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CENTRO UNIVERSITÁRIO FEEVALE<br />
BIANCA RODRIGUES DUTRA<br />
CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE UMA<br />
COLEÇÃO DE BOLSAS BRASILEIRAS<br />
PARA O MERCADO JAPONÊS<br />
Novo Hamburgo, novembro de 2006.
2<br />
BIANCA RODRIGUES DUTRA<br />
CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE UMA<br />
COLEÇÃO DE BOLSAS BRASILEIRAS<br />
PARA O MERCADO JAPONÊS<br />
Centro Universitário Feevale<br />
Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas<br />
Curso de Design – Ênfase em Calçados e Acessórios<br />
Trabalho de Conclusão de Curso<br />
Professor Orientador: Ana Maria Migliavasca<br />
Novo Hamburgo, novembro de 2006.
3<br />
Bianca Rodrigues Dutra<br />
CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE UMA COLEÇÃO DE BOLSAS<br />
BRASILEIRAS PARA O MERCADO JAPONÊS<br />
Este trabalho de conclusão de curso foi submetido ao Curso de Design – Ênfase em<br />
calçados e acessórios, como requisito parcial para obtenção do título de Designer.<br />
Ana Maria Migliavasca<br />
Professor Orientador
4<br />
DEDICATÓRIA<br />
Foram muitas preocupações, angústias, coração apertado, cabeça “a mil” para fazer<br />
este trabalho, mas as estimulações e palavras de força me incentivaram a continuar<br />
até o fim e concluir este projeto, que para mim ficou brilhante.<br />
Dedico este trabalho exclusivamente a quatro pessoas, minha mãe Suzana, meu<br />
padrasto Milton, meus irmãos Leonardo e Renan, minha especial família, porque<br />
estiveram do meu lado todo tempo que precisei. Agradeço muito ao Milton e minha<br />
mãe por tornarem esse sonho possível.
5<br />
AGRADECIMENTOS<br />
Agradeço a professora Ana Maria Migliavasca por toda paciência, compreensão,<br />
dedicação e carinho que tiveste comigo para realizar este trabalho. Agradeço as<br />
empresas AHB, Haco Etiquetas, Helvetia, Wiva Bordados.
6<br />
“Eu gosto de tentar fazer algo que outros dizem ser impossível.<br />
Acredito que quase tudo é possível e assim encontro<br />
um meio de concretizar minhas idéias. Afinal de contas,<br />
não é assim que nasce a inovação?”.<br />
Horiki Eriko - diretora de arte -Kioto - Japão
7<br />
RESUMO<br />
A partir da busca de informações sobre o Japão e a descoberta de inúmeras<br />
curiosidades sobre este país surgiu a idéia de reunir estas informações e utilizá-las<br />
na idealização de produtos, que é o objeto deste projeto. Por ser o Japão a segunda<br />
maior potência mundial e ser um país sempre atento à moda, faz com que questões<br />
significativas possam ser trabalhadas com este tema, que sugere diversas<br />
alternativas para o projeto de produtos. Com a ocidentalização e desenvolvimento<br />
do Japão, no Pós-Guerra, a grande maioria das mulheres casadas continua<br />
desempenhando seus papéis de dona-de-casa, porém esta realidade vem mudando<br />
na última década. As mulheres ainda têm limitações, mas já ocupam 90% dos<br />
empregos de meio período. Com a saída da mulher para trabalhar “fora” houve o<br />
crescimento de consumo e, com isso, gerou um dos países mais consumistas de<br />
moda no mundo, tanto de grifes, como marcas não conhecidas, mas atuais.<br />
O projeto desenvolvido está baseado em uma pesquisa sobre os costumes,<br />
cultura, arte, do povo japonês e de como se comporta este mercado que envolve<br />
público-alvo, moda e preferências, e com estes dados criar uma coleção de bolsas<br />
femininas brasileiras mesclando com estilo casual e despojado, como são as<br />
consumidoras deste produto feminino à pesquisa elaborada com a moda atual e<br />
moderna (materiais e cores inovadores) com o tradicional. Esta coleção será<br />
destinada a comercialização no mercado japonês, já que as japonesas inovam seu<br />
vestuário, porém mantém um “pé’ no passado.<br />
Após uma análise dos dados levantados, esta coleção criada com formas,<br />
cores, estampas e materiais, seguidos de uma marca originada em uma expressão<br />
japonesa, traduzindo características relevantes da mescla de informações coletadas<br />
da cultura japonesa, como mangás, ideogramas, hashi e remetendo-os à moda<br />
atual. A coleção traz bolsas com características significativas na pesquisa realizada<br />
sobre o Japão, cada uma delas teu seu toque particular de um universo<br />
completamente amplo que é a cultura japonesa.<br />
Palavras - chave: Moda, Japão, Bolsas.
8<br />
ABSTRACT<br />
Searching for more information about Japan and the finding of innumerable<br />
curiosities about this country it arose the idea to reunite this information and utilize<br />
them about products it is object of this project. Being Japan Second biggest<br />
worldwide power and to be always a country attentive about fashion, it has that<br />
significant questions can be elaborated with this topic, that it suggests many<br />
alternatives to the project of objects. With the influence of occident and development<br />
of Japan, in the postwar, the great majority of the married women continue acting<br />
one’s part well of housewives, but this reality has been changed in the last decade.<br />
The women still have limitations, but they have already corresponded 90% of parttime<br />
job. With the exit of woman to work “out” there was the augmentation of<br />
consumption and, with this, it generated one of countries more consumerist of<br />
fashion in the world, such fashionable expensive, as unknown brands, but at this<br />
moment.<br />
The project developed is based in a research about the customs, culture, art,<br />
of the Japanese people and how this market behaves and involves target-public,<br />
fashion and preferences and with this details to create a Brazilian collection of<br />
feminine purses mixing with casual and fashionable, how the consumers are of this<br />
feminine product elaborated research with the actual fashion e modern (materials<br />
and innovator colors) with the traditional. This collection destined to<br />
commercialization in the Japanese market, since Japanese women innovate their<br />
clothing, although keeping the past influence.<br />
After analysis of data putted this collection created with forms, colors, printed<br />
images, materials, abide of a mark originated in a Japanese expression reproducing<br />
relevant characteristics of mixture of information searched of Japanese culture, like<br />
mangas, ideograms, hashi and remit them to actual fashion. The collection has<br />
purses with significant characteristics in the research made about Japan, each one<br />
has it’s particular way of universe completly ample which is japonese culture.<br />
Key-Words: Fashion, Japan, Purses.
9<br />
SUMÁRIO<br />
INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 13<br />
1 HISTÓRIA.............................................................................................................. 15<br />
1.1 Kioto – Capital do Japão Antigo ............................................................. 15<br />
1.2 Pré-história e proto-história.................................................................... 16<br />
1.3 Período de Nara (710-794) .................................................................... 17<br />
1.4 Período Heian (794-1185/1192)............................................................. 18<br />
1.5 Período de Kamakura (1185/1192-1333)............................................... 18<br />
1.6 Período Ashikaga ou de Muromachi (1333-1582).................................. 19<br />
1.7 A era dos ditadores (1582-1616)............................................................ 19<br />
1.8 Período Edo ou dos Tokugawa (1616-1868).......................................... 20<br />
1.9 A era Meiji (1868-1912) e as seguintes (1912-1926) ............................. 21<br />
1.10 II Guerra Mundial ................................................................................. 22<br />
1.11 O pós-guerra ........................................................................................ 23<br />
2 LITERATURA ....................................................................................................... 27<br />
3 BELAS-ARTES ...................................................................................................... 30<br />
4 COSTUMES .......................................................................................................... 33<br />
4.1 Futon...................................................................................................... 33<br />
4.2 Quimono e Calçados.............................................................................. 34<br />
4.3 Hachimaki .............................................................................................. 36<br />
4.4 Ofurô ...................................................................................................... 37<br />
4.5 Furoshikis e Leques ............................................................................... 38<br />
4.6 Amuletos ................................................................................................ 39<br />
4.6.1 Omamori e Ofuda................................................................................ 39<br />
4.6.2 Sete Deuses da Felicidade (shichifukujin meguri)............................... 40<br />
4.6.3 Daruma ............................................................................................... 40<br />
4.6.4 Maneki-neko........................................................................................ 41<br />
4.6.5 Tanuki ................................................................................................. 42<br />
4.6.6 Sinos (FUURIN) e Incenso.................................................................. 42<br />
5 CULINÁRIA............................................................................................................ 44<br />
5.1 Hashi................................................................................................................... 45<br />
6 ARQUITETURA JAPONESA E REFERÊNCIAS URBANAS ................................. 46<br />
7 ELEMENTOS DECORATIVOS.............................................................................. 47<br />
7.1 Biombos ................................................................................................. 47<br />
7.2 Luminárias (chouchin)............................................................................ 47
7.3 Corda trançada kumi-himo e Papel kara-kami ....................................... 48<br />
7.4 Artesanato de bambu e peças de cerâmica kiyomizu ............................ 49<br />
7.5 Kataná.................................................................................................... 50<br />
8 A ARTE DO PAPEL............................................................................................... 52<br />
8.1 Washi ..................................................................................................... 52<br />
8.2 Washie ................................................................................................... 53<br />
8.3 Oshie...................................................................................................... 53<br />
8.4 Kirie........................................................................................................ 54<br />
8.5 Kirigami .................................................................................................. 55<br />
8.6 Origami................................................................................................... 55<br />
8.7 Embalagem (Wrapping) ......................................................................... 56<br />
8.8 Pipas ...................................................................................................... 57<br />
9 MÚSICA, KARAOKÊ E DESENHO ANIMADO...................................................... 58<br />
9.1 Músicas tradicionais............................................................................... 58<br />
9.2 Rock e Karaokê...................................................................................... 60<br />
9.3 Mangás e animês................................................................................... 60<br />
10 ESPORTES E JOGOS ........................................................................................ 62<br />
10.1 Sumô.................................................................................................... 62<br />
10.2 Budô (Artes Marciais)........................................................................... 63<br />
10.2.1 Judô .................................................................................................. 63<br />
10.2.2 Kenjutsu ............................................................................................ 64<br />
10.2.3 Kendô................................................................................................ 64<br />
10.2.4 Karatê................................................................................................ 64<br />
10.2.5 Aikidô ................................................................................................ 64<br />
10.3 Beisebol ............................................................................................... 65<br />
10.4 Futebol ................................................................................................. 65<br />
10.5 Jogo Go................................................................................................ 66<br />
10.6 Jogo Shougi ......................................................................................... 66<br />
11 A ARTE DO DÔ ................................................................................................... 67<br />
11.1 Cerimônia do chá ................................................................................. 67<br />
11.2 Ikebana ................................................................................................ 68<br />
11.3 Shodou (Arte da Caligrafia).................................................................. 69<br />
11.4 Sumie................................................................................................... 69<br />
12 TEATRO JAPONÊS............................................................................................. 71<br />
12.1 Bunraku................................................................................................ 71<br />
12.2 Teatro Nô ............................................................................................. 72<br />
12.3 Kyogen................................................................................................. 73<br />
12.4 Kabuqui................................................................................................ 73<br />
13 DANÇAS JAPONESAS ....................................................................................... 75<br />
13.1 Dança Clássica .................................................................................... 76<br />
13.2 Dança Folclórica .................................................................................. 77<br />
14 SAÚDE E PLANTAS............................................................................................ 78<br />
15 VIDA E ETIQUETA BÁSICA NO JAPÃO............................................................. 81<br />
15.1 Cumprimento e antes de entrar............................................................ 81<br />
15.2 Intervalos para o chá............................................................................ 81<br />
15.3 À mesa................................................................................................. 82<br />
15.4 Uso de Hashi........................................................................................ 82<br />
15.5 Forma apropriada de tomar bebidas alcoólicas ................................... 82<br />
15.6 Jantando fora ....................................................................................... 83<br />
16 EVENTOS ANUAIS E FESTIVIDADES ............................................................... 84<br />
10
16.1 Eventos Anuais ...............................................................................................84<br />
16.2 Festividades......................................................................................... 86<br />
17 LOCAIS TURÍSTICOS DO JAPÃO...................................................................... 88<br />
18 GUEIXAS E BONECAS JAPONESAS................................................................. 90<br />
19 IDIOMA E RELIGIÃO........................................................................................... 93<br />
19.1 Idioma .................................................................................................. 93<br />
Kanji ............................................................................................................. 93<br />
Hiragana ...................................................................................................... 94<br />
Katakana...................................................................................................... 94<br />
19.2 Religião ................................................................................................ 95<br />
Budismo ....................................................................................................... 95<br />
Budismo Japonês......................................................................................... 95<br />
Xintoísmo ..................................................................................................... 96<br />
20 JAPÃO: UM PAÍS DE TECNOLOGIA.................................................................. 97<br />
21 MERCADO .......................................................................................................... 98<br />
21.1 Dados Gerais do Japão........................................................................ 98<br />
21.1.1 Área, população e capital.................................................................. 98<br />
21.1.2 Expectativa média de vida ao nascer (2003) .................................... 99<br />
21.1.3 Geografia .......................................................................................... 99<br />
21.2 Bandeira e Hino Nacional................................................................... 100<br />
21.3 Economia e Moeda ............................................................................ 101<br />
21.4 Política ............................................................................................... 101<br />
21.4.1 Estrutura Governamental ................................................................ 102<br />
21.4.2 Família Imperial............................................................................... 102<br />
21.4.3 Relações Internacionais.................................................................. 102<br />
21.4.4 Governos Locais e Centrais ............................................................ 103<br />
21.5 Indústria ............................................................................................. 103<br />
21.5.1 Estrutura Industrial .......................................................................... 103<br />
21.5.2 Indústrias de Manufatura................................................................. 103<br />
21.5.3 Agricultura de Pesca ....................................................................... 104<br />
21.5.4 Comércio......................................................................................... 104<br />
21.6 Produtos de moda brasileiros exportados para o Japão .................... 104<br />
21.7 O mercado da moda Japonesa.......................................................... 107<br />
21.8 Estilistas japoneses que usam o Japão como inspiração .................. 127<br />
Issey Miyake .............................................................................................. 127<br />
Yohji Yamamoto......................................................................................... 128<br />
Comme des Garçons – por Rei Kawakubo ................................................ 129<br />
Moda de Issey Miyake, Yohji Yamamoto e Rei Kawakubo ........................ 129<br />
21.9 Estilistas brasileiros que usam o Japão como inspiração .................. 130<br />
Erica Ikezili................................................................................................. 130<br />
Renato Loureiro ......................................................................................... 131<br />
Mário Queiroz............................................................................................. 131<br />
V.ROM ....................................................................................................... 131<br />
Mareu Nitschke .......................................................................................... 132<br />
Solange Félix ............................................................................................. 132<br />
Walter Rodrigues ....................................................................................... 132<br />
Jum Nakao................................................................................................. 133<br />
Lino Villaventura......................................................................................... 134<br />
Akiko Suyama ............................................................................................ 134<br />
22 CULTURA JAPONESA X TEMA ....................................................................... 135<br />
11
23 PÚBLICO – ALVO.............................................................................................. 137<br />
24 MARCA.............................................................................................................. 146<br />
Origem da expressão.............................................................................................. 147<br />
25 METODOLOGIA PARA DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÕES.......................149<br />
26 PESQUISA DE TENDÊNCIAS DE MODA..........................................................152<br />
27 BRIEFING DA COLEÇÃO...................................................................................164<br />
28 DESENVOLVIMENTO DA COLEÇÃO................................................................165<br />
28.1 Plano de Coleção................................................................................165<br />
28.2 Cartela de Cores.................................................................................167<br />
28.3 Materiais e Aviamentos......................................................................171<br />
28.4 Coleção...............................................................................................176<br />
28.5 Fichas Técnicas e Modelagem...........................................................186<br />
29 CONCLUSÃO.....................................................................................................203<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 205<br />
12
13<br />
INTRODUÇÃO<br />
Existem diversos países ricos com atrativos culturais para serem<br />
pesquisados. Dentre eles está o Japão, um país insular da Ásia, uma potência<br />
econômica mundial que concentra sua população e suas atividades sobre um<br />
território de pequenas proporções, que vem tendo um crescimento significativo na<br />
economia.<br />
A história do Japão é extremamente rica, por suas tradições, costumes e<br />
cultura que hoje mescla a vida cotidiana cultural com a tecnologia dos dias atuais. A<br />
possibilidade de trabalhar com moda para o Japão é totalmente única, pois os<br />
japoneses mantêm um equilíbrio entre o passado e o futuro. A moda japonesa hoje é<br />
totalmente despojada, alegre e diferente, fazendo assim com que a criatividade<br />
brasileira agrade as consumidoras japonesas. O Brasil tem infra-estrutura adequada<br />
para o desenvolvimento de novos produtos, basta aliar a qualidade que já é<br />
conseguida nos grandes <strong>centro</strong>s produtores de calçados e o design.
14<br />
Na década de 70 quando os estilistas japoneses apareceram em cena na<br />
moda internacional, despertaram em muitos, a curiosidade e suas criações apesar<br />
de serem originais, seguiam a tradição européia.<br />
Hoje a maioria dos melhores estilistas japoneses voltou às suas origens,<br />
criando revoluções na moda, desprezando a diferença entre artesanato e arte, usam<br />
tecidos e malhas para fazerem roupas que são verdadeiras obras de arte.<br />
O presente projeto apresenta uma pesquisa feita sobre a cultura, costumes,<br />
arte do povo japonês, aliando a tudo isso o mercado, a moda, o público-alvo e a<br />
marca. A coleção de bolsas brasileiras para o mercado japonês tem um estilo casual<br />
e despojada, como são as consumidoras deste produto, que aliam qualidade e<br />
beleza.
15<br />
1 HISTÓRIA<br />
A história do Japão é intensa e passa por diversos períodos contrastantes de<br />
muitas guerras, lutas por ideais, conquistas e ao mesmo tempo uma incessante<br />
busca pela paz, espiritualidade e veneração aos ancestrais, o que faz do Japão uma<br />
potência mundial tecnologicamente desenvolvida, mas ao mesmo tempo sempre<br />
ligada a um passado que buscou dominar a qualquer preço e por isto obrigou seus<br />
habitantes a viverem períodos bastante difíceis e com muitas perdas. Como o<br />
passado está sempre presente, é importante conhecer os períodos que compõe a<br />
sua história.<br />
1.1 Kioto – Capital do Japão Antigo<br />
Mais de 12 séculos atrás, em 794, a capital do Japão foi transferida para<br />
Heian Kyo, onde hoje é Kioto (figura 1). Heian Kyo significa “capital da paz e<br />
tranqüilidade”. Por mais de um milênio, esta continuou a ser a cidade de residência<br />
do imperador e <strong>centro</strong> do país, até que em 1868 a capital foi transferida novamente,<br />
desta vez para Tóquio. Kioto desempenhou um papel crucial na cultura, na religião e
16<br />
na política japonesas de um período histórico a outro, desde a Era Heian, que durou<br />
quase 400 anos, e através das eras Kamakura, Muromachi, Azuchi-Momoyama e<br />
Edo. Pode-se dizer que, ao longo deste tempo, a história do Japão segue os passos<br />
da história de Kioto. Tem 14 templos e santuários considerados Patrimônios<br />
Históricos da Humanidade pela Unesco, e mais de 1.700 Patrimônios Nacionais e<br />
Propriedades Culturais tombados pelo governo japonês. Uma viagem a Kioto é uma<br />
experiência inesquecível, verdadeira descoberta do Japão antigo.<br />
Hoje com população de cerca de 1,5 milhão de habitantes, Kioto dispõe das<br />
conveniências de qualquer cidade moderna do Japão e continua a mudar com a<br />
passagem do tempo. Mas a antiga herança cultural desta cidade que durante mil<br />
anos foi a capital japonesa continua viva, sempre à espera do turista.<br />
Figura 1: Kioto<br />
Fonte: http://www.hoffmann.caltech.edu/PlacesVisited/html0001/images/Kyoto%202001.jpg<br />
1.2 Pré-história e proto-história<br />
O povoamento do Japão, anterior ao VIII milênio a.C., foi feito provavelmente<br />
por populações norte-asiáticas do Paleolítico Superior ou pelo menos no Mesolítico.
17<br />
Em meados do III milênio a.C. grupos de cavaleiros de origem altaica vindos<br />
da Coréia conquistaram o Japão meridional. Introduziram a construção de grandes<br />
túmulos para os soberanos e deram novas crenças, mitos e um esquema de<br />
organização social aos camponeses Yayoi. Mais tarde os novos imperadores, para<br />
legitimar seu poder, fizeram redigir uma “história do Japão” fazendo sua linhagem<br />
descender da deusa do Sol, Amaterasu. Duas obras, o Kojiki e o Nihon Shoki foram,<br />
pouco depois, as únicas fontes autorizadas para o estabelecimento de uma história<br />
do Japão depois da chegada do budismo.<br />
O período de Asuka (meados do século VII - início do século VIII), após a<br />
morte do príncipe Shotoku, adepto ao budismo, vários códigos de lei foram criados,<br />
definindo um sistema de governo baseado no modelo chinês dos Tang.<br />
1.3 Período de Nara (710-794)<br />
Seis seitas budistas impuseram suas concepções à corte, que se estabeleceu<br />
definitivamente em Nara. As fugas de camponeses, esmagados pelos impostos,<br />
enfraqueceram o poder imperial em benefício dos chefes de clãs e das comunidades<br />
religiosas. Os monges aumentaram seu poder em relação à corte. O imperador<br />
Kammu, a fim de se libertar dessa dominação fundou uma nova capital em Nagaoka<br />
(784) e, dez anos depois, em Heian Kyo (Kioto), que fez edificar com base no plano<br />
em tabuleiro da capital Tang. Inaugurada em 794, Heian Kyo foi a capital do Japão<br />
até 1868.
18<br />
1.4 Período Heian (794-1185/1192)<br />
Este período caracteriza-se pelo aparecimento de novas doutrinas budistas.<br />
Grandes mosteiros foram fundados, e foi criada uma escrita silábica que permitiu a<br />
transcrição de complementos japoneses. A partir de 858, a família dos Fujiwara<br />
assumiu o poder, que o conservou até meados do século XII. Teve início uma era de<br />
paz e desenvolvimento cultural que ficou conhecido como a era “clássica” do Japão.<br />
Em 940 ocorreu uma revolta (clã dos Taira) e os Fujiwara enviaram tropas do clã<br />
Minamoto para reprimi-la.<br />
1.5 Período de Kamakura (1185/1192-1333)<br />
O chefe do clã Minamoto, Yoritomo, e seu irmão Yoshitsune eliminaram o clã<br />
dos Taira; logo, voltaram-se contra os Fujiwara e conquistaram os territórios ao norte<br />
de Honshu. Yoritomo instaurou uma sociedade quase feudal. Distribuiu terras aos<br />
camponeses, porém deu-lhes um status inferior aos dos guerreiros (samurais). Em<br />
1192, tornou-se xogum (ditador militar) e o imperador perdeu a autoridade. Yoritomo<br />
estabeleceu um bakufu (governo militar) em Kamakura, colocando fim ao regime dos<br />
“imperadores isolados”. Após sua morte, um senhor do clã Hojo assumiu a regência<br />
do bakuru. O Japão repeliu tentativas de invasões dos mongóis, porém enfraqueceu<br />
seus guerreiros e o bakuru debilitou-se. O imperador Daigo II restaurou o poder com<br />
a ajuda de Takaiji Ashikaga tomando e incendiando a cidade de Kamakura.
