

costumes e os princípios sociais. Hoje, os quimonos ainda são usados em<br />

comemorações, em formaturas e nas demais festividades locais (TAMES, 2002).<br />

1.5.10 Acessórios<br />

Um acessório muito utilizado nos séculos XVII e XVIII, no Japão, é o<br />

netsuke. Ne significa raiz, e tsuke, ligar. Ele era usado no período em que os<br />

japoneses usavam roupas sem bolsos ou botões, e as pessoas penduravam os seus<br />

pertences nos cordões que serviam para amarrar as suas roupas. Assim, os<br />

netsukes eram usados com a finalidade de impedir que os objetos deslizassem pelo<br />

cordão, que era de seda. Essas peças têm um tamanho de 2,5 a 15 centímetros, e<br />

são miniesculturas de seres humanos, criaturas místicas, animais, divindades que<br />

possuíam traços exagerados, chegando a ser adereços com uma fisionimia divertida<br />

(DURANT, 1957).<br />

Os netsukes eram feitos de madeira, laca, cedro e marfim, e possuíam dois<br />

furos atrás, como se fossem botões. No século XVII, as peças ganharam valor<br />

artístico, pois os comerciantes vendiam-os com o valor simbólico de prosperidade.<br />

No período Edo, quando a capital é transferida para Kyoto, a sociedade vive uma<br />

época de luxo, e os netsukes eram muito almejados entre os japoneses (DURANT,<br />

1957).<br />

Outro acessório japonês usado em conjunto com o quimono é o kanzashi.<br />

Este é um ornamento para o cabelo com a forma de um pente ou de flor. Os<br />

kanzashis são feitos de madeira laqueada, tecido, jade, prata ou casco de tartaruga<br />

(SATO, 2007).<br />

A tabi é a meia de algodão usada com os tamancos de madeira. Com altura<br />

até o tornozelo ou na metade das canelas ela possui uma divisão para o dedão do<br />

pé, e a abertura está voltada para o lado entre as pernas (SATO, 2007).<br />

Além do okobo (tamanco de madeira), outro modelo de calçado mais usado<br />

com os quimonos é o waraji. Esta é uma sandália de palha trançada, atualmente<br />

usada pelos monges. Já os zõris são sandálias unissex, com acabamento em tecido,


35<br />

couro ou plástico. Os femininos são estreitos e possuem a ponta ovalada e os<br />

masculinos são mais largos, retangulares, com as extremidades arredondadas.<br />

(SATO, 2007).<br />

1.5.11 Os Samurais<br />

Os samurais eram guerreiros corajosos e leais que tinham uma vida simples<br />

e sem luxo. Eram cavaleiros que lutavam com a espada, a lança, o arco-e-flecha; e<br />

eles estavam sempre prontos para suicidar-se em um campo de batalha, mas não<br />

se rendiam (TAMES, 2002).<br />

Tames (2002, p.17) descreve: “Samurai significa “aquele que serve”. Bushi<br />

significa “lutador”. A palavra bushi usualmente designa os guerreiros antes do século<br />

XIX. Quando não estavam combatendo, os bushis moravam em suas próprias terras<br />

[...]”.<br />

Os samurais vivem em busca da sabedoria, da honra, da coragem e do<br />

dever. Eles vivem cada dia como se fosse o último, e a sabedoria do samurai está<br />

em viver o presente trilhando o seu caminho para a elevação. Essa elevação só é<br />

alcançada através da disciplina, obediência e retidão moral. A luta não é o objetivo<br />

mais importante para os samurais. A combinação entre o físico e o espiritual é a<br />

verdadeira vitória para eles; mais do que ser guerreiro, era saber empunhar uma<br />

espada, ser hábil nas técnicas de combate, matar o inimigo ou vencer uma batalha.<br />

Essa ética do samurais tem referências no xintoísmo, no budismo e no<br />

confucionismo (SAKURAI, 2007).<br />

No filme “O último Samurai”, é possível observar o aprendizado permanente<br />

do samurai Katsumoto em todas as suas ações. Há uma cena em que ele está<br />

preparando a cerimônia do chá; o guerreiro Katsumoto mostra claramente que a<br />

satisfação encontra-se em realizar a tarefa bem feita e que a repetição é necessária<br />

para que, cada vez, a tarefa possa ter um resultado melhor. Assim, toda a cerimônia<br />

do chá, mostrada no filme, possui uma relação do ambiente com os utensílios<br />

utilizados. Até o vestuário é cuidadosamente estudado com a finalidade de transmitir<br />

a serenidade característica das cerimônias do chá. Contudo, em um simples ritual do


36<br />

chá, pode-se analisar a preocupação que os samurais têm entre o seu estado físico<br />

e espírito, e que nenhuma ação é impensada ou precipitada.<br />

1.5.12 As lutas marciais<br />

Entre as lutas corporais <strong>japonesa</strong>s, cita-se o jiu-jitsu, o qual existe desde a<br />

época das guerras feudais. Era a luta dos samurais. Já o judô começou no final do<br />

século XIX, sendo uma nova <strong>moda</strong>lidade de luta que obedece aos princípios da ética<br />

dos samurais. No judô, o objetivo principal é saber usar as potencialidades do corpo<br />

e do espírito durante a luta. Esse esporte esteve presente nas Olimpíadas de<br />

Tóquio, em 1964, sendo o primeiro esporte oriental a ser disputado por<br />

competidores do mundo todo (SAKURAI, 2007).<br />

Outra luta <strong>japonesa</strong> bem conhecida é o sumô, uma luta em que dois<br />

gigantes de até 250 kg ficam empurrando um ao outro em um círculo de 4,5 metros.<br />

No sumô, o primeiro que tocar o chão com qualquer parte do corpo, menos os pés,<br />

ou pisar fora do dohyo (ringue), perde a luta. Esse esporte é bem antigo e conserva<br />

rituais xintoístas (MORENO, 2003).<br />

1.6 O NOVO JAPÃO<br />

Em 1853, navios de guerra americanos ancoraram no litoral de Edo e o<br />

comandante Matthew Perry entregou uma mensagem pedindo direitos de comércio,<br />

prometendo voltar no ano seguinte para fechar o acordo. No ano seguinte, os navios<br />

americanos voltaram trazendo presentes. O governo japonês acabou consentindo e<br />

assinando o tratado que permitia que os navios americanos visitassem os portos<br />

japoneses. Outros países como a Holanda, Rússia, França e Grã-Bretanha também<br />

quiseram fazer esse tratado (TAMES, 2002).<br />

A chegada dos ocidentais dividiu o Japão. Com isso, os samurais se<br />

revoltaram, provocando uma guerra civil com o objetivo de proteger os interesses do<br />

Japão e de preservar o imperador como governante do país. Assim, o imperador da


37<br />

época decidiu chamar o seu período de Meiji, que significa Governo Esclarecido, e<br />

mudou a sua sede para Tóquio, capital do Japão até hoje (TAMES, 2002).<br />

Em 1880, o Japão já havia mantido contato com os costumes, as roupas, as<br />

artes e outros aspectos do estilo de civilização ocidental, o que acabou deixando<br />

muitas pessoas descontentes. Além dos samurais, os operários, as pessoas de<br />

classe média urbana e rural se opuseram a essas possíveis mudanças. Assim, foi<br />

elaborada uma constituição, chamada Dieta Nacional, que foi assinada em 1889 e<br />

estabeleceu a criação de assembléias locais com a finalidade de controlar os<br />

impostos arrecadados nas cidades e vilas, dentre outras providências (SAKURAI,<br />

2007).<br />

Nesse mesmo período, o Japão interessou-se pelo país vizinho, a Córéia, e<br />

entrou na guerra com a China para decidir quem iria controlar a Coréia. As forças<br />

japoneses venceram. Em 1904, ocorreu outra guerra para conseguir a posse da tão<br />

almejada Coréia. Esta guerra foi contra a Rússia e o Japão, e este saiu vitorioso<br />

novamente. O controle japonês ajudou a população coreana, melhorando as<br />

condições de vida, através da construção de estradas, escolas e hospitais, e<br />

desenvolvendo as técnicas agrícolas (TAMES, 2002).<br />

Pouco tempo depois, o Japão participou das duas maiores guerras da<br />

história: a I Guerra Mundial, lutando ao lado dos aliados; e a II Guerra Mundial, ao<br />

lado das potências guerreiras, Alemanha e da Itália, e contra os Estados Unidos da<br />

América. A guerra entre o Japão e os EUA foi tão grande que o ataque só terminou<br />

em 1945, quando os Estados Unidos lançou as bombas atômicas sobre Hiroshima e<br />

Nagasaki, forçando o país a baixar as armas (TAMES, 2002).<br />

Mesmo com toda a destruição ocorrida pelas guerras no país, em menos de<br />

uma década o Japão já havia se reconstituído, e atingira um rápido crescimento<br />

econômico, se tornando um líder mundial nas industrías de aço, na construção de<br />

navios, máquinas fotográficas e nos produtos eletrônicos. Em 1964, o Japão sediou<br />

os Jogos Olímpicos, apresentando-se ao resto do mundo como uma das maiores<br />

potências mundiais (TAMES, 2002).<br />

Todo o desenvolvimento tecnológico e econômico do país influenciou<br />

diretamente a <strong>moda</strong> <strong>japonesa</strong>, bem como a maneira de se vestir dos japoneses no<br />

período pré e pós guerra. No momento em que o Japão deixou de ser um país<br />

fechado e se interessou em compreender o Ocidente, explorando outras culturas,<br />

aconteceram mudanças consideráveis na <strong>moda</strong>.


38<br />

2 O QUIMONO<br />

O Japão é um país, com uma cultura milenar, que é mantida pelo seu povo ao<br />

longo dos anos. A indumentária serve para caracterizar a tradição de um povo e os<br />

japoneses expressam muito bem a sua cultura preservada durante gerações. O<br />

quimono é a vestimenta característica dos japoneses, pois ela representa as<br />

tradições mantidas por eles, desde a antiguidade.<br />

A palavra quimono significa, no sentido literal, “coisa de vestir”. A veste<br />

surgiu no século VIII, sendo usada como roupa de baixo no dia-a-dia. Na<br />

antiguidade, as roupas <strong>japonesa</strong>s eram influenciadas pelos modelos usados na<br />

China. A seda era a principal matéria-prima, usada nas roupas <strong>japonesa</strong>s que<br />

tinham o estilo chinês. Essas roupas também possuiam um sistema de hierarquia<br />

das cores, a qual indicava o status ou o cargo oficial dos membros da corte (SATO,<br />

2007).<br />

Nesse período, o regente japonês Príncipe Shotoku (574-622) aderiu às<br />

regras do vestuário chinês, decretando uma lei que dizia que as roupas da corte<br />

deveriam ser de acordo com o sistema usado na corte chinesa, a Tang. Essa lei<br />

determinou que as roupas seriam divididas em cerimoniais, roupas de corte e roupas<br />

de trabalho (SATO, 2007).<br />

O povo japonês vestia-se com palha, peles, tecidos rústicos de fibras<br />

vegetais grossas ou de seda de qualidade inferior às roupas da corte. Mesmo<br />

naquele tempo, o quimono era usado pelas classes de elite, ficando conhecido e<br />

admirado por sua elegância e beleza. A roupa é considerada um símbolo tradicional<br />

do Japão (SATO, 2007).<br />

Durante a Era Nara (701-794), modelos com golas sobrepostas em “v”<br />

começam a aparecer, mas apenas quando o Japão suspendeu contatos<br />

com a China, na Era Heian (794-1192), foi que surgiram estilos que se<br />

tornaram exclusivamente japoneses (SATO, 2007, p. 198).<br />

A Era Heian foi uma época de desenvolvimento das artes e do<br />

aperfeiçoamento cultural e intelectual. Nesse período, foi introduzido o algodão no<br />

Japão, acompanhado de sofisticadas técnicas de tingimento artesanal; e a<br />

decoração dos tecidos tornou as peças uma verdadeira obra de arte, pois os<br />

desenhos eram pintados à mão, como se fosse uma tela de tecido. Assim, os<br />

quimonos eram vestidos de uma forma que o tecido ficava sobreposto no corpo, em


39<br />

camadas, ficando do modo mais aberto possível, para que todo o desenho pudesse<br />

ser mostrado (SATO, 2007).<br />

Quando o contrato com a China foi quebrado, o Japão desenvolveu o seu<br />

estilo próprio cultural, deixando de ser influenciado, surgindo, assim, um novo estilo<br />

que seria mais simples, porém mais elaborado em camadas e mais sofisticado no<br />

ramo têxtil. Como os japoneses sempre tiveram um raciocínio diferente dos<br />

ocidentais, o seu padrão de beleza também era diferente, sendo considerado um só,<br />

tanto para homens quanto para mulheres (SATO, 2007).<br />

A androgenia era o modelo de beleza da época, e tanto homens quanto<br />

mulheres maquiavam-se usando dooran (base branca cuja fórmula mudou<br />

ao longo dos séculos, mas que continua em uso até hoje) e kuchibeni<br />

(“vermelho para boca”, nome de uma pasta vermelha aplicada nos lábios<br />

com a ponta do dedo auricular ou um pincel, que também é a palavra em<br />

japonês para designar “batom”nos tempos modernos). Carvão e pasta de<br />

tinta de lula ou polvo eram usados como delineadores para olhos e<br />

sombrancelhas, ou como tintura para cabelos. As damas da corte raspavam<br />

as sombrancelhas para redesenhá-las alguns centrímetros acima, no meio<br />

da testa, e pintavam os dentes de preto – costume considerado belo que<br />

continuou sendo praticado pelas <strong>japonesa</strong>s até meados do século XIX<br />

(SATO, 2007, p.199).<br />

Nessa mesma época, o novo estilo japonês aderido pelos homens e<br />

mulheres foi a vestimenta composta por uma ampla saia-calça com fendas laterais<br />

até a altura do joelho. Uma faixa era usada na cintura como amarração à peça. Essa<br />

roupa chamava-se hakamá e era uma peça unissex (SATO, 2007).<br />

Segundo Sato (2007, p. 199), essa vestimenta foi “Adotada pelas classes<br />

governantes no Japão. Durante séculos o hakamá foi visto como um sinônimo de<br />

samurai, que prendia suas espadas entre as faixas do hakamá”.<br />

O hakamá, hoje em dia, é feito com tecidos mais simples, pois é usado para<br />

as práticas das artes marciais, para os esportes de arco-e-flecha e de esgrima. Mas<br />

se o hakamá for confeccionado em seda ou cetim, em cores lisas ou com listras<br />

brancas e pretas, ele pode ser uma peça mais formal, fazendo parte do quimono de<br />

casamento do noivo ou usado pelas miko, nome dado às jovens assistentes dos<br />

templos xintoístas (SATO, 2007).<br />

Na Era Heian, o traje dos homens da corte era chamado de ikan. Este era<br />

um traje composto por quimono e por uma túnica abotoada do lado direito do<br />

pescoço. Hoje esta veste é usada pelos sacerdotes xinstoístas. O ikan, na sua<br />

versão mais sofisticada, é usado pelo imperador em cerimônias oficiais, ou pode ser<br />

usado também pelo noivo nos casamentos da Família Imperial (SATO, 2007).


40<br />

Já o traje das mulheres da corte, no período Heian, era composto por doze<br />

quimonos sobrepostos. A roupa ficava em uma forma triangular multicolorida com<br />

texturas e brilhos. Esse traje era chamado de jûni-hitoe, que significa as doze<br />

molduras em pessoa. Cada um dos doze quimonos era um pouco mais curto que o<br />

anterior, com a intenção de deixar as golas, mangas e barras aparecendo em<br />

discretas camadas, criando um efeito multicolorido. O último quimono servia como<br />

um sobretudo. Era bordado e acompanhado de um cinto amarrado na frente em<br />

forma de laço, ou de uma cauda que podia ser de outra cor ou textura. Essa roupa<br />

era exclusiva da Família Imperial e também era usada pelas noivas imperiais<br />

(SATO, 2007).<br />

O quimono pode ser considerado uma indumentária difícil de vestir, por ser<br />

uma peça composta por muitas saias, com mangas longas e com amarração na<br />

cintura, além de todos os ornamentos que ela apresenta e de todo tecido da qual é<br />

composta. Os japoneses possuem um sentimento especial pela veste, pois esta<br />

simboliza a valorização do belo (figura 6). É usada como forma de resgatar as<br />

tradições de um povo milenar, por ser um símbolo tão importante para a história do<br />

Japão.<br />

As combinações das cores do quimono representam a classe política, o<br />

estado civil, a estação do ano e o grau de parentesco. Os guerreiros vestem<br />

quimonos com as cores que representam os seus líderes, ou o campo de batalha.<br />

Os samurais possuem um quimono diferenciado, composto por três partes e<br />

confeccionado com um tecido mais resistente do que a seda (SATO, 2007).


41<br />

Figura 6: Quimono feminino e masculino.<br />

Fonte: Adaptado pela autora (NIHON HITSTYLE, 2010, p. 1)<br />

“A beleza de um quimono fundamenta-se na qualidade e no trabalho<br />

artesanal de decoração do tecido” (SATO, 2007, p. 200). A tecelagem também se<br />

destaca em várias regiões no Japão. A sua matéria-prima mais importante é a seda,<br />

acompanhada pelo algodão e pela lã. Na ilha de Amani, em Kagoshima, as técnicas<br />

dos tecidos remontam ao século VII, em que o tecido demora de seis meses à um<br />

ano para ficar pronto, e o seu tingimento é feito com barro e essência de rosas. Já<br />

na ilha de Okinawa, a tecelagem dos panos leves, próprios para o clima da região, é<br />

feita com folhas de bananeira (SAKURAI, 2007).<br />

A arte de estampar tecidos por tingimento foi desenvolvida nas diferentes<br />

regiões do país requerendo dos artesãos paciência e dedicação. Tecelões<br />

de Kiryu, província de Tottori, por exemplo, guardam em sua história a<br />

fabricação do tecido da bandeira de Ieyasu Tokugawa na batalha de<br />

Sekigahara em 1600 (SAKURAI, 2007, p. 281).<br />

Com isso, toda a arte de vesir um quimono está ligada ao tecido do qual é<br />

feito, pois o corte é sempre igual com uma silhueta reta e mangas largas, que<br />

podem ser longas ou curtas. Mas o grande segredo de cada quimono está na<br />

estampa e na espessura da seda. Embora as técnicas de corte e costura sejam<br />

simples, o quimono possui acabamento feito todo à mão, por isso a roupa é tão cara.<br />

Nenhum centímetro de tecido pode ser desperdiçado, pois, para que a decoração<br />

possa ser vista, é importante utilizar toda a área possível do tecido (SATO, 2007).


42<br />

As estampas dos quimonos possuem considerável importância na<br />

vestimenta, pois também são responsáveis por caracterizar cada tipo de quimono.<br />

Assim, mesmo sendo comum estampas geométricas, principalmente para os<br />

homens, as flores e outros elementos como folhas, galhos e árvores estão presentes<br />

como estampas preferidas das mulheres. O tsuru, no Brasil conhecido como o grou,<br />

é a ave-símbolo do país e também aparece de inúmeras formas nas estampas dos<br />

tecidos (SAKURAI, 2007).<br />

Uma estampa bem conhecida e muito utilizada nos trajes japoneses é a da<br />

flor de cerejeira, símbolo característico e admirado pelo povo. Ela é encontrada em<br />

diversos artefatos de decoração e também é muito comum nas roupas dos<br />

japoneses. As flores de cerejeira, na primavera, proporcionam aos japoneses um<br />

espetáculo inigualável, pois neste período as flores desabrocham e a sua beleza e<br />

leveza é tão grande que é impossível não contemplar a sua delicadeza. Para os<br />

japoneses, o ato de olhar as flores de cerejeira é um ritual praticado todo o ano no<br />

mês de abril. Eles possuem um sentimento especial por essa flor e pelo paisagem<br />

que ela lhes proporciona.<br />

Para fazer um quimono, o tecido de seda precisa ser preparado por etapas.<br />

Primeiro, o estêncil com o desenho da estampa, depois a cola sobre a qual se<br />

coloca o estêncil. O desenho é fixado sobre o tecido e o tingimento de cada cor e de<br />

cada detalhe do desenho é feito. Por fim, o acabamento é bordado à mão<br />

(SAKURAI, 2007).<br />

Esse traje, fundamental do vestuário japonês, geralmente é confeccionado<br />

com medidas amplas para que, através das dobras e amarrações decorativas, a<br />

veste possa ser adaptada ao corpo, sem precisar de recortes ou de costuras mais<br />

coladas ao corpo. Essas dobras e amarrações são feitas de formas diferenciadas,<br />

para refletir valores estéticos e para determinar a época da sociedade. Segundo<br />

SATO (2007, p. 200): “No quimono, são os tecidos que dão uma forma ao corpo,<br />

que pode ser triangular como o jûni-hitoe, ou cilíndrica, como nos modelos<br />

modernos”.<br />

Os quimonos e seus acessórios eram tão valiosos que passavam de pais<br />

para filhos como heranças da família, por serem peças com um custo muito alto.<br />

Hoje eles ainda são tratados como bens de herança cultural, passando de geração<br />

em geração. Os obis, faixas decorativas usadas para amarrar o quimono, são<br />

geralmente feitos em brocado, com desenhos intrincados e complexos, que chegam


43<br />

a ser até mais caros que o próprio quimono. Estes são passados das mães para as<br />

filhas como “jóias” (SATO, 2007).<br />

Com a abertura do Japão para os povos ocidentais, em 1854, os japoneses<br />

começaram a adotar o vestuário ocidental. O processo começou quando o governo,<br />

através de um decreto, determinou que os funcionários públicos, os militares e civis<br />

passassem a usar uniformes com estilo ocidental. No final da 1ª Guerra Mundial, em<br />

1918, quase todos os homens já usavam ternos, camisas, calças e sapatos de<br />

couro. Mas as mulheres aderiram às roupas ocidentais a partir da 1ª Guerra<br />

Mundial, quando elas passaram a usar diariamente nas suas profissões urbanas. O<br />

uso do vestuário ocidental passou a ser regra em todas as classes sociais. Somente<br />

após a 2ª Guerra Mundial, em 1945, que homens, mulheres e crianças vestiram-se<br />

totalmente como ocidentais (SATO, 2007).<br />

Para os ocidentais, este traje simboliza uma vestimenta da sensualidade,<br />

por possuir estampas, cores e texturas. Já os japoneses valorizam muito esta<br />

indumentária tradicional do Japão, simbolizando não somente uma roupa, mas uma<br />

crença e um estilo de vida. Por isso, não basta apenas comprar um quimono, é<br />

preciso, acima de tudo, saber vesti-lo e saber usá-lo de acordo com as tradições.<br />

Usar um quimono exige uma série de etapas, e hoje existem diversos livros e cursos<br />

especializados em kitsuke, com o intuito de ensinar as pessoas a usarem o quimono<br />

nas mais variadas situações, como sentar, andar, comer e servir. Além de ensinar a<br />

vestir adequadamente a peça, os livros também ensinam a maquiar-se, a pentear-se<br />

corretamente, a como fazer a manutenção do quimono, dobrar, guardar a peça e<br />

limpá-la (SATO, 2007).<br />

O quimono possui um alto valor agregado, por ser uma peça tradicional, pelo<br />

seu feitio e acabamento, e é adquirido apenas pelas pessoas da elite. Hoje os<br />

estilistas estão buscando difundir cada vez mais a ideia do fashion quimono. Estes<br />

seriam mais acessíveis ao bolso do consumidor e com características adaptadas<br />

para a vida urbana. Os trajes seriam semi-industrializados, confeccionados em<br />

tecidos mistos, com cores e estampas modernas (SATO, 2007).


44<br />

2.1 OS TIPOS DE QUIMONOS<br />

Os quimonos foram evoluindo com o passar do tempo, existindo vários tipos<br />

desse traje, cada um específico para determinada ocasião. Eles possuem uma<br />

hierarquia que é determinada pelas suas cores e estampas. Um tipo diferenciado de<br />

quimono é usado em cada estação do ano, em eventos cerimoniais, de acordo com<br />

o sexo, estado civil e grau de parentesco. Os tipos de quimonos são: Kurotomesode,<br />

Irotomesode, Kosode, Houmongi, Tsukesage, Iromuji, Komon, Tomesode, Yukata e<br />

os quimonos das crianças (SATO, 2007).<br />

O quimono Kurotomesode é usado pela mãe da noiva ou do noivo no<br />

casamento. Ele é preto com profunda decoração nas coxas para baixo e com cinco<br />

kamons (escudos de família) impressos ou bordados na cor branca nas mangas, no<br />

peito e nas costas. O obi usado com este quimono geralmente é feito em brocado.<br />

Já o quimono usado pelos parentes próximos do noivo ou da noiva é chamado de<br />

Irotomesode. Este é confeccionado normalmemte em tons pastéis, sendo liso, mas<br />

com a sua decoração semelhante ao quimono Kurotomesode. Este quimono<br />

também possui os escudos da família bordados ou impressos, e o obi é feito de<br />

brocado dourado (SATO, 2007).<br />

Outro tipo de quimono é o Kosode, considerado um quimono formal,<br />

geralmente usado por moças solteiras em cerimônias de maturidade ou de<br />

casamento. Ele possui estampas riquíssimas e um obi em brocado multicolorido e<br />

brilhante que é amarrado em grandes laços nas costas. Um outro tipo de quimono<br />

usado pelas moças é o Houmongi. Este é um traje de visita, de uma cor só,<br />

geralmente em tons pastéis. Possui uma decoração profunda em um dos ombros e<br />

em uma das mangas, acompanhada pela decoração das coxas para baixo. Esta<br />

peça nao apresenta kamons. O Houmongi é usado pelas moças, tanto as casadas<br />

quanto as solteiras, amigas da noiva. Mas o traje mais requintado para as moças<br />

solteiras é o Tsukesage que, comparado com o Houmongi, é considerado menos<br />

formal por apresentar uma decoração um pouco mais discreta (SATO, 2007).<br />

Outro quimono de grande importância <strong>japonesa</strong> é o traje usado nas<br />

Cerimônias de Chá. Esse é o Iromuji, de apenas uma cor e sem decoração em outra<br />

cor. Ele pode ter texturas de tecidos. O Iromuji tem um pequeno bordado decorativo<br />

ou pode ter um escudo da família bordado nas costas. Ele é um kosode semi-formal,


45<br />

considerado elegante apenas para o uso diário. Já o quimono Komon é<br />

confeccionado totalmente de seda estampada, com pequenos desenhos repetidos<br />

em toda a peça. Este quimono, no entanto, é usado por mulheres casadas ou<br />

solteiras, para ir ao restaurante ou sair pela cidade (SATO, 2007).<br />

O Tomesode é um traje com mangas mais curtas, kosode feminino de seda<br />

e forrado em seda, mas em cor diferente. As mangas possuem de 50 a 70<br />

centímetros de comprimento e é considerado o quimono mais usado pelas mulheres.<br />

O quimono Yukara, no entanto, é bem informal por ser de algodão estampado e sem<br />

forro. As mulheres usam esse quimono geralmente com grandes estampas, que<br />

podem ser de flores, e com um obi largo. Os homens preferem as estampas<br />

pequenas (SATO,2007).<br />

2.2 O QUIMONO DE SAMURAI<br />

Os samurais eram guerreiros que serviam ao imperador. Eram pessoas leais<br />

que tinham muito orgulho e preferiam morrer a ter que perder a sua honra. Os<br />

samurais trabalhavam para pessoas importantes, como senhores feudais, e<br />

recebiam o seu pagamento em arroz (SATO, 2007).<br />

Sato (2007, p. 203) comenta que “[...] o que discernia visualmente um<br />

samurai de um homem comum era o cabelo, raspado parcialmente no meio da<br />

cabeça, com o restante comprido e preso num coque chato, e suas espadas – o<br />

símbolo da classe guerreira”.<br />

A vestimenta do samurai era um quimono com um tipo de capa engomada e<br />

gola redonda. As mangas eram amplas e decoradas com cordões. Os brasões eram<br />

gravados no traje, de acordo com a família a qual eles pertenciam. Quando um<br />

homem passava a ser um bushi (guerreiro samurais), ele recebia uma daishô<br />

(espada na cintura) e uma wakizashi, que tinha uma lâmina de 40 cm e uma katana<br />

com lâmina de 60 cm (NEGREIROS, 2008).


46<br />

2.3 O QUIMONO DAS CRIANÇAS<br />

As crianças também usavam quimonos (figura 7) e ainda hoje os usam em<br />

cerimônicas especiais, como a cerimônia chamada Sichi-go-san, em que meninos e<br />

meninas de 3 a 7 anos participam. Esta cerimônia serve para pedir saúde e sorte no<br />

seu crescimento. Os quimonos são usados em formaturas nas escolas, em grandes<br />

celebrações e para fazer as visitas ao templo (SATO, 2007).<br />

Figura 7: Quimono das crianças.<br />

Fonte: Adaptado pela autora (MORENO, 2003, p. 14)<br />

O quimono das meninas é igual ao das gueixas. O dos meninos é igual ao<br />

dos samurais. Os trajes das meninas são vermelhos e os dos meninos são<br />

estampados com imagens de samurais (SATO, 2007).<br />

2.4 O QUIMONO DE CASAMENTO<br />

Na cerimônia de casamento, o quimono usado pela noiva é tradicionalmente<br />

branco (figura 8), chamado shiro-maku. Shiro siginifica branco e maku significa puro.


47<br />

Esse quimono é uma réplica moderna do quimono feminino usado no período feudal.<br />

O quimono da noiva é o modelo mais sofisticado, com tecido brocado em flores e<br />

pinheiros. Algumas noivas preferem alugar o vestido que tem o nome de Uchikake.<br />

O traje é muito pesado, tanto que a noiva precisa de ajuda para vesti-lo (SATO,<br />

2007).<br />

Figura 8: Quimono de casamento.<br />

Fonte: Adaptado pela autora (NIHON HITSTYLE, 2010, p. 1)<br />

2.5 O QUIMONO DAS GUEIXAS<br />

As gueixas são mulheres que trabalham aprendendo as artes e as danças<br />

<strong>japonesa</strong>s e são as responsáveis por manter sempre viva a tradição do Japão. Elas<br />

realizam o ritual de vestir o quimono, todos os dias, acompanhado dos processos de<br />

maquiagem e de arrumar o cabelo.<br />

A palavra gueixa pode ser compreendida, segundo a autora Sato (2006),<br />

como mulheres japoneses que estudam em escolas especializadas sobre a tradição<br />

milenar da dança, do canto, da arte e da sedução. Elas são diferenciadas pelo seu<br />

traje e maquiagem característicos. No filme “Memórias de uma Gueixa”, do diretor<br />

Rob Marshall, lançado em ‘DVD’ em 2005, pode-se observar a beleza dos<br />

quimonos, do tecido de seda e do material utilizado para a montagem do traje<br />

completo da gueixa. Elas, no entanto, utilizam quimonos diferenciados das outras


48<br />

mulheres <strong>japonesa</strong>s cujos trajes possuem uma beleza e uma leveza própria à essas<br />

mulheres (figura 9).<br />

Figura 9: Gueixas.<br />

Fonte: Adaptado pela autora (MORENO, 2003, p. 6)<br />

A maior parte das roupas são adquiridas através de presentes dos seus<br />

patronos ou dos seus admiradores. Quando a gueixa está pronta para ter um danna,<br />

ocorre um leilão em que elas são vendidas pelo preço mais alto. Segundo o autor<br />

(GOLDEN, 2006), em seu livro “Memórias de uma Gueixa”, ele representa a palavra<br />

danna como um homem rico que possui meios financeiros para pagar os gastos e as<br />

despesas que uma formação tradicional de gueixa requer. O danna de uma gueixa<br />

pode ou não ser casado. Geralmente os dannas compram as gueixas nos leilões ou<br />

conforme o livro, as meninas já são escolhidas por um danna que fica no anonimato,<br />

e apenas contribui financeiramente para que ela receba a formação de gueixa até o<br />

momento em que ela esteja pronta para ser vendida.<br />

No filme, também é possível observar que os quimonos são cuidadosamente<br />

dobrados e guardados em caixas especiais de madeira ou o traje fica estendido em<br />

uma vara de bambu, para que o tecido não amasse e permaneça intacto para o<br />

momento do uso.


49<br />

Conforme as cenas mostradas no filme, a gueixa representa grande parte da<br />

cultura <strong>japonesa</strong>. Ela é treinada para saber todo o tipo de arte, música e dança.<br />

Seus estudos para ser uma anfitriã demoram anos. Todos os detalhes da sua<br />

maquiagem e da vestimenta servem para atrair os homens, que pagam muito para<br />

ter uma gueixa (LAYONT, 2008). No filme, ocorre até um leilão entre os homens<br />

mais ricos para ser o patrono de uma gueixa.<br />

Antigamente, as gueixas eram homens que divertiam as festas com<br />

performance, mas isso mudou no século XVIII, quando surgiram as gueixas<br />

femininas. No começo, elas eram confundidas com prostitutas, pois eram uma<br />

ameaça para os bordéis. Então, o governo fez algumas regras para diferenciar as<br />

gueixas das prostitutas. Os ocidentais têm preconceito em relação às gueixas,<br />

considerando-as prostitutas de luxo, mas na verdade elas são responsáveis por<br />

animar as festas e entreter as pessoas. O seu trabalho está relacionado à cultura e à<br />

tradição, pois ela diverte as pessoas com dança, música e com conversas variadas<br />

(LAYTON, 2008).<br />

Nas épocas de crise, os pais, das famílias mais podres, vendiam as suas<br />

filhas para a okiya (casa das gueixas), e lá elas recebiam um rígido treinamento<br />

desde os 5 anos de idade (LAYTON, 2008). No livro de “Memórias de uma Gueixa”,<br />

o autor conta sobre a história de uma menina. que é vendida à casa das gueixas,<br />

pois o país estava em época de crise e a família da jovem estava passando por um<br />

momento difícil na colheita. Assim, o pai leva-a até a cidade e a vende para a okiya.<br />

Hoje em dia, para ser uma gueixa, basta apenas se inscrever na okiya e a<br />

chamada “mãe das gueixas” treinará e pagará a menina durante todo o treinamento.<br />

O treinamento consiste em aprender tudo sobre as artes, dança, música, cerimônias<br />

do chá, diversas línguas, além das regras de etiqueta e de como vestir e se<br />

comportar em um quimono de gueixa. A casa das gueixas é como um alojamento,<br />

onde as gueixas e as aprendizes são uma família. Suas carreiras são administradas<br />

pela okami (mãe das gueixas). Boa parte do dinhero que as meninas ganham serve<br />

para manter o alojamento onde elas vivem (LAYTON, 2008).<br />

Na escola das gueixas, as aprendizes estudam teatro, aprendem a tocar um<br />

instrumento chamado shamisen (instrumento de três cordas), o shimedaiko (tambor<br />

pequeno), o koto (espécie de cítara) e o flue (flauta). Na arte das danças, elas<br />

estudam o nihon-buyoh (dança tradicional <strong>japonesa</strong>), o sadoh (cerimônia de<br />

preparação do chá), o ikebana (arranjo de flores no mesmo estilo do bonsai) e a


50<br />

caligrafia. Elas também aprendem a falar o idioma conforme a região onde<br />

trabalham, a cumprimentar e reverenciar cada pessoa, a servir o saquê sem molhar<br />

a manga do quimono, a caminhar com os tamancos de madeira sem tropeçar, e a<br />

flertar os homens (LAYTON, 2008).<br />

Segundo Golden (2006), o estudo nas escolas das gueixas é muito rigoroso,<br />

porque elas possuem um treinamento diário que envolve concentração e dedicação.<br />

Elas são treinadas para transmitirem a beleza da mulher <strong>japonesa</strong> em cada ação e<br />

qualquer movimento da queixa é cuidadosamente pensado artisticamente.<br />

Toda aprendiz deve ter uma onesan (irmã mais velha) que já seja formada,<br />

para treiná-la e ser uma espécie de mentora. A onesan leva a ”irmã mais nova” às<br />

festas para aprender a parte teórica, para ver as reações dos homens, como eles<br />

são entretidos, as formas de flerte e como se comportar perante aquele grupo de<br />

executivos. O trabalho da onesa é introduzir a aprendiz à sociedade e aos clientes<br />

(LAYTON, 2008).<br />

No livro sobre as gueixas, o autor relata duas onesans diferentes, a primeira<br />

katsumomo, esta é a jovem que sustenta a casa das gueixas por ser a moça mais<br />

cobiçada e famosa da cidade de Kyoto, porém ela tem uma personalidade forte, é<br />

arrogante e invejosa. Já a onesan de Sayuri, chamada Mameha, é uma mulher<br />

elegante e sensual, também foi muito famosa nesta cidade. Porém agora, ela tem o<br />

dever de ensinar a Sayuri todos os segredos de ser uma gueixa (GOLDEN, 2006).<br />

O quimono da gueixa é diferenciado dos outros quimonos tradicionais, pois<br />

ele mostra a nuca, que é considerada a parte mais sensual do corpo. O quimono da<br />

Maiko (aprendiz que é nomeada gueixa) tem as mangas tão longas que tocam o<br />

chão. A peça é colorida e o obi é longo. Elas calçam o okobo (tamancos de madeira)<br />

e usam uma maquiagem branca, em que elas passam um óleo e uma camada de<br />

cera sobre o rosto. O batom é passado no fim e apenas no lábio inferior.<br />

No filme, pode-se observar todo o ritual de vestir um quimono,<br />

primeiramente é feita a maquiagem em que é aplicada a cera branca e são feitas as<br />

pinturas nos olhos, sombrancelhas e lábios. O cabelo é cuidadosamente penteado e<br />

amarrado em formato de coque no alto da cabeça, alguns ornamentos são aplicados<br />

como o pente e o kanzashi. Após essa preparação, a gueixa está pronta para vestir<br />

o quimono que é composto por várias camadas de tecidos. Todas as doze camadas<br />

de tecidos são vestidas, formando então o quimono Jûni-hitoe, esta é a veste<br />

tradicional usada pelas queixas.


