Boletim Epi<strong>de</strong>miológico ANO XXV – Nº 1 A análise das taxas <strong>de</strong> incidência por faixa etária apenas <strong>no</strong> sexo masculi<strong>no</strong> (tabela 6) constata a mesma tendência <strong>de</strong>scrita <strong>no</strong> parágrafo anterior, ressalvando-se que estas taxas foram maiores do que <strong>no</strong> total <strong>de</strong> casos. No sexo femini<strong>no</strong> (tabela 7) observou-se algumas diferenças: as incidências são me<strong>no</strong>res, porém os valores mais altos ocorreram em 1998 nas faixas <strong>de</strong> 10 até 59 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Outro fato importante a se ressaltar é que <strong>de</strong> 0 a 9 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> as incidências <strong>no</strong> sexo masculi<strong>no</strong> e femini<strong>no</strong> são semelhantes. A diferença começou a aparecer na ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 10 a 14 a<strong>no</strong>s, e elas são em geral mais elevadas entre os meni<strong>no</strong>s até 1998 <strong>de</strong>pois ten<strong>de</strong>m a se assemelhar e, a partir <strong>de</strong> 2004, as taxas são pouco maiores <strong>no</strong> sexo femini<strong>no</strong>. Há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atenção para se ter clareza se essa po<strong>de</strong> ser uma tendência, ou seja, aumento da <strong>aids</strong> em adolescentes do sexo femini<strong>no</strong>. Embora tenha havido diminuição progressiva em todas as faixas, a maior diminuição foi observada entre as crianças <strong>de</strong> 0 a 4 a<strong>no</strong>s, pois a taxa <strong>de</strong> incidência em 2006 foi 7,5 vezes me<strong>no</strong>r que o <strong>de</strong> 1997. Entre as ida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> maior incidência, houve diminuição <strong>de</strong> 3,5 vezes entre aqueles com 25 a 29 a<strong>no</strong>s e 2,4 vezes entre os <strong>de</strong> 30 a 39 a<strong>no</strong>s. Sintetizando, nesse período <strong>de</strong> 16 a<strong>no</strong>s, a epi<strong>de</strong>mia da <strong>aids</strong> tem se <strong>de</strong>slocado para os mais velhos, ou seja, o diagnóstico <strong>de</strong> <strong>aids</strong> está sendo feito em pessoas com mais ida<strong>de</strong>. Os casos <strong>de</strong> <strong>aids</strong> em maiores <strong>de</strong> 12 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> por categoria <strong>de</strong> exposição (tabela 8) continuaram ocorrer, em sua gran<strong>de</strong> maioria, por transmissão sexual (59,9%), e entre estes há proporção <strong>de</strong> 2/3 heterossexuais e <strong>de</strong> 1/3 homens que fazem sexo com homens (HSH = homossexuais masculi<strong>no</strong>s + bissexuais masculi<strong>no</strong>s). A transmissão por via sanguínea ocorreu basicamente por uso <strong>de</strong> drogas injetáveis (UDI), que vem apresentando uma importante diminuição <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da década <strong>de</strong> 90. As transfusões sanguíneas e os casos por hemofilia foram pouco observa<strong>dos</strong> a partir <strong>de</strong> 1998, não representando percentual expressivo <strong>no</strong> total <strong>de</strong> casos. Entre os homens com 13 a<strong>no</strong>s ou mais <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, este padrão <strong>de</strong>scrito para o total <strong>de</strong> casos, foi semelhante, porém com proporção pouco me<strong>no</strong>r <strong>de</strong> heterossexuais e um pouco maior <strong>de</strong> UDI (tabela 9). Os casos com categoria <strong>de</strong> exposição ig<strong>no</strong>rada representaram em tor<strong>no</strong> <strong>de</strong> 16% <strong>no</strong> geral e 17% entre os homens. A principal categoria <strong>de</strong> exposição entre as mulheres com mais <strong>de</strong> 12 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> (tabela 10) foi por relação heterossexual, que tem aumentado ao longo <strong>dos</strong> a<strong>no</strong>s enquanto tem diminuído os casos para UDI. A transmissão do HIV por transfusão <strong>de</strong> sangue também tem diminuído <strong>de</strong> forma importante, pois <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1998 ocorreram 5 casos que estão relaciona<strong>dos</strong> com a questão da janela imu<strong>no</strong>lógica do teste e não <strong>de</strong>vido à ausência <strong>de</strong> testagem <strong>no</strong> sangue das doações efetuadas. Entre os me<strong>no</strong>res <strong>de</strong> 13 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> (tabela 11), a transmissão vertical é mais importante que as <strong>de</strong>mais, pois cerca <strong>de</strong> 88% <strong>dos</strong> casos ocorreram por esta via. Cerca <strong>de</strong> 9% <strong>dos</strong> casos estão em investigação ou a forma <strong>de</strong> transmissão é ig<strong>no</strong>rada até o presente momento. As categorias <strong>de</strong> transfusão <strong>de</strong> sangue e hemofilia estavam presentes até mea<strong>dos</strong> da década <strong>de</strong> 90 e 4 <strong>de</strong>vido ao controle <strong>de</strong> sangue e seus <strong>de</strong>riva<strong>dos</strong> apenas 3 casos foram <strong>no</strong>tifi ca<strong>dos</strong> até 2001. A tabela 12 apresenta um <strong>de</strong>talhamento da ida<strong>de</strong> (em a<strong>no</strong>s) entre os casos classifica<strong>dos</strong> como transmissão vertical (TV). Com a melhoria do seguimento ambulatorial <strong>dos</strong> pacientes, adoção <strong>de</strong> quimioprofilaxias, imunização com