EM FASE DE CRESCIMENTO

o p i n i ã oO antes, o depois e o agoraDivulgaçãoMauricio Guedes**Mauricio Guedes édiretor da Incubadorade Empresas daCoppe/UFRJ e doParque Tecnológico daUFRJ e presidenteda InternationalAssociation of ScienceParks (IASP).50Locus • Dezembro 2010Nos últimos anos, nos acostumamosa ouvir o genial bordão “nunca antesna história deste país” sendo usado paracomemorar as mais variadas realizaçõese conquistas brasileiras. Muitas vezes essaexperiência foi vivida na área da Ciênciae Tecnologia, que registrou avançosinegáveis na última década.O governo Lula soube aproveitaros bons ventos que sopraram para o setorno final do governo FHC e fazermuito mais.No marco legal, tivemos mudanças importantes.A Lei de Inovação, baseadaem uma proposta originalmente elaboradapelo senador Roberto Freire, estavapronta para ser votada no final de 2002,quando o governo de transição FHC-Luladecidiu a sua retirada de pauta. Voltouno ano seguinte, um pouco mais tímida,e foi aprovada em 2004, com algumasnovidades relevantes. Uma delas, talveza principal, foi a criação da subvençãoeconômica para o desenvolvimento tecnológico.Os fundos setoriais se multiplicaram,os mecanismos de incentivofiscal tornaram-se menos burocráticos.Prova da importância estratégica quea área adquiriu, no Ministério da Ciênciae Tecnologia o orçamento da Finep deuum grande salto e passou de R$ 250 milhõesem 2000 para mais de R$ 4 bilhõesem 2010.Em uma década triplicamos o númerode artigos científicos publicados emrevistas indexadas e formamos hojemais de 10 mil doutores e 40 mil mestrespor ano.O país entrou no radar das grandescorporações e tem atraído inúmerasempresas globais a instalarem aquiunidades de pesquisa e desenvolvimento.Em muitos casos, a unidade brasileiraé a primeira da empresa no HemisférioSul.Em outra frente, o Sebrae se fortaleceu,lançou a bandeira da inovação e elevoua importância das MPEs nos debatessobre a Lei Geral da Micro e PequenaEmpresa. E são as pequenas e médiasempresas de base tecnológica que, comsua densidade de conhecimento e agilidade,constituem uma espécie de sistemalinfático do processo de inovação.Ano novo, governo novo. Hora de balanço,de avaliação e de planejar novossaltos. Hora de pensar no depois.Em que área o nosso desempenho ficoua dever mais? Inovação tecnológica.O país ainda não pavimentou o caminhoque une a capacidade cientifica à geraçãode emprego e renda.A nossa pauta de exportações ainda éexcessivamente concentrada em commodities,o avanço no número de empresasque fizeram alguma inovação foi tímido,segundo a Pintec – de 34,4% no período2003/2005 para 38,8% em 2005/2008 –,e o percentual do faturamento aplicadoem atividades inovadoras caiu de 3% em2005 para 2,9% em 2008.Os números confirmam que ainda precisamosaprender a converter as conquistasna área de C&T em desenvolvimentoeconômico e social.Depois das realizações na área da Ciênciae Tecnologia, a prioridade, agora,deve ser a inovação.