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análise dos dados referentes à aids no estado de são paulo

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Boletim Epi<strong>de</strong>miológico ANO XXV – Nº 1<br />

PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS SEXUALMENTE<br />

TRANSMISSÍVEIS NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO<br />

Um importante papel da epi<strong>de</strong>miologia é servir <strong>de</strong> base para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> políticas relacionadas à saú<strong>de</strong> humana,<br />

incluindo a prevenção e o controle <strong>de</strong> doenças. Os acha<strong>dos</strong> <strong>dos</strong><br />

estu<strong>dos</strong> epi<strong>de</strong>miológicos po<strong>de</strong>m ser relevantes tanto para questões<br />

da prática clínica e da saú<strong>de</strong> comunitária quanto para abordagens populacionais<br />

para a prevenção <strong>de</strong> doenças e promoção da saú<strong>de</strong> 1 .<br />

A Organização Mundial da Saú<strong>de</strong> (OMS) realizou em 1990,<br />

a primeira estimativa <strong>de</strong> incidência global das Doenças Sexualmente<br />

Transmissíveis (DST) e, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 1999, a estimativa<br />

para a incidência <strong>de</strong> DST curáveis (go<strong>no</strong>rréia, clamídia, sífi lis<br />

e tricomoníase) foi <strong>de</strong> 340 milhões <strong>de</strong> casos <strong>no</strong>vos, sendo 12<br />

milhões <strong>de</strong> casos <strong>no</strong> Brasil.<br />

Consi<strong>de</strong>rando as difi culda<strong>de</strong>s em se obter informações<br />

sobre a distribuição e freqüência <strong>de</strong>ssas e outras DST <strong>no</strong> país,<br />

o Programa Nacional <strong>de</strong> DST e Aids, juntamente com as Coor<strong>de</strong>nações<br />

Estaduais e Municipais, SESI, Universida<strong>de</strong>s, LACEN<br />

e a Agência <strong>de</strong> Cooperação Técnica Alemã – GTZ, realizou um<br />

estudo epi<strong>de</strong>miológico tipo corte transversal, efetuado através <strong>de</strong><br />

um inquérito populacional, em seis capitais brasileiras nas cinco<br />

macrorregiões do país, com o objetivo <strong>de</strong> conhecer a prevalência<br />

das principais infecções sexualmente transmitidas em diferentes<br />

grupos populacionais. O estudo foi <strong>de</strong>senvolvido nas cida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> São Paulo, Rio <strong>de</strong> Janeiro, Porto Alegre, Manaus, Goiânia, e<br />

Fortaleza, <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 2004 e 2005 2 .<br />

A população-alvo foi constituída <strong>de</strong> pessoas sexualmente<br />

ativas, resi<strong>de</strong>ntes nas cida<strong>de</strong>s selecionadas, abordadas em três<br />

sub-populações: 1) pessoas <strong>de</strong> ambos os sexos que buscaram assistência<br />

em clínicas selecionadas <strong>de</strong> DST, 2) gestantes em clínicas<br />

<strong>de</strong> pré-natal e 3) homens trabalhadores <strong>de</strong> pequenas indústrias.<br />

O projeto estimou um tamanho amostral <strong>de</strong> 3.600 pessoas<br />

para os grupos <strong>de</strong> gestantes e <strong>de</strong> homens trabalhadores <strong>de</strong> pequenas<br />

indústrias e <strong>de</strong> 4.560 para o grupo <strong>de</strong> pessoas que procuraram<br />

assistência em clínicas <strong>de</strong> DST, totalizando 11.760 pessoas <strong>dos</strong><br />

três grupos para as seis cida<strong>de</strong>s participantes, as quais foram<br />

recrutadas <strong>de</strong> acordo com os seguintes pressupostos:<br />

Gestantes: foram selecionadas aleatoriamente, em cada<br />

cida<strong>de</strong>, junto ao serviço <strong>de</strong> duas unida<strong>de</strong>s básicas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<br />

na primeira consulta pré-natal, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da ida<strong>de</strong> e<br />

do período <strong>de</strong> gestação, que não tivessem sido tratadas com<br />

antibióticos ou usado qualquer substância química intravaginal<br />

<strong>no</strong>s 15 dias anteriores, em número <strong>de</strong> 3.600 (600 por cida<strong>de</strong>).<br />

Entre as gestantes que procuraram atendimento em clínicas<br />

<strong>de</strong> pré-natal a amostra foi constituída por um total <strong>de</strong> 3.303<br />

gestantes, correspon<strong>de</strong>ndo a 603 (18,3%) gestantes em São<br />

Paulo, <strong>no</strong> Ambulatório <strong>de</strong> Especialida<strong>de</strong>s Mauricio Patê e <strong>no</strong><br />

