versão pdf - Livraria Imprensa Oficial
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que era amiga dele, uma mentira. Em Marrakesh,<br />
ficamos num hotel de última categoria,<br />
baratíssimo – lembrei disso quando voltei ao<br />
Marrocos casada com o Walter, já mulher de<br />
financista, e fiquei hospedada num daqueles<br />
hotéis dos mais chiques do mundo. Eu ia de<br />
aviãozinho para dormir no deserto, cercada de<br />
odaliscas dançando em volta de mim. Ou seja,<br />
vivi as duas realidades, na outra época eu provavelmente<br />
estaria requebrando ali em volta de<br />
algum turista para ganhar um dinheiro.<br />
60<br />
Em Londres, onde já estavam Caetano e Gil, exilados,<br />
eu saía com a corte deles, gostava de bandas<br />
pop e vi todas nascendo, vi Mick Jagger dançando<br />
na minha frente. Em 70, fiz um papel no filme O<br />
Demiurgo, do Jorge Mautner, que dizem ser o<br />
único documento filmado sobre o exílio político<br />
de uma série de artistas brasileiros.<br />
Diverti-me muito com a brincadeira; eu fazia a<br />
Cassandra, a sacerdotisa do Kaos, que colocava<br />
cicuta na lata de Coca-Cola do deus Pan, o Gilberto<br />
Gil. Estavam no elenco o Caetano e a Dedé<br />
Veloso, o Jards Macalé, a Sandra Gadelha, que<br />
era mulher do Gil, o artista plástico José Roberto<br />
Aguilar. Mas para ver a Ingrid Bergman que encenava<br />
uma peça, tive que ir escondida do grupo,<br />
iam me considerar careta. Ela era muito grande,<br />
muito alta, muito linda... Também andei fazendo