51<br />

Em uma das cenas do filme, é possivel ver um dos homens executivos que<br />

têm interesse em ser o danna da Sayuri, personagem principal da história, tirar todas<br />

as camadas do quimono da moça em uma tentativa de desmoralizá-la perante a sua<br />

tradição. Nesta cena, pode-ser ver a quantidade de camadas que envolvem um<br />

quimono da gueixa e que elas usam todas essas camadas sobrepostas para lembrar<br />

os trajes tradicionais usados pela corte na Era Heian.<br />

Já as gueixas não nomeadas possuem um quimono menos completo e mais<br />

fácil de usar. As mangas são curtas, não sendo obrigatório o uso dos tamancos, e o<br />

obi também é curto. Somente depois de trabalharem muitos anos é que elas podem<br />

usar uma maquiagem mais leve, semelhante às ocidentais. No cabelo, elas podem<br />

optar por usar um penteado shimada (peruca), por ser mais prático (LAYTON, 2008).<br />

As gueixas e as mulheres <strong>japonesa</strong>s possuem algumas diferenças<br />

significativas, pois as mulheres trabalham e as gueixas passam todo o tempo<br />

estudando. A vida de uma gueixa é estudar e conhecer homens da política. Se elas<br />

resolvem casar, devem abandonar a profissão. Em suas conversas com os clientes,<br />

elas falam sobre assuntos não relacionados ao trabalho, mas sobre algo que os<br />

deixem descontraídos. Por isso, elas devem estar sempre bem arrumadas, alegres e<br />

atraentes (LAYTON, 2008).<br />

O quimono é um traje muito antigo, o das gueixas, em especial. Há muitas<br />

décadas atrás, ele tinha doze camadas de tecido e era feito do mais elegante cetim,<br />

com uma camada mais curta que a outra. A última camada era uma espécie de<br />

sobretudo que era bordado. O obi é um cinto amarrado à frente. O outro acessório<br />

indispensável para esse traje era o leque. Este era bordado com cordões de seda e<br />

ficava encaixado entre a 3ª e a 4ª camada de tecido que compunha o quimono. Ele<br />

era usado nas danças (LAYTON, 2008).<br />

A gueixa é hoje muito admirada no mundo todo, pois toda a sua formação e<br />

dedicação a torna uma mulher especial para a cultura <strong>japonesa</strong>. Hoje, elas também<br />

são um dos símbolos da tradição desse povo e as grandes responsáveis por manter<br />

sempre presente o quimono no dia-a-dia dos japoneses.


52<br />

2.6 O QUIMONO HOJE<br />

Hoje, o quimono foi substituído pelas roupas com estilo ocidental e<br />

raramente ele é usado nas ruas. É usado apenas em cerimônias especiais, como<br />

em formaturas, em festivais ou em cerimônias tradicionais. O quimono não é apenas<br />

um traje típico do país. Acima de tudo, ele simboliza uma parte da tradição que é<br />

conservada ao longo das Eras (SAKURAI, 2007).<br />

Nas ruas do Japão, é possível encontrar tanto lugares com alta tecnologia,<br />

quanto monumentos histórios característicos do Japão Antigo. É comum ver<br />

pessoas mais velhas usando as vestimentas tradicionais, do que os mais jovens. Por<br />

mais que os quimonos sejam peças raras e belíssimas, é quase impossível usá-las<br />

no dia-a-dia. A rotina dos japoneses é tão intensa que seria difícil exercer as<br />

atividades no trabalho com uma veste tão ornamentada, podendo atrapalhar no<br />

serviço (SAKURAI, 2007).<br />

Para manter a tradição sempre viva dentro do mundo moderno dos<br />

japoneses, existem as gueixas, que são as grandes responsáveis por manter a<br />

tradição. Elas são as guardiãs da cultura <strong>japonesa</strong> (SATO, 2007).<br />

No Japão, existe um movimento de garotas que querem manter a tradição<br />

do quimono. Esse movimento é chamado fashion quimono, que é composto por<br />

meninas de várias faixas etárias, que usam quimonos no dia-a-dia. As vestes são<br />

confeccionadas de tecidos mais leves, com várias texturas de tecidos, coloridos e<br />

florais. Os quimonos são bem delicados, mostrando a sensualidade das meninas<br />

orientais em pleno século XXI. Isso mostra que elas valorizam a cultura do seu país,<br />

assim como muitos outros japoneses (SATO, 2007).<br />

Algumas adaptações vêm sendo feitas para que o quimono atenda agrade<br />

os mais jovens. Estampas modernas são criadas sob tecidos industrializados para<br />

reduzir o custo do quimono. Os laços já são prontos para os que não dominam as<br />

técnicas de amarração dos obis, estes não amarrotam para quem anda de carro.<br />

Essas inovações têm ajudado a aumentar o uso do quimono nos dias de hoje<br />

(SATO, 2007).<br />

“A ocidentalização do estilo japonês de vida deixou pouca oportunidade para<br />

o uso do tradicional quimono, mas um novo senso de valores e novos modelos estão


53<br />

gerando uma reavaliação do quimono e os modos de usá-lo” (INTERNACIONAL<br />

SOCIETY FOR EDUCATION INFORMATION, 1990, p. 157).<br />

Com o processo de ocindetalização, os quimonos ainda permanecem<br />

ligados à cultura <strong>japonesa</strong>, de uma forma considerável. Independentemente dos<br />

quimonos terem sido, em grande parte, substituídos pelas roupas ocidentais, a sua<br />

modelagem e detalhamento resistiu a muitos anos na história, e ainda mantém as<br />

suas características, mesmo com a mudança de tecido, das cores e das estampas.<br />

A <strong>moda</strong> <strong>japonesa</strong> atual é diferenciada da <strong>moda</strong> de outros lugares, pois ela<br />

busca referências de elementos tradicionais do seu país. A tradição do quimono não<br />

se faz tão presente nas ruas <strong>japonesa</strong>s, nos dias de hoje, mas ainda é possível<br />

observar referências desta veste nas roupas da pessoas. A <strong>moda</strong> <strong>japonesa</strong> adaptouse<br />

as condições de vida atuais, mudando a sua maneira de vestir, mas conservando<br />

a essência do seu tradicionalismo.


54<br />

3 MODA JAPONESA ATUAL<br />

A <strong>moda</strong> <strong>japonesa</strong> sempre foi tradicional, com uma indumentária<br />

característica do país, a qual era composta por peças com uma variedade enorme<br />

de cores e estampas, além de detalhes elaborados. O quimono era a veste<br />

tradicional, usada pelos japoneses antes da abertura dos portos para os americanos.<br />

Em 1854, quando os americanos chegaram ao Japão trazendo toda a sua cultura e<br />

o seu modo de vida diferenciado para o país, os japoneses aceitaram tranquilamente<br />

os modos e os costumes americanos. Assim, o país acabou se abrindo para o<br />

mundo e todas as outras civilizações passaram a conhecer o jeito japonês de ser, o<br />

qual era completamente diferente dos outros países ocidentais (TAMES, 2002).<br />

Hoje a <strong>moda</strong> <strong>japonesa</strong> dita as tendências de <strong>moda</strong> no mundo todo. No<br />

Japão, ainda existem muitas regras em relação ao modo de se vestir das pessoas<br />

nas ruas. Por exemplo, na grandes empresas tanto os homens quanto as mulheres<br />

usam uniformes, todos seguindo a mesma linha. Já os jovens quando estão nas<br />

escolas também possuem um uniforme colegial que é padronizado, sendo todos da<br />

mesma cor, porém diferem-se apenas quanto ao gênero.<br />

Nas ruas, os jovens, possuem mais liberdade podem vestir as roupas<br />

conforme a sua personalidade. Quando eles querem exportar as tendências de<br />

<strong>moda</strong>, usando cabelos coloridos ou acessórios diferenciados, eles vão para as ruas<br />

como Harajuku e Yoyogi. Nessas ruas, encontram-se jovens usando roupas dos<br />

mais variados estilos, como as Lolitas, os Cosplays, os Visual Key, as Yamambas e<br />

muitos outros estilos citados no decorrer deste capítulo.<br />

3.1 UNIFORMES JAPONESES<br />

Além dos costumes americanos, a <strong>moda</strong> ocidental também foi facilmente<br />

aderida pelos japoneses, e após a Segunda Guerra Mundial, as roupas ocidentais já<br />

eram usadas diariamente pelo povo japonês. Tanto os homens quanto as mulheres<br />

trabalhavam em empresas e usavam trajes sociais no seu ambiente de trabalho,<br />

surgindo, então, os uniformes (SAKURAI, 2007).


55<br />

Os japoneses sempre viveram diante da imposição de regras que identificam<br />

as suas inserções nos grupos, e os uniformes são um dos elementos que<br />

diferenciam esses grupos. Nos escritórios, todos os empregados vestem-se com<br />

ternos, geralmente em cores sóbrias como preto ou azul marinho, com camisas<br />

brancas e gravatas discretas (figura 10). Já os trabalhadores dos serviços públicos,<br />

os operários e o pessoal da manutenção da empresa usam uniformes na cor azul<br />

(SAKURAI, 2007).<br />

Sempre vestidos com ternos ou tailleurs de cores sóbrias, os assalariados<br />

japoneses são o motor da economia do país. Os homens são conhecidos<br />

como salarymen e as mulheres como office ladies. Nada menos que metade<br />

da população trabalha em empresas, colocando a devoção ao emprego<br />

acima da família. Como recompensa, recebem promoções por tempo de<br />

serviço e raramente ocorrem demissões (MORENO, 2003, p. 9).<br />

Figura 10: Uniformes dos japoneses<br />

Fonte: Adaptado pela autora (MORENO, 2002, p.9)<br />

Além dos uniformes usados para o trabalho, eles também estão presentes<br />

nas escolas até o período de entrada na faculdade. Os uniformes dos estudantes<br />

são sempre de cor azul-marinho. As meninas usam saias e meias três-quartos e o<br />

uniforme dos meninos é semelhante ao dos militares. Quando os estudantes saem<br />

em grupos organizados, eles são guiados por bandeiras coloridas ou por


56<br />

chapeuzinhos que os identificam no meio da multidão; todos andam em filas<br />

ordenadamente (SAKURAI, 2007).<br />

Os uniformes escolares dos estudantes colegiais japoneses tem influência<br />

na data do final da Era Meiji (1868-1912). Seera fuku significa roupa de marinheiro, e<br />

é o nome dado aos uniformes escolares no Japão, por serem inspirados em antigos<br />

uniformes de marinheiros. A idéia de vestir as crianças como marinheiros apareceu<br />

no mundo, no século XIX, por influência de alguns membros da realeza, como o<br />

príncipe Edward da Inglaterra (SATO, 2007).<br />

No Japão os uniformes estilo marinheiro foram adotados pelos japoneses,<br />

que acompanhando o que ocorria no ocidente, incluiram as atividades físicas no<br />

sistema educacional. Nessa época, início do século XX, a ginástica tornou-se<br />

obrigatória para meninos e meninas nas escolas. Assim, os meninos passaram a<br />

usar um conjunto de calça, túnica abotoada e boné, traje chamado gakusei fuku<br />

(roupa de estudante) e as meninas um conjunto de saia pregueada e blusa com gola<br />

no formato de um lenço sobre os ombros, este chamado sailor fuku (SATO, 2007).<br />

3.2 MODA DE RUA<br />

Por outro lado, existem em Tóquio, lugares públicos como o Harajuku e<br />

Yoyogi, em que jovens se reúnem para se exibir, comprar roupas e adereços para<br />

compor um visual que os identifique perante um grupo. Mesmo com um estilo<br />

totalmente diferenciado, que inclue cabelos coloridos, sobreposições de peças e<br />

adereços extravagantes, os jovens japoneses não desobedecem as regras, pois no<br />

vai-e-vem das ruas nas grandes metrópoles <strong>japonesa</strong>s, as pessoas não se<br />

esbarram, não falam alto, não mostram indisciplina. O protesto dos jovens se<br />

materializa apenas na aparência, não no comportamento, e eles se misturam diante<br />

da multidão. Quando eles atigem uma certa idade ou outro status dentro da<br />

sociedade, não se vê nenhum funcionário de empresa usando cabelos coloridos ou<br />

roupas chamativas (SAKURAI, 2007).<br />

Quando o assunto é street wear (<strong>moda</strong> de rua), quem dita as tendências<br />

para o mundo é Tóquio. Em um país extremamente homogêneo, existem<br />

semelhanças nas características físicas do povo e no seu poder de consumo. Os


57<br />

japoneses procuram se diferenciar uns dos outros através das roupas e das<br />

maquiagens. No Japão, há uma diversidade muito grande de tribos, as quais<br />

buscam a diferenciação através dos seus estilos (MORENO, 2003).<br />

As ruas do bairro Harajuku, nos domingos, é uma verdadeira passarela de<br />

<strong>moda</strong>, pois lá encontram-se jovens com os mais variados estilos (figura 11), alguns<br />

vestidos com roupas inspiradas em bandas de rock ou como personagens de<br />

desenhos animados japoneses (animes), com maquiagem no rosto e penteados<br />

extravagantes de todas as cores (MORENO, 2003).<br />

Moreno (2003, p. 13) enfatiza: “O objetivo é ser diferente. De preferência, o<br />

máximo possível!”.<br />

Figura 11: Moda de rua em Harajuku.<br />

Fonte: Adaptado pela autora (SANDERS, 2005, p. 7)<br />

Os estilos encontrados a seguir estão presentas nas ruas em Harajuku e<br />

Yoyogi, ditando as tendências de <strong>moda</strong> para o mundo todo. É muito comum<br />

encontrar jovens, crianças e até adultos vestidos com roupas nos mais variados<br />

estilos como os Visual Key, as Lolitas, os Cosplays, as Yamambas e outros estilos<br />

comuns na década de 60 e 70, mas que são preservados pelos jovens até hoje.


58<br />

3.2.1 Visualkey<br />

O estilo Visualkey é conhecido pelos japoneses se vestirem como algum<br />

personagem de banda. Essas bandas geralmente são de rock, em que todos os<br />

artistas são homens e se vestem com roupas femininas. As roupas usadas pelos<br />

artistas nas apresentações geralmente remetem ao estilo do rococó, pois eles usam<br />

vestidos compostos por corset e saia de armação, que possuem uma modelagem<br />

elaboradíssima e um bordado espetacular (figura 12). Os figurinos das bandas do<br />

estilo Visualkey também podem ser ligados à modelos mais góticos, com um ar mais<br />

medieval e sombrio (PACHECO, 2009).<br />

Figura 12: Visualkey - Banda de integrantes homens.<br />

Fonte: Adaptado pela autora (VISUAL KEY, 2010, p.1)<br />

Os modelos do Visualkey são compostos por várias peças com um feitio e<br />

um acabamento diferenciado, por serem peças mais sérias e que remetem à um<br />

período histórico medieval, onde existiam lendas sobre criaturas do mal, reis e<br />

rainhas e que todo o glamour das roupas da Corte se misturavam com as histórias<br />

de vampiros e de monstros que atacavam os reinos (PACHECO, 2009).


59<br />

3.2.2 Cosplays<br />

Outra tribo encontrada no Japão são os jovens que se vestem como<br />

personagens de animes. Esse estilo é bastante encontrado no Brasil também, por<br />

causa dos eventos de animes que ocorrem no mundo inteiro. É bem comum<br />

encontrar jovens que utilizam as expressões dos personagens dos desenhos para<br />

se comunicarem no dia-a-dia. Nos eventos de animes, as pessoas vão vestidas<br />

como o seu personagem favorito, chamadas de Cosplays, e há um campeonato para<br />

escolher o melhor caracterizado. Além da escolha do melhor Cosplay, há oficinas e<br />

apresentações ocorrendo por todo o evento. O mais emocionante é realmente os<br />

jovens interagirem uns com os outros como se estivesse dentro do próprio desenho<br />

animado, através de saudações, de simulações de lutas ou até mesmo de um<br />

grande grupo de pessoas que se caracterizaram com personagens de um mesmo<br />

desenho, as quais interagirem entre si (PACHECO, 2009).<br />

3.2.3 Lolitas<br />

O estilo lolita surgiu no fim da década de 70 e início da década de 80,<br />

inspirada nos períodos históricos como o barroco e o rococó, relembrando os<br />

tempos passados. A <strong>moda</strong> lolita está presente nas ruas do Japão, como <strong>moda</strong> de<br />

rua, e também é muito comum nos figurinos de bandas. A palavra lolita possui<br />

muitas controvérsias, por ser interpretada como um apelo sexual, devido a um<br />

famoso livro chamado Lolita, escrito por Vladimir Nabokov. O escritor usou esse<br />

nome – lolita – para falar sobre as jovens com apelo sexual (LEXA, 2009).<br />

Mas no Japão, o termo lolita é totalmente contrário à esse apelo sexual,<br />

ficando conhecido como um estilo de garotas que se vestem como bonecas. As<br />

lolias remetem à uma inocência, com um estilo infantil, semelhante às roupas de<br />

princesas dos tempos de criança. As lolitas existem no mundo todo, na França, nos<br />

Estados Unidos, na Rússia e até no Brasil (CONHEÇA, 2009).<br />

As roupas são compostas por saias rodadas em formato de sino, de acordo<br />

com um vestido de boneca. Anáguas também são usadas para dar o volume e


60<br />

deixar a saia com o efeito rodado. Os sapatos são estilo boneca, delicados, ou<br />

então, botas rendadas. As meias são três quartos ou meia-calça, sempre com o fio<br />

grosso. O cabelo é cacheado, sempre bem arrumado, acompanhado de acessórios<br />

como laços, chapéus pequenos, tiaras ou presilhas de amarrar. As estampas são<br />

diversas, algumas mais delicadas de ursinhos, lacinhos ou bolinhas, e outras mais<br />

sóbrias ou com florzinhas (CONHEÇA, 2009).<br />

Existem vários tipos de lolitas, como as Classical Lolitas, com um estilo mais<br />

clássico, remetendo à <strong>moda</strong> vitoriana e rococó; as cores utilizadas são o bege,<br />

vinho, marfim e o verde. As Sweet Lolita são as chamadas estilo “fofo”, com cores<br />

como o rosa, verde claro, azul bebê, amarelo claro e pêssego; as estampas das<br />

Sweet lolita são delicadas, com bolinhas, lacinhos, florzinhas, bichinhos e docinhos.<br />

No estilo Country Lolita, o xadrez é mais comum, com estampas florais,<br />

quadriculadas e mais coloridas e o acessório indispensável é o mini chápeu. As<br />

ShiroLolita vestem-se apenas de branco, ao contrário das KuroLolita, que se vestem<br />

apenas com peças na cor preta. As Punk Lolita são a mistura dos dois estilos e os<br />

acessórios incluem caveiras, coroas, mini cartolas e boinas. Elas usam bastante as<br />

sobreposições e as estampas em xadrez e listras (GODADDY, 2010).<br />

Alguns estilos das meninas <strong>japonesa</strong>s são direcionados para o lado sensual.<br />

As estudantes <strong>japonesa</strong>s estão transformando o comportamento da mulher <strong>japonesa</strong><br />

para um apelo mais sexual (MORENO, 2003). As lolitas também possuem a<br />

classificação Erololi, que é a mistura do sexy antiquado, porém sem exageros como<br />

o jeito lolita de ser. As roupas das Erololis são compostas por elementos típicos das<br />

roupas íntimas vitorianas, como os corsets, as bloomers (típica calçola da vovó), as<br />

petticoats (saias de tule) e as calcinhas grandes com babados. As saias são mais<br />

curtas, sendo acima do joelho, usadas com meia sete oitavos presa por cinta-liga<br />

(GODADDY, 2010).<br />

Além desses estilos clássicos, existem outros que eram mais comuns no<br />

Japão durante o século XX, mas hoje, eles ainda são muito conhecidos pelos jovens<br />

japoneses, por serem influentes na <strong>moda</strong>, confusos e divertidos.<br />

Um estilo comum no Japão, na década de 60, foi o Sukeban. Suke significa<br />

do sexo feminino e Ban, chefe. As Sukebans eram formadas por gangues de<br />

meninas que cometiam atos de violência e roubavam itens em lojas. Elas eram<br />

inspiradas pelas gangues de rapazes, conhecida como Bancho. Os grupos eram de<br />

vários tamanhos, chegando a existir um grupo de vinte mil garotas. As Sukebans


61<br />

usavam uniformes colegiais, com saias pregadas até os pés. Os bordados dos seus<br />

uniformes eram customizados (SHIIAMARO, 2010).<br />

Nos anos 60 e 70 tornaram-se popular, no Japão, as gangues chamadas<br />

Yanki and Bosozoku. Eram gangues de mulheres motoqueiras que usavam um<br />

manto branco em volta do peito, chamado sarashi, e uma máscara de gaze. A<br />

polícia estimava que existia vinte e seis mil cidadãs <strong>japonesa</strong>s envolvidas nessas<br />

gangues (SHIIAMARO, 2010).<br />

Uma outra tribo popular no fim dos anos 70 foi a Takenokozoku. Os jovens<br />

usavam acessórios de neon coloridos e as roupas eram soltas e folgadas,<br />

geralmente na cor rosa choque, roxo ou azul claro. Nos pés, usavam chinelo para<br />

dançar. A tribo Takenokozoku foi uma das pioneiras a tornar Harajuku um dos<br />

melhores lugares para conhecer a <strong>moda</strong> de rua <strong>japonesa</strong>, pois eles dançavam as<br />

suas coreografias nas ruas ao som de música popular dos seus rádios, e chamavam<br />

a atenção por isso (SHIIAMARO, 2010).<br />

O estilo Ko Gal, criado nos anos 80, refere-se a uma garota que gosta de<br />

roupas da <strong>moda</strong>. O termo Ko Gal foi usado pela primeira vez pela mídia para<br />

descrever uma menina da oitava série que ganhava muito dinheiro de homens da<br />

meia idade, que pagavam por encontros. As Ko Gals tentavam parecer mais novas<br />

usando acessórios fofos, e vestiam uniformes escolares, com as saias encurtadas e<br />

polainas. Suas peles eram bronzeadas e elas pintavam o cabelo de loiro. Elas nunca<br />

eram vistas sem seus celulares e foram umas das primeiras a aderirem à tecnologia<br />

<strong>japonesa</strong> (SHIIAMARO, 2010).<br />

Já as Ganguros tinham as suas peles bronzeadas ao extremo e ainda<br />

utilizavam produtos de maquiagens para mulheres negras. Além da pele bronzeada,<br />

elas usavam saltos plataforma, vestidos curtos, cabelos loiros, maquiagem preta e<br />

lentes de contato azuis, semelhantes as Yamambas. A palavra ganguro significa<br />

rosto negro. Mas em 2001, o estilo começou a cair de <strong>moda</strong> e os salões de<br />

bronzeamento fecharam (SHIIAMARO, 2010).<br />

3.3 A INFLUÊNCIA DA MODA NOS JOVENS JAPONESES<br />

Além das tribos urbanas características dos personagens de animes, o povo<br />

japonês sempre encontra uma maneira de se diferenciar uns dos outros, e essa


62<br />

diferença é mais relevante nas jovens <strong>japonesa</strong>s. Um exemplo são as Yamambas,<br />

que são jovens que cultuam o exagero. Elas são estudantes colegiais que usam<br />

maquiagem carregada, com contorno nos olhos e os lábios pintados de branco. O<br />

tom da pele é moreno, que é adquirido com horas de bronzeamento artificial, e os<br />

cabelos são longos tingidos. As roupas são compostas por minisaias, microshorts,<br />

saltos plataforma, acompanhados de acessórios extravagantes. O seu<br />

comportamento é escandaloso, pois elas falam alto nas ruas e nos trens e não têm<br />

vergonha. No Japão, essas atitudes são sinônimos de falta de educação (MORENO,<br />

2003).<br />

A <strong>moda</strong> é tão forte no Japão que as colegiais estão mudando o padrão de<br />

comportamento da mulher <strong>japonesa</strong>. Hoje, elas são o novo símbolo sexual do país.<br />

No visual, encurtaram as saias e passaram a abusar da maquiagem; e nas atitudes,<br />

ficaram escandalosas, rindo e falando alto em qualquer lugar e ocasião. Algumas<br />

chegam até a se prostituir com o único objetivo de poder comprar as roupas da<br />

<strong>moda</strong> (MORENO, 2003).<br />

Os jovens japoneses só atingem a maioridade com 20 anos e passam a ser<br />

adultos, ganhando o direito de eleger os governantes, consumir bebidas alcoólicas,<br />

fumar e a responder por atos criminais. Existe uma comemoração especial para o<br />

dia da maioridade, chamado Seijin no Hi, que é um feriado nacional, celebrado na<br />

segunda segunda-feira do ano. Nesta ocasião, os moços vestem terno e as garotas<br />

usam o furisode, um quimono requintado (figura 13). O evento ocorre pela manhã,<br />

mas durante o dia todo, as moças andam com seus quimonos pelas ruas<br />

(MORENO, 2003).<br />

Neste dia as moças usam um furisode, quimono formal profundamente<br />

decorado, de mangas muito longas. Extremamente colorido, incrementado com<br />

bordados brilhantes, o furisode é fechado com um obi de brocado amarrado às<br />

costas em grandes e complicados laços, na forma de flores ou de borboleta. A gola<br />

do furisode, incrementada por um haneri (gola decorativa colocada sob a gola do<br />

quimono principal) fica repuxada para trás – é considerado belo e sensual que as<br />

mulheres mostrem a parte de trás do pescoço – e os cabelos são penteados para o<br />

alto, de forma que a nuca fique exposta. O furisode é o quimono símbolo das jovens<br />

solteiras. Os rapazes no Seijin no Hi podem optar em usar um terno ou um quimono<br />

com hakamá e haori formais (SATO, 2007).


63<br />

Figura 13: Jovens usando quimonos nas ruas.<br />

Fonte: Adaptado pela autora (MORENO, 2003, p. 37)<br />

Os quimonos são usados com tamancos de madeiras salto plataforma para<br />

não arrastar no chão. As plataformas tem uma história de mais de 400 anos no<br />

Japão, quando eram usadas no período feudal pelas oiran que andavam nas ruas<br />

com sandálias tagetas, feitas de madeira.<br />

Sobre os calçados japoneses, Moreno (2003, p. 22) enfatiza que os saltos<br />

plataforma eram:<br />

[...] Símbolos sexuais na época, essas top-cortesãs faziam aparições<br />

públicas com riquíssimos quimonos e conseguiam se equilibrar em saltos<br />

plataforma superiores a 20 cm. As oiran, no entanto, contavam com uma<br />

assistente sempre ao lado para ajudar na locomoção. E não precisavam<br />

correr para pegar o trem nem muito menos, dirigir um carro.<br />

Hoje, as <strong>japonesa</strong>s ainda usam muito os saltos plataforma, por elas<br />

possuírem uma estatura mediana, medindo em torno de 1,50 metros a 1,60 metros.<br />

Em 1998, as plataformas voltaram ao Japão com os saltos ainda mais altos,<br />

medindo de 15 centímetros à botas que chegam a ter 25 centímetros só de salto<br />

(MORENO, 2003).<br />

A <strong>moda</strong> do sapato plataforma, além de ser comum para os japoneses,<br />

também está entrando no mundo dos artistas. Um exemplo são os sapatos usados<br />

pela cantora Lady Gaga, que são criados pelo estilista japonês Noritaka Tatehana,


64<br />

um designer de 25 anos, recém graduado na Tokyo National University of Fine Arts.<br />

Norikata disse, em uma entrevista para a MTV Stile, que graças à Lady Gaga, os<br />

seus sapatos ficam conhecidos no mundo todo. Dentro das suas coleções,<br />

encontram-se sapatos de vários estilos, como os chamados Sapatos Game Boy, que<br />

possuem um game boy acoplado dentro da sola, ou os chinelos que servem como<br />

garrafa térmica, os sapatos com dedos, entre outros (REGLY, 2010) .<br />

Além das meninas <strong>japonesa</strong>s usarem saltos com alturas exageradas nas<br />

ruas, não somente de Tóquio como em todos os outros lugares do Japão, também é<br />

comum os meninos usarem saltos plataformas (figura 14). Esses estão presentes<br />

nos tênis e nas botas. A altura do salto dos calçados masculinos é menor do que a<br />

dos femininos. Eles usam as plataformas no seu dia-a-dia, pois fazem parte da<br />

composição do seu look, que pode ser estilo roqueiro, militar ou apenas “descolado”<br />

(SANDERS, 2005).<br />

Figura 14: Plataformas masculinas.<br />

Fonte: Adaptado pela autora (MORENO, 2003, p. 50)<br />

A <strong>moda</strong> de rua é muito característica no Japão pelos estilos diferenciados<br />

que os japoneses encontram para compor os seus looks diários. Analisando as<br />

roupas que os japoneses usam nas ruas, parece que eles resolveram vestir tudo o<br />

que há dentro do guarda-roupa ao mesmo tempo, formando uma mistura de cores<br />

ou de estampas totalmente diferentes. No resultado final, formam uma harmonia<br />

entre as peças. Os estilistas e os principais lançadores de tendências, desde 1980,<br />

vêm observando atentamente o trabalho dos novos designers japoneses e o que


65<br />

eles usam nas ruas, buscando maneiras diferentes ou inovadoras para formar uma<br />

ideia nova de vestuário (SATO, 2007).<br />

[...] A concepção ocidental de vestir-se causou uma grande mudança de<br />

valores, de comportamentos e da estética do Japão. Após rápido e intenso<br />

processo de adaptação, depois da 2ª Guerra Mundial o vestuário<br />

ocidentalizado japonês, da cópia de modelos e tendências européias vem<br />

nas últimas décadas sofrendo influêcia de conceitos e gostos tradicionais<br />

enraizados na cultura <strong>japonesa</strong>, e que ao ser copiados no ocidente passam<br />

a trazer para a <strong>moda</strong> de Paris, Londres, Milão e Nova York conceitos<br />

japoneses de vestuário (SATO, 2007, p. 195).<br />

Com isso, os japoneses vêm ganhando espaço no plano internacional da<br />

<strong>moda</strong> nos últimos anos. O estilo diferenciado de pensar e criar dos japoneses está<br />

despertando curiosidade no resto do mundo (INTERNACIONAL SOCIETY FOR<br />

EDUCATION INFORMATION, 1990). O quimono tem uma modelagem desenvolvida<br />

com base nas formas, pois o corte da peça é feito através de um enorme pedaço de<br />

tecido quadrado com espaço para passar os braços. Deste modo, as formas<br />

anatômicas são feitas através das amarrações que modelando o corpo (SAKURAI,<br />

2007).<br />

3.4 ESTILISTAS JAPONESES<br />

Os principais estilistas japoneses são: Hanae Mori, a pioneira, seguida de<br />

Jun Ashida, Rei Kawakubo, Issei Miyake, Kenzo Takada e Yohji Yamamoto<br />

(INTERNACIONAL SOCIETY FOR EDUCATION INFORMATION, 1990).<br />

Atualmente, existem muitos outros designers japoneses. Dentre eles, os que fazem<br />

maior sucesso no setor de criação, inovação, modelagem e tecnologia estão Junichi<br />

Arai, Shinichiro Arakawa, Yoshiki Hishinuma, Nozomi Ishiguro, Rei Kawakubo, Tokio<br />

Kumagai, Masaki Matsushima, Issey Miyake, Masahiro Nakagawa, Hiroaki Ohya,<br />

Reiko Sudo, Jun Takahashi, Naoki Takizawa, Aya Tsukioka, Kosuke Tsumura, Junya<br />

Watanabe (MITCHELL, 2000).<br />

Neste capítulo, será analisado a maneira de fazer <strong>moda</strong> e o estilos de três<br />

principais estilistas renomados na <strong>moda</strong> <strong>japonesa</strong>, sendo eles a estilista Hanae Mori,<br />

convidada a participar da Federação Francesa da Costura em Paris, que<br />

confecciona as suas peças com luxo e elegância; o estilista Yohji Yamamoto<br />

também será tratado neste capítulo, observando que a sua maneira de fazer <strong>moda</strong>


66<br />

trabalha mais com as formas e com as estruturas que depois são adaptadas a<br />

ergonomia do corpo; o estilista Kenzo Takada que cria uma <strong>moda</strong> mais tradicional,<br />

evidenciando os costumes e os elementos típicos japoneses, desenvolvendo as<br />

suas coleções com fortes características na tradição.<br />

3.4.1 Hanae Mori<br />

Hanae Mori é a pioneira da <strong>moda</strong> <strong>japonesa</strong> e reverenciada como um modelo<br />

para a mulher <strong>japonesa</strong> no ambiente de trabalho. Ela estudou literatura na<br />

Universidade Cristã para Mulheres de Tóquio. Após o seu casamento com Ken Mori,<br />

que era envolvido com a indústria têxtil, ela estudou Moda antes de abrir uma<br />

boutique em Tóquio. Em 1965, apresentou a sua primeira coleção no exterior, em<br />

Nova York, e em 1977 entrou para a história da <strong>moda</strong> por ser a primeira pessoa<br />

<strong>japonesa</strong> a ser aceita na organização dos costureiros franceses, a Chambre<br />

Syndicale de la Couture Parisienne (MITCHELL, 2009).<br />

A grande mudança na carreira de Hanae Mori, ocorreu quando ela conheceu<br />

“Coco Chanel” em Paris, na condição de sua cliente. Mori decidiu dedicar-se a alta<br />

costura, e em 1963 abriu uma maison, onde passou a produzir roupas sob medida<br />

para a elite ocidental. Hanae Mori destacou-se por produzir roupas de corte e<br />

formato clássico seguindo a concepção da alta costura ocidental, com tecidos<br />

exuberantes, estampas, bordados e elementos decorativos tipicamente japoneses<br />

(SATO, 2007).<br />

Hanae Mori desenvolveu as suas criações inspirada nas borboletas, e<br />

produziu o figurino de vários filmes e musicais, incluindo a Cinderela, Electra e<br />

Madame Borboleta. Além das roupas de alta costura, ela também criou sapatos,<br />

cintos, bolsas, guarda-chuvas, óculos, luvas, laços, entre outros (SATO, 2007). Ela<br />

possui uma linha de perfumes, os quais são produzidos na França, chamados<br />

Hanae Mori e Hanae Mori Butterfly. Hoje, Hanae Mori serve de inspiração para os<br />

jovens estilistas japoneses.<br />

Mori, construiu uma carreira de sucesso em Tóquio e no mundo todo,<br />

criando não somente roupas de <strong>moda</strong> para uma clientela exclusiva, mas também<br />

desenvolvendo figurinos para o cinema japonês. Na alfaiataria, Hanae Mori, utilizou


67<br />

tecidos luxuosos e vibrantes, em especial um tipo de crepe com uma superfície mate<br />

frisado. A fusão de tecidos ricos de luxo, muitas vezes com uma estética <strong>japonesa</strong>, e<br />

a alfaiataria ocidental, foram o marco dos seus projetos (MITCHELL, 2009).<br />

Os modelos criados pela estilista são peças tradicionais de alfaiataria, como<br />

tailleurs, vestidos, terninhos. A modelagem é diferenciada com detalhes no<br />

acabamento. As coleções de Hanae Mori lembram os uniformes usados pelas<br />

mulheres <strong>japonesa</strong>s, embora os estes sejam mais simples e apenas de uma cor. Os<br />

looks são criados para atingir, como público-alvo, as mulheres que trabalham em<br />

suas profissões, frequentam reuniões em grandes empresas, e precisam de um traje<br />

discreto para não perder a credibilidade no seu ambiente de trabalho. Ao mesmo<br />

tempo, ela precisa de uma roupa moderna, a qual esteja seguindo os conceitos de<br />

<strong>moda</strong> dos dias de hoje.<br />

3.4.2 Kenzo Takada<br />

Na década de 1960, quando a indústria estava crescendo rapidamente era<br />

grande o número de jovens que aspiravam a <strong>moda</strong> como profissão. Entre eles<br />

estava Kenzo Takada, que nessa época foi para Paris, e tornou-se conhecido na<br />

década de 70. Seu sucesso coincidiu com o período da Revolução de Maio de 1968<br />

que abalou os valores tradicionais franceses. O setor da alta costura sofreu um<br />

queda quando entrou a nova força do pret-a-porter e as criações de Takada<br />

passaram a ser aceitas devido a mistura das cores <strong>japonesa</strong>s e aos modelos com<br />

estilos parisienses. Embora, Kenzo Takada, seja japonês, ele é um designer de<br />

Paris, nutrido por um estilo parisiense (MITCHELL, 2009).<br />

Kenzo Takada foi o primeiro designer de <strong>moda</strong> <strong>japonesa</strong> a mostrar seu<br />

trabalho em Paris, em 1970, incentivando outros designers japoneses a seguirem o<br />

mesmo caminho. Ele estudou na Universidade de Moda de Bunka, em Tóquio,<br />

trabalhando primeiro como designer na cidade. Quando Takada foi para Paris, ele<br />

utilizava a venda de seus produtos para as lojas de departamente e as entrevistas<br />

em revistas para sustentar-se (MITCHELL, 2009).<br />

Em 1970, Takada abriu a sua boutique Jungle Jap, vendendo a sua própria<br />

linha de roupas prontas. As roupas eram soltas e possuíam um estilo jovem,


68<br />

geralmente eram brilhantes e coloridas. Ele criava dentro dos parâmetros das<br />

tradições ocidentais, mas gostava de usar aspectos regionais vindos do mundo todo<br />

em suas coleções (MITCHELL, 2009).<br />

As coleções desenvolvidas durante a década de 70 mostravam a influência<br />

da cultura afro, os padrões dos tecidos japoneses, o desgaste do trabalho chinês, o<br />

vestido regional português e a cultura americana e européia. Takada usava<br />

elementos para caracterizar todos os povos nas suas coleções desta época. A<br />

cultura <strong>japonesa</strong> sempre esteve muito presente em todas as suas coleções, até no<br />

“vestido torta” que retratava o quimono, por ser folgado, relaxado e com mangas<br />

curtas, lembrando o traje tradicional japonês (MITCHELL, 2009).<br />

Kenzo sempre buscou trabalhar mantendo as suas origens e tradições,<br />

exibindo um estilo japonês nas suas criações, através das formas e das grandes<br />

silhuetas. No Japão, ele é o pioneiro em introduzir a <strong>moda</strong> <strong>japonesa</strong> no mundo.<br />

Kenzo também possui uma linha de perfumes, tanto femininos quanto masculinos. A<br />

sua carreia terminou, em 1999, quando ele anunciou que estava deixando a sua<br />

casa de <strong>moda</strong> a cargo dos seus assistentes (JAPANZONE, 2010).<br />

Kenzo Takada baseou os seus desenhos no simples conceito subjacente do<br />

vestuário japonês, o quimono, e sua bi-dimensionalidade. O estilista usou a<br />

expressão “Um pedaço de pano” para falar sobre as suas coleções. Estas criações<br />

foram o trampolim para Takada ser reconhecido no mundo todo (MITCHELL, 2009).<br />

As coleções de Kenzo Takada são mais artesanais, apostando nos tecidos<br />

mais leves, nas cores claras e nas estampas tendências da estação (figura 15). As<br />

coleções apresentam estampas de diversos formatos que, juntas, formam uma<br />

harmonia entre os elementos de cores e de formas. As peças geralmente possuem<br />

amarrações, franzidos e recortes. As sobreposições estão presentes nos looks<br />

elaborados por Kenzo. O estilista, em seus desfiles, trabalha com modelos<br />

coadjuvantes, as quais entram nos desfiles antes das modelos principais, com o<br />

intuito de mostrar ao público a essência da coleção.


