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cpi do narcotráfico - Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo ...

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SUPLEMENTOPODERLEGISLATIVODiário da Assembléia <strong>Legislativa</strong> - 14 ª LegislaturaPresi<strong>de</strong>nte: Walter Feldman1º Vice-Presi<strong>de</strong>nte: Celino Car<strong>do</strong>so1º Secretário: Hamilton Pereira 3º Secretário: Roberto Morais2º Vice-Presi<strong>de</strong>nte: Edmir Chedid 2º Secretário: Dorival Braga4º Secretário: Gilberto NascimentoPALÁCIO NOVE DE JULHO – Av. Pedro Álvares Cabral, 201CEP 04097-900 - F: 3886-6122 – http://www.al.sp.gov.brhttp://www.imprensaoficial.com.brVolume 112 • Número 117 • <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, sába<strong>do</strong>, 22 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2002C.P.IDO NARCOTRÁFICOComissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito constituída com a finalida<strong>de</strong><strong>de</strong> apurar organizações que atuam no <strong>narcotráfico</strong> no Esta<strong>do</strong><strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, suas relações com roubo <strong>de</strong> cargas, assassinatos,lavagem <strong>de</strong> dinheiro e <strong>de</strong>mais ativida<strong>de</strong>s criminosas relacionadascom o <strong>narcotráfico</strong>, assim como o envolvimento, a participaçãoou colaboração <strong>de</strong> agentes públicos e órgãos estatais nas ações<strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas.RELATÓRIO FINALRelator: Deputa<strong>do</strong> Renato Simões


2 – D.O.E.; Po<strong>de</strong>r Legislativo, <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, 112 (117), sába<strong>do</strong>, 22 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2002 – SUPLEMENTO1. INTRODUÇÃONão existe uma política articulada e consistente <strong>de</strong>combate ao <strong>narcotráfico</strong> no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>.Essa é a principal conclusão a que chegou a CPI <strong>do</strong>Narcotráfico da Assembléia <strong>Legislativa</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong><strong>Paulo</strong> ao final <strong>de</strong> um ano e meio <strong>de</strong> investigação e análiseda ação das instituições estaduais e fe<strong>de</strong>rais encarregadas<strong>do</strong> combate permanente ao <strong>narcotráfico</strong> e a outras modalida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> crime organiza<strong>do</strong>.Neste perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> funcionamento, a CPI Estadual <strong>do</strong>Narcotráfico procurou analisar como priorida<strong>de</strong>s quatroáreas sensíveis i<strong>de</strong>ntificadas no início <strong>do</strong>s trabalhos comorevela<strong>do</strong>ras da organização criminosa em nosso esta<strong>do</strong>: otransporte aéreo da droga; o tráfico <strong>de</strong> drogas pelo porto<strong>de</strong> Santos; as rotas terrestres <strong>de</strong> distribuição da droga; e asfugas e transferências fraudulentas <strong>de</strong> presos liga<strong>do</strong>s ao<strong>narcotráfico</strong> e ao crime organiza<strong>do</strong> em geral.Permean<strong>do</strong> esses quatro temas, encontramos instituições<strong>de</strong>saparelhadas para enfrentar o atual estágio <strong>de</strong>organização criminosa <strong>do</strong> <strong>narcotráfico</strong> em território paulista.Encontramos a <strong>de</strong>dicação <strong>de</strong> policiais que realizam umtrabalho sério <strong>de</strong> investigação e repressão ao tráfico <strong>de</strong>drogas, mas encontramos instituições <strong>de</strong>saparelhadas e<strong>de</strong>sorientadas para dar efetivida<strong>de</strong> a estes esforços.Constatamos que a ação das Polícias Fe<strong>de</strong>ral e Estaduais,tanto Civil quanto Militar, pa<strong>de</strong>cem da falta <strong>de</strong> articulação ecooperação, permeadas que são pelo corporativismo, pelaconcorrência institucional, pela falta <strong>de</strong> qualificação <strong>do</strong>ssistemas <strong>de</strong> informação e operação policiais.Verificamos com consternação que os avanços <strong>do</strong>crime organiza<strong>do</strong> nos últimos anos não foram acompanha<strong>do</strong>spelas Polícias que atuam em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>. Pelo contrário,o último marco institucional negocia<strong>do</strong> entre o Esta<strong>do</strong> e aUnião para o relacionamento entre as Polícias é <strong>de</strong> 1987,anterior à promulgação da atual Constituição e com certeza<strong>de</strong>fasada em relação às necessida<strong>de</strong>s da segurança públicano atual quadro <strong>de</strong> crescimento da violência e da organizaçãonacional e internacional <strong>do</strong> crime. Enquanto concepção,este ultrapassa<strong>do</strong> convênio mantém as PolíciasEstaduais nos horizontes <strong>do</strong> combate ao micro e ao pequenotraficante, na administração <strong>do</strong> arroz-com-feijão nasruas, escolas e bairros periféricos das nossas cida<strong>de</strong>s.Essa <strong>de</strong>squalificação das atribuições das PolíciasEstaduais se reflete numa relação subalterna e numa atuaçãopraticamente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da Polícia Fe<strong>de</strong>ral, nãosen<strong>do</strong> raros os momentos em que essas relações <strong>de</strong>generampara a concorrência, a falta <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> informações e<strong>de</strong> cooperação no combate ao <strong>narcotráfico</strong>. Os <strong>de</strong>poentesque abordaram esse assunto na CPI foram unânimes emressaltar a boa relação pessoal existente entre policiais eautorida<strong>de</strong>s dirigentes das Polícias, mas também em <strong>de</strong>stacara falta <strong>de</strong> trabalhos comuns entre elas.Neste senti<strong>do</strong>, a CPI preocupa-se com a ausência <strong>de</strong>um sistema articula<strong>do</strong> <strong>de</strong> informações que possam instruiruma ação mais competente das Polícias Estaduais no senti<strong>do</strong><strong>de</strong> coibir o tráfico <strong>de</strong> drogas <strong>de</strong> médios e gran<strong>de</strong>s traficantes.Nossas ca<strong>de</strong>ias e penitenciárias estão lotadas,como <strong>de</strong>screve o sub-relatório sobre a questão prisional,<strong>de</strong> con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s e con<strong>de</strong>nadas pelo artigo 12 da lei 6.368que são apenas os operários <strong>de</strong> um sistema maior, cujoschefes estão fora <strong>do</strong> alcance das mãos da Polícia e daJustiça, gozan<strong>do</strong> das benesses <strong>de</strong> seu po<strong>de</strong>r econômico,político e social. Ao traçar um diagnóstico sobre as rotasaéreas <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, po<strong>de</strong> a CPI percebera potencialida<strong>de</strong> que um sistema <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> informaçõesentre instituições fe<strong>de</strong>rais e estaduais po<strong>de</strong> representarno combate ao <strong>narcotráfico</strong>.O sucesso <strong>de</strong> investigações levadas a cabo por estaCPI, como, por exemplo, no <strong>de</strong>smantelamento <strong>de</strong> uma quadrilha<strong>de</strong> transporte aéreo <strong>de</strong> drogas sediada em Atibaia ecom ramificações e atuação em vários esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> país,<strong>de</strong>veu-se sobretu<strong>do</strong> à capacida<strong>de</strong> que esta Comissão teve<strong>de</strong> reunir, em poucos meses, informações espalhadas porPolícias Estaduais e pela Polícia Fe<strong>de</strong>ral em vários esta<strong>do</strong>s,com o apoio <strong>do</strong> Ministério Público e <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário<strong>de</strong>stas Unida<strong>de</strong>s da Fe<strong>de</strong>ração e a participação <strong>de</strong> outrasComissões Parlamentares <strong>de</strong> Inquérito instaladas noCongresso Nacional e em várias Assembléias <strong>Legislativa</strong>s.Neste senti<strong>do</strong>, pu<strong>de</strong>mos apren<strong>de</strong>r que a integração dasinstituições voltadas ao combate permanente e cotidianoao <strong>narcotráfico</strong> é a gran<strong>de</strong> saída para enfrentarmos o crimeorganiza<strong>do</strong> e a base fundamental para a constituição <strong>de</strong>autênticas forças-tarefa capazes <strong>de</strong> potencializar a ação queessas mesmas instituições <strong>de</strong>senvolvem a partir <strong>de</strong> suasatribuições particulares.Esta CPI <strong>de</strong>ve registrar, com tristeza, que seus trabalhosforam imensamente prejudica<strong>do</strong>s por esta falta <strong>de</strong>uma cultura <strong>de</strong> cooperação entre as instituições. É <strong>de</strong> seressaltar, neste senti<strong>do</strong>, a lamentável postura <strong>do</strong> BancoCentral, relatada com <strong>de</strong>talhes adiante, que obrigou estaComissão a buscar no Po<strong>de</strong>r Judiciário a garantia <strong>de</strong> acessoa informações <strong>de</strong>correntes da quebra <strong>de</strong> sigilo bancário<strong>de</strong> pessoas investigadas, em processo que acabou pordurar praticamente to<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> funcionamento <strong>de</strong>nossos trabalhos. Po<strong>de</strong>ríamos registrar também a pequenacolaboração da Polícia Fe<strong>de</strong>ral e da Receita Fe<strong>de</strong>ral aosnossos trabalhos, em que pese a participação <strong>de</strong> agentes e<strong>de</strong>lega<strong>do</strong>s da Polícia Fe<strong>de</strong>ral, bem como auditores fiscaisda Receita Fe<strong>de</strong>ral, em algumas iniciativas <strong>de</strong>sta CPI.A sensação que esta Comissão tem e buscará combateré que os mecanismos <strong>de</strong> controle da ação criminosa nopaís e em nosso esta<strong>do</strong> estão limita<strong>do</strong>s fortemente. Emparticular, por uma orientação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Brasileiro, presenteno governo fe<strong>de</strong>ral e no governo estadual, <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar aolivre sabor <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> as relações econômicas em territórionacional. Com o pretexto <strong>de</strong> facilitar as transaçõesfinanceiras e as trocas comerciais, institutos fundamentaispara a soberania nacional e o combate ao crime foramrevoga<strong>do</strong>s ou limita<strong>do</strong>s em sua atuação. Além <strong>do</strong> sucateamentojá menciona<strong>do</strong> imposto à Polícia Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>s<strong>de</strong> ogoverno Collor e da revogação <strong>de</strong> procedimentos <strong>de</strong> guarda<strong>de</strong> nossas fronteiras por esta instituição policial, estaCPI <strong>de</strong>dicou-se a aprofundar a situação da Receita Fe<strong>de</strong>ral.A partir <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s sobre os aeroportos internacionais <strong>de</strong>Cumbica, em Guarulhos, e Viracopos, em Campinas, além<strong>do</strong> porto <strong>de</strong> Santos, pu<strong>de</strong>mos constatar como a movimentação<strong>de</strong> pessoas e cargas nessas portas <strong>de</strong> entrada e saída<strong>do</strong> país tem sua fiscalização fragilizada, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a permitira utilização <strong>de</strong>sses espaços públicos como entrepostos <strong>do</strong>comércio internacional da droga.Se o <strong>de</strong>scontrole da movimentação <strong>de</strong>sses espaços oficiaisé notório, que falar das quase quatro centenas <strong>de</strong> pistasclan<strong>de</strong>stinas <strong>de</strong> pouso e <strong>de</strong>colagem <strong>de</strong> pequenas aeronavesespalhadas por to<strong>do</strong> o interior <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, que seconstituem num autêntico tapete à disposição <strong>do</strong> tráficointernacional <strong>de</strong> drogas? <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> é, na verda<strong>de</strong>, um verda<strong>de</strong>iro“queijo suíço” cujo espaço aéreo e terrestre estáplenamente acessível, a qualquer hora <strong>do</strong> dia ou da noite,para o tráfico internacional <strong>de</strong> drogas. As autorida<strong>de</strong>s daAeronáutica e das Polícias, ouvidas pela CPI, mostram-seimpotentes para coibir essa ativida<strong>de</strong> ilegal e danosa aointeresse público, o que será objeto <strong>de</strong> propostas por parte<strong>de</strong>sta Comissão logo mais à frente.A mesma sensação <strong>de</strong> impotência verificou-se quan<strong>do</strong>a CPI <strong>de</strong>bruçou-se sobre a situação <strong>do</strong> sistema carcerário<strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>. Os números aponta<strong>do</strong>s sobre o tema nesteRelatório indicam que presos com po<strong>de</strong>r econômico ouarticulação política com grupos organiza<strong>do</strong>s não ficamnesta condição por muito tempo. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fugaslevantadas, tanto nas penitenciárias estaduais quanto -principalmente - nas ca<strong>de</strong>ias públicas e distritos policiais,bem como o envolvimento <strong>de</strong> agentes públicos no favorecimento,por ação ou omissão, nestas fugas e transferências<strong>de</strong> presos privilegia<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>monstram o acerto <strong>de</strong> umadas propostas <strong>de</strong>ssa Comissão, aprovada em <strong>de</strong>zembro <strong>do</strong>ano passa<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>bate sobre a situação na Casa<strong>de</strong> Detenção <strong>do</strong> Carandiru, <strong>de</strong> constituir uma outra CPI paraa investigação <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong> no interior <strong>do</strong> sistemapenitenciário. Esta nova CPI, instalada neste mês <strong>de</strong> junho,po<strong>de</strong>rá dar continuida<strong>de</strong> aos estu<strong>do</strong>s traça<strong>do</strong>s no âmbito<strong>de</strong>sta Comissão, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a respon<strong>de</strong>r a toda a socieda<strong>de</strong>paulista pela crescente ousadia <strong>de</strong> grupos criminosos queparecem <strong>do</strong>minar o sistema penitenciário ou, pelo menos,disputar com o Esta<strong>do</strong> esse controle.Por fim, é preciso ainda registrar, nessa introdução,que a CPI <strong>do</strong> Narcotráfico da Assembléia <strong>Legislativa</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong><strong>Paulo</strong> procurou agir com responsabilida<strong>de</strong> e senso <strong>de</strong> justiçaem todas as investigações que <strong>de</strong>senvolveu. Emnenhum momento, procuramos substituir a ação dasPolícias, <strong>do</strong> Ministério Público e <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário noequacionamento <strong>do</strong>s casos <strong>de</strong>lituosos investiga<strong>do</strong>s.Procuramos, ao escolher priorida<strong>de</strong>s temáticas, aprofundaraspectos que nos parecem ser fundamentais para chegarmosao merca<strong>do</strong> atacadista da droga, ao ‘modus operandi’<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s traficantes, ao diagnóstico da atuação das instituiçõesencarregadas pela socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> protegê-la frenteao flagelo <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas.Neste senti<strong>do</strong>, procuramos evitar o espetáculo fácil, o<strong>de</strong>nuncismo irresponsável, a revogação <strong>de</strong> direitos <strong>de</strong> pessoassuspeitas ou acusadas <strong>de</strong> crimes, o constrangimentoa testemunhas e convida<strong>do</strong>s a dar <strong>de</strong>poimentos sobrequestões em estu<strong>do</strong> e investigação por essa Comissão.Não se encontrará neste Relatório, portanto, em que pese orelato <strong>de</strong> casos <strong>de</strong>lituosos investiga<strong>do</strong>s pela Comissãocomo ilustrativos <strong>do</strong>s temas prioritários aborda<strong>do</strong>s, umprontuário policial. Trata-se, na verda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> uma peça política,<strong>de</strong> investigação parlamentar, a cargo <strong>de</strong> uma instituiçãoencarregada pela Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> legislar e fiscalizar asações <strong>de</strong> outros Po<strong>de</strong>res, particularmente o Executivo. AAssembléia <strong>Legislativa</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, ao término <strong>do</strong>s trabalhos<strong>de</strong>sta Comissão, apresenta ao povo <strong>de</strong> nosso Esta<strong>do</strong>as conclusões <strong>de</strong>stes meses <strong>de</strong> investigação e estu<strong>do</strong>s.O esforço <strong>de</strong> apresentar propostas para qualificar esseenfrentamento <strong>de</strong>ve ser permanente, e por isso as sugestõesapresentadas ao final <strong>de</strong>sse relatório serão encaminhadasa todas as autorida<strong>de</strong>s encarregadas <strong>de</strong> sua implementação.Caberá às Comissões Permanentes <strong>de</strong>sta Casa<strong>de</strong> Leis, como as <strong>de</strong> Segurança Pública, Direitos Humanos,Assuntos Internacionais, Finanças e Orçamento, entreoutras, o acompanhamento das políticas públicas aquisugeridas ao Po<strong>de</strong>r Executivo Estadual e a outrasInstituições e Po<strong>de</strong>res.Agra<strong>de</strong>cemos a todas as pessoas e instituições quecolaboraram com os trabalhos <strong>de</strong>ssa Comissão: membrosdas Polícias Estaduais e da Polícia Fe<strong>de</strong>ral, promotores <strong>de</strong>justiça, juízes, estudiosos e pesquisa<strong>do</strong>res sobre questõescriminais, funcionários públicos <strong>do</strong> Executivo estadual efe<strong>de</strong>ral e - principalmente - às testemunhas que contribuíramcom seus <strong>de</strong>poimentos, algumas <strong>de</strong>las ameaçadas em<strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> sua contribuição. Sem elas, o trabalho <strong>do</strong>s<strong>de</strong>puta<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>putadas que compuseram esta Comissãonão teria si<strong>do</strong> possível.<strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, 29 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2.001.2. FORMAÇÃO, COMPOSIÇÃOE FUNCIONAMENTO DA CPI2.1. Ato <strong>do</strong> Senhor Presi<strong>de</strong>nte da Assembléia<strong>Legislativa</strong> crian<strong>do</strong> a CPI <strong>do</strong> NarcotráficoAto n.º 69 <strong>de</strong> 1999O Presi<strong>de</strong>nte da Assembléia <strong>Legislativa</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, no uso <strong>de</strong> suas atribuições regimentais e observadasas indicações <strong>do</strong>s Lí<strong>de</strong>res Partidários, nomeia osseguintes Deputa<strong>do</strong>s para comporem ComissãoParlamentar <strong>de</strong> Inquérito, constituída pela aprovação <strong>do</strong>requerimento n.º 3.208, <strong>de</strong> 1999, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>, noprazo <strong>de</strong> 120 (cento e vinte) dias, apurar organizações queatuam no <strong>narcotráfico</strong> no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, suas relaçõescom roubo <strong>de</strong> cargas, assassinatos, lavagem <strong>de</strong>dinheiro e <strong>de</strong>mais ativida<strong>de</strong>s criminosas relacionadas como <strong>narcotráfico</strong>, assim como o envolvimento, a participaçãoou colaboração <strong>de</strong> agentes públicos e órgãos estatais nasações <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas.PSDBMembro efetivo Deputa<strong>do</strong> Carlos SampaioMembro substituto Deputa<strong>do</strong> Wilson MoraisPTMembros efetivos Deputa<strong>do</strong> Elói Pietá Deputa<strong>do</strong>Renato SimõesMembros substitutos Deputa<strong>do</strong> Van<strong>de</strong>rlei SiraqueDeputa<strong>do</strong> <strong>Paulo</strong> TeixeiraPTBMembro efetivo Deputa<strong>do</strong> Celso TanauíMembro substituto Deputa<strong>do</strong> Campos Macha<strong>do</strong>PLMembro efetivo Deputa<strong>do</strong> Milton VieiraMembro substituto Deputa<strong>do</strong> Ramiro MevesPPBMembro efetivo Deputa<strong>do</strong> Conte LopesMembro substituto Deputa<strong>do</strong> Carlos BragaPPSMembro efetivo Deputa<strong>do</strong> Dimas RamalhoMembro substituto Deputa<strong>do</strong> Vitor SapienzaPDTMembro efetivo Deputa<strong>do</strong> Pedro TobiasMembro substituto Deputa<strong>do</strong> Pedro MoriPMDBMembro efetivo Deputada Rosmary CorrêaMembro substituto Deputa<strong>do</strong> Faria JúniorPC<strong>do</strong>BMembro efetivo Deputa<strong>do</strong> Jamil MuradMembro substituto Deputa<strong>do</strong> Nival<strong>do</strong> SantanaPSBMembro efetivo Deputa<strong>do</strong> Alberto CalvoMembro substituto Deputa<strong>do</strong> Cesar CallegariPRPMembro efetivo Deputada Zuza Abdul MassihPSDMembro efetivo Deputa<strong>do</strong> Nabi Abi ChedidAssembléia <strong>Legislativa</strong>, em 09 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1999a) VANDERLEI MACRIS, Presi<strong>de</strong>nte2.2. Ata da Reunião Especial <strong>de</strong> eleição <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte,Vice-Presi<strong>de</strong>nte e Relatores:Aos quatorze dias <strong>do</strong> mês <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> mil novecentose noventa e nove, às <strong>de</strong>z horas, no Plenário JoséBonifácio da Assembléia <strong>Legislativa</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong><strong>Paulo</strong>, realizou-se a Reunião Especial da ComissãoParlamentar <strong>de</strong> Inquérito constituída com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>apurar organizações que atuam no <strong>narcotráfico</strong> no Esta<strong>do</strong><strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, suas relações com roubo <strong>de</strong> cargas, assassinatos,lavagem <strong>de</strong> dinheiro e <strong>de</strong>mais ativida<strong>de</strong>s criminosasrelacionadas com o <strong>narcotráfico</strong>, assim como o envolvimento,a participação ou colaboração <strong>de</strong> agentes públicose órgãos estatais nas ações <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas, com oescopo <strong>de</strong>, nos termos <strong>do</strong> artigo 36 da IX Consolidação <strong>do</strong>Regimento Interno, proce<strong>de</strong>r à eleição <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte eVice-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>ste órgão técnico, convocada e presididapelo Senhor Deputa<strong>do</strong> Alberto Calvo. Estiveram presentesa Senhora Deputada Rosmary Corrêa e os SenhoresDeputa<strong>do</strong>s Dimas Ramalho, Jamil Murad, Milton Vieira,Conte Lopes, Pedro Tobias, Carlos Sampaio, Elói Pietá,Celso Tanauí, Nabi Abi Chedid e Zuza Abdul Massih.Ausente, por motivo justifica<strong>do</strong>, o Senhor Deputa<strong>do</strong> RenatoSimões. Presentes, também, o Senhor Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>staCasa <strong>de</strong> Leis, Deputa<strong>do</strong> Van<strong>de</strong>rlei Macris, e os SenhoresDeputa<strong>do</strong>s Van<strong>de</strong>rlei Siraque, Roberto Engler, Ary Fossen,Arnal<strong>do</strong> Jardim, Walter Feldman, Campos Macha<strong>do</strong> e VitorSapienza. Haven<strong>do</strong> número regimental, o Senhor Deputa<strong>do</strong>Alberto Calvo <strong>de</strong>clarou abertos os trabalhos. Pela or<strong>de</strong>m, oDeputa<strong>do</strong> Jamil Murad requereu a suspensão <strong>do</strong>s trabalhospor cinco minutos. Aprova<strong>do</strong>. Reaberta a reunião nahora aprazada e com o mesmo quorum, o Deputa<strong>do</strong>Alberto Calvo convi<strong>do</strong>u a tomar assento à Mesa daPresidência o Senhor Deputa<strong>do</strong> Van<strong>de</strong>rlei Macris, queteceu comentários sobre a importância da instalação <strong>de</strong>staCPI. Em seguida, o Deputa<strong>do</strong> Alberto Calvo indagou aosmembros efetivos se havia alguma indicação para o cargo<strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte. Pela or<strong>de</strong>m, o Deputa<strong>do</strong> Nabi Abi Chedidindicou o Deputa<strong>do</strong> Dimas Ramalho. Não haven<strong>do</strong> maisnenhuma indicação, em votação, foi, por unanimida<strong>de</strong> <strong>de</strong>votos, eleito para a Presidência <strong>de</strong>sta Comissão oDeputa<strong>do</strong> Dimas Ramalho. Este, em seguida, assumiu aPresidência, agra<strong>de</strong>ceu aos seus pares a confiança por eles<strong>de</strong>monstrada ao apoiar a sua indicação e teceu comentáriosacerca <strong>do</strong>s objetivos e das responsabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>steórgão técnico. Em seguida, o Senhor Presi<strong>de</strong>nte iniciou oprocedimento <strong>de</strong> eleição <strong>do</strong> Vice-presi<strong>de</strong>nte. Pela or<strong>de</strong>m, aDeputada Rosmary Corrêa indicou para o cargo oDeputa<strong>do</strong> Elói Pietá. Não haven<strong>do</strong> mais nenhuma indicação,em votação, foi, por unanimida<strong>de</strong> <strong>de</strong> votos, eleito oSenhor Deputa<strong>do</strong> Elói Pietá para a Vice-presidênciaPresidência <strong>de</strong>sta Comissão. A seguir, em consonânciacom os parti<strong>do</strong>s com assento nesta Casa que propuseram ainstalação <strong>de</strong>sta CPI, foram <strong>de</strong>signa<strong>do</strong>s relatores osDeputa<strong>do</strong>s Renato Simões, Carlos Sampaio, Celso Tanauí ea Deputada Rosmary Corrêa. Foram aprova<strong>do</strong>s tambémrequerimentos solicitan<strong>do</strong> informações, audiências e apoioaos trabalhos <strong>de</strong>: Secretarias <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>, Presidência daALESP, Ministérios Fe<strong>de</strong>rais, Assembléias <strong>Legislativa</strong>s,Ministério Público Estadual e Fe<strong>de</strong>ral, Congresso Nacional,Po<strong>de</strong>r Judiciário Estadual e Fe<strong>de</strong>ral, Polícias Civil e Militar,Banco Central. Usaram da palavra durante a reunião osDeputa<strong>do</strong>s Van<strong>de</strong>rlei Macris, Dimas Ramalho, AlbertoCalvo, Jamil Murad, Milton Vieira, Conte Lopes, PedroTobias, Carlos Sampaio, Elói Pietá, Celso Tanauí, Nabi AbiChedid, Zuza Abdul Massih, Van<strong>de</strong>rlei Siraque, WalterFeldman, Campos Macha<strong>do</strong> e a Deputada Rosmary Corrêa.Em seguida, o Senhor Presi<strong>de</strong>nte suspen<strong>de</strong>u a reunião por<strong>de</strong>z minutos para a lavratura da presente ata. Reaberta areunião com o mesmo quorum, foi a mesma lida e aprovada.Nada mais haven<strong>do</strong> a tratar, o Senhor Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>clarouencerra<strong>do</strong>s os trabalhos, que foram grava<strong>do</strong>s peloServiço <strong>de</strong> Som, passan<strong>do</strong> seu inteiro teor, após transcrição,a fazer parte integrante <strong>de</strong>sta ata, que foi lavrada pormim, Otavio Augusto <strong>de</strong> Castro Freitas, Agente TécnicoLegislativo, que a assino após Sua Excelência.Plenário José Bonifácio, em 14.12.99a) Dimas Ramalho - Presi<strong>de</strong>ntea) Otavio Augusto <strong>de</strong> Castro Freitas - Secretário2.3. Ata da Terceira Reunião da CPI, realizada em 17<strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2.000, na qual foram fixadas diretrizes técnicaspara os trabalhos e <strong>de</strong>finidas as relatorias:ATA DA TERCEIRA REUNIÃO DA COMISSÃO PARLA-MENTAR DE INQUÉRITO CONSTITUÍDA COM A FINALIDA-DE DE APURAR ORGANIZAÇÕES QUE ATUAM NO NAR-COTRÁFICO NO ESTADO DE SÃO PAULO, SUASRELAÇÕES COM ROUBO DE CARGAS, ASSASSINATOS,LAVAGEM DE DINHEIRO E DEMAIS ATIVIDADES CRIMINO-SAS RELACIONADAS COM O NARCOTRÁFICO, ASSIMCOMO O ENVOLVIMENTO, A PARTICIPAÇÃO OUCOLABORAÇÃO DE AGENTES PÚBLICOS E ÓRGÃOSESTATAIS NAS AÇÕES DO TRÁFICO DE DROGAS, OCOR-RIDA NA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA DA DÉCIMAQUARTA LEGISLATURA.Aos <strong>de</strong>zessete dias <strong>do</strong> mês <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> <strong>do</strong>is mil, às<strong>de</strong>z horas, no Auditório Teotônio Vilela da Assembléia<strong>Legislativa</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, realizou-se a TerceiraReunião da Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito constituídacom a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apurar organizações que atuam no <strong>narcotráfico</strong>no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, suas relações com roubo<strong>de</strong> cargas, assassinatos, lavagem <strong>de</strong> dinheiro e <strong>de</strong>mais ativida<strong>de</strong>scriminosas relacionadas com o <strong>narcotráfico</strong>, assimcomo o envolvimento, a participação ou colaboração <strong>de</strong>agentes públicos e órgãos estatais nas ações <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong>drogas, ocorrida na Segunda Sessão <strong>Legislativa</strong>, daDécima Quarta Legislatura, sob a presidência <strong>do</strong> SenhorDeputa<strong>do</strong> Dimas Ramalho. Estiveram presentes a SenhoraDeputada Rosmary Corrêa e os Senhores Deputa<strong>do</strong>s JamilMurad, Milton Vieira, Conte Lopes, Pedro Tobias, Elói Pietá,Celso Tanauí, Nabi Abi Chedid, Renato Simões e WilsonMorais (substituto). Licencia<strong>do</strong> o Senhor Deputa<strong>do</strong> CarlosSampaio. Ausentes os Senhores Deputa<strong>do</strong>s Alberto Calvoe Zuza Abdul Massih. Presente, também, o SenhorDeputa<strong>do</strong> Van<strong>de</strong>rlei Siraque. Haven<strong>do</strong> número regimental,o Senhor Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>u início aos trabalhos, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong>dispensada, a pedi<strong>do</strong>s, a leitura da ata da reunião anterior,que foi consi<strong>de</strong>rada aprovada. A presente reunião foi convocadapara análise <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos, discussão <strong>do</strong> andamento<strong>do</strong>s trabalhos e planejamento das próximas ativida<strong>de</strong>s<strong>de</strong>sta CPI. Relativamente à visita aos órgãos públicos<strong>de</strong> Santos (Ministério Público, Po<strong>de</strong>r Judiciário, Polícia Civile Polícia Militar) realizada por membros <strong>de</strong>sta Comissão noúltimo dia 11 <strong>de</strong> fevereiro, os Senhores Deputa<strong>do</strong>s que láestiveram teceram consi<strong>de</strong>rações sobre a importância e oresulta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s encontros que tiveram naquela cida<strong>de</strong> para olevantamento <strong>de</strong> informações e da<strong>do</strong>s sobre o <strong>narcotráfico</strong>na região da Baixada Santista. Ficou <strong>de</strong>cidi<strong>do</strong> ainda oficiarà Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> da Segurança Pública e ao Tribunal<strong>de</strong> Justiça Militar <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> solicitan<strong>do</strong> informações<strong>de</strong> interesse <strong>de</strong>sta Comissão. A seguir, o SenhorPresi<strong>de</strong>nte suspen<strong>de</strong>u a reunião por vinte minutos paraque os Senhores Deputa<strong>do</strong>s pu<strong>de</strong>ssem discutir em caráterpriva<strong>do</strong> o teor <strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos e das informações emposse <strong>de</strong>sta CPI. Reaberta a reunião na hora aprazada ecom o mesmo quorum, <strong>de</strong>cidiu-se que a reunião passasse,nos termos regimentais, a ter caráter reserva<strong>do</strong>. Foi aprovada,por consenso, a divisão das investigações da CPI noEsta<strong>do</strong> em quatro áreas: 1 - Aeroportos, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>signa<strong>do</strong>relator o Deputa<strong>do</strong> Renato Simões. 2 - Portos (Santos e <strong>São</strong>Sebastião), sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> relator o Deputa<strong>do</strong> WilsonMorais. 3 - Fuga e transferência <strong>de</strong> traficantes das prisões,sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>signada relatora a Deputada Rosmary Corrêa. 4 -Rotas terrestres <strong>do</strong> <strong>narcotráfico</strong>, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> relator oDeputa<strong>do</strong> Celso Tanauí. Ficou <strong>de</strong>cidi<strong>do</strong> ainda o seguintecronograma para tratar <strong>de</strong> questões afetas a estaComissão: A - Visita <strong>de</strong> trabalho no próximo dia 18 <strong>de</strong> fevereiro,sexta-feira, <strong>de</strong> membros da CPI aos seguintes órgãospúblicos na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ribeirão Preto: Ministério Público,Po<strong>de</strong>r Judiciário, Polícia Civil, Polícia Militar e PolíciaFe<strong>de</strong>ral. B - Encontro <strong>de</strong> Trabalho <strong>de</strong> Deputa<strong>do</strong>s <strong>de</strong>staComissão com os membros da CPI <strong>do</strong> Narcotráfico <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>LEGISLATIVOJornalista ResponsávelFlorestan Fernan<strong>de</strong>s Junior - MTb 14.232/52Gerente <strong>de</strong> Redação - Cláudio AmaralREDAÇÃORua João Antonio <strong>de</strong> Oliveira, 152CEP 03111-010 – <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>Telefone 6099-9800 - Fax 6099-9706http://www.imprensaoficial.com.bre-mail: imprensaoficial@imprensaoficial.com.brASSINATURAS – (11) 6099-9421 e 6099-9626PUBLICIDADE LEGAL – (11) 6099-9420 e 6099-9435VENDA AVULSA – EXEMPLAR DO DIA: R$ 2,55 — EXEMPLAR ATRASADO: R$ 5,14FILIAIS – CAPITAL• JUNTA COMERCIAL – (11) 3825-6101 - Fax (11) 3825-6573 - Rua Barra Funda, 836 - Rampa• POUPATEMPO/SÉ – (11) 3117-7020 - Fax (11) 3117-7019 - Pça <strong>do</strong> Carmo, snºFILIAIS - INTERIOR• ARAÇATUBA – Fone/Fax (18) 623-0310 - Rua Antonio João, 130• BAURU – Fone/Fax (14) 227-0954 - Pça. das Cerejeiras, 4-44• CAMPINAS– Fone (19) 3236-5354 - Fax (19) 3236-4707 - Rua Irmã Serafina, 97 - Bosque• MARÍLIA – Fone/Fax (14) 422-3784 - Av. Rio Branco, 803• PRESIDENTE PRUDENTE – Fone/Fax (18) 221-3128 - Av. Manoel Goulart, 2.109• RIBEIRÃO PRETO – Fone/Fax (16) 610-2045 - Av. 9 <strong>de</strong> Julho, 378• SÃO JOSÉ DO RIO PRETO – Fone/Fax (17) 234-3868 - Rua Macha<strong>do</strong> <strong>de</strong> Assis, 224 - Santa Cruz• SOROCABA – Fone/Fax (15) 233-7798 - Rua 7 <strong>de</strong> Setembro, 287 - 5º andar - Sala 51DIRETOR-PRESIDENTESérgio KobayashiDIRETOR VICE-PRESIDENTELuiz Carlos FrigerioDIRETORESIndustrial: Carlos NicolaewskyFinanceiro e Administrativo: Richard VainbergIMPRENSA OFICIAL DO ESTADO S.A. IMESPCNPJ 48.066.047/0001-84Inscr. Estadual - 109.675.410.118Se<strong>de</strong> e AdministraçãoRua da Mooca, 1.921 - CEP 03103-902 - SP(PABX) 6099-9800 - Fax (11) 6692-3503