imu<strong>no</strong>biológicos especiais, aumentou o tempo em que pessoas infectadas por transmissão vertical permaneceram assintomáticos, tornando-se casos <strong>de</strong> <strong>aids</strong> mais velhos. Até 30/06/2008 foram <strong>no</strong>tifi ca<strong>dos</strong> 69 casos em maiores <strong>de</strong> 12 a<strong>no</strong>s, sendo 43 mulheres e 26 homens, que correspon<strong>de</strong>ram apenas a 1,4% do total <strong>de</strong> transmissão vertical. Entre to<strong>dos</strong> os casos por TV, 35,9% teve diagnóstico <strong>de</strong> <strong>aids</strong> com me<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 1 a<strong>no</strong> <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, e 16% com 1 a<strong>no</strong>, portanto, em tor<strong>no</strong> <strong>de</strong> 50% foram diag<strong>no</strong>stica<strong>dos</strong> com a doença <strong>no</strong>s primeiros 2 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> vida. Ainda em relação a esta tabela, <strong>no</strong>ta-se uma diminuição da transmissão vertical ao longo <strong>dos</strong> a<strong>no</strong>s. Assim, a média <strong>de</strong> casos por a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 1991 a 1995 foi 245,4 aumentando para 351 entre 1996 a 2000. A partir <strong>de</strong> 1997, on<strong>de</strong> se atingiu o maior número <strong>de</strong> casos <strong>no</strong>tifi ca<strong>dos</strong> por a<strong>no</strong> diagnóstico (não <strong>de</strong>talhado na tabela 12), observou-se diminuição gradativa. Este fato po<strong>de</strong> ser atribuído em boa parte às medidas adotadas com as gestantes HIV positivas e com as crianças expostas. A variável raça/cor po<strong>de</strong> ser analisada apenas após 2000 pois antes não existia este quesito na fi cha <strong>de</strong> investigação <strong>de</strong> <strong>aids</strong>. Em 2000, 78% <strong>dos</strong> casos não tinham este campo preenchido. Após treinamentos sobre a importância <strong>de</strong>ste dado para análise das doenças, houve uma substancial melhoria, constatada em 2007/2008 com 6,3% <strong>de</strong> ig<strong>no</strong>ra<strong>dos</strong> (tabela 13). Não houve diferenças entre homens e mulheres nas proporções por cor: 43,5% brancos; 6,9% pretos, 14% par<strong>dos</strong>, 0,4% amarelos e 0,0% (24) indígenas. Se for recalculada a proporção por cor sem os ig<strong>no</strong>ra<strong>dos</strong>, 67% <strong>dos</strong> casos eram brancos, 11% pretos, 21,5% par<strong>dos</strong>, 0,6% amarelos e 0,001% indígenas. Em relação à escolarida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> casos <strong>de</strong> <strong>aids</strong> <strong>no</strong>tifi ca<strong>dos</strong> (tabela 14), houve uma gran<strong>de</strong> parcela <strong>de</strong> ig<strong>no</strong>ra<strong>dos</strong> ou em branco <strong>no</strong> preenchimento <strong>de</strong>sta variável e que, infelizmente, foi maior em 2006 do que <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s anteriores. Ao se comparar sexo masculi<strong>no</strong> com o femini<strong>no</strong>, <strong>no</strong>ta-se que este último possuía me<strong>no</strong>r escolarida<strong>de</strong> que o masculi<strong>no</strong>. Ao longo do período analisado, ocorreram algumas mudanças. Deste modo, em ambos os sexos houve pequena variação nas proporções <strong>de</strong> pessoas sem instrução alguma. Tomando-se como referência os a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 1995 e 2006, observou-se que entre os que tiveram 1 a 3 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> estudo a proporção diminuiu em cerca <strong>de</strong> 3 vezes. Na faixa <strong>de</strong> 4 a 7 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>, igualmente em ambos os sexos, a porcentagem variou em tor<strong>no</strong> <strong>de</strong> 27% a 30%. Entretanto, entre os mais escolariza<strong>dos</strong>, aqueles com 8 a 11 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> estudo houve aumento em 10 pontos percentuais <strong>no</strong>s homens e 12 pontos percentuais nas mulheres. Nos casos com 12 a<strong>no</strong>s ou mais <strong>de</strong> estudo, entre os homens, a diferença foi <strong>de</strong> 3,7 pontos percentuais a mais em 2006 do que em 1995, enquanto que nas mulheres aumentou <strong>de</strong> 2 pontos percentuais <strong>no</strong> mesmo período. Este aumento na proporção <strong>de</strong> a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> <strong>no</strong>s casos <strong>de</strong> <strong>aids</strong> é semelhante ao que ocorreu na população do <strong>estado</strong>, conforme discutido em boletim anterior. Dezembro 2008
Boletim Epi<strong>de</strong>miológico ANO XXV – Nº 1 Os critérios <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> caso <strong>de</strong> <strong>aids</strong> sofreram mudanças nestes 28 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> epi<strong>de</strong>mia. A tabela 15 apresenta a série histórica <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1995 por tipo <strong>de</strong> critério em maiores <strong>de</strong> 12 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Neste a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 1995, 38,7% foram diag<strong>no</strong>stica<strong>dos</strong> como <strong>aids</strong> por meio <strong>de</strong> 2 critérios ao mesmo tempo, CDC+RJ/Caracas, 27,7% apenas pelo critério RJ/Caracas, 14,9% somente pelo CDC. Em 1995 adotou-se o critério óbito e ARC+óbito que foram responsáveis por 12% das <strong>no</strong>tificações. Em 1998 foi introduzido o critério CDC/Laboratório (quando o CD4