19<br />
1.6 Período Ashikaga ou de Muromachi (1333-1582)<br />
O chefe mais poderoso do Japão, Takauji Ashikaga, voltou-se contra o<br />
imperador e estabeleceu seu bakuru em Kioto. Em 1338 nomeou-se xogum. O<br />
imperador legítimo, Gokameyama, refugiou-se nas montanhas de Yomato com seus<br />
partidários, inaugurando o período de cisma dinástico chamado “das duas cortes”.<br />
Entre 1467 a 1477 surgiu uma guerra chamada “da era Onin” que colocou em<br />
disputa a sucessão do xogum Yoshimasa. Os conflitos entre diferentes senhores<br />
(daimios) duraram um século.<br />
Em 1568, um senhor do norte, Oda Nobunaga, conseguiu vencer seus<br />
adversários fez-se nomear xogum, venceu os Ashikaga e atacado por um dos seus<br />
generais, suicidou-se. Hideyoshi Toyotomi sucedeu a seu senhor.<br />
1.7 A era dos ditadores (1582-1616)<br />
Hideyoshi fez com que o filho de Nabunaga Oda fosse eleito xogum. Deu<br />
continuidade à guerra contra os senhores. Determinou que se fizesse um<br />
recenseamento geral das terras, tributou os camponeses e interditou o porte de<br />
armas aos não-samurais. Imprimiu também sua própria moeda e favoreceu o<br />
desenvolvimento das minas de ouro e prata. Hedeyoshi lançou-se à conquista da<br />
Coréia. Suas tropas entraram em Seul e ele decidiu atacar a China, mas coreanos<br />
começaram a vencer. Com a morte de Hideyoshi, o Japão abandonou a Coréia.<br />
Tokugawa Ieyasu venceu as tropas dos outros daimios na batalha de Sekigahara e<br />
estabeleceu um bakuru em Edo (atual Tóquio). Monopolizou o comércio da seda,
20<br />
dividiu os vassalos em três classes e fez aplicar permanentemente o código de<br />
regulamentação feudal instaurado por Hideyoshi.Ieyasu morreu em 1616. Sua obra<br />
foi imensa e durável: unificou o país e deu-lhe um governo estável, restabeleceu<br />
relações amigáveis com a China, aperfeiçoou a frota de comércio e estabeleceu<br />
ótimas relações com os países do Sudeste Asiático e mesmo com a Europa.<br />
1.8 Período Edo ou dos Tokugawa (1616-1868)<br />
Depois de consolidar sua posição no bakufu, Hidetada Tokugawa, foi<br />
sucedido por seu filho Iemitsu que reforçou as proibições relativas aos estrangeiros,<br />
promulgadas por seu pai, Todos os portos japoneses foram fechados aos navios<br />
europeus, exceto Hirado e Nagasaki. Na ocasião, houve uma grande rebelião e o<br />
bakufu reagiu violentamente, massacrando os cristãos e proibindo que os navios<br />
portugueses e espanhóis abordassem o Japão. O país foi fechado aos estrangeiros,<br />
exceto aos chineses e aos holandeses, que foram autorizados a freqüentar uma<br />
parte do porto de Nagasaki.<br />
A partir do fim do século XVII, a classe dos mercadores começou a assumir<br />
uma grande importância. Para atender às suas grandiosas despesas, os daimios se<br />
individaram com os mercadores. No século XVIII ocorreram também muitas revoltas<br />
camponesas por causa da miséria. A primeira metade do século XIX se caracterizou<br />
pelo confronto com os países ocidentais, que queriam a abertura do Japão ao<br />
comércio internacional. Em seguida os russos, os holandeses, os ingleses e os<br />
norte-americanos se manifestaram. O bakufu foi forçado a assinar um acordo e, em<br />
seguida, fez acordos semelhantes com a Grã-Bretanha, Rússia e Holanda, que
21<br />
provocaram uma revolta em uma parte da população. Em 1864, os partidários do<br />
imperador se revoltaram e venceram as tropas do bakufu, e Yoshinobu demitiu-se.<br />
Um governo provisório foi estabelecido, mesmo contra a vontade de alguns<br />
partidários. Mutsuhito assumiu o trono e transferiu o governo para Edo, rebatizada<br />
Tóquio. Começou então um novo período, a “era Meiji”.<br />
1.9 A era Meiji (1868-1912) e as seguintes (1912-1926)<br />
Desejando adotar as técnicas da Revolução Industrial que fariam do Japão<br />
uma grande potência econômica, o imperador introduziu novas instituições:<br />
supressão das instituições feudais, <strong>criação</strong> de universidades, instauração do sistema<br />
militar obrigatório, formação de um “gabinete parlamentar”, promulgação de uma<br />
constituição, ocidentalização das práticas judiciais, dos costumes e hábitos. Os<br />
partidários do antigo regime, que eram numerosos, se revoltaram.<br />
Após uma disputa sobre a Coréia, as forças japonesas desembarcaram na<br />
China e invadiram Formosa. O Tratado de Shimonoseki (1895) consagrou a vitória<br />
do Japão e a independência da Coréia, mas as potências ocidentais obrigaram o<br />
Japão a devolver à China a península de Liaodong. O Japão concluiu uma aliança<br />
militar com a Inglaterra em 1902, para conter as investidas russas contra a Coréia.<br />
Em 1904, o Japão atacou a marinha russa e a frota russa do Báltico, enviada em<br />
reforço. A Rússia foi obrigada a conceder aos japoneses o direito de se instalarem<br />
na Manchúria e na Coréia e a ceder-lhes metade da ilha Sacalina.
22<br />
Com a morte de Mutsuhito, seu filho e sucessor, Yoshihito, inaugurou a era<br />
Taisho. O Japão entrou na I Guerra Mundial ao lado dos aliados (1914). Interveio<br />
com eles na Sibéria e combateu os bolcheviques até 1922. Na conferência de paz<br />
de Paris, obteve a posse de todas as ilhas do Pacífico ao norte do Equador, antes<br />
pertencentes à Alemanha.<br />
Em 1923, um terremoto destruiu Tóquio e Iocoama. Em 1926, Hirohito<br />
sucedeu a seu pai e inaugurou a era Showa.<br />
1.10 II Guerra Mundial<br />
Em 1940, o governo militarista japonês alia-se à Alemanha e à Itália e ocupa<br />
a Indochina francesa no ano seguinte. Com esta expansão o Japão gera um conflito<br />
com os Estados Unidos. O Japão ataca e destrói uma esquadra norte americana,<br />
ocupa o Sudeste da Ásia e a maior parte do Pacífico Ocidental, mas acabam sendo<br />
derrotado. Porém, a rendição só acontece após a explosão das bombas atômicas<br />
jogadas pelos Estados Unidos nas cidades de Hiroshima e Nagasaki. Assim, os<br />
Estados Unidos impõem uma Constituição e um sistema de governo baseada nas<br />
democracias ocidentais. Em 1954, o Japão assina um tratado de defesa com os<br />
Estados Unidos, que inclui a instalação de bases norte-americanas. A guerra deixou<br />
mais de 1.800.000 vítimas no Japão; 40% das cidades foram arrasadas e a<br />
economia, completamente destruída.
23<br />
1.11 O pós-guerra<br />
Sob o poder de MacArthur, uma nova constituição foi promulgada. Aplicada<br />
desde 1947, inaugurou uma monarquia constitucional sob o controle de um<br />
parlamento de tipo britânico. Houve um período inicial de instabilidade, sucedido por<br />
uma retomada do crescimento econômico, favorecido pela guerra da Coréia. O<br />
Tratado de São Francisco. Assinado com os Aliados devolveu ao Japão sua<br />
soberania e permitiu-lhes reconstruir uma força policial, mas continuou proibindo a<br />
reconstrução da força militar japonesa. Esse tratado foi sendo renovado, mesmo<br />
com a oposição interna do Japão. Durante os anos 50 e 60, o socialismo e o<br />
antiamericanismo se desenvolveram no Japão, e, em 1969, os Estados Unidos<br />
decidiram abandonar perto de 50 bases militares, prometendo devolver Okinawa três<br />
anos depois. O Japão se tornou uma das principais potências econômicas e políticas<br />
do mundo. Sua integração ao mundo capitalista e ocidental foi realçada graças à<br />
participação crescente da Europa no comércio do Japão e pela adesão à<br />
Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em 1964. Nos<br />
anos 70, os liberais-democratas que assumiram o poder tiveram que enfrentar um<br />
problema em relação à expansão econômica, uma crise monetária, a competição<br />
com um dólar desvalorizado e uma taxa de 10% sobre as importações. O primeiroministro<br />
Kakuei Tanaka recebeu poderes do Parlamento para combater a crise e<br />
decretou “estado de urgência”. Paralelamente, a diplomacia se orientou para os<br />
países produtores de petróleo. O governo teve sucesso na luta contra a inflação, e o<br />
tratado de paz e amizade assinado com a China permitiu ao Japão estender sua<br />
influência ao extremo oriente. No entanto, em 1979, a forte alta dos preços levou o
24<br />
governo a propor um plano setental de ajuste que previa enormes investimentos<br />
para o desenvolvimento econômico e social do país, a redução do desemprego e um<br />
crescimento muito superior ao dos outros países industrializados.<br />
O primeiro-ministro Yasuhiro Nakasone continuou a política de recuperação<br />
econômica. O rigoroso plano econômico que adotou foi a principal causa de sua<br />
impopularidade. Foram quatro anos de sucessões, mas, de maneira geral, as<br />
grandes linhas de orientações fixadas por Nakasone foram mantidas por seus<br />
sucessores. O imperador Hirohito morreu em 1989 e foi sucedido por seu filho,<br />
Akihito, que inaugurou a era Heisei.<br />
No final dos anos 80, o Japão havia se tornado uma das três principais<br />
economias capitalistas mundiais, sendo responsável por 10% do produto mundial<br />
bruto. Acumulou saldos no comércio exterior, tornou-se também o maior país credor<br />
do mundo. Em relação à política externa, o Japão foi marcado pela ajuda financeira<br />
concedida à Europa do Leste e à antiga União Soviética e, também, pelo<br />
empréstimo de bilhões de dólares para apoiar os Estados Unidos na Guerra do<br />
Golfo. As eleições de 1993 transformaram politicamente o Japão e puseram fim ao<br />
poder exercido pelo Partido Liberal Democrata por, 38 anos. A divulgação de novos<br />
casos de corrupção em que estava envolvida a maioria dos grandes líderes do<br />
governo, em 1988, fragilizou a força política do PLD, que, pela primeira vez, se viu<br />
em minoria. Em agosto, Marihiro Hosokawa integrante de um partido político,<br />
assumiu o cargo de primeiro-ministro e formou um governo frágil, compreendendo,<br />
além dos três partidos neoconservadores, agremiações de <strong>centro</strong> e o Partido<br />
Socialista. Não conseguindo impor seus projetos, Hosokawa deixou o governo em
25<br />
1994. O socialista Tomiichi Murayama tornou-se o primeiro-ministro e formou um<br />
governo a partir da aliança entre o PLD, o Partido Socialista e o Partido Pioneiro<br />
(Sakigake). No entanto, o governo político causou fortes prejuízos ao país, no<br />
momento em que se desejava uma maior participação internacional, além de<br />
dificultar a busca de soluções dos conflitos econômicos que opuseram o Japão aos<br />
Estados Unidos e à Europa. Em 1995, apesar da derrota do Partido Socialista nas<br />
eleições para o Senado, Murayama continuou no poder devido à junção com o PLD<br />
e o Partido Pioneiro. O fracasso do Partido Socialista foi atribuído à insatisfatória<br />
atuação do governo frente a crises como o terremoto de Kobe, que causou 5000<br />
mortes, e o ataque da seita religiosa Aum Shinri Kyo no metrô de Tóquio, com gás<br />
sarin, intoxicando mais de 5500 pessoas. Em 1996, o poder passou novamente para<br />
o PLD. Em setembro de 1996, Hashimoto dissolveu o Parlamento e antecipou as<br />
eleições previstas para 1997. O PLD venceu, mas não conseguiu maioria<br />
parlamentar, tendo de negociar alianças para conseguir constituir um governo.<br />
Uma lei votada em 1992 autoriza o envio de tropas japonesas ao exterior,<br />
como parte das operações de manutenção de paz. Em agosto de 1993, em visita à<br />
China, o primeiro-ministro Hosokawa formalizou o pedido de desculpas pelas ações<br />
do passado. O Japão passou a intensificar as relações políticas e econômicocomerciais<br />
com os outros países do Sudeste Asiático. Em julho, foi feito outro pedido<br />
de desculpas, dessa vez pelas ações na Coréia. Em agosto de 1995, ao<br />
completarem cinqüenta anos de rendição do Japão na II Guerra Mundial, o Japão<br />
reconheceu a posição de agressor na guerra.
26<br />
O ano de 1996 foi marcado pela tentativa de conciliação do Japão com os<br />
Estados Unidos na área comercial e pelas negociações quanto à devolução das<br />
bases militares americanas em Okinawa.
27<br />
2 LITERATURA<br />
Os primeiros textos da literatura japonesa são duas reuniões semi-históricas<br />
do século VIII, o Kokiji e o Nihon-shoki, e uma antologia de toda a poesia japonesa<br />
escrita desde o século IV, o Manyo-shu. Do século IX ao XII, se destacam dois<br />
gêneros: o monogatari, narrativa poética e romanceada e o nikki, diário íntimo. A<br />
idade de ouro desses dois gêneros ocorreu por volta do ano 1000, no apogeu do clã<br />
Fujiwara.<br />
Do século XII ao XV, foi a época dos romances históricos, das crônicas<br />
guerreiras, dos relatos épicos. Entretanto, os jogos poéticos sempre foram<br />
estimulados pela corte. Entre os principais mestres do waka (poemas) destacaramse<br />
o monge Saigyo, Fujiwara e Minamoto. Duas obras originais e importantes<br />
dominaram a época: o Hojoki e o Tsurezuregusa, coletânea de anotações escritas<br />
sem preocupação com a composição. No século XIV, apareceu o nô, drama lírico<br />
que combina a música, a dança e a poesia.<br />
Do século XV a 1750, numerosos escritores contentaram-se em plagiar os<br />
monogatari, enquanto isso, surgiam dois novos gêneros, um deles romanesco,
28<br />
soshi, e o outro, dramático, o jururi. No campo da poesia, observou-se o<br />
aparecimento de uma poesia mais concisa, o haiku. A partir de 1650, assistiu-se a<br />
um renascimento das letras e das artes: foi denominado o “século de Osaca”. A<br />
importância de certos eruditos sinólogos sufocou a literatura nacional, porém<br />
Saikaku renovou o soshi. A arte de haiku atingiu o apogeu com Basho.<br />
A literatura romanesca no período de 1750-1868 foi representada por Ueda<br />
Akinari. Kyoden santo, Bakin Kyokutei, Ikku Jippensha, samba Shikitei escreveram<br />
romances burlescos. Namboku Tsuruya e Mokuami Kawatake deram sua<br />
contribuição ao kabuki, o monge Ryokan cultivou o gênero waka, Buson e Issa<br />
Kobayashi, o hinku. A disputa entre os wagakusha (partidários de um renascimento<br />
propriamente japonês) e os kangakusha (fiéis aos estudos chineses) foi vencida<br />
pelos primeiros com Norinaga Motoori. Essa evolução iria se observar durante todo<br />
o século XVIII e a primeira metade do século XIX.<br />
O Japão abriu-se às influências ocidentais. Em 1878, a língua escrita e a<br />
língua falada foram unificadas. Dos escritores mais celebres da segunda metade do<br />
século XIX citam-se: Yukichi Fukuzawa, Shoo Tsubuchi e Shimei Futabei, autor do<br />
primeiro romance em língua moderna. Por volta de 1900, impôs-se o movimento<br />
naturalista com Tosos Shimazaki, Katai Tayama e Shusei Tokuda. De 1910 a 1925<br />
ocorreu uma reação contra o naturalismo, liderada por Ogai Mori, Sosoki Natsume,<br />
Junuchiro Tanizaki, pelo círculo de idealistas de “shirakaba” e, sobretudo por<br />
Ryonosuke Akutagawa, mestre do conto e do ensaio.
29<br />
De 1925 a 1945, a literatura assumiu colorações políticas. Os “neosensacionalistas”<br />
eram antimarxistas. Com Yasunari Kawabata, por volta de 1950, a<br />
literatura pura retomou seus direitos. O trauma da guerra e a reflexão sobre o lugar<br />
do escritor numa sociedade em plena recomposição inspiraram Haruo Umezaki.<br />
Kobo Abe e Shusaku Endo. Atentos aos problemas sociais e condenando o<br />
militarismo, os autores dos anos 60 e 70 abordaram também o reencontro<br />
conflituoso com o Ocidente. Os meios de comunicação favorecem vários autores<br />
consagrados, como Seicho Matsumoto, mestre do romance policial.<br />
Destacam-se na prosa: Shuntaro Tanikawa, Ryo Murakami, entre outros. A<br />
poesia que passou por influências ocidentais, renovou também o tanka e o haiku.<br />
Após Minoru Yoshioka, um dos poetas surrealistas mais marcantes do pós-guerra,<br />
os jovens poetas trabalham sobre as possibilidades gráficas da língua, em resposta<br />
à sua degradação.
30<br />
3 BELAS-ARTES<br />
No século VI-VII, a influência chinesa era predominante, mas na arquitetura a<br />
disposição dos prédios era tipicamente japonesa. As fundações religiosas se<br />
multiplicaram. Tributária ainda da China dos Wei do Norte na escultura realizada, por<br />
Tori, a habilidade dos artesãos japoneses se revelou no trabalho em madeira.<br />
Na época de Nara, no século VIII, a contribuição chinesa permaneceu. Nara e<br />
seus templos foram construídos segundo o modo continental. Na escultura, a<br />
madeira laqueada e o gesso foram substituídos pelo bronze vagarosamente.<br />
Na época Heian, no século XI-XII, Heian Kyo, próximo da atual Kioto, tornouse<br />
a capital. As seitas esotéricas suscitaram uma arquitetura que, embora<br />
conservando um plano restrito, se ordenou mais e mais segundo a configuração do<br />
terreno, traço característico da arquitetura japonesa. As residências privadas<br />
participaram desse compromisso entre o rigor das fórmulas continentais e a tradição<br />
japonesa xintoísta (construções sobre estacas, tetos em casca de árvore, galeria<br />
circular, etc.).
31<br />
Os escultores representavam as divindades com o aspecto terrível de acordo<br />
com as crenças das seitas esotéricas. Foram fundados ateliês onde se praticava a<br />
técnica das peças ensambladas.<br />
Na pintura, alguns temas e caracteres nacionais se afirmaram: predileção<br />
pela linha em detrimento do volume, elegância das formas, tratamento das<br />
paisagens evocando a doçura do campo japonês.<br />
Na época de Kamakura (1185-1333), após os desastres das guerras civis,<br />
verificou-se um período de reconstrução. No domínio religioso, as fórmulas<br />
arquitetônicas japonesas do século precedente recuaram em proveito da China.<br />
Os pintores prosseguiram em seu impulso e por vezes levaram a<br />
individualização até a caricatura. Houve realismo na escultura. O vigor plástico se<br />
impõe em admiráveis retratos de leigos e sacerdotes.<br />
Na época Ashikaga (1333-1573), as comunicações com a China se tornaram<br />
oficiais e o budismo zen permaneceu notado na arquitetura profana. Sempre sob a<br />
influência zen os jardins esotéricos se desenvolveram.<br />
Pouco solicitado pelo zen, o escultor deu liberdade à sua inspiração, criando<br />
máscaras para o nô e agregada à corte imperial. A escola Tosa ilustrou<br />
brilhantemente o yamatoe, destinadas à decoração das moradias, as composições<br />
se tornaram cada vez mais decorativas. A pintura com tinta dos Song do sul,
32<br />
introduzida pela seita zen, tornou-se conhecida, e colecionadores encorajaram os<br />
monges que a praticavam.<br />
Na era dos ditadores (1573-1616), os castelos dos ditadores, assentados<br />
sobre maciços de pedra e construídos em madeira, rivalizavam em luxo. Abrangiam<br />
ornamentos esculpidos e decoração. Expressão da natureza e senso decorativo se<br />
aliavam na obra de Hasegawa Tohaki, que apesar do emprego da aguada<br />
monocromática, possui um estilo desvencilhado da influência chinesa. Foi ainda a<br />
natureza que inspirou o gênio de Sanraku (decoração do Daikaku-ji, Kioto). Para as<br />
residências particulares criou-se uma arquitetura funcional e despojada,<br />
admiravelmente ordenada.<br />
Na era dos Tokugawa (1616-1868), Kioto conservou o papel de capital<br />
cultural, mas Edo (Tóquio) se tornou o <strong>centro</strong> político. Comércio e indústria<br />
enriqueceram a burguesia, em que trabalhavam os grandes decoradores. O pintor<br />
Korin Ogata, célebre por suas grandes composições, juntou seu talento ao do irmão,<br />
o oleiro Kenzan. Laqueadores, desenhistas de tecido e as porcelanas Imari foram<br />
exportados para a Europa. Ike no Taiga e Yoga Buson criaram o bujin-ga (pintura de<br />
letrados), que associou o ideal chinês à sensibilidade nipônica. Maruyama Okyo<br />
fundou uma escola em que o realismo e o lirismo se correspondiam.
33<br />
4 COSTUMES<br />
Os japoneses têm muitos costumes e nas últimas décadas, alguns objetos<br />
tradicionais da cultura japonesa foram incorporados ao cotidiano dos brasileiros, por<br />
questão de comodidade e conforto, como futons, ofurôs, entre outros.<br />
4.1 Futon<br />
Os acessórios de dormir sofreram grande mudança a partir da Segunda<br />
Guerra Mundial, com o aparecimento da fibra sintética como matéria-prima, e os<br />
acessórios que até então eram feitos pelas famílias passaram para a produção<br />
industrial.<br />
O futon (figura 2) é uma peça imprescindível para os japoneses, feita de<br />
algodão é usado também nas casas com tatami como colchões, originado da<br />
palavra tatamu, que significa dobrar, o tatami (esteira) é um elemento-chave da<br />
decoração japonesa, pois faz parte da milenar cultura japonesa o ato de se sentar<br />
e/ou deitar diretamente no chão, em cima de esteiras. Durante o dia, são dobrados e<br />
guardados em armários, transformando, assim, o quarto em sala de estar.
34<br />
Figura 2: Futon<br />
Fonte: http://www.tools-portal.com/de/digitaleblaupaene/bilder/Futon.jpg<br />
4.2 Quimono e Calçados<br />
O quimono (figura 3) é confeccionado a partir de um tecido de 12 a 13 metros<br />
de comprimento por 40 centímetros de largura, é composto de 8 partes que,<br />
costuradas umas às outras, aproveita o tecido em sua totalidade. Suas estampas<br />
variam muito e é feito de seda.<br />
Os estilistas brasileiros admitem que o Japão influencia seus trabalhos. Como<br />
é o caso de Walter Rodrigues que admite que Yoji Yamamoto e Rei Kawakubo<br />
foram decisivos para que entrasse no mundo da moda: “Eles desconstruíram a<br />
moda ocidental e a reconstruíram de um modo japonês”, analisando e falando de<br />
Yoji e Rei Kawakubo; “Parei com o japonismo porque achei que já tinha feito tudo,<br />
mas isso não quer dizer que eu não possa explorá-lo no futuro”, admite.<br />
Os estilistas Kansai Yamamoto e Kenzo também trouxeram a cultura<br />
japonesa nas cores e no modo de reestruturação das roupas.
35<br />
Figura 3: Quimono<br />
Fonte: Revista Non-no, Edição Nº14, página 172<br />
O obi (figura 4) é uma faixa comprida, tingida ou de rico brocado, não é<br />
apenas decorativa, mas funcional, pois o quimono não tem nenhum tipo de botões<br />
ou fechos e o obi serve para mantê-lo fechado. Até o momento, o quimono era o<br />
<strong>centro</strong> das atenções, mas as poucas inovações em seu design levaram os tecelões<br />
e tingidores a voltar sua atenção para o obi, tornando-o mais elaborado e<br />
aumentando sua largura. Hoje também é usado para sustentar os vestidos. Alguns<br />
calçados são usados junto com os quimonos e há trinta anos atrás eram usados<br />
com bastante freqüência, como os Geta, Zori e as Warji (figura 5).<br />
Figura 4: Obi<br />
Fonte: Livro Guia da Cultura Japonesa página 332
36<br />
Figura 5: Calçados japoneses<br />
Fonte: Revista NIPPONIA Descobrindo o Japão Edição 21 página 27<br />
4.3 Hachimaki<br />
Desde a Antigüidade os japoneses costumam usar faixas na cabeça, os<br />
chamados hachimaki (figura 6) para demonstrar o espírito de decisão e de esforço.<br />
Durante as batalhas, eles colocavam a faixa antes da armadura, pois esta tinha duas<br />
finalidades, o de demonstrar o espírito guerreiro e também servia como uma espécie<br />
de almofada, pois o kabutô (capacete) se colocado diretamente na cabeça<br />
machucava.<br />
A tradição do hachimaki se tornou conhecida no Ocidente durante a II Guerra<br />
Mundial, quando os kamikazes (pilotos suicidas) utilizavam a faixa com o desenho<br />
da bandeira japonesa, o chamado asahi hachimaki. Também chamou a atenção do<br />
mundo quando o famoso escritor japonês Yukio Mishima, que utilizava um<br />
hachimaki, cometeu suicídio cortando a própria barriga. Mas, independente das<br />
tragédias, o fato de usar hachimaki ainda hoje tem a conotação de demonstração de<br />
confiança, segurança e concentração de energia para alcançar um objetivo sendo<br />
utilizado em situação de esforço intenso, como é o caso de estudantes que
37<br />
costumam usar em períodos de provas para auxiliar na concentração e os atletas o<br />
utilizam em competições esportivas.<br />
Figura 6: Hachimaki<br />
Fonte: http://www.goodsfromjapan.com/shop/im/headbands/gokaku.jpg<br />
4.4 Ofurô<br />
O ofurô passou a ser muito utilizado também no Brasil, por sua eficácia no<br />
relaxamento, eliminação de dores no corpo, em cuja água passou a ser adicionados<br />
óleos essenciais, pétalas de rosas e outros elementos.<br />
No Japão, havia dois métodos para se tomar banho: o “banho a vapor”, que<br />
era realizado numa sala fechada, e o “banho de água quente”, que consistia na<br />
imersão em uma banheira cheia de água quente. O ofurô se refere ao segundo<br />
método.<br />
Na Idade Média, o ofurô ocupava uma posição importante nos templos<br />
budistas. Poucas famílias tinham condições de destinar um cômodo especial para o<br />
ofurô, sendo assim, instalado na parte externa da residência.