D.O.E.; Po<strong>de</strong>r Legislativo, <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, 112 (117), sába<strong>do</strong>, 22 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2002 – SUPLEMENTO – 3Congresso Nacional no próximo dia 22 <strong>de</strong> fevereiro, terçafeira,em Brasília. Usaram da palavra, durante a reunião, aDeputada Rosmary Corrêa e os Deputa<strong>do</strong>s Jamil Murad,Milton Vieira, Conte Lopes, Pedro Tobias, Elói Pietá, CelsoTanauí e Renato Simões. Nada mais haven<strong>do</strong> a tratar, oSenhor Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>clarou encerra<strong>do</strong>s os trabalhos, queforam grava<strong>do</strong>s pelo Serviço <strong>de</strong> Som, passan<strong>do</strong> seu inteiroteor, após transcrição, a fazer parte integrante <strong>de</strong>sta ata,que foi lavrada por mim, Otavio Augusto <strong>de</strong> Castro Freitas,Agente Técnico Legislativo, que a assino após SuaExcelência.Aprovada em reunião <strong>de</strong> 16.3.2000a) Dimas Ramalho - Presi<strong>de</strong>ntea) Otavio Augusto <strong>de</strong> Castro Freitas - Secretário2.4. Ata da Vigésima Sétima Reunião da CPI, realizadaem 05 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2.000, na qual foi <strong>de</strong>finida a relatoriageralATA DA VIGÉSIMA SÉTIMA REUNIÃO DA COMISSÃOPARLAMENTAR DE INQUÉRITO CONSTITUÍDA COM AFINALIDADE DE APURAR ORGANIZAÇÕES QUE ATUAMNO NARCOTRÁFICO NO ESTADO DE SÃO PAULO, SUASRELAÇÕES COM ROUBO DE CARGAS, ASSASSINATOS,LAVAGEM DE DINHEIRO E DEMAIS ATIVIDADES CRIMINO-SAS RELACIONADAS COM O NARCOTRÁFICO, ASSIMCOMO O ENVOLVIMENTO, A PARTICIPAÇÃO OUCOLABORAÇÃO DE AGENTES PÚBLICOS E ÓRGÃOSESTATAIS NAS AÇÕES DO TRÁFICO DE DROGAS, OCOR-RIDA NA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA DA DÉCIMAQUARTA LEGISLATURA.Aos cinco dias <strong>do</strong> mês <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> <strong>do</strong>is mil, às <strong>de</strong>zhoras, no Plenário D. Pedro I da Assembléia <strong>Legislativa</strong> <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, realizou-se a Vigésima SétimaReunião da Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito constituídacom a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apurar organizações que atuam no <strong>narcotráfico</strong>no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, suas relações com roubo<strong>de</strong> cargas, assassinatos, lavagem <strong>de</strong> dinheiro e <strong>de</strong>mais ativida<strong>de</strong>scriminosas relacionadas com o <strong>narcotráfico</strong>, assimcomo o envolvimento, a participação ou colaboração <strong>de</strong>agentes públicos e órgãos estatais nas ações <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong>drogas, ocorrida na Segunda Sessão <strong>Legislativa</strong>, daDécima Quarta Legislatura, sob a Presidência <strong>do</strong> SenhorDeputa<strong>do</strong> Dimas Ramalho. Estiveram presentes a SenhoraDeputada Rosmary Corrêa e os Senhores Deputa<strong>do</strong>s ConteLopes, Jamil Murad, Renato Simões, Pedro Tobias, CelsoTanauí e Wilson Morais (substituto). Licencia<strong>do</strong> o SenhorDeputa<strong>do</strong> Carlos Sampaio. Ausente por motivo justifica<strong>do</strong>o Senhor Deputa<strong>do</strong> Milton Vieira. Ausentes os SenhoresDeputa<strong>do</strong>s Nabi Abi Chedid,Alberto Calvo e Elói Pietá.Haven<strong>do</strong> número regimental, o Senhor Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>u inícioaos trabalhos, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> dispensada, a pedi<strong>do</strong>s, a leiturada ata da reunião anterior, que foi consi<strong>de</strong>rada aprovada.A seguir, o Senhor Presi<strong>de</strong>nte passou a palavra aosSenhores Deputa<strong>do</strong>s que teceram consi<strong>de</strong>rações acerca<strong>do</strong>s trabalhos e <strong>do</strong>s próximos passos <strong>de</strong>sta CPI. Decidiu-se,ainda, pela <strong>de</strong>signação <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Renato Simões comoRelator Geral da Comissão. Durante a reunião, foram aprova<strong>do</strong>sos respectivos encaminhamentos: 1 - Convocaçãodas seguintes pessoas para, em data oportuna, serem ouvidaspor esta CPI: Inspetor José Roberto Rodrigues Barbosa(Diretor da Receita Fe<strong>de</strong>ral no aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos),Inspetor Marcos Bessa Nisti (Diretor da Receita Fe<strong>de</strong>ral noaeroporto <strong>de</strong> Campinas), Alexandre Feiroz (Auditor Fiscalda Receita Fe<strong>de</strong>ral em Santos), Nilton Rego <strong>de</strong> Barros(Despachante Aduaneiro <strong>de</strong> Santos), <strong>Paulo</strong> César <strong>de</strong> AraújoPereira, Joaquim Arnal<strong>do</strong> da Silva Neto, AgamenonMonteiro <strong>de</strong> Souza (vulgo “Ceará”), Val<strong>de</strong>nor Marchezan eApareci<strong>do</strong> Donizete Muniz. 2 - Convite ao senhor <strong>Paulo</strong> GilHölck Introíni (Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Sindicato Nacional <strong>do</strong>sAuditores Fiscais da Receita Fe<strong>de</strong>ral - UNAFISCO) para, emdata oportuna, ser ouvi<strong>do</strong> por esta CPI. 3 - Expedição <strong>de</strong>ofícios à Procura<strong>do</strong>ria Geral <strong>de</strong> Justiça, Tribunal <strong>de</strong> Justiça<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, Câmara Municipal, Fórum ePrefeitura <strong>do</strong> Município <strong>de</strong> <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto, encaminhan<strong>do</strong>voto <strong>de</strong> congratulação e apoio aos trabalhos<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s pelo Excelentíssimo Senhor Juiz <strong>de</strong> DireitoDr. Emílio Migliano e pelos Excelentíssimos SenhoresPromotores <strong>de</strong> Justiça Dr. Marco Antonio Lélis, Dr. FábioMiskulin e Dr. Sérgio Acaiaba <strong>de</strong> Tole<strong>do</strong> - to<strong>do</strong>s <strong>do</strong> grupo<strong>de</strong> combate ao <strong>narcotráfico</strong> em <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto.Logo após, ten<strong>do</strong> em vista o teor <strong>do</strong>s assuntos a serem trata<strong>do</strong>s,<strong>de</strong>cidiu-se que a reunião passasse, nos termos regimentais,a ter caráter reserva<strong>do</strong>. Usaram da palavra aDeputada Rosmary Corrêa e os Deputa<strong>do</strong>s Renato Simões,Pedro Tobias, Celso Tanauí e Wilson Morais. Nada maishaven<strong>do</strong> a tratar, o Senhor Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>clarou encerra<strong>do</strong>sos trabalhos, que foram grava<strong>do</strong>s pelo Serviço <strong>de</strong> Som,passan<strong>do</strong> seu inteiro teor, após transcrição, a fazer parteintegrante <strong>de</strong>sta ata, que foi lavrada por mim, OtavioAugusto <strong>de</strong> Castro Freitas, Agente Técnico Legislativo, quea assino após Sua Excelência.Aprovada em reunião <strong>de</strong> 8.11.00.a) Dimas Ramalho - Presi<strong>de</strong>ntea) Otavio Augusto <strong>de</strong> Castro Freitas - Secretário3. ATIVIDADESDESENVOLVIDASAprovada em 03 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1999, a presenteComissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito foi constituída com afinalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apurar organizações que atuam no <strong>narcotráfico</strong>no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, suas relações com roubo <strong>de</strong>cargas, assassinatos, lavagem <strong>de</strong> dinheiro e <strong>de</strong>mais ativida<strong>de</strong>scriminosas relacionadas com o <strong>narcotráfico</strong>, assimcomo o envolvimento, a participação ou colaboração <strong>de</strong>agentes públicos e órgãos estatais nas ações <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong>drogas.Instalada em 14 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1.999, esta CPI iniciouseus trabalhos em 1o. <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2.000, ao final <strong>do</strong>recesso parlamentar. No primeiro mês <strong>de</strong> trabalho, a CPIorganizou suas priorida<strong>de</strong>s e metas <strong>de</strong> investigação.Decidiu-se por uma divisão temática, e não geográfica: oobjetivo primordial da CPI seria menos traçar um enfrentamento<strong>do</strong> <strong>narcotráfico</strong> em cada região <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> e maisconcentrar suas preocupações na busca <strong>de</strong> um diagnóstico<strong>do</strong> papel <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> no tráfico internacional <strong>de</strong>drogas e da atuação das instituições com a responsabilida<strong>de</strong>constitucional e legal <strong>de</strong> combater o <strong>narcotráfico</strong> <strong>de</strong>forma permanente, contribuin<strong>do</strong> com proposições que permitamum aperfeiçoamento das políticas <strong>de</strong> prevenção erepressão ao merca<strong>do</strong> ilícito da droga.Ao longo <strong>de</strong>stes 16 (<strong>de</strong>zesseis) meses em que se<strong>de</strong>senvolveram os trabalhos, foram realizadas 30 (trinta)Sessões nesta Casa, nas quais foram colhi<strong>do</strong>s 98 (noventae oito) <strong>de</strong>poimentos. A Comissão realizou ainda audiênciaspúblicas nas Cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Santos (11 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2.000) eem <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto (09 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2.000), naqual proce<strong>de</strong>u ao levantamento <strong>de</strong> informações e da<strong>do</strong>ssobre o <strong>narcotráfico</strong> na região, realizan<strong>do</strong> visitas a diversosórgãos públicos naquelas cida<strong>de</strong>s, além da oitiva <strong>de</strong><strong>de</strong>poentes e o recebimento <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos entreguespelas autorida<strong>de</strong>s locais.Foram realiza<strong>do</strong>s, ainda, <strong>do</strong>is <strong>de</strong>bates com a finalida<strong>de</strong><strong>de</strong> subsidiar os trabalhos <strong>de</strong>ste órgão técnico: em 31 <strong>de</strong>agosto <strong>de</strong> 2.000 e em 19 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2.000, com a participação<strong>de</strong> sindicalistas, policiais estaduais e fe<strong>de</strong>rais, quetraçaram um perfil da atuação das instituições nos aeroportosinternacionais e no Porto <strong>de</strong> Santos.Em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> seus trabalhos, foram instaura<strong>do</strong>scerca <strong>de</strong> 27 (vinte e sete) inquéritos policiais, além da prisão<strong>de</strong> 22 (vinte e duas) pessoas e apreensão <strong>de</strong> inúmeros<strong>do</strong>cumentos que, mais <strong>do</strong> que propiciar a responsabilizaçãocriminal <strong>do</strong>s diversos envolvi<strong>do</strong>s, possibilitaram<strong>de</strong>monstrar uma face significativa <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> atuar <strong>do</strong> tráfico<strong>de</strong> entorpecentes no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>.Foram expedi<strong>do</strong>s 542 (quinhentos e quarenta e <strong>do</strong>is)ofícios aos diversos órgãos públicos, que resultaram nos95 (noventa e cinco) volumes que permitiu um acervo consi<strong>de</strong>rável<strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos, hoje à disposição <strong>de</strong>sta Casa.Foram <strong>de</strong>claradas as quebras <strong>de</strong> sigilo bancário, telefônicoe fiscal <strong>de</strong> 11 (onze) pessoas, além <strong>do</strong> acompanhamento<strong>de</strong> diligências policiais e outras ativida<strong>de</strong>s realizadasnas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Atibaia, Santos, <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto,Ipiguá, Palestina, Mirassol d’Oeste (MT), Cuiabá (MT),Maricá (RJ), Niterói (RJ), Barueri, <strong>São</strong> Sebastião e <strong>São</strong><strong>Paulo</strong>.Dada a abrangência <strong>de</strong> seu objeto, esta Comissãooptou por distribuir os trabalhos em quatro sub-relatorias,a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> como méto<strong>do</strong> as gran<strong>de</strong>s “faces” <strong>de</strong>sta ativida<strong>de</strong>:1 - o Transporte Aéreo da Droga, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> relatoro Deputa<strong>do</strong> Renato Simões. 2 - Portos (Santos e <strong>São</strong>Sebastião), sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> relator o Deputa<strong>do</strong> WilsonMorais. 3 - Fuga e transferência <strong>de</strong> traficantes das prisões,sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>signada relatora a Deputada Rosmary Corrêa. 4 -Rotas terrestres <strong>do</strong> <strong>narcotráfico</strong>, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> relator oDeputa<strong>do</strong> Celso Tanauí.O presente Relatório Final, sistematiza<strong>do</strong> peloDeputa<strong>do</strong> Renato Simões, apresenta os principais aspectos<strong>do</strong>s Relatórios Parciais apresenta<strong>do</strong>s pelos senhoresDeputa<strong>do</strong>s.No encerramento <strong>de</strong> seus trabalhos, esta CPI prestahomenagem ao investiga<strong>do</strong>r <strong>de</strong> polícia Luciano Sturba,integrante da equipe <strong>do</strong> GERCO - Grupo Especial <strong>de</strong>Repressão ao Crime organiza<strong>do</strong>, <strong>do</strong> DENARC, <strong>de</strong>signa<strong>do</strong>para assessorar esta Comissão nas investigações relatadasnas páginas 107 a 129 (o caso Atibaia).Piloto <strong>de</strong> aeronaves, Sturba foi escolhi<strong>do</strong> para comporeste grupo por sua experiência na área e pelo perfil qualifica<strong>do</strong><strong>de</strong> sua ação como investiga<strong>do</strong>r <strong>de</strong> polícia. Na noite <strong>do</strong>dia 20 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2000, na véspera <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>r viagempara diligências em busca <strong>de</strong> empresários <strong>de</strong> Atibaia, entãoforagi<strong>do</strong>s, Sturba foi assassina<strong>do</strong> por um grupo <strong>de</strong> oitopessoas que pretensamente o <strong>do</strong>minaram e invadiram suacasa, no Jardim Prudência, em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, para roubá-lo.No entanto, pouquíssimos pertences foram leva<strong>do</strong>s e ascaracterísticas da execução <strong>do</strong> investiga<strong>do</strong>r motivaram estaCPI a realizar várias audiências com o objetivo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificara autoria e as motivações <strong>de</strong>ste bárbaro crime.Alguns <strong>do</strong>s integrantes <strong>do</strong> grupo assassino foram presosem ações que envolveram policiais <strong>de</strong> várias unida<strong>de</strong>s,em particular <strong>do</strong> DEPATRI. Ouvi<strong>do</strong>s pela CPI, um <strong>do</strong>s a<strong>do</strong>lescentesque integravam o grupo mencionou que outro <strong>de</strong>seus integrantes havia comenta<strong>do</strong> ter recebi<strong>do</strong> cerca <strong>de</strong>trinta mil reais para cometer o crime. Em juízo, essa informaçõesprestada à CPI não foi confirmada. Con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s,quatro <strong>de</strong>les à revelia, ainda permanece a dúvida sobre asmotivações <strong>de</strong>sse grupo e a luta <strong>de</strong> sua família pelo fim daimpunida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s que ainda não foram localiza<strong>do</strong>s e presospor este crime.Essa CPI, ao mesmo tempo em que presta sua homenagema esse policial, recomenda à Comissão Permanente<strong>de</strong> Segurança Pública <strong>de</strong>sta casa e ao Ministério PúblicoEstadual <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> que continuem acompanhan<strong>do</strong> essecaso, assistin<strong>do</strong> à família Sturba em sua busca por Justiçae honran<strong>do</strong> a memória <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os policiais vítimas <strong>de</strong> gruposcriminosos no exercício <strong>de</strong> suas funções.4. ANÁLISE DAS INSTITUIÇÕESFEDERAIS E ESTADUAIS4.1. INTEGRAÇAO DAS POLÍCIAS FEDERAL E ESTA-DUAIS4.1.1. INTRODUÇÃO: OS DESAFIOS DA QUALI-FICAÇÃO DAS POLÍCIAS ESTADUAIS PARA O COMBATEAO NARCOTRÁFICO“DEPOIS DA CRIAÇÃO DA CPI,VERIFICAMOS QUE TÍNHAMOS CONDIÇÕESDE CHEGAR A UM PATAMAR SUPERIOR DE TRAFI-CANTES.Conseguimos organizar, através <strong>do</strong> GERCO,<strong>de</strong>ssa investigação que fizemos em Atibaia,e verificamos que realmente há muitos traficantesescondi<strong>do</strong>s,que estão atrás das cortinas e que agora começaram aemergir.Isso foi muito importante para nós.E nos permitiu verificar que temos capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> chegaraté eles”.(Dr .Ubiraci Pires da Silva, Divisionário <strong>do</strong> DENARC,em <strong>de</strong>poimento à CPI em 30 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2000).Em 1988, a nova Constituição da República fixou, emseu artigo 144, parágrafo 1o., inciso II, as normas para aprevenção e repressão ao tráfico <strong>de</strong> drogas: “Parágrafo 1o.- A Polícia Fe<strong>de</strong>ral, instituída por Lei como órgão permanente,estruturada em carreira, <strong>de</strong>stina-se: II - prevenir ereprimir o tráfico ilícito <strong>de</strong> substâncias entorpecentes e drogasafins, o contraban<strong>do</strong> e o <strong>de</strong>scaminho, sem prejuízo daação fazendária e <strong>de</strong> outros órgãos públicos, nas respectivasáreas <strong>de</strong> competência”.Uma divisão <strong>de</strong> tarefas entre a União e as Unida<strong>de</strong>sFe<strong>de</strong>radas, estabelecida através <strong>de</strong> convênios para atuaçãoconjunta das polícias fe<strong>de</strong>ral e estaduais antes <strong>de</strong>ste novotexto constitucional (que será objeto <strong>de</strong> análise específica<strong>de</strong>sta CPI), <strong>de</strong>legou aos esta<strong>do</strong>s o combate ao tráfico interno<strong>de</strong> entorpecentes, fican<strong>do</strong> a cargo da Polícia Fe<strong>de</strong>ral arepressão ao tráfico internacional.Às Polícias Estaduais, consoli<strong>do</strong>u-se nesta divisão <strong>de</strong>tarefas o enfrentamento <strong>do</strong> problema na ponta <strong>do</strong> varejo.Não é à toa que a gran<strong>de</strong> maioria <strong>do</strong>s con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s por tráfico<strong>de</strong> drogas em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> po<strong>de</strong>m ser cataloga<strong>do</strong>s comomicro ou pequenos traficantes. Estes que lotam nosso sistemacarcerário e penitenciário são atingi<strong>do</strong>s na maiorparte <strong>do</strong>s casos por prisões em flagrante, efetuadas porpoliciais militares e civis, normalmente através <strong>de</strong> <strong>de</strong>núnciasanônimas ou “blitze” realizadas em operações rotineiras<strong>de</strong> controle junto a pontos <strong>de</strong> venda e consumo.Uma atuação mais qualificada, voltada para a ponta<strong>do</strong> ataca<strong>do</strong> <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> ilícito das drogas, <strong>de</strong>stinada agran<strong>de</strong>s apreensões e à prisão <strong>de</strong> médios e gran<strong>de</strong>s traficantes,ficaria reservada à Polícia Fe<strong>de</strong>ral. Neste senti<strong>do</strong>,esta CPI recebe com satisfação o comentário <strong>do</strong>Delega<strong>do</strong> Divisionário <strong>do</strong> DENARC, que abre esse capítulo,por <strong>de</strong>monstrar que é possível, e mais que possível,necessário, que a ação da Polícia Civil dê um salto <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong> para a incorporação <strong>de</strong> novas tecnologias eméto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investigação, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a colaborar, <strong>de</strong> formamais eficiente, nos limites <strong>de</strong> sua competência constitucionale legal, para o combate ao tráfico <strong>de</strong> drogas noesta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>.4.1.2. NOTAS SOBRE A ESTRUTURA DO DENARC EDA POLÍCIA CIVILCria<strong>do</strong> pelo <strong>de</strong>creto n. 27.409, <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong>1987, o Departamento Estadual <strong>de</strong> Investigações sobreNarcóticos (DENARC) se constitui na principal estrutura daPolícia Civil <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> para o combate ao <strong>narcotráfico</strong>.De acor<strong>do</strong> com informações prestadas a esta CPI, oDENARC foi responsável, no ano <strong>de</strong> 1999, por 1.177 flagrantes<strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> entorpecentes, com a apreensão <strong>de</strong>aproximadamente 460 quilos <strong>de</strong> cocaína e 1.390 quilos <strong>de</strong>maconha. No ano <strong>de</strong> 2000, foram efetua<strong>do</strong>s 1.038 flagrantes<strong>de</strong> tráfico, com a apreensão <strong>de</strong> 7,99 toneladas <strong>de</strong> maconhae 566,9 quilos <strong>de</strong> cocaína apreendidas. De acor<strong>do</strong> o<strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> seu Diretor, Dr. Marco Antonio MartinsRibeiro <strong>de</strong> Campos, a esta CPI, no dia 3 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong>2.000, o efetivo era muito pequeno: 26 <strong>de</strong>lega<strong>do</strong>s, com 210investiga<strong>do</strong>res no serviço interno e 154 operacionais, paraaten<strong>de</strong>r a to<strong>do</strong> o território paulista.Atualmente o DENARC se estrutura em cinco divisões:a) o GAPE - GRUPO DE APOIO E PROTEÇÃO À ESCO-LA, que tem por objetivo apoiar e proteger as escolas,reprimin<strong>do</strong> especificamente o <strong>narcotráfico</strong> nas imediações<strong>do</strong>s estabelecimentos <strong>de</strong> ensino, particulares e públicos.Faz visitas regulares às escolas, orientan<strong>do</strong> os srs.Diretores e professores quanto ao subsídio <strong>de</strong> informaçõesque são <strong>de</strong> interesse policial;b) a DISE - DIVISÃO DE INVESTIGAÇÕES SOBREENTORPECENTES, que cuida da repressão ao tráfico ilícitoe uso in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong> drogas, ten<strong>do</strong> basicamente a capitalcomo sua área <strong>de</strong> operações, embora atue, por força dasinvestigações <strong>de</strong>senvolvidas, em to<strong>do</strong> o esta<strong>do</strong>. Possui umplantão permanente, on<strong>de</strong> apenas são efetiva<strong>do</strong>s flagrantesda lei <strong>de</strong> uso e tráfico <strong>de</strong> drogas, com ênfase no tráfico;c) a DIAP - DIVISÃO DE INTELIGÊNCIA E APOIO POLI-CIAL, criada em janeiro <strong>de</strong> 1995, com atribuições <strong>de</strong> coletar,processar e difundir informações <strong>de</strong> sua área <strong>de</strong> formação,manten<strong>do</strong> intercâmbios com entida<strong>de</strong>s particulares,órgãos públicos fe<strong>de</strong>rais, estaduais e municipais, promoven<strong>do</strong>,em regime <strong>de</strong> cooperação com as polícias locais, arepressão sistemática ao tráfico <strong>de</strong> drogas na Gran<strong>de</strong> <strong>São</strong><strong>Paulo</strong> e no interior <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>;d) a DIPE - DIVISÃO DE PREVENÇÃO E EDUCAÇÃO,que tem por atribuição o relacionamento com o públicoexterno, visan<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolver programas e cursos <strong>de</strong> prevençãoao uso in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong> entorpecentes ou que <strong>de</strong>terminem<strong>de</strong>pendência física ou psíquica, elaborar convênios eencaminhar <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes a orientação ou tratamento;e) Assistência Policial.Há ainda, no interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, 52 (cinqüenta e duas)Delegacias <strong>de</strong> Polícia <strong>de</strong> Investigações sobre Entorpecentes(DISEs), vinculadas diretamente, através das DelegaciasSeccionais <strong>de</strong> Polícia, aos Departamentos <strong>de</strong> PolíciaJudiciária <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> - Interior (DEINTERs), com atribuiçãopara a repressão ao <strong>narcotráfico</strong> em suas respectivasáreas territoriais, além da ação cotidiana efetuada pelaPolícia Militar e pelas Delegacias <strong>de</strong> Polícia. <strong>São</strong> elas:a) no DEINTER 1 (<strong>São</strong> José <strong>do</strong>s Campos): Cruzeiro,Guaratinguetá, Jacareí, <strong>São</strong> José <strong>do</strong>s Campos, <strong>São</strong>Sebastião e Taubaté;b) no DEINTER 2 (Campinas): Americana, BragançaPaulista, Campinas, Casa Branca, Jundiaí, Limeira, Mogi-Guaçu, Piracicaba, Rio Claro e <strong>São</strong> João da Boa Vista;c) no DEINTER 3 (Ribeirão Preto): Araraquara, Barretos,Bebe<strong>do</strong>uro, Franca, Ribeirão Preto, <strong>São</strong> Carlos, <strong>São</strong>Joaquim da Barra e Sertãozinho;d) no DEINTER 4 (Bauru): Adamantina, Assis, Bauru,Dracena, Jaú, Lins, Marília, Ourinhos, Pres. Pru<strong>de</strong>nte, Pres.Venceslau e Tupã;e) no DEINTER 5 (<strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto): Andradina,Araçatuba, Catanduva, Fernandópolis, Jales, NovoHorizonte, <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto e Votuporanga;f) no DEINTER 6 (Santos): Itanhaém, Jacupiranga,Registro e Santos;g) no DEINTER 7 (Sorocaba): Avaré, Botucatu,Itapetininga, Itapeva e Sorocaba;h) no DEMACRO (Gran<strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>): Guarulhos, Mogidas Cruzes, Osasco, Santo André e Taboão da Serra. Estãopara ser instaladas na área <strong>do</strong> DEMACRO as DISEs <strong>de</strong>Carapicuíba, Dia<strong>de</strong>ma e Franco da Rocha.No total, essas 52 (cinqüenta e duas) DISEs dispõem<strong>de</strong> um efetivo <strong>de</strong> 69 (sessenta e nove) <strong>de</strong>lega<strong>do</strong>s <strong>de</strong> polícia,117 (cento e <strong>de</strong>zessete) escrivães <strong>de</strong> polícia, 328 (trezentose vinte e oito) investiga<strong>do</strong>res <strong>de</strong> polícia, 01 (um) auxiliar <strong>de</strong>papiloscopista policial, 04 (quatro) agentes <strong>de</strong> telecomunicaçõespoliciais, 06 (seis) carcereiros, 49 (quarenta e nove)agentes policiais e 01 (um) <strong>de</strong>senhista técnico pericial.De acor<strong>do</strong> com o <strong>de</strong>creto n. 44.448, <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong> novembro<strong>de</strong> 1999, em seu artigo 28, compete aos Delega<strong>do</strong>sTitulares das Delegacias <strong>de</strong> Polícia <strong>de</strong> Investigações sobreEntorpecentes (DISEs), em suas respectivas áreas <strong>de</strong> atuação:“I - dirigir e executar as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> suas respectivasunida<strong>de</strong>s; II - <strong>de</strong>spachar as petições iniciais; III - executarpermanente fiscalização, quanto aos aspectos formal, <strong>de</strong>mérito e <strong>de</strong> técnica empregada, sobre as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> seussubordina<strong>do</strong>s; e IV - representar ao superior hierárquico asnecessida<strong>de</strong>s da unida<strong>de</strong> policial, indican<strong>do</strong> alternativaspara o seu funcionamento”.A relação <strong>do</strong> DENARC com as DISEs, vem disciplinadano Decreto n. 39.918, <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1995 que criou aDIAP-Divisão <strong>de</strong> Inteligência e Apoio Policial, subordinadadiretamente ao DENARC. De conformida<strong>de</strong> com o dispostono artigo 3o <strong>do</strong> cita<strong>do</strong> <strong>de</strong>creto, compete à DIAP assessoriar,colaborar e participar <strong>de</strong> ações conjuntas, com asDelegacias <strong>de</strong> Investigações sobre entorpecentes, <strong>do</strong> entãoDepartamento das Delegacias Regionais <strong>de</strong> Polícia <strong>de</strong> <strong>São</strong><strong>Paulo</strong> Interior - DERIN, <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> PolíciaJudiciária da Macro <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> - DEMACRO e <strong>de</strong>mais unida<strong>de</strong>spoliciais <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, <strong>de</strong>vidamente autorizada peloDiretor <strong>do</strong> Departamento, visan<strong>do</strong> a repressão ao tráfico <strong>de</strong>drogas.Além <strong>de</strong> pequena, toda essa estrutura da Polícia Civilpa<strong>de</strong>ce <strong>de</strong> <strong>do</strong>is problemas levanta<strong>do</strong>s por essa CPI, estampa<strong>do</strong>snos seguintes trechos <strong>do</strong> <strong>de</strong>poimento <strong>do</strong> diretor <strong>do</strong>DENARC, Delega<strong>do</strong> Marco Antonio Martins Ribeiro <strong>de</strong>Campos, presta<strong>do</strong> em 2 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2.000 (citação abaixo,entre aspas):a) a falta <strong>de</strong> meios técnicos para a realização das diligênciasnecessárias, particularmente no interior <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>:“Hoje posso afirmar que infelizmente o crime organiza<strong>do</strong>está se instalan<strong>do</strong> no interior... Tenho algumas diligênciassen<strong>do</strong> realizadas no interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Os colegas não têmmeios, não têm como fazer as investigações, porque sãoconheci<strong>do</strong>s na área, para fazer uma campana, os policiaissão to<strong>do</strong>s conheci<strong>do</strong>s... Tenho algumas investigaçõessen<strong>do</strong> realizadas no interior, equipes <strong>do</strong> interior, porquerealmente os colegas não têm condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolverum trabalho eficiente e precisam portanto <strong>do</strong> apoio tático<strong>do</strong> DENARC. Daí uma proposta que a gente vem fazen<strong>do</strong>no senti<strong>do</strong> da integração. É a interligação ‘on line’ operacionaldas <strong>de</strong>legacias <strong>de</strong> entorpecentes com o DENARC. Asinformações têm que vir diretamente; as informações nãopo<strong>de</strong>m ser repassadas para outros setores da administração.Dá-se conhecimento público e isso não é bom. To<strong>do</strong>serviço relaciona<strong>do</strong> ao tráfico <strong>de</strong> drogas tem que ser absolutamentesigiloso”;b) e a falta <strong>de</strong> relação institucional a<strong>de</strong>quada para a circulação<strong>de</strong> informações no interior da própria Polícia Civil:“Há integração operacional com as DISEs? Não existe. <strong>São</strong>in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. As informações sobre o trabalho <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>pelas DISEs são transmiti<strong>do</strong>s <strong>de</strong>pois para inserção nobanco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> DENARC, mas não há integração operacional...Os casos concretos eu recebo, casos concretos, osflagrantes lavra<strong>do</strong>s, etc. Mas os informes, que são importantespara a investigação, esses não chegam não... Háuma necessida<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>, urgente, premente <strong>de</strong> que se façaessa integração. Até para que se <strong>de</strong>senvolva um trabalhomelhor nessa área da repressão.”4.1.3. AS RELAÇÕES DA POLÍCIA PAULISTA COM APOLÍCIA FEDERALEm 03 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1987, os então Ministro daJustiça, <strong>Paulo</strong> Brossard, e Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong><strong>Paulo</strong>, André Franco Montoro, assinaram o convênio entrea União e o Esta<strong>do</strong> pela qual “fica <strong>de</strong>legada ao Esta<strong>do</strong> competênciaconcorrente para a execução, em seu território,<strong>do</strong>s serviços <strong>de</strong> prevenção e repressão aos crimes <strong>de</strong> tráficoilícito e uso in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong> substâncias entorpecentes ouque <strong>de</strong>terminam <strong>de</strong>pendência química ou psíquica, ressalva<strong>do</strong>so tráfico internacional e as infrações cuja práticatenha repercussão inter-estadual e exija repressão uniforme,os quais se inserem na competência exclusiva <strong>do</strong>Departamento <strong>de</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral”.Esse é o instrumento jurídico que ainda norteia, passa<strong>do</strong>squase 20 anos, as relações entre as Polícias Fe<strong>de</strong>ral eEstaduais, no combate ao <strong>narcotráfico</strong>. Conforme se verificaempiricamente, o crime organiza<strong>do</strong> se tornou cada vezmais complexo, o tráfico <strong>de</strong> drogas se interligou com crimes<strong>de</strong> outras naturezas (muitos <strong>de</strong>les <strong>de</strong> alçada estadual<strong>de</strong> investigação, como roubo <strong>de</strong> cargas, roubo <strong>de</strong> aeronaves,falsificação <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos públicos e priva<strong>do</strong>s, entreoutros), mas o marco institucional <strong>do</strong> combate <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>Nacional e das Unida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>radas permanece o mesmo.O presente convênio trata <strong>de</strong> forma anacrônica um <strong>do</strong>s elementoscentrais <strong>do</strong> combate ao <strong>narcotráfico</strong> neste atualmomento, o fluxo <strong>de</strong> informações qualificadas, e estabeleceuma participação subalterna e periférica ao sistemaestadual <strong>de</strong> segurança pública nas estratégicas <strong>de</strong> repressãoao tráfico <strong>de</strong> drogas.Pelo convênio em vigor, o Esta<strong>do</strong> fica encarrega<strong>do</strong> <strong>de</strong>quinze obrigações relacionadas ao varejo da ativida<strong>de</strong>repressiva <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas, enquanto que a Uniãoretribui com apenas duas obrigações. O fluxo <strong>de</strong> informaçõesé unidirecional, <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> para a União, sem que seestabeleça uma qualificação das informações a cargo dasPolícias Estaduais pela estrutura e acesso a da<strong>do</strong>s policiaisinternacionais <strong>de</strong>ti<strong>do</strong>s pela Polícia Fe<strong>de</strong>ral. Essa é, com certeza,uma das causas <strong>do</strong> atraso tecnológico e humano dasPolícias Estaduais paulistas i<strong>de</strong>ntificadas por esta CPI comoum <strong>do</strong>s problemas centrais constitutivos da <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> daação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> frente ao crescimento <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong>,em particular <strong>do</strong> <strong>narcotráfico</strong>.Embora a cláusula sexta <strong>do</strong> convênio em tela prevejaque “as partes convenentes trabalharão em perfeito entrosamentoe prestar-se-ão auxílio recíproco, sempre que solicita<strong>do</strong>,inclusive para a realização <strong>de</strong> exames toxicológicose <strong>de</strong>mais perícias indispensáveis ao esclarecimento <strong>do</strong>sfatos pertinentes”, na prática a cooperação da União ficarestrita a <strong>do</strong>is elementos quase que burocráticos:a) “fornecer ao Esta<strong>do</strong> toda a legislação e normas queregulam e orientam a execução <strong>do</strong>s encargos relaciona<strong>do</strong>scom a matéria, bem como os formulários mo<strong>de</strong>lo DRE-1 emapa estatístico mensal”(cláusula sétima);b) “o Departamento <strong>de</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral possibilitará aosfuncionários <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, incumbi<strong>do</strong>s da execução <strong>de</strong> serviços<strong>de</strong> repressão ao tráfico ilícito e uso in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong> substânciasentorpecentes que <strong>de</strong>terminam <strong>de</strong>pendência químicaou psíquica, sempre que necessário, a freqüência a cursos<strong>de</strong> aperfeiçoamento, a serem realiza<strong>do</strong>s pela Aca<strong>de</strong>miaNacional <strong>de</strong> Polícia” (cláusula décima).Em troca <strong>de</strong>sses <strong>do</strong>is serviços absolutamente periféricospresta<strong>do</strong>s pela União, o Esta<strong>do</strong> se obriga a executar osseguintes serviços, “em cooperação com a União”, conformea cláusula segunda <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> convênio:A. apurar os crimes <strong>de</strong> tráfico ilícito e uso in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong>drogas;B. apurar os <strong>de</strong>svios, furtos ou roubos <strong>de</strong> drogas, “ressalva<strong>do</strong>sos que ocorrem em transportes internacionais,inter-estaduais e em laboratórios produtores ou distribui<strong>do</strong>res,cuja apuração ficará a cargo <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong>Polícia Fe<strong>de</strong>ral”;C. prevenir infrações e executar os trabalhos <strong>de</strong> políciajudiciária;