69<br />

Figura 15: Desfile Verão 2011 – Kenzo.<br />

Fonte: Adaptado pela autora (R7 ENTRETENIMENTO, 2010, p. 1)<br />

Conforme a figura, é possível analisar que os trajes usados pelas<br />

coadjuvantes, no desfile do Kenzo, remetem à cultura da época do Japão pré<br />

Segunda Guerra porque eles são muito semelhantes aos quimonos, pela estrutura<br />

da modelagem e por possuírem amarração na cintura. As estampas são pintadas à<br />

mão e a mistura das cores é bem característica dos japoneses.<br />

3.4.3 Yohji Yamamoto<br />

Yohji Yamamoto foi um jovem com dom para trabalhar com a costura,<br />

cursou a Universidade de Moda apenas para aprimorar os seus dons. Nos seus<br />

primeiros desfiles ele já fez sucesso, causando espanto a imprensa através das<br />

suas criações ousadas e bem elaboradas. A simetria não é muito usada por<br />

Yamamoto, pois ele busca referências no humano, e esta perfeição não é<br />

característica da raça humana. Quando Yohji Yamamoto se refere a <strong>moda</strong> ele trataa<br />

como uma forma importante e não indispensável.<br />

Se a <strong>moda</strong> é a roupa, ela não é indispensável. E se a <strong>moda</strong> é uma maneira<br />

de perceber nosso cotidiano, então ela é muito mais importante. Dentre tudo<br />

que se chama arte – pintura, escultura etc. - , poucas podem, como a <strong>moda</strong><br />

ou a música, influenciar tão diretamente as pessoas. A <strong>moda</strong> é uma


70<br />

comunicação única, essencial, relativa a sensações vividas por uma<br />

geração que usa a roupa que quiser. Yohji Yamamoto (BAUDOT, 2000, p.<br />

12)<br />

Yohji nasceu em Tóquio, em 1943. Filho de mãe costureira que trabalha 16<br />

horas por dia e sonha em ver o seu filho formado em advocacia. Ele tenta se<br />

intregrar à elite <strong>japonesa</strong>, com seus código e objetivos preestabelecidos, mas decide<br />

voltar e trabalhar com a mãe no atelier. Assim, ele entra na Universidade de Moda<br />

da Bunka em 1969 (BAUDOT, 2000).<br />

Após o seu primeiro desfile em Paris, em 1981, Yohji começou a influenciar<br />

na <strong>moda</strong> de um modo geral. Seu sucesso foi favorecido pelas suas linhas de roupas:<br />

femininas, masculinas e a Y`s, linha popular no Japão. Yamamoto introduziu as<br />

linhas Y para os homens e Y para as mulheres. Na década de 80, o estilista utilizou<br />

uma silhueta estruturada, e desde então suas coleções tem sido caracterizada como<br />

roupas em sintonia com a estética ocidental (MITCHELL, 2000).<br />

No dia seguinte aos desfiles, o Libération apresenta como manchete: “A<br />

<strong>moda</strong> francesa tem seus mestres: os japoneses”, e pode-se ler estas linhas<br />

premonitórias assinadas por Michel Cressole: “As roupas que eles propõem<br />

em 1982 para os próximos vinte anos são de tal forma mais prováveis do<br />

que aquelas anunciadas em torno de 1960 e as de Cardin para o ano 2000,<br />

que hoje soam tão velhas quando um filme de ficção científica soviético. Os<br />

costureiros franceses acreditam durante muito tempo que a costura, como a<br />

ciência, era a retificação de um longo erro. Os estilistas japoneses, por sua<br />

vez, preparam as mulheres da Terra para decidir rapidamente que roupas e<br />

acessórios usarão no dia em que não tiverem mais do que uma hora para<br />

fugir” (BAUDOT, 2000, p. 11).<br />

Assim começa a fama de Yohji Yamamoto, que em 1984 passa a trabalhar<br />

com uma alfaiataria masculina baseada na arquitetura com lapelas pequenas,<br />

ombros estreitos, casaco com três botões, calça apertada no joelho e camisas<br />

brancas com um traço autoritário. Yamamoto trabalha com as silhuetas oversizes,<br />

com os drapeados e com várias texturas. As suas roupas tem um espírito de<br />

vanguarda aliado às tendências da estação. Ele colabora com a criação de outras<br />

marcas, incluindo a Adidas, Hermés, e com alguns artistas como Elton John,<br />

Placedo, Takeshi Kitano, entre outros (BAUDOT, 2000).<br />

Em contraste com a embelezada e estruturada roupa em voga na época,<br />

seus projetos de anti-fashion foram grandes, em camadas e monocromática.<br />

Yamamoto defendia a assimetria, evitando as formas convencionais de decoração,<br />

tais como bordados ou padrão impresso, muitas vezes introduzindo customizações,<br />

bainhas irregulares e colares como pontos de interesse. Ele adicionava um rótulo às


71<br />

suas roupas que dizia: "Não há nada tão chato como um olhar puro e arrumado”<br />

(MITCHELL, 2000).<br />

Os modelos criados por Yohji Yamamoto possuem uma modelagem<br />

diferenciada, contendo recortes, sobreposições e diferentes gramaturas de tecido. O<br />

estilista trabalha com um estilo contemporâneo, com cores fortes, poucas estampas,<br />

porém multicoloridas, e com as suas coleções voltadas para um tema específico.<br />

Algumas coleções de Yamamoto remetem ao estilo gótico do visualkey.<br />

Yamamoto é conhecido por sua alfaiataria, por criar ternos, a maioria em<br />

preto, para homens e mulheres. Suas roupas, muitas vezes têm uma qualidade<br />

escultural e ele gosta de combinar materiais incomuns e justapor o moderno com os<br />

elementos tradicionais. Nas sua últimas coleções ele prestou homenagem ao pósguerra<br />

costureiros de Paris, criando roupas que tinham a costura como referência,<br />

mas permanecendo fiel à sua estética distinta modernista (MITCHELL, 2000).<br />

Independentemente da maneira de cada estilista japonês fazer a sua <strong>moda</strong>,<br />

as suas coleções possuem elementos que caracterizam o seu povo, mostrando as<br />

tradições da sua região. A valorização do regional faz parte da cultura do país,<br />

sendo esta transmitida também através da <strong>moda</strong>.<br />

Um povo valoriza a sua cultura de diferentes formas, por exemplo, os<br />

japoneses buscam guardar a essência do momento através das fotografias, pois a<br />

cultura do Japão mantida por tradições também é preservada através das belas<br />

paisagens que os japoneses retratam através das suas máquinas fotográficas. Todo<br />

cenário japonês cuidadosamente observado possui uma beleza natural que se<br />

mantem fiel à estética cultural do país.<br />

Segundo Sakurai (2007, p. 270), a valorização regional:<br />

[...] se expressa por palavras, escritas ou não, ou imagens que tentam<br />

captar a “alma” do lugar. Se os turistas japoneses no exterior estão sempre<br />

grudados às suas máquinas fotográficas, será que não estão procurando<br />

captar também a essência do lugar que visitam, como costuram fazer em<br />

seu país? Não seria uma forma contemporânea de se inserir como homem<br />

diante da natureza?<br />

Para os japoneses, cada parte do Japão tem a sua história, sua paisagem,<br />

seu povo, seus costumes. Todos têm sentido e graça. Para eles, a região de origem<br />

é muito importante, pois serve como uma referência. A importância que os<br />

japoneses colocam na valorização do regional está sintonizada com as<br />

características e a vivência que o povo adquire na sua própria região.


72<br />

A relação que os japoneses tem em valorizar a sua própria cultura, está<br />

ligada diretamente á <strong>moda</strong> <strong>japonesa</strong> e na forma como os estilistas utilizam<br />

elementos da sua própria região nas suas coleções que são vendidas no mundo<br />

todo. O traje tradicional japonês é conhecido no mundo todo por influência do seu<br />

próprio povo. O quimono é utilizado como peça referência quando o assunto é <strong>moda</strong><br />

do Japão e hoje inúmeras criações são desenvolvidas em cima dos elementos deste<br />

traje.<br />

O quimono na sua versão originais ainda é usado, nos dias de hoje, pelas<br />

pessoas em datas especiais. Mesmo toda a modernidade gerada no Japão não foi<br />

suficiente para derrubar a força dessa indumentária tão glamourosa. Os quimonos<br />

atuais possuem a mesma modelagem e são confeccionados com tecidos nobres,<br />

podendo custar mais de 1 milhão de ienes. As <strong>japonesa</strong>s consideram o quimono<br />

uma peça fashion, usado nas ruas com diversas bolsas coloridas, com adereços de<br />

pele de animal, entre outros acessórios (MORENO, 2003).<br />

Assim, observa-se que o interesse dos japoneses pelo quimono tem uma<br />

relação cultural e de nostalgia, que esta trazendo novamente o uso do quimono no<br />

cotidiano japonês devido a valorização das suas características e da estética da<br />

vestimenta tradicional.<br />

Com a crescente influência da cultura popular americana sobre a sociedade<br />

<strong>japonesa</strong>, após a guerra, o povo japonês estava perdendo o seu foco pela sua<br />

herança cultural, desejando itens de consumo novos e originais. Nessa época, os<br />

estilistas japoneses, passaram dar um grande valor ao design do quimono,<br />

evidenciando o traje, pois os quimonos são transmitidos de geração em geração e<br />

contribuem para a estética da tradição <strong>japonesa</strong>.<br />

O estilista japonês Issey Miyake rejeitando as formas tradicionais das roupas<br />

parisienses. Desenvolveu um conceito de <strong>moda</strong> baseada no uso dos panos,<br />

utilizando criativamente as camadas de tecido dos quimonos. Ele criou roupas antiestruturais,<br />

que assumem uma qualidade e liberdade natural, expressa através do<br />

corte e da abundância dos novos tecidos. Miyake usou as técnicas do quimono<br />

tradicional, no quesito espaço, aprendendo sobre o espaço entre o corpo e o tecido,<br />

fornecendo maior flexibilidade nas suas peças (MITCHELL, 2000).<br />

A forma de utilizar o conceito do quimono para desenvolver novas peças<br />

está ligado diretamente com a tendência do passado, pois o elemento tradicional é<br />

mantido de forma subjetiva, aliado à uma tendência do futuro. Deste modo, pode-se


73<br />

analisar o pensamento da autora Sato (2007, p. 230): “Quando o futuro parece<br />

incerto e menos promissor, o saudosismo entra na <strong>moda</strong> e há uma tendência de se<br />

conceber o passado de uma maneira mais romântica do que realmente foi.”<br />

Em relação a tendência do passado presente na <strong>moda</strong> <strong>japonesa</strong>, pode-se<br />

analisar que a forma como os estilista Yohji Yamamoto e Kenzo Takada trabalham<br />

nas suas coleções diz respeito a desconstrução dos valores passados que são<br />

refletidos através da desconstrução literal dos tecidos e das formas.<br />

Em relação a tendência do passado presente na <strong>moda</strong> <strong>japonesa</strong>, pode-se<br />

analisar que a forma como os estilista Yohji Yamamoto e o Kenzo Takada trabalham<br />

nas suas coleções diz respeito a desconstrução dos valores passados que são<br />

refletidos através da desconstrução literal dos tecidos e das formas.<br />

Em uma das coleções de Yamamoto, de 1982, quando ocorreu o Pearl<br />

Harbor da Moda, seus modelos, vestidos com roupas pretas desconstrutivas,<br />

parecendo cadavéricos com um cabelo despenteado ou as cabeças raspadas<br />

aparentemente sujas. Os rostos brancos foram destituídos de make-up, parecendo<br />

oleosos e pastosos, juntamente com um tom azul que remetia a machucados nos<br />

seus lábios inferiores. A imprensa analisou este trabalho como uma declaração<br />

política na época descrevendo o estilista como “coletor de lixo” (MITCHEL, 2000)<br />

Sobre a estética da <strong>moda</strong> <strong>japonesa</strong> é possível analisar que o conceito roupa<br />

é visto pelos estilistas japoneses como trapos, que possuem buracos intensionais.<br />

Desafiando as noções ocidentais de decoração, a roupa pode ser um pedaço de<br />

pano com peças extras de pano pendurado, que poderia ser considerado pelos<br />

japoneses como a decoração de uma sensibilidade estética. Segundo o ponto de<br />

vista dos designers japoneses, o pauperismo é o resultado final da extravagância. E<br />

a falta de cor poderia ser comparada aos tons monocromáticos dos tradicionais<br />

desenhos a tinta japonês (MITCHEL, 2000).<br />

Yamamoto ignorou claramente a beleza das roupas ocidentais, aderindo à<br />

imagens chocantes, sem aprovação, que abalaram os alicerces do conceito<br />

ocidental de <strong>moda</strong>. Hoje não é raro o pauperismo na <strong>moda</strong>, mas no início de 1980,<br />

em Paris, muitas pessoas não viram como desejável.<br />

Os estilistas japoneses tomaram a forma do corpo humano como um dado,<br />

tendo como seu principal objetivo descobrir uma solução para o desafio de criar uma<br />

forma de contorno tri-dimencional usando bi-dimencional. Eles escondiam o seio<br />

curvilíneo, cintura fina e as proporções naturais da forma feminina. Segundo o autor


74<br />

no fundo da mente de cada pessoa <strong>japonesa</strong> encontra-se a cultura do quimono e<br />

nesta cultura, o tecido é colocado sobre o corpo humano de forma que seja<br />

reconhecida a natureza do tecido bi-dimencional. O excesso de tecido que resulta<br />

desta forma é sempre aproveitado pelos japoneses, gerando uma forma assimétrica,<br />

um dos elementos da estética <strong>japonesa</strong> (MITCHELL, 2000).<br />

Nesta idéia de bi-dimencional e de formas assímétricas pode-se comparar<br />

com as criações de Yohji, que rompendo as barreiras do sexo, desenvolve projetos<br />

com uma abordagem universal à roupa, quebrando completamente a linha do<br />

tradicional, assim como o quimono faz.<br />

Os japoneses possuem um conceito cultural completamente diferente, pois<br />

suas criações são inspiradas em outras idéias e isso abriu um caminho para a<br />

entrada dos <strong>japonesa</strong>s na <strong>moda</strong> ocidental. Na década de 80, as lojas de <strong>moda</strong> em<br />

Paris, Nova York e Londres já tinham outro olhar sobre as boutiques em Tóquio e a<br />

<strong>moda</strong> <strong>japonesa</strong> garantiu a sua posição definitiva e significativa (MITCHELL, 2000).<br />

Sato (2007, p. 204) relata que os japoneses vestem-se dessa maneira por<br />

influência de outras Eras:<br />

Numa entrevista dada em 2005 à NHK, o estilista Kansai Yamamoto<br />

explicou que na Era Edo usava-se no mínimo 8 cores diferentes num só<br />

quimono, e que o visual do street wear adolescente usado por jovens<br />

japoneses nos últimos anos, numa aparentemente confusa sobreposição de<br />

peças e descoordenada mistura de cores e texturas, nada mais é que a<br />

transferência da antiga estética Edo para blusas, saias, camisas e calças,<br />

ou seja, para roupas de estrutura ocidental. Os sapatos com salto<br />

plataforma exageradamente altos, amplamente adotados pelos jovens<br />

japoneses em meados dos anos 90, eram inspirados nas sandálias das<br />

yûjos.<br />

Por outro lado, existem os adultos, pessoas executivas que trabalham em<br />

empresas multinacionais e usam uniformes todos os dias. Estes uniformes são<br />

sempre iguais e da mesma cor.<br />

O motivo principal de usar uma roupa multicolorida ou com nenhuma cor<br />

está na forma que os japoneses procuram se expressar, pois eles vivem em um<br />

mundo cheio de regras, no qual as pessoas são bem educadas, não falam alto, não<br />

gritam, pois buscam na sua aparência a diferenciação física e pessoal (SAKURAI,<br />

2007).<br />

Como toda grande onda de <strong>moda</strong> no Japão, na intenção de obter uma<br />

aparência diferenciada todas as jovens de uma geração acabam adotando o<br />

mesmo visual, e o resultado é a homogeneização daquilo que em princípio,<br />

era um diferencial. Embora seja óbvio que dependendo das características


75<br />

individuais – como altura, peso e forma do rosto – nem sempre o visual<br />

produz o mesmo resultado estético (SATO, 2007, p.229).<br />

A maneira como os japoneses fazem a sua <strong>moda</strong> hoje tem origem na sua<br />

cultura, mas também tem origem em vários outros aspectos da sua história. Os<br />

estilistas <strong>japonesa</strong>s criam a sua <strong>moda</strong> de diferentes formas, mas sempre utilizando<br />

referências do seu próprio país. Pode-se observar, por exemplo, que o quimono tem<br />

influência direta na estrutura das roupas <strong>japonesa</strong>s, pois cria-se em cima de uma<br />

base bi-dimencional, originária do próprio quimono.<br />

Assim, os estilistas usam o traje tradicional como princípio formal. Através<br />

dele é possível desenvolver as suas coleções com estampas, bordados, e cores que<br />

remetem à sua região. Um exemplo é o estilsita Walter Rodrigues, que possui<br />

grande admiração pela a cultura <strong>japonesa</strong>, e utiliza referências dessa cultura para<br />

criar as suas próprias coleções. Walter Rodrigues desenvolve as suas coleções<br />

inspirado em viagens e fotografias dos elementos tradicionais japoneses, que ele<br />

utiliza através de painéis como referências para criar os looks e desenvolvê-los<br />

antes de apresentar a sua coleção para o seu público.


76<br />

4 PROJETO E DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÃO PARA A MARCA WALTER<br />

RODRIGUES<br />

O projeto de coleção para a marca do estilista Walter Rodrigues,<br />

desenvolveu-se através de um estudo aprofundado sobre vários estilistas que<br />

apreciam a <strong>moda</strong> <strong>japonesa</strong>. A escolha por Walter Rodrigues está relacionada com o<br />

seu passado histórico, pois ele desenvolveu inúmeras coleções inspiradas em<br />

elementos culturais japoneses. Walter possui uma grande admiração pelas culturas<br />

do mundo todo, nas quais, ele busca inspirações para desenvolver as suas<br />

coleções.<br />

Segundo Rech (2002, p. 68 apud TREPTOW, 2005, p. 42) “uma coleção é um<br />

conjunto de produtos, com harmonia do ponto de vista estético ou comercial, cuja<br />

fabricação e entrega são previstas para determinadas épocas do ano”. O conjunto<br />

de roupas, para formar uma coleção, exige uma certa coerência entre as suas peças<br />

e esta harmonia só pode ser obtida através de um estudo metodológico aliado aos<br />

processos criativos.<br />

Com a ligação da metodologia e dos processos criativos será desenvolvida a<br />

coleção, que se realizará através do estudo aprofundado da história da marca e das<br />

suas características próprias, como o público-alvo, o conceito e a sua diferenciação<br />

em relação às demais concorrentes no ramo da <strong>moda</strong>. O projeto de coleção partirá<br />

da pesquisa da história da marca, do estudo das macrotendências e<br />

microtendências, do painel temático, da criação e desenvolvimento dos croquis, das<br />

fichas técnicas, das modelagens e das peças. Com essa pesquisa será criada para<br />

a marca, uma nova coleção, com uma proposta de segmento de roupa diferenciada,<br />

linha lingerie noite, a partir de um tema e de tendências, de acordo com as<br />

expectativas do público de Walter Rodrigues.<br />

4.1 PROJETO DE COLEÇÃO<br />

Para desenvolver o projeto de coleção realizou-se uma pesquisa, em que as<br />

ideias foram analisadas e sintetizadas de maneira específica e técnica, para que


77<br />

fosse possível utilizar as práticas de trabalho em conjunto com a criatividade e as<br />

técnicas com a finalidade de explorar mais o tema e os materiais.<br />

Segundo Jones (2005) um projeto é um trabalho sistemático que agrega<br />

pesquisa e atividades práticas, com o intuito de inspirar o estudante e mostrar quais<br />

são as metas gerais e quais os objetivos que deverão ser cumpridos até o produto<br />

final. Com base, na definição do autor, o projeto de coleção foi criado através da<br />

junção da pesquisa com as atividades práticas até a conclusão do produto final.<br />

Neste projeto de coleção definiu-se o conceito da marca, que agrega as<br />

características básicas da marca e o principal foco para atingir o consumidor.<br />

Juntamente com o conceito estabeleceu-se a estação a ser trabalhada, inverno<br />

2012, a definição do tema e do público-alvo, este caracterizado pelo tipo de cliente,<br />

idade, sexo, o seu comportamento físico e psicológico e todos os dados necessários<br />

para que o produto atenda as necessidades do seu consumidor.<br />

Todo o processo de projeto de coleção é definido através de pesquisas, para<br />

coletar os dados da empresa e os dados técnicos importantes para desenvolver uma<br />

coleção. Segundo Seivewright (2009) a pesquisa caracteriza-se pela investigação e<br />

aprendizagem de algo novo ou do passado e pode ser comparada à uma jornada<br />

exploratória. A pesquisa envolve os processos de leitura, visitação, observação e os<br />

registros das informações. Para o designer, a pesquisa é essencial, pois é o ponto<br />

de partida para o lançamento e a coleta de idéias que precedem a criação.<br />

A pesquisa é essencial em um proceso de desenvolvimento de coleção, pois<br />

ela é o marco inicial para a inspiração, a informação e para manter o designer<br />

concentrado no seu foco principal. “A pesquisa criativa é o segredo ou truque que<br />

embasa todo design original”, conforme John Galliano, diretor executivo da Dior<br />

(SEIVEWRIGHT, 2009, p. 7).<br />

O insight que o estilista tem para criar e interpretar as suas ideias é gerado<br />

através de uma pesquisa ampla e detalhada sobre o assunto, o tema e uma série de<br />

outros fatores essenciais no processo de criação como as estampas, texturas, cores,<br />

detalhes, adornos e silhuetas. Insight, segundo o dicionário Pass Word (2005)<br />

caracteriza-se como compreensão, perspecção e capacidade de introspecção e na<br />

<strong>moda</strong> é utilizado para caracterizar perspecção.<br />

Segundo Seivewright (2009) existe dois tipos de pesquisas, uma delas é<br />

realizada através da coleta de materiais práticos para a coleção como os<br />

aviamentos, os tecidos e os botões. A outra pesquisa refere-se à inspiração visual


78<br />

para a coleção que serve para ajudar a desenvolver o tema e o conceito, gerando<br />

assim a identidade do trabalho. A pesquisa deve ser ampla e profunda, com muito<br />

detalhamento a fim de expor as idéias da maneira como o criador enxerga o mundo<br />

e qual a mensagem que ele quer passar para o seu público. A pesquisa é um<br />

documento que mostra a essência criativa de um projeto, servindo como material<br />

que originou a inspiração da coleção.<br />

Partindo desta caracterização de pesquisa, realizou-se um estudo sobre a<br />

marca de Walter Rodrigues, em que optou-se por elaborar uma nova proposta de<br />

linha de coleção para o estilista, a linha lingerie noite, na qual a ideia foi trabalhar<br />

com peças elegantes e sofisticadas, para o uso noturno, para dormir ou até mesmo<br />

para sair a noite compondo com outras peças ou acessórios.<br />

A coleção de lingerie noite foi inspirada em um dos temas que o estilista mais<br />

gosta de trabalhar, o Japão, em especial, a sua cultura e tradição. Walter Rodrigues<br />

já trabalhou com inúmeros elementos da cultura <strong>japonesa</strong>, como os Samurais, as<br />

Gueixas, os Quimonos, os Monges Xintoístas, sempre buscando manter o essencial<br />

deste povo em uma mistura de formas e estruturas diferenciadas, que caracterizam<br />

o trabalho do estilista.<br />

A nova proposta de segmento para a marca de Walter manteve-se de acordo<br />

com o trabalho que o criador já mantém nas suas coleções anteriores, apenas<br />

optou-se por fornecer ao público-alvo da marca uma nova opção de roupas para as<br />

mulheres que vestem a marca Walter Rodrigues. A idéia de trabalho e o conceito da<br />

marca foram mantidos, pois a forma como o estilsita é conhecido tem origem na<br />

maneira como ele trabalha as suas coleções.<br />

4.2 DESENVOLVIMENTO DA COLEÇÃO<br />

Nas condições de especificação técnica de pesquisa do consumidor, tema e<br />

refências, desenhos e materiais, foi possível desenvolver o projeto de coleção para a<br />

marca de Walter Rodrigues, com o tema definido, o público-alvo específico da marca<br />

e os apontamentos técnicos que possibilitam a leitura, criação e produção final da<br />

coleção.


79<br />

Todos os estilistas passam pelo mesmo processo ao desenvolver uma<br />

coleção. Tanto para aqueles que têm sua própria marca quanto para<br />

aqueles que trabalham em uma grande empresa, o ponto de partida e as<br />

etapas seguidas são invariavelmente iguais: pesquisa, criação,<br />

desenvolvimento, edição e apresentação (RENFREW, 2010, p. 7).<br />

O desenvolvimento de uma coleção em equipe, requer a explicação por meio<br />

do estilista da aparência e do tema. Essa explicação pode ser feita através de<br />

imagens e desenhos em painéis de inspiração, como as amostras de tecidos, os<br />

aviamentos e os elementos principais que podem ser usados como elementos de<br />

referência em uma coleção.<br />

4.2.1 Análise da marca<br />

A marca, Walter Rodrigues, foi escolhida devido a um estudo aprofundado<br />

sobre o conceito que ela apresenta e a sua diferenciação no mercado e em relação<br />

as suas concorrentes. Através da pesquisa por referências da marca analisou-se as<br />

suas características próprias e a sua história, para que fosse possível conhecer o<br />

consumidor, as suas necessidades básicas, os seus desejos e principalmente para<br />

entender a razão pela qual este público é fiel e se identifica com a marca.<br />

Sobre o conceito de marca, o autor Jones (2005, p. 31) enfatiza que “uma<br />

marca normalmente constrói sua reputação e cria fidelidade por satisfazer as<br />

expectativas de seus consumidores no decorrer de muitos anos, sem deixar de<br />

anunciar suas qualidades exclusivas [...]”. A fidelidade entre a marca e o consumidor<br />

é muito importante, atuando como uma das formas de inspiração utilizada pelo<br />

estilista para criar, pois as roupas são desenvolvidas pensando na satisfação do<br />

próprio cliente e no seu conforto.<br />

O conceito da marca de Walter Rodrigues é extremamente ligado ao gosto<br />

pessoal do estilista, visando a modernidade, a funcionalidade e o conforto. Ele<br />

também valoriza os acabamentos e não abre mão de desenvolver sempre peças<br />

muito bem feitas. Walter Rodrigues é conhecido pelos seus vestidos longilíneos e<br />

fluídos, inspirados na silhueta dos anos 30 e no seu fascínio pela cultura oriental<br />

(TASTE, 2010).<br />

Walter Luiz Vieira Rodrigues nasceu em Herculândia (São Paulo) em 13 de<br />

dezembro de 1959. Aos dezesseis anos abandona o segundo ano do curso técnico


80<br />

de química para trabalhar em uma butique, como vendedor e responsável por<br />

montar as vitrines. Em 1983, Walter muda-se para São Paulo e seu primeiro<br />

emprego é na revista Manequim, como produtor de <strong>moda</strong>. Depois ele trabalhou<br />

como assistente de Clô Orozco e na Huis Clos (RODRIGUES, 2007).<br />

Em 1987, Walter Rodrigues cria a marca Satori, juntamente com Áurea<br />

Yamashita, sendo uma marca moderna com influência <strong>japonesa</strong> que aposta na<br />

silhueta voga, com volumes balonês. No ano de 1992, o estilista cria a sua própria<br />

marca, e no ano seguinte já realiza o seu primeiro desfile da marca. A partir do<br />

lançamento da marca, Walter Rodrigues passa a participar de vários desfiles no<br />

Brasil todo, como o São Paulo Fashion Week, o Phytoervas Fashion, entre outros<br />

(RODRIGUES, 2007).<br />

Seu interesse por criação surgiu desde garoto, pois ele gostava de pesquisar<br />

e descobrir novos caminhos nas artes e na história do homem (TASTE, 2010).<br />

Walter, na sua infância, conviveu com pessoas mais velhas, com os amigos das<br />

suas irmãs e sempre pensou em ser artista plástico, devido o seu gosto pelo<br />

desenho e pela criação.<br />

Hoje o trabalho de Walter Rodrigues é focado na pesquisa de novos materiais<br />

têxteis, novos tingimentos e acabamentos. Suas roupas são desenvolvidas pela<br />

técnica de moulage, lhe proporcionando maiores volumes, movimentos e formas. O<br />

estilista é conhecido pelos seus vestidos fluídos e pelo seu fascínio pela cultura de<br />

outros povos, em especial a oriental, pois ele busca criar as suas coleções com base<br />

nas pesquisas de outros países (RODRIGUES, 2007).<br />

Suas coleções são vendidas no Brasil inteiro, em lojas multimarcas dividindo<br />

espaço com marcas internacionais ou no próprio showroom da marca. A marca de<br />

Walter Rodrigues é direcionada para homens e mulheres. O autor Mendes, quando<br />

fala sobre o estilista destaca que “Walter Rodrigues é um artista de corte afiado, de<br />

extenso repertório de <strong>moda</strong>, das referências históricas e multiculturais, dos materiais<br />

preciosos, da elegância delicada, da atitude cool e de uma indisfarçável malícia<br />

rock’n’roll” (RODRIGUES, 2007, p. 7).<br />

Analisando as coleções anteriores da marca, observa-se que Walter<br />

Rodrigues sempre busca inovar nas suas criações. Os elementos da cultura<br />

<strong>japonesa</strong> estão presentes nos looks de forma subjuntiva, pois é possível identificar<br />

as referências, mas elas não estão facilmente identificáveis. Nas coleções anteriores<br />

identifica-se a mistura de tecidos pesados com fluídos, a estrutura das peças criadas


81<br />

com base em um retângulo de tecido, com sobreposições ou até mesmo os<br />

acessórios como chapéus de soldados, botas ou tênis que são misturados com<br />

vestidos fluídos, longos ou curtos.<br />

Os elementos tradicionais dos soldados japoneses, como os peitorais de<br />

acrílico curvado ao corpo que simbolizam as armaduras, os chapéus, as botas cano<br />

alto e as luvas juntamente com os vestidos de tecido organza, feitos com técnicas de<br />

origami, alguns longos e outros curtos. Estes elementos foram retirados de imagens<br />

de referências de samurais, conforme (figura 16) que contém um desenho de<br />

samurai utilizado como inspiração para esta coleção. Os elementos de inspiração<br />

fazem parte da mistura de referências que Walter Rodrigues trabalha nas suas<br />

coleções (RODRIGUES, 2007).<br />

Figura 16: Coleção Walter Rodrigues<br />

Fonte: Elaborado pela autora.<br />

Além da coleção insirada nos samurais, Walter Rodrigues buscou referências<br />

em outras culturas, como o povo do Afeganistão. Conforme (figura 17) a coleção do<br />

inverno de 2011 de Walter Rodrigues foi em busca de abordagens de culturas<br />

distantes, trazendo para esta coleção a cor preta como elemento chave da <strong>moda</strong>,<br />

juntamente com uma silhueta limpa, reta e fluida.


82<br />

Figura 17: Coleção Walter Rodrigues Inverno 2011 <br />

Fonte: Elaborado pela autora.<br />

Na coleção de inverno 2011, nota-se que Walter Rodrigues utilizou o chapéu<br />

cilíndrico como elementro caracterizante desta cultura, em conjunto com as túnicas e<br />

os pelerines (KALIL, 2011). Porém a coleção do verão de 2012 do estilista, volta à<br />

sua adoração pela sua terra natal, ao qual ele buscou inspiração nas bordadeiras<br />

pernambucanas, conforme (figura 18).


83<br />

Figura 18: Coleção Walter Rodrigues Inverno 2011 <br />

Fonte: Elaborado pela autora.<br />

A coleção de verão está inspiradas nas bordadeiras de Quipapá, cidade do<br />

estado de Pernambuco, com quem Walter Rodrigues trabalhou. Esta coleção possui<br />

formas limpas e básicas, como saias godê, calças e túnicas com caimento pesado,<br />

em contrapartida ele também criou peças leves como jaquestas curtas e blazers<br />

moles. Segundo Kalil (2011) “Walter está propondo um verão cheio de peças que se<br />

combinam entre si e com tantas outras que já temos em nosso guarda-roupa”.<br />

Assim, é possível observar que Walter Rodrigues é um estilista de muitas culturas,<br />

que busca referências de <strong>moda</strong> no mundo todo.<br />

Através da trajetória do estilista e do seu trabalho com diferentes culturas,<br />

optou-se pela escolha desta marca, pois Walter possui uma grande admiração pela<br />

cultura <strong>japonesa</strong>. O assunto Japão, a sua tradição, cultura e essência criativa são<br />

abordados no trabalho de TCC I, ao qual, a autora apresenta a história deste país, a<br />

sua maneira de fazer <strong>moda</strong> e a influência que a cultura <strong>japonesa</strong> tem sobre a <strong>moda</strong><br />

nesse país e no mundo todo.<br />

Após a escolha da marca desenvolveu-se um briefing para relacionar a<br />

escolha da marca com o projeto de TCC I, analisando os conceitos básicos do<br />

estilista com a essência do trabalho de conclusão. Assim, definiu-se o segmento a


84<br />

ser trabalho, o público-alvo manteve-se o próprio da marca, o mix da coleção ao<br />

qual explicou-se a quantidade e quais as peças e o tema, escolhido através da<br />

história do estilista, também foi apresentado neste projeto de briefing.<br />

O briefing (figura 19) é o início do projeto criativo, e o projeto é um conjunto<br />

de atividades que possui um cronograma. O objetivo de um briefing é inspirar e<br />

esboçar as metas e as premissas requeridas. Ele identifica qualquer restrição,<br />

condição ou problema que precise ser resolvido e também serve para ajudar a<br />

fornecer as informações sobre as tarefas e os resultados finais a serem alcançados<br />

(SEIVEWRIGHT, 2009).<br />

Figura 19: Briefing.<br />

Fonte: Elaborado pela autora.<br />

O briefing foi desenvolvido com o intuito de ajudar a autora a guiar-se no<br />

processo de pesquisa. A apresentação do briefing exigiu um estudo e um<br />

amadurecimento da idéia proposta para a coleção, concretizando assim, o tema a<br />

ser trabalhado, o segmento e a escolha da marca. O processo de construção do<br />

briefing ajudou a salientar essa nova proposta de linha lingerie noite para o<br />

segmento feminino, que será apresentada para as mulheres consumidoras do nome<br />

Walter Rodrigues na coleção de inverno/2012.<br />

A nova linha proposta para a marca de Walter Rodrigues não apresenta uma<br />

empresa concorrente, devido a diferenciação dos produtos. A coleção de lingerie


85<br />

noite, segue o mesmo conceito do Walter Rodrigues, por apresentar um produto<br />

com um toque refinado e luxuoso. A coleção é voltada para o público feminino, com<br />

peças que podem ser usadas tanto para dormir quanto para sair, sem perder a<br />

feminidade, a forma e a sofisticação.<br />

Durante o desenvolvimento do briefing foi possível analisar que a proposta de<br />

coleção lingerie noite para o Walter Rodrigues inspirada na <strong>moda</strong> <strong>japonesa</strong>, tem<br />

influências culturais das pesquisas e das viagens de Walter.<br />

As influências culturais podem vir tanto da apreciação da literatura, das<br />

artes e da música de seu próprio país quanto de outros costumes e<br />

civilizações. Observar outros países pode fornecer inspiração passível de<br />

ser traduzida em cores, tecidos, estampas e formas de roupas<br />

(SEIVEWRIGHT, 2009, p. 30).<br />

Optou-se por escolher esta influência cultural para desenvolver esta nova<br />

linha de roupa, pois o próprio estilista Walter Rodrigues possui uma forte ligação<br />

com a cultura <strong>japonesa</strong>. No decorrer da sua carreira como estilista, Walter criou<br />

muitas coleções inspiradas em elementos japoneses, entre eles os quimonos, os<br />

samurais, os monges, as gueixas. A admiração do criador pela cultura oriental, em<br />

especial <strong>japonesa</strong>, propiciou a escolha do tema pensando na idéia de desenvolver<br />

uma nova proposta de linha, porém mantendo os mesmos critérios que o estilista já<br />

utilizava no seu processo criativo.<br />

Além do briefing da coleção, foi necessário desenvolver um release da marca,<br />

publicado em uma revista de <strong>moda</strong>, para a divulgação da coleção. Para o release foi<br />

preciso criar um nome e abordar o tema, a predominância de formas, cores,<br />

materiais e elementos de estilo, segmento e estação. Assim, através do poema<br />

citado no início do capítulo I sobre as cerejeiras, definiu-se o nome da coleção “Hana<br />

mi – Da festa à Lingerie”,<br />

O nome Hana mi, conforme relatado no capítulo I, no conceito japonês<br />

significa “olhar as flores”. Hana mi é um ritual realizado pelos japoneses, na<br />

primavera, ao qual eles vão para os parques para ver as árvores de cerejeiras<br />

florescerem. Desta forma, relacionou-se o nome Hana mi às cerejeiras e às<br />

mulheres de Walter Rodrigues, pois o público-alvo do Walter busca um produto<br />

diferenciado, com qualidade, sofisticação e elegância e com base nesta ideia<br />

comparou-se as mulheres de Walter com as cerejeiras, lindas flores que<br />

desabrocham sobre os jardins japoneses e todos param para admirá-las.