38<br />
Hoje, não são usados apenas para o banho, mas também para o relaxamento<br />
e tratamento terapêutico.<br />
4.5 Furoshikis e Leques<br />
Furoshikis (figura 7) são grandes lenços quadrados, normalmente coloridos<br />
que os japoneses têm usado por muito tempo para embrulhar vários objetos. Eles<br />
não apenas estão sendo usados cada vez mais, mas também dão um ar de<br />
elegância para o presente.<br />
É bastante comum os japoneses agradarem seus amigos com uma<br />
lembrança envolta em um furoshiki. Os leques (figura 8) são feitos de papel<br />
ornamental colado à armação de varetas de bambu. Alguns leques de luxo são<br />
feitos de sândalo ou ébano.<br />
Figura 7: Furoshiki<br />
Fonte:http://gojapan.about.com/library/cards/item5.gif
39<br />
Figura 8 : Leques<br />
Fonte: Revista NIPPONIA Descobrindo o Japão Edição 30 página 24<br />
4.6 Amuletos<br />
As crenças religiosas dos japoneses estão diretamente ligadas aos amuletos.<br />
Há uma convivência pacífica e pragmática entre o xintoísmo e o budismo.<br />
4.6.1 Omamori e Ofuda<br />
O omamori (figura 9) é uma pequena peça, feita à mão, de papel ou de tecido,<br />
na qual está inscrito o nome do deus ou uma invocação especial e é consagrado<br />
pelo monge.<br />
O ofuda também é um amuleto da sorte. Feito de madeira tem espessura fina,<br />
formato retangular e traz inscrito o nome do santuário ou alguma imagem de um<br />
deus e é consagrado pelo monge xintoísta. É colocado nas residências para afastar<br />
acidentes como fogos, doença e outros infortúnios.<br />
Figura 9: Omamori
40<br />
Fonte:http://www7.plala.or.jp/awatajinja/gazou/pict/omamori-r.jpg<br />
4.6.2 Sete Deuses da Felicidade (shichifukujin meguri)<br />
É um conjunto de sete deuses (figura 10), cada um com uma determinada<br />
missão. São eles: Daikoku – Deus da Fortuna, Bishamon – cuida da dignidade e da<br />
riqueza, Hotei – generosidade e satisfação, Benzai – garante saúde e beleza para<br />
quem recebe, Fukurokuju – Deus da Longevidade e Popularidade, Ebisu – Deus da<br />
Sinceridade e Honestidade, e Juroujin – garante vida longa e inteligência aos seus<br />
possuidores.<br />
Figura 10: Sete Deuses da Felicidade<br />
Fonte: http://www.luasenovas.com.br/upload/SetedeusesTodos.jpg<br />
4.6.3 Daruma<br />
Um dos mais populares amuletos acredita-se, trazem sorte nos negócios e<br />
proteção. Geralmente feitos de papel machê, o daruma (figura 11) é caracterizado<br />
por um bigode preto e manto vermelho. Ele representa o Buda, ele tem sido<br />
presenteado com os dois olhos em branco. Após recebê-lo faz-se um desejo e pinta-
41<br />
se um dos olhos, somente depois de o pedido ser realizado o daruma terá os dois<br />
olhos pintados.<br />
Figura 11: Daruma<br />
Fonte: http://www.oldjapaninc.com/images/Large-Daruma-large.jpg<br />
4.6.4 Maneki-neko<br />
O maneki-neko (figura 12) é obrigatório nas casas comerciais, é uma<br />
estatueta de um gato que está acenando com uma das patas. A popularidade desse<br />
amuleto se refere à lenda de um casal de comerciantes que teria encontrado e<br />
tratado os ferimentos desse gato. Para retribuir essa generosidade, ele ficava na<br />
frente da loja chamando os fregueses com uma das patas. Acredita-se que a pata<br />
direita levantada chama dinheiro e a esquerda freguesia. Em relação a cor, os<br />
brancos trazem sorte, os negros espantam os maus espíritos e os marrons afastam<br />
as doenças e os dourados atraem riqueza.
42<br />
Figura 12: Maneki-neko<br />
Fonte: http://www.shelleylake.com/gallery_images/manekineko.jpg<br />
4.6.5 Tanuki<br />
O Tanuki (figura 13) é feito de cerâmica, com chapéu de palha preso ao<br />
pescoço e garrafa de saquê pendurada em um dos lados e é considerado uma figura<br />
especial no folclore japonês. É amado e temido ao mesmo tempo. Contam-se<br />
histórias em que ele era vilão, mas um vilão brincalhão, com inocência e ao mesmo<br />
tempo, há histórias simpáticas do Tanuki, em que ele transformou uma chaleira de<br />
chá em fortuna para a pessoas que haviam salvo sua vida.<br />
Figura 13: Tanuki<br />
Fonte: http://www.inhgroup.com/blog/media/2/20050912-tanuki.jpg<br />
4.6.6 Sinos (FUURIN) e Incenso<br />
Fuurin (figura 14) são os pequenos sinos que soam com o movimento do<br />
vento. São feitos de metal ou porcelana e ficam suspensos nos galhos das árvores
43<br />
ou beiral das casas. A peça de papel pendurada sob o sino, a qual pode trazer a<br />
inscrição de um poema, ao ser soprado pelo vento provoca os sons dos sinos.<br />
Senkou é o bastão de incenso que, de acordo com o costume japonês, é<br />
posto para queimar diante do altar familiar e sempre durante as orações em<br />
reverência ao falecido ou nos serviços funerais. Ao mesmo tempo, é considerado<br />
hospitaleiro receber o convidado com o ar perfumado pela queima de incenso. Como<br />
acontece freqüentemente, o incenso é queimado pelos praticantes da cerimônia do<br />
chá antes da entrada dos convidados à sala do chá.<br />
Figura 14: Fuurin<br />
Fonte: http://www.hyogo-bussan.or.jp/item/kougei/kougei_item/photo/p_fuurin.jpg
44<br />
5 CULINÁRIA<br />
No Japão, os principais alimentos são arroz e peixe, mas também são<br />
consumidos massas e pães. São apreciados tanto os pratos tradicionais, tais como:<br />
sushi que é um rolinho de arroz recheado e envolto em algas ou coberto por uma<br />
faixa de peixe (figura 15), como o yakissoba que se trata de um macarrão frito com<br />
legumes, a tempura, o sashimi, para o qual existem muitas variedades de peixes<br />
para a sua preparação, o saquê que é servido quente, mas pode ser bebido gelado<br />
e misturado a outras bebidas e sucos, originando coquetéis, nigirizushi, é um bolinho<br />
feito de arroz coberto com uma peça de fruto do mar, contendo wasabi (raiz forte)<br />
entre esta última e o arroz, é degustado colocando o shoyu (molho de soja), enfim<br />
como pode ser degustado também hambúrguer, curry, espaguete, pizza, comida<br />
chinesa, etc. Existe grande variedade de doces (wagashi) e os bolos do tipo<br />
ocidental.<br />
O que proporciona a preferência por peixes e frutos do mar no Japão é a<br />
geografia. O Japão tornou-se um dos maiores importadores de peixes e moluscos<br />
do mundo.<br />
Seus pratos encantam por sua organização, pela forma como são arrumados<br />
e seus coloridos. É inspiradora a forma com que os japoneses cuidam da
45<br />
apresentação dos pratos, os enfeites que são colocados mostram a preocupação<br />
com o visual.<br />
Figura 15: Sushi<br />
Fonte: http://www.vitalita.com/foodpicts/california-sushi-roll.jpg<br />
5.1 Hashi<br />
Hashi (figura 16) é um utensílio utilizado como talheres no Japão, China e<br />
Coréia. Pode ser de madeira ou plástico. Para as pessoas que não tem habilidade é<br />
mais fácil pegar o hashi na parte do meio, com a prática é preferível pegar na parte<br />
de cima para maior alcance e mais segurança no manuseio.<br />
Figura 16: Uso do Hashi<br />
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Hashi
46<br />
6 ARQUITETURA JAPONESA E REFERÊNCIAS URBANAS<br />
A arquitetura japonesa sofreu influências diretas do clima, da geografia e dos<br />
costumes. Caracteriza-se por cômodos arejados, telhado inclinando e piso interno<br />
coberto por tatami. O material mais utilizado é a madeira, pois antigamente era<br />
encontrada nas florestas que cobriam boa parte do arquipélago. Os cômodos da<br />
casa eram projetados de forma a refrescar as residências japonesas.<br />
A influência chinesa na arquitetura japonesa é muito evidente, um exemplo<br />
disto é a suave curva de um telhado ou o contraste geral entre curvas e retas,<br />
encontradas no século XII em templos. Mais tarde, a arquitetura japonesa sofreu<br />
influência do Ocidente, principalmente européia, a partir do século XVI e no século<br />
XX, a arquitetura americana tem sido a referência principal. Nos dias de hoje, a<br />
arquitetura pós-moderna é considerada bastante ousada no design e resultados<br />
arrojados das novas funções da arquitetura.<br />
O objetivo do jardim japonês é ressaltar a beleza do ambiente natural, mesmo<br />
que isso não signifique a natureza em sua forma original, pois alguns jardins são<br />
feitos com materiais que representam as árvores, arbustos e pedras. Os moldes dos<br />
primeiros jardins vieram da China e depois foram sofrendo alterações e substituindo<br />
materiais.
47<br />
7 ELEMENTOS DECORATIVOS<br />
Existe uma série de elementos decorativos originários do Japão, sendo<br />
utilizados com grande freqüência inclusive nas casas brasileiras.<br />
7.1 Biombos<br />
O biombo (figura 17) é utilizado como divisória ou para cerimoniais na<br />
Antiguidade. O biombo transformou-se hoje em objeto decorativo. É feito de moldura<br />
de madeira e sobre essas molduras são esticados papéis ou seda que, por sua vez,<br />
são pintados de forma decorativa.<br />
Figura 17 - Biombo<br />
Fonte: http://www.arcoweb.com.br/interiores/fotos/45/biombos.jpg<br />
7.2 Luminárias (chouchin)
48<br />
Chouchin (figura 18) é a luminária japonesa feita de armação de bambu<br />
coberta de papel ou de seda. Originalmente, era uma espécie de lanterna em que se<br />
colocava uma vela acesa no interior e era carregada na mão ao sair à noite.<br />
Figura 18: Chouchin<br />
Fonte: http://ikeda.2.pro.tok2.com/PhotoLib/200201/020102Kamakura_Chouchin0433_J.jpg<br />
7.3 Corda trançada kumi-himo e Papel kara-kami<br />
Corda (figura 19) feita com fios tingidos que são trançados à mão. Usadas há<br />
muitos anos em acessórios tradicionais. As estampas do papel kara-kami (figura 19)<br />
são feitas com bloco de madeira, através da técnica criada há mais de 300 anos. É<br />
usado para descanso de copos e garrafas.
49<br />
Figura 19 – Corda trançada e papel kara-kami<br />
Fonte: Revista NIPPONIA Descobrindo o Japão Edição 30 página 25<br />
7.4 Artesanato de bambu e peças de cerâmica kiyomizu<br />
Os artesanatos de bambu (figura 20) são usados para resguardar da luz solar<br />
ou para dividir ambientes, sua aparência natural assegura uma sensação de<br />
conforto nos dias quentes. Existem dois tipos de cerâmicas Kiyomizu (figura 21),<br />
porcelana e cerâmica propriamente dita. As duas são feitas na roda de oleiro e<br />
decoradas à mão.<br />
Figura 20 – Artesanato de bambu<br />
Fonte: Revista NIPPONIA Descobrindo o Japão Edição 30 página 25
50<br />
Figura 21: Peças de Cerâmica kiyomizu<br />
Fonte: Revista NIPPONIA Descobrindo o Japão Edição 30 página 21<br />
7.5 Kataná<br />
Kataná (figura 22) é o mais nobre dos instrumentos guerreiros e antigamente<br />
só podia ser manejada pelo samurai, (no Japão medieval existiam muitas disputas,<br />
sendo assim os samurais, guerreiros formados pela arte da luta que com espadas<br />
iam para o ataque de seus ideais) sendo proibido seu uso pelos mercadores e<br />
camponeses. Ela ficava presa à cintura, do lado esquerdo do corpo, com o corte<br />
virado para cima. Geralmente usava-se um par de espadas, o daishô (pequena e<br />
grande) - uma com 60 a 90 cm de comprimento (kataná) e a outra de 30 a 60 cm<br />
(wakizaki).<br />
"Um fio tão delicado como uma navalha, tão forte como a quilha de um<br />
arado", é a definição do kataná feita por Laerte Ottaiano, especialista brasileiro em<br />
espadas japonesas. Não só a lâmina, o acabamento também tinha que atingir a
51<br />
perfeição, através da habilidade dos ferreiros e dos laqueadores. Hoje é usado como<br />
decoração.<br />
Figura 22: Kataná<br />
Fonte: http://www.martialartswords.com/shop/gallery/catalog/flame%20katana%203.jpg
52<br />
8 A ARTE DO PAPEL<br />
O papel como material básico tem alcançado grande aceitação no mercado<br />
brasileiro, esta técnica japonesa seja ela como decoração, material didático e até<br />
mesmo instrumento comercial vem crescendo e popularizando no Brasil.<br />
8.1 Washi<br />
O washi (figura 23) foi inventado na China, há 2.200 anos, com a finalidade de<br />
registrar as letras, propagou-se nas sociedades islâmicas e difundiu-se pela Europa.<br />
No Japão, o papel foi introduzido junto com o budismo. O método chinês de<br />
confecção de papel era artesanal e utilizava como matéria-prima, trapos de linho,<br />
posteriormente palhas de arroz e bambu. No Japão, a escassez de trapos de linho<br />
levou ao desenvolvimento de matérias-primas a partir de vegetais peculiares ao<br />
país, como resultado teve o Washi, um tradicional papel japonês.<br />
Atualmente, no Japão, devido a sua durabilidade e resistência, é utilizado em<br />
diferentes finalidades. Usado como material de decoração (luminárias, biombos,<br />
portas corrediças, etc.) e nos trabalhos artísticos como origami, papel para caligrafia<br />
(shodou), entre outros.
53<br />
Figura 23: Washi<br />
Fonte: http://www.papermojo.com/group/washi-potluck.jpg<br />
8.2 Washie<br />
Utiliza o washi para formar desenhos. O papel pode ser tanto desfiado quanto<br />
cortado com tesoura ou outros instrumentos cortantes. No Japão, existe ainda a<br />
técnica chamada de chiguirie, que rasga o papel artesanal em pedaços e o usa para<br />
formar desenhos.<br />
8.3 Oshie<br />
Oshie (figura 24) é uma variedade de trabalho artesanal com tecido. É usado<br />
o papelão para recortar as formas desejadas, como pessoas, flores, aves, e depois é<br />
coberto com tecido e colado nas bordas. O vão entre o tecido e o papelão é<br />
preenchido com algodão, dando relevo às figuras que pretende retratar.
54<br />
Figura 24: Oshie<br />
Fonte: http://www.japanesedollsandcrafts.com/images/oshie/OSS-5.jpg<br />
8.4 Kirie<br />
Kirie (figura 25) é a técnica antiga que consiste em recortar o papel usando<br />
lâmina. É vazada determinadas partes do papel e conservando outras, criam-se<br />
figuras ou contornos que podem representar ideogramas, padrões decorativos ou<br />
até mesmo ilustrações de livros. Esse papel “cortado” é colocado sobre outro papel,<br />
que serve de fundo.<br />
Figura 25: Kirie<br />
Fonte: http://chocolate.catfood.jp/blog/archives/kirie.jpg
55<br />
8.5 Kirigami<br />
Kirigami (figura 26) é a arte japonesa de produzir trabalhos decorativos<br />
através de dobras e corte de papel em diversas formas, denominado também de<br />
“trabalho de artesanato com recorte”. São usados o estilete, a tesoura e outros<br />
instrumentos cortantes no papel washi. Este se difere do Kirie, pois o desenho<br />
formado é totalmente contínuo. É utilizado este processo para confecção de cartões<br />
tridimensionais, embalagens, etc.<br />
Figura 26: Kirigami<br />
Fonte:http://www.origami-cdo.it/cdo/convegno/fotoconv2001/Im000209.jpg<br />
8.6 Origami<br />
O origami (figura 27) arte tradicional de dobrar papel deixou de ser exclusivo<br />
dos japoneses para se tornar universal. Acredita-se que o origami nasceu na<br />
decorrência natural da invenção do papel e as primeiras dobraduras estão ligadas às<br />
comemorações religiosas na Antiguidade.
56<br />
Figura 27: Origami<br />
Fonte: http://www.ipsd.org/Uploads/DEC1_6th%20grade%20-%20origami.jpg<br />
8.7 Embalagem (Wrapping)<br />
Wrapping (figura 28) é o termo contemporâneo usado para substituir o verbo<br />
tsutsumu (embalar), derivado da palavra tsutsushimu, que significa modéstia,<br />
prudência e é sinônimo de refinamento. Costumes tradicionais de proteger o<br />
presente e demonstra atenção àquele que será presenteado. Existem várias regras<br />
para montar a embalagem, essas técnicas têm o poder de valorizar e personalizar o<br />
ato de presentear.<br />
Figura 28: Wrapping<br />
Fonte: Livro Guia da Cultura Japonesa página 160
57<br />
8.8 Pipas<br />
As pipas vem da China, no ano 200 a.C. foram introduzidas no Japão no<br />
século 10, como ornamento e brinquedo da aristocracia japonesa, sendo<br />
instrumento de transmissão de mensagens para fins militares e eram também<br />
utilizadas para afugentar maus espíritos e pedir ou agradecer uma ação divina, fosse<br />
saúde ou pela boa colheita. Popularizou-se somente no século 17, aliada à<br />
existência de papel de excelente qualidade, bambu e linho.<br />
desenhos.<br />
As pipas japonesas são conhecidas mundialmente pela riqueza de formatos e
58<br />
9 MÚSICA, KARAOKÊ E DESENHO ANIMADO<br />
9.1 Músicas tradicionais<br />
A música tradicional japonesa, chamada de hougaku, é aplicada à variedade<br />
de músicas originadas desde os tempos remotos até 1868 (Revolução Meiji),<br />
quando o Japão saiu de seu isolamento feudal e incorporou elementos da música<br />
ocidental.<br />
A música tradicional japonesa é classificada de acordo com os tipos de<br />
instrumentos utilizados. Tais como:<br />
Gagaku – mais antiga das músicas tradicionais japonesas, refere-se à música<br />
e dança cerimonial da corte imperial do Japão.<br />
Shoumyo: cânticos litúrgicos budistas têm como característica um potente<br />
coral masculino.
59<br />
Biwagaku: músicas que têm o biwa como instrumento ideal para<br />
acompanhamento das longas baladas cantando as grandes batalhas e heróicos<br />
eventos.<br />
Nô-gaku: refere-se ao teatro nô, uma arte que combina com música,<br />
acompanhado de um instrumento de percussão.<br />
Soukyoku: música executada por Koto (figura 29) ou por um conjunto de Koto.<br />
A característica da música tradicional japonesa é que são todas<br />
acompanhadas por instrumentos, mas são poucas as composições puramente<br />
instrumentais. O acompanhamento instrumental avança exatamente no mesmo<br />
passo que a canção.<br />
Figura 29: Koto<br />
Fonte: http://elm.fukuyama.hiroshima-u.ac.jp/life5/koto.jpg
60<br />
9.2 Rock e Karaokê<br />
O rock é uma das adorações de japoneses, inclusive amadores formam sua<br />
própria banda. Uma das diversões dos japoneses de hoje é cantar nos bares e nos<br />
pubs, usando microfone acompanhado da letra da música na tela do Karaokê.<br />
Atualmente tem aumentado o número de estabelecimentos com este tipo de serviço.<br />
9.3 Mangás e animês<br />
Os mangás (figura 30) ou os quadrinhos japoneses, não diferem na evolução<br />
de sua trajetória dos outros países até chegar à forma definitiva de sua linguagem.<br />
Animês (desenho animado) é muito popular o desenho animado no Japão.<br />
Está crescendo cada vez mais a popularidade, até mesmo no exterior.<br />
No Japão, a indústria dos mangás, dos animês e do videogame forma um<br />
tripé sólido dentro do mercado japonês. Após o grande sucesso dos animes, o<br />
investimento inicial da indústria cinematográfica japonesa foi recuperada por meio<br />
deste tripé: os mangás bem-sucedidos originam roteiros para animes, que estimulam<br />
a venda de revistas, vídeos e assim por diante.
61<br />
Figura 30: Mangás<br />
Fonte: http://www.northarc.com/images/gals/gals012.jpg
62<br />
10 ESPORTES E JOGOS<br />
São considerados esportes populares no Japão o judô, kendô, o karatê e<br />
outras artes marciais tradicionais, além de esportes originários do exterior como o<br />
beisebol e o futebol. No verão, o surfe e o iatismo são bastante populares, assim<br />
como o esqui, golfe, tênis de mesa e o snowboard, no inverno.<br />
10.1 Sumô<br />
O Sumo é o esporte nacional do Japão e tem uma história de mais de 1000<br />
anos. Os lutadores penteiam-se como os samurais, e nos dão uma noção da<br />
aparência dos japoneses do passado.<br />
Os contentores usam uma espécie de sunga e se agarram pelo cinto, tendo<br />
como objetivo forçar o adversário a deixar o círculo onde se luta ou tocar o chão com<br />
qualquer parte do corpo que não sejam os pés. Apesar do peso dos lutadores a<br />
velocidade do ataque é importante. Os combates são em geral de curta duração.
63<br />
10.2 Budô (Artes Marciais)<br />
Muitos japoneses se dedicam a artes marciais como o judô, o kenjutsu o<br />
Kendô, o Karatê e o aikido. O Judô, que significa “a maneira gentil” pela qual os<br />
oponentes são dominados, usando sua força, ganhou popularidade internacional, e<br />
firmou-se como uma modalidade olímpica oficial. Do mesmo modo, o Kendô, que<br />
utiliza espadas de bambu e armaduras para proteção, tem atraído aficionados no<br />
exterior, nos últimos anos.<br />
10.2.1 Judô<br />
Esporte de combate, em que a agilidade e a velocidade na execução dos<br />
golpes são fatores importantes para este esporte. Os combates são disputados em<br />
um tatame, em média duram de dois a sete minutos. O valor (classificação) do<br />
judoca é definido pela cor da faixa, usado sobre o quimono. No fim da luta, o que<br />
obtiver mais vantagem técnica será o vencedor, porém quando nenhuma vantagem<br />
técnica desempatar os adversários, o árbitro decidirá. As categorias são<br />
determinadas por pesos, super - ligeiro (menos de 60 Kg) , meio – ligeiro (menos de<br />
65 Kg), ligeiro (menos de 71 Kg), meio-médio (menos de 78 Kg), médio (menos de<br />
86 Kg), meio-pesado (menos de 95 Kg) e pesado (acima de 95 Kg) .
64<br />
10.2.2 Kenjutsu<br />
É a arte do manejo da espada. Os samurais começaram a aprimorar as<br />
técnicas das espadas. Na Era Edo, muito mais do que combate, tornou-se um<br />
caminho de elevação espiritual, conceito que permanece até os dias atuais.<br />
10.2.3 Kendô<br />
Arte marcial de origem japonesa em que os combatentes protegidos por um<br />
capacete e um colete rígido, lutam com sabre de bambu.<br />
10.2.4 Karatê<br />
Esporte de combate de origem chinesa, aperfeiçoado pelos japoneses.<br />
Objetivo é pôr o adversário fora de combate, através das mãos e pés. Pode ser<br />
atacado a cabeça, o pescoço, o peito e o abdome. A duração é de três minutos e<br />
disputado num quadrado de 8m de lado, como no judô são classificados por pesos.<br />
10.2.5 Aikidô<br />
É a arte de não lutar e defesa pessoal, pois não possui competições. A cintura<br />
é a base do deslocamento, pois o ataque é rapidamente<br />
recebido com um<br />
deslocamento circular de desvio. O contra-ataque vem logo após, usando as pernas,<br />
mãos e braços, mas sempre de forma a imobilizar o adversário sem machucá-lo. No<br />
aikidô o objetivo é se unir ao adversário para poder conduzi-lo e controla-lo.