4 – D.O.E.; Po<strong>de</strong>r Legislativo, <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, 112 (117), sába<strong>do</strong>, 22 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2002 – SUPLEMENTOD. <strong>de</strong>struir as plantas nativas ou cultivadas <strong>de</strong>scritas naLei n. 6368/76;E. organizar cadastro centraliza<strong>do</strong> <strong>de</strong> indivíduos suspeitosou indicia<strong>do</strong>s por tráfico e uso in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong> drogas;F. “observar o cumprimento <strong>de</strong> diretrizes da Divisão <strong>de</strong>Repressão a Entorpecentes <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> PolíciaFe<strong>de</strong>ral, em relação aos planos e programas <strong>de</strong> combate aotráfico e uso <strong>de</strong> drogas da União;G. trocar informações com as <strong>de</strong>mais autorida<strong>de</strong>s policiaise órgãos administrativos fe<strong>de</strong>rais e estaduais <strong>do</strong> país;H. manter cadastro atualiza<strong>do</strong> das empresas industriaisque produzem ou manipulam drogas, bem como laboratórios,drogarias atacadistas, <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> drogas e farmáciasque operam na área <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>;I. correspon<strong>de</strong>r-se com a Divisão <strong>de</strong> Repressão aEntorpecentes da Polícia Fe<strong>de</strong>ral para troca <strong>de</strong> informaçõese da<strong>do</strong>s.Às afirmações genéricas <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> informaçõespor parte da Polícia Fe<strong>de</strong>ral, o convênio acresce obrigaçõesbem <strong>de</strong>finidas por parte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> em sua cláusulaterceira:A) fornecer da<strong>do</strong>s informativos, em duas vias, sobrecasos registra<strong>do</strong>s <strong>de</strong> tráfico ou apreensão <strong>de</strong> drogas, “conformeo formulário DRE-1 e mapa estatístico mensal emanexo”;B) fornecer termo circunstancia<strong>do</strong> da <strong>de</strong>struição <strong>de</strong>plantas;C) fornecer informações sobre pessoas suspeitas e/ouindiciadas pela prática <strong>de</strong> tráfico ou uso in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong> drogas,bem como os locais <strong>de</strong> incidência <strong>de</strong>ssas ativida<strong>de</strong>s;D) fornecer informações sobre as empresas industriaisou comerciais que produzam ou manipulem substânciasentorpecentes na área <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.Trata-se, portanto, <strong>de</strong> uma divisão <strong>de</strong> tarefas em quecaberia à União, através da Polícia Fe<strong>de</strong>ral, o estabelecimentoda política nacional <strong>de</strong> combate ao <strong>narcotráfico</strong> (oque não se questiona, evi<strong>de</strong>ntemente), mas que relega aoEsta<strong>do</strong> a condição <strong>de</strong> simples fornece<strong>do</strong>r <strong>de</strong> matéria primapara as investigações mais estratégicas <strong>de</strong> combate às drogase a repressão ao micro e ao pequeno tráfico local <strong>de</strong>drogas.A rigor, o combate ao <strong>narcotráfico</strong> por órgãos estaduaisem esferas relacionadas ao médio e ao gran<strong>de</strong> traficantesfica, na prática, inviabilizada pelas <strong>de</strong>finições arcaicas<strong>do</strong> presente convênio. Afinal <strong>de</strong> contas, toda gran<strong>de</strong>carga <strong>de</strong> entorpecentes que circula em território paulista,seja nas ro<strong>do</strong>vias, nas pistas clan<strong>de</strong>stinas e aeroportos enos portos vem ou <strong>do</strong> exterior ou <strong>de</strong> outros esta<strong>do</strong>s, o que,por <strong>de</strong>finição, é competência da Polícia Fe<strong>de</strong>ral, como seafirma no item (B) da cláusula Segunda, já cita<strong>do</strong> anteriormente,ou ainda na cláusula quinta, que reza que “a cooperação<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> não exclui a competência da PoliciaFe<strong>de</strong>ral para a execução <strong>do</strong>s mesmos serviços. Ocorren<strong>do</strong>conflito <strong>de</strong> competência, a <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> PolíciaFe<strong>de</strong>ral excluirá a <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>”.Não se trata aqui <strong>de</strong> pleitear a mudança da atual legislaçãoem vigor sobre as competências legais <strong>de</strong> atuação daUnião e das Unida<strong>de</strong>s Fe<strong>de</strong>radas no combate ao <strong>narcotráfico</strong>,pois é evi<strong>de</strong>nte que o tráfico só po<strong>de</strong> ser enfrenta<strong>do</strong> eficazmenteno plano nacional e internacional, com evi<strong>de</strong>nteprotagonismo da União neste processo. O que se questionaé a ausência <strong>de</strong> uma atuação mais qualificada <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong>, inclusive assumin<strong>do</strong> parcelas <strong>de</strong> maior responsabilida<strong>de</strong>na execução <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> investigação sobre o<strong>narcotráfico</strong> e crimes com ele relaciona<strong>do</strong>s na sua área territorial,processan<strong>do</strong> as informações que chegam àsPolícias Estaduais por um setor <strong>de</strong> inteligência capaz <strong>de</strong>fazer frente às recentes e crescentes mudanças na organização<strong>do</strong> crime. O atual convênio, ao estabelecer uma via<strong>de</strong> mão única nas informações, relega o sistema estadual<strong>de</strong> segurança pública a uma marginalida<strong>de</strong> pouco importanteno combate ao <strong>narcotráfico</strong>. Suas <strong>de</strong>finições, aindaque pu<strong>de</strong>ssem ser válidas no contexto histórico <strong>do</strong>s anos80, se mostram absolutamente insuficientes para dar contada realida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta virada <strong>de</strong> século e <strong>de</strong> milênio, em que omun<strong>do</strong> da droga se diversifica, se complexifica e exige <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> Nacional e das Unida<strong>de</strong>s da Fe<strong>de</strong>ração uma políticamais elaborada, mais articulada e mais qualificada <strong>de</strong>enfrentamento da questão.Nos trabalhos da CPI, foi uma constante a repetição <strong>de</strong><strong>de</strong>poimentos que relatam a <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> institucional <strong>do</strong>slaços entre a Polícia Fe<strong>de</strong>ral e as Polícias Estaduais no combateao Narcotráfico, ainda que todas as autorida<strong>de</strong>s policiaisque <strong>de</strong>puseram tenham se manifesta<strong>do</strong> sobre aimportância central da troca <strong>de</strong> informações para umaestratégia mais eficaz <strong>de</strong> combate ao <strong>narcotráfico</strong> e sobreas relações informais amistosas que regem, muito maisque as dimensões oficial e institucional, a colaboraçãoentre policiais fe<strong>de</strong>rais e estaduais. Veja-se, por exemplo, oseguinte <strong>de</strong>poimento: “A Polícia Fe<strong>de</strong>ral pela Constituiçãoé a responsável pela repressão ao tráfico <strong>de</strong> entorpecentes.É uma coisa lógica ela não ter um efetivo para combater otráfico <strong>de</strong> entorpecentes <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> Brasil to<strong>do</strong>. É feito umconvênio com a Secretaria <strong>de</strong> Segurança Pública <strong>do</strong>sEsta<strong>do</strong>s e a Polícia Fe<strong>de</strong>ral fica responsável pelo tráficointernacional e, por convênio, as Secretarias <strong>de</strong> SegurançaPública, fazem a segurança no tráfico <strong>do</strong>méstico, local...Nesse convênio, a Secretaria <strong>de</strong> Segurança Pública encaminhato<strong>do</strong>s os flagrantes da Polícia Civil sobre entorpecentesà Polícia Fe<strong>de</strong>ral. Tem que haver esse fluxo. Não sei se éfeito, mas tem que haver. No convênio, está contempla<strong>do</strong>esse fluxo <strong>de</strong> informações, que seria justamente para sefazer um serviço <strong>de</strong> análise e conjunção entre as duas polícias”,afirmou o <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> Marco Antonio Veronezzi, daPolícia Fe<strong>de</strong>ral, a CPI, em 30 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2000. Ao ser pergunta<strong>do</strong>sobre “O que é que volta da Polícia Fe<strong>de</strong>ral?” pelorelator, o dr. Veronezzi respon<strong>de</strong>u: “realmente não sei”.(grifos <strong>do</strong> relator)Já na primeira reunião <strong>de</strong> trabalho da CPI, em 3 <strong>de</strong>fevereiro <strong>de</strong> 2000, esse diagnóstico já havia si<strong>do</strong> diplomaticamenteapresenta<strong>do</strong> pelo diretor <strong>do</strong> DENARC, dr. MarcoAntonio Martins Ribeiro <strong>de</strong> Campos. Ao respon<strong>de</strong>r aos<strong>de</strong>puta<strong>do</strong>s sobre a integração com a Polícia Fe<strong>de</strong>ral eminvestigações sobre tráfico <strong>de</strong> drogas em aeroportos internacionais,o diretor <strong>do</strong> Denarc <strong>de</strong>clarou: “veja bem, é umtrabalho divorcia<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho da Polícia Fe<strong>de</strong>ral. Temos onosso, o que não <strong>de</strong>veria ser. Na verda<strong>de</strong>, acho que temque haver uma integração... A informação é fundamental, ébásica, para que se realize um trabalho mais eficiente <strong>de</strong>repressão ao tráfico <strong>de</strong> drogas. A gente recebe informaçõesatravés <strong>de</strong>sse telefone (0800-111718), <strong>do</strong>s próprios traficantesque querem tirar o seu concorrente <strong>de</strong> ação. Um dia<strong>de</strong>sses, um mês atrás, <strong>do</strong>is meses, recebi um telefonema epassei para o meu divisionário. Um cidadão - a suposição é<strong>de</strong> que realmente era um traficante - nos disse: ‘Olha, vaiali na Praça da República. Tem um carro lá, um gol, e <strong>de</strong>ntro<strong>do</strong> carro tem 11 quilos <strong>de</strong> cocaína’. A gente foi lá, pren<strong>de</strong>moso indivíduo. Então, informação a gente recebe <strong>de</strong>to<strong>do</strong> la<strong>do</strong>...” Questiona<strong>do</strong> se como era a relação com aPolícia Fe<strong>de</strong>ral, o <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> diretor <strong>do</strong> DENARC respon<strong>de</strong>u:“Excelente. Não, não há troca <strong>de</strong> informações, não se trocainformações. Até por um pouco <strong>de</strong> ciúmes. Eles queremtrabalhar e essa é a verda<strong>de</strong>. Tem que ser franco. Quemchega primeiro, pega, é isso aí”. (grifos <strong>do</strong> relator)Essa integração, na verda<strong>de</strong>, é exigência da próprianatureza internacional <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas, como bem ilustraa continuida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>poimento <strong>do</strong> diretor <strong>do</strong> DENARC:“O Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> não produz nada, a não ser crackem fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> quintal. De on<strong>de</strong> vem a droga? A base, <strong>de</strong>on<strong>de</strong> vem? Não é <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> não tem plantação<strong>de</strong> maconha, a não ser poucos pés em fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> quintal.De on<strong>de</strong> vem isso? Vem <strong>de</strong> outro país... Há necessida<strong>de</strong>urgente <strong>de</strong> se realizar um trabalho mais eficiente, maisintenso na divisa. Não é possível continuar <strong>de</strong>sse jeito, porquevem parar aqui em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, nós é que sofremos,aqui, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, no Paraná, em to<strong>do</strong> lugar.”Se o trabalho <strong>de</strong> repressão ao tráfico <strong>de</strong> drogas nafronteira <strong>do</strong> Brasil com outros países limítrofes é <strong>de</strong> competênciaestrita da Polícia Fe<strong>de</strong>ral, a repressão interna écompartilhada, como <strong>de</strong>fine o próprio convênio que acimaanalisamos. No entanto, questiona<strong>do</strong> pela CPI, o diretor <strong>do</strong>DENARC foi obriga<strong>do</strong> a reconhecer: “Há um perfeito relacionamentocom a Polícia Fe<strong>de</strong>ral, já disse, mas não háintegração operacional... Existem informações, e eles recebeminformações <strong>do</strong> DEA. Não recebemos informações <strong>do</strong>DEA. Agora estamos contatan<strong>do</strong> com o DEA, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong>também conseguir informações. Mas não existe essa interligação<strong>de</strong> informações ‘on line’, Polícia Civil e Fe<strong>de</strong>ral.”(grifos <strong>do</strong> relator)Em 6 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2000, através <strong>do</strong> Ofício CPI Narco n.259/2000, a CPI remeteu ao Sr. Secretário da Segurança <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, Marco Vinício Petrelluzi, uma série <strong>de</strong>questões relacionadas à execução <strong>de</strong>ste Convênio, aprovadasna reunião <strong>de</strong> 1o. <strong>de</strong> junho. Cinco meses <strong>de</strong>pois, em 10<strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2000, através <strong>do</strong> Ofício AE n. 453/2000,encaminhada pela Assessoria Especial <strong>do</strong> Gabinete <strong>do</strong>Secretário, dignou-se a Secretaria <strong>de</strong> Segurança Públicaapresentar as seguintes explicações:“1-) O convênio em tela está ainda em vigência, umavez que não foi <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong> pelas partes.2-) As cláusulas mencionadas (2a. a 10a) se encontramainda em vigência, observadas as atribuições das Polícias,Fe<strong>de</strong>ral e Civil Estadual, estabelecidas pela ConstituiçãoFe<strong>de</strong>ral, promulgada em 1988 e, portanto, após a assinatura<strong>do</strong> convênio em tela.3-) O cumprimento da cláusula 3a. (sobre as informaçõesa serem remetidas pela Polícia Civil à Polícia Fe<strong>de</strong>ral),nos termos <strong>de</strong> sua redação objetiva aten<strong>de</strong>r as solicitaçõesda Polícia Fe<strong>de</strong>ral e, obviamente, não é <strong>de</strong> caráter compulsóriopara cada ação <strong>de</strong>scrita na mesma, realizada pelaPolícia Estadual, o que seria, na prática, inviável face aoimenso volume <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos e informações <strong>de</strong>las <strong>de</strong>correntes.Importante salientar que as informações ou providênciassolicitadas pela Polícia Fe<strong>de</strong>ral à Polícia Estadualsejam (sic) prestadas e executadas sempre que possívelfor, o que vem sen<strong>do</strong> feito visto não haver registro nestaPasta, ao menos na presente cessão (sic), <strong>de</strong> qualquer<strong>do</strong>cumento elabora<strong>do</strong> pela Polícia Fe<strong>de</strong>ral que possa <strong>de</strong>sabonartal assertiva.4-) Vi<strong>de</strong> item anterior.5-) A criação <strong>do</strong> DENARC, pelo <strong>de</strong>creto estadual n.27.409 <strong>de</strong> 24/09/1987, bem como a edição <strong>de</strong> diversosoutros atos administrativos no âmbito estadual para operacionalizá-lo,constituem, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> inúmeras medidas a<strong>do</strong>tadasno campo preventivo educacional e sanitário, o efetivocumprimento da cláusula 8 <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> convênio.6-) Vi<strong>de</strong> item 3.7-) Os da<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>rão ser obti<strong>do</strong>s com maior precisãojunto à Aca<strong>de</strong>mia Nacional <strong>de</strong> Polícia.”As respostas evasivas e incompletas, bem como afalta absoluta <strong>de</strong> resposta da Polícia Fe<strong>de</strong>ral ao mesmoquestionamento, <strong>de</strong>monstram, pois, claramente, a fragilida<strong>de</strong>das relações institucionais entre a União e o Esta<strong>do</strong>na cooperação para o combate ao <strong>narcotráfico</strong>. O <strong>de</strong>suso<strong>de</strong>ste convênio fica ainda mais evi<strong>de</strong>nte quan<strong>do</strong> o ofícioacima não respon<strong>de</strong> a questões objetivas formuladas pelaCPI, que solicitou no ofício supra menciona<strong>do</strong> o encaminhamento<strong>de</strong>: “informações <strong>de</strong>talhadas sobre o cumprimento<strong>de</strong> sua cláusula 3a., nos últimos <strong>de</strong>z anos, com relaçãopormenorizada <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os atos produzi<strong>do</strong>s no perío<strong>do</strong>retro-aludi<strong>do</strong>; relação pormenorizada <strong>do</strong>s eventos emque a colaboração prevista na cláusula 6a. se <strong>de</strong>u nestesúltimos <strong>de</strong>z anos; relação pormenorizada <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os relatórios,formulários e mapas encaminha<strong>do</strong>s aoDepartamento <strong>de</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral, nos últimos <strong>de</strong>z anos”,entre outras questões simplesmente ignoradas no ofícioda Secretaria <strong>de</strong> Segurança Pública.Mais afirmativo foi o diretor <strong>do</strong> DENARC, dr. MarcoAntonio Martins Ribeiro <strong>de</strong> Campos, respon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> à CPI em25 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2.000, através <strong>do</strong> <strong>de</strong>spacho 1631/00, em queafirma:“Significa dizer, s.m.j., que, com o advento daConstituição ora em vigor, o precita<strong>do</strong> Convênio, outroracelebra<strong>do</strong> entre a União e o Esta<strong>do</strong>, per<strong>de</strong>u sua eficácia emface <strong>do</strong> novo texto legal, que estabeleceu critérios autônomos<strong>de</strong> atuação naquela área específica <strong>de</strong> competência.Impõe-se informar, até com vista aos esclarecimentosrequisita<strong>do</strong>s na exordial, que, não obstante haver um excelentee cortês relacionamento institucional entre as PolíciasCivil e Fe<strong>de</strong>ral, não se tem notícia <strong>de</strong> que durante a vigência<strong>do</strong> Convênio, que acreditamos esteja <strong>de</strong>rroga<strong>do</strong>, todasas providências previstas tenham si<strong>do</strong> observadas pelaUnião ou pelo Esta<strong>do</strong>, máxime em relação às cláusulas 3a,item a, 7a, 9a, 10a e 11a, sen<strong>do</strong> igualmente necessário afirmar,não se ter conhecimento <strong>de</strong> registro formal e sistemático<strong>de</strong> troca <strong>de</strong> informações entre as Instituições policiais,naquele perío<strong>do</strong>, acerca <strong>do</strong> <strong>narcotráfico</strong> no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong><strong>Paulo</strong>”. (grifos <strong>do</strong> relator)No capítulo das recomendações, essa CPI po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>talharprovidências necessárias para que a integração dasPolícias Fe<strong>de</strong>ral e Estaduais seja efetivada, como bem afirma,no término <strong>de</strong> sua correspondência à CPI acima citada,o diretor <strong>do</strong> DENARC: “objetivan<strong>do</strong>, pois, um resulta<strong>do</strong>mais satisfatório no campo da prevenção e da repressão àsdrogas, é extremamente necessário, o estabelecimento <strong>de</strong>um esquema conjunto <strong>de</strong> atuação, que po<strong>de</strong>ríamos <strong>de</strong>nominarINTEGRAÇAO DAS INSTITUIÇÕES, envolven<strong>do</strong>to<strong>do</strong>s os segmentos <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Público e da socieda<strong>de</strong> civildispostos a colaborar, e somente através <strong>de</strong> um novopacto, melhor planeja<strong>do</strong> e coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>ríamos minimizaresse angustiante problema que vem, cada vez mais,assolan<strong>do</strong> impie<strong>do</strong>samente nossa sofrida comunida<strong>de</strong>”.(grifos <strong>do</strong> relator)4.1.4. UMA PALAVRA SOBRE A PREVENÇÃOEntre os temas que a CPI não conseguiu aprofundarseus trabalhos, mas consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> fundamental para o combateao <strong>narcotráfico</strong>, está o da prevenção ao uso <strong>de</strong> drogas.Esse registro <strong>do</strong> tema, através <strong>de</strong> trechos <strong>de</strong> <strong>de</strong>poimentoscolhi<strong>do</strong>s pela CPI, quer significar um compromisso <strong>de</strong>staComissão com o fortalecimento <strong>do</strong>s atuais programas<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s pelo Esta<strong>do</strong> e com a cobrança <strong>de</strong> um investimentona prevenção através <strong>de</strong> políticas sociais sólidas,dirigidas particularmente para a juventu<strong>de</strong> paulista, principalvítima <strong>de</strong>ssa indústria bilionária <strong>do</strong> <strong>narcotráfico</strong>.“A DIPE, que é a Divisão <strong>de</strong> Prevenção e Educação,tem <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> um trabalho admirável <strong>de</strong> apoio à comunida<strong>de</strong>,<strong>de</strong> apoio àqueles que precisam <strong>de</strong> ajuda. Temosrealiza<strong>do</strong> um número muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> palestras e cursos.Promovemos lá os cursos <strong>de</strong> capacitação <strong>de</strong> agentes multiplica<strong>do</strong>res,internamos pessoas que usam drogas, indicamoslocais. O GAPE, que criamos no dia 15 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong>1997, tem <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> um trabalho muito bom <strong>de</strong> combateao tráfico <strong>de</strong> drogas nas imediações das escolas... APolícia po<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver um bom trabalho por si só, masela po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>senvolver um trabalho muito melhor se elacontar com a participação <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os segmentos <strong>do</strong> po<strong>de</strong>rpúblico e da socieda<strong>de</strong> civil. Essa Comissão PermanenteIntegrada <strong>de</strong> Prevenção às Drogas foi criada e começou afuncionar no dia 20 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1999, e participam<strong>de</strong>ssa comissão magistra<strong>do</strong>s, membros <strong>do</strong> MinistérioPúblico, conselheiros tutelares, representantes da OAB, daFIESP e outros segmentos da Socieda<strong>de</strong> Civil, daPrefeitura. Não se trata <strong>de</strong> megaoperação. Recuso-me afalar <strong>de</strong> megaoperações porque geralmente não dão certo,são por tempo limita<strong>do</strong>... Na primeira reunião, objetivávamosa erradicação da Cracolândia, uma autêntica vergonhanacional, conhecida internacionalmente... Tenho a satisfação<strong>de</strong> dizer nessa CPI que conseguimos, felizmente, a erradicaçãoda Cracolândia... Como? Um trabalho conjuntocom a Polícia Militar e com a Prefeitura, toman<strong>do</strong> medidashetero<strong>do</strong>xas, limpeza pública, iluminação, que está sen<strong>do</strong>provi<strong>de</strong>nciada, fechan<strong>do</strong> hotéis, hotelecos que estavam láirregularmente acolhen<strong>do</strong> traficantes. Conseguimos erradicar33 hotéis, interditamos 13 bares, pren<strong>de</strong>mos mais <strong>de</strong>cem traficantes em flagrante. E os menores? Os menoresforam embora, não se sabe para on<strong>de</strong>. Esse levantamentoestá sen<strong>do</strong> feito pelo SOS Criança, que faz parte daComissão... Outro projeto muito bom, que estamos tentan<strong>do</strong>viabilizar através a comissão, é a criação <strong>de</strong> um Núcleo<strong>de</strong> Atendimento ao A<strong>do</strong>lescente Usuário <strong>de</strong> Droga... A USPjá se dispôs a prestar to<strong>do</strong> o apoio no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> dar osrecursos humanos, estagiários <strong>de</strong> psicologia e assistênciasocial que serão prepara<strong>do</strong>s para essa finalida<strong>de</strong>. Vai abriruma nova área <strong>de</strong> especialização. Até um prédio <strong>de</strong> 14andares será cedi<strong>do</strong>, na Praça Roosevelt, on<strong>de</strong> vamos instalaro Núcleo com a participação <strong>de</strong> vários segmentos <strong>do</strong>po<strong>de</strong>r público, Vara da Infância e da Juventu<strong>de</strong>, Secretariada Educação, da Saú<strong>de</strong>, o DENARC, Conselho Tutelar,enfim, to<strong>do</strong>s trabalhan<strong>do</strong> num local só, com um só objetivo,<strong>de</strong> dar o atendimento àqueles que precisam <strong>de</strong> ajuda.”Esta CPI manifesta ainda seu apoio ao ProgramaEducacional <strong>de</strong> Resistência às Drogas e à Violência(PROERD), iniciativa da Polícia Militar <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong><strong>Paulo</strong>, dirigi<strong>do</strong> às crianças da re<strong>de</strong> escolar, da pré-escola ao2o. Grau. Também os pais, professores e funcionários dare<strong>de</strong> escolar são atingi<strong>do</strong>s direta ou indiretamente peloPROERD, através <strong>de</strong> reuniões e palestras com noções <strong>de</strong>cidadania, prevenção ao uso <strong>de</strong> drogas e combate à violência.De acor<strong>do</strong> com informações prestadas à CPI, oPROERD aten<strong>de</strong>u, em 1999, 211.131 crianças e a<strong>do</strong>lescentes<strong>de</strong> 1.995 escolas, através <strong>de</strong> 698 instrutores prepara<strong>do</strong>spelo Programa. No ano 2.000, esse relevante número saltoupara 262.150 crianças e a<strong>do</strong>lescentes atendi<strong>do</strong>s peloPROERD, em 2.531 escolas e a participação <strong>de</strong> 914 instrutores.Nesses <strong>do</strong>is anos, foram realiza<strong>do</strong>s ainda 20 cursosPROERD para policiais, sen<strong>do</strong> seis na capital e quatorze nointerior. A continuida<strong>de</strong> e o aprofundamento <strong>de</strong> Programas<strong>de</strong>ssa natureza <strong>de</strong>vem ser objeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s por parte <strong>do</strong>governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, através <strong>de</strong> várias Secretarias <strong>de</strong>Esta<strong>do</strong>, conferin<strong>do</strong>-lhes <strong>de</strong>ssa forma um caráter inter-disciplinare inter-institucional, enriquecen<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa forma asestratégias <strong>de</strong> prevenção ao uso <strong>de</strong> drogas na re<strong>de</strong> escolare em outros equipamentos públicos estaduais.4.2. BANCO CENTRAL DO BRASILEm reunião realizada em 14.12.99, esta Comissão aprovou,por unanimida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s membros presentes, requerimentosolicitan<strong>do</strong> informações, entre outros, ao BancoCentral <strong>do</strong> Brasil.Através <strong>do</strong> Ofício CPI Narco nº 2/99, o presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>staCPI, Deputa<strong>do</strong> Estadual Dimas Ramalho, solicitou os bonspréstimos <strong>do</strong> Sr. Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Banco Central <strong>do</strong> Brasil nosenti<strong>do</strong> <strong>de</strong> fornecer “informações <strong>do</strong> Banco Central <strong>do</strong>Brasil acerca <strong>de</strong> investigações sobre lavagem <strong>de</strong> dinheirono âmbito <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>.”Obteve a seguinte resposta, consubstanciada no ofícioSECRE/ASPAR-2000/0252:“(...)2. De or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> Sr. Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>ste Banco Central,informamos a V.Exa. que a matéria solicitada contémda<strong>do</strong>s protegi<strong>do</strong>s pelo sigilo bancário, preconiza<strong>do</strong> no art.38 da Lei nº 4.595, <strong>de</strong> 31.12.64. Nas exceções previstas nocita<strong>do</strong> artigo encontram-se as Comissões Parlamentares <strong>de</strong>Inquérito instauradas apenas no Po<strong>de</strong>r Legislativo Fe<strong>de</strong>ral,exigin<strong>do</strong>-se a aprovação pela maioria absoluta <strong>de</strong> seusmembros.3. Dessa forma, esta Autarquia encontra-se impossibilitada<strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r ao pedi<strong>do</strong> formula<strong>do</strong> por essa Comissão,por não haver amparo legal, o qual po<strong>de</strong>rá ser requeri<strong>do</strong>junto ao Po<strong>de</strong>r Judiciário, que <strong>de</strong>tém competência para<strong>de</strong>liberar sobre a questão.”Inconforma<strong>do</strong> com a interpretação literal conferida aodispositivo legal cita<strong>do</strong> que <strong>de</strong>veria ter si<strong>do</strong> examina<strong>do</strong> àluz da or<strong>de</strong>m jurídica instituída a partir da promulgação daConstituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988, o Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>sta CPI en<strong>de</strong>reçounova solicitação ao BACEN, on<strong>de</strong> restou inequivocamentejustificada e fundamentada a necessida<strong>de</strong> da medida(1) , assim como <strong>de</strong>vidamente <strong>de</strong>limita<strong>do</strong> o seu objeto (2).Não obstante a juridicida<strong>de</strong> da medida, o Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong>Banco Central <strong>do</strong> Brasil negou-se novamente a dar cumprimentoàs <strong>de</strong>terminações <strong>de</strong>sta CPI, vez que, segun<strong>do</strong> a suaótica, as informações e da<strong>do</strong>s requeri<strong>do</strong>s envolvem matériaresguardada pelo sigilo bancário, o que restou materializa<strong>do</strong>no ofício <strong>do</strong> Banco Central PRESI -2000/0681.Com efeito, a negativa <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Banco Central<strong>do</strong> Brasil veio a ferir direito líqüi<strong>do</strong> e certo <strong>de</strong>sta ComissãoParlamentar <strong>de</strong> Inquérito, bem como prerrogativa daPrópria Assembléia <strong>Legislativa</strong>.Encaminha<strong>do</strong> o caso à Presidência <strong>de</strong>sta Casa, através<strong>do</strong> Ofício CPI Narco nº 50/2000, o expediente foi remeti<strong>do</strong> àProcura<strong>do</strong>ria da ALESP para estu<strong>do</strong> e providências, <strong>de</strong>saguan<strong>do</strong>na impetração <strong>de</strong> manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> segurança em face<strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Banco Central <strong>do</strong> Brasil, autua<strong>do</strong> sob nº2000.34.00.007945-7, perante a 4ª Vara da Justiça Fe<strong>de</strong>ral<strong>de</strong> Brasília/DF.1 Constou <strong>do</strong> cita<strong>do</strong> ofício: “É evi<strong>de</strong>nte que, em se tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong>apuração <strong>de</strong> <strong>narcotráfico</strong>, intimamente envolvi<strong>do</strong> com lavagem <strong>de</strong>dinheiro e empresas fictícias, <strong>de</strong> “fachada”, é imprescindível que ostrabalhos <strong>de</strong>sta CPI, para chegarem a bom termo, contem com essesda<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Banco Central <strong>do</strong> Brasil, sem os quais, qualquer tentativa<strong>de</strong> investigação será inócua e fadada ao insucesso, cercean<strong>do</strong>-se opo<strong>de</strong>r <strong>de</strong>ver - <strong>de</strong>ver <strong>de</strong>sta instituição.”2 Extraí-se, ainda, <strong>do</strong> mesmo ofício: “(...) aguar<strong>do</strong> o atendimento<strong>do</strong> pedi<strong>do</strong>, que tem por objeto os mesmo estu<strong>do</strong>s e análisesleva<strong>do</strong>s a efeito pelo Banco Central, circunscritos ao Esta<strong>do</strong><strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, que foram disponibiliza<strong>do</strong>s à CPI <strong>do</strong> Narcotráfico daCâmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s.”(grifou-se)O <strong>de</strong>spacho liminarA liminar foi <strong>de</strong>ferida pela Dra. Lília Botelho NeivaMilhomens:“Pelo exposto, <strong>de</strong>firo a liminar para que a autorida<strong>de</strong>coatora encaminhe, no prazo <strong>de</strong> quarenta e oito horas, àImpetrante, na pessoa <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte da ComissãoParlamentar <strong>de</strong> Inquérito, Deputa<strong>do</strong> Estadual DimasRamalho, as informações objeto <strong>de</strong> análise e estu<strong>do</strong> peloBanco Central <strong>do</strong> Brasil, circunscritas ao Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong><strong>Paulo</strong>, já enviadas ao (sic) CPI <strong>do</strong> Narcotráfico da CâmaraFe<strong>de</strong>ral, as quais se revestem <strong>do</strong> mesmo caráter sigiloso,somente <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> ter acesso as partes legítimas na causa,não po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> servir-se para fins estranhos a mesma, sobpena <strong>de</strong> configuração <strong>de</strong> crime.”Releva <strong>de</strong>stacar que, o <strong>de</strong>ferimento da liminar, <strong>de</strong>flagrouverda<strong>de</strong>ira guerra jurídica.De fato, o Banco Central <strong>do</strong> Brasil tentou por to<strong>do</strong>s osmeios processuais, mais ou menos legítimos e leais, eximir-se<strong>do</strong> cumprimento das <strong>de</strong>terminações judiciais.Como alhures menciona<strong>do</strong>, o d. juízo, ao conce<strong>de</strong>r amedida liminar pleiteada, assinou prazo <strong>de</strong> quarenta e oitohoras para o Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Banco Central <strong>do</strong> Brasil, autorida<strong>de</strong>coatora, cumprir a or<strong>de</strong>m liminar.Devidamente notificada a autorida<strong>de</strong>, o Banco Central<strong>do</strong> Brasil, através <strong>de</strong> sua procura<strong>do</strong>ria, com claro propósito<strong>de</strong> postergar o cumprimento da or<strong>de</strong>m e tumultuar o processo,peticionou nos autos <strong>do</strong> Manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> Segurança, emdata <strong>de</strong> 10.04.00, colocan<strong>do</strong> em dúvida, sem qualquer fundamento,o fato <strong>de</strong>sta CPI ainda estar em ativida<strong>de</strong>.Antes, porém, em data <strong>de</strong> 07.04.00, havia interpostorecurso <strong>de</strong> agravo <strong>de</strong> instrumento perante o EgrégioTribunal Regional Fe<strong>de</strong>ral da 1ª Região, obten<strong>do</strong> a suspensãoda liminar (ex vi <strong>do</strong> art. 527, II, <strong>do</strong> CPC).Ora, evi<strong>de</strong>nte que se o BACEN julgasse sinceramenteter a “CPI <strong>do</strong> <strong>narcotráfico</strong>” encerra<strong>do</strong> suas ativida<strong>de</strong>s nãose daria ao trabalho <strong>de</strong> agravar <strong>de</strong> instrumento da <strong>de</strong>cisãoconcessiva da liminar.Ressalte-se, a<strong>de</strong>mais que a conscienciosa magistrada<strong>de</strong> 1ª instância, ante a petição formulada pelo BACEN,<strong>de</strong>terminou à Impetrante, ALESP, que comprovasse estarainda em funcionamento a referida Comissão, o que foiprontamente atendi<strong>do</strong>, via fax.Fez mais a d. magistrada, respeitan<strong>do</strong> as normas processuaisvigentes, mas sem per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista as dificulda<strong>de</strong>smateriais que o cumprimento da medida liminar em 48horas impunha, à luz <strong>do</strong> que argumentava o BACEN, <strong>de</strong>spachoua fls. 75 <strong>do</strong>s autos <strong>do</strong> Manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> Segurança prorrogan<strong>do</strong>“o prazo concedi<strong>do</strong> em 10 (<strong>de</strong>z) dias, conta<strong>do</strong>s apartir da intimação <strong>de</strong> fls. 53, para que a Impetrada procedao encaminhamento <strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos à Impetrante, nos termosjá expostos na <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> fls. 48/51.”Assim, a estratégia <strong>do</strong> BACEN ficou clara: “ganhamosum pouco <strong>de</strong> tempo em primeira instância, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> <strong>de</strong>cumprir a or<strong>de</strong>m judicial, enquanto tentamos suspen<strong>de</strong>r osefeitos da liminar.”É preciso dizer que, embora não ilegal, o estratagemaleva<strong>do</strong> a efeito pelo BACEN afigurou-se ilegítimo, mormentese se consi<strong>de</strong>rar que é ele, BACEN, lato sensu, o Esta<strong>do</strong>em juízo e o Esta<strong>do</strong>, como é cediço, em todas as suas frentes<strong>de</strong> atuação, <strong>de</strong>ve pautar o seu agir pela ética.SentençaO agravo <strong>de</strong> instrumento restou prejudica<strong>do</strong> em faceda sentença concessiva da or<strong>de</strong>m proferida em 1ª instância,que reconheceu o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> CPI instalada no âmbito <strong>de</strong>Legislativo Estadual <strong>de</strong>terminar a quebra <strong>do</strong> sigilo bancário,como corolário <strong>do</strong>s “Po<strong>de</strong>res <strong>de</strong> investigação própriosdas autorida<strong>de</strong>s judiciais” (ex vi artigo 13, §2º da C.E.).Da r. sentença, <strong>de</strong>staca-se o dispositivo:“Ante o exposto, conce<strong>do</strong> a segurança para <strong>de</strong>terminarque a autorida<strong>de</strong> coatora encaminhe à Impetrante, noprazo <strong>de</strong> 05 (cinco) dias, na pessoa <strong>de</strong> seu Presi<strong>de</strong>nte,Deputa<strong>do</strong> Dimas Ramalho, as informações objeto <strong>de</strong> análisee estu<strong>do</strong> (sic) pelo Banco Central <strong>do</strong> Brasil, circunscritasao Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, já enviadas ao (sic) CPI <strong>do</strong>Narcotráfico da Câmara Fe<strong>de</strong>ral, as quais se revestem <strong>do</strong>mesmo caráter sigiloso, somente <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> ter acesso aspartes legítimas na causa, não po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> servir-se para finsestranhos a mesma, sob pena <strong>de</strong> configuração <strong>de</strong> crime.”A partir da concessão da segurança, o BACEN novamentelançou mão <strong>de</strong> toda sorte <strong>de</strong> recursos para evitar ocumprimento da or<strong>de</strong>m.Primeiro, interpôs embargos <strong>de</strong> <strong>de</strong>claração contra a r.sentença, os quais foram improvi<strong>do</strong>s. Segun<strong>do</strong>, ingressoucom pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> suspensão <strong>de</strong> segurança perante oPresi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Egrégio Tribunal Regional Fe<strong>de</strong>ral da 1ªRegião, sem, todavia, lograr êxito.Importa <strong>de</strong>stacar que, através da <strong>de</strong>cisão in<strong>de</strong>feritória<strong>do</strong> pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> suspensão da segurança, o próprio Tribunal,ainda que implicitamente, reconheceu a prerrogativa <strong>de</strong>staComissão e a juridicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu pleito.Não obstante os reveses obti<strong>do</strong>s, não se dignou aautarquia fe<strong>de</strong>ral a cumprir a <strong>de</strong>terminação judicial, fatoque motivou pedi<strong>do</strong> formula<strong>do</strong> pela ALESP ao juízo paraque (i-) expedisse novo ofício ao impetra<strong>do</strong> <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong>imediato cumprimento à or<strong>de</strong>m e (ii-) encaminhasse cópia<strong>do</strong>s autos ao Ministério Público Fe<strong>de</strong>ral para apuração <strong>de</strong>crime cometi<strong>do</strong> pela autorida<strong>de</strong> coatora, o Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong>BACEN.Com efeito. A d. magistrada fixou multa por cada dia<strong>de</strong> atraso na prestação das informações solicitadas novalor <strong>de</strong> R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a ser honrada pelaautorida<strong>de</strong> coatora, <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong>, ainda, que a autorida<strong>de</strong>prestasse as informações em 24 horas a contar da intimação<strong>do</strong> <strong>de</strong>spacho.Além disso, <strong>de</strong>ixou registra<strong>do</strong> “que o crime <strong>de</strong> <strong>de</strong>sobediênciaé crime permanente, implican<strong>do</strong>, a qualquer tempo,o <strong>de</strong>scumprimento da or<strong>de</strong>m judicial na prática <strong>do</strong> mesmo.Se o crime é permanente, o flagrante é possível a qualquermomento. Assim, reservo-me para, após escoa<strong>do</strong> o prazoconcedi<strong>do</strong> sem o cumprimento da <strong>de</strong>cisão, expedir or<strong>de</strong>m<strong>de</strong> prisão em flagrante <strong>do</strong> autor <strong>do</strong> crime (Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong>BACEN) configura<strong>do</strong>, se houver necessida<strong>de</strong>.”Posteriormente, uma vez intima<strong>do</strong> o Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong>BACEN, novo <strong>de</strong>spacho <strong>de</strong>terminou à Assembléia<strong>Legislativa</strong> que oferecesse da<strong>do</strong>s discrimina<strong>do</strong>s da <strong>do</strong>cumentaçãopertinente, o que foi feito.Em 26 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2000, a d. magistrada <strong>de</strong>terminouao impetra<strong>do</strong>, Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> BACEN, que remetesse aojuízo as ditas informações no prazo <strong>de</strong> 7 (sete) dias úteis.De fato, segun<strong>do</strong> o afirma<strong>do</strong> pela mencionada autarquiafe<strong>de</strong>ral, apenas as instituições bancárias <strong>de</strong>têm asinformações solicitadas, motivo pelo qual <strong>de</strong>terminou, emcumprimento à or<strong>de</strong>m judicial, que as mesmas as remetessemdiretamente ao juízo.Partes das informações solicitadas foram remetidaspelos Bancos que compõem o sistema financeiro nacionale encaminhadas ao nobre Dep. Dimas Ramalho, Presi<strong>de</strong>nte<strong>de</strong>sta CPI.Do quanto exposto, extrai-se a inevitável conclusão nosenti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que o Banco Central <strong>do</strong> Brasil em nada colabo-