Serviço <strong>de</strong> Assistência Especializada (SAE) Várzea do Carmo.<br />

80<br />

Elisebete Taeko Onaga, Hercula<strong>no</strong> D. R. Alencar, Mariza<br />

Vo<strong>no</strong> Tancredi, Norma Suely <strong>de</strong> Oliveira Farias e Wong Kuen<br />

Alencar<br />

Homens trabalhadores <strong>de</strong> pequenas indústrias: Foram<br />

capta<strong>dos</strong> nas linhas <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> micro e pequenas indústrias<br />

(um máximo <strong>de</strong> 99 emprega<strong>dos</strong>), que fossem sexualmente ativos<br />

e que não tivessem utilizado antibióticos <strong>no</strong>s 15 dias anteriores,<br />

em número <strong>de</strong> 3.600 (600 por cida<strong>de</strong>). Para o Município <strong>de</strong> São<br />

Paulo, conseguiu-se incluir <strong>no</strong> estudo 348 indivíduos (12,4%).<br />

Homens e mulheres que procuraram atendimento em<br />

clínicas <strong>de</strong> DST: Foram seleciona<strong>dos</strong>, <strong>de</strong> maneira consecutiva,<br />

a partir <strong>de</strong> um dia aleatoriamente escolhido, entre os que procuraram<br />

atendimento em clínicas <strong>de</strong> DST (uma para cada cida<strong>de</strong><br />

selecionada), na primeira consulta para o atual problema, <strong>de</strong><br />

qualquer faixa etária, que não tivessem recebido tratamento ou<br />

utilizado por conta própria qualquer antibiótico ou tratamento<br />

tópico <strong>no</strong>s últimos 15 dias. Foram excluí<strong>dos</strong> os que conhecessem<br />

a sua soropositivida<strong>de</strong> para o HIV ou que, por este motivo,<br />

estivessem sendo atendi<strong>dos</strong> <strong>no</strong>s serviços seleciona<strong>dos</strong>.<br />

Foi incluído um total <strong>de</strong> 3.210 pessoas nas seis capitais,<br />

sendo 684 (21,3%) o número obtido na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo<br />

para as principais síndromes <strong>de</strong> DST (corrimento vaginal, corrimento<br />

uretral, úlcera genital) e verrugas genitais. Os serviços<br />

seleciona<strong>dos</strong> foram o Centro <strong>de</strong> Referência e Treinamento <strong>de</strong><br />

DST/Aids <strong>de</strong> São Paulo e o Serviço <strong>de</strong> Assistência Especializada<br />

(SAE) Campos Elíseos 2 .<br />

Os resulta<strong>dos</strong> das prevalências <strong>de</strong> DST e síndromes, em<br />

cada grupo populacional, <strong>no</strong> Município <strong>de</strong> São Paulo são apresenta<strong>dos</strong><br />

na quadro 1. Para a população masculina atendida<br />

em clínicas <strong>de</strong> DST, <strong>no</strong>ta-se que, para as síndromes, a mais<br />

freqüente foi o corrimento uretral (40%). Em relação aos diagnósticos<br />

etiológicos <strong>de</strong> DST, o HPV <strong>de</strong> médio e baixo risco foi<br />

o <strong>de</strong> maior prevalência (30,3%), enquanto que a prevalência do<br />

HPV <strong>de</strong> alto risco foi 19,5%, e da infecção por clamídia 17,5%.<br />

A infecção pelo vírus da hepatite B (HBV) foi a DST <strong>de</strong> me<strong>no</strong>r<br />

ocorrência nessa população (2,2%).<br />

Nas mulheres, a maior prevalência entre as síndromes<br />

foi o corrimento vaginal (37,5%) e a me<strong>no</strong>r o corrimento cervical<br />

(2,4%). Entre as DST i<strong>de</strong>ntifi cadas por diagnóstico etiológico<br />

em mulheres, observou-se que o HPV total foi o mais<br />

prevalente (36,3%), sendo superior a prevalência registrada<br />

entre os homens. As me<strong>no</strong>res prevalências <strong>de</strong> DST <strong>no</strong> sexo<br />

femini<strong>no</strong> foram para a infecção pelo HIV (0,7%), para o vírus<br />

da hepatite B (0,7%) e para a go<strong>no</strong>rréia (0,9%). A prevalência<br />

<strong>de</strong> clamídia (5,5%) contrastou com aquela encontrada entre<br />

os homens, sendo cerca <strong>de</strong> três vezes me<strong>no</strong>r.<br />

Nas gestantes, também o corrimento vaginal foi a mais<br />

freqüente das síndromes com 19,6% contra 2,8% do corrimento<br />

cervical. O HPV total apresentou a mais alta prevalência: 35,2%,<br />

achado semelhante ao da população <strong>de</strong> mulheres em geral<br />

Dezembro 2008

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