65<br />
10.3 Beisebol<br />
O Beisebol é um dos esportes mais populares e com mais público. Cada vez<br />
mais jogadores optam por uma carreira de beisebol na liga profissional americana.<br />
Praticado num campo delimitado por placas (bases), por duas equipes de<br />
nove jogadores cada um. A bola, atirada pelo lançador, deve ser rebatida o mais<br />
longe possível pelo rebatedor que, em seguida, corre de base em base, enquanto os<br />
defensores recuperam a bola. Expandiu-se pelo Japão desde 1945.<br />
10.4 Futebol<br />
O futebol é o esporte mais popular do mundo, onde uma partida confronta<br />
duas equipes de 11 jogadores cada uma, durante dois tempos de 45 minutos<br />
separados por um intervalo de 10 a 15 minutos. A partida é dirigida por um árbitro,<br />
auxiliado por dois juízes de linha, ou “bandeirinhas”. O objetivo do jogo é marcar<br />
gols. Cada falta é punida com uma cobrança (chute) e com pênalti quando a falta<br />
ocorrer na área.<br />
O número de fãs de futebol vem crescendo desde o estabelecimento da Liga<br />
Profissional de Futebol do Japão, em 1992. E, o fato do Japão e a Coréia terem<br />
sediado os jogos da Copa do Mundo, da FIFA, em 2002, intensificou esse interesse.
66<br />
10.5 Jogo Go<br />
Go é um jogo de posicionamento com regras simples, mas cujo domínio pode<br />
levar uma vida toda. É jogado em um tabuleiro com 361 pontos de interseção com<br />
161 pedras pretas e 160 brancas. O objetivo é conquistar o maior território possível.<br />
Acredita-se que este jogo é jogado desde o século X a.C.<br />
10.6 Jogo Shougi<br />
Semelhante ao xadrez, o shougi é uma batalha que se trava sobre o tabuleiro.<br />
Ambos têm a mesma origem. O objetivo deste jogo é capturar o rei do adversário,<br />
mas em vez de xeque-mate, se grita “oute”. Os jogadores consideram a partida mais<br />
complexa que a do xadrez, pois as peças que foram “conquistadas” podem voltar ao<br />
tabuleiro, como aliadas. Essa regra amplia bastante a possibilidade de criar<br />
diferentes estratégias, o que torna o jogo bastante desafiador.
67<br />
11 A ARTE DO DÔ<br />
As artes japonesas tiveram origem na China. Chegando ao Japão, recebem<br />
influências regionais de toda espécie e, aos poucos, ao longo dos anos, foram se<br />
“japonesando” para tomarem feições de artes genuinamente japonesas, que ainda<br />
hoje podemos conhecer.<br />
Cada campo artístico incorpora o sufixo “Dô”- significa caminho, constituindose<br />
o termo “gueidou”, o caminho das artes. Exemplo: shodou (caminho da caligrafia),<br />
gadou (caminho da pintura), chadou (caminho do chá).<br />
11.1 Cerimônia do chá<br />
A cerimônia do chá (figura 31) se estabeleceu no século XVI pelo monástico<br />
Sem-no Rikyu. Valoriza o espírito de Wabi (beleza singela). Conhecido como<br />
Chadou, a cerimônia do chá também é o entrosamento entre o anfitrião e o<br />
convidado que concilia culturas, cria novas belezas e por vezes realiza evento social<br />
ou uma cerimônia solene.
68<br />
Figura 31: Cerimônia do Chá<br />
Fonte: http://www.br.emb-japan.go.jp/portugues/jpg/cha1.jpg<br />
11.2 Ikebana<br />
Ikebana (figura 32) é uma técnica de arranjo de flores típica do Japão.<br />
Originalmente eram arranjadas no local para receber os deuses de Shinto e<br />
reverenciar os espíritos no budismo. No século XVI, acompanhando a moda da<br />
cerimônia do chá, passou a ser arranjado para ornamentar as salas de chá.<br />
Figura 32 - Ikebana<br />
Fonte: http://www.ikebana.org/Images/Welcome/KurosakiR02182005_3.JPG
69<br />
11.3 Shodou (Arte da Caligrafia)<br />
Shodou (figura 33) é a arte de escrever os caracteres japoneses com o pincel<br />
molhado na tinta de origem chinesa. É conhecida como Shuji e compõe uma<br />
disciplina no curso de primeiro grau. São utilizados também para cartões de ano<br />
Novo.<br />
Figura 33: Shodou<br />
Fonte: http://maid-nonko.up.seesaa.net/image/shodou.jpg<br />
11.4 Sumie<br />
Arte independente marcada pelo surgimento de importantes artistas, como<br />
Sesshu, que criam uma linguagem japonesa. Sesshu utilizava a técnica conhecida<br />
como shumpo, que significa dar pincelada com linhas finas e delicadas para produzir<br />
um efeito de tridimensionalidade. O Sumie (figura 34) possui traços semelhantes aos<br />
da caligrafia e usa praticamente os mesmos materiais (suzuri – recipiente para<br />
preparar a tinta; fude-pincel,papel; e sumi-tinta feita de fuligem de plantas e cola) e<br />
segue os mesmos princípios: pinceladas com controle e energia e tem que ter muita<br />
concentração, pois a tinta não pode ser removida do papel ou alterada. É uma arte
70<br />
no melhor estilo zen: exercitar a paciência, a humildade e a simplicidade, sempre em<br />
busca do aperfeiçoamento e, além disso, não é para pintar a forma da natureza, mas<br />
para captar a sua essência.<br />
Figura 34: Sumie<br />
Fonte:http://www.sanrin.it/09/pag-76-img-sumie.jpg
71<br />
12 TEATRO JAPONÊS<br />
“A influência japonesa sempre foi muito forte em meu trabalho. Sempre me<br />
amarrei na atuação do cinema japonês, que não era muito expansiva, muito<br />
exteriorizada. Eu não entendia, mas me interessava muito aquela harmonia entre<br />
vida e morte”. Antunes Filho, diretor do Centro de Pesquisa Teatral do Sesc.<br />
Quatro formas estéticas distintas definem a tradição cênica japonesa. São<br />
elas o bugaku, o nougaku, que compreende o teatro nô e Kyogen -, o Kabuqui e o<br />
bunraku.<br />
12.1 Bunraku<br />
O Bunraku (figura 35) é uma expressão vigorosa da cultura plebéia do<br />
Período Edo (1603-1868), com mais de três séculos de existência. Em cena, são<br />
feitas por um único narrador as narrativas, estilo denominado gidayuu, algo entre<br />
declamado e cantado. É ele quem dá a voz de todos os personagens. O tayuu,<br />
denominado o narrador é acompanhado por um músico de shamisen – instrumento<br />
de três cordas, que acentua as falas, sustenta os cantos e determina o ritmo das
72<br />
cenas. Os manipuladores de bonecos, os titeriteiros, em número de três para cada<br />
personagem, completam a unidade dramática do bunraku, com movimentos tão<br />
precisos quanto realistas. Existem os manipuladores, o principal, o omozukai,<br />
movimenta a cabeça e o braço direito do boneco, o segundo, hidarizukai, opera o<br />
braço esquerdo e o terceiro, ashizukai, movimenta as pernas do boneco. Com tanta<br />
complexidade, a tradição ordena que cada manipulador passe dez anos em<br />
treinamento básico para dominar as técnicas específicas. Os aprendizes e os<br />
segundos manipuladores operam com os rostos cobertos de preto e só o<br />
manipulador principal possui o rosto descoberto. As cenas mais dramáticas<br />
requerem que o titeriteiro permaneça impassível, não chamando a atenção para si.<br />
Figura 35: Bunraku<br />
Fonte: http://www.fjsp.org.br/bunraku/wall04b.jpg<br />
12.2 Teatro Nô<br />
Umas das manifestações teatrais mais antigas do Japão, nô significa a arte<br />
de exibir talento. Com sete séculos de história, o gênero conserva uma estética
73<br />
cênica rigorosa, que busca o máximo de significação com o mínimo de expressão.<br />
Nô é habitado por deuses, guerreiros e mulheres enlouquecidas, às voltas com os<br />
mistérios do espírito. O protagonista (shite) é o único que porta a máscara, este é<br />
geralmente o espírito errante que exprime a nostalgia dos tempos passados. O<br />
coadjuvante (Waki), geralmente um monge, não interfere no curso de ação, apenas<br />
é revelador da essência do shite. Quatro instrumentos e um coro auxiliam na<br />
condução da trama, que é solucionada através de dança. Esse coro possui uma<br />
função dramática decisiva, conduzindo a narrativa.<br />
12.3 Kyogen<br />
Kyogen revela os defeitos do ser humano, seus personagens apresentam<br />
humanidade, as narrativas são próximas do cotidiano das pessoas. Conflitos entre<br />
patrão e empregado, intrigas entre marido e mulher, um esperto querendo passar a<br />
perna em um ingênuo, entre outros.<br />
Apresentadas nos intervalos de peças nô, as narrativas Kyogen cumprem o<br />
ritual das jornadas cênicas, alternando sátiras e dramas, propiciando maior<br />
envolvimento do público.<br />
12.4 Kabuqui<br />
No início, os espetáculos eram apresentados em templos e imitações de<br />
palcos de nô, depois devido à popularidade, foram transferidos para locais mais<br />
amplos. Dos primórdios, até hoje, o Kabuqui foi consolidando suas formas através
74<br />
de um longo processo acumulativo. É representado apenas por homens, mesmo em<br />
papéis femininos, uma das características mais marcantes do kabuqui.
75<br />
13 DANÇAS JAPONESAS<br />
As primeiras referências de dança japonesa aparecem em uma das fontes<br />
mais antigas da literatura Shintou: o Kojiki. Era uma dança muito religiosa, às vezes<br />
ligadas aos rituais das comunidades agrícolas. Esta dança, apesar de todo o<br />
misticismo, demonstra aspectos bem definidos, considerada a primeira semente das<br />
manifestações Kagura, de onde nasceram outros estilos, incluindo a famosa dança<br />
do teatro kabuqui. Os movimentos apresentam cada vez mais público maior em<br />
festivais e festas, como as comemorações do Ano Novo. Há algumas características<br />
que marcam essas danças até o período Meiji (1868-1912), que é o momento de<br />
grande modernização do país. A dança conquista sua autonomia na Era Taisho<br />
(1912-1926), sincronizando com as novas tendências, os primeiros dançarinos<br />
modernos do Japão foram revolucionários Baku Ishii (1886-1962) e Michio Ito (1892-<br />
1961). Outro nome importante foi, por exemplo, Kazo Saito (1887-1955), que<br />
apresentou uma dança em sintonia com o conceito de arte total.<br />
Até a década de 50, o panorama da dança no Japão foi, portanto, composto<br />
pela dança clássica japonesa e as várias manifestações contaminadas pelo<br />
Ocidente, mas sempre à moda nipônica, ou seja, com todos os fantasmas e
76<br />
monstros inventados pelo imaginário japonês. O criador do movimento Butô foi o<br />
dançarino Tatsumi Hijikata (1929-1986), este possui uma estética que choca, com<br />
cabelos raspados e corpos pintados de branco. Butô-fu também criado por Hijikata,<br />
transformou-se em uma possibilidade de investigar o corpo em crise e os diferentes<br />
estados de consciência de um corpo, um tema pertinente no período do pós-guerra<br />
japonês e que parece ter persistido nos trabalhos pós anos 80 e 90. As danças<br />
evoluíram muito nos últimos anos, inovaram com tecnologia e jogos de imagens.<br />
Hoje não existe mais um padrão de danças contemporâneas japonesas, a<br />
diversidade é a chave das novas investigações.<br />
13.1 Dança Clássica<br />
A dança japonesa, nihon buyou, popularmente chamada de Kabuqui Buyou,<br />
por ter tido origem nos palcos do teatro Kabuqui, caracteriza-se por três elementos<br />
essenciais: mai, odori e furi.<br />
Mai é uma dança mais estática, vinda de danças rotativas e círculos<br />
altamente refinados do teatro nô. Odori desenvolveu-se da dança do povo, em<br />
grupo, mais dinâmica, relacionada a um tipo de dança de saltos e pulos. E por<br />
último, o furi, em um sentido mais amplo são os gestos, atitudes ou movimentos do<br />
corpo e que, num sentido mais restrito, refere-se a coreografia.<br />
O nihon buyou difere visivelmente do balé ou de outra dança ocidental: a<br />
bailarina usa sapatilhas para dançar, os braços levantados acima da cabeça e o<br />
corpo erguido nas pontas dos pés, em uma tentativa de libertar-se da terra e
77<br />
confirmar sua própria existência. Já os dançarinos de buyou tendem à flexão dos<br />
quadris e membros inferiores e, assim, buscam estabelecer maior contato com a<br />
terra, reforçando pelos movimentos dos pés que se arrastam e pisam fortes no solo.<br />
No Japão, existem escolas de buyou com seu estilo característico e ainda hoje são<br />
conduzidas pelo tradicional sistema de iemoto, mestre-guia, que outorga aos seus<br />
discípulos graduados o título de natori e um nome artístico, bem como a permissão<br />
para ministrar aulas desse determinado estilo de dança.<br />
13.2 Dança Folclórica<br />
Coube ao Kabuqui dar expressão artística refinada ao odori, as danças de<br />
festivais rústicos e populares. A influência do odori transparece fortemente no<br />
Kabuqui, e uma das manifestações é a dança alternada, solada por cada um dos<br />
artistas. Essa forma está intimamente relacionada com um velho costume japonês,<br />
praticado até hoje, em que os convidados em festa se apresentam individual e<br />
espontaneamente para o entretenimento de todos.
78<br />
14 SAÚDE E PLANTAS<br />
Não só a comida japonesa conquistou adeptos no Ocidente. A medicina<br />
Japonesa, como a acunpultura e a moxabustão também são bastante utilizados no<br />
Brasil.<br />
A alimentação dos japoneses é muito saudável, à base de soja e peixe está<br />
voltada para a longevidade. A fitoterapia oriental, que usa ervas e raízes medicinais<br />
também é bastante difundida. Com os esportes praticados no Japão, acontecem<br />
muitas fraturas e luxações, então foram desenvolvidas variedades de compressas.<br />
O acunputor japonês tem uma habilidade incrível no manuseio da canaleta,<br />
sendo indolor a inserção da agulha na pele. Hoje são utilizadas na acunpultura<br />
agulhas de aço inoxidável, o que permite a esterilização completa.<br />
A massagem chamada Anma é resultado no aperfeiçoamento técnico e<br />
sensitivo da massagem propriamente dita. Tem a massagem Shiatsu, que uma<br />
prática mais recente, utilizando técnicas de pressão e vibração dos dedos, para<br />
realizar tratamentos de patologias.
79<br />
A moxabustão é um dos recursos fundamentais da terapêutica oriental, onde<br />
há aquecimento e cauterização da pele nos pontos de acunpuntura.<br />
O Watsu consiste no alongamento e massageamento dos pontos de tensão<br />
muscular em uma piscina aquecida a 35ºC.<br />
Através da técnica de cultivar árvores em miniatura, o Bonsai tornou-se um<br />
elemento decorativo também nas casas e jardins das pessoas de outras culturas,<br />
como os brasileiros.<br />
Bonsai (figura 36) são árvores ou plantas em miniatura cultivadas em vasos<br />
rasos. Por meio de métodos especiais para controlar o crescimento e protegidos de<br />
doenças e insetos, os bonsais são considerados verdadeiras obra-de-arte e tesouros<br />
valiosos herdados através de gerações. Os bonsais são lapidados cuidadosamente<br />
para atingir as mais variadas formas, o homem molda a natureza.<br />
Figura 36: Bonsai<br />
Fonte: http://www.bonsai.co.yu/Rein-01.jpg
80<br />
As cerejeiras (figura 37) também chamadas de sakura são o símbolo da<br />
felicidade no Japão. São utilizadas as pétalas da sakura para fazer chá que é usado<br />
em rituais como casamento e ocasiões festivas. No outono, as folhas caem e<br />
florescem uma vez ao ano por cerca de uma semana.<br />
Figura 37: Cerejeira<br />
Fonte: http://www.prefgarca.sp.gov.br/Cerejeira01.jpg
81<br />
15 VIDA E ETIQUETA BÁSICA NO JAPÃO<br />
Os japoneses têm muitos hábitos e rituais no cotidiano, que vai desde o<br />
cumprimento até a refeição. Isto é passado de geração para geração, os japoneses<br />
mais antigos tentam permanecer nas tradições mesmo que os jovens busquem cada<br />
vez mais transformar tudo em algo novo.<br />
15.1 Cumprimento e antes de entrar<br />
No Japão, curvar-se é a forma de cumprimento. Quando alguém se curva, a<br />
norma geral é curvar-se em retribuição. Se quem o cumprimentar tiver um status<br />
superior, a regra é se curvar ainda mais e por um tempo maior. Esse gesto também<br />
pode ser usado como uma demonstração de apreço e pedido de desculpas. Antes<br />
de entrar em casa os japoneses tem o costume de tirar os sapatos e deixar na porta.<br />
15.2 Intervalos para o chá<br />
Em muitas casas japonesas, se oferece chá verde, café ou chá preto, de<br />
acordo com a preferência do convidado. Os japoneses não tomam chá verde com
82<br />
açúcar ou com leite. Muitas vezes, o chá verde é acompanhado de um doce<br />
japonês.<br />
15.3 À mesa<br />
Antes da refeição cada pessoa diz, Itadakimasu, e após, gochisosama<br />
deshita. Ambas as frases expressam apreciação pela comida.<br />
Em residências particulares, geralmente são servidos vários pratos para cada<br />
um. Porções individuais são colocados para os convidados nos seus próprios pratos,<br />
em uma disposição definida. A comida também pode ser servida em pratos maiores<br />
para serem partilhados com outros que estiverem à mesa.<br />
15.4 Uso de Hashi<br />
O costume em geral é manter a tigela de arroz à sua esquerda e utilizar a<br />
mão direita para pegar o alimento com o hashi.<br />
15.5 Forma apropriada de tomar bebidas alcoólicas<br />
Normalmente, as pessoas servem umas às outras, não sendo costume servir<br />
o próprio copo. Os integrantes do grupo observam os copos dos demais, e servem<br />
mais à medida que se esvaziam. Os japoneses não bebem apenas saquê, mas<br />
também apreciam cerveja, vinho e uísque.
83<br />
15.6 Jantando fora<br />
Alguns restaurantes expõem nas vitrines reproduções, feitas de cera, dos<br />
pratos que servem. Pode-se escolher a partir dessas imitações ou de fotos do<br />
cardápio. Não é necessário dar gorjeta no Japão.
84<br />
16 EVENTOS ANUAIS E FESTIVIDADES<br />
16.1 Eventos Anuais<br />
O Ano Novo é um dos eventos mais importantes para os japoneses, onde as<br />
famílias se reúnem para festejar o novo ano, visitam templos xintoístas e budistas,<br />
rezam pela saúde e bem estar da família pelos próximos doze meses.<br />
Setsubun é o evento que é comemorado no dia 03 de fevereiro atirando e<br />
espalhando a soja, para espantar os demônios e acenar pela vinda da felicidade.<br />
Eles ainda recolhem os grãos de soja espalhados pelo chão, em quantidade<br />
correspondente a sua própria idade e rezam para espantar as doenças, acidentes e<br />
outros acontecimentos indesejáveis.<br />
No dia 03 de março Hina-Matsuri é realizado com as famílias que tem filhas<br />
pequenas, que arranjam as bonecas “Hinas” em lugares apropriados para isso e<br />
pedem para proteger a saúde e o crescimento dessas crianças.
85<br />
Hanami é o evento quando a cerejeira desabrocha com seu esplendor<br />
oferecendo uma bela visão paisagista no início de abril, os japoneses desfrutam de<br />
festas ao ar livre, bebendo sakê ou comendo embaixo das cerejeiras.<br />
Kodomo no hi (dia da criança), este evento também conhecido como Tangono-sekku,<br />
realizado no dia 05 de maio, as famílias que têm filhos pequenos enfeitam<br />
a casa com miniatura de capacete utilizado pelos samurais, bonecos guerreiros,<br />
ostentam uma biruta em forma de peixe (carpa) fora de casa, e rezam pelo seu<br />
crescimento saudável.<br />
Realizada no dia 07 de julho, tanabata, a festa das estrelas se origina de uma<br />
lenda chinesa que conta que, uma vez por ano, Altair e Veja atravessam a<br />
Constelação Ama no Gawa (Via-Láctea) para se encontrarem. Neste dia, escrevem<br />
os seus desejos em papel cortado em tiras e penduram junto com as folhas<br />
coloridas num galho de bambu.<br />
No período de 13 a 15 de agosto (ou em julho, de acordo com o antigo<br />
calendário), acontece Obon, para confortar os espíritos dos antepassados. É um<br />
evento realizado em observância ao budismo. Colocam-se frutas e vegetais numa<br />
bandeja para serem oferecidos aos espíritos e em algumas religiões, o povo dança o<br />
bom-odori ao som do tambor, em torno de um andaime. Em outras, lançam<br />
lanternas de papel nas águas do rio, para enviar o espírito de volta ao seu mundo.
86<br />
No dia 15 de novembro, a família veste os meninos de 3 e 5 anos de idade e<br />
as meninas de 3 e 7 anos com roupas de festa, e levam para o templo xintoísta,<br />
para rezar por seu crescimento saudável, este é chamado de Shichi-go-san.<br />
Ohmisoka é onde no último dia do ano, à noite a família se reúne, come soba<br />
(macarrão integral), deseja e reza pela saúde de todos no ano vindouro.<br />
16.2 Festividades<br />
Sanja Matsuri (Festival Sanja), próximo a 17 de maio Templo Asakusa,<br />
Tóquio, mais de 100 alegorias de templos de variados tamanhos desfilam<br />
energiacamente pelas ruas de Asakusa.<br />
De 01 a 29 de julho acontece Guion Matsuri (Festival Guion), Templo<br />
Yasaka, Kioto, durante cerca de um mês são realizados diversos eventos, sendo<br />
particulamente famosa a Procissão de Yamaboko.<br />
Nebuta Matsuri (Festival Nebuta), próximo a 02 a 07 de agosto Cidade de<br />
Aomori, Província de Aomori. O ponto máximo é o desfile das lanternas de papel<br />
pintadas de guerreiros e outras imagens.<br />
Hakata Guion Yamakasa, de 01 a 15 de julho Templo Kushida, Fukuoka. É<br />
uma festa com mais de 750 anos de história. Os jovens carregam alegorias com<br />
mais de uma tonelada de peso e correm pelas ruas da cidade, transmitindo coragem<br />
e sensação de alta velocidade.
87<br />
Neve de Sapporo, este festival atrai mais de dois milhões de visitantes<br />
anualmente, do Japão e do exterior. Estátuas de neve e esculturas de gelo de vários<br />
tamanhos e formas ficam expostas no <strong>centro</strong> de Sapporo, em fevereiro nos sete dias<br />
deste festival.
88<br />
17 LOCAIS TURÍSTICOS DO JAPÃO<br />
Existem vários pontos turísticos do Japão, mas podemos destacar alguns<br />
deles: Na região de Tohoku – Montanhas Shirakami, nessa área montanhosa,<br />
fronteira entre as províncias de Akita e Aomori, está localizada a maior floresta<br />
virgem de faias do mundo, na região Kinki – Monumentos Históricos de Nara Antiga,<br />
Horyu-ji, Nara era a capital do Japão, no século VIII. Os monumentos e templos<br />
históricos da cidade refletem a era da cultura budista trazida da China e da<br />
Península Coreana. O complexo de Horyu-ji nos arredores da cidade de Nara, é<br />
formado por 40 templos, dos séculos VII e VIII, e sua estrutura de madeira é<br />
considerada a mais antiga do mundo, shikoku – Ponte de Seto Ohashi, a ponte Seto<br />
Ohashi que se estende entre as ilhas de Honshu e Shikoku, através do Mar<br />
Setonaikai, conectando as províncias de Okayama e Kagawa, é a ponte mais longa<br />
do mundo, com estradas e trilhos ferroviários. A ponte se divide em seis segmentos<br />
que formam uma distância total de 9,4 quilômetros.<br />
O Shinkansen, trem-bala, trafega a uma velocidade acima de 200Km/h,<br />
podendo chegar a 300 Km/h. Foi inaugurado em 1964, ligando Tóquio a Osaka.