D.O.E.; Po<strong>de</strong>r Legislativo, <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, 112 (117), sába<strong>do</strong>, 22 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2002 – SUPLEMENTO – 5rou com o bom andamento das investigações levadas aefeito por esta Comissão.Os fatos <strong>de</strong>monstram que a referida autarquia fe<strong>de</strong>raltratou <strong>de</strong> dificultar ao máximo as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sta CPI, aviltan<strong>do</strong>-lhe,inclusive, as prerrogativas constitucionais.4.3. A RECEITA FEDERAL E O COMBATE AO NAR-COTRÁFICO4.3.1. AS POTENCIALIDADES DO CONTROLE ADUA-NEIRO NO COMBATE AO CRIME ORGANIZADODentre as instituições analisadas por esta CPI com possibilida<strong>de</strong>ssub-utilizadas para uma estratégia eficiente <strong>de</strong>combate ao <strong>narcotráfico</strong> em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, encontra-se comrelevo a Receita Fe<strong>de</strong>ral. Se levarmos em conta que, segun<strong>do</strong>a Organização Mundial da Aduanas, cerca <strong>de</strong> 60% dasdrogas apreendidas no mun<strong>do</strong> são apreendidas pelasaduanas, po<strong>de</strong>mos quantificar o potencial <strong>de</strong> combate ao<strong>narcotráfico</strong>, ao contraban<strong>do</strong> e ao <strong>de</strong>scaminho representa<strong>do</strong>pelo aparelhamento da Receita Fe<strong>de</strong>ral. De acor<strong>do</strong> coma CPI <strong>do</strong> Narcotráfico <strong>do</strong> Congresso Nacional, cerca <strong>de</strong> 120bilhões <strong>de</strong> dólares resultantes <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s ilícitas noBrasil foram remeti<strong>do</strong>s ao exterior, nos últimos cinco anos.Várias ocorrências criminosas <strong>de</strong>monstram que essavulnerabilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser utilizada pelo <strong>narcotráfico</strong> eoutras modalida<strong>de</strong>s criminosas. Um exemplo gritante foi aapreensão em Barcelona, Espanha, em 13 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2000,<strong>de</strong> uma carga <strong>de</strong> 119,8 kg <strong>de</strong> cocaína escondi<strong>do</strong>s em umcontêiner, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> 17 das 2.400 caixas <strong>de</strong> um lote <strong>de</strong>aguar<strong>de</strong>nte, embarcada em navio saí<strong>do</strong> <strong>do</strong> Porto <strong>de</strong>Santos, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> passar pelo Porto <strong>de</strong> La Luz y <strong>de</strong> LasPalmas, nas Ilhas Canárias. O <strong>do</strong>ssiê prepara<strong>do</strong> pela UNA-FISCO Sindical para a campanha ‘Chega <strong>de</strong> Contraban<strong>do</strong>’,<strong>de</strong> cujo lançamento o relator <strong>de</strong>sta CPI participou, no Rio<strong>de</strong> Janeiro, lança da<strong>do</strong>s importantes e relata outras ocorrências,a título <strong>de</strong> exemplos da fragilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> atual sistema<strong>de</strong> controle <strong>de</strong> cargas e valores pela Aduana brasileira:* 05 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1999 - “Contraban<strong>do</strong> custa ao paísUS$ 9,6 bilhões por ano e 1,5 milhão <strong>de</strong> empregos naindústria”, afirma matéria publicada em O Globo, sobre osefeitos sócio-econômicos <strong>do</strong> <strong>de</strong>scaminho no país. Entreoutros da<strong>do</strong>s, informa que US$ 20 bilhões foram importa<strong>do</strong>s<strong>de</strong> forma irregular em 1998, o que correspon<strong>de</strong>ria a34,6% das importações <strong>do</strong> país naquele perío<strong>do</strong>. O Brasilteria <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> <strong>de</strong> arrecadar US$ 6 bilhões em tributos fe<strong>de</strong>raise US$ 3,6 bilhões em estaduais. A matéria revela aindaum aumento <strong>de</strong> 38,5% na apreensão <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>riasimportadas <strong>de</strong> forma fraudulenta em Santos nos primeirosmeses <strong>de</strong> 1999. Cita ainda o caso <strong>de</strong> 600 toneladas <strong>de</strong> eletro-eletrônicosapreendi<strong>do</strong>s em um <strong>de</strong>pósito em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>,após entrar pelo Porto <strong>de</strong> Santos.* 17 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1999 - “Verifica<strong>do</strong> contraban<strong>do</strong>em mais 21 contêineres”: matéria publicada no jornalTribuna <strong>de</strong> Santos registra apreensão <strong>de</strong> 21 <strong>de</strong>ntre 25 contêineresreti<strong>do</strong>s em Miracatu e trazi<strong>do</strong>s a Santos para inspeção.Mais <strong>de</strong> 200 toneladas <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias foramapreendidas, a maioria brinque<strong>do</strong>s, com falsa <strong>de</strong>claração<strong>de</strong> conteú<strong>do</strong> e sub-valoração aduaneira. A apreensão teveorigem em barreira montada na ro<strong>do</strong>via Regis Bittencourt.A merca<strong>do</strong>ria fora liberada em canal ver<strong>de</strong>, mecanismoque será explica<strong>do</strong> no item seguinte <strong>de</strong>ste capítulo.* 16 e 17 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2.000 - “Contraban<strong>do</strong> <strong>de</strong> armaspela fronteira é ‘livre’”. Numa extensa reportagem, o jornalO Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> afirma que, nos últimos cinco anos,apenas 1% das armas que entraram ilegalmente em territóriobrasileiro foram apreendidas. Numa das retrancas, amatéria informa que “fuzis não têm barreiras entre Miami eBrasil”.* 17 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2.000 - “De cada quatro importações,três não são inspecionadas”, afirma matéria publicada noJornal <strong>do</strong> Commercio <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, que <strong>de</strong>nuncia afragilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> mesmo canal ver<strong>de</strong> - sistema <strong>de</strong> classificação<strong>de</strong> cargas pela Receita Fe<strong>de</strong>ral que, no Rio <strong>de</strong> Janeiro,já chegou a respon<strong>de</strong>r por 100% das liberações <strong>de</strong> cargas.* 20 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2.000 - “Armas para quem quiser” é otítulo <strong>de</strong> matéria publicada pelo jornal O Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong><strong>Paulo</strong>. “Revólveres, pistolas, submetralha<strong>do</strong>ras e até armaslongas po<strong>de</strong>m ser compra<strong>do</strong>s no Paraguai ou em Miami e<strong>de</strong>spacha<strong>do</strong>s para o Brasil, em troca <strong>de</strong> dólares, reais oucocaína”.* 31 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2.000 - “Porto <strong>de</strong> Santos, Viracopose Cumbica estão na mira da CPI”, afirma matéria publicadano site <strong>do</strong> Correio Popular, <strong>de</strong> Campinas. Trata das <strong>de</strong>núnciassobre a fragilida<strong>de</strong> das alfân<strong>de</strong>gas <strong>do</strong>s aeroportos <strong>de</strong>Viracopos e <strong>de</strong> Cumbica, que foram feitas pelo agente daReceita José Ricar<strong>do</strong> Alves Pinto, pelos <strong>de</strong>lega<strong>do</strong>s RobertoO<strong>do</strong>nes, Mario Ikeda e Francisco Basile e pelo Presi<strong>de</strong>nte<strong>do</strong> Sindicato <strong>do</strong>s Aeroviários, Uébio José da Silva, à CPI <strong>do</strong>Narcotráfico da Assembléia <strong>Legislativa</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>.O<strong>do</strong>nes informou que Viracopos não registra nenhumaapreensão <strong>de</strong> drogas ou armas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano passa<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong>recebeu mais <strong>de</strong> 185 toneladas <strong>de</strong> carga.* 21 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2.000 - “8a RF: Operações especiaisem Cumbica” é o título <strong>de</strong> matéria publicada noInforme-se, órgão <strong>de</strong> divulgação interna da Secretaria daReceita Fe<strong>de</strong>ral. Operações realizadas no AeroportoInternacional <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, no dia 20, resultaram naapreensão <strong>de</strong> 14 toneladas <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias, estimadas emUS$ 7 milhões, trafegan<strong>do</strong> em vôos provenientes <strong>de</strong> Miamie em cargas que sairiam em trânsito aduaneiro.* 21 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2.000 - “8a RF: Alfân<strong>de</strong>ga <strong>de</strong> <strong>São</strong><strong>Paulo</strong> apreen<strong>de</strong> duas toneladas <strong>de</strong> brinque<strong>do</strong>s”, afirmaoutra matéria publicada no Informe-se, órgão <strong>de</strong> divulgaçãointerna da Secretaria da Receita Fe<strong>de</strong>ral. Registra aapreensão, naquela data, <strong>de</strong> carga proveniente <strong>do</strong> Paraguaicom duas toneladas <strong>de</strong> brinque<strong>do</strong>s semelhantes a revólveres,facilmente confundi<strong>do</strong>s com armas verda<strong>de</strong>iras, cujasembalagens não continham indicação <strong>de</strong> origem.* 21 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2.000 - “Receita apreen<strong>de</strong> 80 kg.<strong>de</strong> droga na Ponte da Amiza<strong>de</strong>”, anuncia matéria publicadano Informe-se, órgão <strong>de</strong> divulgação interna da Secretariada Receita Fe<strong>de</strong>ral. Refere-se à apreensão <strong>de</strong> 80 quilos <strong>de</strong>cocaína e maconha, apreendi<strong>do</strong>s naquele mês na Ponte daAmiza<strong>de</strong>, transporta<strong>do</strong>s por ônibus e táxis proce<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>Ciudad Del Este, no Paraguai.* 23 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2.000 - “Contraban<strong>do</strong>”, notapublicada no jornal O Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, relata a apreensão<strong>de</strong> um contêiner com produtos contraban<strong>de</strong>a<strong>do</strong>s <strong>de</strong>Miami, inclusive um carro da marca Porsche. O carregamento,avalia<strong>do</strong> em R$ 1,5 milhão, foi apreendi<strong>do</strong> no município<strong>de</strong> Taboão da Serra, na Gran<strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>.4.3.2. A VULNERABILIDADE DO CANAL VERDE - OCASO DE SANTOSA CPI teve acesso ao Memoran<strong>do</strong>/DIDAD/11128/n. 71,<strong>de</strong> 26 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1999, dirigi<strong>do</strong> pelo inspetor Harol<strong>do</strong>da Costa Amorim, da Divisão <strong>de</strong> Despacho Aduaneiro daAlfân<strong>de</strong>ga <strong>do</strong> Porto <strong>de</strong> Santos, ao Superinten<strong>de</strong>nte daReceita Fe<strong>de</strong>ral em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, Flávio Del Comuni, cujo teorrevela a fragilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> classificação <strong>de</strong> cargaspara liberação pelos agentes da Receita. Diz o memoran<strong>do</strong>em seus trechos principais:“Temos constata<strong>do</strong>, nos últimos meses, principalmenteapós a vigência da Instrução Normativa SRF n. 111/98, apartir <strong>de</strong> 1o. <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1998, que inúmeros <strong>de</strong>spachos<strong>de</strong> importação que <strong>de</strong>veriam ser parametriza<strong>do</strong>s no mínimopara o canal amarelo têm si<strong>do</strong> processa<strong>do</strong>s sistematicamenteno canal ver<strong>de</strong>... Por diversas ocasiões, tivemos aoportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alertar a COANA (Coor<strong>de</strong>nação Geral <strong>do</strong>Sistema Aduaneiro) sobre a fragilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> SISCOMEX,principalmente após a eliminação <strong>do</strong> evento da ‘recepção’,e sobre a possibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> cometimento <strong>de</strong> inúmeras frau<strong>de</strong>sna importação, com o risco mínimo <strong>de</strong> serem <strong>de</strong>tectadas.Lamentavelmente, nenhuma providência foi tomadapara a inserção <strong>de</strong> parâmetros que permitam uma seletivida<strong>de</strong>mínima no direcionamento <strong>do</strong>s <strong>de</strong>spachos para osquatro canais <strong>de</strong> parametrização.” (grifos <strong>do</strong> relator)O exemplo cita<strong>do</strong> no referi<strong>do</strong> memoran<strong>do</strong> para<strong>de</strong>monstrar cabalmente a total falta <strong>de</strong> seletivida<strong>de</strong> no SIS-COMEX para o direcionamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>spachos para o canalver<strong>de</strong> é da<strong>do</strong> pela carga <strong>de</strong>clarada pela DI n. 99/0127417-6,<strong>de</strong>sembaraçada no Porto <strong>de</strong> Santos em 17 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong>1.999. Diz o memoran<strong>do</strong>:“Vejamos, pois, o conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> algumas das informações<strong>de</strong>claradas na referida DI:+ Peso líqui<strong>do</strong>: 8.195 kg+ Valor FOB: US $ 1,00 (R$ 1,88)+ Valor <strong>do</strong> Frete: R$ 1,88+ Valor Aduaneiro: R$ 3,78“Com relação à merca<strong>do</strong>ria <strong>de</strong>clarada, classificaçãoNCM 8524.99.00, <strong>de</strong>nominação ‘OUTS. SUPORTES P/GRAV. DE SOM/SEMELHS. GREVADOS, ETC.”, salta aosolhos seu irrisório valor FOB: apenas US$ 1,00 (um dólar<strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s) para 8.195 kg <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>ria.“Po<strong>de</strong>ríamos citar muitos outros absur<strong>do</strong>s <strong>de</strong>clara<strong>do</strong>sna DI, como, por exemplo, o número da fatura comercial(<strong>de</strong>clara<strong>do</strong> como “....”) ou o nome <strong>do</strong> navio (“NJNJNJ”),mas esses da<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m ser facilmente constata<strong>do</strong>s nascópias das telas em anexo.”“O QUE SE INDAGA AQUI, PRINCIPALMENTE, É:COMO É POSSÍVEL QUE UMA DI COM TANTOS ABSUR-DOS E, PRINCIPALMENTE, COM UM VALOR FOB RISÍVEL,SEJA PARAMETRIZADA EM CANAL VERDE?“Mas o que verda<strong>de</strong>iramente nos preocupa não é amencionada DI, já que, aparentemente, a merca<strong>do</strong>ria nela<strong>de</strong>clarada nem mesmo existe, já que não existe um navio<strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> “NJNJNJ”. Quanto a esta, estamos toman<strong>do</strong>as providências necessárias à apuração <strong>do</strong> porquê <strong>de</strong> seuregistro. Seria apenas um teste para confirmar a fragilida<strong>de</strong><strong>do</strong> SISCOMEX, para se ter certeza <strong>de</strong> que frau<strong>de</strong>s verda<strong>de</strong>irase reais po<strong>de</strong>m ser cometidas impunemente? Seria apenaspara ridicularizar os controles da fiscalização aduaneira?Seria apenas uma DI registrada por engano? ... O querealmente importa é que o <strong>de</strong>sembaraço automático damerca<strong>do</strong>ria <strong>de</strong>clarada na mencionada DI apenas mostrou,<strong>de</strong> forma clara e irrefutável, o que há muito já se sabia. OSISCOMEX É DESPROVIDO DE PARÂMETROS CONFIÁVEISPARA O DIRECIONAMENTO DAS DI PARA OS DIVERSOSCANAIS DE PARAMETRIZAÇÃO. E, com o fim <strong>do</strong> evento da‘recepção’, MUITO POUCO PODE SER FEITO PELAFISCALIZAÇÃO ADUANEIRA PARA IMPEDIR AOCORRÊNCIA DE FRAUDES ALTAMENTE NOCIVAS À ECO-NOMIA NACIONAL.“Os problemas com a DI mencionada somente foram<strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>s porque, nesta Alfân<strong>de</strong>ga, instituímos a sistemática<strong>de</strong> se fazer uma rápida análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s comprovantes<strong>de</strong> importação das <strong>de</strong>clarações <strong>do</strong> canal ver<strong>de</strong>, comvistas à <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> irregularida<strong>de</strong>s flagrantes. Ressalte-se,contu<strong>do</strong>, que, CASO SE CONCRETIZE A IDÉIA DAEMISSÃO DE COMPROVANTE DE IMPORTAÇÃO PELOPRÓPRIO IMPORTADOR, NEM MESMO ESSA ANÁLISESUPERFICIAL SERÁ MAIS POSSÍVEL. Em outras palavras,O DESPACHO DE IMPORTAÇÃO PASSARÁ A SER FEITOTOTALMENTE À REVELIA DA FISCALIZAÇÃO ADUANEIRA,já que o SISCOMEX, não obstante seus inúmeros e incontestáveisméritos, não logra, ainda, substituir a ação <strong>do</strong>Auditor Fiscal.” (grifos <strong>do</strong> relator)4.3.3. O SISTEMA DE CANAIS E A FRAGILIDADE DAFISCALIZAÇÃO ADUANEIRAA opinião expressa acima pelo Inspetor da Alfân<strong>de</strong>ga<strong>do</strong> Porto <strong>de</strong> Santos é corroborada pelo Sindicato Nacional<strong>do</strong>s Auditores Fiscais da Receita Fe<strong>de</strong>ral, através <strong>do</strong> OfícioPR 108/2000 encaminha<strong>do</strong> a esta CPI, ao comentar asInstruções Normativas SRF 106 e 111:“A Instrução Normativa SRF 106, <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong>1998, embora seja <strong>de</strong> aplicação eventual, trouxe ao controleaduaneiro uma permanente insegurança. Conforme essanorma, tanto na importação quanto na exportação, ASMERCADORIAS PODEM SER LIBERADAS SEM QUALQUERCONTROLE FISCAL. Por essa norma, os <strong>de</strong>positáriospo<strong>de</strong>m entregar as merca<strong>do</strong>rias importadas e o transporta<strong>do</strong>rinternacional po<strong>de</strong> embarcar para exportação sem queas mesmas tenham si<strong>do</strong> <strong>de</strong>sembaraçadas, bastan<strong>do</strong>, paratanto, uma <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> chefe da unida<strong>de</strong> regional.Qualquer eliminação <strong>de</strong> controles aduaneiros, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<strong>do</strong>s motivos, REPRESENTA UM RISCO INCAL-CULÁVEL À SOCIEDADE BRASILEIRA, não apenas em relaçãoà economia, mas também no que se refere à saú<strong>de</strong>pública, à segurança, à soberania nacional, etc., PODENDOCAUSAR DANOS IRREPARÁVEIS AO PAÍS. Nenhumanorma po<strong>de</strong>ria sequer prever tal procedimento.”“Com a nova Instrução Normativa SRF 111/98, eliminou-sea figura da recepção <strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos nos <strong>de</strong>spachos<strong>de</strong> importação. Com isso, a seleção parametrizadapassou a rodar imediatamente após o registro da DI e nãomais após a recepção. A seleção parametrizada é o processopelo qual as Declarações <strong>de</strong> Importação (DIs) são selecionadaspara diferentes níveis <strong>de</strong> fiscalização, representa<strong>do</strong>spor canais. No ‘canal ver<strong>de</strong>’, o <strong>de</strong>sembaraço é efetua<strong>do</strong>pelo sistema sem qualquer conferência. No ‘canal amarelo’,a <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> importação será submetida à conferência<strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos. No ‘canal vermelho’, a carga será submetidaà conferência <strong>do</strong>cumental e verificação física. Háainda o ‘canal cinza’, on<strong>de</strong> a DI será submetida à conferência<strong>do</strong>cumental, verificação física e exame <strong>de</strong> valor. APE-NAS 0,5% DAS CARGAS CAEM NO CANAL CINZA.“A recepção era o momento em que havia uma possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> se i<strong>de</strong>ntificar indícios <strong>de</strong> irregularida<strong>de</strong>s, permitin<strong>do</strong>que a fiscalização pu<strong>de</strong>sse interferir na seleção parametrizadadirigin<strong>do</strong> alguns <strong>de</strong>spachos para o canal vermelho.Com a eliminação <strong>de</strong>sta etapa, não obstante aindaexistisse a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dirigir o <strong>de</strong>spacho para o canalvermelho, AFASTOU-SE DA FISCALIZAÇÃO QUALQUERPOSSIBILIDADE DE SUSPEITAR. Hoje, a seleção dirigida sóé possível se o importa<strong>do</strong>r solicitar. Esta norma inovouainda mais, uma vez que estabeleceu que os <strong>do</strong>cumentosinstrutivos <strong>do</strong> <strong>de</strong>spacho da importação, na hipótese <strong>de</strong>seleção para fiscalização, <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>volvi<strong>do</strong>s ao importa<strong>do</strong>r,que <strong>de</strong>verá guarda-los pelo prazo <strong>de</strong> cinco anos. Nahipótese da importação ser selecionada para o canal ver<strong>de</strong>,<strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a Instrução, o importa<strong>do</strong>r fica <strong>de</strong>sobriga<strong>do</strong>da apresentação <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos. Com isso tu<strong>do</strong>, o controle‘a posteriori’ fica extremamente vulnerável, pois comoestamos tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias estrangeiras, e ten<strong>do</strong> emvista que não existe presunção legal em comércio exterior,a ausência <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos inviabiliza qualquer procedimentofiscal. Com a edição <strong>de</strong>sta IN, INVIABILIZA-SE AREVISÃO ADUANEIRA E A FISCALIZAÇÃO EM ZONASECUNDÁRIA, AMBAS PREVISTAS EM LEI.”Por fim, analisa ainda a IN 114/98: “essa instrução normativarevela uma tendência <strong>de</strong> restringir a ação da aduanaou <strong>de</strong> a Receita Fe<strong>de</strong>ral ESTAR ABRINDO MÃO DE PRO-CEDIMENTOS DE CONTROLE TIPICAMENTE ADUANEI-ROS. Por essa norma, os procedimentos <strong>de</strong> conferência<strong>do</strong>cumental e física das merca<strong>do</strong>rias importadas, realiza<strong>do</strong>sno curso <strong>do</strong> <strong>de</strong>spacho aduaneiro, terão finalida<strong>de</strong> estritamentefiscal. Qualquer controle ou ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> outrosórgãos públicos <strong>de</strong>vem ser feitos na fase <strong>do</strong> licenciamento.Ora, UMA DAS CAUSAS DA INEFICIÊNCIA DO SISTEMAADUANEIRO É JUSTAMENTE A GRANDE DISPERSÃO DEPROCEDIMENTOS ADUANEIROS POR VÁRIOS ÓRGÃOSPÚBLICOS. Enten<strong>de</strong>mos que a administração <strong>do</strong> sistemaaduaneiro <strong>de</strong>veria buscar a unificação e integração <strong>do</strong>sprocedimentos aduaneiros em um sistema único, não apenasinformatiza<strong>do</strong> como é o SISCOMEX, mas <strong>de</strong> fato, comlegislação e administração únicas, <strong>de</strong> forma que os importa<strong>do</strong>resestariam sempre afetos a um único sistema.” (grifos<strong>do</strong> relator)Os critérios para a parametrização <strong>de</strong> uma carga peloconjunto <strong>do</strong>s canais <strong>de</strong> fiscalização, a cargo da COANA,foram critica<strong>do</strong>s em <strong>de</strong>poimento à CPI <strong>do</strong> presi<strong>de</strong>nte daUNAFISCO Sindical, <strong>Paulo</strong> Gil Hölck Introíni, em 18 <strong>de</strong>outubro <strong>de</strong> 2000: “com relação à centralização <strong>do</strong>s critérios<strong>de</strong> seleção na COANA, são <strong>do</strong>is problemas. Um <strong>de</strong>les épuramente técnico. Se o sistema for preenchi<strong>do</strong> com critériosnacionais, po<strong>de</strong>-se não aten<strong>de</strong>r às peculiarida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>alguma região. O Porto <strong>de</strong> Vitória, por exemplo, tinha ummovimento muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> automóveis. Precisaria, então,<strong>de</strong> critérios específicos. Outro porto só tem grãos.Viracopos tem uma quantida<strong>de</strong> muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> equipamentos<strong>de</strong> telefonia, <strong>de</strong> informática em geral. Esse, então,é um gran<strong>de</strong> problema técnico. O outro problema é a existência<strong>de</strong> um potencial gera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> corrupção na cúpula <strong>do</strong>órgão. Em tese, o sistema po<strong>de</strong> aceitar que insira, porexemplo, o número <strong>do</strong> CNPJ <strong>de</strong> alguma empresa - que seDIDESEMBARAÇADASCANAL VERDESOMATÓRIO DOSCANAIS VERMELHOSE CINZACANAL AMARELOCANAL VERMELHOCANAL CINZADIAinclua ou retire, porque o sistema aceita critérios matemáticos.Estou falan<strong>do</strong> em tese, mas isso é possível. A mão-<strong>de</strong>obrahumana não é dispensada em nenhuma aduana <strong>do</strong>mun<strong>do</strong>. É claro que toda fiscalização tem <strong>de</strong> ter uma justificativa.A <strong>de</strong>scentralização po<strong>de</strong>ria, então, ser uma combinaçãoentre critérios nacionais e regionais, no âmbito dassuperintendências, e critérios locais.”4.3.4. OS CASOS DOS AEROPORTOS INTERNACIONAISDE CUMBICA E VIRACOPOS E DO PORTO DE SANTOSA fragilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> controle da movimentação<strong>de</strong> cargas pela Aduana brasileira é uma das causasda vulnerabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s portos e aeroportos internacionaispara ativida<strong>de</strong>s ilícitas, como o <strong>narcotráfico</strong>, o contraban<strong>do</strong>e o <strong>de</strong>scaminho. O risco a consi<strong>de</strong>rar po<strong>de</strong> ser avalia<strong>do</strong>pelos da<strong>do</strong>s referentes à movimentação <strong>de</strong> cargas no Porto<strong>de</strong> Santos e nos Aeroportos Internacionais <strong>de</strong> Cumbica, emGuarulhos, e Viracopos, em Campinas.Informações prestadas pelo Delega<strong>do</strong> da Polícia Civillota<strong>do</strong> no Aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos, Francisco Basile, em<strong>de</strong>poimento à CPI no dia 31 <strong>de</strong> agosto, dão conta <strong>de</strong> númerosgigantescos: “o Aeroporto <strong>de</strong> Cumbica é o 54o. no ranking<strong>do</strong>s maiores aeroportos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. A movimentaçãoanual <strong>de</strong> passageiros é estimada em 14 milhões <strong>de</strong> pessoas,com uma população flutuante estimada em 100 milpessoas, com cerca <strong>de</strong> 38 mil passageiros embarca<strong>do</strong>s ou<strong>de</strong>sembarca<strong>do</strong>s, acompanha<strong>do</strong>s <strong>de</strong> seus familiares e visitantes.Há 187 mil pousos e <strong>de</strong>colagens <strong>de</strong> aeronavesnacionais e estrangeiras por ano, ligan<strong>do</strong> o aeroporto <strong>de</strong>Guarulhos a 183 cida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.”“Em relação à movimentação <strong>de</strong> cargas, os armazénsmovimentaram em 1999 o total <strong>de</strong> 175 mil toneladas <strong>de</strong>carga, número inferior ao <strong>de</strong> 1998, apesar <strong>do</strong> gran<strong>de</strong> crescimentoda exportação no segun<strong>do</strong> semestre, geran<strong>do</strong> umareceita <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> R$ 87 milhões referentes à armazenagem<strong>de</strong> carga aérea. A área <strong>de</strong> armazéns alfan<strong>de</strong>ga<strong>do</strong>s no terminal<strong>de</strong> cargas <strong>de</strong> Guarulhos é <strong>de</strong> 41.865 m 2 para importaçãoe 22.888 m 2 para exportação. Além das cargas, há cerca <strong>de</strong>300 operações <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> valores por mês.”Já o <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> Wilson Roberto O<strong>do</strong>nes, da Polícia Civil<strong>de</strong> Campinas, lota<strong>do</strong> no Aeroporto Internacional <strong>de</strong>Viracopos, <strong>de</strong>stacou em seu <strong>de</strong>poimento à CPI que o referi<strong>do</strong>aeroporto tem uma movimentação muito menor <strong>de</strong> passageiros- em torno <strong>de</strong> 300 mil passageiros/ano - mas apresentauma movimentação <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 185 miltoneladas/ano <strong>de</strong> cargas, particularmente relacionadas aindústrias transnacionais importa<strong>do</strong>ras e exporta<strong>do</strong>ras <strong>de</strong>material para telefonia e informática, entre outras <strong>de</strong> altatecnologia.A Receita Fe<strong>de</strong>ral é, com certeza, a mais importanteinstituição capaz <strong>de</strong> assegurar o controle <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong>cargas movimentadas nestes importantes pontos <strong>de</strong> entradae saída <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias. No entanto, quan<strong>do</strong> verificamosos da<strong>do</strong>s relaciona<strong>do</strong>s à classificação das cargas para<strong>de</strong>sembaraço pelos diferentes canais <strong>de</strong> fiscalização, percebemosa fragilida<strong>de</strong> e a vulnerabilida<strong>de</strong> potencial <strong>do</strong> sistemaà ação criminosa.A CPI teve acesso à tabela, reproduzida a seguir, referenteà classificação por canais <strong>de</strong> fiscalização relativas aomês <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2000, entre os dias 01 e 19. Detivemo-nosna análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s relaciona<strong>do</strong>s ao porto <strong>de</strong> Santos, aoAeroporto <strong>de</strong> Cumbica e ao Aeroporto <strong>de</strong> Viracopos, objetos<strong>de</strong> preocupação prioritária da CPI.QUINTA01SEXTA02SÁBADO03DOMINGO04QTDE % QTDE % QTDE % QTDE %ALF / SANTOS 770 100,0 701 100,0 8 100,0 3 100,0ALF / AISP 532 100,0 564 100,0 11 100,0 11 100,0ALF / VIRACOPOS 782 100,0 694 100,0 75 100,0 21 100,0IRF / SP 462 100,0 551 100,0 95 100,0 1 100,0IRF / S.SEBASTIÃO 5 100,0 0 0 0DRF / S.J.CAMPOS 77 100,0 100 100,0 3 100,0 0OUTRAS44 100,0 20 100,0 1 100,0 0UNIDADESTOTAL 8 º RF 2.672 100,0 2.630 100,0 193 100,0 36 100,0ALF / SANTOS 575 74,7 530 75,6 8 100,0 3 100,0ALF / AISP 394 74,1 351 62,2 4 36,4 3 27,3ALF / VIRACOPOS 679 86,8 505 72,8 75 100,0 21 100,0IRF / SP 321 69,5 328 59,5 95 100,0 1 100,0IRF / S.SEBASTIÃO 0 0,0 0 0 0DRF / S.J.CAMPOS 49 63,6 56 56,0 3 100,0 0OUTRAS19 43,2 11 55,0 1 100,0 0UNIDADESTOTAL 8 º RF 2.037 76,2 1.781 67,7 186 96,4 28 77,8ALF / SANTOS 195 25,3 171 24,4 0 0,0 0 0,0ALF / AISP 138 25,9 213 37,8 7 63,6 8 72,7ALF / VIRACOPOS 103 13,2 189 27,2 0 0,0 0 0,0IRF / SP 141 30,5 223 40,5 0 0,0 0 0,0IRF / S.SEBASTIÃO 5 100,0 0 0 0DRF / S.J.CAMPOS 28 36,4 44 44,0 0 0,0 0OUTRAS25 56,8 9 45,0 0 0,0 0UNIDADESTOTAL 8 º RF 635 23,8 849 32,3 7 3,6 8 22,2ALF / SANTOS 157 20,4 132 18,8 0 0,0 0 0,0ALF / AISP 63 11,8 108 19,1 5 45,5 5 45,5ALF / VIRACOPOS 66 8,4 125 18,0 0 0,0 0 0,0IRF / SP 94 20,3 132 24,0 0 0,0 0 0,0IRF / S.SEBASTIÃO 4 80,0 0 0 0DRF / S.J.CAMPOS 11 14,3 15 15,0 0 0,0 0OUTRAS23 52,3 4 20,0 0 0,0 0UNIDADESTOTAL 8 º RF 418 15,6 516 19,6 5 2,6 5 13,9ALF / SANTOS 38 4,9 39 5,6 0 0,0 0 0,0ALF / AISP 75 14,1 105 18,6 2 18,2 3 27,3ALF / VIRACOPOS 37 4,7 64 9,2 0 0,0 0 0,0IRF / SP 47 10,2 91 16,5 0 0,0 0 0,0IRF / S.SEBASTIÃO 1 20,0 0 0 0DRF / S.J.CAMPOS 17 22,1 29 29,0 0 0,0 0OUTRAS2 4,5 5 25,0 0 0,0 0UNIDADESTOTAL 8 º RF 217 8,1 333 12,7 2 1,0 3 8,3ALF / SANTOS 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0ALF / AISP 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0ALF / VIRACOPOS 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0IRF / SP 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0IRF / S.SEBASTIÃO 0 0,0 0 0 0DRF / S.J.CAMPOS 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0OUTRAS0 0,0 0 0,0 0 0,0 0UNIDADESTOTAL 8 º RF 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0


