análise dos dados referentes à aids no estado de são paulo
análise dos dados referentes à aids no estado de são paulo
análise dos dados referentes à aids no estado de são paulo
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Boletim Epi<strong>de</strong>miológico ANO XXV – Nº 1<br />
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DOS ACIDENTES OCUPACIONAIS COM<br />
EXPOSIÇÃO A MATERIAIS BIOLÓGICOS NO ESTADO DE SÃO PAULO<br />
No Estado <strong>de</strong> São Paulo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1999 existe um sistema <strong>de</strong><br />
<strong>no</strong>tifi cação e monitoramento <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes ocupacionais<br />
com exposição à material biológico <strong>de</strong><strong>no</strong>minado SINABIO, <strong>de</strong>senvolvido<br />
pelo Programa Estadual DST/AIDS, SES - SP. Este<br />
sistema <strong>de</strong> <strong>no</strong>tificação, cuja base repousa na recomendação <strong>de</strong><br />
<strong>no</strong>tifi cação <strong>de</strong>stes aci<strong>de</strong>ntes foi amplamente utilizado e usado<br />
como referência nacional <strong>no</strong> que tange ao conhecimento <strong>dos</strong><br />
aci<strong>de</strong>ntes biológicos em <strong>no</strong>sso meio. A partir <strong>de</strong> 2007 a fi cha<br />
<strong>de</strong> <strong>no</strong>tifi cação <strong>de</strong>ste evento foi incluída <strong>no</strong> Sistema Nacional <strong>de</strong><br />
Agravos <strong>de</strong> Notificação (SINAN).<br />
O Quadro 1 resume as principais informações <strong>dos</strong> 14.096<br />
casos <strong>no</strong>tifica<strong>dos</strong> <strong>de</strong> Aci<strong>de</strong>nte Ocupacional com Material Biológico<br />
(AMB) provenientes do SINABIO <strong>referentes</strong> ao período <strong>de</strong> 1999 a<br />
31/12/2006. A partir <strong>de</strong>ste boletim, serão apresentadas as informações<br />
<strong>de</strong>ste evento <strong>no</strong>tificado <strong>no</strong> SINAN, sendo neste atual boletim<br />
apresenta<strong>dos</strong> os casos com data <strong>de</strong> <strong>no</strong>tificação até 30/06/08.<br />
Em 18 meses <strong>de</strong> SINAN, foram <strong>no</strong>tifica<strong>dos</strong> 11.870 casos<br />
<strong>de</strong> AMB. O município <strong>de</strong> São Paulo foi responsável por 20% do<br />
total <strong>de</strong> <strong>no</strong>tificações, seguido <strong>de</strong> São José do Rio Preto com 5%,<br />
Campinas 4% e Ribeirão Preto com 3,5% (Tabela 1). Observa-se<br />
que 228 <strong>dos</strong> 645 municípios do <strong>estado</strong> <strong>de</strong> São Paulo <strong>no</strong>tifi caram<br />
algum caso <strong>de</strong> AMB <strong>no</strong>s oito a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> SINABIO e que 336<br />
passaram a <strong>no</strong>tificar a partir do SINAN, ou seja, um aumento <strong>de</strong><br />
cerca <strong>de</strong> 45% <strong>de</strong> municípios <strong>no</strong>tificadores.<br />
Na Tabela 2, verifica-se que 19,7% das <strong>no</strong>tificações são<br />
originadas da GVE-1 (Capital), 10,9% da GVE-17 (Campinas)<br />
e 7,0% da GVE-29 (São José do Rio Preto).<br />
Do total <strong>de</strong> casos <strong>no</strong>tifica<strong>dos</strong>, observa-se 9.091 (77%) do<br />
sexo femini<strong>no</strong> e 5.047 casos (42,5%) na faixa etária <strong>de</strong> 20 a 29<br />
a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. A maior parte <strong>dos</strong> AMB <strong>no</strong>tifica<strong>dos</strong> ocorreu entre<br />
auxiliares <strong>de</strong> enfermagem (39,6%), segui<strong>dos</strong> por técnicos <strong>de</strong><br />
enfermagem (14,0%) (Tabelas 3 e 4).<br />
O tipo <strong>de</strong> exposição percutâneo foi responsável por 70%<br />
do total <strong>de</strong> casos reporta<strong>dos</strong>, seguido <strong>de</strong> pele íntegra (17%) e<br />
mucosa (8,5%) (Gráfico 1). A maior parte <strong>dos</strong> aci<strong>de</strong>ntes <strong>no</strong>tifi ca<strong>dos</strong><br />
ocorreu durante a administração <strong>de</strong> medicações (N=1.904<br />
– 16%) ou durante o <strong>de</strong>scarte ina<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> material (N=1716<br />
- 14,4%). A informação em relação à circunstância <strong>de</strong> ocorrência<br />
do aci<strong>de</strong>nte foi ig<strong>no</strong>rada em 8,3% das exposições; 18,9% <strong>dos</strong><br />
aci<strong>de</strong>ntes ocorreram por outras situações, não previstas na<br />
versão atualmente utilizada <strong>no</strong> SINAN (Gráfico 2).<br />
Em 8.334 aci<strong>de</strong>ntes, 70% <strong>dos</strong> 11.870 casos <strong>no</strong>tifi ca<strong>dos</strong>,<br />
o paciente-fonte da exposição era conhecido. Destes, 7.128<br />