89<br />
Atualmente, o sistema de trens conecta Tóquio à maior parte das principais cidades<br />
do país, e é muito utilizado tanto para viagens de negócios, quanto para turismo.<br />
Na região Chubu encontra-se o Monte Fuji (figura 38), a mais imponente<br />
montanha do Japão, o Monte Fuji, com 3776 metros de altura, é adornado por<br />
inúmeros lagos e bosques. Possui uma bela forma cônica, esculturada por camadas<br />
de lavas vulcânicas, com uma longa base de declive. Há mais de trezentos anos, o<br />
vulcão permanece inativo. O povo japonês elegeu o Monte Fuji, desde tempos<br />
antigos, como uma montanha sagrada.<br />
Figura 38: Monte Fuji<br />
Fonte:<br />
http://images.encarta.msn.com/xrefmedia/sharemed/targets/images/pho/t054/T054822A.jpg
90<br />
18 GUEIXAS E BONECAS JAPONESAS<br />
As gueixas (figura 39) são treinadas por anos para saber as artes da dança,<br />
do canto e serem muito femininas, belas e misteriosas, as gueixas e seu mundo<br />
reservado sempre foram motivos de curiosidade entre os japoneses e também no<br />
Ocidente. Essas mulheres desfrutam glamour e prestígio proporcionado por<br />
quimonos caríssimos, banquetes e a companhia dos homens mais poderosos do<br />
Japão.<br />
Figura 39: Gueixa<br />
Fonte: http://madeinjapan.uol.com.br/2005/12/27/a-seducao-das-gueixas/
91<br />
A pele é coberta com uma tintura branca e uma parte da nuca é deixada sem<br />
pintura, o que garante sensualidade extra. Os cabelos devem ser mantidos<br />
compridos, para que se possa fazer o penteado tradicional (figura 40). De cabelos<br />
arrumados, a gueixa deve tomar cuidado para não desfazê-los na hora de dormir.<br />
Por isso, acomoda a cabeça em uma espécie de travesseiro de madeira (figura 40).<br />
Figura 40: Penteado tradicional e travesseiro de madeira<br />
Fonte: http://madeinjapan.uol.com.br/2005/12/27/a-seducao-das-gueixas/<br />
Os tamancos (figura 41) que as gueixas calçam são chamados pokkuri e são<br />
sempre usados com meias. Elas são responsáveis pelo entretenimento (figura 41)<br />
dos homens mais influentes do Japão, a função delas é dançar, tocar shamisen e<br />
cantar.<br />
Figura 41: Tamancos e entretenimento dos homens com gueixas<br />
Fonte: http://madeinjapan.uol.com.br/2005/12/27/a-seducao-das-gueixas/
92<br />
As bonecas japonesas existem desde o início da cultura japonesa e, muitas<br />
vezes representam a história de seus costumes. Chamadas de ningyo, ao longo do<br />
tempo, foram sofrendo pequenas modificações. O termo ningyo surgiu no século IX,<br />
sendo sua primeira referência os haniwa, estatuetas de barro encontradas em<br />
tumbas pré-históricas. Essas bonecas não eram utilizadas apenas como brinquedos<br />
infantis, elas eram associadas principalmente às crenças religiosas. Existem vários<br />
tipos de bonecas, saga, kio, sasano, karakuti, kamo, hakata, gosho e Kokeshi (figura<br />
43).<br />
Figura 43: Bonecas japonesas Gosho e Kokeshi<br />
Fonte:http://www.acbj.com.br/alianca/palavras.php?Palavra=16
93<br />
19 IDIOMA E RELIGIÃO<br />
19.1 Idioma<br />
O idioma utilizado no Japão é a língua japonesa. Para escrever, os japoneses<br />
utilizam três formas de escrita: Kanji que veio da China, Hiragana e Katakana<br />
criadas no Japão.<br />
Kanji<br />
A palavra Kanji significa “letra chinesa” ou “escrita chinesa”, são ideogramas<br />
que datam mais de cinco mil anos a.C., eram desenhos usados para rituais<br />
supersticiosos, mas com o tempo sofreram alterações e tornaram mais simplificados,<br />
como padrões de escrita e foi aumentando sua quantidade, contendo hoje mais de<br />
cinqüenta mil deles.<br />
Os Kanjis no Japão são usados para grafia de substantivos, pronomes e<br />
radicais de verbos, de advérbios e de adjetivos. Cada Kanji tem um significado.
94<br />
Hiragana.<br />
O Kanji veio da China, porém o Japão possui um alfabeto silábico chamado<br />
Hiragana<br />
O hiragana é um alfabeto silábico composto por 71 letras inventado pelas<br />
mulheres do Japão antigo, que, proibidas de freqüentar escola, criaram versões<br />
simplificadas de alguns kanjis. Com o tempo essas versões passaram a representar<br />
apenas sons. Atualmente eles são utilizados em partículas, desinências de verbos,<br />
de adjetivos e de advérbios. Há alguns substantivos e radicais de verbos, de<br />
adjetivos e de advérbios que também são escritos em hiragana. Textos infantis,<br />
feitos para crianças que ainda não aprenderam muitos kanjis, são compostos quase<br />
exclusivamente deles. Mesmo nos textos adultos também se utiliza o hiragana em<br />
forma de kana, minúsculas letras colocadas em cima (ou do lado, no caso das<br />
escritas verticais) dos kanjis difíceis, que poucas pessoas sabem ler. O objetivo<br />
desses kanas é facilitar a leitura desses kanjis difíceis.<br />
Katakana<br />
O katakana é também um alfabeto silábico de 71 letras, assim como o<br />
hiragana. E também representa apenas sons. Quem o inventou foram os monges<br />
japoneses. Mesmo para eles, que eram relativamente cultos, era difícil lembrar da<br />
leitura de cada kanji. Então eles escreviam pequenos "lembretes" ao lado das letras<br />
mais complicadas. Esses lembretes se tornaram o katakana, que, hoje, é utilizado<br />
para grafar palavras de origem estrangeira, algumas interjeições etc., em alguns
95<br />
vocábulos grafados nesse alfabeto os japoneses colocam um traço após a sílaba<br />
tônica, identificando-a.<br />
19.2 Religião<br />
A religião do Japão é o budismo e xintoísmo.<br />
Budismo<br />
Religião e filosofia derivada dos ensinamentos de Buda, que podem ser<br />
sintetizados por: tudo é impermanente, a realidade é mutável, e não existe nada de<br />
indestrutível. O essencial do pensamento budista está anunciado em Quatro Nobres<br />
Verdades: 1º-a existência humana é sofrimento, 2º-a causa do sofrimento é o<br />
desejo, 3º- para se libertar do sofrimento, é preciso suprimir a causa; consumido o<br />
Karma (enquanto a conseqüência da ação), o ser será libertado do samsara (o ser<br />
está submetido ao ciclo de nascimentos e mortes); 4º- o caminho aberto por Buda<br />
conduz ao último propósito da vida, o nirvana, que põe fim à sucessão de<br />
renascimentos e liberta o homem definitivamente pela iluminação, da qual o Buda é<br />
o exemplo.<br />
Budismo Japonês<br />
Introduzido no Japão, no século VI, evolui para uma tendência ao formalismo<br />
e ao ritualismo. Distingue-se em três períodos: 1º- Período Nara (710 -794), budismo<br />
estava restrito aos letrados e aos monges; 2º - Período Meian (794-1185),
96<br />
desenvolve uma união parcial com Xintoísmo. 3º - Período Kamakura (1192-1333),<br />
marca a origem de um budismo japonês.<br />
Xintoísmo<br />
Os deuses são personificação das forças naturais e os espíritos dos<br />
antepassados são igualmente considerados como deuses. A partir do séc. VI os<br />
budistas juntaram as divindades xintoístas, pouco a pouco se formou o sincretismo.
97<br />
20 JAPÃO: UM PAÍS DE TECNOLOGIA<br />
Ultimamente cada vez mais a relação do Japão com a tecnologia tem se<br />
estreitado é um país que visa o futuro e a modernidade e está envolvido no<br />
desenvolvimento de tecnologias de ponta em todas as áreas. Prova disto são os<br />
robôs (figura 44) desenvolvidos até hoje, que são capacitados a executar tarefas<br />
para os seres humanos. Existe uma feira no Japão onde robôs exibem suas<br />
habilidades e, embora eles não estejam prontos para se unir à força de trabalho,<br />
você poderá observá-los e ver o quanto eles já estão próximos da condição ideal.<br />
Figura 44: Robôs<br />
Fonte: http://www.terra.com.br/noticias/galeria/robos/020326_robos_coreografia.jpg
98<br />
21 MERCADO<br />
21.1 Dados Gerais do Japão<br />
21.1.1 Área, população e capital<br />
Japão tem uma área aproximada de 378.000 Km 2 . O seu tamanho<br />
corresponde a cerca de 1/25 dos Estados Unidos, metade do Chile, 1,5 vezes a<br />
Inglaterra e 1,3 Filipinas. Cerca de 67% da superfície terrestre do Japão é coberta<br />
de florestas, enquanto que cerca de 13% é ocupada pela área rural. É, portanto, um<br />
país, que possui uma quantidade relativamente grande de áreas verdes.<br />
A população atual do Japão é de 127,74 milhões de habitantes. É o nono país<br />
mais populoso do mundo. Dessa população 48% se concentra nas três maiores<br />
metrópoles (Tóquio, Osaka e Nagoya) que ocupam 11% da área total do país.<br />
(Folheto Consulado Japonês). A população é fortemente urbanizada (entre as quais<br />
Tóquio, Osaka, Locoama e Nagóia que possuem mais de um milhão de habitantes).<br />
As principais cidades do Japão são Tóquio, Osaka, Yokohama, Nagóia, Sapporo e<br />
Kioto. A densidade é de 338 hab. /km 2 populacional.
99<br />
A capital do Japão é Tóquio. É uma cidade gigantesca com 12.000.000<br />
habitantes. No <strong>centro</strong> de Tóquio se concentram os edifícios que alojam órgãos<br />
governamentais como o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal, etc., que fazem<br />
desta cidade o <strong>centro</strong> político do Japão. Tóquio é também o <strong>centro</strong> econômico onde<br />
se juntam numerosas e variadas empresas. É lá que se localizam também os<br />
diversos estabelecimentos culturais, empresas jornalísticas, as estações de TV, que<br />
fazem da cidade o <strong>centro</strong> de cultura e das informações.<br />
21.1.2 Expectativa média de vida ao nascer (2003)<br />
anos.<br />
Os homens vivem em média 78,36 anos e as mulheres vivem em média 85,33<br />
21.1.3 Geografia<br />
Por sua localização no extremo leste da Ásia, o Japão (figura 45) tornou-se<br />
conhecido como a terra do sol nascente. É formado por quatro ilhas principais e três<br />
mil ilhas menores, é um país extremamente montanhoso, o que dificulta a agricultura<br />
e contribui para que 67% do território ainda seja coberto por florestas, com isso leva<br />
o desenvolvimento da maior indústria de pesca do mundo.<br />
O país está sujeito a terremotos, erupções vulcânicas, tufões e maremotos.<br />
Seus verões são quentes e úmidos e seus invernos são rigorosos ao norte.
100<br />
Figura 45: Mapa do Japão<br />
Fonte: http://www.criancafazarte.com.br/volta/img/mapa_japao_pq.gif<br />
21.2 Bandeira e Hino Nacional<br />
A bandeira nacional do Japão (figura 46) é conhecida como hi-no-maru. Tem<br />
um círculo vermelho, que simboliza o sol, no <strong>centro</strong> de um campo branco. As<br />
palavras do hino japonês Kimigayo se baseiam em um poema waka, escrito há mais<br />
de 1000 anos, e expressam o desejo de prosperidade nacional e paz eterna.<br />
Figura 46: Bandeira do Japão<br />
Fonte: http://www.meg.org.br/images/flags/large/ja-lgflag.gif
101<br />
21.3 Economia e Moeda<br />
O Japão alcança alto crescimento econômico, graças ao rápido<br />
desenvolvimento industrial observado após a Segunda Guerra Mundial, é um dos<br />
países prósperos do mundo. O país é um dos mais competitivos fabricantes e<br />
exportadores de produtos eletrônicos e de automóveis, o que o transformou na<br />
segunda potência econômica mundial, atrás apenas dos Estados Unidos. O sistema<br />
de governo é a monarquia constitucional parlamental, seu chefe de Estado é o<br />
Imperador Akihito, seu chefe de Governo: Primeiro Ministro Junichiro Koizumi, o<br />
ministro de Negócios Estrangeiros é Nobutaka Machimura, o PIB Real (2004)<br />
US$4,9 trilhões (quatro trilhões e 934 bilhões de dólares) segundo Economic and<br />
Social Research Institute, Cabinet Office, Government of Japan, PIB per capita<br />
(2004) é US$38.625 e suas reservas internacionais (dez/2004) US$844 bilhões<br />
segundo Ministry of Finance of Japan. A moeda é Iene, e 1 dólar norte americano<br />
são 103,78 ienes.<br />
21.4 Política<br />
Após o final da 2ª Guerra Mundial em agosto de 1945, o Japão deu os<br />
primeiros passos para tornar-se uma nação democrática. A Constituição de Japão,<br />
que entrou em vigor em 1947, baseia-se em três princípios: soberania do povo,<br />
respeito aos direitos humanos fundamentais e renúncia à guerra. A Constituição<br />
também determina a independência dos três poderes públicos: o legislativo, o<br />
executivo e o judiciário.
102<br />
21.4.1 Estrutura Governamental<br />
O Parlamento, poder legislativo, é composto pela Câmara dos<br />
Representantes, ou Câmara Baixa, com 480 membros e a Câmara Alta, com 242<br />
membros. O poder executivo é exercido, através de sistema parlamentarista, pelo<br />
gabinete. É liderado pelo primeiro-ministro juntamente com doze ministérios e<br />
agências. O Poder Judiciário foi outorgado ao Supremo Tribunal e a instâncias<br />
superiores, bem como às comarcas e a outros juizados de competência específica.<br />
21.4.2 Família Imperial<br />
O imperador é o símbolo do Estado e da unidade do povo, não possuindo<br />
poder de governar. Todos os atos do Imperador, em relação ao Estado, são<br />
recomendados e aprovados pelo Gabinete. O atual Imperador, Akihito subiu ao trono<br />
em 1989, como o 125º da linhagem imperial. O imperador Akihito e a imperatriz<br />
Michiko foram “abençoados” com três filhos e três netos.<br />
21.4.3 Relações Internacionais<br />
O Japão está profundamente envolvido em diversas atividades para a<br />
obtenção da paz, da prosperidade e da estabilidade mundial. Enquanto busca<br />
soluções para questões mundiais como o terrorismo, a economia mundial, a<br />
proteção ambiental, entre outras, o Japão exerce também um papel ativo para<br />
garantir a estabilidade em questões regionais, que poderiam causar impacto na
103<br />
comunidade internacional, fortalecendo os vínculos e a colaboração com as<br />
principais potências mundiais, com ênfase nas relações com os Estados Unidos.<br />
21.4.4 Governos Locais e Centrais<br />
No Japão, há quarenta e sete províncias e um total de aproximadamente<br />
3.200 cidades, municípios e vilas. Cada municipalidade tem sua própria assembléia.<br />
Os governadores das províncias e os prefeitos das cidades e municípios são<br />
escolhidos por voto popular. O sistema de governo local é regido por uma forma de<br />
democracia direta, a mesma do governo central.<br />
21.5 Indústria<br />
A economia do pós-guerra do Japão expandiu-se notavelmente, mantendo<br />
uma taxa média de crescimento anual de 8% de 1953 a 1973, o tornou o país a<br />
segunda maior economia mundial, após os Estados Unidos.<br />
21.5.1 Estrutura Industrial<br />
“O período de rápido crescimento no Japão (década de 50 a<br />
80) foi principalmente impulsionado pelo setor secundário com<br />
atividades tais como o aço, a construção naval, a fabricação de<br />
automóveis e de equipamentos elétricos. A valorização do Iene, que<br />
teve início em 1985, fez com que muitos fabricantes japoneses<br />
deslocassem a produção para o exterior. Cinco por cento da<br />
população ativa está atualmente empregada em indústrias do setor<br />
secundário e 65% em serviços e outras indústrias do setor terciário”.<br />
Segundo folheto Consulado Japonês no Brasil – Porto Alegre -RS.<br />
21.5.2 Indústrias de Manufatura
104<br />
Automóveis e equipamentos elétricos são os dois maiores produtos de<br />
exportação industrial. Na indústria automotiva, 350.000 robôs industriais, 56% do<br />
total do mundo, estavam em operação no final do ano de 2002. Pesquisas e<br />
esforços para o desenvolvimento da biologia, química, física e outros campos de<br />
tecnologia de ponta estão sendo realizados (Associação de Robôs do Japão).<br />
21.5.3 Agricultura de Pesca<br />
O Japão depende de importações para o fornecimento de alimentos já que<br />
sua taxa de auto-suficiência é baixa, e apenas 13% da sua área é utilizada para a<br />
agropecuária. Por ser uma ilha, seu povo desenvolveu predileção por frutos do mar.<br />
A nação ocupa o quarto lugar no ranking mundial, no total anual de captura de<br />
pescados. (Ministério da agricultura, Silvicultura e Pesca – Japão 2002).<br />
21.5.4 Comércio<br />
Atualmente, as principais exportações incluem equipamentos e maquinários<br />
(equipamentos elétricos, de precisão e automóveis). Os principais itens de<br />
importação são maquinários, derivados de petróleo e alimentos. O Japão obteve no<br />
seu balanço anual de 2003, um superávit de US$ 136,2 bilhões, em novembro de<br />
2004. (FMI, Ministério das Finanças - Japão).<br />
21.6 Produtos de moda brasileiros exportados para o Japão
105<br />
Vários produtos brasileiros de moda são exportados para o Japão, entre eles<br />
está o famoso e “velho” jeans. De acordo com os dados oficiais da Associação<br />
Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), o Brasil é o segundo maior<br />
produtor de jeans do mundo, perdendo apenas para a China.<br />
"Atualmente, os produtos brasileiros diferenciados têm feito<br />
um grande sucesso no exterior porque apresentam qualidade, design<br />
e um conjunto de tratamentos e beneficiamento que vão além das<br />
customizações e lavagens, que se equiparam às italianas. Há uma<br />
renovação permanente da criatividade das peças jeans", afirma Yeda<br />
Amaral, consultora especializada em jeanswear para o segmento<br />
profissional.<br />
Grandes grifes, como Ellus, Carmim, Colcci, Forum, e Vide Bula fazem um<br />
trabalho relevante no exterior. Desde 1999, a Ellus exporta para o Japão.<br />
A moda que o Brasil exporta para o Japão é eclética e com muita criatividade,<br />
calças, blusas, vestidos, calçados, bolsas, tudo com um toque brasileiro. Novas<br />
marcas brasileiras estão entrando no mercado japonês. A Pantanal Fashion Export é<br />
uma cooperativa que reúne empresários, artesãos, índios, pescadores e bordadeiras<br />
da região pantaneira, onde fazem roupas com estilo baseado na cultura local. Deu<br />
tão certo que a empresa exporta para vários países europeus e ganha simpatia dos<br />
japoneses.<br />
Outra marca que está entrando com tudo no Japão é a Morenaton Brazilian<br />
Soul in Shoes, que faz produtos com a cara das japonesas. O interesse pelo<br />
mercado japonês vem crescendo cada vez mais e uma das grandes motivações é<br />
que as japonesas são fanáticas por marcas extrangeiras.
106<br />
As sandálias Havaianas não só é modismo brasileiro, como também viraram<br />
acessórios fashion e hoje podem ser encontradas até em lojas de grifes famosas<br />
japonesas. O gerente de uma loja japonesa, Hiromichi Horie, diz que o modelo tem<br />
uma boa aceitação entre os clientes, em sua maioria jovens japoneses. Outro<br />
calçado que faz sucesso entre as garotas japonesas é o tênis de futebol de salão.<br />
“Elas não usam para jogar bola, mas para combinar com<br />
roupas. Além de confortáveis são bonitos”, disse o gerente da loja<br />
Nustep, Naoyuki Ohta.<br />
As calças da marca Gang caíram no gosto das celebridades como Adriane<br />
Galisteu e Raica Oliveira e de celebridades internacionais também, Britney Spears,<br />
Jennifer Lopes e Christina Aguilera.<br />
Agora acaba de ser “descoberta” pelas<br />
japonesas, pelo fato de terem formas mais retas, a calça ajuda a modelar essas<br />
formas.<br />
É no bairro Harajuku (região central de Tóquio) que concentra à<br />
efervescência dos fashionistas do Japão e que também tem marcas brasileiras<br />
querendo ser vistas e compradas.<br />
É lá que a Melissa (figura 47) buscou espaço no Japão, onde japonesas que<br />
tem um “look” moderno, despojado e alternativo usam as sandálias, faça frio ou<br />
calor.
107<br />
Figura 47: Melissa<br />
Fonte: http://www.melissa.com.br/mww/<br />
Bolsas de luxo da estilista Serpui Marie também são bem aceitas no Japão,<br />
as bolsas são exportadas com muitos enfeites, brilho e desenhos. Está no mercado<br />
há cerca de 20 anos e começou a exportar há 14 anos. Também exporta para outros<br />
países, como, China, Estados Unidos e França.<br />
21.7 O mercado da moda Japonesa<br />
Visto sempre como pessoas sérias, fechadas, reservadas e que cultivam suas<br />
tradições, os japoneses estão cada vez mais se assustando com eles mesmos, tudo<br />
porque os adolescentes (figura 48) estão se rebelando, encarando a sociedade<br />
conservadora sem medo de expor seu estilo. Hoje têm de tudo, maquiagem pesada,<br />
roupas coloridas, criatividade e muita irreverência.<br />
"Não tenho que fazer só o que os meus pais mandam ou o<br />
que a sociedade impõe. Posso me vestir de anjo e sair pela rua<br />
quando eu bem entender e não vou me sentir ridícula fazendo isso. É
108<br />
o meu jeito de mostrar que penso diferente". Diz Megumi Saito, uma<br />
adolescente de 15 anos que mora em Tóquio.<br />
O grito de liberdade está deixando os mais velhos de “cabelos em pé”.<br />
"Este mundo está perdido", fala a dona de casa Hitomi<br />
Kouda, 58 anos, ao encontrar um anjo de luto de 14 anos, uma<br />
enfermeira serial killer de 13 e uma barbie falante de 16.<br />
É uma moda que causa desgosto para pessoas como Kouda. Os turistas<br />
adoram, e fotografam tudo para guardar a revolução explosiva.<br />
Figura 48: Adolescente<br />
Fonte: http://www2.uol.com.br/caminhosdaterra/reportagens/145_japao.shtml<br />
É intrigante pensar, que um país que está cada vez mais futurista não se<br />
desliga de seu passado e de suas origens culturais. Em Tóquio, encontramos algo<br />
contraditório, um mundo inovador, tecnológico com coisas que remetem a cultura<br />
japonesa.<br />
Shibuya (figura 49) é um bairro em Tóquio que mistura diferentes comércios,<br />
desde lojas relacionadas à moda e até cafés para mulheres desfrutarem suas horas<br />
vagas de compras. O bairro Harajuku (figura 50) também é bastante conhecido,
109<br />
existem cafés, bares, salões de beleza e lojas que absorvem o que de novo aparece<br />
nesta metrópole que interpreta de uma maneira muito própria o conceito de<br />
novidade.<br />
Figura 49: Shibuya<br />
Fonte: http://rotas.xl.pt/0504/200.shtml<br />
Figura 50: Harajuku<br />
Fonte: http://rotas.xl.pt/0504/200.shtml<br />
“Cheguei em Tóquio e fui direto pra Harajuku Station (figura<br />
51). É uma explosão de energia contagiante, que se estende pelos<br />
caminhos estreitos da Takeshita Dori, espécie de 25 de Março teen.<br />
O lugar que mais me impressionou foi Uru Harajuku, onde, sentada<br />
para observar o povo, fui tomando anotações e quando vi rabiscava<br />
tão freneticamente quando vejo um desfile. Ali todos têm um look, e<br />
descubro que Tóquio é uma franja - lugar em que imagem é tudo, a<br />
obsessão é o cabelo”. Relato de Érika Palomino em seu site<br />
(http://www.erikapalomino.com.br/moda/tendencias/index.php?md_te<br />
nd_id=831)
110<br />
Figura 51: Harajuku Station<br />
Fonte: http://home.catv.ne.jp/dd/hirvonen/tokio/Harajuku.jpg<br />
“O novo jeito de vestir dos japoneses combina muitas<br />
camadas e sobreposições, a fluidez e o movimento dos tecidos, tudo<br />
solto, meio caído, meio jogado, com muita malha e algodões. Os tênis<br />
AllStar são os calçados oficiais e as bolsas são em forma de<br />
melancia, grandonas e penduradas no ombro, ou estruturadas de<br />
alças curtas, penduradas no braço”. Relato de Érika Palomino em seu<br />
site (http://www.erikapalomino.com.br/moda/tendencias/index.php?md<br />
_tend_id=831)<br />
“E o estilo ladylike da moda atual é perfeito para as<br />
japonesas, de passos curtos e pés virados para dentro, andando<br />
devagar e, muitas vezes escoradas pelos rapazes. Nas unhas dos<br />
pés, o esmalte com glitter, em cores bizarras como prata e um verde<br />
medonho, da linha jovem da Shiseido. Bonés, bonés e bonés (e os<br />
japoneses são loucos por um chapéu)”. Relato de Érika Palomino em<br />
seu<br />
site<br />
http://www.erikapalomino.com.br/moda/tendencias/index.php?md_ten<br />
d_id=831<br />
“As calças são mais curtas ou sobre os sapatos, e tem uma<br />
nova versão de uma calça pós-cargo, com as laterais puxadas por<br />
fivelinhas. Sapatinhos de salto baixo têm obrigatoriamente frente<br />
pontuda. Ah, vale também calcanhar de propósito no tênis,<br />
transformando-o em chinelão. Muito iPod, guarda-chuva comprido<br />
usado sem esforço, sacolas, sempre”. Relato de Érika Palomino em<br />
seu<br />
site<br />
http://www.erikapalomino.com.br/moda/tendencias/index.php?md_ten<br />
d_id=831<br />
O modo como as japonesas se cuidam está influenciando o estilo de<br />
mulheres no Brasil. As consultoras de moda como Glória Kalil e Érica Palomino<br />
estão indo para Tóquio para descobrir o que as japonesas fazem para cuidar da pele
111<br />
branca e ter aspecto jovial. Por esta razão que elas têm uma paixão por cosméticos,<br />
corretivos faciais que clareiam a pele, sombra e lápis brancos e pretos. A<br />
maquiagem (figura 52) é a nova marca das japonesas.<br />
Figura 52: Maquiagem<br />
Fonte: http://www.noolhar.com/opovo/colunas/beleza/437410.html<br />
A fiscalização noturna japonesa é rígida, não é permitido menor de idade<br />
freqüentar bares ou clubes noturnos, isso influenciou para o surgimento de tribos<br />
que se reúnem, aos domingos, com sua respectiva tribo. E como bairros alternativos<br />
estão Harajuku e Shibuya que reúne jovens com roupas alternativas e coloridas. São<br />
muitas tribos, cada uma com estilo e atitude de seu grupo, mas quase todos buscam<br />
chamar a atenção, ser fotografado por uma das inúmeras revistas japonesas já<br />
especializadas em divulgar a moda da juventude nipônica.<br />
Umas das primeiras tribos criadas no Japão foi Gyaru (pronúncia japonesa<br />
para palavra ‘girl’ – garota, em inglês), meninas que descolariam os cabelos,<br />
tomavam muito sol e estavam sempre na moda. Mas com o tempo, elas ficam<br />
“comuns” e surgiram as ultra-exageradas das gyaru, as Yamamba.