86<br />

Sobre a coleção Hana mi, foi especificado que a coleção levaria o encanto e a<br />

leveza dos vestidos de festa de Walter Rodrigues à nova proposta de coleção, a<br />

lingerie noite, prometendo encantar os olhos dos espectadores através da relação<br />

entre a harmonia e a delicadeza que somente as flores de cerejeiras podem<br />

transmitir. Assim, cada peça seria elaborada pensando na relação dos japoneses<br />

com a sua tradição, pois elementos tradicionais deste povo estão presentes na<br />

essência criativa da coleção através da sintonia de cada peça à beleza de uma flor<br />

de cerejeira no desabrochar da primavera.<br />

4.2.2 Apresentação do público-alvo<br />

Walter Rodrigues desenvolve as suas coleções para o público feminino que<br />

busca diferenciação, elegância, sensualidade e feminilidade. As mulheres de Walter<br />

são modernas, funcionais e buscam conforto nas suas roupas. Segundo Jones<br />

(2005, p. 59) “[...] a <strong>moda</strong> feminina é o maior segmento: detém 57% na participação<br />

de mercado e é o foco de 75% das empresas de estilismo”. A <strong>moda</strong> neste setor<br />

muda mais rapidamente exigindo um ciclo de <strong>moda</strong> com processos criativos de<br />

resposta rápida.<br />

Seguindo este ciclo de <strong>moda</strong> que acompanha as tendências de mercado,<br />

Walter Rodrigues, transforma panos em roupas, apenas adequando uma pitada de<br />

sensualidade à essas peças. O estilista é conhecido pelas roupas de festa, pelos<br />

vestidos esvoaçantes e sofisticados, atendendo a um público que sabe o que quer,<br />

que busca a diferenciação, que arrisca, mas está dentro das tendências do<br />

momento.<br />

Segundo Eva Jorry relata no livro do estilista: “ninguém veste uma mulher<br />

com tanta dedicação como ele. Suas mulheres são sexys, elegantes [...]”<br />

(RODRIGUES, 2007, p. 111). Walter Rodrigues representa um glamour tropical nas<br />

suas coleções ligado a um conceito chique e despojado.<br />

As mulheres de Walter Rodrigues (figura 20) caracterizam-se como mulheres<br />

casadas ou solteiras, que possuem um poder aquisitivo para comprar uma roupa<br />

diferenciada. Elas gostam da assinatura de Walter Rodrigues e da sua maneira de<br />

criar roupas modernas, funcionais e com conforto. O estilista preserva a produção de


87<br />

peças únicas visando o luxo, a elegância e preocupando-se com os acabamentos<br />

para que a roupa seja sempre bem acabada (RODRIGUES, 2007).<br />

Figura 20: As mulheres de Walter Rodrigues.<br />

Fonte: Elaborado pela autora.<br />

O público-alvo do estilista preocupa-se com a saúde e com uma boa<br />

aparência através da prática de esportes e da alimentação. Elas são de todas as<br />

idades e usam roupas com tendências da <strong>moda</strong>, independentemente do valor que<br />

elas precisam gastar com um bom produto. No mercado de trabalho, elas possuem<br />

destaque na profissão que atuam e vivem em busca de um equilíbrio entre o<br />

trabalho, o lar e tempo para cuidar de si mesmas.<br />

4.2.3 Parâmetros da coleção<br />

No projeto de coleção definiu-se a estação a ser trabalhada, ao qual a<br />

coleção será desenvolvida, juntamente com o segmento, este definido através da


88<br />

escolha do público-alvo. Com estes dois critérios estabelecidos foi desenvolvido todo<br />

o processo técnico para o desenvolvimento da coleção.<br />

Nos processos técnicos definiu-se as quantidades de peças a serem<br />

produzidas, a variedade de produtos oferecidos pela marca, definidos através das<br />

tabelas de mix de produto e de mix que <strong>moda</strong>, no qual foram determinadas e<br />

classificadas as peças em três segmentos diferenciados, sendo eles o fashion, o<br />

vanguarda e o básico.<br />

Para desenvolver uma coleção é necessário ter uma idéia de ocasião para<br />

quais roupas serão criadas, que podem ser definidas pela hora ou estação do ano.<br />

Segundo Jones (2005, p. 167) “espera-se que o estudante de <strong>moda</strong> consiga ver<br />

mais adiante; o estilista deve criar e confirmar as tendências em vez de apenas<br />

segui-las”. Desta forma, definiu-se que a coleção seria criada para a estação<br />

inverno/2012, tornando possível um estudo de macrotendências e microtendências<br />

para a próxima estação.<br />

Para a segmentação de mercado, optou pelo público feminino, pois o<br />

consumidor da marca Walter Rodrigues é, em especial, a mulher. A <strong>moda</strong> feminina é<br />

o maior segmento, atuando como o foco principal das empresas de <strong>moda</strong> por<br />

participar de mais de 50% do mercado.<br />

A proposta de quantidade de peças para o público feminino de Walter<br />

Rodrigues foi proposta segundo Treptow (2005, p. 104) descreve: “o tamanho de<br />

uma coleção vai depender principalmente da estratégia de comercialização da<br />

empresa. Normalmente, o mínimo de uma coleção gira em torno de 20 a 30 peças, e<br />

o máximo em torno de 80”. Desta forma, serão criadas em torno de 16 peças, sendo<br />

uma peça bottom para uma peça top, conforme geralmente é encontrado nas<br />

coleções femininas.<br />

A dimensão da coleção definiu-se através das tabelas de mix de produto e de<br />

<strong>moda</strong>, pois as peças foram dispostas cada uma na sua categoria para que fosse<br />

possível formar uma unidade na coleção. Segundo Treptow (2005, p. 100) “mix de<br />

produto é o nome que se dá à variedade de produtos oferecidos por uma empresa”.<br />

Os produtos oferecidos pela empresa podem ser as roupas e também incluir os<br />

acessórios, os calçados e os presentes. Outros produtos podem ser acrescentados<br />

à este mix de produto, caso o estilista identifique uma necessidade do consumidor<br />

em adquirir certo produto.


89<br />

Desta forma, para a marca de Walter Rodrigues foi proposta uma nova linha<br />

de produtos, com o objetivo de também atender ao seu público-alvo, a Linha<br />

Lingerie Noite que ainda não foi trabalhada pelo estilista. A Linha Lingerie Noite<br />

proposta para a coleção refere-se a peças como corserts, camisolas, casaquetos,<br />

vestidos, entre outros elementos que segue um conceito de lingeries de luxo. A<br />

tabela de mix de produto (tabela 1) oferecida para a marca é composta por:<br />

Tabela 1: Mix de produto<br />

INVERNO 2012<br />

MIX DE PRODUTO<br />

Casaco 1<br />

LINHA LINGERIE NOITE<br />

Casaqueto 1<br />

Robe 2<br />

Corset 3<br />

Obi 1<br />

Saia 1<br />

Extensão: 16 Modelos Vestido 7<br />

A tabela de mix de produto é acompanhada da tabela de mix de <strong>moda</strong>, porém<br />

o mix de <strong>moda</strong> classifica as peças conforme o segmento, sendo este básico, fashion<br />

ou vanguarda. Os modelos básicos podem ser definidos como modelos que estão<br />

presentes em quase todas as coleções, são peças funcionais que possuem venda<br />

garantida. “Pelo menos 10% da coleção deve concentrar-se nessa categoria de<br />

produtos” (TREPTOW, 2005, p. 101).<br />

No entanto, as peças fashion são caracterizadas por peças que fazem parte<br />

das tendências do momento pelas suas cores, formas e padronagens. Estas peças<br />

devem ser vendidas durante o período da coleção, pois após, elas não estarão mais<br />

na <strong>moda</strong>. Esta categoria geralmente representa 70% da coleção. As peças<br />

vanguardas são referentes às tendências atuais ou futuras, em geral, não são<br />

comerciais e servem para lançar o conceito da coleção. Essas peças são usadas na<br />

passarela, por serem diferentes, ousadas, que causam um impacto no consumidor<br />

(TREPTOW, 2005).


90<br />

A distribuição das três categorias na coleção pode variar conforme a<br />

empresa, no caso de Walter Rodrigues, o estilista trabalha com peças básicas<br />

aliadas à elementos fashion e vanguarda. Na coleção proposta de lingerie noite,<br />

optou-se por trabalhar com peças fashion, vanguardas e elementos básicos e vice e<br />

versa, formando uma nova mistura de elementos culturais e também buscando<br />

diferenciar o estilo de criação do estilista. A quantidade de peças da coleção que<br />

serão produzidas estão distribuídas nas categorias conforme a tabela de mix de<br />

<strong>moda</strong> (tabela 2), a seguir:<br />

Tabela 2: Mix de <strong>moda</strong><br />

Item Básico Fashion Vanguarda Total<br />

Casaco 1 0 0 1<br />

Casaqueto 0 1 0 1<br />

Robe 0 0 2 2<br />

Corset 1 1 1 3<br />

Obi 0 0 1 1<br />

Saia 1 0 0 1<br />

Vestido 3 2 2 7<br />

Total 6 4 6 16<br />

37,50% 25% 37,50% 100%<br />

O objetivo da coleção é desenvolver uma nova proposta de linha para o<br />

segmento feminino, mantendo o público-alvo e as características próprias da marca.<br />

A marca de Walter Rodrigues foi escolhida pela relação do estilista com a cultura<br />

<strong>japonesa</strong> e pela dedicação que o estilista tem perante o seu trabalho, que visa um<br />

produto de qualidade, bem acabado e com luxo.<br />

4.2.4 Pesquisa de tendências<br />

As tendências comportamentais são analisadas e identificadas pelos grupos<br />

de pesquisas nas agências e transmitidas aos estilistas através das feiras e dos<br />

bureaux. Segundo Treptow (2007, p. 29) “a tendência surgiu com o próprio


91<br />

fenômeno de <strong>moda</strong>, a partir do Renascimento. Nessa época, a adoção de novos<br />

padrões visuais ainda não era uma constante e a quebra de tradições era vista com<br />

reservas.”<br />

A tendência caracteriza-se pelo tempo e pela popularização, pois uma<br />

tendência geralmente possui um tempo de existência limitado, não durando para<br />

sempre. Este período de duração de uma tendência vai desde o lançamento com os<br />

grupos mais elitizados até a chegar ao conhecimento do povo, onde ocorre a<br />

massificação de consumo. Uma tendência que surgiu através de um manifesto<br />

social de um grupo, pode acabar por tornar-se popular virando uma vestimenta<br />

padrão, ou seja, uma <strong>moda</strong> (TREPTOW, 2007).<br />

No caso das tendências comportamentais, estas são identificadas por um<br />

grupo de pesquisa especializado em estudar o comportamento humano, os seus<br />

hábitos e a influência do ambiente neste comportamento. Estas tendências são<br />

apresentadas aos estilistas através de livros ou apresentações online que contém<br />

previsões de cores, estampas, tecidos, fios, silhuetas e ilustrações. Esses materiais<br />

têm a finalidade de prever os principais looks para a próxima temporada, ajudando o<br />

estilista a criar e compor as suas coleções (RENFREW, 2010).<br />

Com a evolução da <strong>moda</strong> e da grande variedade e disponibilidade de fontes<br />

de inspiração online, a indústria de pesquisa de tendências respondeu<br />

fornecendo uma gama mais ampla de produtos. Entre eles estão a<br />

inteligência em tendências, a gestão de tendências, as tendências<br />

internacionais de varejo, as tendências de consumo, e as tendências de<br />

publicidade, desfiles e tecnologia; tudo disponível por assinatura<br />

(RENFREW, 2010, p. 22).<br />

Para a coleção Hana mi – Da festa à Lingerie, buscou-se trabalhar com duas<br />

macrotendências, já estudadas e analisadas pelas agências de pesquisas, ao qual<br />

reuniu-se recortes de revistas e jornais, fotografias, objetos, e imagens que<br />

compõem o tema, com a finalidade de desenvolver o painel de tendências.<br />

A primeira macrotendência escolhida, através da empresa líder em serviço de<br />

pesquisa e análise de tendências de <strong>moda</strong> a WGSN, foi a hyperculture. Esta<br />

tendência mostra a mistura de povos, de origens e a mescla que esses povos<br />

podem ter na sua cultura. O modo de vida das pessoas, hoje, é semelhante,<br />

independentemente de cada região, pois as pessoas estão tendo mais opções de<br />

acesso a outros povos, através da tecnologia, da inovação e da qualidade de vida.<br />

A globalização foi um fator importante para o desenvolvimento da população,<br />

tornando a vida das pessoas mais prática e confortável. A tecnologia também


92<br />

influenciou consideravelmente a vida das pessoas, pois hoje pode-se ter acesso a<br />

qualquer lugar do mundo pela internet, televisão, telefone. Desta forma, é possível<br />

viajar para qualquer lugar do mundo, utilizando o transporte que está mais prático<br />

ou, sem sair de casa, apenas por uma tela de televisão.<br />

Para a tendência da hyperculture criou-se um painel de imagens (figura 21)<br />

com referências de fotos, revistas, lugares e objetos, onde encontram-se imagens de<br />

elementos tradicionais de várias culturas, que neste painel formam uma mescla de<br />

elementos simbólicos e culturais, ao qual, misturou-se diversas culturas com a<br />

finalidade de obter um espírito único destes povos.<br />

Figura 21: Macrotendência Hyperculture.<br />

Fonte: Elaborado pela autora.<br />

Com a montagem do painel, analisou-se a diferença de elementos, cores e<br />

símbolos que cada povo possui, mas todos estão ligados a um meio comum, a<br />

tradição. Independentemente dos diferentes estilos de vida, todos os povos buscam<br />

uma ideologia e uma filosofia de vida que mantém-se presente em quaisquer tribo.<br />

A segunda macrotendência foi identificada pela autora através da pesquisa e<br />

da análise do comportamento das pessoas através de blogs, depoimentos e<br />

imagens de referências. Identificou-se a macrotendência como o resgate das<br />

tradições (figura 22), devido a busca das pessoas em resguardar os seus costumes,<br />

buscando, no seu dia-a-dia, valorizar mais a vida, a natureza, a família e os amigos.


93<br />

Figura 22: Macrotendência Resgate das tradições.<br />

Fonte: Elaborado pela autora.<br />

Nesta macrotendência pode-se ressaltar o resgate pela tradição, devido ao<br />

fato, das pessoas preservarem as suas culturas, os seus costumes, seu modo de<br />

vida. Em especial, as mulheres por possuírem uma grande admiração pelo seu<br />

físico, pela beleza, por suas roupas, fazendo com que elas optem por vestir-se bem<br />

para ficar em casa, ou simplesmente, gostam de ficar em casa, com a família no<br />

aconchego do lar.<br />

Essa procura das pessoas por ficar em casa, para trabalhar, para estudar,<br />

para descansar, traz a tona, um sentimento de conforto, aconchego e carinho, pois<br />

hoje pode-se ter acesso ao mundo todo pela internet. A viagem em busca do<br />

conhecimento, das novas culturas, dos povos e dos lugares pode ser feita sem sair<br />

de casa, porque o acesso a comunicação é ilimitado e não precisa-se sair da zona<br />

de conforto para ter o mundo nas mãos.<br />

As microtendências são tendências já propostas pelo mundo da <strong>moda</strong>,<br />

analisadas em desfiles e coleções de estilistas. As tendências para o inverno de<br />

2012 são a inovação das cores neons e vibrantes como vermelho, azul, fúcsia, para<br />

alegras os dias de inverno. Outra forte tendência desta estação é a mistura de<br />

materiais, ao qual, grifes optaram por trabalhar com tecidos de lã, lantejoulas e


94<br />

couro em uma única peça. As estampas que fazem sucesso no verão, também<br />

estarão presentes nesta estação, com desenhos abstratos, gráficos, flores, criando<br />

um ar mais descontraído para o próximo inverno. Uma tendência já presente nos<br />

inverno passados, é o uso de roupas masculinas por mulheres como camisas,<br />

ternos e botas mais pesadas, mas com um toque de feminilidade<br />

(NAVEGANDONAWEB, 2011)<br />

Para o desenvolvimento da coleção Hana mi, escolheu-se duas<br />

microtendências através da pesquisa em blogs e coleções de <strong>moda</strong>. Optou-se,<br />

primeiramente, por trabalhar com as cores vibrantes (figura 23), como o vermelho.<br />

Figura 23: Microtendência Cores vibrantes<br />

Fonte: Elaborado pela autora.<br />

As cores vibrantes foram escolhidas com a finalidade de trazer para a coleção<br />

de inverno um ar de alegria e descontração, pois fará a ligação com os tons escuros,<br />

estes já presentes nas coleções de outono/inverno. O preto, o cinza, o marrom, o<br />

azul marinho e os verdes são cores essenciais nas roupas de frio e para o próximo<br />

inverno buscou-se aliá-las às novas cores, ao vermelho, azul, fúcsia, laranja,<br />

amarelo, proporcionando uma maior gama de cores com o propósito de trazer o<br />

colorido do verão também para os dias frios.


95<br />

A segunda microtendência escolhida foram as estampas (figura 24), pois as<br />

coleções de Walter Rodrigues, geralmente, apresentam looks em tons<br />

monocromáticos. Desta forma, buscou-se trabalhar inovando esse conceito,<br />

trazendo para o inverno as estampas animais, os florais e os arabescos para que<br />

seja possível fazer um jogo entre tecidos leves e pesados e cores lisas e<br />

estampadas.<br />

Figura 24: Microtendência Estampas florais.<br />

Fonte: Elaborado pela autora.<br />

A mistura de cores e estampas é um elemento forte para as coleções de<br />

verão, mas no inverno 2012 esta tendência também estará presente. Além das<br />

estampas animais, a estação trará os florais e os desenhos abstratos que serão<br />

aliados a diferentes tecidos e padronagens. Conclui-se, então, que o inverno 2012<br />

apresentará elementos diversos, saindo das cores básicas e das estampas padrões<br />

e partindo para as diferenças e contrastes.


96<br />

4.2.5 Tema de inspiração<br />

A escolha de um tema para a coleção é um dos elementos principais para a<br />

criação de um conceito, pois pode-se criar uma coleção partindo de um tema<br />

escolhido. O tema é a história de uma coleção, que varia conforme cada estação,<br />

diferentemente das características dos atributos da marca que compõem o seu estilo<br />

próprio.<br />

O tema ou o conceito é a essência de uma boa coleção, pois é o que a<br />

torna única e pessoal. Lembre que um bom estilista irá explorar aspectos de<br />

sua própria personalidade, interesses e visão de mundo, mesclando-os em<br />

uma coleção vibrante, inovadora e convincente (SEIVEWRIGHT, 2009, p.<br />

38).<br />

A escolha do tema pode partir de pesquisas de tendências de<br />

comportamento, de referências da internet, de imagens, fotografias, reportagens e<br />

de focos de interesse dos consumidores (TREPTOW, 2007). Muitos estilistas<br />

buscam as suas inpirações em viagens, em lugares ou em culturas de povos que<br />

eles admiram. Walter Rodrigues, é um exemplo, pois ele é um grande admirador da<br />

cultura <strong>japonesa</strong> e desenvolve as suas coleções com base nas suas viagens a<br />

passeio e a estudo para o Japão (RODRIGUES, 2007). O estilista já desenvolveu<br />

inúmeras coleções inspiradas na cultura e tradição <strong>japonesa</strong>, como na cultura<br />

indiana, na qual ele apresentou elementos bem característicos desses povos.<br />

As coleções de Walter são criadas com base em algumas imagens de<br />

referências, como as cerimônias de chá ou os samurais. O estilista possui um<br />

acervo de fotografias das suas viagens, material que ele utiliza como inspiração.<br />

Para esta coleção de lingerie linha noite, primeiramente, precisou-se desenvolver um<br />

brainstorming com inúmeras palavras sobre vários temas para chegar a essência da<br />

coleção Hana mi – Da festa à Lingerie.<br />

Segundo Seivewright (2009, p. 34) “brainstorming, ou criação de mapas<br />

mentais, é uma técnica útil às etapas iniciais de pesquisa e ajuda a criar muitas<br />

ideias que você como estilista, pode então aprofundar”. Essa técnica consiste em<br />

escrever todas as palavras associadas a uma palavra ou frase principal. Neste caso,<br />

o brainstorming (figura 25) criado para a coleção Hana mi, utilizou-se de quatro<br />

palavras centrais: Walter Rodrigues, as mulheres de Walter Rodrigues, Japão e<br />

hyperculture.


97<br />

Figura 25: Brainstorming.<br />

Fonte: Elaborado pela autora.<br />

Neste painel a justaposição de palavras e temas apresentaram novos<br />

conceitos e ideias para a coleção. Por fim, as palavras coladas foram obtidas<br />

através de pesquisas em revistas e depois na montagem dos painéis separados de<br />

cada tema, elas foram substituídas por outras palavras mais condizentes com os<br />

temas abordados.<br />

Após a organização do brainstorming foi possível definir claramente o<br />

segmento, o público-alvo, as características do estilista e o tema da coleção. O tema<br />

foi escolhido com base no TCC I, onde o tema principal era o Japão, e na admiração<br />

do Walter Rodrigues nesse povo, na sua cultura, costumes e maneira de fazer<br />

<strong>moda</strong>. Segundo Treptow (2007, p. 110) “a escolha de um tema para a coleção<br />

depende da sensibilidade do designer ou da equipe de criação”. Desta forma,<br />

escolheu-se trabalhar com o Japão como tema de inspiração, devido a afinidade da<br />

autora com o assunto, da adminiração do estilista por esse povo e do tema do TCC<br />

I, que ocasionou em uma mescla de prazeres por este país.<br />

Segundo Jones (2002, p. 147 apud TREPTOW, 2007, p. 110), defende que<br />

os alunos de design de <strong>moda</strong> [...].


98<br />

“[...] não devem buscar sua inspiração nos temas relacionados às<br />

tendências atuais, pois é perrogativa do aluno de design estar à frente do<br />

seu tempo, tentar antever preferências futuras e lançar novas tendências a<br />

partir de criativas propostas de estilo. O aluno de <strong>moda</strong> deve “olhar além<br />

daquilo que já existe e encontrar uma nova combinação de idéias e<br />

materiais que irá satisfazer os desejos e necessidades das pessoas”.<br />

Desta maneira, escolheu-se o tema Japão através da coleta de informações<br />

de pesquisas de comportamento e de <strong>moda</strong> e pela afinidade da autora com o<br />

assunto. O Japão (figura 26) como tema é um elemento muito inspirador em uma<br />

proposta de <strong>moda</strong>, pois a sua riqueza cultural permitirá explorar uma vasta cartela<br />

de cores, de estampas, um elaborado desenho artístico, que resultará em uma rica<br />

coleção, repleta de elementos tradicionais japoneses.<br />

Figura 26: Tema de inspiração: Japão.<br />

Fonte: Elaborado pela autora.<br />

O painel de inspiração sobre o Japão mostra os seus elementos culturais, em<br />

especial, a mistura de estilo de vida desse país, pois os japoneses hoje vivem em<br />

um mundo totalmente globalizado, em que a tecnologia tem um papel importante<br />

nas suas vidas. Pode-se perceber o contraste entre o Japão globalizado e o Japão<br />

antigo, porque, da mesma forma, que existe toda a tecnologia que envolve este país,<br />

os japoneses também vivem em um país com uma forte tradição que é preservada<br />

até os dias de hoje.


99<br />

Os japoneses convivem no seu dia a dia, com monumentos históricos, com<br />

elementos tradicionais japoneses como o teatro, as gueixas, os tatamis, as<br />

cerejeiras, os leques e os jardins. Esses elementos japoneses estão presentes na<br />

sua cultura e as pessoas possuem grande admiração pelos símbolos do seu país,<br />

em contrapartida, os japoneses estão rodeados de tecnologia, na sua casa, no<br />

trabalho, na escola, nas ruas e todos esses elementos estão em sintonia no Japão.<br />

O painel mostra exatamente isso, essa combinação de dois tempos totalmente<br />

alinhados, que convivem em sintonia em um mesmo lugar.<br />

O Japão é um país com uma beleza natural incontestável, pois os japoneses<br />

valorizam muito os elementos da natureza. Eles criam mini jardins nas suas casas e<br />

nos parques em meio a multidão de pessoas que habitam no país. Os parques são a<br />

segunda casa dos japoneses, pois eles utilizam-os para as suas horas de lazer e<br />

para os momentos de admirar a natureza, em especial, as cerejeiras. Desenvolveuse<br />

um poema com base nos poemas japoneses, que contém de 3 a 4 linhas,<br />

inspirado nas belezas naturais <strong>japonesa</strong>s e nas riquezas do Japão.<br />

“As belezas de lá,<br />

Não culturam como cá<br />

As cerejeiras do Japão<br />

São pura admiração...<br />

Tradição, raça e cultura<br />

Um país com seus rituais,<br />

Nova e antiga estrutura<br />

E com sábios ancestrais...”<br />

O poema japonês sobre as Belezas do Japão, fala sobre a tradicionalidade<br />

deste país, pois os japoneses independentemente de toda tecnologia e<br />

modernidade, ainda valorizam a sabedoria dos seus ancestrais, os seus<br />

monumentos históricos e o seu modo de vida tradicional.


100<br />

4.2.6 Elementos de estilo<br />

Os elementos de estilo de uma coleção são os detalhes utilizados<br />

repetidamente, mas que variam de um modelo para outro. Eles são responsáveis<br />

por criar a identidade visual das peças, podendo ser um tecido em especial, uma<br />

cor, um aviamento, um recorte ou um detalhe que está presente em toda a coleção.<br />

Segundo Treptow (2007, p. 138) “uma coleção deve apresentar unidade<br />

visual, as peças precisam manter uma relação entre si. Essa relação é obtida<br />

através dos elementos de estilo e do tema de coleção, com todas as peças<br />

reportando à mesma inspiração”. O elemento de estilo da coleção de lingerie linha<br />

noite é a estampa floral (figura 27) que remete às flores de cerejeiras.<br />

Figura 27: Elementos de estilo<br />

Fonte: Elaborado pela autora.<br />

Escolheu-se esse elemento como principal por abordar o tema principal, as<br />

cerejeiras, que nesta coleção de lingerie linha noite estão relacionadas à leveza e<br />

harmonia dos vestidos de festa à delicadeza da lingerie. A coleção Hana mi<br />

apresenta a estampa das cerejeiras de várias formas, em três tonalidades diferentes


101<br />

e em três formatos diferentes, nas cores branco com preto e na estampa mesclada<br />

com vermelho.<br />

Conforme Treptow (2007, p. 139) “o designer não precisa limitar-se ao que<br />

as presquisas apontam. Pode, e deve, investir em elementos de estilos que<br />

identifiquem a coleção como original e única”. Assim, buscou-se um elemento único<br />

para compor a unidade da coleção e que representasse claramente o estilista e o<br />

tema a ser trabalhado.<br />

4.2.7 Cores<br />

As cores de uma coleção são todas organizadas em uma cartela que deve<br />

apresentar todas as cores e tonalidades utilizadas, incluindo o preto e branco. A<br />

cartela é criada através do painel temático e deve ser uma das primeiras decisões a<br />

tomar no momento de criar a coleção. Jones (2005, p. 112) enfatiza que: “a escolha<br />

das cores determinará o clima da coleção, ou sua sintonia com a estação, e ajudará<br />

a diferenciá-la da sua predecessora”.<br />

O tamanho da cartela de cores pode variar de acordo com o número de<br />

segmento que a empresa trabalha, geralmente, para atender a apenas um segmento<br />

utiliza-se de 6 a 12 cores (TREPTOW, 2007). A coleção Hana mi – Da festa à<br />

Lingerie apresenta uma gama de oito cores, incluindo as tonalidades mais claras e<br />

mais escuras.<br />

A tabela de cores (figura 28) apresenta cores primárias e secundárias que<br />

foram combinadas e misturadas à uma variedade de combinações. Optou-se pela<br />

escolha de 3 cores principais compõem os looks da coleção, mas a tabela apresenta<br />

outras 5 cores que são encontradas nas estampas e nos aviamentos.


102<br />

Figura 28: Cartela de cores.<br />

Fonte: Elaborado pela autora.<br />

A cor é um elemento fundamental no processo de criação, pois ela influencia<br />

a leitura da peça e atribui uma sintonia e unidade entre todas as peças da coleção.<br />

Ela é transmissora de sentimentos e emoções e as pessoas reagem intuitivamente<br />

às cores. Existem cores que influenciam diretamente no humor das pessoas, como<br />

nas temperaturas e até mesmo na mensagem que elas transmitem à outras<br />

pessoas.<br />

De acordo com Seivewright (2009, p. 23) “a cor nos fascina desde a<br />

Antiguidade e, em nossa roupa, traduz personalidade, caráter e gosto, podendo<br />

transmitir mensagens significativas que refletem diferentes culturas e status sociais”.<br />

Desta maneira, nota-se que as estações e o clima possuem algumas cores<br />

específicas, como o outono e inverno, em que as pessoas são atraídas por cores<br />

quentes e escuras, pois elas ajudam a reter o calor no corpo. Enquanto isso, o<br />

branco e os tons pastéis são mais usados na primavera e no verão, por refletirem o<br />

calor (JONES, 2005). Para o inverno 2012, a tendência apresenta as cores vibrantes<br />

que aliadas às cores quentes e escuras entraram em sintonia na composição dos<br />

looks, proporcionando uma mistura de cores diversas e de contrastes.


103<br />

4.2.8 Materiais<br />

Os tecidos são a matéria-prima do estilista, pois através deles as ideias do<br />

designer são transformadas em produtos (TREPTOW, 2007). A escolha do tecido<br />

para uma roupa é muito importante, deve-se levar em consideração vários quesitos<br />

como o peso e o manuseio, pois eles definirão o caimento da roupa.<br />

Para fazer a seleção do tecido é necessário observar as suas qualidades<br />

estéticas, como a aparência, o toque e a contribuição do material na peça criada,<br />

através da estampa, da textura ou da ornamentação. O tecido deve ser escolhido de<br />

acordo com a sua função e desempenho, pois ele deve estar de acordo com o<br />

objetivo de uso da roupa (SEIVEWRIGHT, 2009).<br />

Segundo Christian Dior (STONE, 2002, p. 93 apud TREPTOW, 2007, p.<br />

115), “os tecidos não apenas expressam o sonho de um designer, mas também<br />

estimulam suas idéias. Eles podem ser uma fonte de inspiração. Muitos de meus<br />

vestidos nasceram a partir (da inspiração) do tecido”. Desta forma, pode-se analisar<br />

a importância do tecido para um estilista, pois o tecido é o elemento fundamental<br />

para uma criação, ele é responsável pelo caimento, pela leveza e pela estrutura da<br />

peça. Um tecido deve ser bem escolhido, pois ele pode acrescentar a ideia do look<br />

ou estragar completamente uma proposta.<br />

Muitos estilistas trabalham diretamente com o tecido, enquanto outros criam<br />

seus desenhos no papel e depois buscam o material apropriado. Os tecidos<br />

adequados são o sucesso da criação, pois um vestido de festa, por exemplo, exige<br />

um caimento, um desempenho e uma qualidade bem maior do que uma roupa do<br />

dia a dia. A questão de acessibilidade do tecido também precisa ser considerada,<br />

como a sua resistência de uso, a manchas, a temperatura, porque um tecido que<br />

possui um preço maior exige uma melhor manutenção.<br />

Escolher os tecidos adequados é a chave do sucesso na criação de <strong>moda</strong>.<br />

Não é só uma qustão de gosto visual, mas também de peso e caimento,<br />

preço, disponbilidade, desempenho, qualidade e época. A adequação de<br />

um tecido para a criação de <strong>moda</strong> provém de uma combinação de fios,<br />

construção, peso, textura, cor, toque e estampa, e também de fatores<br />

adicionais como ser quente, resistente a manchas ou fácil de lavar (JONES,<br />

2005, p. 122).<br />

Os tecidos escolhidos para a coleção Hana mi foram cuidadosamente<br />

selecionados, pois a coleção exige um tecido que seja elegante para sair a noite e


104<br />

confortável para ficar em casa. Pensando nisso, optou-se por trabalhar com as<br />

linhas de crepe chiffon e com o cetim, mais conhecido como cetim de forro.<br />

A escolha do crepe por ser um tecido com estrutura tela com fios torcidos,<br />

composição 100% poliéster. É um tecido fino, leve, levemente transparente, macio e<br />

com um excelente caimento (CHANTAIGNIER, 2006). Este material é ideal para<br />

camisas, batas, lenços, echarpes e para vestidos de festa e camisolas sociais. A<br />

textura levente enrrugada do tecido não fez com que ele perdesse as suas<br />

propriedade de macio e fluido. Com a análise técnica deste material, optou-se por<br />

usá-lo na composição de todos os looks exatamente com a intenção de dar um<br />

toque de elegância e sofisticação à coleção.<br />

Os vestidos, as camisolas e os robes apresentam o crepe como seu tecido<br />

externo, pois uma coleção de lingerie linha noite para Walter Rodrigues requer toda<br />

a sofisticação dos vestidos de festa que o estilista já trabalha como a transparência,<br />

o caimento e a fluidez. Além do crepe, buscou-se trabalhar com o cetim, com<br />

estrutura cetim e fios normais, composição 100% poliéster. O cetim possui duas<br />

faces distintas, alto brilho, leve, macio, não amassa facilmente e tem um caimento<br />

médio.<br />

O tecido tem um aspecto brilhante, liso e escorregadio, com flutuações dos<br />

fios de urdume. Ele pode ser produzido a partir de qualquer matéria-prima,<br />

sendo atualmente um dos hits da poliamida. É associado em suas formas<br />

mais finas a vestidos de noivas e trajes de gala. Popularmente é o tecido<br />

que se identifica com o carnaval (CHATAIGNIER, 2006, p. 139).<br />

O cetim foi utilizado como tecido de forro para os vestidos, camisolas e<br />

robes de crepe e também para os corsets, por ser um tecido leve e que desliza<br />

facilmente, não implicando na produção aliada ao crepe. Segundo Udale (2009, p.<br />

73) “o ligamento cetim é muito brilhante e sedoso, devido à estrutura de trama<br />

fechada que permite que o fio seja disposto pela superfície do tecido. O fio de<br />

urdume é tecido para ficar por cima da trama ou vice-versa”. Desta forma, optou-se<br />

trabalhar com o cetim, para que as peças da coleção além do tecido fino, também<br />

tivessem um tecido mais brilhoso comum nos pijamas femininos.<br />

O crepe chiffon foi utilizado nas cores preto e branco e em 3 padronagens<br />

de estampas florais com representações das flores de cerejeiras, porém cada uma<br />

com uma tonalidade e uma estampa diferenciada. O cetim para o forro também foi<br />

utilizado nas cores preto e branco, juntamente com outra classificação deste mesmo


105<br />

tecido, o cetim donna dupla face, este tecido possui duas variações, que o<br />

fornecedor apresentou com o mesmo nome.<br />

A primeira é o cetim donna dupla face, com uma face semelhante ao cetim<br />

comum e a outra face possui o mesmo brilho do cetim, porém uma cor que lembra o<br />

tafetá. Este cetim tem um aspecto mais áspero, mais grosso, sendo mais<br />

estruturado e encorpado, não amassa muito e sua composição é 97% poliéster e 3%<br />

elastano. O segundo, apresentado pelo fornecedor como cetim donna dupla face,<br />

possui duas faces distintas, sendo as duas iguais ao cetim comum, uma brilhante e<br />

outra não, apenas com uma tonalidade de preto na trama. Este cetim possui as<br />

mesmas características do cetim de forro, pois é leve, macio, não amassa<br />

facilmente, escorregadio e possui alto brilho, sua composição 100% poliéster.<br />

Outro tecido trabalhado na coleção Hana mi é o veludo com elastano, com<br />

composição 90% poliéster e 10% elastano, é um tecido com um toque macio,<br />

brilhoso, não amassa, possui alta elasticidade para ambos os lados e duas faces<br />

distintas. O veludo é um tecido de alta qualidade, utilizado na alfaiataria, em<br />

especial, a feminina é muito utilizado para as estações de frio, por ser um tecido<br />

quente.<br />

Os tecidos de veludo ou toalha também são fabricados como tecidos planos<br />

de tela, mas um urdume especial é programado de forma a criar pequenas<br />

felpas. Essa felpa pode ser conservada, criando o aspecto atoalhado (ex:<br />

plush), ou pode ser cortada, gerando o aspecto aveludado (TREPTOW,<br />

2007, p. 119).<br />

A coleção de linha lingerie noite foi trabalhada para estação inverno 2012,<br />

por isso, buscou-se trabalhar com uma mescla de tecidos leves com o veludo. As<br />

roupas para dormir exigem um tecido mais leve e confortável ao mesmo tempo, que<br />

o veludo acrescenta uma ideia de sofisticação para as peças. Utilizou-se o veludo<br />

para os acabamentos das peças, através do debrum, técnica de arrematar bainhas<br />

costurando e dobrando um pedaço de tecido no local, e do vivo, fita ou tecido<br />

colocado sobre a costura para esconder ou decorar a bainha, e das faixas na<br />

cintura, dos laços e golas.<br />

“O veludo é um tecido originário da Índia, tornou-se um dos mais fortes<br />

ícones da indústria têxtil italiana. Pelo lado direito possui aspecto peludo, macio e<br />

brilhante, com fios curtos e densos” (CHANTAIGNIER, 2006, p. 159). Esse aspecto<br />

peludo atua, em contrapartida, com a textura levemente enrrugada do crepe chiffon,


106<br />

trazendo às peças os elementos do painel temático, ao qual, encontram-se<br />

elementos como nervuras, ondulações e riscados.<br />

As texturas dos diferentes tecidos foram escolhidas propositalmente<br />

buscando representar os elementos tradicionais japoneses presentes no painel,<br />

como a textura da areia, do leque e das ferragens das arquiteturas <strong>japonesa</strong>s.<br />

Conforme descrição dos tecidos, da composição e o detalhamento técnico segue a<br />

tabela de materiais (figura 29) com as amostras de tecidos, contendo as<br />

expecificações técnicas e as referências.<br />

Figura 29: Cartela de tecidos.<br />

Fonte: Elaborado pela autora.<br />

A tabela de materiais contém uma amostra de todos os tecidos trabalhados<br />

na coleção Hana mi em todas as cores usadas, como o veludo de poliéster com<br />

elastano, o cetim para o forro, as duas variações do cetim donna dupla face, as duas<br />

cores do crepe chiffon liso e as três opções do crepe estampado, cada uma<br />

apresentando uma estampa diferenciada, mas todas contendo o elemento principal,<br />

a flor de cerejeira. Assim, criou-se a coleção de lingerie linha noite para Walter<br />

Rodrigues, optando por tecidos leves, brilhosos, com texturas e com um bom<br />

caimento, favorecendo o corte e o corpo das mulheres do público-alvo de Walter<br />

Rodrigues.


