Na educação ambiental fala-se da necessidade de uma sociedade sustentável,de um desenvolvimento sustentável, em que a satisfação das necessidadeshumanas não comprometa gerações futuras nem as condições de vida de outrosseres. Do mesmo jeito, na economia solidária afirmamos que o processo desatisfação de necessidades humanas não pode gerar ou ampliar a desigualdadesocial, ou seja, o acúmulo de poder econômico nas mãos de poucas pessoas,nações ou corporações. Esse olhar atento ao conceito de desenvolvimento sedesdobra em muitas dimensões:Um MODO DE PRODUÇÃO calcado no trabalho subordinado, na distinçãoentre quem possui o capital e quem é trabalhador, centrado no lucro comomotor da atividade econômica e da vida da sociedade, tendo o mercadocomo único regulador das relações econômicas, não nos serve;Um MARCO JURÍDICO que não reconhece propriedade coletiva, economiasolidária, trabalho autogestionário, e não favorece a organização detrabalhadores na forma de autogestão em detrimento da organizaçãoempresarial, não nos serve;Um SISTEMA FINANCEIRO E DE CRÉDITO centrado em investidores e nosseus ganho, independente da atividade econômica apoiada, e hoje atémesmo prescindindo de qualquer atividade econômica, ficando apenas naciranda financeira da especulação, estrangulando economias locais efavorecendo as gigantescas e cancerígenas fusões das megacorporaçõespara melhor “rentabilidade”, não nos serve;Um SISTEMA EDUCATIVO baseado no individualismo, na competição, noempreendedorismo, em uma concepção consumista, alienada e passiva decidadãos e cidadãs, não nos serve.Em atividades formativas, é interessante abordar as questões acima e ampliá-8las( ), já que aqui apresentamos apenas alguns exemplos. Este questionamento,presente em ambos os conceitos e práticas, é de grande importância, pois temum caráter paradigmático, de transformação social, de proposta de alternativas,de sensibilização para um olhar crítico à sociedade atual.(8) A Carta de Princípios e a Plataforma da Economia Solidária têmmuitos elementos para subsidiar este debate
Assim, um trabalho educativo articulando aspectos ambientais e de economiasolidária deve proporcionar aos educandos reflexões sobre organização social eeconômica, desenvolvimento, progresso, felicidade, riqueza e cultura.Metodologicamente pode valer à pena trabalhar com perguntas (O que édesenvolvimento? O que é progresso? O que é felicidade? O que é riqueza? Emque cultura e organização socioeconômica vivemos?), buscando articulá-lasentre si e com aspectos ambientais, do trabalho e da solidariedade. Sem estaperspectiva, tanto a economia solidária quanto a educação ambiental perdem oseu caráter emancipatório, crítico e transformador.Essas convergências demonstram a complementaridade e sinergia possívelentre economia solidária e educação ambiental, revelando a importância de quesejam tratadas em conjunto, para o aprofundamento do conhecimento darealidade e sensibilização para a transformação social.33