40DIVULGAÇÃOG E S T Ã OEmpreendedores daEcovec mostraraminovação ao antigoCEO da Microsoft,Bill GatesLocus • Dezembro 2010rente de pesquisa, desenvolvimento einovação da Ecovec.Com essa filosofia, a Ecovec garante oacesso da sociedade ao conhecimento geradopela universidade, expandindo os impactosda tecnologia de combate à dengue.Por meio de contratos de transferência detecnologia, desde 2004 a empresa pagaroyalties trimestrais para a UFMG. O processoda construção dos contratos e elaboraçãodos documentos foi bastante desgastantepara a empresa e para a universidadeem um primeiro momento.Soluções pioneirasHá quase 10 anos, quando os primeiroscontratos de transferência de tecnologiaentre a Ecovec e a UFMG foram firmados,ainda não havia muita informação disponívelsobre esse tipo de acordo. “Os mecanismosde transferência de tecnologia aindanão estavam consolidados no país,tornando o processo bastante precário.Nessa primeira experiência, foi um aprendizadoda empresa com a universidade evice-versa. Cada um apontou suas questõespara, com muita paciência e cooperação,encontrarmos um ponto de equilíbrio”,afirma Mota. O método atualmente é patenteadopela UFMG, como titular e cotitular,e licenciado para desenvolvimentoe comercialização através da Ecovec.O resultado da parceria Ecovec-UFMGresultou em um prêmio internacional inéditopara o Brasil. Em novembro de 2006, oM.I. Dengue foi premiado com o The TechMuseum Awards como a maior inovaçãomundial em prevenção e saúde. Homenageadoda noite, Bill Gates, antigo CEO daMicrosoft, visitou o estande da empresa ese interessou pelo problema da dengue, ocomportamento do aedes aegypti e a soluçãoencontrada pela empresa mineira paramonitorar o vetor. Em seu discurso citouo M.I. Dengue como exemplo de aplicaçãoe afirmou, entre outras coisas, estar convencidode que a tecnologia não precisa sercomplicada ou cara.A premiação e o encontro com Bill Gatestiveram grande repercussão na mídia e impulsionaramos negócios da Ecovec. “Aoser reconhecida como uma das tecnologiasmais representativas do planeta para o benefícioda humanidade, a empresa venceuqualquer descrédito que havia sobre a suasolução. Foi então que o mercado se abriupara a Ecovec”, conta o gerente de P&D daempresa. Hoje, o sistema está presente emmais de 40 municípios brasileiros, atendendocerca de quatro milhões de pessoas.São mais de 12 mil armadilhas implantadasem áreas monitoradas pelo M.I. Dengue.O sistema também foi exportado para Austrália,Alemanha, Cingapura e Panamá.Novos desafiosPor meio da parceria, a Ecovec e a UFMGampliaram o potencial do controle da denguepor meio de um segundo ciclo de pesquisa,complementar ao M.I. Dengue. Em2010, pesquisadores da universidade desenvolveramprocedimentos que permitemidentificar a presença do vírus dentro dosmosquistos. Até então o vírus só era identificadonos seres humanos. Para mapeara circulação dos mosquitos infectados como vírus foi criado o M.I. Vírus, desenvolvidopela Ecovec em parceria com Laboratóriode Genética Molecular de Patógenose Parasitas da UFMG.Após capturados pela armadilha, os in-
setos são enviados para o laboratório, ondeé identificada a presença ou não do vírusda dengue. Dessa forma, é possível traçarum mapa dos locais onde o vírus pode serencontrado. Em setembro de 2010 oM.I.Vírus foi disponibilizado em MinasGerais, onde 26 municípios já utilizam atecnologia, com resultados significativos.Cerca de 85% dos casos de dengue registradosnesses locais foram nas áreas detectadaspela ferramenta.O processo de propriedade intelectual etransferência de tecnologia dessa segundagrande inovação foi mais tranquilo para aempresa e para a universidade. “Com o escritóriode patentes estruturado e maiorexperiência, tanto da empresa quanto dauniversidade, a negociação aconteceu demaneira mais rápida e eficaz”, diz o gerenteda Ecovec. A perspectiva é que esses processosse aprimorem ainda mais para asfuturas novas parcerias entre a empresa ea universidade.Novas tecnologias já estão em planejamento,entre elas sistemas voltados para omonitoramento e controle de outras doençase epidemias, como a leishmaniose e amalária. A Ecovec possui uma estruturaprópria de P&D, formalizada em três áreas:tecnologia da informação, entomologiaaplicada e biologia molecular, que atuamem conjunto com diferentes laboratóriosda universidade. “Para a empresa a universidadeé rica em tecnologia, desde que oempreendedor entenda o processo da universidadee ofereça a ela o que ela precisa,por meio de bolsas, recursos e financiamentopor exemplo”, ressalta Mota.De acordo com o gerente da Ecovec, asdificuldades dos processos de transferênciade tecnologia devem ser encaradas comoum desafio. “A morosidade do processode criação do produto até a patente e ocontrato de licenciamento pode ser nociva,mas precisa de jogo de cintura e de participaçãoem todas as etapas para resultar nomelhor acordo para os dois lados”, orienta.“Hoje a situação está melhor. Antigamenteos projetos ficavam guardados nas gavetasdas universidades. O futuro é a prospecçãopor novas tecnologias dentro das universidades”,conclui.Mota ressalta que, além de colocar umproduto no mercado, a parceria universidade-empresadeve ser vista como uma formade contribuir para a soberania nacional. “Éuma engrenagem que envolve de um ladoas nossas universidades de referência e, deoutro, a indústria inovadora. Esse organismoprecisa funcionar para permitir ao paísgerar tecnologia, colocá-la no mercado egerar emprego, renda e independência tecnológica”,avalia o gerente da Ecovec.Transferência de tecnologia no BrasilNo Brasil para que uma contratação tecnológica surtadeterminados efeitos econômicos o contrato deve ser avaliado eaverbado pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).O que é um contrato de tecnologia?É o comprometimento entre as partes envolvidas, formalizadoem um documento onde estejam explicitadas as condiçõeseconômicas da transação e os aspectos de caráter técnico.Tipos de contrato»»Licença e cessão de direitos:• Exploração de Patentes e Desenhos Industriais: contratos queobjetivam o licenciamento de patente concedida ou pedidode patente depositado junto ao INPI.• Uso de Marcas: contratos que objetivam o licenciamento deuso de marca registrada ou pedidos de registros depositadosjunto ao INPI.»»Aquisição de conhecimentos tecnológicos• Fornecimento de Tecnologia: contratos que objetivam a aquisiçãode conhecimentos e de técnicas não amparadas por direitos depropriedade industrial, depositados ou concedidos no Brasil.• Prestação de Serviços de Assistência Técnica e Científica:contratos que estipulam as condições de obtenção detécnicas, métodos de planejamento e programação, bemcomo pesquisas, estudos e projetos destinados à execução ouprestação de serviços especializados.»»Franquia• Contratos que se destinam à concessão de direitos queenvolvam uso de marcas, prestação de serviços de assistênciatécnica, combinadamente ou não, com qualquer outramodalidade de transferência de tecnologia necessária àconsecução de seu objetivo.41Locus • Dezembro 2010