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versão pdf - Livraria Imprensa Oficial

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nárias, contestadoras, eu já contestava no texto.<br />

A Irene contestou na ação dela como atriz. Sem<br />

saber, nós éramos feministas, contra tudo e<br />

contra todos, contra a posição da mulher reacionária<br />

dentro da sociedade, se submetendo a<br />

um homem, a peça falava tudo isso, inclusive do<br />

exagero da atitude.<br />

Foi um estouro e um escândalo, porque no texto<br />

eu levo a minha total indignação contra a<br />

opressão feminina às últimas conseqüências. Eu<br />

não tinha consciência dessa indignação e fiquei<br />

perplexa com isso. Ficava boba com o que saía<br />

de mim, tudo berrava na peça. Como, me traiu?<br />

Então, vou transformar minha casa num puteiro,<br />

vou receber a pomba-gira, eu escrevia tudo isso,<br />

e acho que nem tinha consciência do que fazia.<br />

As pessoas ligadas à Umbanda devem ter ficado<br />

arrepiadas por eu ter escrito isso e a Irene falar.<br />

Não contente com tudo isso no texto, a Irene<br />

abria o penhoar e, por baixo dele, havia um espartilho<br />

vermelho que ela descia e mostrava os<br />

seios para a platéia.<br />

73<br />

Estávamos em 75 e a Censura me chamou a Brasília.<br />

Quase fui assassinada, mas a peça fez um<br />

sucesso enorme, e ficou um ano em cartaz, apesar<br />

de proibida várias vezes. A censura destruiu,<br />

mutilou, acabou com a peça. Eu ia a Brasília para<br />

discutir meus textos, liberá-los, insistia, discutia

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