6 – D.O.E.; Po<strong>de</strong>r Legislativo, <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, 112 (117), sába<strong>do</strong>, 22 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2002 – SUPLEMENTODIDESEMBARAÇADASDIASEGUNDA05TERÇA06QUARTA07QUINTA08QTDE % QTDE % QTDE % QTDE %ALF / SANTOS 808 100,0 765 100,0 838 100,0 731 100,0ALF / AISP 564 100,0 489 100,0 585 100,0 549 100,0ALF / VIRACOPOS 948 100,0 881 100,0 862 100,0 798 100,0IRF / SP 421 100,0 480 100,0 491 100,0 528 100,0IRF / S.SEBASTIÃO 9 100,0 0 5 0DRF / S.J.CAMPOS 62 100,0 83 100,0 94 100,0 120 100,0OUTRAS16 100,0 23 100,0 26 100,0 30 100,0UNIDADESTOTAL 8 º RF 2.828 100,0 2.721 100,0 2.901 100,0 2.756 100,0DIDESEMBARAÇADASDIATERÇA13QUARTA14QUINTA15SEXTA16QTDE % QTDE % QTDE % QTDE %ALF / SANTOS 733 100,0 542 100,0 486 100,0 706 100,0ALF / AISP 591 100,0 582 100,0 633 100,0 581 100,0ALF / VIRACOPOS 873 100,0 817 100,0 832 100,0 772 100,0IRF / SP 503 100,0 535 100,0 517 100,0 530 100,0IRF / S.SEBASTIÃO 0 1 100,0 6 100,0 1 100,0DRF / S.J.CAMPOS 95 100,0 128 100,0 82 100,0 68 100,0OUTRAS9 100,0 37 100,0 28 100,0 20 100,0UNIDADESTOTAL 8 º RF 2.804 100,0 2.642 100,0 2.584 100,0 2.678 100,0CANAL VERDEALF / SANTOS 667 82,5 602 78,7 662 79,0 553 75,6ALF / AISP 394 69,9 428 87,5 464 79,3 416 75,8ALF / VIRACOPOS 690 72,8 715 81,2 707 82,0 623 78,1IRF / SP 264 62,7 319 66,5 378 77,0 360 68,2IRF / S.SEBASTIÃO 0 0,0 0 0 0DRF / S.J.CAMPOS 41 66,1 55 66,3 73 77,7 80 66,7OUTRAS5 31,3 14 60,9 15 57,7 11 36,7UNIDADESTOTAL 8 º RF 2.061 72,9 2.133 78,4 2.299 79,2 2.043 74,1CANAL VERDEALF / SANTOS 559 76,3 542 100,0 486 100,0 511 72,4ALF / AISP 417 70,6 417 71,6 424 67,0 405 69,7ALF / VIRACOPOS 734 84,1 619 75,8 632 76,0 551 71,4IRF / SP 318 63,2 334 62,4 306 59,2 298 56,2IRF / S.SEBASTIÃO 0 0 0,0 0 0,0 0 0,0DRF / S.J.CAMPOS 68 71,6 67 52,3 34 41,5 37 54,4OUTRAS1 11,1 9 24,3 9 32,1 2 10,0UNIDADESTOTAL 8 º RF 2.097 74,8 1.988 75,2 1.891 73,2 1.804 67,4SOMATÓRIO DOSCANAIS VERMELHOSE CINZAALF / SANTOS 141 17,5 163 21,3 176 21,0 178 24,4ALF / AISP 170 30,1 61 12,5 121 20,7 133 24,2ALF / VIRACOPOS 258 27,2 166 18,8 155 18,0 175 21,9IRF / SP 157 37,3 161 33,5 113 23,0 168 31,8IRF / S.SEBASTIÃO 9 100,0 0 5 100,0 0DRF / S.J.CAMPOS 21 33,9 28 33,7 21 22,3 40 33,3OUTRAS11 68,8 9 39,1 11 42,3 19 63,3UNIDADESTOTAL 8 º RF 767 27,1 588 21,6 602 20,8 713 25,9SOMATÓRIO DOSCANAIS VERMELHOSE CINZAALF / SANTOS 174 23,7 0 0,0 0 0,0 195 27,6ALF / AISP 174 29,4 165 28,4 209 33,0 176 30,3ALF / VIRACOPOS 139 15,9 198 24,2 200 24,0 221 28,6IRF / SP 185 36,8 201 37,6 211 40,8 232 43,8IRF / S.SEBASTIÃO 0 1 100,0 6 100,0 1 100,0DRF / S.J.CAMPOS 27 28,4 61 47,7 48 58,5 31 45,6OUTRAS8 88,9 28 75,7 19 67,9 18 90,0UNIDADESTOTAL 8 º RF 707 25,2 654 24,8 693 26,8 874 32,6CANAL AMARELOALF / SANTOS 107 13,2 124 16,2 134 16,0 148 20,2ALF / AISP 75 13,3 28 5,7 65 11,1 52 9,5ALF / VIRACOPOS 136 14,3 82 9,3 91 10,6 97 12,2IRF / SP 113 26,8 102 21,3 72 14,7 119 22,5IRF / S.SEBASTIÃO 8 88,9 0 5 100,0 0DRF / S.J.CAMPOS 7 11,3 13 15,7 5 5,3 18 15,0OUTRAS5 31,3 4 17,4 9 34,6 11 36,7UNIDADESTOTAL 8 º RF 451 15,9 353 13,0 381 13,1 445 16,1CANAL AMARELOALF / SANTOS 124 16,9 0 0,0 0 0,0 152 21,5ALF / AISP 75 12,7 70 12,0 83 13,1 69 11,9ALF / VIRACOPOS 84 9,6 102 12,5 138 16,6 115 14,9IRF / SP 113 22,5 120 22,4 112 21,7 130 24,5IRF / S.SEBASTIÃO 0 1 100,0 6 100,0 1 100,0DRF / S.J.CAMPOS 13 13,7 19 14,8 16 19,5 11 16,2OUTRAS5 55,6 18 48,6 13 46,4 3 15,0UNIDADESTOTAL 8 º RF 414 14,8 330 12,5 368 14,2 481 18,0CANAL VERMELHOALF / SANTOS 34 4,2 39 5,1 42 5,0 30 4,1ALF / AISP 95 16,8 33 6,7 56 9,6 81 14,8ALF / VIRACOPOS 122 12,9 84 9,5 64 7,4 78 9,8IRF / SP 44 10,5 59 12,3 41 8,4 49 9,3IRF / S.SEBASTIÃO 1 11,1 0 0 0,0 0 0,0DRF / S.J.CAMPOS 14 22,6 15 18,1 16 17,0 22 18,3OUTRAS6 37,5 5 21,7 2 7,7 8 26,7UNIDADESTOTAL 8 º RF 316 11,2 235 8,6 221 7,6 268 9,7CANAL VERMELHOALF / SANTOS 50 6,8 0 0,0 0 0,0 43 6,1ALF / AISP 99 16,8 95 16,3 126 19,9 107 18,4ALF / VIRACOPOS 55 6,3 96 11,8 62 7,5 106 13,7IRF / SP 72 14,3 81 15,1 99 19,1 102 19,2IRF / S.SEBASTIÃO 0 0 0,0 0 0,0 0 0,0DRF / S.J.CAMPOS 14 14,7 42 32,8 32 39,0 20 29,4OUTRAS3 33,3 10 27,0 6 21,4 15 75,0UNIDADESTOTAL 8 º RF 293 10,4 324 12,3 325 12,6 393 14,7ALF / SANTOS 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0ALF / SANTOS 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0CANAL CINZAALF / AISP 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0ALF / VIRACOPOS 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0IRF / SP 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0IRF / S.SEBASTIÃO 0 0,0 0 0 0DRF / S.J.CAMPOS 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0OUTRAS0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0UNIDADESTOTAL 8 º RF 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0CANAL CINZAALF / AISP 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0ALF / VIRACOPOS 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0IRF / SP 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0IRF / S.SEBASTIÃO 0 0 0,0 0 0,0 0 0,0DRF / S.J.CAMPOS 0 0,00 0 0,0 0 0,0 0 0,0OUTRAS0 0,00 0 0,0 0 0,0 0 0,0UNIDADESTOTAL 8 º RF 0 0,00 0 0,0 0 0,0 0 0,0DIDESEMBARAÇADASDIASEXTA09SÁBADO10DOMINGO11SEGUNDA12QTDE % QTDE % QTDE % QTDE %ALF / SANTOS 697 100,0 2 100,0 0 794 100,0ALF / AISP 575 100,0 20 100,0 8 100,0 618 100,0ALF / VIRACOPOS 689 100,0 56 100,0 14 100,0 895 100,0IRF / SP 521 100,0 46 100,0 0 451 100,0IRF / S.SEBASTIÃO 1 100,0 0 0 1 100,0DRF / S.J.CAMPOS 83 100,0 0 0 85 100,0OUTRAS19 100,0 1 100,0 0 17 100,0UNIDADESTOTAL 8 º RF 2.585 100,0 125 100,0 22 100,0 2.861 100,0DIDESEMBARAÇADASDIASÁBADO17DOMINGO18SEGUNDA19TOTALIZAÇÃODO MÊSQTDE % QTDE % QTDE % QTDE %ALF / SANTOS 4 100,0 0 782 100,0 9.370 100,0ALF / AISP 14 100,0 9 100,0 580 100,0 7.516 100,0ALF / VIRACOPOS 103 100,0 19 100,0 924 100,0 11.055 100,0IRF / SP 55 100,0 0 445 100,0 6.632 100,0IRF / S.SEBASTIÃO 0 0 0 29 100,0DRF / S.J.CAMPOS 1 100,0 0 91 100,0 1.172 100,0OUTRAS0 0 26 100,0 317 100,0UNIDADESTOTAL 8 º RF 177 100,0 28 100,0 2.848 100,0 36.091 100,0CANAL VERDEALF / SANTOS 500 71,7 2 100,0 0 607 76,4ALF / AISP 322 56,0 3 15,0 6 75,0 408 66,0ALF / VIRACOPOS 519 75,3 56 100,0 14 100,0 789 88,2IRF / SP 299 57,4 46 100,0 0 269 59,6IRF / S.SEBASTIÃO 0 0,0 0 0 0 0,0DRF / S.J.CAMPOS 57 68,7 0 0 58 68,2OUTRAS2 10,5 1 100,0 0 2 11,8UNIDADESTOTAL 8 º RF 1.699 65,7 108 86,4 20 90,9 2.133 74,6CANAL VERDEALF / SANTOS 4 100,0 0 601 76,9 7.412 79,1ALF / AISP 10 71,4 5 55,6 388 66,9 5.259 70,0ALF / VIRACOPOS 103 100,0 19 100,0 742 80,3 8.793 79,5IRF / SP 55 100,0 0 239 53,7 4.230 63,8IRF / S.SEBASTIÃO 0 0 0 0 0,0DRF / S.J.CAMPOS 1 100,0 0 54 59,3 733 62,5OUTRAS0 0 0 0,0 102 32,2UNIDADESTOTAL 8 º RF 173 97,7 24 85,7 2.024 71,1 26.529 73,5SOMATÓRIO DOSCANAIS VERMELHOSE CINZAALF / SANTOS 197 28,3 0 0,0 0 187 23,6ALF / AISP 253 44,0 17 85,0 2 25,0 210 34,0ALF / VIRACOPOS 170 24,7 0 0,0 0 0,0 106 11,8IRF / SP 222 42,6 0 0,0 0 182 40,4IRF / S.SEBASTIÃO 1 100,0 0 0 1 100,0DRF / S.J.CAMPOS 26 31,3 0 0 27 31,8OUTRAS17 89,5 0 0,0 0 15 88,2UNIDADESTOTAL 8 º RF 886 34,3 17 13,6 2 9,1 728 25,4SOMATÓRIO DOSCANAIS VERMELHOSE CINZAALF / SANTOS 0 0,0 0 181 23,1 1.958 20,9ALF / AISP 4 28,6 4 44,4 192 33,1 2.257 30,0ALF / VIRACOPOS 0 0,0 0 0,0 182 19,7 2.262 20,5IRF / SP 0 0,0 0 206 46,3 2.402 36,2IRF / S.SEBASTIÃO 0 0 0 29 100,0DRF / S.J.CAMPOS 0 0,0 0 37 40,7 439 37,5OUTRAS0 0 26 100,0 215 67,8UNIDADESTOTAL 8 º RF 4 2,3 4 14,3 824 28,9 9.562 26,5CANAL AMARELOALF / SANTOS 151 21,7 0 0,0 0 153 19,3ALF / AISP 122 21,2 14 70,0 1 12,5 116 18,8ALF / VIRACOPOS 95 13,8 0 0,0 0 0,0 64 7,2IRF / SP 140 26,9 0 0,0 0 114 25,3IRF / S.SEBASTIÃO 1 100,0 0 0,0 0 1 100,0DRF / S.J.CAMPOS 6 7,2 0 0 7 8,2OUTRAS10 52,6 0 0,0 0 10 58,8UNIDADESTOTAL 8 º RF 525 20,3 14 11,2 1 4,5 465 16,3,CANAL AMARELOALF / SANTOS 0 0,0 0 129 16,5 1.511 16,1ALF / AISP 4 28,6 2 22,2 86 14,8 1.043 13,9ALF / VIRACOPOS 0 0,0 0 0,0 99 10,7 1.294 11,7IRF / SP 0 0,0 0 99 22,2 1.460 22,0IRF / S.SEBASTIÃO 0 0 0 27 93,1DRF / S.J.CAMPOS 0 0,0 0 12 13,2 153 13,1OUTRAS0 0 22 84,6 137 43,2UNIDADESTOTAL 8 º RF 4 2,3 2 7,1 447 15,7 5.625 15,6CANAL VERMELHOALF / SANTOS 46 6,6 0 0,0 0 34 4,3ALF / AISP 131 22,8 3 15,0 1 12,5 94 15,2ALF / VIRACOPOS 75 10,9 0 0,0 0 0,0 42 4,7IRF / SP 82 15,7 0 0,0 0 68 15,1IRF / S.SEBASTIÃO 0 0,0 0 0 0 0,0DRF / S.J.CAMPOS 20 24,1 0 0 20 23,5OUTRAS7 36,8 0 0,0 0 5 29,4UNIDADESTOTAL 8 º RF 361 14,0 3 2,4 1 4,5 263 9,2CANAL VERMELHOALF / SANTOS 0 0,0 0 52 6,6 447 4,8ALF / AISP 0 0,0 2 22,2 106 18,3 1.214 16,2ALF / VIRACOPOS 0 0,0 0 0,0 83 9,0 968 8,8IRF / SP 0 0,0 0 107 24,0 942 14,2IRF / S.SEBASTIÃO 0 0 0 2 6,9DRF / S.J.CAMPOS 0 0,0 0 25 27,5 286 24,4OUTRAS0 0 4 15,4 78 24,6UNIDADESTOTAL 8 º RF 0 0,0 2 7,1 377 13,2 3.937 10,9ALF / SANTOS 0 0,0 0 0,0 0 0ALF / SANTOS 0 0,0 0 0 0,0 0 0,0CANAL CINZAALF / AISP 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0ALF / VIRACOPOS 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0IRF / SP 0 0,0 0 0,0 0 0IRF / S.SEBASTIÃO 0 0,0 0 0 0DRF / S.J.CAMPOS 0 0,0 0 0 0OUTRAS0 0,0 0 0,0 0 0UNIDADESTOTAL 8 º RF 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0CANAL CINZAALF / AISP 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0ALF / VIRACOPOS 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0IRF / SP 0 0,0 0 0 0,0 0 0,0IRF / S.SEBASTIÃO 0 0 0 0 0,0DRF / S.J.CAMPOS 0 0,0 0 0 0,0 0 0,0OUTRAS0 0 0 0,0 0 0,0UNIDADESTOTAL 8 º RF 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0


8 – D.O.E.; Po<strong>de</strong>r Legislativo, <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, 112 (117), sába<strong>do</strong>, 22 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2002 – SUPLEMENTO12 cc 14 e 18, inc. I 19.06.00 - 87/00 Aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos 4a Francisco Torramilans da Rosa (espanhol) Barcelona 1992,0 g. / cocaína12 cc 14 e 18, inc. I 25.06.00 - 92/00 Aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos 4a Jorge Daniel Remba<strong>do</strong> (argentino) Madrid 1.038,0 g. / cocaína12 cc 14 e 18, inc. I 26.06.00 - 77/00 Aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos 2a Noel Christian Aniambossou (benindês) Cotonou/Benin 530,9 g. / cocaína12 cc 14 e 18, inc. I 26.06.00 - 76/00 Aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos 2a Luis Antonio Rodrigues Correia(falso: nome real: Bartolomeu Gonçalves- português) Lisboa 600,0 g. / cocaína12 cc 14 e 18, inc. I 01.07.00 - 95/00 Aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos 4a Alex Eugene Rouillard (francês) Madrid - Espanha 3.081,6 g. / cocaína12 cc 14 e 18, inc. I 22.07.00 - 328/00 Aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos 2a Magnólia Céspe<strong>de</strong>s Bejarano (boliviana) Ilhas Canárias 415, 0 g. / cocaína12 cc 14 e 18, inc. I 31.07.00 - 106/00 Aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos 4a Ronal<strong>do</strong> Pereira Correia Amsterdã - Holanda 5.000,0 g. / cocaína12 cc 14 e 18, inc. I 08.09.00 - 403/00 Aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos 2a Stjepan Gluhak (croata/macedônio) Zurich - Suiça 1.892,0 g. / cocaína12 cc 14 e 18, inc. I 11.09.00 - 126/00 Aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos 4a Zsuzsanna Toth Piti (húngara) Roma - Itália 1.205,0 g. / cocaína12 cc 14 e 18, inc. I 17.09.00 - 130/00 Aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos 4a Luciana Paulino Paris - França 337,0 g. / cocaína12 cc 14 e 18, inc. I 19.09.00 - 099/00 Aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos 2a Júlio César Voticoski Amsterdã - Holanda 590,0 g. / cocaína12 cc 14 e 18, inc. I 22.09.00 - 133/00 Aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos 4a Renal<strong>do</strong> Renier Cloiser (holandês) Amsterdã - Holanda 1.094,0 g. / cocaína12 cc 14 e 18, inc. I 27.09.00 - 102/00 Aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos 2a A<strong>de</strong>milson Hermes Amsterdã - Holanda 925,0 g. / cocaína12 cc 14 e 18, inc. I 30.09.00 - 436/00 Aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos 4a Luciana Aparecida Bellinazzi e outros Madrid - Espanha 23.570,0 g. / cocaína12 cc 14 e 18, inc. I 16.10.00 - 141/00 Aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos 4a Gesiel Ferreira Lima Amsterdã - Holanda 295,0 g. / cocaína12 cc 14 e 18, inc. I 24.10.00 - 117/00 Aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos 3a Vanda Pereira da Silva e outros Lisboa / Maputo 5.150,0 g. / cocaína12 cc 14 e 18, inc. I 31.10.00 - 149/00 Aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos 4a Domingos Amorim Defraia Zurich - Suíça 1.016,2 g. / cocaína12 cc 14 e 18, inc. I 07.11.00 - 111/00 Aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos 2a Imad Ghazi Jebai (libanês) Paris - França 2.990,0 g. / cocaína12 cc 14 e 18, inc. I 12.11.00 - 153/00 Aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos 4a Mohamad Farhan Abou Ltaif (libanês) Madrid - Espanha 2.565,0 g. / cocaína12 cc 14 e 18, inc. I 12.11.00 - 493/00 Aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos 2a Fábio Junior Martins Madrid - Espanha 778,3 g. / cocaína12 cc 14 e 18, inc. I 13.11.00 - 154/00 Aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos 4a Jussara Werneck Salga<strong>do</strong> e outros Johannesburg / Accrar 5.110,0 g. / cocaína12 cc 14 e 18, inc. I 17.11.00 - 155/00 Aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos 4a Cândida Martinez (paraguaia) Amsterdã - Holanda 1.510,0 g. / cocaína12 cc 14 e 18, inc. I 17.11.00 - 115/00 Aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos 2a Fernan<strong>do</strong> Ramiro Urquiri Tamese outro (bolivianos) Zurich - Suíça 3.105,0 g. / cocaína12 cc 14 e 18, inc. I 20.11.00 - 116/00 Aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos 2a Maria Camila Gelves Cortez(salva<strong>do</strong>renha) Roma - Itália 2.500,0 g. / cocaína12 cc 14 e 18, inc. I 26.11.00 - 159/00 Aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos 4a Leila Aurora <strong>de</strong> Sousa Zurich - Suíça 2.705,0 g. / cocaína12 cc 14 e 18, inc. I 27.11.00 - 119/00 Aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos 2a Ramon Gallar<strong>do</strong> Cuellar (boliviano) Amsterdã - Holanda 469,0 g. / cocaína12 cc 14 e 18, inc. I 06.12.00 - 163/00 Aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos 4a Valdirene Alves Gama Madrid - Espanha 1.220,0 g. / cocaína12 cc 14 e 18, inc. I 08.12.00 - 126/00 Aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos 2a Rosilene Gomes Bachega (brasileira) Londres - Inglaterra 1.920,0 g. / cocaína12 cc 14 e 18, inc. I 18.12.00 - 167/00 Aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos 4a Luciano Aureliano Londres - Inglaterra 504,0 g. / cocaína12 cc 14 e 18, inc. I 18.12.00 - 127/00 Aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos 2a Einer Paniagua Men<strong>de</strong>z (boliviano) Madrid - Espanha 325,0 g. / cocaína12 cc 14 e 18, inc. I 19.12.00 - 169/00 Aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos 4a Maurício Matheus <strong>de</strong> Oliveira Madrid - Espanha 575,0 g. / cocaínaFonte: DENARCApreensões no Aeroporto <strong>de</strong> CongonhasTotal <strong>de</strong> Apreensões no Aeroporto <strong>de</strong> GuarulhosTotal geral apreendi<strong>do</strong> (cocaína)5.1.3. ESTUDO DE CASO: A PONTE NIGERIANA DADROGA ENTRE SÃO PAULO E A ÁFRICA DO SULEm 29 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2.000, esta Comissão proce<strong>de</strong>u àoitiva <strong>de</strong> testemunha <strong>de</strong> codinome José Carlos <strong>de</strong> Oliveira,que <strong>de</strong>nunciou possível envolvimento <strong>de</strong> policiais fe<strong>de</strong>raisna facilitação <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas realiza<strong>do</strong> através <strong>do</strong>Aeroporto Internacional <strong>de</strong> Guarulhos.O <strong>de</strong>nunciante apresentou-se voluntariamente a estaCPI e colocou-se sob proteção <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong>Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil paulista,ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> posteriormente aprova<strong>do</strong> para inclusão noPROVITA, o Programa Estadual <strong>de</strong> Proteção a Testemunhas,a pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong>sta Comissão <strong>de</strong> Inquérito.Segun<strong>do</strong> o <strong>de</strong>nunciante, em 1998, em Recife,Pernambuco, conheceu <strong>Paulo</strong> da Silva Costa, que lhe propôsganhar 15 mil dólares para transportar cerca <strong>de</strong> vintequilos <strong>de</strong> cocaína para Johannesburgo, na África <strong>do</strong> Sul. Aviagem, assim como a merca<strong>do</strong>ria a ser enviada, seriamprovi<strong>de</strong>nciadas por duas outras pessoas - Cláudia e Azi, esteúltimo <strong>de</strong> nacionalida<strong>de</strong> nigeriana - a partir <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>.Já em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, Oliveira foi apresenta<strong>do</strong> a estas duaspessoas, que o orientaram sobre como proce<strong>de</strong>r duranteseu embarque. Foi-lhe assegura<strong>do</strong> que policiais fe<strong>de</strong>rais,que estariam <strong>de</strong> prontidão junto ao Aeroporto Internacional<strong>de</strong> Guarulhos, po<strong>de</strong>riam auxiliá-lo diante <strong>de</strong> alguma dificulda<strong>de</strong>.Embora <strong>Paulo</strong> tenha lhe indica<strong>do</strong> um <strong>de</strong>stes policiaisque estaria presente ao saguão <strong>do</strong> aeroporto no momento<strong>do</strong> embarque, não houve qualquer contato direto, sen<strong>do</strong><strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong> seu nome ou sua função.Todas as <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong>correntes da viagem, incluin<strong>do</strong> aviagem <strong>de</strong> Recife a <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, foram custeadas porCláudia. A mala, que <strong>de</strong>veria transportar a cocaína, foi-lheentregue no dia da viagem, pouco antes <strong>de</strong> entrar no táxique o levaria ao aeroporto.O embarque, durante esta primeira viagem, efetua<strong>do</strong>em novembro <strong>de</strong> 1.998, ocorreu sem qualquer inci<strong>de</strong>nte,sen<strong>do</strong> a bagagem <strong>de</strong>spachada sem nenhum problema.Seguin<strong>do</strong> as instruções recebidas, em JohannesburgoOliveira retirou a etiqueta <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação da mala quetransportava a cocaína, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong>-a na esteira. Na saída <strong>do</strong>aeroporto, estava sen<strong>do</strong> aguarda<strong>do</strong> por um taxista que olevou ao hotel, on<strong>de</strong> foi recebi<strong>do</strong> por um nigeriano - Jabarou Jabá - que foi responsável por sua estadia naquele país.Após uma semana, retornou ao Brasil, trazen<strong>do</strong> novamenteuma mala, conten<strong>do</strong> algumas garrafas <strong>de</strong> bebida,alguns CDs e tubos <strong>de</strong> creme hidratante. Estas merca<strong>do</strong>riasforam <strong>de</strong>sembarcadas sem qualquer problema e entregues a<strong>Paulo</strong>, que, em hotel <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, realizou parte <strong>do</strong> pagamento(10 mil dólares). Nesta oportunida<strong>de</strong>, o <strong>de</strong>nunciantepo<strong>de</strong> constatar que o dinheiro fora trazi<strong>do</strong> <strong>de</strong> Johannesburgo,acondiciona<strong>do</strong> nos tubos <strong>de</strong> creme hidratante.Uma nova viagem foi realizada em maio <strong>de</strong> 1999, paraenvio <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 24 quilos <strong>de</strong> cocaína. Nesta, Oliveiramencionou ter havi<strong>do</strong> a intervenção <strong>de</strong> um suposto policialfe<strong>de</strong>ral junto à funcionária da companhia aérea que, não sesabe o motivo, estaria se dirigin<strong>do</strong> com seu passaporte esua passagem em direção ao final <strong>do</strong> balcão <strong>do</strong> check-in.Após uma rápida conversa, a funcionária retornou e provi<strong>de</strong>nciouo normal <strong>de</strong>spacho <strong>de</strong> sua bagagem.Em Johannesburgo, Oliveira proce<strong>de</strong>u como na primeiraviagem. No embarque para retornar ao Brasil, foi<strong>de</strong>ti<strong>do</strong> por policiais daquele país, sen<strong>do</strong> acusa<strong>do</strong> <strong>de</strong> tráfico<strong>de</strong> drogas. Após quatro meses <strong>de</strong> <strong>de</strong>tenção, foi libera<strong>do</strong>mediante o pagamento <strong>de</strong> fiança no valor <strong>de</strong> 6 mil dólares -provi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong>s por Jabar.Após sua libertação, recebeu parte <strong>do</strong> pagamento <strong>de</strong>Jabar e, com a ajuda <strong>de</strong> uma moçambicana - Candinha -conhecida por intermédio <strong>de</strong> Jabar, entrou ilegalmentenaquele país. Em Moçambique, permaneceu por cerca <strong>de</strong> 8(oito) meses na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Maputo, on<strong>de</strong> envolveu-se emtentativa <strong>de</strong> estelionato. Terminou por ser acusa<strong>do</strong> <strong>de</strong>ameaça, sen<strong>do</strong> con<strong>de</strong>na<strong>do</strong> ao pagamento <strong>de</strong> in<strong>de</strong>nização,além da pena <strong>de</strong> prisão.2.791,2 g126.404,2 g129.145,4 gNesta oportunida<strong>de</strong>, formalizou <strong>de</strong>núncia junto àsautorida<strong>de</strong>s diplomáticas <strong>do</strong> Brasil, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> <strong>de</strong>porta<strong>do</strong><strong>de</strong> volta ao nosso país.O <strong>de</strong>poente foi ouvi<strong>do</strong> junto à Polícia Fe<strong>de</strong>ral, que,além <strong>de</strong> instaurar o inquérito policial, proce<strong>de</strong>u à instauração<strong>de</strong> sindicância administrativa, para apurar o possívelenvolvimento <strong>de</strong> agentes da polícia fe<strong>de</strong>ral.No curso da instrução, foram i<strong>de</strong>ntificadas as pessoasindicadas pelo <strong>de</strong>nunciante: Claudia Regina DautroMoreira, resi<strong>de</strong>nte em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> - <strong>de</strong>tida em 01 <strong>de</strong> agosto<strong>de</strong> 2000 - e Azi, nigeriano, i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> como ChiefIrechukwu Simeon Isaac, cuja prisão também foi <strong>de</strong>cretada,porém não localiza<strong>do</strong>.A sindicância administrativa, após regular instrução,restou arquivada: o <strong>de</strong>nunciante não po<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar o policialfe<strong>de</strong>ral que teria visto no saguão <strong>do</strong> aeroporto. A <strong>de</strong>scriçãodas características físicas, por sua vez, po<strong>de</strong>riam referirse,<strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com hipóteses levantadas no contexto <strong>do</strong>inquérito efetiva<strong>do</strong> pela Polícia Fe<strong>de</strong>ral, a policiais civis que,segun<strong>do</strong> o <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> funcionários da VARIG, costumavamficar no saguão <strong>do</strong> aeroporto fiscalizan<strong>do</strong> <strong>do</strong>cumentaçãoe bagagens <strong>de</strong> alguns passageiros. A informação <strong>de</strong>Oliveira <strong>de</strong> que se tratavam <strong>de</strong> agentes da Polícia Fe<strong>de</strong>ralteria si<strong>do</strong> obtida por intermédio <strong>de</strong> <strong>Paulo</strong>, que a confirmouem <strong>de</strong>poimento nesta CPI e posteriormente a negou.Na primeira semana <strong>de</strong> julho, a convite <strong>de</strong>sta CPI, comparecerama <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> os nobres <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>s estaduaisSérgio Leite e Fernan<strong>do</strong> Lupa, membros da ComissãoParlamentar <strong>de</strong> Inquérito <strong>do</strong> Narcotráfico constituída naAssembléia <strong>Legislativa</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Pernambuco, bemcomo policiais assessores daquela Comissão. Realizou-sena Assembléia <strong>Legislativa</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> o <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong><strong>Paulo</strong> da Silva Costa, bem como uma acareação entre ele eOliveira. Com base nas informações prestadas nesses <strong>do</strong>is<strong>de</strong>poimentos e na acareação, a CPI Estadual realizou diligências,com a participação <strong>de</strong> parlamentares paulistas epernambucanos, logran<strong>do</strong> i<strong>de</strong>ntificar os locais on<strong>de</strong> se articularamos nigerianos com os <strong>do</strong>is <strong>de</strong>poentes para o planejamentodas ações posteriormente realizadas, com o posteriorencaminhamento <strong>de</strong>ssas informações à Polícia Fe<strong>de</strong>ralpara incorporação ao inquérito policial sobre o assunto.Os <strong>do</strong>cumentos obti<strong>do</strong>s por esta Comissão confirmama permanência <strong>do</strong> <strong>de</strong>poente Oliveira em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, nosperío<strong>do</strong>s informa<strong>do</strong>s, bem como as viagens aJohannesburgo em novembro <strong>de</strong> 1998 e em maio <strong>de</strong> 1999.Documentos forneci<strong>do</strong>s pelo próprio <strong>de</strong>poente confirmamo processo judicial em Maputo, Moçambique, assim comosua prisão naquele país.Restaram confirmadas também, as diversas vezes emque <strong>Paulo</strong> da Silva Costa permaneceu hospeda<strong>do</strong> no hotelindica<strong>do</strong> pelo <strong>de</strong>poente.Acrescente-se, por fim, que o inquérito policial instaura<strong>do</strong>resultou no indiciamento <strong>de</strong> Claudia Regina DautroMoreira, Azi, nigeriano, i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> como Chief IrechukwuSimeon Isaac, <strong>Paulo</strong> da Silva Costa e <strong>do</strong> próprio <strong>de</strong>poente,que, por razões <strong>de</strong>sconhecidas <strong>de</strong>sta Comissão, retirou-se,ao que tu<strong>do</strong> indica voluntariamente, <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong>Proteção à Testemunha. Encontra-se em curso o processocriminal perante a Justiça Fe<strong>de</strong>ral, sen<strong>do</strong> os indicia<strong>do</strong>s<strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong>s pela prática <strong>do</strong>s <strong>de</strong>litos previstos nos artigos12, 14 e 18, I da Lei 6.368/76.A prisão <strong>de</strong>sta quadrilha não <strong>de</strong>sbaratou o esquema, éevi<strong>de</strong>nte. Segun<strong>do</strong> informações <strong>do</strong> adi<strong>do</strong> policial <strong>do</strong> Brasilna África <strong>do</strong> Sul, repassadas à Policia Fe<strong>de</strong>ral, RubervanPedro foi preso em 14 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2000 ao <strong>de</strong>sembarcarno aeroporto <strong>de</strong> Johannesburg, na África <strong>do</strong> Sul, proveniente<strong>do</strong> Aeroporto Internacional <strong>de</strong> Guarulhos, através <strong>do</strong> Vôo205 da South African Airline (SAA), por estar transportan<strong>do</strong>mais ou menos 30 kg <strong>de</strong> cocaína em duas malas <strong>de</strong> viagem.Relatório da Delegacia <strong>de</strong> Prevenção e Repressão aEntorpecentes da Superintendência da Polícia Fe<strong>de</strong>ral em<strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, sobre A Situação <strong>do</strong> Narcotráfico no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, <strong>de</strong>staca a atuação <strong>do</strong>s nigerianos no tráfico <strong>de</strong>drogas em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>:“Dissemina<strong>do</strong>s por to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, alguns cidadãos daRepública da Nigéria que vêm atuan<strong>do</strong> no <strong>narcotráfico</strong> ‘formiga’da droga, isto é, <strong>de</strong> pequenas quantida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>intensida<strong>de</strong>, encontraram no Brasil, especialmente noesta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, condições i<strong>de</strong>ais para aqui se estabelecereme <strong>de</strong>senvolverem suas ativida<strong>de</strong>s criminosas. Taisestrangeiros visam unicamente a aquisição da droga nomerca<strong>do</strong> brasileiro e sua remessa para o exterior, especialmentepara a Europa e a África, através <strong>de</strong> ‘mulas’ em vôoscomerciais e <strong>de</strong> encomendas postais. O ambiente propícioaqui encontra<strong>do</strong> se <strong>de</strong>ve à conjunção <strong>do</strong>s seguintes fatores:a) proximida<strong>de</strong> das fontes produtoras, com a vantagem<strong>de</strong> dispor <strong>de</strong> sistema financeiro sofistica<strong>do</strong> e <strong>de</strong> meios<strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> fluxo intenso pelos quais escoar a droga,que dificulta a sua <strong>de</strong>tecção;b) alta <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> populacional, que proporciona o anonimato<strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s ilícitas;c) ausência <strong>de</strong> mecanismos legais e <strong>de</strong> recursos financeirosque possibilitem a rápida <strong>de</strong>portação <strong>de</strong> estrangeirosirregulares <strong>do</strong> país.“Atualmente, há um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> nigerianosradica<strong>do</strong>s na capital e no interior <strong>de</strong>ste esta<strong>do</strong>, os quaisconvivem em comunida<strong>de</strong>s quase fechadas. Entretanto,não existe uma estrutura organizacional voltada à prática<strong>do</strong> <strong>narcotráfico</strong> internacional <strong>de</strong> cocaína. Há, sim, a atuaçãoindividual ou <strong>de</strong> pequenos grupos, ‘células’, que se aglutinamcasuisticamente para enviar lotes <strong>de</strong> drogas ao exterior,conforme a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> viabilização <strong>de</strong> cada operação.Quanto ao tráfico por ‘mulas’, são utilizadas jovensmulheres brasileiras, <strong>de</strong> baixa condição sócio-econômica, epessoas <strong>de</strong> origem européia ou africana”.5.1.4. O CONTROLE DE BAGAGENS, PASSAGEIROS ECARGASO efeito <strong>de</strong>ssa investigação da CPI po<strong>de</strong> ser senti<strong>do</strong> emmudanças <strong>de</strong> procedimentos utiliza<strong>do</strong>s para a fiscalização<strong>de</strong> bagagens nos aeroportos, conforme <strong>de</strong>stacou o <strong>de</strong>lega<strong>do</strong>Mário Kiotaka Ikeda, encarrega<strong>do</strong> da Delegacia <strong>de</strong>Polícia Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Cumbica, em seu <strong>de</strong>poimento à CPI em30 <strong>de</strong> agosto: “A Polícia Fe<strong>de</strong>ral não tem equipamento.Mesmo no embarque <strong>de</strong> passageiros, aquele raio-X antigamenteusa<strong>do</strong> pela Polícia Fe<strong>de</strong>ral passou para a Infraero,que terceirizou para uma empresa. Depois da <strong>de</strong>núncia queocorreu na Assembléia, <strong>de</strong> cargas que saem em malas,pu<strong>de</strong> verificar que as malas <strong>do</strong>s passageiros são <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>das companhias aéreas. Quanto ao embarque<strong>de</strong> cargas para as aeronaves, temos esta<strong>do</strong> presentes, nãoem to<strong>do</strong>s os vôos internacionais, que são muitos, mas<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>stino. Amsterdam, França, uma outravez há uma equipe muito competente da Receita Fe<strong>de</strong>ralque dispõe <strong>de</strong> um equipamento <strong>de</strong> raio-X, enorme, poron<strong>de</strong> passa toda a carga, e rapidamente é feita a verificaçãoantes <strong>de</strong> entrar na aeronave. Quan<strong>do</strong> fomos verificar oproblema da bagagem, <strong>de</strong>scobrimos que ela é <strong>de</strong> únicaresponsabilida<strong>de</strong> das empresas aéreas; não é da ReceitaFe<strong>de</strong>ral, nem da Polícia Fe<strong>de</strong>ral, e não passa pelo raio-X...Então po<strong>de</strong>mos ver como o sistema é falho, porque essasbagagens são embarcadas diretamente, sob a responsabilida<strong>de</strong>da empresa aérea”.O exemplo internacional é invoca<strong>do</strong> pelo <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> daPolícia Fe<strong>de</strong>ral para <strong>de</strong>monstrar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> umamudança necessária para a melhoria das condições <strong>de</strong>segurança nos aeroportos: “A bagagem <strong>de</strong> mão é examinada,após a nossa verificação passa pelo raio-X. Se tiveralguma coisa, a Polícia Fe<strong>de</strong>ral se faz presente. Mas aquelabagagem <strong>de</strong> porão, que fica a cargo da companhia aérea,não é fiscalizada. No Japão, essa bagagem <strong>de</strong> porão, nosaguão não é vistada, mas a bagagem <strong>de</strong> porão toda,quan<strong>do</strong> chega, tem que passar, forçosamente, por um aparelho<strong>de</strong> raio-X e um <strong>de</strong>tector <strong>de</strong> metais para po<strong>de</strong>r se dirigirao ‘check-in’ e <strong>de</strong>pois para o aeroporto. Se assim fossefeito, tenho certeza que se po<strong>de</strong>ria exercer um controlemaior das bagagens no aeroporto”.Mas alguma mudança já se faz sentir, como <strong>de</strong>clara odr. Ikeda: “esse trabalho que hoje realizamos no aeroportotambém preocupa muito a Receita Fe<strong>de</strong>ral, que possui umcanil com cães fareja<strong>do</strong>res e a<strong>de</strong>stra<strong>do</strong>res, que a PolíciaMilitar colocou à sua disposição. Como não é possível aabertura <strong>de</strong> todas as malas, a Receita se utiliza <strong>de</strong>ssesrecursos, e temos acompanha<strong>do</strong> esse trabalho. A Receita jávem <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> esse trabalho há muito tempo, masrecentemente é que nós começamos a dar apoio à Receitanesse trabalho com os cães.”Um <strong>de</strong>poimento que chamou a atenção da CPI em relaçãoa esta verificação física <strong>de</strong> bagagens foi o presta<strong>do</strong>, em30 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2000, pelo sr. Weber José da Silva, presi<strong>de</strong>nte<strong>do</strong> Sindicato <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res Aeroviários <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>. Os efeitos da precarização <strong>do</strong> trabalho e da terceirizaçãoimplementadas nos últimos anos nos aeroportosadministra<strong>do</strong>s pela Infraero seriam, na análise <strong>do</strong> <strong>de</strong>poente,uma das causas da facilida<strong>de</strong> com que o <strong>narcotráfico</strong> e outrasativida<strong>de</strong>s criminosas se infiltram nestes aeroportos.