107<br />

4.2.9 Aviamentos<br />

Os aviamentos são materiais usados, além dos tecidos, para ajudar e<br />

finalizar a confecção de uma roupa. Entre os aviamentos encontram-se os<br />

fechamentos e enfeites como zíperes, botões, elásticos, tachas e rebites. Os<br />

aviamentos podem ser funcionais ou decorativos, também podendo agregar valor ou<br />

desmerecer uma peça de roupa (FISCHER, 2010, p. 172). Na cartela de aviamentos<br />

(figura 30) os materiais são classificados quanto à sua função, mas também podem<br />

ser quanto à sua visibilidade na roupa.<br />

Figura 30: Cartela de aviamentos<br />

Fonte: Elaborada pela autora<br />

Na tabela encontram-se aviamentos que assumem a função de decorativos<br />

como o cordão de cetim, a fita de cetim e as flores decorativas. Segundo Fisher<br />

(2010, p. 174) “algumas fitas decorativas são elásticas e podem ser usadas em<br />

lingerie e na <strong>moda</strong> de praia, bem como em cós e punhos de roupas casuais. Outras<br />

não possuem elasticidade, como gorgurão, fitas de jacquard, fitas em cetim e roletê”.<br />

É o caso da fita utilizada como decoração no corset e do cordão usado para fechar o


108<br />

entrelasse no corset, que servem apenas como elementos decorativos e<br />

complemento na composição da peça.<br />

Existem outros elementos decorativos como os paetês, as contas, as<br />

medalhas, os laços, as fitas e as flores. As flores utilizadas no corset são elementos<br />

de decoração já comprados prontos que foram aplicados à peça à mão e algumas<br />

coladas. Elas são facilmente encontradas em lingeries e foram usadas no corset<br />

para dar a aparência deste ser uma peça íntima. Além dos elementos decorativos,<br />

também usou-se na produção das peças os aviamentos que ficam aparentes ou não<br />

aparentes na peça. Os aparentes são o zíper e o ilhós.<br />

É muito importante escolher o zíper certo para a roupa que está sendo<br />

construída. Você pode encontrar zíperes com dente de metal, com base em<br />

fita de algodão ou sintética. Eles são fortes e pondem ser usados em<br />

tecidos médios ou pesados. Uma opção mais leve é o zíper com base de<br />

poliéster ou náilon e dentes de plástico. Um zíper aberto, tanto em metal<br />

como em plástico, pode ser usado em jaquetas e casacos. Zíperes<br />

invisíveis têm dentes de plástico e são fáceis de aplicar na peça (FISHER,<br />

2010, p. 172).<br />

Assim, como a escolha do zíper é fundamental, pois fica aparente, o ilhós<br />

também é importante, pois um ilhós mal comprado pode enferrujar, pode perder o<br />

brilho, pode desgastar e descascar, estragando toda a peça. Outros aviamentos<br />

utilizados foram os bojos, a manta de fibra de 100 mm e a entretela termocolante.<br />

As entretelas termocolantes são encontradas em vários tipos para se<br />

adequarem aos tecidos. Existem algumas que possuem mais pontos de adesivagem<br />

para menor movimentação do tecido e outras com pontos mais espaçados,<br />

permitindo maior flexibilidade ao tecido. Para aplicar a entretela termocolante, devese<br />

observar o calor do ferro, pois precisa ser compatível com o adesivo da entretela,<br />

a pressão, é necessário pressionar com o ferro para que ela fique bem colada, e o<br />

tempo, que deve ser ajustado corretamente, pois se for pouco tempo a entretela não<br />

cola-se ao tecido (FISHER, 2010).<br />

A entretela também é um elemento fundamental, pois os tecidos leves<br />

requerem uma entretela de microponto termocolante de boa qualidade, para que não<br />

marque o tecido e não cause as chamadas bolhas após a lavagem. A aplicação das<br />

entretelas é outro fator a considerar, porque a pressão, o tempo e o calor precisam<br />

estar compatíveis com o tipo de entretela e o tecido. Além da entretela o bojo<br />

também precisa ser bem escolhido, pois um bojo pequeno demais pode<br />

desconfigurar todo o vestido, o essencial é sempre pegar um tamanho maior do que


109<br />

o número usado do sutiã, pois o bojo fica preso somente ao vestido, não tendo<br />

reforço até as costas.<br />

4.2.10 Superfícies<br />

As superfícies compreendem todos os bordados, estampas, lavagens ou<br />

interferências criadas. Na coleção Hana mi, utilizou-se duas formas de bordados<br />

diferentes, conforme (figura 31), um produzido através da aplicação de flores de<br />

cetim que foram costuradas ou coladas à peça e o outro bordado compreende ao<br />

desenho produzido com a utilização de fita de cetim.<br />

Figura 31:Cartela de superfícies <br />

Fonte: elaborado pela autora<br />

Os bordados com estes materiais foram criados com a finalidade de criar<br />

uma forma de diferenciação nos corsets, e usando como referência o elemento de<br />

estilo. Desta forma, buscou-se aplicar as flores e a fita de cetim buscando uma nova


110<br />

opção de textura à peça, que em conjunto com o look completo, forma um diferencial<br />

considerável à peça.<br />

4.2.11 Quadro de coleção<br />

O quadro de coleção é a reunião de todos os desenhos técnicos de uma<br />

coleção. Eles estão dispostos em uma folha única, lado a lado e agrupados por<br />

famílias. Os desenhos do quadro de coleção são desenhos técnicos coloridos.<br />

Apresenta-se abaixo, o quadro de coleção (figura 32) da coleção Hana mi – Da festa<br />

à Lingerie.<br />

Figura 32: Quadro de coleção<br />

Fonte: elaborado pela autora<br />

Observa-se no quadro que a coleção Hana mi apresenta uma maior<br />

quantidade de vestidos ou camisolas, estas sendo longas ou curtas, seguidos pelos<br />

corsets e pelos casacos. Pode-se observar também a presença do elemento de<br />

estilo em todas as composições de looks, proporcionando uma identidade<br />

característica em toda a coleção.


111<br />

Os catálogos de coleção, como também são conhecidos, são usados para<br />

esclarecer as coleções finais com a finalidade de apresentá-las aos compradores.<br />

Esses painéis são montados utilizando desenhos técnicos de apresentação para<br />

mostrar o modelo de cada produto em relação às opções de tecidos. Os catálogos<br />

da coleção além de decompor a coleção em partes separadas, também podem<br />

incluir a estação, o número do modelo, o preço e a data para a entrega (HOPKINS,<br />

2011)<br />

Os desenhos técnicos do quadro de coleção apresentam as cores e as<br />

estampas de acordo com o croqui, mas eles foram desenvolvidos no computador<br />

enquando os desenhos de <strong>moda</strong> foram criados manualmente. Geralmente, os<br />

estilistas que criam vestidos de festa desenvolvem os seus croquis à mão, até<br />

mesmo Walter Rodrigues, e para seguir a linha de desenho dele, optou-se pela<br />

elaboração do desenho técnico vetorizado e o desenho de <strong>moda</strong> manual.<br />

4.2.12 Croquis<br />

O croqui de <strong>moda</strong> é o processo de desenhar uma figura vestida em uma<br />

base de corpo humano estilizado, mas requer um bom entendimento do corpo e<br />

suas proporções. Os croquis têm diferentes funções que dependem do seu propósito<br />

e da pessoa que irá fazer a leitura.<br />

Os croquis de <strong>moda</strong> abordam as roupas, pois mostram a silhueta, os<br />

detalhes, os tecidos, as estampas, os ornamentos e as cores. São utilizados<br />

para descrever e mostrar o vestuário. Em geral, têm proporção e são uma<br />

ferramneta visual para ajudar o modelista a fazer o molde da roupa. Os<br />

esboços também são rápidos e podem apresentar espontaneidade<br />

(SEIVEWRIGHT, 2009, p. 158).<br />

Um croqui destinado a modelista, requer um detalhamento maior da peça<br />

com os acabamentos, as linhas de costuras, os pences e pespontos, enquanto um<br />

croqui mais pessoal, requer apenas a necessidade de expressar uma idéia inicial.<br />

Todo croqui deve buscar responder a um briefing ou a um projeto de design, pois<br />

sem essa ideia, ele é somente um rabisco. Os croquis podem parecer inacabados,<br />

abstratos, ilegíveis ou dinâmicos diante de uma pessoa leiga, pois a maioria dos<br />

croquis são desenhados rapidamente e estilizados, tendo como objetivo, comunicar<br />

uma atmosfera e a descrição da roupa (HOPKINS, 2011).


112<br />

Os desenhos de <strong>moda</strong> da coleção de lingerie noite para Walter Rodrigues<br />

foram desenvolvidos com base nos painéis de inspiração de tema, tendências, de<br />

cores e tecidos, e de público-alvo. Segundo Seivewright (2009, p. 96) “os painéis de<br />

inspiração, temáticos e conceituais são um modo de apresentar as principais<br />

informações de design para outras pessoas”. Esses painéis devem contar a história<br />

da pesquisa e explorar um conceito através da apresentação de informações<br />

selecionada. Com base, nos painéis conceituais foi possível criar os croquis de<br />

<strong>moda</strong> (figura 33) para a coleção Hana mi – Da festa à Lingerie.<br />

Figura 33: Desenhos de croquis<br />

Fonte: Elaborado pela autora.<br />

O conceito dos desenhos da coleção está associado ao encanto e a leveza<br />

dos vestidos de festa de Walter Rodrigues, pois cada peça foi criada pensando na<br />

relação dos japoneses com a sua tradição. Os elementos tradicionais dos japoneses<br />

estão presentes na essência criativa da coleção, na qual cada peça esta sintonizada<br />

à beleza de uma flor de cerejeira no desabrochar da primavera.<br />

A coleção Hana mi – Da festa à Lingerie apresenta como tema principal o<br />

Japão, abordando as características tradicionais do país como a mistura das formas,<br />

das cores e das estampas que nesta coleção, foram aliados à combinação dos<br />

tecidos leves e estruturados. O nome da coleção, Hana mi, significa olhar as flores<br />

que neste contexto, está relacionado com as mulheres que Walter Rodrigues, pois a<br />

coleção de lingerie noite é voltada para elas e cada uma dessas mulheres<br />

representa uma flor de cerejeira.


113<br />

A proposta de criar uma coleção de lingerie noite surgiu através da pesquisa<br />

das coleções anteriores do estilista e da necessidade que o público feminino tem em<br />

encontrar uma lingerie noite sofisticada que possa ser usada em casa e para sair. As<br />

roupas foram elaboradas em cima de uma estrutura de corpo estilizada, utilizando<br />

um rosto de uma <strong>japonesa</strong>, este foi desenhado, escaneado, impresso e colado no<br />

desenho de <strong>moda</strong><br />

Os modelos foram criados através do quadro de mix de produto, ao qual<br />

estava especificado a quantidade de peças a ser desenhada. Produziu-se os<br />

desenhos todos manualmente, individualmente, utilizando a técnica do lápis grafite<br />

com o esfuminho, para borrar o desenho. Para a finalização acrescentou-se a<br />

pintura com lápis de cor aquareláveis misturados com os traços em canetas magic<br />

collors. Enquanto os contornos e acabamentos finalizaram o desenho com canetas<br />

ponta fina de nanquim.<br />

As especificações técnicas sobre o desenvolvimento de cada croqui<br />

apresenta-se melhor detalhada, como verifica-se nos apendicês, contendo a<br />

explicação da essência criativa de cada croqui. A forma pela qual optou-se por estas<br />

cores e pela mistura de tecidos leves e pesado, dando um aspecto de fluidez e<br />

leveza para as peças de inverno desenvolvidas para a coleção Hana mi.<br />

A aparência estética de todos os desenhos em conjunto está em sintonia<br />

com a proposta para a marca, pois a ideia principal era desenvolver roupas para<br />

dormir sofisticadas para mulheres modernas e elegantes, ficando subentendido a<br />

essência do Japão, sem que fosse preciso trazer a própria mulher <strong>japonesa</strong> para a<br />

coleção.<br />

4.2.13 Modelagem<br />

Na <strong>moda</strong>, existem duas técnicas de modelagem que são mais utilizadas<br />

entre os criadores, a moulage e a modelagem plana. Modelagem ou moulage é o<br />

processo que é possível criar moldes e formas de roupas por meio de manipulação<br />

do tecido no manequim. Na moulagem é possível dobrar, preguear, franzir e drapear<br />

um tecido diretamente no corpo, podendo desenvolver técnicas mais complicadas<br />

devido a proporção do manequim (SEIVEWRIGHT, 2009).


114<br />

Modelar no manequim também é uma técnica que pode ajudá-lo a entender<br />

a relação entre um esboço de um modelo e a forma tridimensional. Em<br />

geral, é difícil ver como um desenho bidimensional será traduzido para o<br />

corpo e, modelar no manequim pode explorar a ideia com maior certeza<br />

(SEIVEWRIGHT, 2009, p. 106)<br />

A técnica da moulage é o método utilizado na alta-costura, mas atualmente<br />

ela é usada também no desenvolvimento de peças para confecção industrial.<br />

Segundo Treptow (2007, p. 154) “sobre o manequim é ajustado o toile de maneira a<br />

obter o caimento indicado no desenho de <strong>moda</strong> ou desenho técnico”. Por isso, as<br />

produções de alta-costura possuem um valor agregado maior que as confecções<br />

industriais, devido ao trabalho de criação, ao custo do material, a mão-de-obra e aos<br />

acabamentos. Independentemente das peças de alta-costura ou industriais,<br />

qualquer produção desenvolvida com base na moulage, sob medida, possui um<br />

valor diferenciado.<br />

Outra técnica muito usada é a modelagem plana, onde os moldes são<br />

traçados sobre um papel, geralmente kraft ou vegetal, com o apoio de uma tabela de<br />

medidas e cálculos geométricos. Na tabela de medidas contém as medidas do corpo<br />

humano como circunferência de busto ou tórax, cintura e quadril, e os<br />

comprimentos. As tabelas servem como referência para a construção das bases do<br />

corpo na modelagem (TREPTOW, 2007)<br />

O trabalho na modelagem plana é feito através da cópia de um molde base,<br />

chamado molde de trabalho, que o modelista fará a adaptação do molde conforme o<br />

desenho. O modelista cria o molde da roupa com medidas maiores que o molde de<br />

trabalho, pois o molde base possui as medidas exatas do corpo, e uma roupa<br />

precisa ter folgas para que possa vestir. Após a definição das folgas, traça-se os<br />

recortes de acordo com o desenho técnico e as pences. Assim, as partes do molde<br />

são recortadas e acrescenta-se as margens de costura, bainhas e marcações de<br />

piques de encaixe.<br />

Os processos de criação da modelagem plana ou moulage devem ser<br />

registrados ou fotografados, pois a medida que as ideias evoluem e mudam é<br />

importante saber as primeiras etapas do desenvolvimento de produtos e para<br />

acrescentar no caderno de esboços (SEIVEWRIGHT, 2009).<br />

Para a coleção Hana mi – Da festa à lingerie, optou-se por trabalhar com a<br />

moulage e com a modelagem plana. Primeiramente desenvolveu-se a parte do busto<br />

através da moulage, utilizando o tecido de algodão cru para colocar sobre o corpo e


115<br />

assim desenhar o modelo, alinhando aos pontos marcados no manequim, retirando<br />

as penses e recortando a partes extras. Essas peças foram recortadas e transferidas<br />

para outro tecido de algodão (figura 34), tornando possível o recorte adequado das<br />

partes do molde, que após, foi costurado com a finalidade de fazer uma segunda<br />

prova, agora com o molde cortado de acordo com o desenho.<br />

Figura 34: Toile em tecido de algodão.<br />

Fonte: Elaborado pela autora.<br />

Cinco testes foram realizados até encontrar uma modelagem que vestisse<br />

bem o busto, pois o problema estava na pence do busto que não podia ser eliminada<br />

devido aos vestidos serem modelo tomara-que-caia. A pence lateral do busto é de<br />

fundamental importância para os vestidos de festa tomara-que-caia, pois ela ajuda a<br />

dar sustentabilidade no busto, evitando que o vestido dê a sensação de estar toda<br />

hora caindo. Nos testes realizados com o tecido de algodão, notava-se uma sobra<br />

de tecido lateral, dando a impressão que o molde estaria em um tamanho maior,<br />

mas na tentativa de diminuir a parte das costas, o busto acabava saindo do lugar.<br />

Os modelos de vestidos tomara-que-caia da coleção, apresentam o mesmo<br />

recorte do busto, chamado recorte princesa, este modela melhor o busto dando mais<br />

forma ao vestido. Após o desenvolvimento do corpo do vestido em moulage, este<br />

precisou ser planificado, utilizando as técnicas da modelagem plana, ao qual, o<br />

molde de tecido transformou-se em um molde de papel, recortado, com as medidas<br />

de costura, de dobra, os piques e as especificações técnicas. A modelagem das<br />

saias foi produzida através da saia meio godê que possui a medida da cintura<br />

dividida por 3 menos 2cm.<br />

O molde da saia godê possui sua construção gráfica baseada em uma<br />

circunferência, podendo ser completa ou com medidas menores, o que


116<br />

determina o caimento e amplitude da barra da saia. Para melhor<br />

compreensão, basta imaginar que ao erguermos as duas laterais da barra<br />

da saia com as pontas dos dedos, teremos a abertura total da mesma<br />

formando uma reta alinhada com a cintura, e a formação de um semi-círculo<br />

para a parte da frente e outro para a parte das costas (HEINRICH, 2007, p.<br />

114).<br />

A saia meio godê é referente à metade da medida da cintura e ela forma um<br />

semi-círculo na frente e outro nas costas. O comprimento da saia foi estipulado de<br />

acordo com o comprimento do vestido, marcado direto no tecido, desta forma, o<br />

molde foi utilizado apenas para marcar as medidas da cintura, deixando o círculo<br />

bem alinhado para o corte. Cada vestido da coleção possui um comprimento<br />

diferente, por isso optou-se por recortá-los diretamente no tecido.<br />

Além da saia meio godê, a coleção apresenta uma variação de saia com<br />

nesgas, pois a cintura e o corpo são bem marcados apenas com uma abertura na<br />

parte inferior da peça. A modelagem da saia foi o modelo de saia reta, prolongando<br />

ajustado ao corpo até a altura do joelho e após, fazendo uma abertura a partir do<br />

joelho para dar movimento ao caminhar.<br />

As modelagens dos robes foram feitas com base em um vestido cachecueur,<br />

transpassado, com comprimento acima do joelho, as mangas foram cortadas<br />

diretamente no tecido, através de um molde de manga modelo sino, porém a<br />

abertura da boca da manga também foi cortada como a saia godê, para que fosse<br />

possível dar o comprimento desejado.<br />

As modelagens (figura 35) da coleção Hana mi foram adaptadas de outros<br />

modelos de peças para que fosse possível ter as medidas corretas e depois<br />

transferí-las para o tecido.


117<br />

Figura 35: Modelagens.<br />

Fonte: Elaborado pela autora.<br />

Algumas peças como a manga dos robes e as saias dos vestidos, primeiro<br />

foi cortado o tecido de acordo com as medidas e com o molde de apoio e depois<br />

desenvolvido o molde próprio da peça. Todos os moldes da coleção de lingerie linha<br />

noite foram desenvolvidos primeiramente em um papel kraft comum, e após a peça<br />

estar finalizada e os moldes corrigidos, então passou-se para um novo papel com as<br />

especificações técnicas e as margens de costura.<br />

4.2.14 Montagem<br />

A montagem das peças da coleção foi realizada com a ajuda de três<br />

costureiras especializadas em roupas de festas. Dois dos looks confeccionados<br />

foram desenvolvidos pela própria autora na sala de costura da Universidade Feevale<br />

e no atelier de costura de uma das costureiras, devido a disponibilidade de<br />

máquinas industriais e de materiais profissionais de costura.<br />

Após a realização das modelagens, parte-se para o corte das peças. O<br />

busto dos vestidos e o corpo dos robes foram cortados no sentido do fio reto, ou


118<br />

seja, no urdume. Segundo Fisher (2010, p. 64) “o urdume é o método mais comum,<br />

pois o fio do tecido, no molde, fica paralelo à ourela. O fio usado na posição<br />

longitudinal é mais resistente do que o usado na posição transversal”. Desta forma,<br />

utilizou-se esse sentido para cortar as partes superiores devido a estrutura da peça,<br />

pois no sentido do fio a elasticidade é menor nos tecidos usados, mantendo o busto<br />

firme ao corpo.<br />

Para as saias, o corte foi feito no viés, em que o molde é colocado no<br />

sentido de 45 graus em relação ao urdume e à trama. Optou-se pelo corte no viés<br />

devido a mobilidade que o tecido apresenta neste sentido. As peças com corte em<br />

viés possuem mais movimento, pois ele permite que a peça se molde ao corpo, mas<br />

em contrapartida, o gasto de tecido é maior. De acordo com Fisher (2010, p. 56)<br />

“roupas enviesadas devem ser cortadas realmente em viés, ou seja, num ângulo de<br />

45 graus em relação ao fio do tecido”.<br />

O tecido quando cortado no viés fica mais escorregadio, por isso é<br />

necessário ter mais cuidado na hora do corte, ou o tecido pode ser preso com<br />

alfinetes a uma base de papel de seda. A costura do tecido em viés também precisa<br />

ser testada, ou o uso da overloque também é muito funcional, pois a costura se<br />

expande. Na confecção dos vestidos/camisolas usou-se a overloque para fazer o<br />

fechamento das peças, menos nos tecidos transparentes, pois a costura ficaria<br />

aparecendo.<br />

Todas as roupas cortadas em viés precisam de ajustes, portanto, é<br />

importante fazer provas para reduzir o excesso de tecido ocasionado pelo<br />

alargamento do viés. Uma combinação entre desenho e moulage é essencial<br />

quando trabalha com viés (FISHER, 2010, p. 57). Desta forma, após o corte dos<br />

tecidos, as peças ficaram penduras por uma semana para que os chamados rabos<br />

do viés caissem e fosse possível endireitar as pontas.<br />

Em todas as peças cortadas pela autora até hoje, sempre aconteceu de ficar<br />

umas pontas mais compridas que as outras e a melhor forma é deixar o tecido<br />

pendurado, para que o tecido desça todo e depois seja feita apenas os reparos. Os<br />

vestidos/camisolas da coleção Hana mi possuem fechamento com zíper invisível,<br />

este é mais utilizado nos vestidos de festa e nas roupas cortadas em viés, mas o<br />

zíper precisou ser alinhavado à mão antes de ser costurado na máquina.<br />

A bainha foi finalizada através do corte à laser em algumas peças e outras<br />

com o auxílio da vela, queimou-se a bainha para que não desfiasse e após,


119<br />

costurou-se com o ponto de zigue-zague um fio de náilon em cima da bainha, para<br />

dar o efeito ondulado. O processo de produção dos vestidos/camisolas inicia com o<br />

fechamento das partes do busto do tecido e do forro separadamente, após une-se o<br />

busto com a saia e uma das laterais.<br />

Costura-se o tecido e o forro fechando na parte de cima do busto e após<br />

coloca-se o zíper invisível, que deve ser alinhavado e costurado aberto, com uma<br />

sapata especial para zíper invisível. Para reforçar as costuras utiliza-se a máquina<br />

de overloque, costurando nas laterais, a saia e o corpo e o busto. Com o crepe<br />

chiffon não utilizou as costuras da overloque, pois como o tecido é transparente iria<br />

aparecê-las. Depois de colocado o zíper, então, prova-se o vestido e encaixa-se o<br />

bojo, que é costurado apenas nas quatro extremidades com alguns pontos à mão.<br />

Para a finalização da peça une-se as costuras do tecido e do forro<br />

localizadas abaixo do busto (figura 36), para que a peça fique fechada, deixando-a<br />

limpa.<br />

Figura 36: Montagem do vestido.<br />

Fonte: Elaborado pela autora.<br />

Por fim, o acabamento da bainha é feito com a costura de zigue-zague no<br />

ponto mais apertado e coloca-se um fio de náilon de expessura 70 mm entre o pé da<br />

máquina e costura-se o zigue-zague sobre o fio. Esse acabamento é muito comum


120<br />

em vestidos de festas para dar o efeito de ondulação da bainha. A colocação da<br />

faixa vermelha de veludo foi feita à mão e o laço de veludo (figura 34) fica preso à<br />

peça com joaninhas, para que ele possa ser tirado posteriormente.<br />

Figura 37: Montagem do laço de veludo.<br />

Fonte: Elaborado pela autora.<br />

A montagem dos robes é semelhante, primeiro monta-se dois corpos e duas<br />

saias separadamente, uma camada de tecido e uma de forro e depois une-se saia e<br />

corpo. Em seguida, costura-se a gola de crepe e a gola de veludo é costurada<br />

fechando as suas peças, a costura entre o corpo e a saia também são unidas para<br />

que o robe fique fechado. As mangas são montadas individualmente e colocadas<br />

uma dentro da outra para a aplicação no corpo, antes disso, coloca-se debrum<br />

vemelho de veludo. Após insere-se a manga no robe, semelhante a forma de colocar<br />

forro em casaco, deixando uma parte aberta na lateral que depois é fechada a mão<br />

ou à máquina.<br />

O processo de confecção do corset é mais complexo, pois ele é feito<br />

primeiramente com moulage através do toile, em que é feito o molde da peça em<br />

cima do manequim com tecido de algodão cru. Após serem feitas todas as medidas<br />

e marcações na peça, o tecido é tirado do manequim e recortado. O molde de tecido<br />

precisa ser passado a limpo, para que seja possível costurá-lo e prová-lo. Com


121<br />

todos os ajustes acertados, a molde pode ser passado para o papel kraft, para<br />

assim, ser cortado e montado.<br />

O corte do corset requer várias camadas de tecido, sendo 2 de entretela, 2<br />

de forro, 1 de tecido e 1 de tecido sarja. Geralmente os corsets são montados com 1<br />

camada de tecido, 1 de tecido de sarja com entretela e 1 de forro com entretela. No<br />

caso dos corsets da coleção Hana mi, utilizou-se uma camada de entretela com<br />

entretela para substituir o tecido de sarja, para que a peça não ficasse tão grossa e<br />

pesada. O tecido de fora não é entretelado para que não fique marcado, ou com<br />

bollhas, porém com o tempo se for um tecido muito fino, ele pode esgaçar,<br />

prejudicando a peça.<br />

Todas as partes do corset são costuradas individualmente, com suas<br />

costuras vincadas e apenas a peça de forro com entretela que leva as barbatanas.<br />

As barbatanas são colocadas individualmente em cada uma das costuras vincadas,<br />

estas margens de costura que estão viradas são costuradas a uma distância de 1<br />

cm, para que seja possível passar a barbatana neste espaço. Após a colocação das<br />

barbanas, utiliza-se um viés para fechar o corset tanto na parte superior quanto na<br />

inferior.<br />

O viés superior é colocado primeiro, depois é feito o fechamento lateral de<br />

forma que fique embutido, com a ajuda de um tecido mais reforçado para que não<br />

esgace. Em seguida coloca-se o viés inferior, com a costura de fora feita a máquina<br />

e a interna feita à mão. Após o corset pronto (figura 38), coloca-se o ilhós nas duas<br />

laterais que ficam na parte das costas e um cordão de cetim é usado para fazer o<br />

transpasse.


122<br />

Figura 38: Transpasse do corset.<br />

Fonte: Elaborado pela autora.<br />

Assim, confeccionou-se cinco peças da coleção, sendo 3<br />

vestidos/camisolas, dois longos e um curto, e 2 robes, um com manga sino e o outro<br />

com manga longa em formato sino com caimento até o chão.<br />

4.2.15 Fichas técnicas<br />

A ficha técnica é a tabela onde contém todas as especificações técnicas,<br />

como o tecido, os aviamentos, as medidas e os detalhes da peça. Na ficha técnica<br />

encontram-se a referência do produto, a marca a qual a peça é destinada, a<br />

descrição detalhada, as matérias-primas utilizadas, os aviamentos, a sequência<br />

operacional de produção, o fornecedor e os custos para a produção da peça.<br />

O desenho técnico da ficha tem o objetivo de comunicar as idéias do<br />

designer ao setor de modelagem e pilotagem. Eles são feitos sem distorções e<br />

alongamentos, pois precisam ter o tamanho real da peça, desta forma, é importante


123<br />

que ele seja bem detalhado e com o modelo desenhado frente e costas (TREPTOW,<br />

2007).<br />

No desenho técnico, devem estar especificados os tipos e as quantidades<br />

de pespontos, o tamanho de abertudas (como bolsos), a posição e<br />

quantidade de botões, o traçado de recortes e pences,...enfim, todo o tipo<br />

de informação que possa ser útil à modelista ou pilotista (costureira que<br />

prepara o protótipo) (TREPTOW, 2007, p. 148)<br />

O desenho técnico não é colorido, exceto em casos em que a peça possua<br />

muitas cores, desta forma indica-se o uso de identificação das cores. Ele serve para<br />

dar suporte para o desenho de <strong>moda</strong>, que geralmente assume formas mais<br />

abstratas. Por isso, o desenho técnico deve ser nas proporções corretas do corpo,<br />

pois é este desenho que a modelista irá interpretar.<br />

O desenho técnico normalmente é produzido em programas de desenho<br />

como o Corel Draw, Adobe Illustrator ou Audaces, se for produzido a mão deve ser<br />

feito com canetas de ponta fina ou lapiseiras com grafites de várias espessuras,<br />

para poder illustrar todos os componentes (SEIVEWRIGHT, 2009).<br />

O desenho e descrição técnica são fundamentais para o entendimento da<br />

peça a ser produzida. Na coleção Hana mi – Da festa à Lingerie, desenvolveu-se 4<br />

fichas técnicas (Figura 39) completas com as especificações, a sequência<br />

operacional, os custos e os materiais das peças produzidas para o desfile da<br />

coleção.


124<br />

Figura 39: Ficha técnica.<br />

Fonte: Elaborado pela autora.<br />

As demais fichas técnicas desenvolvidas para a confecção e para a ordem<br />

de produção encontram-se no final do trabalho, conforme verifica-se nos apêndices,<br />

ao qual foi especficado detalhadamente todos os itens necessários para que o setor<br />

de modelagem e montagem compreendam claramente quais os processos para a<br />

montagem da peça e dos aviamentos e materiais necessários para desenvolvê-la.<br />

As fichas técnicas da coleção apresentam as identificações de nome, marca,<br />

referência, a descrição detalhada da peça, e o desenho frente e costas desenvolvido<br />

em programa de desenho, o Corel Draw. Ela também contém as tabelas de medidas<br />

das peças, de cores, de aviamentos, a sequência operacional de corte, costura e<br />

finalização e os custos da produção. As fichas técnicas foram produzidas antes da<br />

produção das peças, porém após a finalização das peças alguns itens das fichas<br />

precisaram ser alterados como as medidas, os acabamentos e os custos.


125<br />

4.2.16 Apresentação da coleção<br />

O trabalho será apresentado através da exposição de um dos looks e do<br />

desfile, este realizado no mesmo dia. Para acompanhar os looks e a parte prática, a<br />

apresentação do trabalho também conta com um sketchbook, ou caderno de<br />

esboço, que contém parte da história do estilista, a proposta para a coleção, os<br />

desenhos de <strong>moda</strong>, os materiais e as imagens de todo o processo de criação e<br />

desenvolvimento dos desenhos e das peças.<br />

A produção de um desfile segundo Treptow (2007, p. 191) “deve ser<br />

minuciosa e envolve profissionais como cabeleireiro, maquiador, stylist,<br />

DJ/sonoplasta, iluminador, relações públicas, passadeiras e assistentes de<br />

designer”. O desfile é a oportunidade do estilista apresentar a sua coleção para<br />

todos os convidados, amigos, compradores, imprensa.<br />

O desfile da coleção Hana mi – Da festa à Lingerie seria realizado em um<br />

ambiente fechado, com uma decoração oriental produzida com material de bambu,<br />

com paredes de bambu e folhas verdes, proporcionando um clima de casa de<br />

campo. A luz seria baixa na parte dos convidados e apenas com os focos de luz<br />

para a passarela. A passarela seria reta, comprida e mais larga para as modelos<br />

decorativas se posicionarem, nesta parte a passarela também seria mais baixa.<br />

O desfile começaria com a apresentação de uma dança de gueixa e a<br />

dançaria vestindo uma roupa bem característica de gueixa. A dança seria uma<br />

espécie de aclamação à natureza com movimentos leves e delicados. Após esta<br />

apresentação entraria quatro modelos vestidas com roupas orientais, com quimonos.<br />

Estas quatro modelos representariam a fonte de pesquisa da coleção, as referências<br />

que fazem o papel de coadjuvantes, apenas mostrando as roupas que também<br />

seriam criadas pela marca.<br />

Em seguida, a entradas das modelos, que estariam organizadas de acordo<br />

com as roupas, dando uma sincronia de modelos e de cores de vestidos. A música<br />

seria apenas tocada lembrando um ideia de hora de dormir e a luz estaria focada<br />

apenas na passarela e nas modelos, estando um pouco mais escuro nos<br />

convidados. A finalização seria feita com a entrada de todos os participantes na<br />

passarela modelos e criador e finalizada com as palmas de todos os integrantes.


126<br />

Além do desfile, desenvolveu-se um caderno de esboços para explicar a<br />

história da coleção e todas as fontes de pesquisas e referências. De acordo com<br />

Seivewright (2009, p. 84) “um caderno de esboços é o lugar em que você pode<br />

reunir e processar todas as informações coletadas, tornando-se, assim, um espaço<br />

muito pessoal para trabalhar ideias”.<br />

O caderno de esboço reune uma série de painéis temáticos, com pesquisas<br />

e abordagens de textos e explicação, juntamente com as imagens, fotografias,<br />

desenhos, tecidos e retalhos colados em forma de um mural de inspirações. “O<br />

caderno de esboços não é somente de uso pessoal, pode também ser uma<br />

ferramenta para descrever e ilustrar uma coleção para outras pessoas, bem como o<br />

caminho percorrido” (SEIVEWRIGHT, 2009, p. 85). Desta forma, o sketchbook<br />

também será apresentado em conjunto com as peças da coleção.<br />

O sketchbook (figura 40) foi construído em conjunto com a coleção onde<br />

foram inseridas todas as referências de desfiles da marca, do público-alvo e do<br />

tema. Ele apresenta todas as dificuldades e as facilidades de construir esta coleção<br />

da linha lingerie noite. Os materiais que no decorrer do trabalho tiveram que ser<br />

substituídos devido a falta de tecido e os aviamentos, como os zíperes, que tiveram<br />

que ser substituídos, pois na prova do vestido eles abriram, tanto como os ilhóses<br />

que também foram modificados devido a testes de qualidade. Optou-se por substituir<br />

o ilhós de aço por um de alumínio, pois como o corset poderia ser lavado aí o<br />

material em aço podia enferrujar enquando o alumínio não.