112<br />
Dotadas de uma pele dourada, através de várias horas de bronzeamento<br />
artificial, cabelo descolorido, maquiagem exagerada e brilhante, essas garotas<br />
ganharam o apelido de “Bruxas da Montanha” (Yamamba, em japonês). Junto do<br />
apelido, elas têm a fama de garotas fúteis, que se interessam por roupas de marcas<br />
muito caras, passam o dia falando e mandando mensagens nos seus celulares e<br />
freqüentando fliperamas. Algumas dessas garotas, para sobreviver ao alto custo de<br />
vida das Yamamba (figura 53), chegam até mesmo a trabalhar durante o ano letivo<br />
(coisa proibida no Japão), ou mesmo se prostituir. Existe, ainda, a versão masculina<br />
das Gyaru e Yamamba. São os Surfers, garotos viciados em surf rock californiano,<br />
donos de um bronzeado exagerado e que carregam pranchas de surf em pleno<br />
<strong>centro</strong> conturbado de Tóquio.<br />
Figura 53: Yamamba<br />
Fonte: http://crazyjapan.canalblog.com/images/yamamba.jpg<br />
Kogal (figura 54) é um estilo parecido com Yamamba, é um “look” muito<br />
fashion, são meninas bronzeadas artificialmente com cabelos pintados de loiro,
113<br />
roupas chamativas,<br />
calçados altíssimos, maquiagem carregada, acessórios<br />
coloridos e extravagantes.<br />
Figura 54: Kogal<br />
Fonte: http://www.livemusicstudio.com/mac/pages/ganguro.html<br />
Existe no Japão o estilo Fruits (figura 55), inpirada a partir de uma revista<br />
criada em 1994 por Shoichi Aoki para documentar o surgimento de uma cultura de<br />
moda de rua em Tóquio. Na revista são representados uma grande variedade de<br />
estilos que foram e ainda estão se desenvolvendo no Japão. As coletâneas de fotos<br />
da revista, tiradas diretamente nas ruas de Tóquio, serviram de inspiração para<br />
milhares de pessoas em todo o mundo.<br />
Muitas pessoas acham que existe um 'estilo fruits', por causa da<br />
predominância de superposições e acessórios coloridos, mas este não é o caso.<br />
Para o ocidental não inserido nesta subcultura pode não parecer, mas na revista há<br />
vários estilos diferentes e com características próprias, alguns que se<br />
desenvolveram e outros que desapareceram.
114<br />
Figura 55: Estilo Fruits<br />
Fonte: http://www.onlineneko.com/glossario.htm<br />
Visual Kei (figura 56) ou Visual Rock é um tipo de música pop/rock japonês<br />
em que os músicos dão forte ênfase numa aparência visual ostentosa, vestindo-se<br />
com trajes bem trabalhados. Qualquer coisa, de uma pitada de glamour a um<br />
exagero de personificação feminina pode ser chamado de Visual Rock. Esses<br />
artistas consideram que precisam se enfeitar para encenar sua música.<br />
Como símbolos mais altos de expressão da nova sociedade japonesa, as bandas<br />
"Visual Kei" estão transformando-se na força motriz da música japonesa e no<br />
cenário da moda.<br />
Figura 56: Visual Kei
115<br />
Fonte: http://www.nanigoto.com.br/visual.html<br />
O estilo das Gothic Lolitas (figura 57) surgiu junto com as bandas japonesas<br />
de Visual Kei, onde mesclou as rendas e o clima melancólico e triste dos góticos. O<br />
precursor do estilo e criador do termo 'Elegant Gothic Lolita' foi Mana, guitarrista do<br />
extinto grupo de Visual Kei, Malice Mizer. Mana arrebanhou milhares de seguidoras<br />
e seguidores, ao se apresentar vestindo como antigas bonecas de cerâmica<br />
vitorianas, cheio de rendas, babados e laços, mas sempre com um toque triste e<br />
gótico.<br />
No Japão, as Gothic Lolitas já se tornaram uma tribo comum, principalmente<br />
nos grandes <strong>centro</strong>s urbanos, precursores de comportamento, como Tóquio.<br />
Durante os fins de semana, as grandes praças e parques se enchem dessas garotas<br />
e garotos, que se reúnem para conversar, mostrar seus mais recentes visuais e<br />
aquisições.<br />
A popularização das Gothic Lolitas tornou-se tão incrível que surgiram<br />
inúmeros animes e mangás com personagens vestidos nesse estilo.<br />
Figura 57: Gothic Lolitas
116<br />
Fonte: http://www2.uol.com.br/ohayo/v2.0/eventos/materias/mar22_lolitas.shtml<br />
Mangás e bonecas japonesas servem de inspiração para a moda, que hoje<br />
pode ser conferida em campanhas publicitárias da marca Lanvin (figura 58). São<br />
meninas de testa e olhos grandes, boca pequena e cabelos presos, depois de ter<br />
apresentado um desfile com referências no mundo oriental, com muitos obis, alguns<br />
recortes de origami e uma série de flores em acrílico, resolveu manipular fotos e<br />
transformar uma modelo em uma mistura de mulher-boneca.<br />
Figura 58: Lanvin<br />
Fonte:<br />
http://www.usefashion.com/use/news/mostra_rec.asp?vitemmenu=news&idnews=9049&tempo<br />
rada=11&segmento=news#<br />
Os japoneses cultivam sua própria cultura, mas tem uma incrível capacidade<br />
de processar influências que chegam de fora. As japonesas deram para adotar<br />
biquínis minúsculos (figura 59) e ir para as praias do país. Isso é contraditório, ao<br />
mesmo tempo em que é extremamente inovador.
117<br />
Figura 59: Biquínis Minúsculos<br />
Fonte: http: //viomundo. globo.com/site.php?nome=Bizarro&edicao=287<br />
Os cabelos das japonesas (figura 60) fazem bastante sucesso, são pintados<br />
de castanhos, vermelhos, ruivos, loiros, preto, repicados, desfiados, coloridos,<br />
penteados, enfim são para todos os gostos e modelos. Uma das tendências fortes é<br />
valorizar os cabelos.<br />
Figura 60: Cabelos das japonesas<br />
Fonte:http://japaoejaponeses.blogspot.com/2005/10/penteados-japoneses.html<br />
As japonesas usam roupas sobrepostas a outras, bonés, é uma mistura de<br />
estilos, um pouco de streetwear e saias estilo hippie (figura 61), há também um
118<br />
estilo que é chamado de street fashion (figura 62) que pode ser confundido com um<br />
mistura de gótico (figura 63) com lolitas.<br />
Figura 61: Estilo Hippie<br />
Fonte: http://bartpogoda.com/japan/index.php?g=13&f=5<br />
Figura 62: Street Fashion<br />
Fonte: http://www.theforeigner-japan.com/photoessays/2003/200311/12.htm
119<br />
Figura 63: Gótico<br />
Fonte: http://lphe1dell1.epfl.ch/~lhinz/japon/tokyo/harajuku/photos/.jpg<br />
As cantoras japonesas fazem muito sucesso na parada pop no Japão. Um<br />
exemplo disto é a cantora Ayumi Hamasaki, como se fosse a “madonna” japonesa<br />
(figura 64), as meninas imitam ela nas roupas, no cabelo e na maquiagem. Ela<br />
aborda em suas músicas assuntos polêmicos, como a discriminação racial e a falta<br />
de liberdade de expressão e da liberdade do ser humano de um modo geral.<br />
Figura 64: Madonna Japonesa<br />
Fonte:http://www.katana.com.br/musica/jpop/Ayumi%20Hamasaki/imagens/ayumi03.jpg
120<br />
As meninas (figura 65) que freqüentam o colégio também são fashion, após<br />
saírem da aula saem nas ruas de Harajuku ,conversam e vão aos camelôs.<br />
Figura 65: Meninas<br />
Fonte:http://www1.cs.columbia.edu/~sedwards/photos/japan200507/20050720-<br />
0173%20Harajuku%20Girl.jpg<br />
Existem grupos que são denominados cosplays (figura 66), pois usam<br />
fantasias baseadas em personagens de animes e mangás do Japão. Kawaii (figura<br />
67) significa em japonês gracioso, bonito, que é um outro estilo que existe no<br />
Japão. É uma mistura de desenho animado feminino com sensualidade, usando<br />
saias curtas e blusas justas.
121<br />
Figura 66: Coplays<br />
Fonte:<br />
http://www.cosplaybr.com.br/cb/vergaleria.php?galeria=51d71c7ac89c7ed4ca85d033bb218272<br />
Figura 67: Kawaii<br />
Fonte: http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://cherrypop.over-blog.com<br />
O quimono há muito tempo esquecido no guarda-roupa das japonesas, voltou<br />
à moda no Japão. A vestimenta passou a ser apreciada até mesmo pelas<br />
adolescentes, que compram o traje de segunda mão por um preço mais barato.<br />
Segundo elas, o quimono as faz sentir especiais e diferentes.<br />
“O que vejo agora é um ‘quimono boom’”, observa Atsushi Tomita, um<br />
executivo da Associação Têxtil de Quioto, pois a popularidade é grande no Japão.
122<br />
A moda japonesa não é só de mulheres e meninas que se vestem feito<br />
loucas, com muito colorido ao mesmo tempo preto total dependendo da tribo, peças<br />
sobrepostas, cabelos pintados, acessórios extravagantes, há também as que se<br />
vestem na moda casual (figura 68 a 75) para os padrões que existem hoje entre as<br />
adolescentes no Japão, com estilo ocidental e cores da moda, mas discretas.<br />
Figura 68: Moda Casual<br />
Fonte: http://bartpogoda.com/japan/index.php?g=13&f=5<br />
Figura 69: Moda Casual<br />
Fonte: http://www.oreno.org/photos/2003_tokyo/harajuku_001.jpg
123<br />
Figura 70: Moda Casual<br />
Fonte: Fonte: Revista NIPPONIA Descobrindo o Japão Edição 33 página 27<br />
Figura 71: Moda Casual<br />
Fonte: Revista Non-No Edição 9
124<br />
Figura 72: Moda Casual<br />
Fonte: Revista Non-no Edição 9<br />
Figura 73: Moda Casual<br />
Fonte: Revista Non-no Edição 14
125<br />
Figura 74: Moda Casual<br />
Fonte: Revista Non-no Edição 14
126<br />
Figura 75: Moda Casual<br />
Fonte: Revista NIPPONIA Descobrindo o Japão Edição 33 página 28<br />
Miuccia Prada lançou, dia 05/05/2006, uma “coleção-cápsula” da Miu Miu<br />
(figura 76) inspirada no romanticismo das bonecas japonesas. A coleção tem<br />
vestido, vestido-casaco, tops, saia e calça, é toda em linho branco amassado. Cada<br />
uma delas é “passada” para ficar com pregas irregulares. As peças vão chegar às<br />
lojas da marca na Europa e no Japão a partir de meados deste mês.<br />
Figura 76: Miu Miu<br />
Fonte:http://www.usefashion.com
127<br />
21.8 Estilistas japoneses que usam o Japão como inspiração<br />
Alguns estilistas japoneses renomados no mundo da moda, como Issey<br />
Miyake, Yohji Yamamoto e Rei Kawakubo, usam ou já usaram o próprio Japão como<br />
fonte de inspiração para o desenvolvimento de suas coleções.<br />
Issey Miyake<br />
Yssey significa “uma vida” e Miyake significa “três casas”.<br />
Issey nasceu em 1938 num Japão pobre e olhando as revistas de moda<br />
compradas pela irmã, com isso incentivando seu talento para a moda. Com o passar<br />
dos anos foi melhorando e em Tóquio, num estúdio é que nascem suas criações,<br />
onde peças evoluem com o passar das horas. Dez pessoas trabalham com ele e a<br />
maioria japonesa.<br />
Saber transformar uma proeza estética e tecnológica num verdadeiro sucesso<br />
comercial é com Yssey mesmo. Exemplo disto é o plissado que o mundo todo usou<br />
em 1983 e também ampliou as confecções dos Estados Unidos com o jeans Levi’s.<br />
Em 1997, treze butiques foram abertas juntando-se aos 96 pontos-de-venda<br />
existentes. Seus colaboradores dizem que ele nunca tem fim. As roupas são criadas<br />
para serem usadas no cotidiano e conhecer as pessoas que vão usar são um<br />
incentivo para sua <strong>criação</strong>.
128<br />
Sua primeira coleção é inspirada no judô e kendô. Hoje 80% da sua produção<br />
é vendida no Japão.<br />
“Eu não crio uma estética para a moda. Faço estilo com base<br />
na vida. E não com base no estilo”. Issey Miyake<br />
Yohji Yamamoto<br />
Yohji Yamamoto significa “ao pé da montanha”.<br />
Nasceu em Tóquio em 1943, filho de costureira, teve o apoio da mãe viúva<br />
para sua escolha profissional. Com uma clientela feminina só esperava cópias dos<br />
modelos parisienses, porém com o pouco dinheiro que ganhava permitia que<br />
realizasse os seus modelos. Ganhou uma viagem para Paris através de um<br />
concurso que participou e ganhou em 1969, onde ficou oito meses na capital da<br />
moda aprendendo o ofício de estilista.<br />
Sua primeira coleção acontece em 1977 com sua primeira empresa. Em 1981<br />
conquistou Paris e neste ano ocorreu seu desfile e da sua antiga companheira Rei<br />
Kawakubo. A imprensa mundial estava presente e em alguns dias os desconhecidos<br />
tornaram–se célebres. Em 1984 ataca os conservadores do terno.<br />
“O fato é que eu nasci no Japão. Mas jamais me utilizei deste<br />
rótulo”. Diz Yohji Yamamoto, mas, no entanto utiliza tecidos que<br />
enfeitam o corpo, com efeito, de uma tradição, como a seda dos<br />
quimonos, faz com que o Oriente fascine o mundo.<br />
“Os que usam as minhas roupas querem afirmar um ponto de<br />
vista”. Diz Yohji Yamamoto, resumindo o seu trabalho.
129<br />
Comme des Garçons – por Rei Kawakubo<br />
Comme des Garçons é uma grife lançada nos anos 70, em Tóquio, criada<br />
pela inteligência de Rei Kawakubo.<br />
Nasceu em Tóquio em 1942, tem uma visão glamourosa das coisas, por isso<br />
faz tanto sucesso. A paixão pela foto e pelas artes gráficas fez surgir SIX, revista<br />
autônoma sem periodicidade, Comme de Garçons remete a outro imaginário, uma<br />
espécie de barômetro do tempo da moda, feito apenas de imagens.<br />
As imagens e fotos circulam mais rápido do que as roupas há intercâmbio<br />
entre um país e outro, a moda não dura à eternidade e as fotos guardam um<br />
passado.<br />
“Se um desfile deve transmitir em vinte minutos um<br />
concentrado de vontades, de idéias, se pode colocar o olhar para<br />
trabalhar e incitar ao devaneio, seu efeito se prolonga e se<br />
desenvolve nas lojas onde todas as coleções se encontram: homem,<br />
mulher, vestidos cotidianos tranqüilos e gentis, camisas brancas e<br />
calças simples, ou estrelas misteriosas e complexas vindas do desfile<br />
aceitam aqui se deixar olhar, tocar e, porque não, se deixar provocar<br />
e mais ainda, se houver afinidades? A entrada é franca” segundo<br />
Livro Universo da Moda Comme des Garçons pág.15.<br />
“A <strong>criação</strong> não é algo que possa ser calculado” Rei Kawakubo<br />
Moda de Issey Miyake, Yohji Yamamoto e Rei Kawakubo<br />
“A moda ocidental tem um caso amoroso duradouro com as<br />
mais variadas inspirações étnicas. Mas nas últimas décadas uma<br />
geração de designers japoneses mudou para sempre as diretrizes da<br />
haute couture internacional. A influência do Japão no mundo fashion<br />
do século XX começou quando Paul Poiret criou, em 1912, um traje<br />
francamente inspirado no modelo do quimono. Absurdamente<br />
feminina e muito confortável, a <strong>criação</strong> de Poiret caiu no gosto da<br />
mulherada que se viu livre das amarras do espartilho. Na segunda<br />
metade da década de 70, enquanto Giorgio Armani revolucionava as<br />
regras da moda reinventando terninhos e afirmando a máxima do less<br />
is more, um grupo de gênios japoneses tomou de assalto as
130<br />
passarelas parisienses. Issey Miyake, Rei Kawakubo e Yohji<br />
Yamamoto trouxeram o sabor oriental em suas criações voltadas para<br />
o lado de cá do planeta.Mais preocupados em envolver e disfarçar as<br />
formas do corpo do que enfatizá-las, seus trajes são produzidos para<br />
realçar a beleza do tecido, concentrando-se mais na textura e menos<br />
na forma” segundo site<br />
(http://www.pucrs.br/famecos/cyberfam/cb22/jap1.htm)<br />
A artista plástica japonesa chamada Yayoi Kusama, é o nome da vez, já<br />
desenvolveu trabalhos para diferentes museus, escreveu livros e agora está com<br />
uma exposição de seus trabalhos em Akita, no Japão intitulada “Yayoi in Forever”<br />
que ficou aberta até 14 de maio de 2006. Pode virar referência para a <strong>criação</strong> de<br />
produtos de moda, como aconteceu com Takashi Murakami para Louis Vuitton.<br />
21.9 Estilistas brasileiros que usam o Japão como inspiração<br />
Estilistas brasileiros também usam a influência japonesa para criar suas<br />
coleções e como isso faz com que o Japão seja uma rica fonte de inspiração para o<br />
mundo no universo da moda.<br />
Erica Ikezili<br />
A estilista Erica Ikezili, 26 anos, nasceu no Paraná e foi criada em São Paulo.<br />
Erica é de origem japonesa, a base da <strong>criação</strong> de moda da Erica é da cultura<br />
japonesa, ela consegue adaptar para o corpo brasileiro, ocidental, suas criações. É<br />
uma roupa com características orientais para corpos ocidentais. E por isso sua<br />
incansável luta para compreender o japonês.
131<br />
Renato Loureiro<br />
Estilista mineiro começou sua carreira na moda há mais de 25 anos.<br />
Especialista em misturar as mais modernas tendências internacionais a artesanatos<br />
brasileiros, ele cria peças que fazem sucesso no país e exterior.<br />
“Eu comecei a trabalhar com moda exatamente na época em<br />
que os japoneses eram a grande novidade, em que eles viraram tudo<br />
pelo avesso, começaram a fazer as costuras para o lado de fora,<br />
ensinaram para gente que a assimetria é mais bonito que a simetria.<br />
Antigamente ficávamos horas para tirar ponta de uma saia e, com a<br />
vinda dos japoneses, descobrimos que isto não era preciso, que uma<br />
ponta é mais bonita que uma coisa redonda. Isso tudo ficou muito<br />
como um aprendizado de moda para mim e me influenciou. Acho esta<br />
influência boa até hoje” segundo Renato Loureiro em entrevista para<br />
o site http://www.estilosamiracampos.com.br<br />
Mário Queiroz<br />
O estilista já se inspirou em revistas japonesas de vanguarda em suas<br />
criações. Já utilizou tecidos tecnológicos, tecidos japoneses com efeito de<br />
apapelado e plastificado. Ideogramas japoneses que surgem em transfers e<br />
estampas de rostos japoneses masculinos.<br />
V.ROM<br />
V.ROM foi criada em 1997 pela associação de Rogério Hideki e Vitor Santos.<br />
Rogério já vinha do mundo da moda e Vitor trabalhava com cenografia em filmes<br />
publicitários.
132<br />
O nome V.ROM -pronuncia-se vírum- é uma espécie de sigla que junta o<br />
nome dos dois criadores misturada a CD-ROM. Em 2002, Alberto Hiar, o Turco<br />
Loco, proprietário da Cavalera, entrou na sociedade, tornando-se responsável pela<br />
produção e distribuição da marca. No mesmo ano, a V.ROM estreou no São Paulo<br />
Fashion Week com um desfile de influência de videogame e mangás japoneses.<br />
Mareu Nitschke<br />
O estilista já utilizou a influência japonesa em seus desfiles, em um deles<br />
usou vestidos como quimonos, chinelos parecidos com os famosos guetas,<br />
ideogramas japoneses estampados, calças jeans estilo samurai, blusas com gola<br />
japonesa tudo misturado com o estilo gótico e o japonismo.<br />
Solange Félix<br />
Em um dos desfiles do Paraná Fashion, só deu oriente na passarela estilista<br />
Solange Félix. Sua coleção nomeada de “Oriente-se” trouxe referências do kung-fu<br />
da China, fruits do Japão e muito de mangá. Um adorno na cabeça e a maquiagem<br />
deixaram clara a referência.<br />
Walter Rodrigues<br />
Um dos estilistas que mais utilizam o Japão como influência, que foi utilizada<br />
em diversos desfiles. O último foi recente na Casa França Brasil, no Rio de Janeiro,
133<br />
que Walter Rodrigues apresentou sua coleção de inverno 2006 (figura 77).<br />
Voltando com seus traços orientais, desta vez mais evidente, o estilista fez um<br />
belíssimo trabalho de modelagem e de recortes. Vestidos longos com grandes<br />
caudas abrem o desfile, gueixas glaciais e formas que valorizaram o corpo feminino.<br />
Figura 77: Coleção de inverno 2006<br />
Fonte:http://www.usefashion.com<br />
Jum Nakao<br />
O estilista em um se seus desfiles na passarela do São Paulo Fashion Week<br />
mesclou o passado e o futuro. Os vestidos com cintura baixa - estilo anos 20 e 30 ,<br />
com saias soltas e plissadas, e tulê ao fundo. Ou feitos de tricô e detalhes em<br />
crochê. A influência japonesa também apareceu nas estampas de desenhos florais<br />
com pássaros (como quimonos japoneses) e flores de tule na lapela dos vestidos<br />
com formas de origamis.
134<br />
Lino Villaventura<br />
O paraense Lino Villaventura foi um dos primeiros estilistas brasileiros a<br />
trabalhar para o mercado internacional. Em 1989, foi convidado pelo Itamaraty para<br />
representar o Brasil em uma feira internacional em Osaka, no Japão, a "World Trade<br />
Fashion". A participação rendeu visibilidade, com um destaque no jornal britânico<br />
Financial Times. Logo estava com roupas em lojas de Tóquio, Osaka, Londres e<br />
Nova York. Em parceria com a mulher, Inez Villaventura, produz as criações e peças<br />
sob encomenda em uma fábrica própria.<br />
Akiko Suyama<br />
A japonesa Akiko Suyama é a diretora da descolada loja Dual, em Tóquio, e<br />
já veio ao Brasil duas vezes em busca de novos estilistas. Akiko viaja pelo mundo<br />
atrás de novidades para a loja Dual, sempre acompanhada pelo seu assistente e<br />
tradutor Alan Hideo. Na loja há várias marcas brasileiras, segundo ela dão um ar de<br />
novidade e importância, pois seu público-alvo são pessoas que trabalham<br />
diretamente com moda ou que gostam de estar na moda.<br />
O interesse pelos estilistas brasileiros foi através de Alexandre Herchcovitch, onde<br />
viu seu trabalho e teve curiosidade de conhecer mais estilistas brasileiros. Foi aí que<br />
veio ao Brasil atrás deles, Sommer, Erica Ikezili, Carlota Joakina, Theodora,<br />
Jefferson de Assis, Mareu Nitschke, Daniele Mabe e Bella Golzer, eles fazem um<br />
trabalho conceitual brasileiro, mas com o padrão das japonesas. Os preços das<br />
roupas são acessíveis e atraem o público.