“Sentimos que existe uma gran<strong>de</strong> fragilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sistemahoje <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à falta <strong>de</strong> investimentos e a (procedimentos) <strong>de</strong>licitação que permitem que inúmeras empresas terceirizadas,sem a menor condição, empresas que nascem hoje e amanhã<strong>de</strong>saparecem, operem <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s aeroportos”.Segun<strong>do</strong> o sindicalista, a política <strong>de</strong> terceirizações daInfraero atinge funções essenciais à segurança <strong>do</strong>s aeroportos:“até nos seus serviços <strong>de</strong> raio-X. Hoje em dia,quem passa o raio-X nos aeroportos, quan<strong>do</strong> o usuárioa<strong>de</strong>ntra a <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> uma aeronave, são empresas <strong>de</strong>terceiros. Existem empresas que hoje ganham licitaçõesque até tiramos o chapéu (sic)... Mas existem outrasempresas que nasceram, e acho que é até <strong>de</strong> conhecimentoda Polícia Civil e da Polícia Fe<strong>de</strong>ral, que nascem e, apósterminar o contrato, <strong>de</strong>saparecem. Temos senti<strong>do</strong> que inúmerosproblemas são <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong>sses serviços <strong>de</strong> terceirizaçãoque a Infraero tem <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>”. Os riscos <strong>de</strong>corrupção <strong>de</strong> funcionários <strong>de</strong>ssas empresas são <strong>de</strong>staca<strong>do</strong>spelo <strong>de</strong>poente: “O que nos preocupa também são osbaixos salários que recebe esse pessoal que trabalha noraio-X, que trabalha diretamente na segurança, no controlee na vistoria das malas e bagagens, ou até mesmo na vistoria<strong>do</strong> pessoal que passa no raio-X. <strong>São</strong> empresas <strong>de</strong> terceirosque pagam salários que nos preocupam muito, porque<strong>de</strong> repente po<strong>de</strong>m facilitar até um conluio, na nossavisão... Esse trabalho, que antigamente era feito por umagente da Polícia Fe<strong>de</strong>ral, hoje é feito por um trabalha<strong>do</strong>r aquem se exige apenas 2o. grau e um curso <strong>de</strong> 240 horasque, às vezes, nem é da<strong>do</strong> pela empresa.”De acor<strong>do</strong> com o <strong>de</strong>poimento à CPI presta<strong>do</strong> em 30 <strong>de</strong>agosto <strong>de</strong> 2000 pelo <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> Marco Antonio Veronezzi,Delega<strong>do</strong> <strong>de</strong> Polícia Marítima, <strong>de</strong> Fronteira e Aeroportuáriada Polícia Fe<strong>de</strong>ral em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, “a finalida<strong>de</strong> da PolíciaFe<strong>de</strong>ral no aeroporto era a segurança da aviação civil.Quan<strong>do</strong> se passava a bagagem <strong>de</strong> mão pelo raio X, a finalida<strong>de</strong>principal não era verificar se havia tráfico ou contraban<strong>do</strong>,mas era a segurança da aviação civil... Só quecomeçou a aparecer muito tráfico <strong>de</strong> entorpecentes, evasão<strong>de</strong> divisas, dólares sain<strong>do</strong> <strong>do</strong> País, e se criou então a <strong>de</strong>legaciaespecializada <strong>do</strong> aeroporto internacional, a partir <strong>de</strong>29 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2000”.Nesta mesma sessão da CPI, o <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> Mário KiotakaIkeda, titular, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 15 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2000, da Delegacia <strong>de</strong>Polícia Fe<strong>de</strong>ral instalada no Aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos, <strong>de</strong>stacaque “até o mês <strong>de</strong> março tivemos um setor <strong>de</strong> fiscalização<strong>de</strong> embarque e <strong>de</strong>sembarque <strong>de</strong> passageiros. Como o<strong>narcotráfico</strong> e problemas <strong>de</strong> crimes mais varia<strong>do</strong>s nosaeroportos vinham agravan<strong>do</strong> a situação, agora, emmarço, o Ministro da Justiça criou uma <strong>de</strong>legacia especialpara a Polícia Fe<strong>de</strong>ral no Aeroporto <strong>de</strong> Cumbica”.Entre as dificulda<strong>de</strong>s mencionadas pelo <strong>de</strong>lega<strong>do</strong>Ikeda, uma diz respeito às reformas neoliberais promovidaspara abrir o Brasil aos merca<strong>do</strong>s internacionais, sem maioresmecanismos <strong>de</strong> controle: “há <strong>de</strong>z anos, na época <strong>do</strong>governo Collor, para facilitar aos brasileiros, eliminou-se ocontrole <strong>de</strong> entrada e saída <strong>de</strong> brasileiros. O controle é feitoapenas para estrangeiros. Em razão disso, também nosdificulta o controle, às vezes, da saída <strong>de</strong> pessoas con<strong>de</strong>nadasou impedidas, mas temos feito o possível”.Um <strong>do</strong>s elementos que chamou a atenção da CPI foi amultiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>s entre os órgãos encarrega<strong>do</strong>sda fiscalização da movimentação <strong>de</strong> cargas, passageirose bagagens nos aeroportos internacionais. Há umadivisão das funções policiais que é pré-existente em relaçãoao crescimento da utilização <strong>do</strong>s aeroportos pelo crimeorganiza<strong>do</strong>. Existe uma situação nova ocorren<strong>do</strong> nos aeroportos,ainda incapaz <strong>de</strong> mudar procedimentos policiaisque vão sen<strong>do</strong>, aos poucos, ultrapassa<strong>do</strong>s pela realida<strong>de</strong>.Mais uma vez a questão central da integração entre asPolícias Estaduais e Fe<strong>de</strong>ral e <strong>de</strong>stas com a Receita Fe<strong>de</strong>ralse impõe como tarefa a ser construída.Como <strong>de</strong>screve o <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> Mário Kiotaka Ikeda, daPolícia Fe<strong>de</strong>ral, a divisão <strong>de</strong> tarefas entre as PolíciasEstaduais e a Polícia Fe<strong>de</strong>ral e entre estas e a Receita Fe<strong>de</strong>ralprecisa contar com uma forte integração para o combate aocrime: “A área primária é a área da Receita Fe<strong>de</strong>ral, e a áreasecundária é da Polícia Fe<strong>de</strong>ral. A área primária compreen<strong>de</strong>a área aeroportuária, portos, locais <strong>de</strong> embarque e <strong>de</strong>sembarquee terminais <strong>de</strong> carga. Passan<strong>do</strong> essa área, to<strong>do</strong> o restante<strong>do</strong> país torna-se área secundária, que é <strong>de</strong> competênciada Policia Fe<strong>de</strong>ral... Na parte externa (<strong>do</strong> aeroporto), nolocal público, o combate (ao crime) é feito pelos outrosórgãos, que são as Polícias Civil e Militar.”Os <strong>de</strong>lega<strong>do</strong>s Francisco Basile e Wilson RobertoO<strong>do</strong>nes, <strong>de</strong>lega<strong>do</strong>s da Polícia Civil encarrega<strong>do</strong>s das <strong>de</strong>legacias<strong>de</strong> Cumbica e Viracopos, respectivamente, <strong>de</strong>stacaramos limites da ação da Polícia Civil nos aeroportos. Declarou o<strong>de</strong>lega<strong>do</strong> Basile que “nossa missão é combater os crimespatrimoniais que venham a ocorrer nos saguões aeroportuárioscom a precípua finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dar garantias aos usuários<strong>do</strong>s mesmos. Além disso, dispomos <strong>de</strong> um serviço 24 horas<strong>de</strong> apoio às autorida<strong>de</strong>s, bem como auxiliamos a Infraero,elaboran<strong>do</strong> pesquisas na admissão <strong>de</strong> funcionários e contrata<strong>do</strong>s...Reprime-se ainda estelionatários que ven<strong>de</strong>m passagensfurtadas e roubadas das agências <strong>de</strong> turismo. A título<strong>de</strong> profilaxia criminal elaboramos uma cartilha com medidas<strong>de</strong> proteção e apoio ao turista em oito idiomas.” No que dizrespeito ao tráfico <strong>de</strong> drogas, o <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> Basile <strong>de</strong>clarouque “nossa função é proteger o usuário <strong>do</strong> aeroporto contraos espertalhões, estelionatários, furta<strong>do</strong>res e rouba<strong>do</strong>res.Reprimimos sim o tráfico <strong>de</strong> drogas, mas queremos ressaltarque contamos com a participação <strong>do</strong> DENARC ... e estamosno aeroporto para dar to<strong>do</strong> o apoio a ações legítimas<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os órgãos policiais”.O mesmo quadro foi pinta<strong>do</strong> pelo <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> O<strong>do</strong>nes,<strong>de</strong> Campinas. “Nossa <strong>de</strong>legacia foi criada com a finalida<strong>de</strong><strong>de</strong> dar atendimento aos turistas e usuários <strong>do</strong> aeroporto <strong>de</strong>Viracopos... Com relação ao <strong>narcotráfico</strong>, estou lá há <strong>do</strong>isanos e, como o aeroporto não tem vôos internacionais <strong>de</strong>passageiros, não tenho conhecimento <strong>de</strong> nenhum ato <strong>de</strong>prisão em flagrante <strong>de</strong> elementos transportan<strong>do</strong> drogaspor ali. Se houver algum transporte <strong>de</strong> drogas, algumacoisa, seria via carga, porque o montante <strong>de</strong> cargas que setransporta lá, diariamente, é enorme e o número <strong>de</strong> fiscaisque existe para fiscalização é muito pequeno. Existe tambémum outro fator lá que é a carga em trânsito. A merca<strong>do</strong>riaque chega <strong>do</strong> exterior é colocada no caminhão, lacradapela Receita e levada para terminais alfan<strong>de</strong>gários, on<strong>de</strong>serão liberadas. Nós não temos como parar esse caminhãolá e fiscalizar, porque ele é lacra<strong>do</strong> pela própria Receita.”A falta <strong>de</strong> integração das Polícias com a ReceitaFe<strong>de</strong>ral, por sua vez, foi <strong>de</strong>stacada pelo Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong>Sindicato Nacional <strong>do</strong>s Auditores Fiscais da ReceitaFe<strong>de</strong>ral, <strong>Paulo</strong> Gil Hölck Introíni, em <strong>de</strong>poimento à CPI nodia 19 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2000: “60% das drogas apreendidasno mun<strong>do</strong> foram apreendidas na aduana... Há uma culturaorganizacional no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que a Receita Fe<strong>de</strong>ral não<strong>de</strong>veria combater o <strong>narcotráfico</strong>, mas isso contraria inclusivea Constituição Fe<strong>de</strong>ral - a precedência, na área aduaneira,<strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a Constituição Fe<strong>de</strong>ral, é das autorida<strong>de</strong>sfazendárias, que têm trabalha<strong>do</strong> em conjunto com aPolícia Fe<strong>de</strong>ral. É fundamental investir nisso, que não estáacontecen<strong>do</strong>, hoje. Acho que isso é um subproduto da fragilização<strong>de</strong> controles, pela exigência <strong>de</strong> um setor <strong>do</strong>empresaria<strong>do</strong>, que quer agilida<strong>de</strong> na liberação.”O que chama a atenção é que, apesar das apreensõesimportantes realizadas pelo DENARC na área externa <strong>do</strong>aeroporto internacional <strong>de</strong> Cumbica, conforme relatórioacima <strong>de</strong>talha<strong>do</strong>, pouca integração e troca <strong>de</strong> informaçõesexiste com a <strong>de</strong>legacia <strong>de</strong> Polícia Civil no mesmo aeroporto,ainda que o processo <strong>de</strong> integração <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong>nos aeroportos internacionais venha a ser cada vez maisevi<strong>de</strong>nte.5.2. O CREDENCIAMENTO E CONTROLE DOS AERÓ-DROMOS PAULISTASO SERAC - 4 (Quarto Serviço Regional <strong>de</strong> AviaçãoCivil), órgão <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Aviação Civil <strong>do</strong> Ministérioda Aeronáutica, é encarrega<strong>do</strong> <strong>do</strong> registro <strong>de</strong> aeródromospriva<strong>do</strong>s, da homologação <strong>de</strong> aeródromos públicos eda fiscalização <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s, públicos e priva<strong>do</strong>s. Inclui-se tambémna alçada da fiscalização <strong>do</strong> SERAC-4 a vistoria dasoficinas <strong>de</strong> reparo e manutenção <strong>de</strong> aeronaves, bem comoo acompanhamento das operações e das condições <strong>de</strong> vôo<strong>de</strong>stas mesmas aeronaves.Portaria <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Aviação Civil datada <strong>de</strong> 31<strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2000, aperfeiçoan<strong>do</strong> outra portaria editada emjaneiro <strong>de</strong>ste mesmo ano, <strong>de</strong>termina as Instruções paraAutorização, Construção e Registro <strong>de</strong> Aeródromos Priva<strong>do</strong>s.Por essa portaria, fica transferida para o proprietário dasáreas em que se quer a construção e a operação <strong>de</strong> aeródromospriva<strong>do</strong>s a responsabilida<strong>de</strong> por respeitar o conjunto <strong>de</strong>


D.O.E.; Po<strong>de</strong>r Legislativo, <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, 112 (117), sába<strong>do</strong>, 22 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2002 – SUPLEMENTO – 9normas vigentes nos planos fe<strong>de</strong>ral, estadual, municipal enos órgãos ambientais. Trata-se <strong>de</strong> um procedimento quesimplifica to<strong>do</strong> o processo <strong>de</strong> habilitação <strong>de</strong> aeródromos,com o objetivo <strong>de</strong> incrementar a aviação civil no país.Trimestralmente, os proprietários priva<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sses aeródromos<strong>de</strong>vem mandar o controle <strong>de</strong> movimentação para oDepartamento <strong>de</strong> Aviação Civil, sofren<strong>do</strong>, em caso contrário,penalida<strong>de</strong>s previstas pelo Código Brasileiro <strong>de</strong> Aeronáutica,como multas ou até o cancelamento <strong>do</strong> registro.De acor<strong>do</strong> com da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> SERAC-4 forneci<strong>do</strong>s à CPI,estão sobre sua custódia 439 aeródromos nos esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong><strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> e Mato Grosso <strong>do</strong> Sul, além <strong>de</strong> aproximadamente100 oficinas <strong>de</strong> manutenção e reparo <strong>de</strong> aeronaves. Noesta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Mato Grosso <strong>do</strong> Sul, são 94 aeródromos priva<strong>do</strong>sregistra<strong>do</strong>s, 23 aeródromos públicos homologa<strong>do</strong>s, 66aeródromos registra<strong>do</strong>s provisoriamente, 3 aeródromosagrícolas, perfazen<strong>do</strong> um total <strong>de</strong> 186 aeródromos sob aalçada <strong>de</strong> fiscalização <strong>do</strong> SERAC-4. No esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>se localizam os <strong>de</strong>mais 253 aeródromos a cargo <strong>do</strong> SERAC-4, sen<strong>do</strong> 112 aeródromos priva<strong>do</strong>s registra<strong>do</strong>s, 101 aeródromospúblicos homologa<strong>do</strong>s, 25 aeródromos registra<strong>do</strong>sprovisoriamente e 29 agrícolas.Dentro da política da Aeronáutica <strong>de</strong> realizar concessõesa esta<strong>do</strong>s ou municípios para administração <strong>de</strong> aeródromospúblicos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1980 o Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong><strong>Paulo</strong> cuida <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> hoje composta por 31 aeroportosno interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Para tanto, constituiu oDepartamento Aeroviário <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> (DAESP),autarquia vinculada à Secretaria <strong>de</strong> Transportes, que tempor objetivo administrar a operação, a exploração comerciale a manutenção <strong>do</strong> patrimônio público representa<strong>do</strong>por esses aeroportos: Andradina, Araçatuba, Araraquara,Assis, Avaré/Arandu, Barretos, Bauru, Botucatu, BragançaPaulista, Campinas/Amarais, Dracena, Franca, Itanhaém,Jundiaí, Lins, Marília, Ourinhos, Penápolis, Piracicaba,Presi<strong>de</strong>nte Epitácio, Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte, Ribeirão Preto,<strong>São</strong> Carlos, <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto, <strong>São</strong> Manuel, Sorocaba,Tupã, Ubatuba, Urubupungá e Votuporanga.“Então, no que diz respeito à atuação <strong>do</strong> DAESP, ela émuito mais no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> se melhorar a infra-estrutura edisponibilizar facilida<strong>de</strong>s, por exemplo, aumentar pistas,balizar para obter operação noturna, aumentar terminal <strong>de</strong>passageiros - esse é o papel da autarquia. Nessa linha, ficadifícil dizer qual o papel, respon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ao <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>, <strong>do</strong>DAESP no combate ao <strong>narcotráfico</strong>. Essa não é uma atribuiçãonossa” (Superinten<strong>de</strong>nte Dario Reis Lopes, <strong>do</strong>DAESP, em <strong>de</strong>poimento à CPI no dia 30 <strong>de</strong> agosto).Continua o superinten<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> DAESP, a respeito <strong>do</strong>saeródromos em que não há torre <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> vôo: “OComan<strong>do</strong> da Aeronáutica estabelece os procedimentos <strong>de</strong>i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> vôo nos locais on<strong>de</strong> não há sistemas <strong>de</strong>proteção ao vôo ou torre <strong>de</strong> controle. Isso é feito por umfuncionário, que é treina<strong>do</strong> também pelo Coman<strong>do</strong> daAeronáutica, o que aqui em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> é feito pelo próprioSERAC. Esses da<strong>do</strong>s, correspon<strong>de</strong>ntes à i<strong>de</strong>ntificação dasaeronaves, como prefixo, i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong> piloto, origem <strong>do</strong>vôo, são tabula<strong>do</strong>s. No caso <strong>de</strong> qualquer ocorrência, isso écomunica<strong>do</strong> à autorida<strong>de</strong> aeronáutica, que aqui no Esta<strong>do</strong>é administra<strong>do</strong> pelo SERAC.”A precarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste sistema se faz notar não só nocaso <strong>de</strong> Atibaia, conforme estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso em anexo a esterelatório, como também pelo trabalho realiza<strong>do</strong> pelaComissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito constituída pelaCâmara Municipal <strong>de</strong> Limeira para apurar possíveis conexões<strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong> naquela cida<strong>de</strong>, cujo relatório foiencaminha<strong>do</strong> a esta CPI em 13 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2000 (emanexo). De acor<strong>do</strong> com os da<strong>do</strong>s relata<strong>do</strong>s pelo Aeroclube<strong>de</strong> Limeira, responsável pela administração <strong>do</strong> aeroportomunicipal, referentes aos meses <strong>de</strong> março, abril e maio <strong>de</strong>2000, percebe-se a precarieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> sistema, com da<strong>do</strong>spreenchi<strong>do</strong>s sem rigor, com informações faltantes e falta<strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> ocorrências irregulares, como pousos e<strong>de</strong>colagens noturnas <strong>de</strong> aeronaves.Na verda<strong>de</strong>, o esquema mais utiliza<strong>do</strong> na maioria <strong>do</strong>saeródromos é o <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar um funcionário ou <strong>de</strong>signaruma sala para o preenchimento <strong>de</strong> uma ficha com osda<strong>do</strong>s forneci<strong>do</strong>s pelo piloto da aeronave. O pressuposto éque existe o interesse <strong>do</strong> piloto em fazê-lo e dar as informaçõesfi<strong>de</strong>dignas. O fato é que há inúmeros registros feitospela própria CPI em aeródromos priva<strong>do</strong>s, normalmenteadministra<strong>do</strong>s por aeroclubes, que relatam a passagem<strong>de</strong> aeronaves que não se i<strong>de</strong>ntificaram e que ameaçaramos funcionários encarrega<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> serviço paraque esquecessem sua passagem naquela localida<strong>de</strong>, comoé o caso <strong>do</strong> Aeródromo <strong>do</strong>s Amarais, em Campinas.O importante <strong>do</strong>ssiê prepara<strong>do</strong> para esta CPI pela ilustre<strong>de</strong>putada fe<strong>de</strong>ral Iara Bernardi, referente ao <strong>narcotráfico</strong>na região <strong>de</strong> Sorocaba, constante <strong>do</strong> volume XXXVIII <strong>de</strong>anexos <strong>de</strong>ste Relatório, traz igualmente luzes sobre a precarieda<strong>de</strong><strong>do</strong>s aeródromos municipais em operação noesta<strong>do</strong>. No <strong>do</strong>cumento <strong>de</strong> fls. 11.017 e seguintes, <strong>de</strong>stevolume, se verifica que a cida<strong>de</strong> “fica relativamente perto<strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, um gran<strong>de</strong> merca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r. Tinha umaeroclube muito bem monta<strong>do</strong> (agora aeroporto). É servidapor duas das principais ro<strong>do</strong>vias estaduais. A região está<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> limite <strong>de</strong> vôo <strong>de</strong> pequenas aeronaves vindas <strong>do</strong>Mato Grosso <strong>do</strong> Sul. Não é uma região visada pela imprensaou polícia”.Dentre os importantes <strong>de</strong>poimentos colhi<strong>do</strong>s pela sra.Deputada, esta CPI consi<strong>de</strong>ra essencial que sejam investigadasas <strong>de</strong>núncias <strong>do</strong> preso Ab<strong>de</strong>nego Pessoa, constantes<strong>do</strong> volume supra cita<strong>do</strong>, que menciona a relação <strong>de</strong> policiais,políticos, empresários e traficantes responsáveis pelotráfico <strong>de</strong> drogas naquela região, recomendan<strong>do</strong> aoMinistério Público Estadual a formalização <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>núnciaspara investigação.5.3. O NARCOTRÁFICO ATRAVÉS DAS PISTAS CLAN-DESTINAS5.3.1. O ENTENDIMENTO CONCEITUAL DA CPI SOBREAS PISTAS CLANDESTINASEsta CPI procurou, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início <strong>de</strong> seus trabalhos,aprofundar o tema <strong>do</strong> transporte aéreo ilícito a serviço <strong>do</strong><strong>narcotráfico</strong>, i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> como uma das preocupaçõesfundamentais <strong>de</strong> uma política <strong>de</strong> combate ao tráfico <strong>de</strong>drogas o controle da ativida<strong>de</strong> aérea intensa em pistasclan<strong>de</strong>stinas, normalmente construídas em proprieda<strong>de</strong>srurais ou em áreas próximas a ro<strong>do</strong>vias, na zona rural dascida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> interior.Convidadas a colaborar com a CPI nesse particular,autorida<strong>de</strong>s afeitas à área foram ouvidas no dia 30 <strong>de</strong> agosto<strong>de</strong> 2.000. Entre os principais objetivos <strong>de</strong>ssa audiência,<strong>de</strong>finir um conceito aceitável para uma abordagem interinstitucionalsobre o problema. O Tenente Coronel Avia<strong>do</strong>rJoão Maria Fonseca, representan<strong>do</strong> o SERAC-4, que aolongo <strong>do</strong>s trabalhos <strong>de</strong>ssa Comissão prestou-nos valiosoauxílio, iniciou o <strong>de</strong>bate apresentan<strong>do</strong> a visão das ForçasArmadas sobre o tema:“Nós, <strong>do</strong> coman<strong>do</strong> da Aeronáutica, não consi<strong>de</strong>ramosque haja pistas clan<strong>de</strong>stinas; apenas questão <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição.O que nós, pela legislação inferimos é que existe operaçãoclan<strong>de</strong>stina, porque a pista clan<strong>de</strong>stina, por assim dizer, éconstruída numa área privada. Eu, como autorida<strong>de</strong> daAeronáutica, não tenho o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> invadir a fazenda <strong>de</strong>ninguém, sem manda<strong>do</strong> judicial, e dizer: ‘você tem umapista clan<strong>de</strong>stina’... Não teríamos, pela legislação existente,como classificar <strong>de</strong> pista clan<strong>de</strong>stina. O que classificamos éoperação clan<strong>de</strong>stina, que estaria sujeita às penalida<strong>de</strong>sdas próprias leis da Aeronáutica. Esse código prevê tambémque, em qualquer situação que o inspetor da aviaçãocivil <strong>de</strong>tectar um ilícito, será comunica<strong>do</strong> imediatamente àautorida<strong>de</strong> policial competente, e é o que nós fazemos”.No entanto, nesta sessão da CPI, fruto <strong>de</strong> um produtivoprocesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate, a mesma autorida<strong>de</strong> acaba concluin<strong>do</strong>que: “po<strong>de</strong>-se construir um aeródromo numa fazenda, masse isso for feito sem autorização da autorida<strong>de</strong> aeronáutica,fica tipificada uma contravenção, um ilícito penal. Po<strong>de</strong>-seconstruir, mas se for <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong> que se trata <strong>de</strong> uma pista,será lavra<strong>do</strong> um auto <strong>de</strong> infração para pessoa física, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>ainda ser feita uma comunicação à polícia”.Enten<strong>de</strong> essa CPI que qualquer cidadão que construa eopere uma pista para pouso e <strong>de</strong>colagens <strong>de</strong> aeronaves emcaráter priva<strong>do</strong>, sem comunicação à autorida<strong>de</strong> aeronáutica,sem ter <strong>de</strong>la recebi<strong>do</strong> a autorização para operação,incorre em ilícito perante o Código Brasileiro <strong>de</strong>Aeronáutica e o Código Penal.5.3.2. AS PISTAS CLANDESTINAS IDENTIFICADAS NOESTADO DE SÃO PAULOA pedi<strong>do</strong> da CPI, o DENARC preparou, em consulta atodas as <strong>de</strong>legacias <strong>de</strong> Polícia Civil <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e o apoio daPolícia Militar, uma relação das pistas clan<strong>de</strong>stinas no esta<strong>do</strong><strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>. Verifica-se, pelo quadro abaixo, que onúmero <strong>de</strong> pistas não registradas perante o DAC no esta<strong>do</strong><strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> é enorme: são nada menos que 390 (trezentose noventa) as pistas i<strong>de</strong>ntificadas pela Polícia Civil <strong>de</strong><strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, num universo pesquisa<strong>do</strong> referente a 233 municípios,assim divididas territorialmente:DEINTER MUNICÍPIO AEROPORTOS PISTASLEGAISCLANDESTINAS1 Pindamonhangaba 02 00DEINTER MUNICÍPIO AEROPORTOS PISTASLEGAISCLANDESTINAS2 Americana 01 022 Analândia 01 002 Araras 00 012 Atibaia 00 012 Brotas 03 012 Campinas 02 002 Capivari 00 012 Casa Branca 01 032 Divinolândia 00 012 Itapira 00 022 Itirapina 01 002 Leme 00 002 Limeira 01 022 Mococa 01 062 Mogi Guaçu 00 032 Mogi Mirim 00 012 Piracicaba 01 14DEINTER MUNICÍPIO AEROPORTOS PISTASLEGAISCLANDESTINAS2 Pirassununga 01 002 Rio Claro 01 032 Rio das Pedras 01 002 Santa Bárbara d’Oeste 00 012 Santa Cruz das Palmeiras 00 032 Santa Gertru<strong>de</strong>s 00 012 <strong>São</strong> João da Boa Vista 00 012 <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Par<strong>do</strong> 01 002 <strong>São</strong> Pedro 01 002 Sumaré 01 012 Tambaú 00 022 Tapiratiba 01 002 Torrinha 00 03DEINTER MUNICÍPIO AEROPORTOS PISTASLEGAISCLANDESTINAS3 Altair 01 033 Araraquara 03 083 Barretos 02 043 Batatais 02 013 Bebe<strong>do</strong>uro 01 003 Boa Esperança <strong>do</strong> Sul 01 013 Cajuru 00 013 Colômbia 00 073 Cravinhos 00 013 Franca 01 053 Guaíra 00 063 Guará 00 023 Guariba 00 013 Ibaté 01 023 ibitinga 01 003 Iguarapava 01 043 Ipuã 02 023 Itápolis 01 023 Ituverava 02 003 Jaboticabal 01 063 Jardinópolis 01 003 Matão 00 043 Miguelópolis 01 023 Monte Alto 01 003 Morro Agu<strong>do</strong> 00 033 Motuca 00 013 Nova Europa 00 013 Olimpia 01 033 Orlândia 02 013 Pedregulho 00 013 Pitangueiras 00 053 Pontal 01 013 Porto Ferreira 00 013 Pradópolis 00 013 Ribeirão Preto 00 06DEINTER MUNICÍPIO AEROPORTOS PISTASLEGAISCLANDESTINAS3 Rincão 00 023 Sales Oliveira 01 023 Santa Rosa <strong>do</strong> Viterbo 01 003 <strong>São</strong> Carlos 00 013 <strong>São</strong> Joaquim da Barra 01 013 <strong>São</strong> Simão 01 003 Serrana 00 013 Sertãozinho 01 013 Severínia 00 013 Taquaritinga 013 Trabiju 00 013 Vira<strong>do</strong>uro 00 01DEINTER MUNICÍPIO AEROPORTOS PISTASLEGAISCLANDESTINAS4 Adamantina 01 034 Agu<strong>do</strong>s 01 034 Álvares Macha<strong>do</strong> 00 014 Anhumas 00 014 Avaí 00 034 Bariri 02 024 Barra Bonita 00 054 Bauru 01 044 Bocaina 00 044 Boracéia 00 014 Cabrália Paulista 00 014 Cafelândia 00 024 Caiabu 00 044 Caiuá 00 024 Campos Novos Paulista 00 024 Chavantes 01 004 Dois Córregos 00 024 Dracena 01 004 Espírito Santo <strong>do</strong> Turvo 01 004 Eucli<strong>de</strong>s da Cunha Paulista 00 024 Getulina 00 024 Guaiçara 00 014 Guaimbê 00 014 Guarantã 00 014 Ibiracema 00 014 Iepê 00 024 Igaraçu <strong>do</strong> Tietê 00 014 Inúbia Paulista 01 014 Ipaussu 00 004 Itapuí 00 034 Jaú 03 034 João Ramalho 00 024 Lençóis Paulista 04 104 Lins 01 004 Lucélia 01 014 Lutécia 00 02DEINTER MUNICÍPIO AEROPORTOS PISTASLEGAISCLANDESTINAS4 Macatuba 02 014 Marabá Paulista 00 014 Martinópolis 01 004 Mineiros <strong>do</strong> Tietê 00 014 Mirante <strong>do</strong> Paranapanema 00 044 Narandiba 01 004 Osval<strong>do</strong> Cruz 00 014 Ourinhos 00 004 Ouro Ver<strong>de</strong> 00 014 Panorama 00 014 Paraguaçu Paulista 00 084 Parapuã 01 014 Paulistânia 00 024 Pe<strong>de</strong>rneira 03 034 Pedrinhas Paulista 00 024 Pirajuí 01 014 Pirapozinho 00 014 Piratininga 00 014 Pracinha 00 024 Presi<strong>de</strong>nte Epitácio 01 044 Quatá 03 014 Quintana 00 024 Rancharia 00 054 Reginópolis 00 014 Ribeirão <strong>do</strong> Sul 00 004 Rinópolis 004 Salto Gran<strong>de</strong> 00 004 San<strong>do</strong>valina 00 014 Santa Cruz <strong>do</strong> Rio Par<strong>do</strong> 00 004 <strong>São</strong> Pedro <strong>do</strong> Turvo 00 014 Tarabai 00 014 Teo<strong>do</strong>ro Sampaio 02 094 Timburi 00 004 Tupã 01 00DEINTER MUNICÍPIO AEROPORTOS PISTASLEGAISCLANDESTINAS5 A<strong>do</strong>lfo 00 015 Andradina 03 035 Araçatuba 02 055 Auriflama 01 005 Avanhandava 00 015 Bady Bassitt 00 015 Bálsamo 00 015 Bento <strong>de</strong> Abreu 01 055 Birigui 02 005 Buritama 01 015 Car<strong>do</strong>so 00 055 Castilho 01 095 Catanduva 01 015 Catiguá 00 01DEINTER MUNICÍPIO AEROPORTOS PISTASLEGAISCLANDESTINAS5 Clementina 00 015 Fernandópolis 01 005 Gabriel Monteiro 01 005 Gastão Vidigal 00 015 Gavião Peixoto 00 025 General Salga<strong>do</strong> 01 005 Guarani D’Oeste 01 005 Guararapes 03 085 Ibirá 00 015 Ipiguá 00 015 itapura 00 015 Jales 01 005 José Bonifácio 01 005 Lavínia 00 015 Magda 01 015 Mirassol 01 005 Monções 00 015 Nova Granada 00 015 Novaes 00 025 Novo Horizonte 01 025 Ouroeste 00 015 Palmeira d’Oeste 00 015 <strong>Paulo</strong> <strong>de</strong> Faria 00 015 Penápolis 02 025 Piacatu 00 015 Pontes Gestal 01 005 Riolândia 00 025 Rubiacéa 00 015 Rubinéia 00 025 Santa Clara d’Oeste 00 015 Santo Antonio <strong>do</strong> Araquanguá 01 045 <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto 02 005 Sud Mennucci 02 025 Susanápolis 05 015 Turiúba 00 015 Ubarana 01 005 Valparaíso 01 055 Votuporanga 02 00DEINTER MUNICÍPIO AEROPORTOS PISTASLEGAISCLANDESTINAS6 Cajati 00 016 El<strong>do</strong>ra<strong>do</strong> 00 026 Itariri 00 016 Jacupiranga 01 006 Miracatu 00 026 Registro 00 016 Sete Barras 00 01DEINTER MUNICÍPIO AEROPORTOS PISTASLEGAISCLANDESTINAS7 Águas <strong>de</strong> Santa Bárbara 00 017 Anhembi 00 017 Arandu 00 027 Areiópolis 01 007 Avaré 02 017 Botucatu 01 027 Capão Bonito 01 007 Cerqueira César 00 037 Fartura 00 017 Iperó 01 007 Itapeva 01 007 Itararé 01 007 Itatinga 01 017 Itu 01 007 Manduri 00 017 Paranapanema 03 017 Pilar <strong>do</strong> Sul 01 017 Porto Feliz 00 017 Salto 00 007 Salto <strong>de</strong> Pirapora 01 007 <strong>São</strong> Manuel 01 037 Sorocaba 01 007 Taquarituba 00 017 Tatuí 00 007 Tejupá 00 017 Tietê 01 001. Fonte: Arquivo <strong>do</strong> Grupo Especial <strong>de</strong> Repressão aoCrime Organiza<strong>do</strong> (GERCO), <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Investigaçõessobre Narcóticos.2. DEINTER 1: <strong>São</strong> José <strong>do</strong>s CamposDEINTER 2: CampinasDEINTER 3: Ribeirão PretoDEINTER 4: BauruDEINTER 5: <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio PretoDEINTER 6: SantosDEINTER 7: Sorocaba5.3.3. A UTILIZAÇÃO DE PISTAS CLANDESTINASPARA O NARCOTRÁFICOTem cresci<strong>do</strong> o número <strong>de</strong> apreensões <strong>de</strong> drogas empistas clan<strong>de</strong>stinas ou em áreas rurais em que drogas são<strong>de</strong>spejadas <strong>de</strong> pequenas aeronaves para equipes <strong>de</strong> traficantesem terra que as aguardam (o chama<strong>do</strong> ‘bombar<strong>de</strong>io’da droga). Somente algumas ocorrências que a CPIquer registrar, a título <strong>de</strong> exemplo:a) no município <strong>de</strong> Anhembi, uma aeronave lançougran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> entorpecentes, que foram apreendi<strong>do</strong>spela DISE local na Fazenda Barreiro Rico. As apuraçõessão feitas através <strong>do</strong> Inquérito Policial n. 119/DISE/99;b) no dia 19 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1999, no plantão policial <strong>de</strong>Brotas, foi registra<strong>do</strong> o B.O. n. 7744/99, notician<strong>do</strong> ter aPolícia Fe<strong>de</strong>ral apreendi<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>rável quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>crack e cocaína, transportada por aeronave (então apreendida)que utilizou pista clan<strong>de</strong>stina localizada na FazendaLimoeiro;c) em 21 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2000, por volta das 16,30 horas,na plantação <strong>de</strong> soja da Fazenda Capim, município <strong>de</strong>Ribeirão <strong>do</strong> Sul, seis gran<strong>de</strong>s invólucros conten<strong>do</strong> ervaesver<strong>de</strong>ada foram arremessa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> um avião que a sobrevoavaem baixa altitu<strong>de</strong>. Cinco <strong>de</strong>sses pacotes foram recolhi<strong>do</strong>spor indivíduos que circulavam pelo local a bor<strong>do</strong> <strong>de</strong>uma caminhonete F-250. Emprega<strong>do</strong>s da fazenda cientificarama proprietária que um <strong>do</strong>s pacotes estava na plantação.O que justifica a presunção <strong>de</strong> que outros cinco pacotesexistiam foi a presença <strong>de</strong> cinco sinais <strong>de</strong> impacto nosolo, semelhante ao provoca<strong>do</strong> pela queda <strong>do</strong> sexto invólucro.Apreendi<strong>do</strong>, verificou-se a existência em seu interior<strong>de</strong> 43 pacotes <strong>de</strong> maconha, com peso <strong>de</strong> 38 quilos. Sehaviam <strong>de</strong> fato mais cinco invólucros, o total da carga arremessada<strong>do</strong> avião teria si<strong>do</strong> <strong>de</strong> aproximadamente 230 quilos<strong>de</strong> maconha;d) em Paraguaçu Paulista, cida<strong>de</strong> circundada por canaviais,a Polícia local registra que os carrea<strong>do</strong>res <strong>de</strong> canasão freqüentemente utiliza<strong>do</strong>s para pouso e <strong>de</strong>colagemirregulares <strong>de</strong> aeronaves;e) em duas pistas clan<strong>de</strong>stinas i<strong>de</strong>ntificadas pelaPolícia no município <strong>de</strong> Lutécia, registra-se que, mesmosem iluminação ou sinalização, já foram registra<strong>do</strong>s pousosnoturnos <strong>de</strong> aviões não afetos ao trabalho agrícola,com auxílio <strong>de</strong> faróis <strong>de</strong> veículos terrestres;f) no dia 11 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2000, a aeronave Cessna,cor branca, prefixo PT-OJP, caiu num <strong>do</strong>s canaviais daUsina Vale <strong>do</strong> Rosário, no município <strong>de</strong> Morro Agu<strong>do</strong>,ten<strong>do</strong> a polícia local encontra<strong>do</strong>, <strong>de</strong>baixo da asa direita daaeronave, um saco conten<strong>do</strong> cerca <strong>de</strong> <strong>de</strong>z quilos <strong>de</strong> haxixe,acondiciona<strong>do</strong>s em sete sacos plásticos, bem como trêscaixas <strong>de</strong> munição calibre 50, marca Magnum;