127<br />

Figura 40: Sketchbook<br />

Fonte: Elaborado pela autora.<br />

Levando em consideração vários fatores que foram testados e precisaram<br />

ser modificados no decorrer da produção da coleção Hana mi, estas alterações<br />

estão todas presentes no caderno de esboços, que além dos desenhos de <strong>moda</strong> e<br />

dos desenhos testes, também contém todas as especificações de como a coleção<br />

foi criada, desenvolvida e executada.<br />

Assim, a coleção Hana mi é composta pelos cinco looks que foram<br />

produzidos e finalizados, o relatório escrito com o processo de pesquisa, de<br />

execução e conclusão e o sketchbook que serve como um elemento a mais para o<br />

entendimento das pessoas e professores sobre o que foi trabalhado nesta coleção.<br />

O primeiro look desenvolvido para a coleção Hana mi participou de uma<br />

seleção de fotos (figura 41) para o editorial do Projeta-me, da Universidade Feevale.<br />

O editorial desenvolveu-se através da escolha da modelo que se adaptasse ao look<br />

escolhido, e ao briefing de maquiagem e cabelo e poses produzido pela aluna. A<br />

modelo foi fotografada pelo fotógrafo Carlos Contreras, que após a produzição,<br />

disponibilizou uma seleção de fotos para serem escolhidas. Escolheu-se as quatro<br />

melhores fotos e somente uma foi colocadas no editorial do livro do Projeta-me.


128<br />

Figura 41: Looks produzidos<br />

Fonte: elaborado pela autora<br />

Além do editorial de <strong>moda</strong>, também desenvolveu-se um release (figura 42)<br />

para a divulgação da coleção que será anexado junto a revista do Projeta-me. A<br />

criação do release desenvolveu-se através da escolha de um nome para a coleção,<br />

ao qual surgiu o nome Hana mi por influência do poema descrito no primeiro capítulo<br />

do trabalho, juntamente com um texto explicando sobre a coleção, como o tema, os<br />

materiais, a estação a ser trabalhada e o segmento.


129<br />

Figura 42: Release da marca<br />

Fonte: elaborado pela autora<br />

O papel do release, em uma coleção, é atuar como meio de divulgação para<br />

o público, neste caso, como meio de divulgação para o desfile que a Universidade<br />

Feevale realizará no dia 8 de dezembro de 2011. O desfile contará com a<br />

apresentação das coleções de todas as formandas do curso de <strong>moda</strong>, ao qual<br />

desfilarão 3 looks e 1 ficará exposto para que o público possa apreciar a criação.<br />

Os processos de avaliação da coleção será anterior à execução do desfile<br />

das formandas, ao qual o trabalho desenvolvido será apresentado à banca<br />

avaliadora, e, posteriormente aprovado, possibilitará a conferir a gradução em <strong>moda</strong><br />

ao aluno que submeteu o mesmo à avaliação. Esta apresentação do trabalho para a<br />

banca avaliadora de professores da própria Universidade Feevale e pessoas do<br />

ramo da <strong>moda</strong> convidadas, será realizada de forma que a aluna explicará sobre a<br />

sua coleção, com o auxílio de uma apresentação virtual e do sketchbook, que servirá<br />

como material de auxílio, em conjunto com as peças confeccionadas e as<br />

modelagens da coleção.<br />

A banca então avaliará o desempenho da aluna, através de uma nota, esta<br />

referente à apresentação de todos os requesitos solicitados e do relatório final do<br />

TCC I e TCC II, juntamente com o trabalho desenvolvido pela aluna durante todo o


130<br />

semestre para planejar, desenvolver, criar e confeccionar a coleção Hana mi. Com a<br />

aprovação do trabalho de conclusão de curso finalizado, então, a aluna receberá o<br />

aval para conferir a graduação em <strong>moda</strong> e seus looks estarão prontos para serem<br />

apresentados no desfile do Projeta-me organizado pela Universidade Feevale.<br />

Os looks produzidos para o desfile e para a apresentação final do trabalho<br />

foram apenas uma amostra de toda a coleção, mostrando a possibilidade de<br />

desenvolver uma roupa que possa ser usada para dormir e para sair. A coleção<br />

Hana mi – Da festa à Lingerie, foi toda desenvolvida pensando na idéia de uma<br />

roupa moderna e sofisticada, de acordo com a marca de Walter Rodrigues e para<br />

um público feminino mais exigente.<br />

As mulheres de Walter Rodrigues visam um produto com qualidade,<br />

sofisticado, confortável e com um ótimo acabamento, por isso buscou-se trabalhar<br />

com um material de boa qualidade, que se alinhasse à silhueta e tivesse movimento<br />

e leveza. Os processos de criação, desenvolvimento e execução obtiveram sucesso<br />

no produto final, pois a ideia principal do trabalho foi abordada e desenvolvida de<br />

acordo com as expectativas esperadas, atendendo as metas esperadas.


131<br />

CONCLUSÃO<br />

O Japão é um país com uma cultura considerável, pois analisando o seu<br />

povo, é possível observar que os japoneses possuem uma forma diferenciada de ver<br />

o mundo. Através da pesquisa realizada, confirmou-se o fato de o Japão formar um<br />

povo especial, seja pela maneira como os japoneses apreciam e realizam a sua arte,<br />

seja na sua adoração pela natureza e no modo como eles realizam as suas tarefas<br />

diárias.<br />

O diferencial japonês está concentrado na sua filosofia de vida, envolvendo<br />

a sua religião e as suas tradições. Os princípios éticos dos samurais e seu modo de<br />

vida, buscando a realização de uma tarefa bem feita, é um exemplo de conduta<br />

guiado pela sabedoria e disciplina.<br />

O vestuário é um dos mais importantes elementos culturais de um povo e<br />

um dos que melhor traduz as transformações do tempo. O desenho básico do<br />

quimono resiste a muitos anos na história e as suas características básicas<br />

permanecem, bem como a modelagem e a costura da peça. As cores, os tecidos e<br />

os padrões de estamparia podem ter mudado gradativamente com o tempo, mas a<br />

essência de construção do traje tradicional permanece a mesma.<br />

A abertura do Japão para os ocidentais e a globalização influenciaram no<br />

modo de vida japonês, tanto no desenvolvimento cultural quanto no estilo de vida<br />

dos cidadãos. Isso refletiu, também, na <strong>moda</strong> <strong>japonesa</strong>, que, com o passar dos<br />

anos, modificou a sua indumentária. Os japoneses aderiram às roupas ocidentais<br />

por serem mais práticas e usuais, mas nunca deixaram de valorizar a beleza e a<br />

riqueza de um quimono.<br />

Nesta mesma linha de raciocínio pode-se pensar que a ocidentalização do<br />

Japão foi tão grande que os japoneses estão buscando retomar parte da sua cultura<br />

tradicional que foi perdida no pós-guerra, trazendo de volta a sua identidade cultural.<br />

A <strong>moda</strong> <strong>japonesa</strong> atual influencia consideravelmente as tendências e os<br />

principais estilistas japoneses são conhecidos no mundo todo. Através do estudo<br />

sobre os criadores, tais como Hanae Mori, Kenzo Takada e Yohji Yamamoto,<br />

observa-se a influência que a cultura do país tem sobre seus cidadãos.<br />

Independentemente da maneira de fazer <strong>moda</strong> de cada estilista, todos possuem um<br />

ponto em comum, que é a tradição <strong>japonesa</strong>.


132<br />

A produção de Yohji Yamamoto possui características da tradição <strong>japonesa</strong><br />

tanto quanto a produção mais artesanal de Kenzo Takada. Ambos trabalham com<br />

elementos típicos do Japão, que podem ser comparados com as tribos urbanas. O<br />

primeiro simboliza o estilo que algumas gangues de rua demonstram no Japão. O<br />

outro, através dos detalhes, das cores e da maneira pela qual os looks foram<br />

montados, remete a um estilo de antiguidade, em especial da indumentária<br />

tradicional, que é um elemento presente na vida dos japoneses. A estilista de alta<br />

costura Hanae Mori, desenvolve trajes clássicos, elegantes e luxuosos, direcionados<br />

para mulheres urbanas que trabalham em empresas.<br />

As coleções dos três estilistas mostram elementos característicos dos<br />

costumes japoneses, mostrando claramente as tradições do seu país de origem. Os<br />

japoneses possuem uma forte cultura de valorização do seu ambiente regional,<br />

procurando transmitir a sua origem para os outros povos.<br />

A história da <strong>moda</strong> <strong>japonesa</strong> se modificou ao longo dos anos, com a<br />

chegada dos ocidentais ao país, com o avanço tecnológico e com a mudança de<br />

pensamento dos jovens, os quais invadem as ruas, vestindo roupas com<br />

composições diferenciadas do resto do mundo.<br />

Na <strong>moda</strong> de rua é possível observar que os japoneses cultuam o modo<br />

divertido de usar as roupas, que podem estar uma em cima da outra, de forma<br />

desordenada, e todas as cores e estampas podem estar misturadas. Os acessórios<br />

podem ser usados em qualquer lugar e em qualquer quantidade, e os sapatos são<br />

altos ou baixos, discretos ou animados.<br />

Sobre a <strong>moda</strong>, destaca-se uma leitura em que percebe-se a atenção que os<br />

japoneses tem sobre suas próprias características físicas, isto é, eles buscam na<br />

<strong>moda</strong> uma forma de se diferenciar uns dos outros, através dos seus estilos e das<br />

suas tribos.<br />

Com a realização deste estudo sobre os quimonos e sobre a <strong>moda</strong> <strong>japonesa</strong><br />

atual pode-se fazer uma análise paralela de duas situações na <strong>moda</strong> completamente<br />

diferentes, sendo a primeira retratando uma indumentária símbolo da tradição<br />

<strong>japonesa</strong> que mantém as suas caractecterísticas ancestrais ao longo dos anos. A<br />

segunda situação é a <strong>moda</strong> <strong>japonesa</strong>, que por influência da globalização e, em<br />

especial, da ocidentalização possui um ciclo constante de transformação. A <strong>moda</strong><br />

<strong>japonesa</strong> é influenciada pela <strong>moda</strong> de rua, através das tribos <strong>japonesa</strong>s que usam e


133<br />

exploram a sua criatividade para se diferenciarem em meio a população. Há muita<br />

influência, inclusive, da <strong>moda</strong> representada nas histórias em quadrinhos.<br />

A motivação inicial não só gerou um aprofundamento do estudo sobre o<br />

modo de vida japonês, de entender o espírito e a essência criativa da cultura<br />

<strong>japonesa</strong>, mas foi além, pois as respostas deste estudo servirão como uma<br />

fundamentação teórica e embasamento para os projetos de desenvolvimento de<br />

coleção do projeto de conclusão de curso, visando a graduação.<br />

Através deste estudo da história da <strong>moda</strong> <strong>japonesa</strong> realizou-se um trabalho<br />

de desenvolvimento de coleção que fez uma relação entre a indumentária tradicional<br />

e a <strong>moda</strong> <strong>japonesa</strong> atual, lincados a um estilista brasileiro. Os princípios de<br />

modelagem do quimono tradicional foram desenvolvidos em conjunto com a<br />

irreverência e a criatividade da mistura de cores e estampas das tribos urbanas.<br />

O trabalho de conclusão de curso (TCC II) representou a <strong>moda</strong> <strong>japonesa</strong><br />

como um todo, buscando os elementos tradicionais da cultura <strong>japonesa</strong> em<br />

composição com a diversidade de estilos presentes hoje nas ruas <strong>japonesa</strong>s. O<br />

trabalho desenvolvido foi através da escolha de um estilista que estaria relacionado<br />

com o tema, neste caso o estilista brasileiro Walter Rodrigues, devido a sua<br />

admiração pela cultura oriental, em especial a <strong>japonesa</strong>. Criou-se, então, uma<br />

coleção de <strong>moda</strong> vestuário para atender ao público-alvo do estilista.<br />

Uma nova proposta de linha foi sugerida pra esta coleção, a linha lingerie<br />

noite, que seguiria o padrão de estilo de Walter Rodrigues, em uma linha totalmente<br />

nova. A coleção desenvolvida chamou-se Hana mi – Da festa à Lingerie contou com<br />

uma pesquisa de público, de tema, de segmento, de tendência e com base nestas<br />

referências, pode-se criar e produzir uma coleção composta por 10 looks com o<br />

objetivo de atender o público na hora de dormir ou de sair.<br />

A criação da coleção Hana mi deu-se com desenhos compostos por vestidos<br />

e/ou camisolas, chambres, boletos e corsets, ao qual produziu-se 5 looks para a<br />

apresentação do trabalho através do desfile de <strong>moda</strong>, realizado na Universidade<br />

Feevale. O estilista utilizado como principal fonte de inspiração não fazia parte da<br />

lista de estilistas japoneses, em contrapartida, escolheu-se um brasileiro admirador<br />

incansável dos orientais e que utiliza muito a tradição do Japão como referência em<br />

suas coleções.<br />

Desta forma, optou-se pela escolha de Walter Rodrigues, principalmente<br />

pela sua semelhança com a autora em admirar os japoneses de um modo geral e


134<br />

pela diferenciação que este estilista tem hoje no mundo da <strong>moda</strong> brasileira. Walter é<br />

um símbolo de profissionalismo e dedicação, além de ser um dos ícones principais<br />

na <strong>moda</strong> brasileira. Assim, foi possível destacar a essência criativa e o caráter<br />

original da cultura e da estética <strong>japonesa</strong>, através de uma coleção que foi criada<br />

com a essência dos elementos culturais japoneses, por amantes desta cultura.


135<br />

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140<br />

GLOSSÁRIO<br />

A<br />

Abrir a ferro: abrir as costuras a ferro durante a montagem faz com que a<br />

roupa tenha um melhor acabamento.<br />

Ainos: povo caracterizado como caucasóide mesocéfalo, com traços mongóis,<br />

que ocuparam o Tohoku durante séculos. Os Ainos possuíam pêlos nos corpos<br />

e tinham uma fisionomia rude e grosseira.<br />

Alinhavo: costura temporária que mantém o tecido no lugar para as provas<br />

antes de a roupa ser costurada à máquina.<br />

Amostra: pedaço de tecido oferecido pelo vendedos para ajudar o comprador<br />

a escolher os materiais e cores.<br />

Anágua: peça de roupa interior, espécie de saia curta, que se veste por baixo<br />

de vestidos ou saias.<br />

Anime: desenho animado japonês.<br />

B<br />

Ban: chefe.<br />

Bases de modelagem (blocks): gabaritos para o desenvolvimento de moldes.<br />

Bloomers: típica calçola de vovó.<br />

Bonsai: arte das árvores anãs cultivadas dentro de um vaso a fim de<br />

preservar, por décadas ou até séculos, “a energia vital da planta”.<br />

Bordado: pontos decorativos feitos à mão ou à máquina.<br />

Budismo: religião iniciada pelo indiano Gautama, ou buda, certo de 2.500 anos<br />

atrás. Buda dizia que eliminando a cobiça e o ódio, que são causas do<br />

sofrimento, a pessoa pode alcan;car a iluminação.<br />

Bushi: lutador, guerreiro samurai.<br />

Burikos: meninas infantilizadas.<br />

C<br />

Cabeça da manga: a parte de cima da manga, na altura do ombro.<br />

Caligrafia: arte de escrever com belas letras.<br />

Cava: parte do molde ou da roupa correspondente à área das axilas.<br />

Chado: caminho do chá.<br />

Cha-no-yu: cerimônia estética e espiritual de beber o chá.<br />

Cítara: espécie de lira.<br />

Confucionismo: doutrina e sistema filosófico de Confúcio, filósofo chinês (551<br />

a.C. - 479 a.C.).<br />

Coque: tipo de penteado, cocorote, cascudo.<br />

Corpo/corpete: pare de cima da roupa (sem as mangas).<br />

Corte: Paço, residência de um soberano; gente que rodeia habitualmente o<br />

soberano; cidade em que este reside; galanteio.<br />

Cosplay: estilo em que os jovens se vestem como personagens de animes.<br />

D


141<br />

Daishô: espada de samurai amarrada na cintura.<br />

Danna: patrono das gueixas. Homem rico que possui meios financeiros para<br />

pagar os gastos e as grandes despesas que uma formação tradicional de<br />

gueixa requer.<br />

Debrum: modo de arrematar bainhas costurando e dobrando um pedaço de<br />

tecido no local.<br />

Desenho de trabalho: desenho que mostra as linhas de construção de uma<br />

roupa e costura ser dado como guia aos costureiros.<br />

Desfiado: em muitos tecidos, a bainha desfia e forma “franjas, e precisa ser<br />

costurada antes de a roupa ser cortada.<br />

Design: palavra inglesa. Disciplina que visa a criaçào de objetos, ambientes,<br />

obras gráficas, ao mesmo tempo funcionais, estéticos e conformes aos<br />

imperativos de uma produção industriall.<br />

Designer: palavra inglesa. Pessoa que trabalha com design.<br />

Dinastia Tang: (618 – 907) foi uma dinastia chinesa fundada pelo oficial Sui Li<br />

Yuan, pertencente à dinastia que havia reunificado a China entre 581 e 618,<br />

após três séculos de fragmentação. Diz-se que com a breve dinastia Sui e com<br />

a longa dinastia Tang, ficaram soldadas as estruturas da formidável burocracia<br />

do Império Chinês. Yang Chien, fundador da dinastia Sui, aplicou uma profunda<br />

reforma institucional inspirada em Confúcio, que compilou no código Kaihuang.<br />

Fundou bibliotecas e <strong>universidade</strong>s para o funcionalismo, centralizou a<br />

administração e simplificou a estrutura local, para homogeneizar o serviço civil<br />

e facilitar o controle do governo imperial. Estabeleceu seu poder sobre<br />

a China com a ajuda de tropas nómades comandadas por seu filho Taizong, ou<br />

Tai Tsung, que mais tarde se tornaria o segundo imperador Tang. Este<br />

reorganizou o império, aprofundando a reforma Sui num sistema que o Japão,<br />

a Coréia e o Vietname imitaram. A dinastia Tang governou o maior império do<br />

mundo até ser abalada, em 751, pelos árabes, perto do rio Talas,<br />

no Turquestão ocidental.<br />

Do: via, caminho.<br />

Dobra: prega decorativa.<br />

Dohyo: ringue.<br />

Doran: base branca cuja fórmula mudou ao longo dos séculos, mas que<br />

continua em uso até hoje.<br />

Drapeado: o caimento de um tecido; formar pregas em uma roupa.<br />

E<br />

Entretelaçado: fechamento da roupa feito com ilhoses e fita.<br />

Entretela: tecido usado para reforçar ou dar forma a uma roupa, costurando ou<br />

fusionado (fundido) entre o tecido principal e os forros.<br />

F<br />

Fashion: palavra inglesa que significa <strong>moda</strong>.<br />

Fashion quimono: movimento de garotas que querem manter a tradição do<br />

quimono. Composto por meninas de várias faixas etárias que usam quimonos<br />

no dia-a-dia.


142<br />

Fechos: os vários acessórios para fechar roupas: botóes, zíperes, colchetes,<br />

velco, cavilhas.<br />

Fenda: prega aberta ou sobreposta para facilitar os movimentos.<br />

Fita de costura: usada para reforçar costuras que podem esgaçar.<br />

Fita de gorgurão: tira larga de tecido usada para marcar a cintura no<br />

acabamento de chapéus.<br />

Fita métrica: ferramenta essencial de costura, é um instrumento de medição<br />

flexível para desenharem curvas.<br />

Flue: flauta.<br />

Folga: similar à folga de costura – tecido extra para deixar a roupa mais solta e<br />

confortável.<br />

Folga de costura/tecido: tecido extra para fazer a costura; ou acrescentado à<br />

roupa para facilitar os movimentos; ou acrescentado para fazer pregas e<br />

plissados.<br />

Forro: material, geralmente leve e macio, que cobre a parte interna da roupa e<br />

protege o corpo da abrasão.<br />

Franzido: tecido recolhido e preso com costura dupla para criar volume.<br />

Freelancer: pessoa que trabalha por sua contra própria, não por um emprego.<br />

G<br />

Gakusei fuku: roupa de estudante. Conjunto de calça, túnica abotoada e boné.<br />

Game Boy: aparelho portátil para jogos. Nova versão do mini-game.<br />

Gancho de moldes: moldes comerciais normalmente são guardados<br />

pendurados em ganchos, e não dobrados.<br />

Ganguro: rosto negro.<br />

Giz: o giz de alfaiate é usado para marcar as guias de costura no tecido e é<br />

facilmente removido no vapor.<br />

Godê: roupa feita em tecido cortado em viés, no formato de leque.<br />

Gola: o ponto onde o colarinho é grudado à lapela, formando o chanfrado.<br />

GPER: Grupo de Pesquisa Educação e Religião.<br />

Grou: gênero das aves pernaltas, de arribação, da família dos gruídeos.<br />

H<br />

Hakamá: vestimenta unissex composta por uma ampla saia-calça com fendas<br />

laterais até a altura do joelho. Uma faixa era usada na cintura como amarração<br />

da peça.<br />

Hana mi: ritual para contemplar as cerejeiras que significa olhar as flores. O<br />

hana mi ocorre todos os anos no mês de abril.<br />

Haneri: gola decorativa colocada sob a gola do quimono principal.<br />

Haori: casaco do quimono, acrescenta formalidade ao traje. O haori foi<br />

inicialmente usado pelos homens, tornando-se <strong>moda</strong> para as mulheres no<br />

período Meiji. Hoje eles são usados tanto por homens quanto por mulheres,<br />

mas os dos homens geralmente são mais curtos do que os das mulheres.<br />

I<br />

Ikan: traje dos homens da corte na Era Heian, composto por quimono e por<br />

uma túnica abotoada do lado direito do pescoço.


143<br />

Ikebana: arranjo de flores no mesmo estilo do bonsai. Consiste em procurar<br />

reproduzir “a harmonia entre o céu, a terra e o homem” dentro de um vaso.<br />

Assim, as flores e galhos cuidadosamente escolhidos são fincados numa base<br />

com pregos de pontas voltadas para cima.<br />

Ilhós: pequena abertuda redonda de tecido, finalizada por anel de metal, para<br />

permitir a passagem de cordão ou fite.<br />

J<br />

Jiu-jitsu: sistema de luta, inventado pelos japoneses e que compreende,<br />

simultaneamente, um método de desenvolvimento físico e uma arte de defesa<br />

sem armas.<br />

Jômon: cerâmica decorada com desenhos de corda por meio de impressão na<br />

massa ainda mole. Os povos da cultura jômon viveram no Japão durante vários<br />

anos e praticavam as atividade no campo e na cerâmica.<br />

Ju: suave.<br />

Judô: desporto de combate, derivado do jiu-jitsu e desenvolvido por Jigoro<br />

Kano (1860-1938), em que a agilidade, a velocidade e a utilização da força do<br />

adversário desempenham papel importante.<br />

Junção em viés: fita cortada no vicés. Esta fita tem a bainha dobrada e é ideal<br />

para barras em curvas e junção de costuras.<br />

Jûni-hitoe: significa as doze molduras em pessoa. Era o traje das mulheres da<br />

corte, no período Heian, composto por doze quimonos sobrepostos. A roupa<br />

ficava em uma forma triangular multicolorida com texturas e brilhos.<br />

K<br />

Kabuki: tipo de teatro japonês que tem origem nas danças populares, com<br />

peças constituídas por bailarinhos homens. As peças do Kabuki retraram<br />

problemas do realismo e de caráter típico.<br />

Kami: espírito.<br />

Kanzashi: nome que designa uma série de ornamentos para o cabelo usados<br />

com o quimono. Podem ter a forma de espetos com terminais esféricos ou<br />

diversos formatos decorativos, de flores ou de pentes. São feitos em madeira<br />

laqueada, tecido, jade, casco de tartaruga e prata.<br />

Kanji: escrita de ideogramas.<br />

Katana: espada com lâmina de 60 cm.<br />

Kawaii: graciosa, fofa.<br />

Kitsuke: arte de vestir o quimono.<br />

Koto: espécie de cítara.<br />

Kuchibeni: nome de uma pasta vermelha aplicada nos lábios com a ponta do<br />

dedo auricular ou um pincel. Palavra <strong>japonesa</strong> para designar “batom” nos<br />

tempos modernos.<br />

Kuni: províncias.<br />

L<br />

Laca: espécie de verniz brilhante e duro para objetos decorativos.<br />

Linha Império: vestido de cintura bem alta, geralmente com costura ou<br />

elástico sob o busto.


144<br />

Linha princesa: vestido ou blusa ajustado com o uso exclusivo de costuras<br />

verticais.<br />

Linhas de botões: os botões são medidos por um padrão chamado ligne nos<br />

tamanhos: 18, 22, 26, 30, 36, 45, 60.<br />

Lira: instrumento de cordas dedilhadas usado na Antiguidade.<br />

Lolita: estilo de garotas que se verstem como bonecas, remetendo à<br />

inocência, com um estilo infantil. Surgiu no fim da década de 70.<br />

Look: palavra inglesa. Imagem exterior de algo ou alguém.<br />

M<br />

Maiko: aprendiz que é nomeada gueixa.<br />

Maku: puro.<br />

Manequim: forma do tronco humano, geralmente com um suporte que pode ser<br />

girado para ajudar o costureiro a fazer a roupa.<br />

Marcação, guia: papel no qual o traçado de corte é desenhado.<br />

Matcha: chá verde em pó.<br />

Molde de corte: molde de metal utilizado em prensas para cortar grandes<br />

quantidades de roupas.<br />

Molde de produção: molde já corrigido, com todas as particularidades<br />

anotadas e passado para o papel-cartão para ser utilizado na confecção de<br />

roupa.<br />

Mongóis: povo originário da Mongólia, Ásia Central.<br />

Montar: costurar ou fusionar (fundir) entretelas no tecido principal.<br />

Moulage: criar a roupa em três dimensões, no corpo ou no manequim.<br />

Musselina: gaze de algodão usada para toiles ou para protótipos de roupas.<br />

N<br />

Ne: raiz.<br />

Nesga: pedaço de tecido triangular ou em forma de barco colocado na área<br />

das entrepernas ou nas cavas seja como reforço, seja para dar forma á roupa<br />

ou facilitar os movimentos.<br />

Netsuke: era no período que as pessoas usavam roupas sem botões. Elas<br />

penduravam os seus pertences nos cordões que serviam para amarrar as<br />

roupas e o netsuke tinha a fnalidade de impedir que os objetos deslizassem<br />

pelo cordão de seda.<br />

NHK: Nippon Hõso Kyokai, Rede de Rádio e Televisão Japonesa, empresa<br />

pública de comunicação fundada em 1926. Começou a transmissão televisiva<br />

no Japão em 1953 e atualmente possui 2 canais operando 24 horas<br />

diretamente em rede nacional, uma emissora de rádio FM e duas AM, um canal<br />

internacional via satélite e uma emissora em ondas curtas para transmissões<br />

para o exterior em diversos idiomas, inclusive português. Emprega 20 mil<br />

funcionários.<br />

Nihon-buyoh: dança tradicional <strong>japonesa</strong>.<br />

Nô: teatro que originou-se no século IV. Os atores eram homens e usavam<br />

roupas belíssimas e máscaras. As peças do teatro Nô falaram sobre o<br />

budismo.


145<br />

Noções: acabamentos, aviamentos.<br />

O<br />

Obi: faixa usada para manter o quimono fechado. Varia em largura e<br />

comprimento. Homens em geral usam obis de trama larga e firme, em cores<br />

discretas, estreitos, amarrados com um nó às costas circundando a linha<br />

abaixo da barriga. Mulheres em geral usam obis em brocado largos, com<br />

desenhos feito no tear, ao redor do tronco e amarrados às costas. Amarrar o<br />

obi na frente era uma característica das prostitutas. Cores e desenhos variam:<br />

os mais brilhantes e intrincados são usados em ocasiões formais.<br />

Objime: cordão decorativo em fio de seda usado para dar acabamento e<br />

firmeza à amarra do obi. Usado por mulheres.<br />

Office ladies: mulheres executivas que trabalham nas grandes empresas.<br />

Okami: mãe das gueixas.<br />

Okiya: casa das gueixas.<br />

Okobo: tamancos de madeira.<br />

Oirans: prostitutas experientes.<br />

Onesan: irmã mais velha da gueixa aprendiz.<br />

Ourela: acabamento da bainha do tecido no sentido do comprimento.<br />

Overloque: máquina usada para arrematar bainhas e evitar que desfiem.<br />

P<br />

Papel: há vários tipos de papel e cartões úteis para o desenhista de <strong>moda</strong>. os<br />

mais usados são: craft, de cartografia liso, quadriculado, oak tag, manila e<br />

papel graph.<br />

Passar a ferro: depois de pronta, a roupa é passada a ferro para o<br />

acabamento final.<br />

Pedal: acessório da máquina que prende e puxa o tecido durante a costura.<br />

Pence: prega costurada para ajustar o tecido às formas do corpo.<br />

Período Heian: uma nova capital, Heian-quio é fundada pelo Imperador Camu,<br />

em 794, no local onde hoje é a cidade de Kyoto. Após o regresso da<br />

embaixada <strong>japonesa</strong>, no anos de 838, as comunicações com a China são<br />

praticamente interrompidas devido ao estudo de desordem em que se<br />

encontrava o Império Tang. O poder e a opulência do governo central do Japão<br />

começa a debilitar-se no início do século XI, isso porque os barões das<br />

províncias tornam-se cada vez mais independentes. As poderosas famílias dos<br />

Taira e dos Minamoto auxiliam o governo dominado pelos Fijiuara, a manter a<br />

ordem nas províncias tornam-se cada vez mais independentes.<br />

Período Nara: inicia-se em 710 com a mudança da capital para a cidade de<br />

Heijo-kyo (posteriormente denominada Nara). Até essa época, a capital se<br />

deslocava toda vez que era entronado um novo imperador.<br />

Período Tokugawa: em 24 de março de 1603, Tokugawa Ieyasu é nomeado<br />

shogun (após a batalha de Sekigahara, vencida por Tokugawa Ieyasu)<br />

iniciando o Tokugawa Bakufu ou Período Edo. O Shogun emite decretos<br />

proibindo o Cristianismo no Japão e parte para a perseguição dos crentes<br />

dessa religião. Cresce a histilidade às influências estrangeiras, seculares e<br />

religiosas. Decretos proíbem aos japoneses viajarem para o exterior. Todos os


146<br />

europeus são mandados para fora do país, com excessão de alguns<br />

mercadores holandeses.<br />

Pernalta: feminino. Singular de pernalto.<br />

Pernalto: que tem pernas altas.<br />

Pesponto: costura visível feita a maquina, que é tanto decorativa quanto<br />

funcional.<br />

Petticoats: saias de tule.<br />

Piques: marcações cordadas nas folgas de costura nos moldes para indicar a<br />

posição das costuras e alinhas os pontos de equilíbrio.<br />

Pontos a mão: há vários pontos que são feitos a mão e não na máquina, que<br />

podem ser apenas decorativos ou necessários para o costureiro ou alfaiate.<br />

Exemplos: alinhavo, espinha-de-peixe, chuleado, trespassado.<br />

Pontos a máquina: a máquina de costura reta faz pontos em linha reta. Há<br />

máquinas especiais para overloque, pontos de ziguezague, costura invisível.<br />

Pregas: as pregas podem ser feitas por meio da manipulação do tecido em<br />

uma pala ou tira ou por excessos industriais de passar a ferro. Há vários tipos<br />

de prega, por exemplo: box, prensada, invertida, faca, batida, sunray,<br />

cogumelo, cristal.<br />

Prensar: usar vapor e pressão para eliminar ou criar rugas ou pregas na roupa<br />

Prova/ ajuste: acertar a roupa no corpo (de um modelo ou do cliente)<br />

Província: área governada como parte de um país ou Estado.<br />

Q<br />

Quimono: vestimenta solta, com mangas largas e chegando até os tornozelos.<br />

R<br />

Renga: jogo de versos.<br />

Retalho: pequena amostra de tecido.<br />

Robe: Vestimenta comprida para ser usada em casa, geralmente por cima de<br />

outra roupa. Vestimenta, geralmente aberta à frente, usada por cima da roupa<br />

interior ou da roupa de dormir.<br />

Roda (de saia): largura extra na bainha para criar movimento<br />

S<br />

Sadoh: cerimônia de preparação do chá.<br />

Sailor fuku: conjunto de saia preguada e blusa com gola no formato de um<br />

lenço sobre os ombros com visual de marinheira estilizada. Uniforme das<br />

meninas colegiais.<br />

Sakura: cerejeira.<br />

Salarymen: homens executivos que trabalham em grandes empresas.<br />

Samurai: significa “aquele que serve”. Classe dos guerreiros japoneses que se<br />

formou no século XI. Os esmurais estavam preparados para lutar e morrer<br />

pelos seus senhores.<br />

Sarashi: manto branco em volta do peito usado pelas mulheres motoqueiras.<br />

Seera fuku: roupa de marinheiro.<br />

Seijin no Hi: Dia da Maioridade, comemorado na segunda segunda-feira de<br />

janeiro por homens e mulheres no ano que completam 20 anos, idade que


147<br />

corresponde a maioridade civil no Japão. O Seijin no Hi é também um dos<br />

poucos feriados nacionais no qual o quimono é até hoje parte importante da<br />

festividade.<br />

Sentido do comprimento: direção do tecido de ourela a ourela.<br />

Sentido do fio: o sentido do comprimento do tecido. quando o corte do tecido<br />

não segue essa direção, a roupa pode ficar desequilibrada.<br />

Sentido único: muitos tecidos estampados precisam ser cortado sempre na<br />

mesma direção. Tecidos felpados têm sentido único para os cortes.<br />

Sexy: palavra inglesa. Diz-se de uma mulher que tem um encanto sedutor, de<br />

um filme, duma revista, duma publicação, que apresenta um caráter erótico.<br />

Shamisen: instrumento de três cordas.<br />

Shimada: peruca.<br />

Shimedaiko: tambor pequeno.<br />

Shiro: branco.<br />

Shiro-maku: quimono usado pela noiva, tradicionalmente branco.<br />

Shodô: arte da caligrafia com pincel.<br />

Sol: Deusa xintoísta.<br />

Status: Status é o lugar simbólico que o indivíduo ocupa em um sistema de<br />

hierarquização social. Para o sociólogo Max Weber, status é uma categoria<br />

social que remete à posição que o sujeito ocupa em um determinado sistema<br />

de estratificação social. Na sociedade capitalista como a nossa esse sistema<br />

de estratificação é chamado também de pirâmide social e a classificação ou<br />

divisão por estratos (camadas) corresponde a um nível de status social. Como<br />

esse sistema de estratificação social permite mobilidade (mudança) de uma<br />

camada a outra, dizemos que o indivíduo pode mudar de status social.<br />

Street wear: <strong>moda</strong> de rua.<br />

Suiboku-ga: pintura de origem chinesa, em preto e branco. É uma pintura feita<br />

em água e tinta preta.<br />

Suke: significa do sexo feminino.<br />

Sukeban: estilo comum na década de 60, formado por gangues de meninas<br />

que cometiam atos de violência e roubavam itens em lojas.<br />

Sumô: luta entre dois gigantes de até 250kg que ficam empurrando um ou<br />

outro em um círculo de 4,5 metros. O primeiro que tocar o chão com qualquer<br />

parte do corpo, menos os pés ou pisar fora do ringue perde a luta.<br />

T<br />

Tabi: meia de algodão na altura dos tornozelos ou metade das caneas, com<br />

divisão para o dedão do pé, com abertura voltada para o lado entre as pernas.<br />

Take: bambu.<br />

Teologia: Ciência da religião, das coisas divinas; doutrina católica; curso de<br />

estudos teológicos; tratado de Deus; reunião de teólogos.<br />

Tesoura de tecidos: variedade de tesouras de lâminas compridas para<br />

trabalhos pedados.<br />

Tesouras: o costureiro ou alfaiate precisa de uma variedade de tesouras<br />

especiais para cortar os materiais: tesoura de papel, de tecido, tesou elétrica,<br />

tesoura de alfaiate, de bordado, de aparar.<br />

Toile: roupa-teste de morim ou musselina.<br />

Traçado: o plano para disposição das peças do molde feito conforme a largura<br />

ou o tipo de tecido.


148<br />

Transpassada: parte frontal sobreposta de uma jaqueta ou de uma saiaenvelope.<br />

Transpassado: lapela bem larga cruzada na frente da roupa, geralmente com<br />

duas fileiras simétrica de botões.<br />

Tsuke: ligar.<br />

Tsuru: ave-símbolo do Japão, conhecido como o grou.<br />

U<br />

Uchikake: vestido de noiva.<br />

Ume: ameixeira.<br />

Umeboshi: bolinha de cor vermelha que decora o arroz branco.<br />

Unissex: palavra de origem inglesa. Diz-se da roupa, peça de roupa,<br />

penteado, etc., que pode ser usado indistintamente tanto por homem como por<br />

mulher.<br />

V<br />

Viés real: a linha diagonas de 45° do tecido, o ponto mais maleável.<br />

Viés: o sentido diagonal ou o ângulo de 45 graus quando a trama é<br />

entrelaçada ao urdume.<br />

Vira: tira de tecido que cobre a bainha do bolso; bainha canelada na malharia.<br />

Visualkey: estilo dos japoneses se vestirem como algum personagem de<br />

banda. As bandas geralmente são de rock, em que todos os artistas são<br />

homens e se vestem com roupas femininas.<br />

Vista: abotoamento escondido sob tira de tecido, geralmente usado em<br />

casacos.<br />

Vivo: fita ou tecido colocado sobre a costura para esconder ou decorar a<br />

bainha.<br />

W<br />

Wakizashi: espada de samurai com lâmina de 40 cm.<br />

Wakufu: roupa <strong>japonesa</strong>.<br />

Waraji: sandálias de palha trançada. Bastante comum décadas atrás,<br />

atualmente são mais usadas por monges.<br />

WGSN: líder mundial no serviço de pesquisa on-line, análise de tendências e<br />

notícias para as industrias de <strong>moda</strong> e estilo<br />

X<br />

Xintoísmo: antiga religião <strong>japonesa</strong> que significa “o caminho dos deuses”.<br />

Seus seguidores acreditavam em espíritos que viviam nos deuses, na natureza<br />

e no imperador.<br />

Xogun ou Shogun: título dado a um senhor da guerra, que significa “grande<br />

general supremo conquistador dos bárbaros”. Os xoguns sempre provinham da<br />

classe guerreira, os samurais.<br />

Y


149<br />

Yamambas: jovens que culturam o exagero. Estudantes colegiais que usam<br />

maquiagem carregada, com contorno nos olhos e os lábios pintados de branco.<br />

O tom da pele é moreno e os cabelos são longos tingidos.<br />

Yayoi: sítio arqueológico. Nome dado ao povo que foi encontrado nesse sítio<br />

pela primeira vez. Os Yayois influenciaram na formação do tipo físico japonês,<br />

substituíram a plantação de milho pelo cultivo do arroz e inplantaram a cultura<br />

de construção dos túmulos.<br />

Yõfuku: roupa ocidental.<br />

Yûjos: mulheres do prazer, prostitutas jovens.<br />

Z<br />

Ziguezague: o ponto de costura usado com fins decorativos ou para permitir<br />

que a costura estique no locar.<br />

Zíper: tipo de fecho encontrado em uma grande variedade de tipos com<br />

diversas aplicações na <strong>moda</strong>.<br />

Zõri: sandália com acabamento em tecido, couro ou plástico. Os femininos são<br />

estreiros e possuem a ponta mais ovalada e os masculinos são mais largo,<br />

retangulares, com as extreminades arredondadas.