135<br />
22 CULTURA JAPONESA X TEMA<br />
Como ficou notório, o Japão é um país extremamente rico em cultura, os<br />
amuletos, as formas como usam o papel, o kirie, oshie, washie para fazer perfeitas<br />
obras de arte, a vestimenta como o quimono, os arranjos de mesa chamados<br />
Ikebana, bambu como decoração, shodou, a arte da caligrafia, o misterioso mundo<br />
das gueixas, sua maquiagem delicada e seus aprendizados de anos, o uso do hashi<br />
para comer, o cultivo dos bonsais, os mangás e animes, peças de cerâmica,<br />
hachimaki, a famosa faixa para pôr na cabeça, enfim é uma variedade muito grande<br />
de costumes que englobam a cultura japonesa.<br />
Isso fez com que o desenvolvimento da coleção fosse feito de uma forma<br />
delicada no processo criativo, com bastante cuidado nos detalhes, pois os japoneses<br />
apreciam essa forma organizada e colorida como pode ser notado em seus pratos,<br />
rituais e cerimônias, os materiais selecionados traduziram a sutileza, o toque macio<br />
e extremamente feminino, como os quimonos e os obis, os adornos devem ser leves<br />
e ao mesmo tempo misturados com pesados, como ilhoses grandes e variados, uma<br />
mistura de expressivo com funcionalidade.<br />
É uma mescla constante de passado e futuro, tradição e modernidade, cultura<br />
com moda atual, esta é a sutil diferença entre produtos que já existem hoje no<br />
mercado japonês e estes que virão para encantar, por se tratar de uma proposta<br />
nova para o mercado consumidor.
136<br />
A moda japonesa ultimamente tem se desenvolvido bastante, estando sempre<br />
à frente. Chega a ser chocante para pessoas que não tem o hábito de mudanças,<br />
pois existem muitos estilos, grupos que usam determinadas roupas que vão desde<br />
muito colorido a todo preto.<br />
As japonesas absorvem todos os tipos de moda e isto é um processo muito<br />
rápido, como grifes e marcas não tão conhecidas assim. Os estilos são variados, por<br />
exemplo, o Fruits usa roupas coloridas, com acessórios chamativos, cabelos<br />
pintados, bolsas descoladas, Yamamba, são meninas bronzeadas artificialmente,<br />
com plataformas altíssimas e roupas coloridas e cabelos pintados de loiro, estilo<br />
“patricinha”, já o estilo gothic lolitas usam maquiagem pesada, ar de melancolia e<br />
tristeza, a cor preta mesclado com rendas e vestidos delicados.<br />
Enfim, há uma variedade de estilos chamativos no Japão, mas há também<br />
uma moda não tão chamativa assim, diríamos que é uma moda “formal” comparada<br />
com as de tribos já descritas. São meninas e mulheres que se vestem na moda<br />
atual, com roupas, acessórios e cabelos modernos e jovens. É um nicho de mercado<br />
bastante rico, pois não só de “moda louca” se encantam as mulheres do Japão, elas<br />
buscam beleza e modernidade na moda mais discreta e extremamente feminina. E é<br />
este foco que vai ser dado para a coleção de bolsas brasileiras para o mercado<br />
japonês, um desenvolvimento de produtos com estilo casual e despojado, porém<br />
encantador para as mulheres consumidoras de um produto necessário para o<br />
cotidiano feminino.
137<br />
23 PÚBLICO – ALVO<br />
Para a definição do público-alvo foram levados em consideração os dados<br />
levantados na pesquisa de mercado feita anteriormente. Foram coletadas fotos da<br />
revista japonesa de moda Non-No em várias edições. Nesta revista pode ser visto<br />
garotas japonesas, que vestem roupas da moda e estilos que preferem.<br />
Figura 78: Público-Alvo<br />
Fonte: Revista Non-No, edição Nº14<br />
A figura 78 mostra jovens usando roupas da moda, a primeira jovem está de<br />
calça justa verde musgo, cinto preto e bata branca sobreposta à outra blusinha<br />
preta, o cabelo com um coque na parte de cima da cabeça fazendo um “look”<br />
totalmente despojado. A segunda é uma moça com uma calça capri cinza, uma<br />
bolsa de mão prata e blusinha cinza claro combinando com a calça, tornando um
138<br />
visual para o dia-a-dia. A terceira mostra a modelo com uma capri camuflada e<br />
blusinha preta, cabelo semi-preso tornando um modelito prático, bonito e totalmente<br />
fashion. Já a última mostra a jovem usando calça jeans básica com uma blusinha e<br />
casaquinho preto, segurando uma bolsa de mão, deixando-a confortável.<br />
Figura 79: Público-Alvo<br />
Fonte: Revista Non-No, edição Nº14<br />
A figura 79 mostra a primeira jovem de calça jeans, cinto marrom e baby-look<br />
azul bebê e cabelo desfiado, tornando o seu look básico e prático.<br />
Na segunda e terceira mostra as meninas de calças jeans desfiadas e<br />
rasgadas, com cinto e blusinha listrada e de manga com babado, respectivamente,<br />
ambas com cabelos compridos, remetendo conforto e leveza em seus visuais. Na<br />
quarta mostra a moça também de blusinha listrada, capri rasgada e cabelos presos,<br />
deixando o seu look despojado.
139<br />
Figura 80: Público-Alvo<br />
Fonte: Revista Non-No, edição Nº16<br />
A figura 80 mostra a primeira modelo com um coque em cima da cabeça e a<br />
franja solta, capri com bolsos nas laterais, bolsa prata de mão e blusinha azul e<br />
casaquinho azul turquesa, tornando seu visual prático para o dia-a-dia. A segunda<br />
está de blusinha sobreposta sobre outra, calça jeans dobrada e bolsa de mão preta,<br />
com cabelo arrumado também com um coque, deixando-a moderna, porém não<br />
sofisticada. A terceira e a quarta estão de blusinhas sobrepostas à outra, sendo que<br />
a terceira está de colares no pescoço e calça jeans, ambas com um cabelo com<br />
corte desfiado e prático, um look mais fashion que as demais.
140<br />
Figura 81: Público-Alvo<br />
Fonte: Revista Non-No, edição Nº16<br />
A figura 81 mostra a primeira modelo com um bolerinho com uma fita de cetim<br />
de amarrar e uma blusinha branca por baixo, calça jeans com rasgos e bolsa de<br />
mão preta, um visual delicado. A segunda e a terceira estão com blusas larguinhas<br />
sobre a calça jeans, sendo que a segunda usa uma bolsa de mão, remetendo<br />
praticidade e a terceira um look mais chique e elaborado. A quarta menina está de<br />
calça jeans com uma flor de enfeite na cintura e uma baby look com gola pólo azul e<br />
zíper como detalhe, aparência nada comum.
141<br />
Figura 82: Público-Alvo<br />
Fonte: Revista Non-No, edição Nº17<br />
A figura 82 mostra a primeira modelo está com calça jeans, blusinha e<br />
bolerinho listrado com cabelo despojado, metade solto e a outra metade presa com<br />
um coque, traduzindo tranqüilidade. A segunda jovem está com uma blusa larguinha<br />
violeta e saia verde musgo desbotada, revelando um jeito moderno. A terceira jovem<br />
está com uma blusinha marrom com colares combinando e capri jeans, tornando<br />
seu estilo urbano. A terceira e a quarta menina estão com mini saia jeans e blusinha<br />
preta e rosa bebê com casaquinho, respectivamente, denotando praticidade.<br />
Figura 83: Público-Alvo<br />
Fonte: Revista Non-No, edição Nº18
142<br />
A figura 83 mostra a primeira menina está com uma bolsa de ombro de poá<br />
azul com uma calça jeans, blusinha, e casaquinho verde escuro, tornando-a original.<br />
A segunda garota está com uma saia na altura do joelho e cinto largo, blusinha<br />
branca e jaqueta, colar e cabelo curtinho, deixando seu visual urbano, porém na<br />
moda. A terceira jovem está com uma bata colorida com colares e cabelos presos,<br />
remetendo irreverência. A quarta menina está com capri verde musgo desbotado,<br />
bata com desenhos geométricos, bracelete e colar dando um ar moderno e<br />
funcional.<br />
Figura 84: Público-Alvo<br />
Fonte: Revista Non-No, edição Nº23 e Nº 9<br />
A figura 84 mostra as duas primeiras meninas de saia e blusinhas soltas no<br />
corpo, transmitindo serenidade. A terceira moça está usando uma calça jeans e bata<br />
floral. A quarta jovem está de calça de algodão branca com uma blusinha com<br />
estampa e cabelos compridos. A quinta modelo está com um vestido estampado,<br />
colar e pingente e cabelos compridos. As três últimas meninas demonstram<br />
romantismo.
143<br />
Como pode ser visto em todas as imagens das jovens, de uma maneira geral<br />
elas possuem um estilo moderno e feminino, que usam calça jeans, capris, saias,<br />
blusinhas estampadas e lisas, acessórios como braceletes e colares. Adoram um<br />
modelo prático e moderno, as cores são da moda, porém discretas. Possuem um<br />
poder aquisitivo bom e gostam de estar sempre na moda.<br />
O público – alvo pode ser definido como mulheres jovens, de 20 a 30 anos,<br />
que pertencem à classe A e B, com estilo jovial. São mulheres independentes e que<br />
estão sempre ligadas com o mundo da moda, que não só buscam beleza, mas<br />
também conforto e qualidade.<br />
Levando em consideração o poder aquisitivo das consumidoras, estas<br />
poderão comprar diversos itens para combinar com seu vestuário de acordo com<br />
seu estilo, assim possibilitando a <strong>criação</strong> de várias opções.<br />
Os produtos a serem desenvolvidos são modernos e diferentes, fugindo da<br />
moda muito extravagante e colorida que existe hoje no Japão, que, aliás, quase<br />
domina, será um produto elaborado diretamente para as consumidoras de um<br />
acessório indispensável para o universo feminino, a bolsa, atraente pela beleza,<br />
autenticidade e não por um “visual carregado” como mostra os estilos das jovens<br />
japonesas. As bolsas serão de modelos de mão e de ombro, ambas com delicadeza<br />
e leveza, com estilo casual e despojado, como são as mulheres consumidoras desta<br />
coleção.
144<br />
Figura 85: Panorama geral do Público – Alvo<br />
Fonte: Revista Non-No, edição Nº9, 14,16,17,18 e 23
145<br />
Figura 86 -Painel Público – Alvo<br />
Fonte: Revista Non-No, edição Nº9, 14,16,17,18 e 23
146<br />
24 MARCA<br />
A definição da marca da coleção a ser desenvolvida foram levados em<br />
questão o estilo da caligrafia dos japoneses e a expressão usada por eles, que no<br />
caso é a própria marca.<br />
Wabi Sabi é uma expressão milenar que os japoneses criaram para definir a<br />
beleza que mora nas coisas imperfeitas, efêmeras e incorretas. É um jeito de “ver”<br />
as coisas numa ótica mais simples, natural e de aceitação da realidade, porque<br />
estamos sempre correndo atrás do perfeito e perfeito não existe. Existe é a<br />
aceitação de aprender a ver nossos erros e tentar corrigi-los para viver melhor.<br />
Nossa vida é uma busca constante de melhoramento. Devemos aceitar<br />
nossos erros como aceitamos nossas qualidades para que possamos nos<br />
aperfeiçoar. Então enxergaremos algo de belo até mesmo nas coisas feias,<br />
imperfeitas e simples, como a expressão passa.
147<br />
Origem da expressão<br />
“Contam que o conceito surgiu por volta do século 15. Um<br />
jovem chamado Sen no Rikyu (1522-1591) queria aprender os<br />
complicados rituais da Cerimônia do Chá. E foi procurar o grande<br />
mestre Takeno Joo. Para testar o rapaz, o mestre mandou que ele<br />
varresse o jardim. Rikyu lançou-se ao trabalho feliz. Limpou o jardim<br />
até que não restasse nem uma folhinha fora do lugar. Ao terminar,<br />
examinou cuidadosamente o que tinha feito: o jardim perfeito,<br />
impecável, cada centímetro de areia imaculadamente varrido, cada<br />
pedra no lugar, todas as plantas caprichadamente ajeitadas. E então,<br />
antes de apresentar o resultado ao mestre Rikyu chacoalhou o tronco<br />
de uma cerejeira e fez caírem algumas flores que se espalharam<br />
displicentes pelo chão. Mestre Joo, impressionado, admitiu o jovem<br />
no seu mosteiro. Rikyu virou um grande Mestre do Chá e desde então<br />
é reverenciado como aquele que entendeu a essência do conceito de<br />
wabi-sabi: a arte da imperfeição.O que a historinha de Rikyu tem para<br />
nos ensinar é que estes mestres japoneses, com sua sofisticadíssima<br />
cultura inspirada nos ensinamentos do taoísmo e do zen budismo,<br />
conseguiram perceber que a ação humana sobre o mundo deve ser<br />
tão delicada que não impeça a verdadeira natureza das coisas de se<br />
revelar. E a natureza das coisas é percorrer seu ciclo de nascimento,<br />
deslumbramento e morte. Efêmeras e frágeis. Eles enxergaram a<br />
beleza e a elegância que existe em tudo que é tocado pelo carinho do<br />
tempo. Um velho bule de chá, musgo cobrindo as pedras do caminho,<br />
a toalha amarelada da avó, a cadeira de madeira branqueada de<br />
chuva que espreguiça no jardim, uma única rosa solta no vaso, a<br />
maçaneta da porta nublada das mãos que deixou entrar e sair.”<br />
Segundo<br />
http://www.saindodamatrix.com.br/archives/2004/08/wabi_sabi_e_a_a<br />
.html<br />
(figura 87).<br />
A cor definida da marca foi o vermelho para representar a bandeira do Japão<br />
Figura 87: Bandeira do Japão<br />
Fonte: http://www.meg.org.br/images/flags/large/ja-lgflag.gif
148<br />
A marca será usada em fundo branco, jamais poderá ser usada em fundos<br />
de outra cor. A fonte foi desenhada de forma característica da caligrafia japonesa.<br />
Figura 88 – Painel Marca
149<br />
25 METODOLOGIA PARA DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÕES<br />
Existem várias metodologias para o desenvolvimento de produtos, porém cada<br />
profissional, empresa e situação exigem um desenvolvimento de acordo com os<br />
mesmos. Para desenvolver um produto, seja ele de qualquer área, é preciso passar<br />
por uma série de etapas para a sua concepção. Isso faz com que uma empresa<br />
tenha vários departamentos, como <strong>criação</strong>, desenvolvimento de materiais,<br />
confecções de protótipos, enfim resultando num desenvolvimento de produto.<br />
“ A moda é um fenômeno social de caráter temporário que descreve<br />
a aceitação e disseminação de um padrão ou estilo, pelo mercado<br />
consumidor, até a sua massificação e conseqüente obsolescência<br />
como diferenciador social.” ( TREPTOW, Doris, Inventando Moda,<br />
2003, p. 26)<br />
“O designer de moda precisa conhecer as tecnologias disponíveis<br />
para o desenvolvimento de produtos que possam ser absorvidos por<br />
um público determinado. Sua preocupação deve centrar-se não<br />
apenas na comercialização do produto, mas na funcionalidade e nos<br />
benefícios que possa proporcionar ao usuário, ainda que, sobretudo<br />
no design de moda, esses benefícios sejam atributos intangíveis.”<br />
(TREPTOW, Doris, Inventando Moda, 2003, p. 46)<br />
Antes do lançamento da uma coleção, existem etapas, como pesquisa de mercado,<br />
pesquisa de tendências e o desenvolvimento da coleção. É preciso que tenha um<br />
cunho comercial e que atenda o perfil do consumidor pesquisado. (TREPTOW,<br />
2003).<br />
A metodologia a ser apresentada neste trabalho é de Doris Treptow, professora do<br />
curso de Bacharelado em Moda da Universidade Regional de Blumenau (FURB), no
150<br />
qual escreveu um livro sobre desenvolvimento de coleções, “Inventando Moda,<br />
Planejamento de Coleção”.<br />
A metodologia tem como objetivo a definição do público-alvo, definição da marca,<br />
pesquisa de tendências e planejamento da coleção.<br />
Dentro do planejamento constam varias etapas, sendo elas: Cronograma de<br />
coleção, que consiste em uma tabela que cruza atividades previstas e datas de<br />
execução, de forma que a coleção possa ser concluída até o prazo final estipulado.<br />
Definição do mix de produtos que determina os produtos oferecidos pela empresa e<br />
o mix de moda, que trata da identificação de três categorias de produtos: básicos<br />
(modelos que estão presentes em quase todas as coleções – 10%), fashion<br />
(modelos comprometidos com as tendências – 70%) e vanguarda (são peças<br />
complementares – 20%). Varia de empresa para empresa a porcentagem do mix de<br />
moda. (TREPTOW, 2003)<br />
Após a definição do tamanho da coleção, o designer faz uma pesquisa de<br />
tendências, briefing (vêm do inglês que significa dentre várias definições,<br />
transmissão de instruções finais ou informações essencial para a <strong>criação</strong> da<br />
coleção) e a próxima etapa é a inspiração do tema para a coleção. (TREPTOW,<br />
2003)<br />
Logo vem a cartela de cores, que deve ser composta por todas as cores que serão<br />
utilizadas, incluindo preto e branco e cartela de materiais que serão utilizados pela<br />
coleção. Todos os materiais utilizados devem ser identificados com a descrição,<br />
códigos, cores e fornecedores. Os aviamentos são classificados quanto a sua<br />
função, como componente, decorativo, aparente e não-aparente. (TREPTOW,<br />
2003).
151<br />
Os esboços são os primeiros desenhos para a <strong>criação</strong> da coleção, após os<br />
desenhos definidos são feitos as fichas técnicas, que são a descrição do modelo,<br />
seus materiais e cores. A ficha técnica varia muito de acordo com cada empresa.<br />
(TREPTOW, 2003).<br />
A ficha técnica é a base para fazer os protótipos, porém é preciso fazer a<br />
modelagem dos modelos definidos, passar por vários processos de fabricação,<br />
como corte, preparação, costura. A coleção de bolsas para o mercado japonês será<br />
desenvolvida com base nesta metodologia.
152<br />
26 PESQUISA DE TENDÊNCIAS DE MODA<br />
Tendência descrita abaixo foi retirado do site http://www.usefashion.com, estação<br />
Primavera/Verão 2006/2007.<br />
As megatendências foram chamadas de Minimal e Décor, sendo que a<br />
Minimal é caracterizada pela economia de elementos, esta tendência ganha, para o<br />
verão, certa liberdade e incorpora elementos delicados, românticos e geométricos,<br />
muitas vezes aproximando-se do seu oposto, o Decor. Dentro desta megatendência<br />
identificamos três subtendências que, apesar de surgirem do mesmo ponto,<br />
apresentam características diferenciadas. São elas: o evanescente, o lírico e o<br />
geométrico informal. A megatendência Décor é uma tendência ornamental aparece<br />
tanto em versões sensuais, num estilo romântico provocativo como, colocada sobre<br />
peças construídas e rigorosas, chegando próximo do minimalismo. Dentro desta<br />
megatendência entram o libertino, o barroco mínimo e o excêntrico.<br />
As tendências gerais foram caracterizadas como Minimal – Geométrico<br />
Informal, Evanescente, Lírico e Décor – Mínimo, Excêntrico e Libertino.<br />
Na tendência Minimal – Geométrico Informal traz a geometria do verão<br />
aparece de forma despojada e não muito rígida. No calçado, ela está bem<br />
representada na utilização de enfeites em formas circulares ou quadradas, na<br />
repetição de tiras no cabedal ou então, na própria construção da forma e do solado.
153<br />
Nas bolsas, os formatos rígidos e estruturados fazem parte do geométrico informal<br />
(Figura 89).<br />
Figura 89: Bolsas Marca Stella McCartney, Balenciaga, Marni<br />
Fonte: http://www.usefashion.com<br />
A tendência Minimal – Evanescente é o mínimo aqui é abordado de maneira<br />
rarefeita, com materiais que trazem transparência ou então em cores claras, muito<br />
próximas as tonalidades da pele. As formas arredondadas, leves e delicadas são a<br />
opção para este estilo novo e original (Figura 90).<br />
Figura 90: Bolsas Marca Mulberry e Prada<br />
Fonte: http://www.usefashion.com<br />
A tendência Minimal – Lírico é o estilo lírico é uma ramificação delicada e<br />
poética da tendência minimal. Entra aqui, peças românticas com ornamentos<br />
femininos, porém bastante contidos e minimalistas. As cores suaves e a utilização<br />
de flores como enfeite são artifícios bastante usados no Lírico (Figura 91).
154<br />
Figura 91: Bolsas Marca Giorgi Armani e Christian Louboutin<br />
Fonte: http://www.usefashion.com<br />
O estilo Décor – Barroco Mínimo propõe dois termos contraditórios<br />
justapostos. A ornamentação no calçado e na bolsa do Barroco Mínimo é colocada<br />
sobre peças secas de estrutura geometrizada, em focos e pontos estratégicos<br />
(Figura 92).<br />
Figura 92: Bolsas Marca Bottega Veneta e Louis Vuitton<br />
Fonte: http://www.usefashion.com<br />
A tendência Décor – Excêntrico vale tudo! O estilo excêntrico pesa a mão na<br />
ornamentação e traz diferentes referências (japonesas, gregas, country, imperiais e<br />
art nuveau) para serem colocadas em um mesmo produto (Figura 93).
155<br />
Figura 93: Bolsas Marca Fendi e Gucci<br />
Fonte: http://www.usefashion.com<br />
A tendência Décor-Libertino traz tiras de couro, amarrações e formas de salto<br />
altíssima fazem o calçado ganhar estilo fetiche e sensual. Nas bolsas, são as alças<br />
de corrente e os materiais marcantes como couro escovado e verniz, que deixam<br />
produto provocante e Libertino (Figura 94).<br />
Figura 94: Bolsas Marca Dolce & Gabbana e Christian Louboutin<br />
Fonte: http://www.usefashion.com
156<br />
Em relação aos materiais da estação o verniz já se tornou pop nos desfiles<br />
internacionais. Para o verão veio destacado pelas tonalidades de cores vibrantes,<br />
como o rosa-choque usado nos calçados da Prada, ou verde e azul, apostas da<br />
Lanvin. Porém, as cores sóbrias continuam, como mostra a Burberry. Além disso, as<br />
vitrines, as campanhas e os editoriais de moda estão ditando a supremacia do<br />
material nas peças da estação (figura 95).<br />
Figura 95: Bolsa de Verniz Marca Luella<br />
Fonte: http://www.style.com<br />
O Couro Réptil há algum tempo no mercado o couro réptil possui muitas<br />
formas de acabamentos e por isso, a facilidade de <strong>criação</strong>. Calçados e bolsas<br />
ganham texturas em croco e cobra e, para o verão, aparecem em versões leves,<br />
como mostra a Versace, que usou o material apenas no detalhe (Figura 96).