(85,5%) tiveram o resultado da sorologia anti-HIV conhecido;<br />
6.136 (74%) e 6.131 (73,5%) tiveram registra<strong>dos</strong>, respectivamente,<br />
os resulta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> HBsAg e anti-HCV (Tabela 5). Observa-se<br />
também que entre os pacientes-fonte do aci<strong>de</strong>nte com sorologia<br />
conhecida, 6,4% possuíam resultado reagente para o HIV, 1,1%<br />
para HBsAg e 3,0% para HCV .<br />
64<br />
Do total <strong>de</strong> AMB para os quais a história <strong>de</strong> vacinação prévia<br />
contra hepatite B era conhecida, em 9.397 casos (79%) os profissionais<br />
referiram esquema completo <strong>de</strong> vacinação (Tabela 6).<br />
Na Tabela 7 observa-se que 19,4% <strong>dos</strong> aci<strong>de</strong>ntes não<br />
tinham indicação do uso <strong>de</strong> quimioprofi laxia e que 13% <strong>dos</strong><br />
profi ssionais receberam medicamentos anti-retrovirais após o<br />
aci<strong>de</strong>nte. Ressalta-se que em 7.477 (63%) casos <strong>de</strong> AMB, a conduta<br />
tomada <strong>no</strong> momento da <strong>no</strong>tificação não foi registrada, o que<br />
difi culta o monitoramento das recomendações preconizadas.<br />
Em relação ao encerramento <strong>dos</strong> casos, não houve caso<br />
<strong>de</strong> conversão sorológica para nenhuma das infecções, 49%<br />
receberam alta sem conversão sorológica ou pelo fato do<br />
paciente-fonte ser negativo. Nota-se que apenas 6% abandonaram<br />
o seguimento. A proporção <strong>de</strong> casos com evolução sem<br />
informação/em andamento (45%) é bastante gran<strong>de</strong>, pelo fato<br />
<strong>de</strong> que os casos <strong>no</strong>tifica<strong>dos</strong> <strong>no</strong> primeiro semestre <strong>de</strong> 2008 ainda<br />
estão em acompanhamento e, para os AMB ocorri<strong>dos</strong> em 2007,<br />
o SINAN provavelmente não foi atualizado após o térmi<strong>no</strong> do<br />
acompanhamento, prejudicando a análise <strong>de</strong>ssa variável.<br />
A Coor<strong>de</strong>nadoria <strong>de</strong> Controle <strong>de</strong> Doenças (CCD) por meio<br />
da Portaria CCD-16, <strong>de</strong> 31/12/2008 constituiu um Grupo <strong>de</strong><br />
Trabalho, (com representantes do Centro <strong>de</strong> Vigilância Epi<strong>de</strong>miológica<br />
(CVE), Centro <strong>de</strong> Vigilância Sanitária (CVS), Conselho <strong>de</strong><br />
Secretários Municipais <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (COSEMS), Centro Estadual<br />
<strong>de</strong> Referência à Saú<strong>de</strong> do Trabalhador (CEREST), Programa<br />
Estadual <strong>de</strong> DST/Aids (PEDST/Aids) e Grupo Técnico <strong>de</strong> Ações<br />
Estrategicas/ Coor<strong>de</strong>nadoria <strong>de</strong> Planejamento <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (GTAE/<br />
CPS) para <strong>de</strong>finição do fluxograma das <strong>no</strong>tificações <strong>de</strong> agravos à<br />
saú<strong>de</strong> do trabalhador <strong>no</strong> âmbito do <strong>estado</strong> <strong>de</strong> São Paulo, focado<br />
na produção e análise <strong>de</strong> informações para subsidiar as proposições<br />
<strong>de</strong> políticas públicas na área. Neste sentido é fundamental<br />
aprimorar o monitoramento da qualida<strong>de</strong> das informações obtidas<br />
pelas <strong>no</strong>tifi cações <strong>de</strong> Aci<strong>de</strong>nte Ocupacional com Exposição à<br />
Material Biológico do SINAN.<br />
No boletim anterior foram referi<strong>dos</strong> vários indicadores a<br />
serem propostos a partir da vigilância <strong>de</strong>stes aci<strong>de</strong>ntes:<br />
- Proporção <strong>dos</strong> trabalhadores previamente vacina<strong>dos</strong><br />
contra hepatite B;<br />
- Proporção <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes a<strong>de</strong>quadamente medica<strong>dos</strong> com<br />
anti-retrovirais <strong>de</strong>ntro do tempo preconizado;<br />
- Proporção <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes que po<strong>de</strong>riam ser evita<strong>dos</strong> pela<br />
utilização <strong>de</strong> dispositivos seguros ou <strong>de</strong> equipamentos <strong>de</strong> proteção<br />
individual;<br />
A implementação da Vigilância <strong>dos</strong> Aci<strong>de</strong>ntes continua<br />
sendo uma das priorida<strong>de</strong>s do Programa Estadual DST/Aids,<br />
em consonância com as diretrizes da saú<strong>de</strong> do trabalhador,<br />
buscando as melhorias necessárias <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> proteger a<br />
saú<strong>de</strong> e a vida <strong>dos</strong> profi ssionais da área da saú<strong>de</strong>.<br />
Dezembro 2008