150<br />

APÊNDICE A<br />

CRISTIANE BOARETTO<br />

REF: 001 MARCA: Walter Rodrigues DATA: 10/11/2011<br />

COLEÇÃO: Inverno 2012 MATÉRIA- PRIMA: Crepe Estampado (100% poliéster)<br />

Cetim (100% poliéster)<br />

Veludo com elastano (90% poliéster, 10% elastano)<br />

TAMANHO: P<br />

( x ) F ( ) M ( ) I<br />

RESPONSÁVEL: Cristiane Boaretto<br />

DESCRIÇÃO DA PEÇA:<br />

a) Vestido curto, comprimento acima do joelho<br />

b) Modelo tomara-que-caia, com recorte princesa apenas na parte do busto<br />

c) Acinturado, com faixa localizada acima da cintura para marcar o busto<br />

d) Corte meio godê da saia do vestido em viés no tecido de crepe estampado<br />

e) Forro do vestido em tecido de cetim<br />

f) Laço em tecido de veludo com elastano, com enchimento interno de fibra, preso no centro das costas<br />

g) Faixa de 7 cm costurada na peça em tecido de veludo com elastano.<br />

h)<br />

i)<br />

j)<br />

l )<br />

m)<br />

SERVIÇOS TERCEIRIZADOS:<br />

a) Liz Rodrigues - Costureira<br />

b) Lole Viana - Costureira<br />

c)<br />

DESENHO TÉCNICO:


151<br />

INSUMOS I:<br />

CODIGO ITEM COMPOSIÇÃO CONSUMO/UN FORNECEDOR CUSTO/UN<br />

001 Crepe<br />

100% poliéster 1,50 metros Entre Malhas 9,98 metro<br />

Estampado<br />

002 Veludo com 90% poliéster 40 cm Entre Malhas 57,80 metro<br />

elastano<br />

10% elastano<br />

003 Cetim 100% poliéster 1,60 metros Entre Malhas 4,40 metro<br />

004 Crepe Chiffon 100% poliéster 30 cm Entre Malhas 5,20 metro<br />

INSUMOS II:<br />

CODIGO ITEM COMPOSIÇÃO CONSUMO/UM FORNECEDOR CUSTO/UN<br />

001 Zíper 60cm 100% poliéster 1 unidade Central de Aviamentos 4,50 un<br />

002 Gancho 100% aço 3 pares Central de Aviamentos 2,60/100 un<br />

003 Bojo 60% poliuretano 1 par Entre Malhas 2,80 par<br />

40% poliéster<br />

004 Linha 100% poliéster 15 metros Central de Aviamentos 0,90<br />

005 Fibra 100% poliamida 10 cm Entre Malhas 3,60 grama<br />

006 Entretela 100% poliéster 10 cm Central de Aviamentos 12,90 metro<br />

TABELA DE MEDIDAS:<br />

A. Circunferência da cintura<br />

B. Circunferência do quadril<br />

C. Circunferência do busto<br />

D. Circunferência acima do busto<br />

E. Circunferência abaixo do busto<br />

F. Comprimento total<br />

G.<br />

H.<br />

I.<br />

PP P M G GG<br />

34/36 38 40/42 44/46 48/50<br />

74<br />

120<br />

82<br />

79<br />

70<br />

80<br />

SEQUENCIA PRODUTIVA:<br />

AÇAO SETOR RESPONSAVEL MAQUINARIO TEMPO CUSTO<br />

Unir partes do busto Costura Cristiane Boaretto Doméstica 3hs 12,00<br />

Unir saia com busto Costura Cristiane Boaretto Doméstica 10h 45min 5,00<br />

Unir laterias Costura Cristiane Boaretto Industrial reta 3h 30min -<br />

Unir frente e costas Costura Cristiane Boaretto Industrial reta 8hs 30,00<br />

Acabamento das costuras Costura Cristiane Boaretto Overloque 20 min 5,00<br />

Colocação do zíper Costura Liz Rodrigues Industrial reta 1hs 20,00<br />

Colocação do bojo Costura Liz Rodrigues Industrial reta 2hs 5,00<br />

Fechamento do busto Costura Cristiane Boaretto Industrial reta 1hs 30,00<br />

Colocação do fio de náilon Costura Lole Viana Industrial reta 40 min -<br />

Revisão Acabamento Cristiane Boaretto Manual - -<br />

COMBINAÇÕES DE CORES:<br />

COR 1 COR 2 COR 3<br />

COMB 1 Preto Vermelho Estampa<br />

floral<br />

COMB 2<br />

COD ITEM LOCALIZA<br />

ÇÃO<br />

ETIQUETAS:<br />

FORNECE<br />

DOR<br />

CON<br />

SUMO<br />

CUST<br />

O<br />

EMBALAGEM:<br />

CODIGO ITEM FORNECEDOR CON CUSTO<br />

001 Cabide Nacional 1 un 3,90<br />

002 Capa Central<br />

1 un 24,00/ CUSTO TOTAL: PREÇO VENDA:<br />

cabide Aviamentos<br />

1.000 un<br />

CODIGO ITEM FORNECEDOR CON CUSTO R$ 145,00 R$ 250,00


152<br />

APÊNDICE B<br />

CRISTIANE BOARETTO<br />

REF: 002 MARCA: Walter Rodrigues DATA: 10/11/2011<br />

COLEÇÃO: Inverno 2012 MATÉRIA- PRIMA: Crepe Estampado (100% poliéster)<br />

Crepe Chiffon (100% poliéster)<br />

Cetim (100% poliéster)<br />

Veludo com elastano (90% poliéster, 10% elastano)<br />

TAMANHO: P<br />

( x ) F ( ) M ( ) I<br />

RESPONSÁVEL: Cristiane Boaretto<br />

DESCRIÇÃO DA PEÇA:<br />

a) Vestido longo, comprimento até a planta do pé<br />

b) Modelo tomara-que-caia, com recorte princesa apenas na parte do busto<br />

c) Acinturado, com faixa localizada acima da cintura para marcar o busto<br />

d) Corte meio godê das saias do vestido em viés no tecido de crepe chiffon e crepe estampado<br />

e) Forro do vestido em tecido de cetim<br />

f) Laço em tecido de veludo com elastano, com enchimento interno de fibra, preso no centro das costas<br />

g) Faixa de 7 cm costurada na peça em tecido de veludo com elastano.<br />

h) Saias do vestido recortadas conforme desenho técnico, formando desenhos de losangos<br />

SERVIÇOS TERCEIRIZADOS:<br />

a) Marilene Piovezan - Costureira<br />

b) Lole Viana - Costureira<br />

c)<br />

DESENHO TÉCNICO:


153<br />

INSUMOS I:<br />

CODIGO ITEM COMPOSIÇÃO CONSUMO/UN FORNECEDOR CUSTO/UN<br />

001 Crepe<br />

100% poliéster 3,5 metros Entre Malhas 9,98 metro<br />

Estampado 1<br />

002 Veludo com 90% poliéster 40 cm Entre Malhas 57,80 metro<br />

elastano<br />

10% elastano<br />

003 Cetim 100% poliéster 3,5 metros Entre Malhas 4,40 metro<br />

004 Crepe Chiffon 100% poliéster 8,5 metros Entre Malhas 5,20 metro<br />

005 Crepe<br />

Estampado 2<br />

100% poliéster 2 metros Entre Malhas 9,98 metro<br />

INSUMOS II:<br />

CODIGO ITEM COMPOSIÇÃO CONSUMO/UM FORNECEDOR CUSTO/UN<br />

001 Zíper 60cm 100% poliéster 1 unidade Central de Aviamentos 4,50 unidade<br />

002 Gancho 100% aço 3 pares Central de Aviamentos 2,60/ 100 un<br />

003 Bojo 60% poliuretano 1 par Entre Malhas 2,80 par<br />

40% poliéster<br />

004 Linha 100% poliéster 15 metros Central de Aviamentos 0,90<br />

005 Fibra 100% poliamida 10 cm Entre Malhas 3,60 grama<br />

006 Entretela 100% poliéster 10 cm Central de Aviamentos 12,90 metro<br />

TABELA DE MEDIDAS:<br />

A. Circunferência da cintura<br />

B. Circunferência do quadril<br />

C. Circunferência do busto<br />

D. Circunferência acima do busto<br />

E. Circunferência abaixo do busto<br />

F. Comprimento total<br />

G.<br />

PP P M G GG<br />

34/36 38 40/42 44/46 48/50<br />

74<br />

120<br />

82<br />

79<br />

70<br />

129<br />

SEQUENCIA PRODUTIVA:<br />

AÇAO SETOR RESPONSAVEL MAQUINARIO TEMPO CUSTO<br />

Unir partes do busto Costura Cristiane Boaretto Doméstica 3hs 12,00<br />

Unir saia com busto Costura Cristiane Boaretto Doméstica 1h 30min 5,00<br />

Unir saias Costura Cristiane Boaretto Doméstica 1h 50min -<br />

Unir laterias Costura Cristiane Boaretto Doméstica 4h 30min -<br />

Unir frente e costas Costura Cristiane Boaretto Doméstica 12 hs -<br />

Acabamento das Costura Cristiane Boaretto Overloque 12 hs 100,00<br />

costuras<br />

Colocação do zíper Costura Marilene Piovezan Industrial reta 2 hs 80,00<br />

Colocação do bojo Costura Marilene Piovezan Industrial reta 4 hs 50,00<br />

Fechamento do busto Costura Cristiane Boaretto Industrial reta 2 hs -<br />

Finalização com náilon Costura Lole Viana Industrial reta 4 hs 50,00<br />

Revisão Acabamento Cristiane Boaretto Manual - -<br />

COMBINAÇÕES DE CORES:<br />

ETIQUETAS:<br />

COR COR 2 COR 3 COR 4 COR 5<br />

1<br />

COMB 1 Preto Branco Estampa Estampa Vermelho<br />

floral 1 flora 2<br />

COMB<br />

2<br />

CODIG<br />

O<br />

ITEM<br />

LOCALI<br />

ZAÇÃO<br />

FORNEC<br />

EDOR<br />

CONSUM<br />

O<br />

CUS<br />

TO<br />

EMBALAGEM:<br />

CODIGO ITEM FORNECEDOR CON CUSTO<br />

001 Cabide Nacional 1 un 3,90 un<br />

002 Capa<br />

cabide<br />

Central<br />

Aviamentos<br />

1 un 24,00/<br />

1.000 un<br />

CUSTO TOTAL:<br />

R$ 385,00<br />

PREÇO VENDA:<br />

R$ 950,00


154<br />

APÊNDICE C<br />

CRISTIANE BOARETTO<br />

REF: 003 MARCA: Walter Rodrigues DATA: 10/11/2011<br />

COLEÇÃO: Inverno 2012 MATÉRIA- PRIMA: Crepe Estampado (100% poliéster)<br />

Crepe Chiffon (100% poliéster<br />

Cetim (100% poliéster)<br />

Veludo com elastano (90% poliéster, 10% elastano)<br />

TAMANHO: P<br />

( x ) F ( ) M ( ) I<br />

RESPONSÁVEL: Cristiane Boaretto<br />

DESCRIÇÃO DA PEÇA:<br />

a) Vestido longo, comprimento até o chão<br />

b) Modelo tomara-que-caia, com recorte princesa apenas na parte do busto<br />

c) Acinturado, com faixa localizada acima da cintura para marcar o busto<br />

d) Corte reto com aumento a partir da altura do joelho da saia do vestido em viés no tecido de crepe chiffon<br />

e) Forro do vestido em tecido de cetim<br />

f) Laço em tecido de veludo com elastano, com enchimento interno de fibra, preso no centro das costas<br />

g) Faixa de 7 cm costurada na peça em tecido de veludo com elastano.<br />

h) Modelo de vestido tubinho com alargamento lateral a partir da altura do joelho<br />

SERVIÇOS TERCEIRIZADOS:<br />

a) Marilene Piovezan - Costureira<br />

b)<br />

c)<br />

DESENHO TÉCNICO:


155<br />

INSUMOS I:<br />

CODIGO ITEM COMPOSIÇÃO CONSUMO/UN FORNECEDOR CUSTO/UN<br />

001 Crepe<br />

100% poliéster 50 cm Entre Malhas 9,98 metro<br />

Estampado<br />

002 Veludo com 90% poliéster 40 cm Entre Malhas 57,80 metro<br />

elastano<br />

10% elastano<br />

003 Cetim 100% poliéster 2,5 metros Entre Malhas 4,40 metro<br />

004 Crepe Chiffon 100% poliéster 2,5 metros Entre Malhas 5,20 metro<br />

INSUMOS II:<br />

CODIGO ITEM COMPOSIÇÃO CONSUMO/UM FORNECEDOR CUSTO/UN<br />

001 Zíper 60cm 100% poliéster 1 unidade Central de Aviamentos 4,50 un<br />

002 Bojo 60% poliuretano 1 par Entre Malhas 2,60 par<br />

40% poliéster<br />

003 Linha 100% poliéster 15 metros Central de Aviamentos 0,90<br />

004 Fibra 100% poliamida 10 cm Entre Malhas 3,60 grama<br />

005 Entretela 100% poliéster 10 cm Central de Aviamentos 12,90 metro<br />

TABELA DE MEDIDAS:<br />

A. Circunferência da cintura<br />

B. Circunferência do quadril<br />

C. Circunferência do busto<br />

D. Circunferência acima do busto<br />

E. Circunferência abaixo do busto<br />

F. Comprimento total<br />

G.<br />

PP P M G GG<br />

34/36 38 40/42 44/46 48/50<br />

74<br />

120<br />

82<br />

79<br />

70<br />

129<br />

SEQUENCIA PRODUTIVA:<br />

AÇAO SETOR RESPONSAVEL MAQUINARIO TEMPO CUSTO<br />

Unir partes do busto Costura Cristiane Boaretto Industrial reta 3hs 12,00<br />

Colocação das faixas no busto Costura Cristiane Boaretto Industrial reta 50 min -<br />

Unir saia com busto Costura Cristiane Boaretto Industrial reta 1h -<br />

Unir saias Costura Cristiane Boaretto Industrial reta 3h 30min -<br />

Unir laterias Costura Cristiane Boaretto Industrial reta 8hs 20,00<br />

Unir frente e costas Costura Cristiane Boaretto Industrial reta 3hs 35,00<br />

Acabamento das costuras Costura Marilene Piovezan Overloque 2hs 30,00<br />

Colocação do zíper Costura Marilene Piovezan Industrial reta 1hs 20,00<br />

Colocação do bojo Costura Marilene Piovezan Industrial reta 50min 10,00<br />

Fechamento do busto Costura Cristiane Boaretto Industrial reta 10min -<br />

Finalização com náilon Costura Lole Viana Industrial reta 50min 45,00<br />

Revisão Acabamento Cristiane Boaretto Manual - -<br />

COMBINAÇÕES DE CORES:<br />

COMB<br />

1<br />

COMB<br />

2<br />

COR 1 COR 2 COR 3<br />

Branco Vermelho Estampa<br />

floral<br />

Estampa<br />

floral<br />

CODIG<br />

O<br />

ITEM<br />

ETIQUETAS:<br />

LOCALI<br />

ZA ÇÃO<br />

FORNEC<br />

E DOR<br />

CON<br />

SUMO<br />

CUSTO<br />

EMBALAGEM:<br />

CODIGO ITEM FORNECEDOR CON CUSTO<br />

001 Cabide Nacional 1 un 3,90 un<br />

002 Capa<br />

cabide<br />

Central<br />

Aviamentos<br />

1 un 24,00/<br />

1.000 un<br />

CUSTO TOTAL:<br />

R$ 147,00<br />

PREÇO VENDA:<br />

R$ 310,00


156<br />

CRISTIANE BOARETTO<br />

APÊNDICE D<br />

REF: 004 MARCA: Walter Rodrigues DATA: 10/11/2011<br />

COLEÇÃO: Inverno 2012 MATÉRIA- PRIMA: Crepe Estampado (100% poliéster)<br />

Crepe Chiffon (100% poliéster)<br />

Cetim (100% poliéster)<br />

Veludo com elastano (90% poliéster, 10% elastano)<br />

TAMANHO: P<br />

( x ) F ( ) M ( ) I<br />

RESPONSÁVEL: Cristiane Boaretto<br />

DESCRIÇÃO DA PEÇA:<br />

a) Vestido longo, comprimento até o chão<br />

b) Modelo tomara-que-caia, com recorte reto<br />

c) Modelo de vestido tubinho com alargamento lateral a partir da altura do joelho<br />

d) Corte reto com aumento a partir da altura do joelho da saia do vestido em viés no tecido de crepe estampado<br />

e) Forro do vestido em tecido de cetim<br />

f) Possui duas faixas de sobreposição sobre o peito, formando o decote sem ombros, apenas em cima do busto<br />

g) A faixa de sobreposição mais larga, com 10 cm é de veludo com elastano<br />

h) A outra faixa de sobreposição mais estreita, com 5 cm, de crepe estampado<br />

SERVIÇOS TERCEIRIZADOS:<br />

a) Marilene Piovezan - Costureira<br />

b)<br />

c)<br />

DESENHO TÉCNICO:


157<br />

INSUMOS I:<br />

CODIGO ITEM COMPOSIÇÃO CONSUMO/UN FORNECEDOR CUSTO/UN<br />

001 Crepe<br />

100% poliéster 1,5 metrs Entre Malhas 9,98 metro<br />

Estampado<br />

002 Veludo com 90% poliéster 70 cm Entre Malhas 57,80 metro<br />

elastano<br />

10% elastano<br />

003 Cetim 100% poliéster 1,5 metros Entre Malhas 4,40 metro<br />

004 Crepe Chiffon 100% poliéster 50 cm Entre Malhas 5,20 metro<br />

INSUMOS II:<br />

CODIGO ITEM COMPOSIÇÃO CONSUMO/UM FORNECEDOR CUSTO/UN<br />

001 Zíper 60cm 100% poliéster 1 unidade Central de Aviamentos 4,50 un<br />

002 Bojo 60% poliuretano 1 par Entre Malhas 2,80 par<br />

40% poliéster<br />

003 Linha 100% poliéster 15 metros Central de Aviamentos 0,90<br />

004 Entretela 100% poliéster 50 cm Entre Malhas 12,90 metro<br />

TABELA DE MEDIDAS:<br />

A. Circunferência da cintura<br />

B. Circunferência do quadril<br />

C. Circunferência do busto<br />

D. Circunferência acima do busto<br />

E. Circunferência abaixo do busto<br />

F. Comprimento total<br />

G.<br />

H.<br />

I.<br />

PP P M G GG<br />

34/36 38 40/42 44/46 48/50<br />

74<br />

120<br />

82<br />

79<br />

70<br />

129<br />

SEQUENCIA PRODUTIVA:<br />

AÇAO SETOR RESPONSAVEL MAQUINARIO TEMPO CUSTO<br />

Moulage Modelagem Cristiane Boaretto Algodão, tesoura, linha 8hs 12,00<br />

Modelar Modelagem Crsitiane Boaretto Régua, tesoura, papel 5h -<br />

Cortar Corte Cristiane Boaretto Tecido, tesoura, giz, cortador laser 4h 20min -<br />

Costurar Costura Cristiane Boaretto Industrial reta e overloque 5hs 20,00<br />

Acabamentos Costura Marilene Piovezan Industrial reta e overloque 5hs 35,00<br />

Acabamentos Costura Marilene Piovezan Corte a laser 2hs 30,00<br />

COMBINAÇÕES DE CORES:<br />

ETIQUETAS:<br />

COR COR 2 COR 3 COR 4<br />

1<br />

COMB 1 Preto Vermelho Estampa Branco<br />

floral<br />

COMB 2<br />

CODIG<br />

O<br />

ITEM<br />

LOCALIZ<br />

A ÇÃO<br />

FORNECE<br />

DOR<br />

CON<br />

SUMO<br />

CUSTO<br />

EMBALAGEM:<br />

CODIGO ITEM FORNECEDOR CON CUSTO<br />

001 Cabide Nacional 1 un 3,90 un<br />

002 Capa<br />

cabide<br />

Central<br />

Aviamentos<br />

1 un 24,00/<br />

1.000 un<br />

CUSTO TOTAL:<br />

PREÇO VENDA:<br />

R$ 150,00 R$ 350,00


158<br />

APÊNDICE E<br />

CRISTIANE BOARETTO<br />

REF: 005 MARCA: Walter Rodrigues DATA: 10/11/2011<br />

COLEÇÃO: Inverno 2012 MATÉRIA- PRIMA: Crepe Estampado (100% poliéster)<br />

Crepe Chiffon (100% poliéster)<br />

Cetim (100% poliéster)<br />

Veludo com elastano (90% poliéster, 10% elastano)<br />

TAMANHO: P<br />

( x ) F ( ) M ( ) I<br />

RESPONSÁVEL: Cristiane Boaretto<br />

DESCRIÇÃO DA PEÇA:<br />

a) Vestido curto, comprimento acima do joelho<br />

b) Modelo tomara-que-caia, com recorte reto<br />

c) Modelo de vestido tubinho<br />

d) Corte reto da saia do vestido em viés no tecido de crepe chiffon<br />

e) Forro do vestido em tecido de cetim<br />

f) Possui duas faixas de sobreposição sobre o peito, formando o decote sem ombros, apenas em cima do busto<br />

g) A faixa de sobreposição mais larga, com 10 cm é de veludo com elastano<br />

h) A outra faixa de sobreposição mais estreita, com 5 cm, de crepe estampado<br />

SERVIÇOS TERCEIRIZADOS:<br />

a) Marilene Piovezan - Costureira<br />

b)<br />

c)<br />

DESENHO TÉCNICO:


159<br />

INSUMOS I:<br />

CODIGO ITEM COMPOSIÇÃO CONSUMO/UN FORNECEDOR CUSTO/UN<br />

001 Crepe<br />

100% poliéster 50 cm Entre Malhas 9,98 metro<br />

Estampado<br />

002 Veludo com 90% poliéster 70 cm Entre Malhas 57,80 metro<br />

elastano<br />

10% elastano<br />

003 Cetim 100% poliéster 1,5 metros Entre Malhas 4,40 metro<br />

004 Crepe Chiffon 100% poliéster 1,5 metros Entre Malhas 5,20 metro<br />

INSUMOS II:<br />

CODIGO ITEM COMPOSIÇÃO CONSUMO/UM FORNECEDOR CUSTO/UN<br />

001 Zíper 60cm 100% poliéster 1 unidade Central de Aviamentos 4,50 un<br />

002 Bojo 60% poliuretano 1 par Entre Malhas 2,80 par<br />

40% poliéster<br />

003 Linha 100% poliéster 15 metros Entre Malhas 0,90<br />

004 Entretela 100% poliéster 50 cm Entre Malhas 12,90 metro<br />

TABELA DE MEDIDAS:<br />

A. Circunferência da cintura<br />

B. Circunferência do quadril<br />

C. Circunferência do busto<br />

D. Circunferência acima do busto<br />

E. Circunferência abaixo do busto<br />

F. Comprimento total<br />

G.<br />

H.<br />

I.<br />

PP P M G GG<br />

34/36 38 40/42 44/46 48/50<br />

74<br />

120<br />

82<br />

79<br />

70<br />

70<br />

SEQUENCIA PRODUTIVA:<br />

AÇAO SETOR RESPONSAVEL MAQUINARIO TEMPO CUSTO<br />

Moulage Modelagem Cristiane Boaretto Algodão, tesoura, linha 4hs 32,00<br />

Modelar Modelagem Crsitiane Boaretto Régua, tesoura, papel 3h -<br />

Cortar Corte Cristiane Boaretto Tecido, tesoura, giz, cortador laser 3h 30min -<br />

Costurar Costura Cristiane Boaretto Industrial reta e overloque 4hs -<br />

Acabamentos Costura Marilene Piovezan Industrial reta e overloque 2hs 30,00<br />

Acabamentos Costura Marilene Piovezan Corte a laser 2hs 30,00<br />

COMBINAÇÕES DE CORES:<br />

ETIQUETAS:<br />

COMB<br />

1<br />

COMB<br />

2<br />

COR<br />

1<br />

COR 2 COR 3<br />

Branco Vermelho Estampa<br />

floral<br />

CODIG<br />

O<br />

ITEM<br />

LOCALIZA<br />

ÇÃO<br />

FORNECE<br />

DOR<br />

CON<br />

SUMO<br />

CUSTO<br />

EMBALAGEM:<br />

CODIGO ITEM FORNECEDOR CON CUSTO<br />

001 Cabide Nacional 1 un 3,60 un<br />

002 Capa<br />

cabide<br />

Central<br />

Aviamentos<br />

1 un 24,00/<br />

1.000 un<br />

CUSTO TOTAL:<br />

PREÇO VENDA:<br />

R$ 140,00 R$ 300,00


160<br />

APÊNDICE F<br />

CRISTIANE BOARETTO<br />

REF: 006 MARCA: Walter Rodrigues DATA: 10/11/2011<br />

COLEÇÃO: Inverno 2012 MATÉRIA- PRIMA: Crepe Chiffon (100% poliéster)<br />

Cetim (100% poliéster)<br />

TAMANHO: P<br />

( x ) F ( ) M ( ) I<br />

RESPONSÁVEL: Cristiane Boaretto<br />

DESCRIÇÃO DA PEÇA:<br />

a) Vestido curto, comprimento acima do joelho<br />

b) Modelo tomara-que-caia, com recorte princesa apenas na parte do busto<br />

c) Acinturado, com recorte acima da cintura para marcar o busto<br />

d) Corte meio godê da saia do vestido em viés no tecido de crepe chiffon<br />

e) Forro do vestido em tecido de cetim<br />

SERVIÇOS TERCEIRIZADOS:<br />

a) Liz Rodrigues - Costureira<br />

b) Lole Viana - Costureira<br />

c)<br />

DESENHO TÉCNICO:


161<br />

INSUMOS I:<br />

CODIGO ITEM COMPOSIÇÃO CONSUMO/UN FORNECEDOR CUSTO/UN<br />

001 Crepe Chiffon 100% poliéster 1,60 cm Entre Malhas 5,20 metro<br />

002 Cetim 100% poliéster 1,60 cm Entre Malhas 4,40 metro<br />

INSUMOS II:<br />

CODIGO ITEM COMPOSIÇÃO CONSUMO/UM FORNECEDOR CUSTO/UN<br />

001 Zíper 60cm 100% poliéster 1 unidade Central de Aviamentos 4,50 un<br />

002 Bojo 60% poliuretano 1 par Entre Malhas 2,80 par<br />

40% poliéster<br />

003 Linha 100% poliéster 10 metros Entre Malhas 0,90<br />

TABELA DE MEDIDAS:<br />

A. Circunferência da cintura<br />

B. Circunferência do quadril<br />

C. Circunferência do busto<br />

D. Circunferência acima do busto<br />

E. Circunferência abaixo do busto<br />

F. Comprimento total<br />

G.<br />

H.<br />

I.<br />

PP P M G GG<br />

34/36 38 40/42 44/46 48/50<br />

74<br />

120<br />

82<br />

79<br />

70<br />

80<br />

SEQUENCIA PRODUTIVA:<br />

AÇAO SETOR RESPONSAVEL MAQUINARIO TEMPO CUSTO<br />

Moulage Modelagem Cristiane Boaretto Algodão, tesoura, linha 0hs -<br />

Modelar Modelagem Cristiane Boaretto Régua, tesoura, papel 0hs -<br />

Cortar Corte Cristiane Boaretto Tecido, tesoura, giz, cortador laser 3h 30min -<br />

Costurar Costura Cristiane Boaretto Industrial reta, overloque 5 fios 5hs 20,00<br />

Acabamentos Costura Liz Rodrigues Overloque 5 fios 1hs 20,00<br />

Acabamentos Costura Cristiane Boaretto Vela 1hs 5,00<br />

Finalização Costura Lole Viana Fio de nylon, industrial reta 1 hs 30,00<br />

COMBINAÇÕES DE CORES:<br />

COMB<br />

1<br />

COMB<br />

2<br />

COR<br />

1<br />

Branco<br />

COR 2 COR 3<br />

CODIG<br />

O<br />

ITEM<br />

LOCALIZA<br />

ÇÃO<br />

ETIQUETAS:<br />

FORNECE<br />

DOR<br />

CON<br />

SUMO<br />

CUSTO<br />

EMBALAGEM:<br />

CODIGO ITEM FORNECEDOR CON CUSTO<br />

001 Cabide Nacional 1 un 3,60 un<br />

002 Capa<br />

cabide<br />

Central<br />

Aviamentos<br />

1 un 24,00/<br />

1.000 un<br />

CUSTO TOTAL:<br />

PREÇO VENDA:<br />

R$ 97,00 R$ 150,00


162<br />

APÊNDICE G<br />

CRISTIANE BOARETTO<br />

REF: 007 MARCA: Walter Rodrigues DATA: 10/11/2011<br />

COLEÇÃO: Inverno 2012 MATÉRIA- PRIMA: Crepe Estampado (100% poliéster)<br />

Cetim (100% poliéster)<br />

Veludo com elastano (90% poliéster, 10% elastano)<br />

TAMANHO: P<br />

( x ) F ( ) M ( ) I<br />

RESPONSÁVEL: Cristiane Boaretto<br />

DESCRIÇÃO DA PEÇA:<br />

a) Casaqueto curto, com comprimento abaixo do busto<br />

b) Modelo sem gola, acinturado<br />

c) Manga curta e estruturada estilo <strong>japonesa</strong><br />

d) Corte no fio reto no tecido de crepe estampado<br />

e) Forro do casaqueto em tecido de cetim<br />

f) Acabamento de veludo com elastano na gola, na abertura do casaqueto e na bainha<br />

SERVIÇOS TERCEIRIZADOS:<br />

a) Liz Rodrigues - Costureira<br />

b)<br />

c)<br />

DESENHO TÉCNICO:


163<br />

INSUMOS I:<br />

CODIGO ITEM COMPOSIÇÃO CONSUMO/UN FORNECEDOR CUSTO/UN<br />

001 Crepe<br />

100% poliéster 1 metro Entre Malhas 9,98 metro<br />

Estampado<br />

002 Cetim 100% poliéster 1 metro Entre Malhas 4,40 metro<br />

003 Veludo com<br />

elastano<br />

90% poliéster<br />

10% elastano<br />

50 cm Entre Malhas 57,80 metro<br />

INSUMOS II:<br />

CODIGO ITEM COMPOSIÇÃO CONSUMO/UM FORNECEDOR CUSTO/UN<br />

001 Linha 100% poliéster 10 metros Central de Aviamentos 0,90<br />

002 Entretela 100% poliéster 20 cm Central de Aviamentos 12,90 metro<br />

TABELA DE MEDIDAS:<br />

A. Circunferência da cintura<br />

B. Circunferência do busto<br />

C. Comprimento total<br />

D. Comprimento da manga<br />

E. Largura do braço<br />

F. Comprimento do ombro<br />

G.<br />

H.<br />

I.<br />

PP P M G GG<br />

34/36 38 40/42 44/46 48/50<br />

74<br />

82<br />

40<br />

20<br />

28,5<br />

12<br />

SEQUENCIA PRODUTIVA:<br />

AÇAO SETOR RESPONSAVEL MAQUINARIO TEMPO CUSTO<br />

Modelar Modelagem Cristiane Boaretto Régua, tesoura, papel 3hs -<br />

Cortar Corte Cristiane Boaretto Tecido, tesoura, giz, cortador laser 1h -<br />

Costurar Costura Cristiane Boaretto Industrial reta, overloque 5 fios 5hs 20,00<br />

Acabamentos Costura Liz Rodrigues Overloque 5 fios 1hs 20,00<br />

Acabamentos Costura Liz Rodrigues Industrial reta 1hs 15,00<br />

COMBINAÇÕES DE CORES:<br />

COMB<br />

1<br />

COMB<br />

2<br />

COR 1 COR 2 COR<br />

3<br />

Vermelho Estampa Preto<br />

floral<br />

CODIG<br />

O<br />

ITEM<br />

LOCALIZA<br />

ÇÃO<br />

ETIQUETAS:<br />

FORNECE<br />

DOR<br />

CON<br />

SUMO<br />

CUSTO<br />

EMBALAGEM:<br />

CODIGO ITEM FORNECEDOR CON CUSTO<br />

001 Cabide Nacional 1 un 3,60 un<br />

002 Capa<br />

cabide<br />

Central<br />

Aviamentos<br />

1 un 24,00/<br />

1.000 un<br />

CUSTO TOTAL:<br />

PREÇO VENDA:<br />

R$ 93,00 R$ 140,00


164<br />

APÊNDICE H<br />

CRISTIANE BOARETTO<br />

REF: 008 MARCA: Walter Rodrigues DATA: 10/11/2011<br />

COLEÇÃO: Inverno 2012 MATÉRIA- PRIMA: Crepe Estampado (100% poliéster)<br />

Cetim (100% poliéster)<br />

TAMANHO: P<br />

( x ) F ( ) M ( ) I<br />

RESPONSÁVEL: Cristiane Boaretto<br />

DESCRIÇÃO DA PEÇA:<br />

a) Vestido curto, comprimento acima do joelho<br />

b) Modelo tomara-que-caia, com recorte reto<br />

c) Acinturado, com recorte abaixo do busto<br />

d) Corte meio godê da saia do vestido em viés no tecido de crepe estampado<br />

e) Forro do vestido em tecido de cetim<br />

f) Vestido tubinho reto, não totalmente justo ao corpo<br />

g)<br />

h)<br />

i)<br />

j)<br />

l )<br />

m)<br />

SERVIÇOS TERCEIRIZADOS:<br />

a) Liz Rodrigues - Costureira<br />

b)<br />

c)<br />

DESENHO TÉCNICO:


165<br />

INSUMOS I:<br />

CODIGO ITEM COMPOSIÇÃO CONSUMO/UN FORNECEDOR CUSTO/UN<br />

001 Crepe<br />

100% poliéster 1,60 metros Entre Malhas 9,98 metro<br />

Estampado<br />

002 Cetim 100% poliéster 1,60 metros Entre Malhas 4,40 metro<br />

INSUMOS II:<br />

CODIGO ITEM COMPOSIÇÃO CONSUMO/UM FORNECEDOR CUSTO/UN<br />

001 Zíper 60cm 100% poliéster 1 unidade Central de Aviamentos 4,50 un<br />

002 Bojo 60% poliuretano 1 par Entre Malhas 5,60 par<br />

40% poliéster<br />

003 Linha 100% poliéster 15 metros Central de Aviamentos 0,90<br />

004 Entretela 100% poliéster 20 cm Central de Aviamentos 12,90 metro<br />

TABELA DE MEDIDAS:<br />

A. Circunferência da cintura<br />

B. Circunferência do quadril<br />

C. Circunferência do busto<br />

D. Circunferência acima do busto<br />

E. Circunferência abaixo do busto<br />

F. Comprimento total<br />

G.<br />

H.<br />

I.<br />

PP P M G GG<br />

34/36 38 40/42 44/46 48/50<br />

74<br />

120<br />

82<br />

79<br />

70<br />

80<br />

SEQUENCIA PRODUTIVA:<br />

AÇAO SETOR RESPONSAVEL MAQUINARIO TEMPO CUSTO<br />

Moulage Modelagem Cristiane Boaretto Algodão, tesoura, linha 3hs 12,00<br />

Modelar Modelagem Cristiane Boaretto Régua, tesoura, papel 5h 45min 5,00<br />

Cortar Corte Cristiane Boaretto Tecido, tesoura, giz, cortador laser 3h 30min -<br />

Costurar Costura Cristiane Boaretto Industrial reta, overloque 5 fios 4hs 30,00<br />