157<br />
Figura 96: Bolsa de Couro Réptil Marca Bottega Veneta<br />
Fonte: http://www.usefashion.com<br />
O couro liso é carta marcada em estações geladas ou quentes, o couro liso se<br />
distingue em acabamentos macios ou estruturados, além dos efeitos de cores. Mas,<br />
o principal destaque do verão vai para o couro natural, com cor de couro mesmo<br />
(Figura 97).<br />
Figura 97: Bolsa de Couro Liso Marca Chloé<br />
Fonte: http://www.usefashion.com
158<br />
A mistura de dois ou mais materiais oferece formas inusitadas de <strong>criação</strong>. E é<br />
para a próxima estação que esta mistura aparece nos desfiles e, mais recentemente,<br />
nas vitrines do hemisfério norte. Atente para o contraste de componentes como:<br />
cetim e vinil (Giorgio Armani), pêlo e verniz e, (Louis Vuitton) canvas e couro (Figura<br />
98)<br />
Figura 98: Bolsas com mistura de materiais Marca Cacharel e Prada<br />
Fonte: http://www.usefashion.com<br />
Os trançados são a novidade para o verão foram as peças construídas com<br />
materiais trançados ou até mesmo com “tirinhas”. Eles aparecem normalmente<br />
puros, valorizando a trama ou o próprio material. Aspecto vazado, mosaico e corte a<br />
laser garantem o frescor em inúmeras peças, em diferentes materiais (Figura 99).<br />
Figura 99: Bolsa Trançada Marca Bottega Veneta<br />
Fonte: http://www.usefashion.com
159<br />
Os apliques e enfeites estão presentes no verão, trazendo alegria às peças.<br />
Sejam grandes, pequenos, coloridos, brilhantes ou não, eles estão aí misturando os<br />
estilos e trazendo graça aos acessórios (Figura 100).<br />
Figura 100: Bolsa com aplique Marca Moschino<br />
Fonte: http://www.usefashion.com<br />
As estampas florais podem ser mini ou maxi, sem nenhum problema. Mas são<br />
coloridas e se destacam pela delicadeza. As geométricas - listradas, em poás, ou<br />
mesmo em xadrez “vichy”- são charmosas e quebram o gelo de produções sérias,<br />
mesmo quando criam um clima de balneário retrô, floral, geométrico, pop (Figura<br />
101, 102 , 103 e 104).<br />
Figura 101: Bolsas com Estampas Marca: Marni, OiOi e Sally Spicer<br />
Fonte: http://www.usefashion.com / http://zappos.com
160<br />
Figura 102: Bolsas com Estampas Marca: Rampage e Sally Spicer<br />
Fonte: http://zappos.com<br />
Figura 103: Bolsas com Estampas Marca: Not Rational Fornarina, Bumble e OiOi<br />
Fonte: http://zappos.com<br />
Figura 104: Bolsas com Estampas Marca: Timi & Leste e Jansport<br />
Fonte: http://zappos.com<br />
As pedrarias conquistaram seu lugar nas bolsas. Em tamanhos pequenos,<br />
grandes com formas e cores variadas. Ficam muito bem aplicadas solitariamente,<br />
mas a mistura delas traz bons resultados. Outra opção é o strass, discreto e<br />
refinado. Difícil fazer uma escolha entre as opções de pedraria. O importante é que<br />
estejam adequadas ao estilo da marca (Figura 105).
161<br />
Figura 105: Bolsas com pedrarias e strass Marca: BCB Girls, Cíntia Rowley e Elliott Lucca<br />
Fonte: http://shoes.com / http://zappos.com<br />
O jeans ganha seu diferencial com lavagens que denotam uma aparência suja<br />
ou de desgaste. Muitas peças são compostas também, por outros materiais, tanto<br />
tecidos, quanto aviamento (Figura 106).<br />
Figura 106: Bolsas com jeans Marca: Andréia Borba e Guess<br />
Fonte: http://www.flickr.com/photos/andreaborba/page2/<br />
http://www.jornaldamulher.org/moda/moda.htm<br />
O cetim valoriza as formas do produto e traz elegância à produção. É um tecido leve,<br />
como pede a estação. Nas passarelas internacionais, este material apareceu quase sempre<br />
sozinho (Figura 107).
162<br />
Figura 107: Bolsa de Cetim Marca Chanel<br />
Fonte: http://www.style.com<br />
A camurça, o couro, em versão suede, camurção ou então com elastano,<br />
ocasiona conforto e requinte aos looks da temporada. Saindo das modelagens<br />
habituais, proporciona peças de design inovador. Recortes diferenciados<br />
comprovam a diversidade deste material (Figura 108).<br />
Figura 108: Bolsa de Camurça Marca Chado Raph Rucci<br />
Fonte: http://www.style.com
163<br />
A riqueza do verão fica por conta dos bordados e crochês , podendo ser em<br />
linha, pedrarias ou aplicações, mostrando a doçura em motivos florais e praianos ou<br />
apenas a sensualidade dos brilhos (Figura 109).<br />
Figura 109: Bolsa com bordado Marca Reminiscense<br />
Fonte: http://www.usefashion.com
164<br />
27 BRIEFING DA COLEÇÃO<br />
No livro ‘Inventando Moda, Planejamento de Coleção “, de Doris Treptow,<br />
trata de um conceito de Pires sobre briefing:” O briefing é um painel que concentre<br />
de modo claro e sintético o conceito da coleção e que comunique as cores, os<br />
materiais, as texturas, as linhas, as formas, os volumes e outras informações<br />
importantes ““ (Figura 110).<br />
Figura 110: Painel de Materiais
165<br />
28 DESENVOLVIMENTO DA COLEÇÃO<br />
Tendo o público-alvo, a marca e o tema já definidos faz-se o planejamento e o<br />
desenvolvimento da coleção. Define-se o mix de produtos e mix de moda.<br />
28.1 Plano de Coleção<br />
A coleção primavera/verão 2006/2007 da marca Wabi Sabi é destinada ao<br />
público feminino casual e despojado, que sempre está informada sobre o mundo da<br />
moda. A coleção é composta por oito bolsas, sendo que sete destas são de modelo<br />
de mão e uma de ombro, inspirada na cultura japonesa traz um significado para<br />
cada bolsa criada, que será explicado a seguir.<br />
A tabela 01 mostra o mix de produtos e mix de moda como a metodologia de<br />
Doris Treptow exige.
166<br />
Mix de Moda Básico Fashion Vanguarda TOTAL<br />
Mix de Produtos<br />
Bolsa de modelo<br />
1 5 1 7<br />
de mão<br />
Bolsa de modelo<br />
0 1 0 1<br />
de ombro<br />
TOTAL 1 06 1 8<br />
12,5 % 75 % 12,5 % 100%<br />
Tabela 01: Mix de Produtos X Mix de Moda<br />
Os modelos de mão são de tamanhos pequenos e médios e a bolsa de ombro o<br />
tamanho é médio.
167<br />
28.2 Cartela de Cores<br />
A coleção Wabi Sabi é composta por quinze cores, tendo cores metalizadas como<br />
bronze, prata, ouro, mais vibrantes como vermelho, pink, verde e cores mais claras<br />
como celeste e lilás. As cores aparecem nos materiais usados nas bolsas, como<br />
estampas e ornamentos, após a pesquisa de tendência foi definida essas cores<br />
mostrada na figura 111 para se trabalhar nesta coleção de bolsas.<br />
A figura 112 e 113 mostra bolsas de marca renomadas no mercado e suas cores<br />
que são exatamente a cartela de cores apresentadas, este painel é para verificar<br />
que as cores escolhidas para trabalhar na coleção são realmente equivalentes ao<br />
mercado da moda e fazem parte da cartela de tendência de moda.
Figura 111: Cartela de Cores da Coleção<br />
168
169<br />
Figura 112: Bolsas de Marcas renomadas e suas cores<br />
Fonte: http://www.usefashion.com
170<br />
Figura 113: Bolsas de Marcas renomadas e suas cores<br />
Fonte: http://www.usefashion.com
171<br />
28.3 Materiais e Aviamentos<br />
Os materiais (Figura 114) utilizados na coleção da marca Wabi Sabi, são misturados<br />
tecidos com estampas, como florais e miúdos, como poás, listras, jeans com lúrex,<br />
estampas geométricas com materiais sintéticos, metais com banho ouro velho, ouro<br />
escovado e níquel, cristais, apliques e enfeites (figuras 115, 116 e 117) exatamente como foi<br />
mostrado na pesquisa de tendências. Os materiais da estação associado à cultura japonesa<br />
que é o foco da coleção (mercado japonês).
Figura 114: Cartela de materiais<br />
172
Figura 115: Cartela de aviamentos<br />
173
Figura 116: Cartela de aviamentos<br />
174
Figura 117: Cartela de aviamentos<br />
175
176<br />
28.4 Coleção<br />
A <strong>criação</strong> da coleção de bolsas brasileiras para o mercado japonês foi<br />
inspirada na cultura japonesa mesclada com materiais e cores da estação<br />
Primavera/Verão 2006/2007. Cada bolsa tem uma característica japonesa, desde<br />
costumes até arte. Nesta coleção foi usada camurça sintética, jeans com lúrex,<br />
tecidos com estampas: geométricas, poás no forro, floral miúdo e graúdo, metais<br />
aplicados, enfeites, paetês, cristais, pingentes, enfim uma série de elementos que<br />
compõe a coleção. Esta coleção é composta por oito modelos (Figura 118), não<br />
sendo separada por linhas e sim por uma única coleção. Cada bolsa foi batizada<br />
com um nome que caracteriza o elemento cultural utilizado no produto. Futuramente<br />
cada bolsa pode ter uma segmentação de vários produtos, pode-se trabalhar com<br />
linhas e cada uma delas tendo como elemento cultural que hoje é utilizada em uma<br />
única bolsa. Todos os nomes das bolsas foram elaborados na forma de associação<br />
do produto, por exemplo, bolsa esportes, foi inspirada nos esportes japoneses,<br />
podendo ser usada em eventos casuais, que não necessariamente seja esportivo.<br />
Cada uma das bolsas será explicada a seguir.
Figura 118: Quadro da Coleção de Bolsas<br />
177
178<br />
Bolsa Esportes<br />
Bolsa inspirada nas faixas utilizadas pelos competidores nos esportes como sumô,<br />
karatê, aikidô. Na faixa da bolsa foi usado um material sintético, Napa Vestuário,<br />
com aplicações de metais em banho ouro velho. O corpo da bolsa foi confeccionado<br />
em camurça sintética com forro listrado. A alça e faixa dão um toque sofisticado e<br />
bonito no produto (Figura 119).<br />
Figura 119: Bolsa Esportes
179<br />
Bolsa Hashi<br />
Bolsa inspirada no hashi e na culinária japonesa. Hashi é utilizado como talheres no<br />
Japão. O material utilizado tem a representatividade dos pratos japoneses, pois é<br />
muito delicado, colorido e organizado. Foi confeccionado em tecido com estampa<br />
que traduz essas características da cultura japonesa, o detalhe com hashi em<br />
madeira pintada e botão em banho ouro. A bolsa traz as cores do verão (Figura<br />
120).<br />
Figura 120: Bolsa Hashi
180<br />
Bolsa Cerejeiras<br />
Bolsa inspirada nas cerejeiras também chamadas de sakura são o símbolo da<br />
felicidade no Japão. O bordado na bolsa foi criado com paetês que transmitem a<br />
sutileza das pétalas das cerejeiras. Feito com material jeans e lúrex prata e forro<br />
floral rosa associando também as cerejeiras (Figura 121).<br />
Figura 121: Bolsa Cerejeiras
181<br />
Bolsa Bambu<br />
Bolsa inspirada no artesanato japonês, que utilizam muito o bambu para<br />
confeccionar objetos. O enfeite criado com palha e miçangas coloridas dá um toque<br />
delicado. A camurça estampada com desenhos geométricos e alça de bambu<br />
transmitem sensação de leveza e criatividade, o forro confeccionado em preto para<br />
dar um contraste com o colorido da bolsa (Figura 122).<br />
Figura 122: Bolsa Bambu
182<br />
Bolsa Mangás<br />
Bolsa inspirada nos mangás e animês japoneses, que são tão populares no Japão e<br />
no mundo. Foi utilizado na confecção da bolsa, lona com transfer de estampa dos<br />
desenhos animados misturado com material sintético metalizado, dando um “ar”<br />
jovial e alegre (Figura 123).<br />
Figura 123: Bolsa mangás
183<br />
Bolsa Kirie<br />
Bolsa inspirada na técnica Kirie, que consiste em recortar o papel usando lâmina,<br />
criam-se figuras ou contornos que podem representar ideogramas, padrões<br />
decorativos ou até mesmo ilustrações de livros, esse papel é sobreposto em outro<br />
papel, que serve de fundo. Na confecção da bolsa foi usado um tecido floral como<br />
fundo e sobreposto uma camurça sintética. As alças foram confeccionadas com<br />
correntes e cristal o que remete a delicadeza desta técnica (Figura 124).<br />
Figura 124: Bolsa Kirie
184<br />
Bolsa Ideogramas<br />
Bolsa inspirada nos ideogramas japoneses representados pelos pingentes e fita de<br />
gorgurão. A bolsa foi confeccionada em tecido preto com forro em poá preto com<br />
bolinhas brancas. As cores da fita e dos pingentes em branco e vermelho para<br />
representar a bandeira japonesa. O vermelho das miçangas e os metais em níquel<br />
dão uma vivacidade harmônica à bolsa (Figura 125).<br />
Figura 125: Bolsa Ideogramas
185<br />
Bolsa Quimono<br />
Bolsa inspirada nos quimonos e obis usados pelas japonesas. A bolsa foi<br />
confeccionada com tecido de estampa característica e faixa azul contrastando,<br />
enfeite de flor verde na faixa representando o obi. O forro também em azul com<br />
roletê para fechamento da bolsa (Figura 126).<br />
Figura 126: Bolsa Quimono
186<br />
28.5 Fichas Técnicas e Modelagem<br />
DADOS<br />
FICHA TÉCNICA - BOLSA<br />
Modelo: Bolsa Esportes<br />
Descrição da Peça: Bolsa de mão, feito de<br />
material camurça com napa vestuário, forro<br />
Estação: Primavera/Verão 2006/2007<br />
listrado e fechamento com botão de imã.<br />
Forro<br />
listrado<br />
Metais<br />
Botão de Imã<br />
Parte 2 – Tira<br />
Enfeite, alça<br />
Parte 1 – Corpo,<br />
lateral, fundo<br />
Nó enfeite<br />
Etiqueta da<br />
marca<br />
Descrição dos<br />
materiais<br />
Referência Fornecedor Cor<br />
Parte 1 Camurça Microfibra Toni Têxtil Jambo<br />
Parte 2 Napa Vestuário Endutex Bronze<br />
Forro Poliéster 2374 Drill AHB Cores terrosas<br />
Bolso Interno Poliéster 2374 Drill AHB Cores terrosas<br />
Rebite 0.5/ 1.0 Met.Daniel Ouro Velho<br />
Enfeite E1502 Metalsinos Ouro Velho<br />
Etiqueta 88666503 Haco Branco/Vermelho<br />
Linha Poliamida Nº60 Linhanyl 1065 (Jambo)<br />
Botão Botão de Imã 18 Girassol Níquel
187
188<br />
DADOS<br />
FICHA TÉCNICA - BOLSA<br />
Modelo: Bolsa Hashi<br />
Descrição da Peça: Bolsa de mão, feito de<br />
material estampado geométrico, fechamento com<br />
Estação: Primavera/Verão 2006/2007<br />
velcro e botão de enfeite.<br />
Botão Enfeite<br />
Velcro<br />
Corpo – Lateral,<br />
fundo, alça, forro<br />
Hashi de enfeite<br />
Etiqueta da<br />
marca<br />
Descrição dos<br />
Referência Fornecedor Cor<br />
materiais<br />
Corpo 88272 Drill AHB Cores variadas<br />
Forro 88272 Drill AHB Cores variadas<br />
Fita Nylon 15mm Cremer Branco<br />
Enfeite Hashi Morada do Gnomo Bordô<br />
Velcro Macho/fêmea 25mm JMW Bege 90<br />
Enfeite (metal) Ez 1601 Met.Solary Ltda Ouro<br />
Etiqueta 88666503 Haco Branco/Vermelho<br />
Linha Poliamida Nº60 Linhanyl 8001 (Bege)<br />
- - - -
189
190<br />
DADOS<br />
FICHA TÉCNICA - BOLSA<br />
Modelo: Bolsa Cerejeiras<br />
Descrição da Peça: Bolsa de mão, feito de<br />
material jeans cm lúrex, detalhes em paetês e<br />
Estação: Primavera/Verão 2006/2007<br />
forro estampado.<br />
Botão de Imã<br />
Paetês<br />
Corpo – Lateral,<br />
fundo, alça<br />
Etiqueta da<br />
marca<br />
Descrição dos<br />
Referência Fornecedor Cor<br />
materiais<br />
Corpo Jeans Lúrex Tela AHB Jeans/Prata<br />
Forro 88264 Drill AHB Pink<br />
Fita Nylon 15mm Cremer Branco<br />
Botão Botão de Imá 18 Girassol Níquel<br />
Enfeite Paetês 5mm Enfeites e Cia Rosa Cristal<br />
Linha Poliamida Nº60 Linhanyl 1022 (Rosa)<br />
Linha Poliamida Nº60 Linhanyl Preto<br />
Linha Poliéster Nº120 Linhanyl 1449 (Prata)<br />
Etiqueta 88666503 Haco Branco/Vermelho
191
192<br />
DADOS<br />
FICHA TÉCNICA - BOLSA<br />
Modelo: Bolsa Bambu<br />
Descrição da Peça: Bolsa de mão, feito de<br />
material estampado geométrico, alça de bambu e<br />
Estação: Primavera/Verão 2006/2007<br />
enfeite de palha e miçangas. Fechamento com<br />
velcro.<br />
Alça de Bambu<br />
Enfeite de<br />
Palha e<br />
Miçangas<br />
Corpo – Lateral<br />
e fundo<br />
Velcro<br />
Etiqueta da<br />
marca<br />
Descrição dos<br />
Referência Fornecedor Cor<br />
materiais<br />
Corpo Camurça 933745 Drill AHB Laranja/Preto/Bege<br />
Forro Shantung Drill AHB Preto<br />
Alça Bambu Médio Mimosa Natural<br />
Velcro Macho/fêmea 25mm JMW Bege 90<br />
Enfeite 2607-40 ( 2 peças) Acessórius Natural<br />
Linha Poliamida Nº60 Linhanyl 8001 (Bege)<br />
Etiqueta 88666503 Haco Branco/Vermelho<br />
Fita Nylon 15mm Cremer Branco
193
194<br />
DADOS<br />
FICHA TÉCNICA - BOLSA<br />
Modelo: Bolsa Mangás<br />
Descrição da Peça: Bolsa de mão, feito de<br />
material lona estampado com mangás,<br />
Estação: Primavera/Verão 2006/2007<br />
fechamento com amarração.<br />
Roletê Alça<br />
Roletê Enfeite<br />
Corpo<br />
Metal<br />
Etiqueta da<br />
marca<br />
Descrição dos<br />
Referência Fornecedor Cor<br />
materiais<br />
Corpo Lona 8030 ITM Creme<br />
Transfer Corpo Mangás Colorgraf Multi<br />
Forro Cacharel + esp.2mm ITM Prata<br />
Fundo/ Roletês Napa Vestuário Endutex Prata<br />
Enfeite AMZ 1430 Met.Daniel Níquel<br />
Ilhós I-54 (12 peças) Met.Daniel Níquel<br />
Linha Poliamida Nº60 Linhanyl 1535 (Cinza)<br />
Linha Poliamida Nº60 Linhanyl Branco<br />
Etiqueta 88666503 Haco Branco/Vermelho
195
196<br />
DADOS<br />
FICHA TÉCNICA - BOLSA<br />
Modelo: Bolsa Kirie<br />
Descrição da Peça: Bolsa de mão, feito de<br />
camurça e tecido floral miúdo, fechamento com<br />
Estação: Primavera/Verão 2006/2007<br />
velcro.<br />
Tira Corrente<br />
Velcro<br />
Corpo<br />
Forro Enfeite<br />
Strass<br />
Etiqueta da<br />
marca<br />
Descrição dos<br />
Referência Fornecedor Cor<br />
materiais<br />
Corpo Camurça Microfibra Toni Têxtil Lilás<br />
Forro Enfeite e Forro Popeline Estampado 2 Entremalhas Lilás/Branco<br />
Strass Borboleta Picotex Rotfix Cristal<br />
Alça 0602 Botfix Níquel<br />
Velcro Macho/fêmea 25mm JMW Branco<br />
Fita Nylon 15mm Cremer Branco<br />
Linha Poliamida Nº60 Linhanyl 221 (Lilás)<br />
Linha Poliamida Nº60 Linhanyl Branco<br />
Etiqueta 88666503 Haco Branco/Vermelho
197
198<br />
DADOS<br />
FICHA TÉCNICA - BOLSA<br />
Modelo: Bolsa Ideogramas<br />
Descrição da Peça: Bolsa de ombro, feito de<br />
cetim, forro poá, metais e pingente de<br />
Estação: Primavera/Verão 2006/2007<br />
ideogramas.<br />
Corrente com pingentes e<br />
miçangas<br />
Corpo<br />
Rebites<br />
Etiqueta da<br />
marca<br />
Descrição dos<br />
Referência Fornecedor Cor<br />
materiais<br />
Corpo Shantung Drill AHB Preto<br />
Forro Cetim Poá 6 Drill AHB Preto/Branco<br />
Fita Gorgurão D1453665 Helvetia Branco/Vermelho<br />
Rebite 1590 Met.Daniel Níquel<br />
Argola/Corrente ENB 4548/30/ 0164 Met.Daniel/Botfix Níquel<br />
Pingente E0270 Metalsinos Níquel /Preto/Vermelho<br />
Zíper Nylon 0.5 JMW Preto/ Níquel<br />
Linha Poliamida Nº60 Linhanyl Preto / Branco
199<br />
Etiqueta 88666503 Haco Branco/Vermelho<br />
Miçanga A163 Com.Asa Vermelho
200
201<br />
DADOS<br />
FICHA TÉCNICA - BOLSA<br />
Modelo: Bolsa Quimono<br />
Descrição da Peça: Bolsa de ombro, feito de<br />
cetim, forro poá, metais e pingente de<br />
Estação: Primavera/Verão 2006/2007<br />
ideogramas.<br />
Roletê<br />
Enfeite Flor<br />
Faixa<br />
Corpo<br />
Etiqueta da<br />
marca<br />
Descrição dos<br />
Referência Fornecedor Cor<br />
materiais<br />
Corpo Tec.Est.88117 Drill AHB Verde/Celeste<br />
Forro Poliéster Crepado Entremalhas Celeste<br />
Faixa Poliéster Crepado Entremalhas Celeste<br />
Roletê Novitá Misto Endutex Celeste<br />
Enfeite Flor G-18 Acessórius Verde Translúcido<br />
Linha Poliamida Nº60 Linhanyl Branco<br />
Linha Poliamida Nº60 Linhanyl 1310 (Azul)<br />
Etiqueta 88666503 Haco Branco/Vermelho<br />
- - - -
202
203<br />
29 CONCLUSÃO<br />
A exportação brasileira vem crescendo cada vez mais e a aceitação dos<br />
produtos brasileiros no Japão é muito grande. Os produtos do Brasil vêm<br />
conquistando espaço justamente pelo diferencial agregado nos produtos vendidos<br />
para o mercado Japonês. Embora existam muitas tribos extremamente<br />
extravagantes, existe um nicho de mercado mais casual que ainda tem uma<br />
deficiência de produtos disponíveis no Japão, é justamente este mercado que foi<br />
trabalhado.<br />
A bolsa deixou de ser um acessório sem importância para o universo<br />
feminino, seu uso vem crescendo e se tornando um acessório indispensável no<br />
mundo da moda. Por ter um valor de produção baixo em relação a outros produtos,<br />
seu preço final varia muito de acordo com os materiais que são utilizados na <strong>criação</strong><br />
dos mesmos.<br />
Com a pesquisa de mercado de moda, pode-se notar que existe uma carência<br />
de produtos voltados para consumidoras mais casuais, com o propósito de atender<br />
este nicho de mercado, foi escolhido este estilo para a <strong>criação</strong> desta coleção de<br />
bolsas brasileiras para o mercado japonês.<br />
Para a <strong>criação</strong> da marca Wabi Sabi foi levado em consideração a caligrafia<br />
usada pelos japoneses, a cor da bandeira do Japão e a própria expressão milenar<br />
usada por eles, que significa a beleza que mora nas coisas imperfeitas, efêmeras e
204<br />
incorretas. Uma expressão simples, letra característica e cores do próprio país que<br />
traduzem a marca.<br />
Com base na metodologia encontrada na bibliografia, foi criado um método<br />
para o desenvolvimento da coleção de bolsas, cada etapa do desenvolvimento foi<br />
descrito no trabalho apresentado.<br />
Para este trabalho foram criados oito modelos de bolsas baseados na cultura<br />
japonesa e materiais utilizados para estação Primavera/Verão 2006/2007, acreditase<br />
ter criado produtos que atenderão as necessidades das consumidoras. Foi criada<br />
uma coleção e não linhas, posteriormente pode ser criado linhas com cada<br />
característica relevante de bolsas apresentadas neste trabalho, assim tendo uma<br />
unidade de produto para cada cultura significativa.<br />
Fazendo uma análise de todos os itens pesquisados, é imprescindível que o<br />
produto a ser lançado no mercado seja inovador, diferenciado e com design<br />
chamativo para os olhos de cada consumidora que necessita de um produto bonito<br />
para compor seu look. Contudo, toda pesquisa feita foi de suma importância para a<br />
<strong>criação</strong> deste projeto.<br />
Ao finalizar este projeto considero ter atingido o objetivo geral do projeto que<br />
é a <strong>criação</strong> de uma coleção de bolsas brasileiras para o mercado japonês e também<br />
que este contribui para outras pessoas que gostariam de ter acesso a essas<br />
informações apresentadas no mesmo.
205<br />
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