10 – D.O.E.; Po<strong>de</strong>r Legislativo, <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, 112 (117), sába<strong>do</strong>, 22 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2002 – SUPLEMENTOg) em 17 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2000, por volta das 13 horas,em meio a um canavial da Fazenda Primavera, no município<strong>de</strong> Igaraçu <strong>do</strong> Tietê, foi localiza<strong>do</strong>, em esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> aban<strong>do</strong>no,um avião Cessna, Skylane, prefixo PT-ADZ, junto àqual foram apreendi<strong>do</strong>s quatro galões com capacida<strong>de</strong>,cada um, para 20 litros <strong>de</strong> combustível, três <strong>de</strong>les cheios eum com apenas cinco litros.Em <strong>de</strong>poimento à CPI na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> José <strong>do</strong> RioPreto, o advoga<strong>do</strong> Joaquim Arnal<strong>do</strong> da Silva comenta asinvestigações que fez a respeito <strong>do</strong> transporte aéreo <strong>de</strong> drogase merca<strong>do</strong>rias roubadas na região: “Des<strong>de</strong> então comeceia checar on<strong>de</strong> eles po<strong>de</strong>riam estar ‘<strong>de</strong>sovan<strong>do</strong>’ toda essadroga <strong>de</strong>ixada nessas pistas clan<strong>de</strong>stinas nos municípios...Trouxe algumas fotografias que revelam as pistas que estãomuito bem acobertadas, principalmente no momento emque a cana está gran<strong>de</strong>. Quan<strong>do</strong> a cana está em ponto <strong>de</strong>corte, com 3 a 4 metros <strong>de</strong> altura, duvi<strong>do</strong> que qualquer pessoatenha condição <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar um avião no meio <strong>de</strong>la. Aspistas são extensas e muito bem feitas, uma <strong>de</strong>las bem feitae outra com certos <strong>de</strong>clives, mas foram aplainadas em chapadas<strong>de</strong> plantações <strong>de</strong> cana. Numa <strong>de</strong>las se encontra umsuporte muito gran<strong>de</strong>, a 300 metros da cabeceira da pista <strong>de</strong>1.600 metros, é on<strong>de</strong> eles se reúnem.”5.3.4. UM ESTUDO DE CASO SOBRE AS PISTAS CLAN-DESTINAS - O CASO DE VALDENOR MARCHEZANAlém <strong>do</strong>s exemplos acima, esta CPI estu<strong>do</strong>u um casoimportante para situar o problema da utilização das pistasclan<strong>de</strong>stinas para o transporte aéreo da droga das regiõesprodutoras para os centros consumi<strong>do</strong>res. Trata-se <strong>do</strong> caso<strong>do</strong> fazen<strong>de</strong>iro matogrossense Val<strong>de</strong>nor Marchezan, acompanha<strong>do</strong>pela CPI a partir da ação <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ada pelaPolícia Fe<strong>de</strong>ral em sua fazenda Ouro Ver<strong>de</strong>, no município<strong>de</strong> Mirassol d’Oeste (MT), no dia 1o. <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2.000,numa operação <strong>de</strong>stinada a apreen<strong>de</strong>r um carregamento<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 250 kg <strong>de</strong> cocaína. Foragi<strong>do</strong>, Val<strong>de</strong>norMarchezan e seu filho Alessandro foram presos em 31 <strong>de</strong>julho <strong>de</strong> 2000 em Ituiutaba (MG), por agentes da PolíciaFe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Mato Grosso. Com prisão preventiva <strong>de</strong>cretadapela Justiça <strong>de</strong> Mirassol d’Oeste <strong>de</strong>s<strong>de</strong> esse episódio <strong>de</strong>fevereiro, Marchezan foram surpreendi<strong>do</strong>s pela polícia nacasa on<strong>de</strong> se escondiam há cinco meses. Marchezan nãoreagiu à prisão. Ele portava i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> falsa e uma pistolasem <strong>do</strong>cumentação.Ao la<strong>do</strong> <strong>de</strong> Sidnon Simão <strong>de</strong> Lima, Marchezan é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>pela Polícia Fe<strong>de</strong>ral como um <strong>do</strong>s maiores traficantes<strong>do</strong> esta<strong>do</strong>. Em 1996, 48 quilos <strong>de</strong> cocaína foram atira<strong>do</strong>spor avião numa fazenda a 30 quilômetros <strong>de</strong> Chapada<strong>do</strong>s Guimarães. Quatro envolvi<strong>do</strong>s com o esquema forampresos, julga<strong>do</strong>s e con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s a 12 anos <strong>de</strong> reclusão, emprimeira instância. Três <strong>de</strong>les, porém, acabaram sen<strong>do</strong>absolvi<strong>do</strong>s no Tribunal <strong>de</strong> Justiça, no julgamento <strong>do</strong> processo- o único con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>, João Carlos <strong>de</strong> Lima, era réuconfesso. Marchezan seria o proprietário da carga, segun<strong>do</strong>a Polícia Fe<strong>de</strong>ral.Em 2 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2.000, em sessão secreta da CPI <strong>do</strong>Narcotráfico da Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s realizada emCuritiba, Paraná, on<strong>de</strong> voluntariamente se apresentou paraprestar informações sobre suas relações com traficantesconheci<strong>do</strong>s, Odarício Quirino Ribeiro Neto, proprietário <strong>do</strong>hangar União, em Atibaia, SP, confirma a importância <strong>de</strong>Marchezan: “Além da família Morel, tem também oVal<strong>de</strong>nor Marchezan, que a base <strong>de</strong>le é fazendas <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong><strong>de</strong>le, mas em Mirassol d’Oeste. Só que é tu<strong>do</strong>dirigi<strong>do</strong> para cá. Para cá, para <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto. Eaqui, as mesmas cida<strong>de</strong>s, Apucarana, porque são pistasasfaltadas e <strong>de</strong> difícil acesso. <strong>São</strong> pistas longas, que seposa <strong>de</strong> um la<strong>do</strong> e já <strong>de</strong>scarrega <strong>de</strong> outro”.Ouvi<strong>do</strong> por esta CPI em <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto, emnovembro <strong>de</strong> 2.000, Val<strong>de</strong>nor Alves Marchezan negou qualquerenvolvimento com o <strong>narcotráfico</strong>, tanto no MatoGrosso quanto em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>. Nasci<strong>do</strong> em Tanabi, SP,Marchezan viveu cerca <strong>de</strong> 25 anos num sítio próximo aPalestina, região <strong>de</strong> <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto, antes <strong>de</strong> ir tentara sorte no Mato Grosso. Segun<strong>do</strong> informou à CPI, teriavendi<strong>do</strong> os 25 alqueires que possuía em Palestina e compra<strong>do</strong>cerca <strong>de</strong> 800 alqueires em Mirassol d’Oeste, MT, em1976, constituin<strong>do</strong> a Fazenda Ouro Ver<strong>de</strong>, que hoje contacom cerca <strong>de</strong> 3 mil hectares e 1,7 mil cabeças <strong>de</strong> ga<strong>do</strong>.Mirassol d’Oeste está localiza<strong>do</strong> a cerca <strong>de</strong> 100 quilômetrosda fronteira matogrossense com a Bolívia. Val<strong>de</strong>nor <strong>de</strong>clarouser proprietário <strong>de</strong> uma aeronave Corisco, <strong>de</strong> prefixoPT-IPS, e ter construí<strong>do</strong> uma pista clan<strong>de</strong>stina <strong>de</strong> 700metros, bem conservada, em sua proprieda<strong>de</strong>.Val<strong>de</strong>nor Marchezan admitiu ainda que, em 1991, foipreso em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> a partir da prisão <strong>de</strong> um homem queconduzia 40 quilos <strong>de</strong> cocaína para venda, e foi con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>por tráfico <strong>de</strong> drogas, ten<strong>do</strong> cumpri<strong>do</strong> pena no complexo<strong>do</strong> Carandiru.Em 24 <strong>de</strong> fevereiro, esta CPI, ten<strong>do</strong> conhecimento daoperação <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ada no começo <strong>do</strong> mês pela PolíciaFe<strong>de</strong>ral em Mirassol d’Oeste, <strong>de</strong>terminou uma diligêncianaquele esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Mato Grosso, realizada pelo relator nocomeço <strong>de</strong> março. Em Cuiabá e em Mirassol d’Oeste, estaCPI colheu farto material sobre as ativida<strong>de</strong>s ilícitas <strong>de</strong>Marchezan e sua relação com o esquema <strong>de</strong> transporteaéreo <strong>de</strong> drogas organiza<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> Atibaia, nos hangaresUnião e Família Gomes.Narra o relatório <strong>do</strong> inquérito policial n. 071/00, <strong>do</strong>DENARC, aberto a pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong>sta CPI sobre a ramificação daquadrilha <strong>de</strong> Atibaia, sobre a aeronave Cessna 210, <strong>de</strong> prefixoPT-IRB, aprendida naquela operação <strong>de</strong> em Mirassold’Oeste: “essa aeronave, no dia 1o. <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2.000,foi apreendida em uma operação da Polícia Fe<strong>de</strong>ral nafazenda Ouro Ver<strong>de</strong>, no município <strong>de</strong> Mirassol d’Oeste, MT,e <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Val<strong>de</strong>nor Alves Marchezan. Essa operaçãofoi originada <strong>de</strong> constantes <strong>de</strong>núncias feitas acerca<strong>do</strong> envolvimento <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> com o <strong>narcotráfico</strong>, e maisespecificamente em uma, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que haveria otransla<strong>do</strong> <strong>de</strong> 250 kg <strong>do</strong> entorpecente conheci<strong>do</strong> comococaína durante aqueles dias. A operação resultou na prisão<strong>de</strong> sua esposa, Marlene Pereira <strong>de</strong> Souza Marchezan, e<strong>de</strong> José Ricar<strong>do</strong> Nogueira Braga; na apreensão <strong>de</strong> fartaquantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> armas; <strong>de</strong> US$ 151.980,00 (cento e cinqüentae um mil, novecentos e oitenta dólares americanos); e <strong>de</strong>65 g <strong>de</strong> uma substância branca envolta em um saco plásticoque posteriormente veio a ser constata<strong>do</strong> tratar-se <strong>de</strong>cocaína, encontrada no quarto <strong>do</strong> casal. A aeronave foilocalizada pelos agentes da Polícia Fe<strong>de</strong>ral com o prefixo<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação altera<strong>do</strong> para PT-IRB, por meio <strong>de</strong> umesparadrapo branco, carregada com três tambores plásticoscheios <strong>de</strong> combustível e com um sistema <strong>de</strong> abastecimentodurante o vôo, estan<strong>do</strong> assim preparada para umaviagem <strong>de</strong> longa distância. Braga, em seu interrogatório,confessa ter realiza<strong>do</strong> a manutenção da PT-IRB em Atibaia.Segun<strong>do</strong> o mesmo, surgira um <strong>de</strong>feito em seu conserto, oque fez com que ele se <strong>de</strong>slocasse até Mirassol d’Oestepara refazer os reparos necessários. Essa aeronave, conformepo<strong>de</strong> verificar-se tanto nos diversos <strong>de</strong>poimentos,como nos <strong>do</strong>cumentos apreendi<strong>do</strong>s, era hangarada naUnião Sistemas, Serviços e Peças Ltda., empresa <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong><strong>do</strong> indicia<strong>do</strong> Odarício Quirino Ribeiro Neto e <strong>de</strong>sua esposa Magali Laruccia Jacob”.Em Mirassol d’Oeste, com o apoio da Polícia Fe<strong>de</strong>ral<strong>do</strong> MT, <strong>do</strong> Ministério Público Estadual <strong>do</strong> MT e da CPI <strong>do</strong>Narcotráfico da Assembléia <strong>Legislativa</strong> <strong>do</strong> MT, na pessoa<strong>de</strong> sua presi<strong>de</strong>nte, <strong>de</strong>putada estadual Serys Slhessarenko,o relator <strong>de</strong>sta CPI po<strong>de</strong> entrevistar-se com o piloto JoséRicar<strong>do</strong> Nogueira Braga, que negou ser piloto e qualquerenvolvimento com o <strong>narcotráfico</strong>. Inúmeros <strong>de</strong>poimentoscolhi<strong>do</strong>s posteriormente pela CPI, na <strong>de</strong>legacia <strong>de</strong> polícia<strong>de</strong> Atibaia e durante suas sessões em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, afirmaram,no entanto, tratar-se José Ricar<strong>do</strong> Nogueira Braga <strong>do</strong>piloto que movimentava a aeronave PT-IRB em Atibaia,<strong>de</strong>smentin<strong>do</strong> portanto sua versão <strong>de</strong> tratar-se apenas <strong>de</strong>um mecânico ama<strong>do</strong>r sem habilitação para alçar vôo.Retornan<strong>do</strong> a <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, <strong>de</strong> posse das informaçõescolhidas em Cuiabá com a Polícia Fe<strong>de</strong>ral sobre os vínculos<strong>de</strong> Marchezan com a região <strong>de</strong> <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto, orelator foi <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> pela CPI para realizar novas diligências,<strong>de</strong>sta feita na região <strong>de</strong> <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto, queforam levadas a cabo nos dias 14 e 15 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2.000.Muni<strong>do</strong>s <strong>de</strong> mandatos <strong>de</strong> busca e apreensão concedi<strong>do</strong>spela Justiça <strong>de</strong> <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto, o relator e quatroequipes <strong>de</strong> policiais <strong>do</strong> DEINTER-5 da Polícia Civil proce<strong>de</strong>rama revistas em todas as proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Val<strong>de</strong>norMarchezan e <strong>de</strong> seus familiares nos municípios <strong>de</strong> <strong>São</strong>José <strong>do</strong> Rio Preto, Ipiguá e Palestina.Nessas diligências, foram apreendi<strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentosbancários com altas movimentações financeiras, contastelefônicas, fotos <strong>de</strong> Val<strong>de</strong>nor e <strong>de</strong> seu filho Alessandro(então foragi<strong>do</strong>s) e <strong>do</strong>cumentos relativos a proprieda<strong>de</strong>srurais em nome <strong>de</strong> Val<strong>de</strong>nor Marchezan ou <strong>de</strong> seus familiaresno esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Mato Grosso, inclusive contratos <strong>de</strong> comprae mapas que foram encaminha<strong>do</strong>s imediatamente àPolícia Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Mato Grosso. Não havia uma foto recente<strong>de</strong> Val<strong>de</strong>nor Marchezan que pu<strong>de</strong>sse ser utilizada nastentativas <strong>de</strong> cumprimento <strong>do</strong>s manda<strong>do</strong>s <strong>de</strong> prisão preventiva<strong>de</strong>creta<strong>do</strong>s pela Justiça contra ele.No município <strong>de</strong> Ipiguá, verificou-se que Val<strong>de</strong>norMarchezan havia compra<strong>do</strong> um sítio, que contava comuma pista clan<strong>de</strong>stina apta para pouso e <strong>de</strong>colagem <strong>de</strong>pequenas aeronaves, no qual foram apreendi<strong>do</strong>s umacaminhonete S-10 com placas <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, armas eanotações com rotas aéreas e controle <strong>de</strong> pagamento <strong>de</strong>vôos a pilotos. Uma folha <strong>de</strong> relatório <strong>de</strong> vôo indicava umarota que se iniciava na Fazenda Ouro Ver<strong>de</strong>, passava porMirassol d’Oeste, dirigia-se a Ariquemes e Pontes <strong>de</strong>Lacerda, tradicionais pontos <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas, e retornavaà fazenda Ouro Ver<strong>de</strong>. Em seu interrogatório peranteessa CPI, em novembro <strong>de</strong> 2.000, Marchezan negou conhecerou ter realiza<strong>do</strong> vôo nessa rota.No dia 15 <strong>de</strong> março, na Delegacia <strong>de</strong> Polícia <strong>de</strong>Investigações Gerais <strong>de</strong> <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto, na presença<strong>do</strong> relator, a Polícia Civil ouviu os <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> A<strong>de</strong>vanzirAntonio Marchezan, primo <strong>de</strong> Val<strong>de</strong>nor; <strong>de</strong> JoãoBatista Fernan<strong>do</strong> Aranha, emprega<strong>do</strong> <strong>de</strong> Marchezan nosítio; Pedro Gabiatti, vulgo ‘Alemão’, mecânico que fazia amanutenção <strong>de</strong> aeronaves <strong>de</strong> Marchezan no município <strong>de</strong>Mirassol, SP; e Valter Sanches Feliciano, à época vice-prefeito<strong>de</strong> Ipiguá, amigo e freqüenta<strong>do</strong>r <strong>do</strong> sítio <strong>de</strong>Marchezan naquele município, que forneceram informaçõessobre as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Val<strong>de</strong>nor Marchezan e a movimentação<strong>de</strong> aeronaves em seu sítio.A movimentação <strong>de</strong> aeronaves no sítio <strong>de</strong> Val<strong>de</strong>norMarchezan já chamava a atenção da Polícia Civil <strong>de</strong> Ipiguá.Em relatório encaminha<strong>do</strong> pelo DENARC a esta CPI sobreas pistas clan<strong>de</strong>stinas, sobre o caso <strong>de</strong> Ipiguá, é menciona<strong>do</strong>que:“No local, os locatários promovem festas em umcômo<strong>do</strong> localiza<strong>do</strong> na pista, que se transformou em cantina.Orlan<strong>do</strong> Costa, proprietário <strong>do</strong> imóvel ao la<strong>do</strong>, informouque aviões sobrevoam a pista sem pousar, em baixaaltitu<strong>de</strong>. As investigações encetadas pelo dr. E<strong>de</strong>r GalavottiRodrigues, <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> <strong>de</strong> Polícia <strong>de</strong> Ipiguá, <strong>de</strong>scobriram umindivíduo <strong>de</strong> nome “<strong>Paulo</strong>” que havia arrenda<strong>do</strong> o sítioSanto Onofre, utilizan<strong>do</strong> também a pista <strong>de</strong> pouso para oavião <strong>de</strong> sua proprieda<strong>de</strong>. Informações obtidas <strong>de</strong> ValterSanches Feliciano, vice-prefeito, dão conta que <strong>Paulo</strong> seriaum fazen<strong>de</strong>iro muito rico e que possuía terras em MatoGrosso, utilizan<strong>do</strong> um avião para <strong>de</strong>slocar-se <strong>do</strong> sítio SantoOnofre até sua proprieda<strong>de</strong> localizada em Mirassol d’Oeste,MT... O proprietário <strong>do</strong> sítio Santo Onofre, Divino Garcia,<strong>de</strong>senten<strong>de</strong>u-se em 1999 com seu irmão, resolven<strong>do</strong> colocarseu sítio à venda. Rapidamente fechou negócio com osr. <strong>Paulo</strong>, que lhe pagou em duas parcelas o valor pedi<strong>do</strong>, eem dinheiro. <strong>Paulo</strong> pouco aparece na cida<strong>de</strong>, jamais emitiuum cheque ou apresentou seus <strong>do</strong>cumentos a ninguém.Circula pela cida<strong>de</strong> em veículos da capital acompanha<strong>do</strong>sempre <strong>de</strong> indivíduos <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>s. <strong>Paulo</strong> nunca dirige,quiçá para nunca ser compeli<strong>do</strong> a apresentar seus <strong>do</strong>cumentospessoais em caso <strong>de</strong> abordagem pessoal”.Sobre Rio Preto e Ipiguá, Val<strong>de</strong>nor <strong>de</strong>clarou a esta CPI,durante a sessão realizada em <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto emnovembro <strong>de</strong> 2.000, que <strong>Paulo</strong> era um apeli<strong>do</strong> que foi coloca<strong>do</strong>por amigos que freqüentavam o seu sítio em Ipiguá.Disse que nunca foi conheci<strong>do</strong> como <strong>Paulo</strong> no Mato Grossoe que to<strong>do</strong>s os que se relacionavam com ele sabiam <strong>de</strong> suaverda<strong>de</strong>ira i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. No entanto, <strong>de</strong>poimentos colhi<strong>do</strong>spela CPI e pela Polícia Civil <strong>de</strong> <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto mostramque as pessoas que freqüentavam o sítio <strong>de</strong> Ipiguá nãoo conheciam como Val<strong>de</strong>nor Marchezan. Val<strong>de</strong>nor nãosoube explicar porque um apeli<strong>do</strong> como esse foi da<strong>do</strong> a ele.O próprio funcionário contrata<strong>do</strong> para tomar conta <strong>do</strong>sítio, João Batista, disse em seu <strong>de</strong>poimento que: “na proprieda<strong>de</strong>,além <strong>de</strong> uma pequena roça e algumas galinhas,há uma pista <strong>de</strong> avião. Que essa pista está <strong>de</strong>ntro da proprieda<strong>de</strong><strong>de</strong> <strong>Paulo</strong>, sen<strong>do</strong> que <strong>Paulo</strong> é quem sempre a utiliza.Que sobre a pessoa <strong>de</strong> <strong>Paulo</strong>, nesse ato, lhe é exibidauma fotografria, momento em que o <strong>de</strong>clarante reconhece,<strong>de</strong> pronto, uma pessoa <strong>de</strong> óculos, camisa xadrez, com umacorrente, aparentemente <strong>de</strong> ouro, no pescoço, como sen<strong>do</strong><strong>Paulo</strong>, vin<strong>do</strong> a saber, neste ato, que o seu nome é, na verda<strong>de</strong>,Val<strong>de</strong>nor Alves Marchezan”.Apesar <strong>de</strong> negar que o nome <strong>Paulo</strong> fosse utiliza<strong>do</strong> paraescon<strong>de</strong>r sua verda<strong>de</strong>ira i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, Val<strong>de</strong>nor foi preso emItuitaba, pela Polícia Fe<strong>de</strong>ral, com <strong>do</strong>cumentos falsos, emnome <strong>de</strong> <strong>Paulo</strong> Ferreira Trinda<strong>de</strong>. Vê-se, portanto, que<strong>Paulo</strong> não era apenas um apeli<strong>do</strong>, mas uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>falsa utilizada por Marchezan. Val<strong>de</strong>nor <strong>de</strong>clarou à CPI quepossuía essa carteira <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1996, ten<strong>do</strong> amesma si<strong>do</strong> retirada junto ao DEIC, em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, por um<strong>de</strong>spachante cujo nome o <strong>de</strong>poente não se lembrou.Val<strong>de</strong>nor estava se estabelecen<strong>do</strong> em <strong>São</strong> José <strong>do</strong> RioPreto, ten<strong>do</strong> procura<strong>do</strong> negócios que pu<strong>de</strong>ssem explicarsua permanência. Chegou a comprar uma fábrica <strong>de</strong> velas,mas <strong>de</strong>sfez o negócio rapidamente. Solicitou a seu primo,A<strong>de</strong>vanzir, que comprasse um sítio on<strong>de</strong> pu<strong>de</strong>sse ter umapista à disposição. Seu primo, que <strong>de</strong>pôs perante a PolíciaCivil em Rio Preto e o relator da CPI, <strong>de</strong>clarou que arren<strong>do</strong>uem nome <strong>de</strong> Val<strong>de</strong>nor o sítio <strong>São</strong> Domingos, on<strong>de</strong>Val<strong>de</strong>nor justificava a existência <strong>de</strong> uma pista clan<strong>de</strong>stina e<strong>de</strong> sua aeronave como paixão pelo paraquedismo. O<strong>de</strong>poente negou inicialmente ter compra<strong>do</strong> o sítio, apesar<strong>de</strong> lhe ter si<strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong> cópia <strong>de</strong> um contrato <strong>de</strong> comprae venda no valor <strong>de</strong> cem mil reais. Depois, reformulouseu <strong>de</strong>poimento dizen<strong>do</strong> que tinha compra<strong>do</strong> mas <strong>de</strong>sfez onegócio por não ter dinheiro para saldar sua dívida com oantigo proprietário <strong>do</strong> sítio.Sobre a movimentação <strong>de</strong> aeronaves em seu sítio,Val<strong>de</strong>nor <strong>de</strong>clarou que apenas o Corisco <strong>de</strong> sua proprieda<strong>de</strong>utilizava a pista. No entanto, o mecânico que Val<strong>de</strong>norconfirmou utilizar na manutenção <strong>de</strong> sua aeronave, PedroGabiatti, vulgo “Alemão”, <strong>de</strong> Mirassol, <strong>de</strong>clarou à políciaque Val<strong>de</strong>nor teria i<strong>do</strong> a Mirassol com um Piper Minuano<strong>de</strong> prefixo PT-QRN, informação confirmada também porum <strong>do</strong>s freqüenta<strong>do</strong>res assíduos <strong>do</strong> sítio <strong>São</strong> Domingos,Edval<strong>do</strong> Sar<strong>de</strong>lla, vulgo “Va<strong>do</strong>”, que <strong>de</strong>clarou que oMinuano era <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Val<strong>de</strong>nor Marchezan.A<strong>de</strong>vanzir, seu primo, foi preso posteriormente pelaPolícia Civil, em <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto, por tráfico <strong>de</strong> drogas.Em 12 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1997, na Fazenda Medianeira, naComarca <strong>de</strong> Chapada <strong>do</strong>s Guimarães, foi realizada aapreensão <strong>de</strong> 48,5 quilos <strong>de</strong> cocaína, arremessa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> umaaeronave, pilotada por Filogônio Pedroso <strong>de</strong> Lima. Naoportunida<strong>de</strong>, foram presos em flagrante e João Carlos <strong>de</strong>Lima e José Carlos Nogueira.A investigações realizadas resultaram na constatação<strong>de</strong> que a droga fora embarcada em uma fazenda proprieda<strong>de</strong><strong>de</strong> Val<strong>de</strong>nor Alves Marchezan, que fugiu, após terconhecimento da prisão <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais envolvi<strong>do</strong>s.O processo criminal instaura<strong>do</strong> resultou na con<strong>de</strong>nação,em 09 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2.001, <strong>de</strong> Val<strong>de</strong>nor Alves Marchezana 16 (<strong>de</strong>zesseis) anos <strong>de</strong> reclusão e ao pagamento<strong>de</strong> 360 (trezentos e sessenta dias multa), pela prática <strong>do</strong><strong>de</strong>lito previsto 12, caput da lei 6368/76, consi<strong>de</strong>radas as circunstânciasagravantes, inclusive a associação para a prática<strong>do</strong> <strong>de</strong>lito. Foi ainda con<strong>de</strong>na<strong>do</strong> a 6 (seis) anos <strong>de</strong> reclusãopela prática <strong>do</strong> crime previsto no artigo 12, § 2, II dacitada lei, além <strong>de</strong> 150 (cento e cinquenta) dias multa.No mesmo ato, foi <strong>de</strong>terminada o perdimento, emfavor da União, da aeronave monomotor prefixo PT-IPSARROW, cor branca, azul e vermelha, série 28 R-7335149mo<strong>de</strong>lo e ano <strong>de</strong> fabricação PA - 28 R -200 1973 motor 200<strong>de</strong> quatro cilindros aspira<strong>do</strong>s, provi<strong>do</strong> <strong>de</strong> hélice com duaspás à gasolina.Tanto em Mirassol d’Oeste, MT, em sua fazenda OuroVer<strong>de</strong>, quanto em Ipiguá, SP, em seu sítio <strong>São</strong> Domingos,Val<strong>de</strong>nor Marchezan utilizou-se <strong>de</strong> pistas clan<strong>de</strong>stinas paraestabelecer a relação entre o gran<strong>de</strong> fornece<strong>do</strong>r estrangeiroe o merca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r. Sua con<strong>de</strong>nação no MatoGrosso e seu indiciamento em outros casos naquele esta<strong>do</strong>e em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, em inquéritos e processos em andamento,indicam a importância <strong>de</strong> uma ação articulada das políciasfe<strong>de</strong>ral e estaduais na observação das pistas clan<strong>de</strong>stinas enas ativida<strong>de</strong>s irregulares <strong>de</strong> modificação <strong>de</strong> aeronavespara o fornecimento <strong>de</strong> indicações seguras sobre o possívelenvolvimento <strong>de</strong>ssas aeronaves e seus proprietáriose/ou arrendatários no tráfico <strong>de</strong> drogas.5.3.5. A OBSTRUÇÃO DAS PISTAS CLANDESTINAS OUDESATIVADASO trabalho realiza<strong>do</strong> pela Polícia Civil <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> nocontato com os proprietários <strong>de</strong> fazendas em que existemaeroportos legalmente registra<strong>do</strong>s para funcionamento dãoconta que a sua falta <strong>de</strong> utilização para a ativida<strong>de</strong> produtivapara a qual foram concebidas <strong>de</strong>ixam em condições <strong>de</strong>uso para ativida<strong>de</strong>s ilícitas pistas que já po<strong>de</strong>riam estar<strong>de</strong>struídas. Em Andradina, por exemplo, uma pista <strong>de</strong>grama <strong>de</strong> 730 x 30 metros existente na Fazenda Progresso,na Ro<strong>do</strong>via Eucli<strong>de</strong>s <strong>de</strong> O. Figueire<strong>do</strong>, a 18 km da cida<strong>de</strong>,está <strong>de</strong>vidamente habilitada para operar. No entanto,segun<strong>do</strong> levantamento da Polícia Civil da Região, o proprietárionão possui avião e a pista está <strong>de</strong>sativada há mais<strong>de</strong> <strong>do</strong>is anos. O mesmo ocorre na Fazenda Timboré, a 24km da mesma se<strong>de</strong> <strong>do</strong> município, na estrada vicinal JoséRodrigues Celestino, on<strong>de</strong> uma pista <strong>de</strong> grama <strong>de</strong> 550 x 20metros está em condições <strong>de</strong> uso, embora o proprietárionão possua aeronave e a pista esteja há muito tempo semser utilizada. Já em Parapuã, às margens da ro<strong>do</strong>via SP-425, entre as fazendas <strong>São</strong> José e Maria Beatriz, embora<strong>de</strong>sativada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1983, não consta como impedi<strong>do</strong> parapousos e <strong>de</strong>colagens o campo <strong>de</strong> aviação Casul.Uma iniciativa importante vem sen<strong>do</strong> a <strong>de</strong>sativação <strong>de</strong>parte <strong>de</strong>ssas pistas clan<strong>de</strong>stinas pelos proprietários dasáreas em que estão construídas, após a finalida<strong>de</strong> da ativida<strong>de</strong>para a que foram concebidas ter si<strong>do</strong> encerrada.Como exemplo, po<strong>de</strong>m ser mencionadas:a) No município <strong>de</strong> Bento <strong>de</strong> Abreu, pista clan<strong>de</strong>stinalocalizada na Fazenda Cascata, a cerca <strong>de</strong> 28 km da cida<strong>de</strong>,foi <strong>de</strong>sativada <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com informações <strong>do</strong> gerente dafazenda, que não possui aeronave, estan<strong>do</strong> a pista obstruídahá tempos por tambores. A mesma providência informater a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> o proprietário da Fazenda Caiçara, que construiuprecariamente uma pista no meio da plantação <strong>de</strong>cana <strong>de</strong> açúcar para aplicação <strong>de</strong> <strong>de</strong>fensivos agrícolasépoca <strong>de</strong> plantio;b) Após <strong>de</strong>núncia anônima <strong>de</strong> que aviões sobrevoavame pousavam durante as madrugadas, por volta das 4horas, em uma pista <strong>de</strong> 750 x 14 metros localizada naFazenda Pão e Mel, município <strong>de</strong> Catiguá, na ro<strong>do</strong>via JoséFernan<strong>de</strong>s, construída para pulverização das plantações <strong>de</strong>cana, a empresa proprietária informou à Polícia ter coloca<strong>do</strong>obstáculos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira sobre a pista para impedir a suautilização;c) Em Ipuã, pista <strong>de</strong> grama <strong>de</strong> 800 x 30m, construída naFazenda Prata, a 15 km da cida<strong>de</strong>, foi interditada com tambores;d) Em Santa Bárbara d’Oeste, a pista <strong>de</strong> terra <strong>de</strong> 600 x20 metros localizada na Fazenda Prezotto, que se <strong>de</strong>stina apousos e <strong>de</strong>colagens <strong>de</strong> aviões agrícolas em época <strong>de</strong> pulverizaçãoda plantação, é bloqueada com <strong>do</strong>rmentes pelaadministração para impedir operações não autorizadas,segun<strong>do</strong> <strong>de</strong>clarações à Polícia local.5.3.6. A FISCALIZAÇÃO DAS PEQUENAS AERONAVESUSADAS NO TRÁFICODa<strong>do</strong>s técnicos apresenta<strong>do</strong>s à CPI fundamenta a preocupaçãocom o controle e a fiscalização permanente dasoficinas <strong>de</strong> reparo e manutenção <strong>de</strong> aeronaves. Um intensotráfego aéreo ilegal é <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> por pequenas aeronavesque realizam a ponte entre o produtor, no exterior, ougran<strong>de</strong>s traficantes, com os distribui<strong>do</strong>res em terra. Anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alterações na estrutura <strong>de</strong>stas aeronavespartem da própria necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fuga ao controle <strong>de</strong> vôospor radar. Abaixo <strong>de</strong> mil pés <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>, essas aeronavesficam imunes ao registro <strong>de</strong> suas rotas pela cobertura <strong>do</strong>radar. No entanto, essa manobra consome, tanto para asaeronaves movidas a turbo-hélice ou reação, uma maiorquantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> combustível que limita a autonomia <strong>de</strong> vôo<strong>do</strong> avião. Neste senti<strong>do</strong>, a ampliação <strong>do</strong> tanque original oua modificação interna da aeronave para instalação <strong>de</strong> tanquesextras a bor<strong>do</strong> se transformou em uma saída paraaumento da autonomia <strong>de</strong> vôo <strong>do</strong>s aviõezinhos <strong>do</strong> tráfico.Essas modificações só são consi<strong>de</strong>radas ilícitas se realizadasem oficinas não homologadas perante <strong>do</strong>Departamento <strong>de</strong> Aviação Civil e sem a apresentação <strong>de</strong>projetos <strong>de</strong> engenharia assina<strong>do</strong>s por engenheiros e realiza<strong>do</strong>por mecânicos registra<strong>do</strong>s.Se levarmos em conta que há em operação no Brasil,segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s da Aeronáutica, cerca <strong>de</strong> 11 mil aeronaves,e a limitação <strong>de</strong> recursos humanos <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong>Aviação Civil para as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> controle e fiscalização,fica evi<strong>de</strong>nciada a imensa facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> mecanismosilícitos para o “esquentamento” <strong>de</strong> aeronaves roubadase adulteradas para utilização no crime. Da mesmaforma que no processo <strong>de</strong> construção e operação <strong>do</strong>s aeródromosregistra<strong>do</strong>s, em que a responsabilida<strong>de</strong> pelo cumprimentodas normas fica a cargo <strong>do</strong> proprietário priva<strong>do</strong>,as regulamentações <strong>do</strong> DAC sobre o funcionamento dasoficinas transfere aos seus proprietários a responsabilida<strong>de</strong>pelo cumprimento das normas vigentes no que se refere àmanutenção e reforma <strong>de</strong> aeronaves.A fiscalização é feita por amostragem. Toda aeronave<strong>de</strong>ve realizar anualmente a Inspeção Anual <strong>de</strong> Manutençãojunto a uma oficina homologada pelas autorida<strong>de</strong>s aeronáuticase realizar a manutenção preventiva, troca <strong>de</strong> peçase reformas <strong>de</strong>terminadas. Após estes procedimentos, asoficinas homologadas emitem uma <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> regularida<strong>de</strong>válida por um ano, que <strong>de</strong>ve fazer parte <strong>de</strong> toda a<strong>do</strong>cumentação mantida permanentemente com a aeronave,para fiscalização em qualquer aeródromo. Cópias <strong>de</strong>ssas<strong>de</strong>clarações são recolhidas pela autorida<strong>de</strong> aeronáuticana vistoria anual realizada nas oficinas homologadas confrontadascom aquelas outras cópias encaminhadas pelosproprietários <strong>de</strong>ssas aeronaves.A fiscalização fica ainda mais complexa quan<strong>do</strong> se trata<strong>de</strong> aviões agrícolas. De acor<strong>do</strong> com estimativas <strong>do</strong> SERAC-4, existiram em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> cerca <strong>de</strong> 70 empresas, geralmentecom duas ou três aeronaves em condições <strong>de</strong> vôo, para arealização <strong>de</strong> trabalhos relaciona<strong>do</strong>s com a produção agrícola.Estas empresas também precisam ser homologadaspelo Departamento <strong>de</strong> Aviação Civil. De acor<strong>do</strong> com informaçõesprestadas à CPI pelo <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> Marco AntonioVeronezzi, da Polícia Fe<strong>de</strong>ral, em 30 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2000, háinformações no Grupo <strong>de</strong> Repressão ao Crime Organiza<strong>do</strong><strong>de</strong> aviões agrícolas que estariam transportan<strong>do</strong> éter para aBolívia, utilizada como insumo para o refino da cocaína. Deacor<strong>do</strong> com o Tenente Coronel Avia<strong>do</strong>r João MariaFonseca, na mesma sessão da CPI, “se for transportar éter,certamente a chapa usada neste tanque será diferente daespecificada pelo construtor por problemas <strong>de</strong> corrosão.Fazemos vistoria nas empresas agrícolas anualmente, fora<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> safra, mas o único mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> constatar essaestratégia <strong>do</strong> tráfico seria a alteração da chapa usada para otanque. Outra dificulda<strong>de</strong> é que, a qualquer momento queele (sic) souber da informação, ele apenas ejeta em vôo e oéter se dilui. Não se consegue ver nem o material, se elefizer isso a 20 metros <strong>de</strong> altura: <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> volume, nosolo não chega mais nada <strong>de</strong> éter”.Em <strong>de</strong>poimento voluntariamente presta<strong>do</strong> à CPI <strong>do</strong>Narcotráfico da Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s, em Curitiba, PR,no dia 2 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2.000, Odarício Quirino Ribeiro Neto,proprietário <strong>do</strong> hangar União em Atibaia, SP, ao <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rse<strong>de</strong> acusações <strong>de</strong> utilizar sua oficina para a modificaçãoda estrutura das aeronaves com vistas ao aumento <strong>de</strong> suacapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga ou autonomia <strong>de</strong> vôo para a realização<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s ilícitas, comenta as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>adulteração <strong>de</strong>stas aeronaves e acusa:“Quero <strong>de</strong>ixar bem claro que esses serviços forampresta<strong>do</strong>s em aeronaves aci<strong>de</strong>ntadas. Não com adulterações.Porque adulterações em aeronaves, ela requer umsistema to<strong>do</strong> especial que hoje quem faz, quem é homologa<strong>do</strong>a fazer é a EMBRAER, que é feito, e só tem uma oficinaque é homologada para fazer adulterações em aeronaveshoje, que é em Marília, e também em Marília só que acida<strong>de</strong>zinha ali perto é, falhou o nome, lá <strong>do</strong> Fausto Jorge...Esse tipo <strong>de</strong> adulteração que eu queria dizer, por exemplo,aumento <strong>de</strong> tanque, bomba <strong>de</strong> sucção, isso, oficina nenhumaé homologada para fazer, não se po<strong>de</strong> fazer isso”.A menção <strong>de</strong> Ribeiro à adulteração <strong>de</strong> aeronaves realizadana oficina <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Fausto Jorge, em VeraCruz, município próximo a Marília, po<strong>de</strong> ser verificada poresta CPI no relatório da Polícia Fe<strong>de</strong>ral - SuperintendênciaRegional <strong>do</strong> Pará, assina<strong>do</strong> pelo Delega<strong>do</strong> Antonio CésarFernan<strong>de</strong>s Nunes, sobre as ativida<strong>de</strong>s da quadrilha <strong>de</strong> narcotraficantesinternacionais li<strong>de</strong>rada por Elvis MoreiraRocha, também conheci<strong>do</strong> por Manicaca, gran<strong>de</strong> transporta<strong>do</strong>r<strong>de</strong> cocaína colombiana e <strong>de</strong> outros países sul-americanospara o Brasil, Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e Europa, com rotapelo território brasileiro. Reproduzimos abaixo alguns trechos<strong>do</strong> relatório, que indicam a participação <strong>de</strong>sta oficina<strong>de</strong> Vera Cruz na modificação <strong>de</strong> uma das aeronaves utilizadaspela quadrilha em questão:“Em 25 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1999, a aeronave Carajá <strong>de</strong> prefixoPT-VKJ foi apreendida em plena operação <strong>de</strong> transporte<strong>de</strong> cocaína para o Pará. Nas investigações realizadas,restou comprova<strong>do</strong> que a gang era composta pelos aeronautasMário Ney Chaves Pires, Carlos Alberto Paschoalin,Catulino Frauzino Pereira Filho e o mecânico <strong>de</strong> aeronavesJackson Santos <strong>de</strong> Queiroz... No acompanhamento das ativida<strong>de</strong>sda quadrilha, confirman<strong>do</strong> a relação <strong>de</strong> Elvis comos gran<strong>de</strong>s grupos <strong>do</strong> <strong>narcotráfico</strong> internacional e o recebimento<strong>de</strong> muito dinheiro para estruturar uma megaoperação<strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> cocaína, no mês <strong>de</strong> julho <strong>do</strong> correnteano foi <strong>de</strong>tectada e comprovada a compra pelo chefe <strong>do</strong>ban<strong>do</strong> da aeronave mo<strong>de</strong>lo Carajá <strong>de</strong> prefixo PT-VKJ,negociada por Paschoalin, no aeroporto <strong>de</strong> Uberlândia,MG, on<strong>de</strong> foi submetida a uma inspeção <strong>de</strong> pré-compra ereparos mecânicos.”