Acabamentos Costura Liz Rodrigues Overloque 5 fios 2hs 20,00<br />

Finalização Costura Liz Rodrigues Industrial reta 1 hs 10,00<br />

COMBINAÇÕES DE CORES:<br />

COMB<br />

1<br />

COMB<br />

2<br />

COR<br />

1<br />

Preto<br />

COR 2 COR 3<br />

Estampa<br />

floral<br />

CODIG<br />

O<br />

ITE<br />

M<br />

LOCALIZA<br />

ÇÃO<br />

ETIQUETAS:<br />

FORNECE<br />

DOR<br />

CON<br />

SUMO<br />

CUST<br />

O<br />

EMBALAGEM:<br />

CODIGO ITEM FORNECEDOR CON CUSTO<br />

001 Cabide Nacional 1 un 3,60 un<br />

002 Capa<br />

cabide<br />

Central<br />

Aviamentos<br />

1 un 24,00/<br />

1.000 un<br />

CUSTO TOTAL:<br />

VENDA:<br />

PREÇO<br />

R$ 105,00 R$ 190,00


166<br />

APÊNDICE I<br />

CRISTIANE BOARETTO<br />

REF: 009 MARCA: Walter Rodrigues DATA: 10/11/2011<br />

COLEÇÃO: Inverno 2012 MATÉRIA- PRIMA: Crepe Chiffon (100% poliéster)<br />

Cetim (100% poliéster)<br />

Veludo com elastano (90% poliéster, 10% elastano)<br />

TAMANHO: P<br />

( x ) F ( ) M ( ) I<br />

RESPONSÁVEL: Cristiane Boaretto<br />

DESCRIÇÃO DA PEÇA:<br />

a) Casaco comprido, com comprimento abaixo do quadril<br />

b) Modelo sem gola, acinturado<br />

c) Manga longa com o punho dobrado<br />

d) Corte no fio reto no tecido de crepe chiffon<br />

e) Forro do casaco em tecido de cetim<br />

f) Acabamento em crepe chiffon na gola, na abertura do casaco e na bainha<br />

g) Laço na frente preso a cintura para fazer o fechamento do casaco<br />

h) Laço em tecido de veludo com elastano, com enchimento interno de fibra<br />

i)<br />

j)<br />

l )<br />

m)<br />

SERVIÇOS TERCEIRIZADOS:<br />

a) Liz Rodrigues - Costureira<br />

b)<br />

c)<br />

DESENHO TÉCNICO:


167<br />

INSUMOS I:<br />

CODIGO ITEM COMPOSIÇÃO CONSUMO/UN FORNECEDOR CUSTO/UN<br />

001 Crepe Chiffon 100% poliéster 1,50 metros Entre Malhas 9,98 metro<br />

002 Cetim 100% poliéster 1,50 metros Entre Malhas 4,40 metro<br />

003 Veludo com<br />

elastano<br />

90% poliéster<br />

10% elastano<br />

50 cm Entre Malhas 57,80 metro<br />

INSUMOS II:<br />

CODIGO ITEM COMPOSIÇÃO CONSUMO/UM FORNECEDOR CUSTO/UN<br />

001 Linha 100% poliéster 10 metros Central de Aviamentos 0,90<br />

002 Entretela 100% poliéster 20 cm Central de Aviamentos 12,90 metro<br />

003 Fibra 100% poliamida 10 cm Entre Malhas 3,60 grama<br />

TABELA DE MEDIDAS:<br />

A. Circunferência da cintura<br />

B. Circunferência do busto<br />

C. Comprimento total<br />

D. Comprimento da manga<br />

E. Largura do braço<br />

F. Comprimento do ombro<br />

G. Circunferência do quadril<br />

H.<br />

I.<br />

PP P M G GG<br />

34/36 38 40/42 44/46 48/50<br />

74<br />

82<br />

120<br />

60<br />

28<br />

12<br />

120<br />

SEQUENCIA PRODUTIVA:<br />

AÇAO SETOR RESPONSAVEL MAQUINARIO TEMPO CUSTO<br />

Modelar Modelagem Cristiane Boaretto Régua, tesoura, papel 4hs -<br />

Cortar Corte Cristiane Boaretto Tecido, tesoura, giz, cortador laser 1h 30min -<br />

Costurar Costura Cristiane Boaretto Industrial reta, overloque 5 fios 5hs 20,00<br />

Acabamentos Costura Liz Rodrigues Overloque 5 fios 2hs 30,00<br />

Acabamentos Costura Liz Rodrigues Industrial reta 2hs 30,00<br />

COMBINAÇÕES DE CORES:<br />

COMB<br />

1<br />

COMB<br />

2<br />

COR 1 COR 2 COR 3<br />

Vermelho<br />

Branco<br />

CODIG<br />

O<br />

ITEM<br />

ETIQUETAS:<br />

LOCALIZAÇÃ<br />

O<br />

FORNECEDO<br />

R<br />

CONSUMO<br />

CUSTO<br />

EMBALAGEM:<br />

CODIGO ITEM FORNECEDOR CON CUSTO<br />

001 Cabide Nacional 1 un 3,60 un<br />

002 Capa<br />

cabide<br />

Central<br />

Aviamentos<br />

1 un 24,00/<br />

1.000 un<br />

CUSTO TOTAL:<br />

PREÇO VENDA:<br />

R$ 125,00 R$ 280,00


168<br />

APÊNDICE J<br />

CRISTIANE BOARETTO<br />

REF: 010 MARCA: Walter Rodrigues DATA: 10/11/2011<br />

COLEÇÃO: Inverno 2012 MATÉRIA- PRIMA: Crepe Chiffon (100% poliéster)<br />

Cetim (100% poliéster)<br />

TAMANHO: P<br />

( x ) F ( ) M ( ) I<br />

RESPONSÁVEL: Cristiane Boaretto<br />

DESCRIÇÃO DA PEÇA:<br />

a) Saia rodada, comprimento na altura do joelho<br />

b) Corte em meio godê das saias em tecido de crepe chiffon<br />

c) Cinco saias e cós largo<br />

d) Finalização da saia com fio de nylon<br />

e) Forro da saia em tecido de cetim<br />

f)<br />

g)<br />

h)<br />

i)<br />

j)<br />

l )<br />

m)<br />

SERVIÇOS TERCEIRIZADOS:<br />

a) Liz Rodrigues - Costureira<br />

b) Lole Viana - Costureira<br />

c)<br />

DESENHO TÉCNICO:


169<br />

INSUMOS I:<br />

CODIGO ITEM COMPOSIÇÃO CONSUMO/UN FORNECEDOR CUSTO/UN<br />

001 Crepe Chiffon 100% poliéster 3,80 metros Entre Malhas 5,20 metro<br />

002 Cetim 100% poliéster 3,80 metros Entre Malhas 4,40 metro<br />

INSUMOS II:<br />

CODIGO ITEM COMPOSIÇÃO CONSUMO/UM FORNECEDOR CUSTO/UN<br />

001 Zíper 20cm 100% poliéster 1 unidade Central de Aviamentos 3,50 un<br />

002 Linha 100% poliéster 10 metros Central de Aviamentos 0,90<br />

TABELA DE MEDIDAS:<br />

A. Circunferência da cintura<br />

B. Circunferência do quadril<br />

C. Comprimento total<br />

D. Altura do gancho<br />

E. Altura do quadril<br />

F. Comprimento lateral<br />

G.<br />

H.<br />

I.<br />

PP P M G GG<br />

34/36 38 40/42 44/46 48/50<br />

74<br />

120<br />

70<br />

23,2<br />

18<br />

70<br />

SEQUENCIA PRODUTIVA:<br />

AÇAO SETOR RESPONSAVEL MAQUINARIO TEMPO CUSTO<br />

Modelar Modelagem Cristiane Boaretto Régua, tesoura, papel 2hs 20,00<br />

Cortar Corte Cristiane Boaretto Tecido, tesoura, giz, cortador 5h 30min 10,00<br />

laser<br />

Costurar Costura Cristiane Boaretto Industrial reta, overloque 5 fios 3hs 20,00<br />

Acabamentos Costura Liz Rodrigues Overloque 5 fios 1hs 20,00<br />

Acabamentos Costura Cristiane Boaretto Vela 1hs 5,00<br />

Finalização Costura Lole Viana Fio de nylon, industrial reta 3 hs 60,00<br />

Revisão Acabamento Cristiane Boaretto Manual - -<br />

COMBINAÇÕES DE CORES:<br />

COR COR 2 COR 3<br />

1<br />

COMB 1 Branco<br />

COMB 2<br />

CODIG<br />

O<br />

ETIQUETAS:<br />

ITEM LOCALIZA ÇÃO FORNECE<br />

DOR<br />

CON SUMO<br />

CUSTO<br />

EMBALAGEM:<br />

CODIGO ITEM FORNECEDOR CON CUSTO<br />

001 Cabide Nacional 1 un 3,60 un<br />

002 Capa<br />

cabide<br />

Central<br />

Aviamentos<br />

1 un 24,00/<br />

1.000 un<br />

CUSTO TOTAL:<br />

PREÇO VENDA:<br />

R$ 180,00 R$ 300,00


170<br />

APÊNDICE K<br />

CRISTIANE BOARETTO<br />

REF: 011 MARCA: Walter Rodrigues DATA: 10/11/2011<br />

COLEÇÃO: Inverno 2012 MATÉRIA- PRIMA: Crepe Estampado (100% poliéster)<br />

Cetim (100% poliéster)<br />

TAMANHO: P<br />

( x ) F ( ) M ( ) I<br />

RESPONSÁVEL: Cristiane Boaretto<br />

DESCRIÇÃO DA PEÇA:<br />

a) Corset, modelo tomara-que-caia, com recorte princesa<br />

b) Corte no fio do tecido em tecido de crepe estampado<br />

c) Forro do corset em tecido de cetim<br />

d) Estrutura do corset com barbatanas de aço<br />

e) Forro de cetim colado com entretela de microponto<br />

f) Fechamento lateral com zíper<br />

g)<br />

h)<br />

i)<br />

j)<br />

l )<br />

m)<br />

SERVIÇOS TERCEIRIZADOS:<br />

a) Lole Viana - Costureira<br />

b)<br />

c)<br />

DESENHO TÉCNICO:


171<br />

INSUMOS I:<br />

CODIGO ITEM COMPOSIÇÃO CONSUMO/UN FORNECEDOR CUSTO/UN<br />

001 Crepe<br />

100% poliéster 2 metros Entre Malhas 9,98 metro<br />

Estampado<br />

002 Cetim 100% poliéster 2 metros Entre Malhas 4,40 metro<br />

INSUMOS II:<br />

CODIGO ITEM COMPOSIÇÃO CONSUMO/UM FORNECEDOR CUSTO/UN<br />

001 Zíper 30cm 100% poliéster 1 unidade Central de Aviamentos 3,50 un<br />

002 Linha 100% poliéster 10 metros Central de Aviamentos 0,90<br />

003 Entretela 100% poliéster 2 metros Central de Aviamentos 12,90<br />

004 Barbatanas 100% metal 25 unidades Rebarmet 1,00 un<br />

005 Bojo 60% poliuretano<br />

40% poliéster<br />

1 par Entre Malhas 2,80 par<br />

TABELA DE MEDIDAS:<br />

A. Circunferência da cintura<br />

B. Circunferência do quadril<br />

C. Comprimento total<br />

D. Circunferência do busto<br />

E. Diâmetro da zona do busto<br />

F. Separação do busto da frente<br />

G.<br />

H.<br />

I.<br />

PP P M G GG<br />

34/36 38 40/42 44/46 48/50<br />

74<br />

120<br />

50<br />

86<br />

13<br />

17<br />

SEQUENCIA PRODUTIVA:<br />

AÇAO SETOR RESPONSAVEL MAQUINARIO TEMPO CUSTO<br />

Entretelar todas as partes Preparação Cristiane Boaretto Ferro à vapor 3hs 30,00<br />

Unir partes do tecido Costura Cristiane Boaretto Industrial reta 5hs 30,00<br />

Unir partes do tecido Costura Cristiane Boaretto Industrial reta 5h 30min 10,00<br />

Colocação das barbatanas Costura Cristiane Boaretto Alicates, barbatanas, industrial reta 8hs 40,00<br />

Colocação dos busks Costura Cristiane Boaretto Alicates, barbatanas, industrial reta 2hs 10,00<br />

Finalização do entrelace Costura Lole Viana Industrial reta 2hs -<br />

das costas<br />

Colocação do viés Costura Lole Viana Industrial reta 3hs 20,00<br />

Colocação do ilhós Costura Lole Viana Máquina específica 1hs 10,00<br />

Revisão Acabamento Cristiane Boaretto Manual - -<br />

COMBINAÇÕES DE CORES:<br />

COMB<br />

1<br />

COMB<br />

2<br />

COR 1 COR 2 COR 3<br />

Estampa<br />

floral<br />

Vermelho<br />

CODIG<br />

O<br />

ITEM<br />

LOCALIZA<br />

ÇÃO<br />

ETIQUETAS:<br />

FORNECE<br />

DOR<br />

CON<br />

SUMO<br />

CUSTO<br />

EMBALAGEM:<br />

CODIGO ITEM FORNECEDOR CON CUSTO<br />

001 Cabide Nacional 1 un 3,60 un<br />

002 Capa<br />

cabide<br />

Central<br />

Aviamentos<br />

1 un 24,00/<br />

1.000 un<br />

CUSTO TOTAL:<br />

PREÇO VENDA:<br />

R$ 200,00 R$ 400,00


172<br />

APÊNDICE L<br />

CRISTIANE BOARETTO<br />

REF: 012 MARCA: Walter Rodrigues DATA: 10/11/2011<br />

COLEÇÃO: Inverno 2012 MATÉRIA- PRIMA: Cetim Donna Dupla Face (100% poliéster)<br />

Veludo com elastano (90% poliéster, 10% elastano)<br />

Cetim Donna Dupla Face com elastano (97% poliéster, 3%<br />

elastano)<br />

Crepe Estampado 1 ( (100% poliéster)<br />

Crepe Estampado 2 (100% poliéster)<br />

TAMANHO: P<br />

( x ) F ( ) M ( ) I<br />

RESPONSÁVEL: Cristiane Boaretto<br />

DESCRIÇÃO DA PEÇA:<br />

a) Chambre transpassado, modelo de quimono japonês<br />

b) Corte no fio do tecido em tecido de cetim Donna Dupla Face e a saia e mangas corte no viés em cetim Donna Dupla<br />

Face<br />

c) Golas sobrepostas em tecido de crepe estampado na cor preta com branco<br />

d) Chambre com recorte na cintura<br />

e) Mangas longas, modelo sino, com comprimento até o punho<br />

f) Fechamento na frente com cordões de amarrar nas laterais<br />

g)<br />

h)<br />

i)<br />

j)<br />

l )<br />

m)<br />

SERVIÇOS TERCEIRIZADOS:<br />

a) Lole Viana - Costureira<br />

b)<br />

c)<br />

DESENHO TÉCNICO:


173<br />

INSUMOS I:<br />

CODIGO ITEM COMPOSIÇÃO CONSUMO/UN FORNECEDOR CUSTO/UN<br />

001 Cetim Donna 100% poliéster 5 metros Entre Malhas 9,90 metro<br />

Dupla Face<br />

002 Veludo com 90% poliéster 4 metros Entre Malhas 57,80 metro<br />

elastano<br />

10% elastano<br />

003 Crepe<br />

100% poliéster 1 metros Entre Malhas 9,98 metro<br />

Estampado 3<br />

004 Crepe<br />

100% poliéster 1 metros Entre Malhas 9,98 metro<br />

Estampado 1<br />

005 Cetim Dupla<br />

Face com<br />

elastano<br />

97% poliéster 3%<br />

elastano<br />

5 metros Entre Malhas 14,40 metro<br />

INSUMOS II:<br />

CODIGO ITEM COMPOSIÇÃO CONSUMO/UM FORNECEDOR CUSTO/UN<br />

001 Linha 100% poliéster 10 metros Central de Aviamentos 0,90<br />

TABELA DE MEDIDAS:<br />

A. Circunferência da cintura<br />

B. Circunferência do quadril<br />

C. Comprimento total<br />

D. Circunferência do busto<br />

E. Diâmetro da zona do busto<br />

F. Separação do busto da frente<br />

G.<br />

PP P M G GG<br />

34/36 38 40/42 44/46 48/50<br />

74<br />

120<br />

120<br />

86<br />

13<br />

17<br />

SEQUENCIA PRODUTIVA:<br />

AÇAO SETOR RESPONSAVEL MAQUINARIO TEMPO CUSTO<br />

Unir partes do corpo Costura Cristiane Boaretto Industrial reta 8hs 30,00<br />

Colocar os babados Costura Cristiane Boaretto Industrial reta 8hs 30,00<br />

Unir saia com busto Costura Cristiane Boaretto Industrial reta 7h 30min 10,00<br />

Unir saias Costura Cristiane Boaretto Industrial reta 8hs 40,00<br />

Unir laterias Costura Cristiane Boaretto Industrial reta 10hs 80,00<br />

Unir mangas Costura Lole Viana Industrial reta 2hs -<br />

Colocação das mangas Costura Lole Viana Industrial reta 1hs -<br />

Acabamento das costuras Costura Lole Viana Overloque 2hs -<br />

Unir frente e costas Costura Lole Viana Industrial reta 3hs 20,00<br />

Colocação do náilon Costura Lole Viana Industrial reta 3hs 30,00<br />

Revisão Acabamento Cristiane Boaretto Manual - -<br />

COMBINAÇÕES DE CORES:<br />

COMB<br />

1<br />

COMB<br />

2<br />

COR 1 COR 2 COR 3<br />

Estampa<br />

floral 2<br />

Vermelho<br />

Estampa<br />

floral 1<br />

CODIG<br />

O<br />

ITEM<br />

ETIQUETAS:<br />

LOCALIZA<br />

ÇÃO<br />

FORNECE<br />

DOR<br />

CON<br />

SUMO<br />

CUSTO<br />

EMBALAGEM:<br />

CODIGO ITEM FORNECEDOR CON CUSTO<br />

001 Cabide Nacional 1 un 3,60 un<br />

002 Capa<br />

cabide<br />

Central<br />

Aviamentos<br />

1 un 24,00/<br />

1.000 un<br />

CUSTO TOTAL:<br />

PREÇO VENDA:<br />

R$ 680,00 R$ 1000,00


174<br />

APÊNDICE M<br />

CRISTIANE BOARETTO<br />

REF: 013 MARCA: Walter Rodrigues DATA: 10/11/2011<br />

COLEÇÃO: Inverno 2012 MATÉRIA- PRIMA: Tafetá Amassado (100% poliéster)<br />

Cetim (100% poliéster)<br />

TAMANHO: P<br />

( x ) F ( ) M ( ) I<br />

RESPONSÁVEL: Cristiane Boaretto<br />

DESCRIÇÃO DA PEÇA:<br />

a) Corset, modelo tomara-que-caia, com recorte princesa<br />

b) Corte no fio do tecido em tecido de tafetá amassado<br />

c) Forro do corset em tecido de cetim<br />

d) Estrutura do corset com barbatanas de aço<br />

e) Forro de cetim colado com entretela de microponto<br />

f) Fechamento nas costas transpassado com ilhós e cordão de cetim<br />

g) Bordado de fita de cetim no recorte do centro do busto<br />

h)<br />

i)<br />

j)<br />

l )<br />

m)<br />

SERVIÇOS TERCEIRIZADOS:<br />

a) Lole Viana - Costureira<br />

b)<br />

c)<br />

DESENHO TÉCNICO:


175<br />

INSUMOS I:<br />

CODIGO ITEM COMPOSIÇÃO CONSUMO/UN FORNECEDOR CUSTO/UN<br />

001 Tafetá<br />

100% poliéster 2 metros Entre Malhas 13,90 metro<br />

Amassado<br />

002 Cetim 100% poliéster 2 metros Entre Malhas 4,40 metro<br />

INSUMOS II:<br />

CODIGO ITEM COMPOSIÇÃO CONSUMO/UM FORNECEDOR CUSTO/UN<br />

001 Linha 100% poliéster 10 metros Central de Aviamentos 0,90<br />

002 Entretela 100% poliéster 2 metros Central de Aviamentos 12,90<br />

003 Barbatanas 100% metal 25 unidades Rebarmet 1,00 un<br />

004 Bojo 60% poliuretano 1 par Entre Malhas 2,80 par<br />

40% poliéster<br />

005 Ilhós 100% metal 15 pares Central de Aviamentos 0,30 par<br />

006 Fita de cetim 100% poliéster 10 metros Central de Aviamentos 2,50/ 10 metros<br />

007 Cordão<br />

encerado<br />

100% poliéster 3 metros Central Aviamentos 2,50 metro<br />

TABELA DE MEDIDAS:<br />

A. Circunferência da cintura<br />

B. Circunferência do quadril<br />

C. Comprimento total<br />

D. Circunferência do busto<br />

E. Diâmetro da zona do busto<br />

F. Separação do busto da frente<br />

G.<br />

H.<br />

I.<br />

PP P M G GG<br />

34/36 38 40/42 44/46 48/50<br />

74<br />

120<br />

50<br />

86<br />

13<br />

17<br />

SEQUENCIA PRODUTIVA:<br />

AÇAO SETOR RESPONSAVEL MAQUINARIO TEMPO CUSTO<br />

Entretelar todas as partes Preparação Cristiane Boaretto Ferro à vapor 3hs 30,00<br />

Unir partes do tecido Costura Cristiane Boaretto Industrial reta 5hs 30,00<br />

Unir partes do tecido Costura Cristiane Boaretto Industrial reta 5h 30min 10,00<br />

Colocação das fitas de Costura Lole Viana Industrial reta 3hs 60,00<br />

cetim<br />

Colocação das barbatanas Costura Cristiane Boaretto Alicates, barbatanas, industrial 8hs 40,00<br />

reta<br />

Colocação dos busks Costura Lole Viana Alicates, barbatanas, industrial 2hs 10,00<br />

reta<br />

Finalização do entrelace Costura Lole Viana Industrial reta 2hs -<br />

das costas<br />

Colocação do viés Costura Lole Viana Industrial reta 3hs 20,00<br />

Colocação do ilhós Costura Lole Viana Máquina específica 2hs 30,00<br />

Revisão Acabamentos Cristiane Boaretto Manual - -<br />

COMBINAÇÕES DE CORES:<br />

COR COR 2<br />

1<br />

COMB 1 Preto Vermelho<br />

COMB 2<br />

COR<br />

3<br />

CODIG<br />

O<br />

ITEM<br />

LOCALIZA<br />

ÇÃO<br />

ETIQUETAS:<br />

FORNECE<br />

DOR<br />

CON<br />

SUMO<br />

CUSTO<br />

EMBALAGEM:<br />

CODIGO ITEM FORNECEDOR CON CUSTO<br />

001 Cabide Nacional 1 un 3,60 un<br />

002 Capa<br />

cabide<br />

Central<br />

Aviamentos<br />

1 un 24,00/<br />

1.000 un<br />

CUSTO TOTAL:<br />

PREÇO VENDA:<br />

R$ 200,00 R$ 400,00


176<br />

APÊNDICE N<br />

CRISTIANE BOARETTO<br />

REF: 014 MARCA: Walter Rodrigues DATA: 10/11/2011<br />

COLEÇÃO: Inverno 2012 MATÉRIA- PRIMA: Crepe Estampado (100% poliéster)<br />

Veludo com elastano (90% poliéster, 10% elastano)<br />

Crepe Chiffon (100% poliéster)<br />

TAMANHO: P<br />

( x ) F ( ) M ( ) I<br />

RESPONSÁVEL: Cristiane Boaretto<br />

DESCRIÇÃO DA PEÇA:<br />

a) Chambre transpassado, modelo de quimono japonês<br />

b) Corte no fio do tecido em tecido de crepe estampado e a saia e mangas corte no viés em cetim estampado<br />

c) Forro do chambre em tecido de crepe<br />

d) Chambre com recorte na cintura<br />

e) Mangas longas com comprimento até o chão<br />

f) Fechamento na frente com cordões de amarrar nas laterais<br />

g) Golas sobrepostas em tecido de crepe estampado na cor preta com branco<br />

h)<br />

i)<br />

j)<br />

l )<br />

m)<br />

SERVIÇOS TERCEIRIZADOS:<br />

a) Lole Viana - Costureira<br />

b)<br />

c)<br />

DESENHO TÉCNICO:


177<br />

INSUMOS I:<br />

CODIGO ITEM COMPOSIÇÃO CONSUMO/UN FORNECEDOR CUSTO/UN<br />

001 Crepe Chiffon 100% poliéster 10 metros Entre Malhas 5,20 metro<br />

002 Veludo com 90% poliéster 4 metros Entre Malhas 57,80 metro<br />

elastano<br />

10% elastano<br />

003 Crepe<br />

100% poliéster 10 metros Entre Malhas 9,98 metro<br />

Estampado 3<br />

004 Crepe<br />

Estampado 1<br />

100% poliéster 50 cm Entre Malhas 9,98 metro<br />

INSUMOS II:<br />

CODIGO ITEM COMPOSIÇÃO CONSUMO/UM FORNECEDOR CUSTO/UN<br />

001 Linha 100% poliéster 10 metros Central de Aviamentos 0,90<br />

TABELA DE MEDIDAS:<br />

A. Circunferência da cintura<br />

B. Circunferência do quadril<br />

C. Comprimento total<br />

D. Circunferência do busto<br />

E. Diâmetro da zona do busto<br />

F. Separação do busto da frente<br />

G.<br />

H.<br />

I.<br />

PP P M G GG<br />

34/36 38 40/42 44/46 48/50<br />

74<br />

120<br />

120<br />

86<br />

13<br />

17<br />

SEQUENCIA PRODUTIVA:<br />

AÇAO SETOR RESPONSAVEL MAQUINARIO TEMPO CUSTO<br />

Unir partes do corpo Costura Cristiane Boaretto Industrial reta 8hs 30,00<br />

Colocar os babados Costura Cristiane Boaretto Industrial reta 8hs 30,00<br />

Unir saia com busto Costura Cristiane Boaretto Industrial reta 7h 30min 10,00<br />

Unir saias Costura Cristiane Boaretto Industrial reta 8hs 40,00<br />

Unir laterias Costura Cristiane Boaretto Industrial reta 10hs 80,00<br />

Unir mangas Costura Lole Viana Industrial reta 2hs -<br />

Colocação das Costura Lole Viana Industrial reta 3hs 20,00<br />

mangas<br />

Acabamento das Costura Lole Viana Overloque 2hs -<br />

costuras<br />

Unir frente e costas Costura Lole Viana Industrial reta 30min -<br />

Colocação do náilon Costura Lole Viana Industrial reta 40min 30,00<br />

Revisão Acabamento Cristiane Boaretto Manual - -<br />

COMBINAÇÕES DE CORES:<br />

COMB 1<br />

COMB 2<br />

COR 1 COR 2 COR 3<br />

Estampa<br />

floral 3<br />

Vermelho<br />

Estampa<br />

floral 1<br />

CODIG<br />

O<br />

ITEM<br />

LOCALIZA<br />

ÇÃO<br />

ETIQUETAS:<br />

FORNECE<br />

DOR<br />

CON<br />

SUMO<br />

CUSTO<br />

EMBALAGEM:<br />

CODIGO ITEM FORNECEDOR CON CUSTO<br />

001 Cabide Nacional 1 un 3,60 un<br />

002 Capa<br />

cabide<br />

Central<br />

Aviamentos<br />

1 un 24,00/<br />

1.000 un<br />

CUSTO TOTAL:<br />

PREÇO VENDA:<br />

R$ 680,00 R$ 1000,00


178<br />

APÊNDICE O<br />

CRISTIANE BOARETTO<br />

REF: 015 MARCA: Walter Rodrigues DATA: 10/11/2011<br />

COLEÇÃO: Inverno 2012 MATÉRIA- PRIMA: Cetim (100% poliéster)<br />

TAMANHO: P<br />

( x ) F ( ) M ( ) I<br />

RESPONSÁVEL: Cristiane Boaretto<br />

DESCRIÇÃO DA PEÇA:<br />

a) Corset, modelo tomara-que-caia, com recorte princesa<br />

b) Corte no fio do tecido em tecido de cetim<br />

c) Forro do corset em tecido de cetim<br />

d) Estrutura do corset com barbatanas de aço<br />

e) Forro de cetim colado com entretela de microponto<br />

f) Fechamento nas costas transpassado com ilhós e cordão de cetim<br />

g) Bordado com flores de cetim aplicadas e coladas à peça<br />

h)<br />

i)<br />

j)<br />

l )<br />

m)<br />

SERVIÇOS TERCEIRIZADOS:<br />

a) Lole Viana - Costureira<br />

b)<br />

c)<br />

DESENHO TÉCNICO:


179<br />

INSUMOS I:<br />

CODIGO ITEM COMPOSIÇÃO CONSUMO/UN FORNECEDOR CUSTO/UN<br />

001 Cetim 100% poliéster 4 metros Entre Malhas 4,40 metro<br />

INSUMOS II:<br />

CODIGO ITEM COMPOSIÇÃO CONSUMO/UM FORNECEDOR CUSTO/UN<br />

001 Linha 100% poliéster 10 metros Central de Aviamentos 0,90<br />

002 Entretela 100% poliéster 2 metros Central de Aviamentos 12,90<br />

003 Barbatanas 100% metal 25 unidades Rebarmet 1,00 un<br />

004 Bojo 60% poliuretano 1 par Entre Malhas 2,80 par<br />

40% poliéster<br />

005 Ilhós 100% metal 15 pares Central de Aviamentos 0,30 par<br />

006 Fita de cetim 100% poliéster 10 metros Central de Aviamentos 2,50/ 10 metros<br />

007 Cordão<br />

encerado<br />

100% poliéster 3 metros Central Aviamentos 2,50 metro<br />

TABELA DE MEDIDAS:<br />

A. Circunferência da cintura<br />

B. Circunferência do quadril<br />

C. Comprimento total<br />

D. Circunferência do busto<br />

E. Diâmetro da zona do busto<br />

F. Separação do busto da frente<br />

G.<br />

H.<br />

I.<br />

PP P M G GG<br />

34/36 38 40/42 44/46 48/50<br />

74<br />

120<br />

50<br />

86<br />

13<br />

17<br />

SEQUENCIA PRODUTIVA:<br />

AÇAO SETOR RESPONSAVEL MAQUINARIO TEMPO CUSTO<br />

Entretelar todas as partes Preparação Cristiane Boaretto Ferro à vapor 3hs 30,00<br />

Unir partes do tecido Costura Cristiane Boaretto Industrial reta 5hs 30,00<br />

Unir partes do tecido Costura Cristiane Boaretto Industrial reta 5h 30min 10,00<br />

Colocação das flores de cetim Costura Lole Viana Industrial reta 8hs 40,00<br />

Colocação das barbatanas Costura Cristiane Boaretto Alicates, barbatanas, industrial 2hs 10,00<br />

reta<br />

Colocação dos busks Costura Lole Viana Alicates, barbatanas, industrial 2hs -<br />

reta<br />

Finalização do entrelace das Costura Lole Viana Industrial reta 3hs 20,00<br />

costas<br />

Colocação do viés Costura Lole Viana Industrial reta 5hs 60,00<br />

Colocação do ilhos Costura Lole Viana Industrial reta 1hs 30,00<br />

Revisão Acabamento Cristiane Boaretto Manual - -<br />

COMBINAÇÕES DE CORES:<br />

COMB<br />

1<br />

COMB<br />

2<br />

COR COR 2 COR 3<br />

1<br />

Preto Vermelho Verde<br />

CODIG<br />

O<br />

ITEM<br />

LOCALIZA<br />

ÇÃO<br />

ETIQUETAS:<br />

FORNECE<br />

DOR<br />

CON<br />

SUMO<br />

CUSTO<br />

EMBALAGEM:<br />

CODIGO ITEM FORNECEDOR CON CUSTO<br />

001 Cabide Nacional 1 un 3,60 un<br />

002 Capa<br />

cabide<br />

Central<br />

Aviamentos<br />

1 un 24,00/<br />

1.000 un<br />

CUSTO TOTAL:<br />

PREÇO VENDA:<br />

R$ 200,00 R$ 400,00


180<br />

APÊNDICE P<br />

LOOK 1:<br />

O look um é um vestido/camisola modelo tomara-que-caia, com recorte<br />

princesa, com comprimento acima do joelho. Este vestido foi criado buscando<br />

uma ideia de conforto e praticidade, com a finalidade, de ser usado pelas<br />

mulheres de Walter Rodrigues tanto na hora de dormir como para sair, por se<br />

tratar de um vestido básico. Ele apresenta um jogo de cores, ao qual escolhese<br />

uma estampa que possui elementos florais e animais e aliou-se a<br />

combinação de preto com vermelho. A textura do tecido de crepe estampado<br />

com a maciez do veludo formam uma mescla de tipos que tecidos que<br />

contrastam entre si.


181<br />

APÊNDICE Q<br />

LOOK 2:<br />

O look dois é a mistura de várias estampas que formam uma composição<br />

monocromática de cores em preto e branco. As saias são sobrepostas uma<br />

sobre as outras formando desenhos semelhantes a losangos. Este vestido<br />

possui somente um elemento na cor vermelha, o laço de veludo para dar uma<br />

ideia de contraste com o restante da peça.


182<br />

APÊNDICE R<br />

LOOK 3:<br />

Este look é o vestido que possui mais semelhança com uma camisola, por ser<br />

com criada com um tecido leve como o crepe chiffon e com um forro de cetim,<br />

tecido tradicional das lingeries noite como camisolas e baby dolls. O vestido<br />

tem comprimento até o chão, sendo ajustado ao longo do corpo e a partir do<br />

joelho é mais largo, semelhante aos vestidos com cauda. O terceiro look possui<br />

três faixas com recortes na parte da frente com tamanhos diferentes e em<br />

tecidos diferentes.


183<br />

APÊNDICE S<br />

LOOK 4:<br />

Este look é uma releitura das camisolas usadas antigamente, muito comum em<br />

lingerie noite de noivas, pois além de ser um vestido totalmente coberto ele<br />

possui um detalhe chamando a atenção para os ombros. O veludo que compõe<br />

este detalhe favorece o colo da mulher, pois ele colabora com um aspecto<br />

macio e volumoso, desta forma, a mulher de Walter Rodrigues está vestida<br />

com uma camisola/vestido ideal para o uso a noite, em uma cerimônia de<br />

núpcias.


184<br />

APÊNDICE T<br />

LOOK 5:<br />

Este look possui o mesmo corte e a mesma modelagem do look anterior,<br />

porém em um comprimento mais curto, sendo um modelo de vestido justo ao<br />

corpo, com comprimento acima do joelho. O modelo é acinturado e possui o<br />

recorte nos ombros, sendo um modelo sem ombros, pois as faixas de veludo e<br />

crepe estampado ficam localizadas acima do busto, deixando os ombros<br />

totalmente nus.


185<br />

APÊNDICE U<br />

LOOK 6:<br />

Esta composição de vestido tomara-que-caia com corte no viés esta aliado ao<br />

casaqueto do mesmo tecido de crepe estampado, com detalhes em tecido de<br />

veludo. Os detalhes de veludo favorecem uma idea de look de inverno a peça<br />

que é totalmente leve e fluída. O casaqueto tem o corte semelhante aos<br />

vestidos japoneses, devido a modelagem das mangas serem bem estruturadas<br />

e com um corte semelhante ao estilo das mangas <strong>japonesa</strong>s.


186<br />

APÊNDICE V<br />

LOOK 7:<br />

O look sete é formado por um vestido curto tubinho, porém não totalmente<br />

ajustado ao corpo, à um casaco com o mesmo comprimento do vestido. Este<br />

casaco apresenta um detalhes diferenciado na gola, mangas e na aberto,<br />

sendo uma espécie de debrum, semelhante ao último look, mas esta peça foi<br />

desenvolvida em um única cor, tornando-a mais luxuosa e discreta, com a<br />

finalidade de agir como peça curinga da coleção Hana mi, juntamente com o<br />

vestido básico que também é uma peça chave em composição com qualquer<br />

outra roupa. As duas peças desse look podem ser usadas tanto para sair<br />

quanto para domir, independente da situação, por serem peças discretas, com<br />

um bom caimento, leves e elegantes.


187<br />

APÊNDICE W<br />

LOOK 8:<br />

O oitavo look da coleção Hana mi é a composição de uma saia com babados,<br />

confeccionada em crepe chiffon e um corset em tecido de crepe estampado. A<br />

saia criou-se com base nos modelos de robe também trabalhados na coleção,<br />

porém sendo uma peça chave para a coleção, pois uma saia com um tecido<br />

leve, em um cor neutra, pode ser usada com qualquer outra peça da coleção.<br />

Esta saia possui acabamento com fio de náilon para formar o efeitoondulado na<br />

bainha das saias. Para complementar o look oito, a saia conta com um corset<br />

totalmente fechado, apenas com zíper lateral. Esta peça é complementada com<br />

um acessório a parte, uma espécie de obi, confeccionada com tecido de veludo<br />

com elastano e fibra. É uma faixa localizada na cintura, colocada sobre o<br />

corset, e possui um laço nas costas com enchimento de fibra para ficar com<br />

maior volume e maciez.


188<br />

APÊNDICE X<br />

LOOK 9:<br />

Este croqui foi elaborado através da análise do público-alvo e do painel<br />

temático, ao qual buscou-se trabalhar com a mistura de tecidos, juntando o<br />

crepe estampado, com o cetim donna dupla face e o veludo com elastano.<br />

Essa mistura de texturas lembra a mescla de diferenças culturais encontradas<br />

no Japão, também buscou-se referências nos elementos japoneses<br />

encontrados no painel temático, que apresentam textura, como a areia, o leque<br />

e as ferragens. A mistura de tecidos pesados e leves é característica das<br />

coleções de Walter Rodrigues, ao qual, ele busca explorar novas ideias e<br />

novos materiais.


189<br />

APÊNDICE Y<br />

LOOK 10:<br />

A composição destas peças visam uma variação do tradicional quimono<br />

japonês. O robe desenvolvido para o último look é confeccionado em crepe<br />

estampado com detalhes em debrum de veludo com elastano. As mangas do<br />

robe são longas, com comprimento até o chão para proporcionar maior fluidez<br />

e leveza aos movimentos. O corset, nesta composição, atua substituindo a<br />

faixa utilizada na cintura pelo japoneses, chamada de obi, com amarração na<br />

costas e bordados de flores de cetim por todo o corset, simbolizando as flores<br />

de cerejeiras já presentes na estampa do robe.

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