D.O.E.; Po<strong>de</strong>r Legislativo, <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, 112 (117), sába<strong>do</strong>, 22 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2002 – SUPLEMENTO – 11“Em seguida, na oficina Triângulo, <strong>do</strong> aeroporto <strong>de</strong>Vera Cruz/SP, a aeronave PT-VKJ teve aumentada, consi<strong>de</strong>ravelmente,a sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> combustível e <strong>de</strong> iluminação.Tal fato aguçou ainda mais as suspeitas da equipe <strong>de</strong>investigação, pois, com tais modificações a referida aeronavepassou a dispor <strong>de</strong> autonomia para realizar vôos <strong>de</strong>longa distância e pousar à noite em pistas clan<strong>de</strong>stinascom iluminação precária, fican<strong>do</strong> assim evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong> quefora adquirida e reformada para transportar cocaína <strong>do</strong>spaíses produtores com <strong>de</strong>stino ao território nacional....”“No <strong>de</strong>senrolar das investigações foram acompanha<strong>do</strong>sem Goiânia, GO, o encontro <strong>de</strong> Elvis com o supostoparaguaio Roberto Carlos Rodriguez Morales que, ao serinterroga<strong>do</strong>, i<strong>de</strong>ntificou-se como Gustavo Tovar Castelblancoe, logo <strong>de</strong>pois, o encontro <strong>de</strong>ste com Carlos Paschoalin,em Belém <strong>do</strong> Pará, oportunida<strong>de</strong> em que escolherame aprovaram o local <strong>de</strong> entrega da droga. Na vigilânciaa Roberto Carlos (Gustavo Tovar), ficou sobejamente i<strong>de</strong>ntificadaa ligação <strong>de</strong>le com Vicente Leguizamon e LuizCarlos Lima Linhares, este notório traficante internacionalcom con<strong>de</strong>nação na Holanda por tráfico <strong>de</strong> drogas e envolvimentocomprova<strong>do</strong> com Vicentico Rivera, um <strong>do</strong>s“barões” <strong>do</strong> cartel da droga na Colômbia...“Finalmente, a aeronave PT-VKJ, pilotada porPaschoalin e Mário Ney, na tar<strong>de</strong> da sexta-feira, 22, fez seuprimeiro pouso na fazenda Vale <strong>do</strong> Gorgulho, oportunida<strong>de</strong>em que os pilotos, ajuda<strong>do</strong>s por Catulino e Elvis, <strong>de</strong>scarregaramda mesma quatorze far<strong>do</strong>s conten<strong>do</strong> cerca <strong>de</strong> trintaquilos <strong>de</strong> cocaína cada um. Em seguida, na tar<strong>de</strong> da segunda-feiraseguinte, 25, a aeronave volta a pousar na referidafazenda e, quan<strong>do</strong> as mesmas pessoas iniciaram o <strong>de</strong>scarregamento<strong>de</strong> outros <strong>do</strong>ze far<strong>do</strong>s idênticos aos primeiros,conten<strong>do</strong> a mesma substância proscrita, foram todas presaspelos policiais fe<strong>de</strong>rais...“Nas buscas realizadas em cumprimento aos manda<strong>do</strong>spelo MM. Juiz Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Marabá, PA, foram apreendi<strong>do</strong>s:... (e) na se<strong>de</strong> da Oficina Triângulo, no aeroporto <strong>de</strong>Vera Cruz, SP, os bancos da aeronave PT VKJ e os <strong>do</strong>cumentos<strong>de</strong>scritos no auto <strong>de</strong> apreensão lavra<strong>do</strong> naDelegacia <strong>de</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral, em Londrina, PR, salientan<strong>do</strong>que as notas fiscais <strong>de</strong> serviço foram todas emitidas, emnome <strong>de</strong> Jackson Santos <strong>de</strong> Queiroz, <strong>do</strong>cumentação essaque faz parte <strong>do</strong> apenso 3.”Odarício Quirino Ribeiro Neto, no mesmo <strong>de</strong>poimentojá cita<strong>do</strong> à CPI <strong>do</strong> Narcotráfico da Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s,imputa ainda a <strong>do</strong>is outros concorrentes a prática da modificação<strong>de</strong> aeronaves para possível uso ilícito:A) “E tem também uma cida<strong>de</strong>zinha pequenininha quefica entre Araraquara e Rio Claro, ou... é Ibaté. Pra ter umaidéia, a pista, lá, tem 1200 metros, é <strong>de</strong> terra, e tem abastecimento.O movimento é uma coisa <strong>de</strong> maluco. E, lá, a oficinanão é homologada. Tem oficina, o cara lá é que faz. Aí,sim, implanta tanque. Lá, eu sei que implanta... Você vaiem Ibaté, que é uma cida<strong>de</strong>zinha <strong>de</strong> três mil habitantes,certe, e que tem um aeroporto que tem até abastecimento.Aí o senhor pega, vai em Mirassol d’Oeste, tem oficina, temabastecimento, tem uma pista <strong>de</strong> terra. O senhor vem aquino Paraná, o senhor vem aqui em Apucarana, o senhor nãovê nem urubu pousar lá. Tem gasolina, tem hangar, umapista asfaltada monstruosa. O senhor vai em Arapongas, éa mesma coisa...”;B) “Numa operação <strong>de</strong>ssas, quan<strong>do</strong> eles pousam, porexemplo, é questão <strong>de</strong> trinta a quarenta segun<strong>do</strong>s pra <strong>de</strong>scarregarum avião. É uma coisa. Igual, por exemplo, lá emRibeirão Preto, em Mogi, por exemplo, quan<strong>do</strong> sai daquipra lá vai <strong>de</strong> avião direto. Porque às vezes pousa aqui sópara abastecer, quan<strong>do</strong> não tem autonomia... Só dar umexemplo para o senhor. A oficina <strong>do</strong> la<strong>do</strong> é meu concorrente,foi pego no Pará, o senhor <strong>de</strong>ve ter visto, foi pego lá noPará, 780 quilos, num avião que era manutenção <strong>do</strong> meuvizinho <strong>do</strong> la<strong>do</strong>. Era o Tadinha. O senhor viu que avião queera? Esse avião era basea<strong>do</strong> lá em Atibaia... É <strong>do</strong> Tadinha,<strong>do</strong> hangar Cheienne. É o cara que mais tá me baten<strong>do</strong> prapo<strong>de</strong>r <strong>de</strong>sviar a atenção. Então, veja bem, esse avião quefoi utiliza<strong>do</strong> na época é um Cheienne. Um Carajá, aliás,<strong>de</strong>sculpa, um Carajá. É avião <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> autonomia. Então,hoje é o que eles estão fazen<strong>do</strong>, justamente por causa <strong>do</strong>risco. Aí mete lá quatro, cinco bombonas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> umavião <strong>de</strong>sses e ele fica com autonomia <strong>de</strong> <strong>do</strong>ze horas.Como? Porque pro senhor meses nas asas <strong>do</strong> avião ou notanque <strong>de</strong> combustível não tem a mínima condição.”5.3.7. DO ROUBO DAS AERONAVES AO COMBATE AONARCOTRÁFICOEntre os crimes correlatos ao transporte aéreo dadroga, encontra-se o roubo <strong>de</strong> aeronaves. A gran<strong>de</strong> atuação<strong>de</strong> quadrilhas <strong>do</strong> <strong>narcotráfico</strong> por via aérea, no transporte<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>s significativas <strong>de</strong> droga, leva a umaarticulação necessária entre o roubo <strong>de</strong> aeronaves, suaadulteração e sua utilização para o transporte. Um bomexemplo <strong>de</strong>ssa articulação e <strong>de</strong> como a relação entre asinvestigações sobre roubo <strong>de</strong> aeronaves e o <strong>narcotráfico</strong>po<strong>de</strong> ser estabelecida, po<strong>de</strong> ser encontra<strong>do</strong> na operaçãoque se iniciou com a investigação sobre o roubo <strong>de</strong> <strong>do</strong>isaviões Cessna 210, em 3 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2000, pelaDelegacia <strong>de</strong> Investigações Gerais <strong>de</strong> Ribeirão Preto.De acor<strong>do</strong> com o relatório <strong>do</strong> inquérito policial n.254/2000, policiais da DIG investigaram o para<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> umadas aeronaves roubadas <strong>do</strong> hangar Aeromec, no AeroportoLeite Lopes, <strong>de</strong> Ribeirão Preto, que estaria no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>Mato Grosso <strong>do</strong> Sul, no município <strong>de</strong> Doura<strong>do</strong>s, na posse<strong>do</strong> traficante Walceni Fernan<strong>de</strong>s, conheci<strong>do</strong> como “Ceni”.Segun<strong>do</strong> as informações da polícia paulista, Walceni seriasócio <strong>de</strong> Jorge Correa Marques, conheci<strong>do</strong> como “Joça”,narcotraficante foragi<strong>do</strong>. Eles teriam ti<strong>do</strong> a colaboração <strong>de</strong>um funcionário da Aeromec, Rogério Matiolli <strong>de</strong> Castro,que confessou ter facilita<strong>do</strong> aos traficantes o acesso àchave <strong>do</strong> hangar e às aeronaves.Diz o relatório, sobre a viagem empreendida por policiaisda DIG a Doura<strong>do</strong>s em 7 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro: “Naquela cida<strong>de</strong>,obtivemos informes <strong>de</strong> que “Ceni” estaria na posse <strong>de</strong>uma das aeronaves furtadas, pertencente à vítima Dalton <strong>de</strong>Freitas, a qual havia passa<strong>do</strong> por reparos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m elétrica eque já havia si<strong>do</strong> modifica<strong>do</strong> seu prefixo, <strong>de</strong> PT-KFO paraPT-KTM, prefixo esse que seria <strong>de</strong> um avião <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong><strong>de</strong> “Joça”, aeronave que teria se choca<strong>do</strong> com um morro e<strong>de</strong>struída no sinistro na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Corumbá, e que tais modificaçõesteriam si<strong>do</strong> feitas numa fazenda conhecida como“Fazenda <strong>do</strong> Célio Japonês”. Soubemos ainda que uma pessoaconhecida como “Joãozinho”, cujo nome é João CarlosCosta, integrante da referida quadrilha, teria auxilia<strong>do</strong>“Ceni” no conserto e adulteração <strong>do</strong> prefixo da aeronave.”Com base nessas informações, a equipe policial efetuou“campana” num local freqüenta<strong>do</strong> por Walceni,logran<strong>do</strong> <strong>de</strong>tê-lo após tiroteio em que o traficante ficouferi<strong>do</strong>. Continua o relatório: “quan<strong>do</strong> Walceni passava poratendimento médico, chegou a prestar informações, <strong>de</strong> quea aeronave que estava em sua posse teria si<strong>do</strong> levada aoParaguai, a fim <strong>de</strong> fazer transporte <strong>de</strong> droga, confirman<strong>do</strong>inclusive a mudança <strong>do</strong> prefixo. Fomos informa<strong>do</strong>s peloadvoga<strong>do</strong> <strong>de</strong> “Ceni”, dr. Levi, que as aeronaves estavamno Paraguai, inclusive sen<strong>do</strong> utilizadas pelo narcotraficante“Fernandinho Beira-Mar”, inclusive sen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> na mercancia(sic), fazen<strong>do</strong> viagens da Colômbia para o Paraguai.Através <strong>do</strong> “Ceni”, foi possível conseguir as coor<strong>de</strong>nadasda pista <strong>de</strong> pouso. No entanto, através <strong>do</strong> GPS, verificamosque referida localização a<strong>de</strong>ntrava o território paraguaio, oque impossibilitava, sobremaneira, o ingresso naquelepaís. De ver-se, contu<strong>do</strong>, que passamos as coor<strong>de</strong>nadaspara a vítima Dalton, pessoa com influência com autorida<strong>de</strong>sparaguaias, certo sen<strong>do</strong> que tais informações foramcomunicadas à Força Aérea Paraguaia, a qual provi<strong>de</strong>nciouuma vultosa operação no local indica<strong>do</strong>, pren<strong>de</strong>n<strong>do</strong> cerca<strong>de</strong> 35 pessoas e apreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> várias aeronaves <strong>de</strong> origemilícita, bem como gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> droga.”O exemplo bem sucedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma ação eficiente daPolícia Civil <strong>de</strong>monstra a potencialida<strong>de</strong> <strong>do</strong> cruzamento <strong>de</strong>informações sobre o roubo <strong>de</strong> aeronaves com o tráfico <strong>de</strong>drogas, abrin<strong>do</strong> caminho para uma qualificação da açãopolicial no combate ao <strong>narcotráfico</strong>.5.3.8. LIMITES E POTENCIALIDADES DO SISTEMA DEAVIAÇÃO CIVIL PARA O COMBATE AO NARCOTRÁFICOO fato é que as informações dadas sobre o controle <strong>de</strong>pousos e <strong>de</strong>colagens, bem como <strong>de</strong> abastecimento dasaeronaves, confirmam o fato aponta<strong>do</strong> pela CPI da falta <strong>de</strong>intercâmbio <strong>de</strong> informações com vistas ao controle efetivo<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s ilícitas nos aeroportos registra<strong>do</strong>s ou homologa<strong>do</strong>s.O sistema foi concebi<strong>do</strong> com o pressuposto <strong>de</strong> quetodas as pessoas que estão transitan<strong>do</strong> nestas aeronavesestão usan<strong>do</strong> os aeroportos para ativida<strong>de</strong>s lícitas. Esta écom certeza a regra, mas o que faz a segurança <strong>do</strong> sistemaé justamente ser capaz <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar e reprimir as exceções.Há no país 62 aeródromos administra<strong>do</strong>s pela Infraero.Nestes aeroportos, os mais bem equipa<strong>do</strong>s <strong>do</strong> país e daAmérica Latina, segue-se o Plano <strong>de</strong> Segurança da AviaçãoCivil, que <strong>de</strong>termina as atribuições das autorida<strong>de</strong>s aeroportuárias,da Receita Fe<strong>de</strong>ral e da Polícia Fe<strong>de</strong>ral. Noentanto, essa realida<strong>de</strong> não está sen<strong>do</strong> vivenciada na maioria<strong>do</strong>s aeródromos <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>. “O sistema <strong>de</strong>aviação civil, <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> geral, verifica, normatiza, legislae fiscaliza aeronaves, oficinas, pilotos, operação <strong>de</strong> aeroportos,mas somente com o objetivo <strong>de</strong> manter a segurança<strong>do</strong> vôo da aviação civil. Num primeiro momento, oComan<strong>do</strong> da Aeronáutica não tem esse po<strong>de</strong>r constitucional<strong>de</strong> investigar ilícitos. Ele somente comunica as autorida<strong>de</strong>s...A minha opinião pessoal é que o que falta é integração<strong>de</strong>sses diversos setores que, por questões outras,até pelo dia a dia, ficam se preocupan<strong>do</strong> cada um com seustrabalhos. Mas, se juntarmos todas essas informações <strong>do</strong>sdiversos setores, acredito que seria a gran<strong>de</strong> saída parapo<strong>de</strong>rmos formular alguma política para combater essaoperação ilícita <strong>de</strong> aeronaves, seja para contraban<strong>do</strong>, paraarmas, para tráfico, para qualquer outro tipo <strong>de</strong> ilícito”(Tenente Coronel Avia<strong>do</strong>r João Maria Fonseca, em <strong>de</strong>poimentoà CPI no dia 30 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2000)Esta é, com certeza, a perspectiva da CPI na formulação<strong>de</strong> suas proposições finais. A centralização da coleta eanálise <strong>de</strong> informações po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve ser, com certeza, ocaminho para a minimização da utilização impune <strong>do</strong> espaçoaéreo paulista pelo tráfico <strong>de</strong> drogas. “O Coman<strong>do</strong> daAeronáutica tem um instrumento muito eficaz para as políticas<strong>de</strong> combate ao <strong>narcotráfico</strong>... Temos no Ministério daAeronáutica a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rastrear to<strong>do</strong>s os tráficosnão i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s... Não temos a i<strong>de</strong>ntificação da aeronave,mas teremos hora, dia, freqüência semanal e a rota que elapo<strong>de</strong> fazer, principalmente na fronteira oeste” (TenenteCoronel Avia<strong>do</strong>r João Maria Fonseca, em <strong>de</strong>poimento à CPIno dia 30 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2000).5.4. O CASO ATIBAIA: UM EXEMPLO COMPLETO DOTRÁFICO POR VIAS AÉREAS5.4.1. INTRODUÇÃO: ODARÍCIO QUIRINO RIBEIRONETO E A QUADRILHA DE ATIBAIAAtibaia, situada a 80 quilômetros <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, na confluênciadas Ro<strong>do</strong>vias Fernão Dias e Dom Pedro, sedioudurante alguns anos uma quadrilha especializada na arregimentação<strong>de</strong> meios humanos e materiais para o tráfico <strong>de</strong>drogas e outros segmentos <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong>. A partir<strong>de</strong> informações colhidas por esta CPI sobre um estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>pela Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito da Câmara<strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s sobre a possível participação <strong>de</strong> empresáriosproprietários <strong>de</strong> aeronaves e hangares em Atibaia emcrimes cometi<strong>do</strong>s na região <strong>de</strong> Maricá, Rio <strong>de</strong> Janeiro, e <strong>de</strong>informações anônimas sobre o envolvimento em outroscrimes <strong>do</strong>s mesmos personagens <strong>de</strong> Atibaia, <strong>de</strong>lineou-seuma investigação que redun<strong>do</strong>u no estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso oraanalisa<strong>do</strong> neste Relatório como ilustração para o tráfico <strong>de</strong>drogas por rotas aéreas.A localização geográfica <strong>de</strong> Atibaia confere a estepequeno município acesso, pela ro<strong>do</strong>via Dom Pedro, àRegião Metropolitana <strong>de</strong> Campinas e ao Vale <strong>do</strong> Paraíba.Da mesma forma, pela ro<strong>do</strong>via Fernão Dias chega-se, porAtibaia, a <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> e sua Região Metropolitana e ao esta<strong>do</strong><strong>de</strong> Minas Gerias. Estrategicamente colocada no ponto<strong>de</strong> confluência <strong>de</strong>ssas ro<strong>do</strong>vias, Atibaia dispõe <strong>de</strong> um aeródromocom hangares que, a partir das investigações <strong>de</strong>staCPI, revelaram ao país um intenso trabalho <strong>de</strong> uma quadrilhaespecializada na prestação <strong>de</strong> serviços aéreos ao <strong>narcotráfico</strong>e ao crime organiza<strong>do</strong>.Um <strong>do</strong>s personagens centrais <strong>de</strong>ssa história é o proprietário<strong>do</strong> hangar União, se<strong>de</strong> da empresa União SistemasServiços e Peças Ltda., Odarício Quirino Ribeiro Neto.Acua<strong>do</strong> pelas <strong>de</strong>núncias <strong>de</strong> envolvimento seu no tráfico <strong>de</strong>drogas na região <strong>de</strong> Maricá, RJ, que tiveram gran<strong>de</strong> repercussãona imprensa no final <strong>de</strong> 1999 e início <strong>de</strong> 2000,Odarício procura, no mês <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2000, a CPI <strong>do</strong>Narcotráfico da Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s para um acor<strong>do</strong>. Nodia 2 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2000, em <strong>de</strong>poimento secreto colhi<strong>do</strong> poraquela CPI instalada na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Curitiba, PR, no dia 2 <strong>de</strong>março <strong>de</strong> 2000, Odarício Quirino Ribeiro Neto apresentou-sevoluntariamente para assumir sua participação em ativida<strong>de</strong>srelacionadas ao transporte <strong>de</strong> drogas por aeronaves.Alguns <strong>do</strong>s trechos <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>poimento à CPI fe<strong>de</strong>ral, presta<strong>do</strong>na presença <strong>de</strong> seu advoga<strong>do</strong>, dr. Renato Ramos:“Sou proprietário <strong>de</strong> uma empresa <strong>de</strong> manutenção <strong>de</strong>aeronaves, localizada no aeródromo municipal <strong>de</strong> Atibaia,SP, e que, por diversas vezes, chegamos a prestar serviçospara alguns <strong>de</strong>linqüentes, muito embora viemos a saberdisso já quase no final da execução <strong>do</strong>s serviços...Confesso que foi um erro <strong>de</strong> nossa parte eu ter feito serviçonessas aeronaves”...“Foram quatro aeronaves que eu arrumei, quatro aeronaves.Daí que começou to<strong>do</strong> o sistema. Então, o pessoal,eles têm a base em Mato Grosso, aon<strong>de</strong> só é feito o carregamento.Então hoje eles são proprietários lá <strong>de</strong> nove, não seise é oito ou nove aeronaves, mas então a distribuição é feita,tanto aqui no Paraná, como em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>. Por on<strong>de</strong> começa?É carrega<strong>do</strong> lá, a cida<strong>de</strong> é Coronel Sapucaia e isso jorraaqui no Paraná, em Apucarana, Londrina, Paranavaí, que ébastante intensida<strong>de</strong>... E também no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>,on<strong>de</strong> se tem muita intensida<strong>de</strong>, é <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto, etem uma cida<strong>de</strong>zinha <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto, queé Mirassol, inclusive, tem uma oficina que não é homologada,que faz to<strong>do</strong>s os reparos, ali na cida<strong>de</strong>... naquela regiãotodinha <strong>de</strong> Ribeirão Preto, também on<strong>de</strong> tem cana plantada,então, hoje, usa-se <strong>de</strong>scer nos fileirais <strong>de</strong> cana... Se não mefalha a memória, toda aquela região que tem planta, <strong>de</strong>Jaboticabal pra frente, <strong>de</strong> Ribeirão Preto em direção aoTriângulo Mineiro, ali toda aquela região é (ininteligível)”.Procuran<strong>do</strong> minimizar sua importância no esquemaque <strong>de</strong>nunciava à CPI fe<strong>de</strong>ral, Odarício se referiu diretamentea <strong>do</strong>is gran<strong>de</strong>s grupos traficantes internacionais <strong>de</strong>drogas: a família Morel, um <strong>do</strong>s mais importantes grupostraficantes <strong>de</strong> maconha paraguaia, e Val<strong>de</strong>nor Marchezan,consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> pela Polícia Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Mato Grosso um <strong>do</strong>smaiores traficantes <strong>de</strong> cocaína boliviana daquele esta<strong>do</strong>:“Essa família, que inclusive ficou ainda, uma dasrazões que também, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir que tava erra<strong>do</strong> etambém ficaram me <strong>de</strong>ven<strong>do</strong>, a família Morel, são <strong>de</strong>Coronel Sapucaia, só que eles têm ramificações aqui emLondrina, o pessoal <strong>de</strong>les mora to<strong>do</strong> aqui, Maringá tambémtem muita gente... O piloto <strong>de</strong>le, também, que é umtal <strong>de</strong>... eu vou falar o apeli<strong>do</strong>, porque eu conheço peloapeli<strong>do</strong>, é Muleta, também foi pego em <strong>São</strong> Pedro. Isso eusei porque o advoga<strong>do</strong> <strong>de</strong>le é o dr. Constantino e eu até,também discuti com o dr. Constantino, também, não tenhomais amiza<strong>de</strong> com ele, justamente por isso, também não(ininteligível). O dr. Constantino é advoga<strong>do</strong> <strong>de</strong>sse Muleta,também. Ele tá preso em Bauru”...“Pra você ter uma idéia, <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>, família Morel aquisolta oito avião por dia. Sabem o que é isso? Oito avião pordia <strong>de</strong>colan<strong>do</strong>? To<strong>do</strong> santo dia. É rarida<strong>de</strong> o dia que nãotem avião pousan<strong>do</strong>... Tu<strong>do</strong>, é cocaína, é maconha. Tematé um caso inusita<strong>do</strong>, lá em Piracicaba, lá, que jogarammaconha lá em cima, jogaram em cima <strong>do</strong> carro lá da polícialá. Saiu nos jornais... Foi esse Muleta aí que pren<strong>de</strong>ram,esse Muleta. Não pren<strong>de</strong>ram (ininteligível), mas aí marcaramo prefixo, <strong>de</strong>pois pegaram ele. É audácia”...“Além da família Morel, tem também o Val<strong>de</strong>nor Marchezan,que a base <strong>de</strong>le é fazendas <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>le,mas em Mirassol d’Oeste. Só que é tu<strong>do</strong> dirigi<strong>do</strong> para cá.Para cá, para <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto. E aqui, as mesmascida<strong>de</strong>s, Apucarana, porque são pistas asfaltadas e <strong>de</strong> difícilacesso. <strong>São</strong> pistas longas, que se posa <strong>de</strong> um la<strong>do</strong> e já<strong>de</strong>scarrega <strong>de</strong> outro”.Na verda<strong>de</strong>, ao procurar a CPI Fe<strong>de</strong>ral para entregarparte <strong>do</strong> esquema criminoso <strong>de</strong> que participava e minimizarsua responsabilida<strong>de</strong>, Odarício fugia <strong>do</strong>s fatos que seacumulavam contra ele. Esta CPI <strong>do</strong> Narcotráfico daAssembléia <strong>Legislativa</strong>, através <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> levantamento<strong>de</strong> inquéritos anteriores que envolveu a PolíciaFe<strong>de</strong>ral e a Polícia Civil em vários esta<strong>do</strong>s, bem como aparticipação e o apoio <strong>de</strong> outras Comissões Parlamentares<strong>de</strong> Inquérito, conseguiu <strong>de</strong>monstrar que a real ativida<strong>de</strong> <strong>do</strong>grupo <strong>de</strong> que Odarício fazia parte em Atibaia era a <strong>de</strong> prestarapoio logístico e operacional para o transporte aéreo dadroga e outras ativida<strong>de</strong>s criminosas. Entre as ativida<strong>de</strong>s<strong>de</strong>ssa quadrilha, estava a arregimentação <strong>de</strong> pilotos, o“esquentamento” <strong>de</strong> aeronaves e sua adaptação e manutençãomecânicas para o tráfico <strong>de</strong> drogas. Convoca<strong>do</strong>spara <strong>de</strong>por nesta CPI em março, Odarício Quirino RibeiroNeto, José Gomes Filho e José Ferreira da Silva fugiram epermaneceram na clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong>. As investigações da CPI<strong>de</strong>ram início ao inquérito policial 071/00, conduzi<strong>do</strong> peloDENARC - Departamento <strong>de</strong> Narcóticos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong><strong>Paulo</strong>, através <strong>do</strong> GERCO - Grupo Especial <strong>de</strong> Repressão aoCrime Organiza<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> presidi<strong>do</strong> pelo <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> WilliamBarros Jacob, cuja <strong>de</strong>dicação foi fundamental, como a <strong>de</strong>sua equipe, para levar às barras da Justiça onze integrantes<strong>de</strong>sse grupo criminoso.A seguir, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a existência <strong>de</strong> um farto relatório<strong>do</strong> inquérito acima cita<strong>do</strong> sobre a quadrilha <strong>de</strong> Atibaia,passamos a analisar apenas alguns casos que ilustram o‘modus operandi’ <strong>de</strong>sse grupo, que po<strong>de</strong> nos fornecer pistasimportantes para uma estratégia <strong>de</strong>stinada a investigarquadrilhas <strong>de</strong>ssa mesma natureza.5.4.2. A QUADRILHA ARREGIMENTA AS AERONAVES“O esquema é o seguinte:o avião, ninguém sabe que é <strong>do</strong> traficante,porque eles colocam o avião em nome dum terceiro.Se o senhor puxar o registro <strong>do</strong> avião no DAC e no SERAC,o avião não consta nada, o avião não tem problema,o avião é limpo, avião é da melhor categoria possível”5.4.2.1. O CASO DO PT VLLOdarício Quirino Ribeiro Neto,em <strong>de</strong>poimento à CPI Fe<strong>de</strong>ral já cita<strong>do</strong>A empresa Aerocentro Táxi Aéreo Ltda., com se<strong>de</strong> emCampo Gran<strong>de</strong>, MS, foi uma das vítimas da quadrilha chefiadapor Odarício Quirino Ribeiro Neto, num episódio queilustra bem o ‘modus operandi’ <strong>de</strong>sta no que diz respeitoao agenciamento <strong>de</strong> aeronaves para ativida<strong>de</strong>s ilícitas. Em1998, a Aerocentro colocou a venda duas aeronaves <strong>de</strong> suaproprieda<strong>de</strong>. Uma <strong>de</strong>las, um Sêneca III <strong>de</strong> prefixo PT-VLL,foi comprada por uma pessoa que se i<strong>de</strong>ntificou comoVinício Vítor <strong>do</strong>s Reis, cafeicultor, representa<strong>do</strong> pelo advoga<strong>do</strong>Dalto <strong>de</strong> Oliveira Braga, pelo preço <strong>de</strong> US$ 214.000(duzentos e quatorze mil dólares), na seguinte forma <strong>de</strong>pagamento: sinal <strong>de</strong> US$ 30.000 mais vinte e quatro parcelas<strong>de</strong> US$ 7.600.No dia 17 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1998, a aeronave foi levada aRibeirão Preto para ser vistoriada pelo compra<strong>do</strong>r e seusprocura<strong>do</strong>res. A vistoria foi realizada pelo advoga<strong>do</strong> Daltoe por Odarício Quirino Ribeiro Neto, que apresentou-secomo advoga<strong>do</strong> e procura<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Vinício. Ficou acerta<strong>do</strong>que a aeronave seria levada a Alfenas, MG, on<strong>de</strong> foi efetua<strong>do</strong>o pagamento <strong>do</strong> sinal e a entrega <strong>do</strong> Sêneca. Em umprazo breve, Odarício e Dalto se comprometeram a enviar àAerocentro cópia <strong>do</strong> contrato <strong>de</strong> seguro, o que não foicumpri<strong>do</strong>. Entran<strong>do</strong> em contato telefônico com o compra<strong>do</strong>r,Vinício, a Aerocentro <strong>de</strong>scobriu-se vítima <strong>de</strong> estelionato.Eis o relatório <strong>de</strong> investigação emiti<strong>do</strong> pelos agentesRoberto Medina Filho e Al<strong>do</strong> Apareci<strong>do</strong> Alberguetti Garcia,da Polícia Civil <strong>do</strong> Mato Grosso <strong>do</strong> Sul:“Deslocamos até a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Três Pontas, MG, on<strong>de</strong>estivemos na rua Santana, 496, cujo en<strong>de</strong>reço consta ser<strong>de</strong> Vinício Vítor <strong>do</strong>s Reis, conforme constava no contrato<strong>de</strong> compra e venda da aeronave <strong>de</strong> marca Seneca III, prefixoPT-VLL, ano 89, que foi forneci<strong>do</strong> pela empresaAerocentro Táxi Aéreo Ltda.... Vinício mora em um conjunto<strong>de</strong> casas populares... Salientaram ainda que Vinício trabalhacomo lavra<strong>do</strong>r em fazendas <strong>de</strong> café da região e que oseu salário é em torno <strong>de</strong> R$ 180,00... Conseguimos levantarque as pessoas investigadas são parte <strong>de</strong> uma quadrilhaque vem atuan<strong>do</strong> há algum tempo na região, pratican<strong>do</strong>crimes diversos. Nas folhas <strong>de</strong> antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> VinícioVítor <strong>do</strong>s Reis consta os crimes <strong>de</strong> lesão corporal, perigopara a vida ou saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> outrem, tráfico <strong>de</strong> entorpecentes efurto; Odarício Quirino Ribeiro Neto, vulgo “Dr. Neto”,consta os crimes <strong>de</strong> <strong>de</strong>nunciação caluniosa, estelionatos,furtos, receptação, falsificação <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumento público, falsificação<strong>de</strong> <strong>do</strong>cumento particular, falsida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ológica, uso<strong>de</strong> <strong>do</strong>cumento falso, quadrilha ou ban<strong>do</strong>; e Dalto <strong>de</strong>Oliveira Braga consta os crimes <strong>de</strong> estelionato, quadrilhaou ban<strong>do</strong>, extorsão e apropriação indébita. Salientamosque a aeronave não se encontra mais na região <strong>de</strong>Varginha, estan<strong>do</strong> no momento em local incerto e nãosabi<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> que possivelmente esteja sen<strong>do</strong> usada notráfico <strong>de</strong> entorpecentes, visto que as pessoas que a negociaramestão diretamente ligadas ao referi<strong>do</strong> crime.”O inquérito policial n. 36/00 foi encaminha<strong>do</strong> pelaJustiça <strong>de</strong> Atibaia aos autos <strong>do</strong> processo n. 91/00. A empresaAerocentro representou ao Prefeito Municipal <strong>de</strong> Atibaia,em 6 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1999, pois Odarício havia da<strong>do</strong> emgarantia da renegociação da aeronave em questão o hangarn. 1 no aeródromo municipal <strong>de</strong> Atibaia, ativida<strong>de</strong> queexplora mediante concessão <strong>de</strong> uso, expedida pela municipalida<strong>de</strong>,nos termos da Lei Complementar Municipal190/96. A Aerocentro solicitou à Administração Municipal aa<strong>do</strong>ção das medidas administrativas cabíveis para proteção<strong>do</strong> patrimônio municipal, revogan<strong>do</strong>-se a concessão, nostermos <strong>do</strong> parágrafo 2o. <strong>do</strong> art. 7o. da referida LeiComplementar Municipal, que não permite ao concessionárioa alteração da <strong>de</strong>stinação <strong>do</strong> objeto da concessão.5.4.2.2. O CASO DA PT-BRPEm outubro <strong>de</strong> 1998, o empresário Eval<strong>do</strong> Rui Vicentiniencaminhou para manutenção no hangar União a aeronave<strong>de</strong> sua proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> prefixo PT-BRP. Em dificulda<strong>de</strong>sfinanceiras, o empresário <strong>de</strong>cidiu aceitar a proposta <strong>de</strong>Odarício <strong>de</strong> comprá-la pelo valor <strong>de</strong> oitenta mil reais.Ten<strong>do</strong> recebi<strong>do</strong> cheques e um veículo rouba<strong>do</strong>s, o empresáriotentou reavê-la. Um aci<strong>de</strong>nte com a aeronave, numpouso força<strong>do</strong> em uma fazenda <strong>do</strong> município <strong>de</strong> CoronelSapucaia, forçou o seu recolhimento novamente para ohangar União. O verda<strong>de</strong>iro proprietário foi então notifica<strong>do</strong>por terceiros <strong>de</strong> que sua aeronave, pilotada por Odair daConceição Correa, estaria realizan<strong>do</strong> viagens para o crimeorganiza<strong>do</strong> em vários esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> país. Num <strong>de</strong>sses vôos, opiloto Osval<strong>do</strong> Muniz <strong>de</strong> Oliveira Júnior relata ter si<strong>do</strong> contrata<strong>do</strong>por Odarício para conduzir José Ferreira da Silvapara Ron<strong>do</strong>nópolis (MT), on<strong>de</strong> pousou numa fazenda <strong>de</strong>nome Continental, ten<strong>do</strong> ainda se locomovi<strong>do</strong> posteriormentepara Campo Gran<strong>de</strong> (MS), novamente paraRon<strong>do</strong>nópolis, em seguida Arapongas (PR) antes <strong>do</strong> retornoa Atibaia. Uma batalha para a recuperação <strong>de</strong>ssa aeronaveteve início, encerran<strong>do</strong>-se somente após o inquéritopolicial 071/2000/DENARC, com o retorno <strong>do</strong> avião avaria<strong>do</strong>à posse <strong>de</strong> Eval<strong>do</strong> Rui Vicentini.5.4.3. A QUADRILHA ARREGIMENTA PILOTOS5.4.3.1. ODAIR DA CONCEIÇÃO CORREA ACOLHELADRÃO DE BANCOSNo dia 16 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1998, a Polícia Civil <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul efetuou em Atibaia a prisão<strong>de</strong> Jones Antonio Macha<strong>do</strong>, conheci<strong>do</strong> como Jonas Dedão,sua companheira Márcia da Silva Vieira e o piloto Odair daConceição Correa. Utilizan<strong>do</strong> o nome e <strong>do</strong>cumentos falsos<strong>de</strong> Hélio Portela, Jonas Dedão instalou-se durante váriosmeses em Atibaia, residin<strong>do</strong> com Odair da Conceição emsua casa no bairro <strong>de</strong> Alvinópolis. De acor<strong>do</strong> com a políciagaúcha, Jonas e Odair movimentavam cerca <strong>de</strong> 80 quilos<strong>de</strong> cocaína boliviana por mês. No Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, JonasDedão integrava uma das maiores quadrilhas <strong>de</strong> assaltos abanco e carros fortes <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, inclusive com a participação<strong>de</strong> sua esposa Márcia, acusada <strong>de</strong> auxiliar no resgate,no município <strong>de</strong> Triunfo, <strong>do</strong> PM Jorge Ta<strong>de</strong>u Freitas Flores,envolvi<strong>do</strong> com a quadrilha.Em seu <strong>de</strong>poimento ao <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> Cléber MouraFerreira, da Polícia Civil <strong>do</strong> RS, em 16 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1998,Márcia afirmou que Jonas se evadiu da penitenciária <strong>de</strong>Criciúma, SC, em 1997, ten<strong>do</strong> mora<strong>do</strong> durante mais <strong>de</strong> umano no Paraguai. “Há seis ou sete meses, Jones soube queestava sen<strong>do</strong> procura<strong>do</strong>, e resolveu ir para <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>.Durante to<strong>do</strong> esse tempo, seis ou sete meses, ficarammoran<strong>do</strong> na casa <strong>de</strong> Odair. Odair também resi<strong>de</strong> na mesmacasa. Jones estava trabalhan<strong>do</strong> com compra e venda <strong>de</strong> veículos,pelo menos era o que ele lhe dizia, e pensavam emmontar uma loja ou padaria. Odair é mecânico <strong>de</strong> aviões...Jones não possui avião, saben<strong>do</strong> que quem possui um é opiloto, apeli<strong>do</strong> <strong>de</strong> Odair... No dia <strong>de</strong> ontem, Jones apareceucom um automóvel BMW, sen<strong>do</strong> que a única coisa quecomentou com a <strong>de</strong>clarante é que o ven<strong>de</strong>ria. Os telefonesapreendi<strong>do</strong>s na casa <strong>de</strong> Odair pertencem ao mesmo, poisseu companheiro não possui nenhum telefone.”No mesmo dia, à mesma autorida<strong>de</strong> policial, Odair daConceição contou outra estória: teria conheci<strong>do</strong> Jones há<strong>do</strong>is meses, em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, que lhe teria manifesta<strong>do</strong> interesseem morar em Atibaia. “Na noite <strong>de</strong> ontem, por voltadas 23 horas, o mesmo esteve em sua casa, com a esposae o filho, ten<strong>do</strong> combina<strong>do</strong> que iriam fazer um contrato <strong>de</strong>locação no dia <strong>de</strong> hoje. Convi<strong>do</strong>u-os a <strong>do</strong>rmir na residência.Nesta manhã, policiais civis e militares, acompanha<strong>do</strong>s<strong>de</strong> policiais gaúchos, estiveram na casa e os <strong>de</strong>tiveram. O<strong>de</strong>clarante somente veio junto, por estar com eles, nadatem a ver com Jones... Foram apreendi<strong>do</strong>s equipamentoscomo <strong>do</strong>is GPS (aparelho para navegação aéreo), binóculos,aparelhos celulares, os quais utiliza para sua ativida<strong>de</strong><strong>de</strong> venda <strong>de</strong> aviões, são pertences para venda... O <strong>de</strong>clarantepossui um avião Cessna, que adquiriu quebra<strong>do</strong> e oestá consertan<strong>do</strong>, para vendê-lo.”O avião acima menciona<strong>do</strong> trata-se <strong>do</strong> Cessna mo<strong>de</strong>loC-210K, prefixo PT-DYN, número <strong>de</strong> série 21059379, que seencontrava hangara<strong>do</strong> no hangar União, no aeroclube <strong>de</strong>Atibaia. No dia 18 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1998, na Delegacia <strong>de</strong>Polícia <strong>de</strong> Atibaia, na presença <strong>do</strong> Delega<strong>do</strong> Eduar<strong>do</strong> JoséBarsotti, foi <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> como fiel <strong>de</strong>positário da referidaaeronave o sr. Abrahão Jacob, sogro <strong>de</strong> Odarício QuirinoRibeiro Neto. Em <strong>de</strong>poimento presta<strong>do</strong> no dia 18 <strong>de</strong><strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1998 na Delegacia <strong>de</strong> Atibaia, Abrahão Jacobi<strong>de</strong>ntificou-se como proprietário da empresa UniãoSistemas e Peças Ltda. e informa: “que a respeito <strong>do</strong>s fatosaconteci<strong>do</strong>s em seu hangar, o <strong>de</strong>clarante diz não conhecer


12 – D.O.E.; Po<strong>de</strong>r Legislativo, <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, 112 (117), sába<strong>do</strong>, 22 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2002 – SUPLEMENTOas pessoas procuradas pela Justiça <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul.Que somente presta serviços <strong>de</strong> manutenção <strong>de</strong> aeronaves,que não tem condições <strong>de</strong> informar maiores <strong>de</strong>talhes a respeitoda pessoa que solicitou seus serviços aeronáuticos.Que conhece a pessoa <strong>de</strong> Odair da Conceição Correia apenas<strong>de</strong> vista... que Odair trouxe o avião pilotan<strong>do</strong>; que oreferi<strong>do</strong> avião <strong>de</strong>u entrada em seu hangar no dia 6 <strong>de</strong> outubro<strong>do</strong> corrente”. Mais um <strong>de</strong>poimento em que caem porterra as sucessivas <strong>de</strong>clarações <strong>de</strong> Odair <strong>de</strong> que não erapiloto nem freqüentava o hangar União.Odarício, na CPI fe<strong>de</strong>ral, acaba também com o discurso<strong>de</strong> Odair: “Esse Raul Salávia e tem o tal <strong>de</strong> Roberto Carlos,que eles fugiram juntos aí <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>. Então, e o piloto,tem um piloto que mora em Atibaia, chama Odair também,porque esses eram sócios <strong>de</strong> um rapaz que foi preso atéem Atibaia, um tal <strong>de</strong> Johnny, aqui no Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul.Só que ele não foi preso só por cocaína, não, ele assaltavacarro, carro blinda<strong>do</strong>, matou policiais aí, uma coisa... Eleestá naquela penitenciária <strong>de</strong> segurança máxima <strong>do</strong> RioGran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, em Porto Alegre aí. Então eles eram tu<strong>do</strong>sócios, certo? É por isso que eu falo pra você. É quantasvezes eu vi essas pessoas lá em Atibaia, que eles moravamlá, moravam em Atibaia. É, esse Johnny, que é sócio <strong>de</strong>sseTiozinho, que chama Emerson, e esse Odair...”5.4.3.2. UEL LEITE DE SOUZA DÁ FUGA A ASSALTAN-TES DE BANCOEm <strong>de</strong>poimento presta<strong>do</strong> à Delegacia <strong>de</strong> Polícia <strong>de</strong>Americana, SP, em 28 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2000, Uel Leite <strong>de</strong>Souza relatou que: “conhece algumas pessoas que trabalhamem uma oficina <strong>de</strong> manutenção <strong>de</strong> aeronaves emAtibaia, SP, mais propriamente os homens conheci<strong>do</strong>s por“seu Ribeiro”, “Carlos” e outros que não se recorda onome, e estes o indicaram como piloto para um homem <strong>de</strong>alcunha “Baixinho”. Afirma que sába<strong>do</strong> próximo passa<strong>do</strong>recebeu um reca<strong>do</strong> em sua residência no município <strong>de</strong>Cambe (PR) para comparecer em Atibaia e apanhar o aviãopara efetuar um vôo, e como já voara outras vezes com oavião apreendi<strong>do</strong>, como piloto autônomo, aceitou o serviço,viajan<strong>do</strong> <strong>de</strong> ônibus até Atibaia, chegan<strong>do</strong> <strong>do</strong>mingo <strong>de</strong>manhã. Alega que o referi<strong>do</strong> avião sempre permanece naoficina <strong>do</strong> aeroporto <strong>de</strong> Atibaia e que <strong>de</strong>sconhece o proprietário.Chegan<strong>do</strong> ao Aeroporto, conheceu o homem <strong>de</strong> alcunha“Baixinho”, afirman<strong>do</strong> tratar-se <strong>de</strong> um homem moreno,baixo e <strong>de</strong> cabelos crespos, e este solicitou uma viagem aoesta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Mato Grosso para apanhar alguns amigos, contu<strong>do</strong>,chegan<strong>do</strong> ao Mato Grosso pousaram em uma fazendaentre os municípios <strong>de</strong> Três Lagoas e Água Branca, <strong>do</strong>rmin<strong>do</strong>na proprieda<strong>de</strong>, e na manhã <strong>de</strong> hoje “Baixinho” disseque seguiriam até o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná e ali apanhariam seusamigos. Voaram até as proximida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> município <strong>de</strong>Porecatu, ten<strong>do</strong> “Baixinho” indica<strong>do</strong> uma fazenda para pousareme ali embarcaram cinco homens <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>s portan<strong>do</strong>bolsas <strong>de</strong> viagem, <strong>de</strong>colan<strong>do</strong> em seguida, receben<strong>do</strong>or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> seguir para Atibaia, obe<strong>de</strong>cen<strong>do</strong>. Contu<strong>do</strong>, ocorreuum problema elétrico no avião e recebeu or<strong>de</strong>m parapousar no aeroporto municipal <strong>de</strong> Americana, obe<strong>de</strong>cen<strong>do</strong>,e antes ainda <strong>do</strong> pouso seus passageiros efetuaram umaligação por telefone celular. Após o pouso, enquanto dialogavacom mecânicos <strong>do</strong> aeroporto municipal <strong>de</strong> Americana,os passageiros <strong>de</strong>sembarcaram e <strong>de</strong>ixaram o local, sem tervisto em que veículos embarcaram.”No auto <strong>de</strong> sua prisão em flagrante, relata o agentepolicial Ataí<strong>de</strong> Santo Rodrigues o envolvimento <strong>de</strong> Uel emimportante assalto a banco no Paraná: “encontraram umaúnica aeronave na pista <strong>de</strong> pouso, constatan<strong>do</strong> tratar-se <strong>de</strong>um avião bimotor Piper PA 31, <strong>de</strong> cor branca, mo<strong>de</strong>loNavajo, <strong>de</strong> prefixo PT-LVT, encontran<strong>do</strong> o piloto numa lanchonete<strong>do</strong> aeroporto, consumin<strong>do</strong> uma cerveja. Imediatamenteo abordaram, confirman<strong>do</strong> tratar-se <strong>do</strong> piloto daaeronave, e solicitaram sua <strong>do</strong>cumentação pessoal e <strong>do</strong>avião, entregan<strong>do</strong> um passaporte constan<strong>do</strong> o nome <strong>de</strong>Fernan<strong>do</strong> Ângelo <strong>de</strong> Souza, alegan<strong>do</strong> possuir apenas esse<strong>do</strong>cumento pessoal, afirman<strong>do</strong> ainda que não possuía qualquer<strong>do</strong>cumento referente ao avião... A<strong>de</strong>ntrou à aeronavecom o policial Gilberto e ali encontraram um crachá <strong>de</strong>i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> vigilante da empresa <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> valoresTGV - Transporta<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> Valores e Vigilância Ltda., estabelecidana cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Maringá, PR, em nome <strong>de</strong> Edílson daSilva Mariano, e uma chave <strong>de</strong> uma caminhonete, fabricaçãoGM, ao lan<strong>do</strong> <strong>de</strong> um banco <strong>de</strong> passageiro traseiro...Conduziram o piloto até esta unida<strong>de</strong> policial e telefonarampara a se<strong>de</strong> da empresa TGV, sen<strong>do</strong> informa<strong>do</strong>s que o crachápertenceria ao motorista <strong>de</strong> um carro forte que teriasi<strong>do</strong> rouba<strong>do</strong> na manhã <strong>de</strong> hoje, por volta das 9,30 horas,na ro<strong>do</strong>via PR 170... O roubo fora pratica<strong>do</strong> por vários autoresfortemente arma<strong>do</strong>s, utilizan<strong>do</strong> diversos veículos, <strong>do</strong>minan<strong>do</strong>quatro vigilantes, rouban<strong>do</strong> R$ 250.000,00 da tesourariaregional <strong>do</strong> Banesta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Maringá e quatro revólveres<strong>de</strong> calibre 38, quatro coletes a prova <strong>de</strong> balas e uma espingardacalibre 12 <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> da empresa <strong>de</strong> transportes,constatan<strong>do</strong> ainda que o crachá apreendi<strong>do</strong> encontrava-sepreso no colete a prova <strong>de</strong> balas em po<strong>de</strong>r <strong>do</strong> vigilanteEdílson, rouba<strong>do</strong> na oportunida<strong>de</strong>, bem como que os rouba<strong>do</strong>resaban<strong>do</strong>naram os veículos utiliza<strong>do</strong>s na prática <strong>de</strong>lituosae evadiram-se em uma caminhonete <strong>de</strong> cor azul,aban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong> em seguida, embarcan<strong>do</strong> em um avião bimotor...O <strong>de</strong>poente entrou em contato com o agente fe<strong>de</strong>ralRonal<strong>do</strong>, na Delegacia da Polícia Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Três Lagoas,MS, solicitan<strong>do</strong> informações sobre o passaporte apresenta<strong>do</strong>pelo acusa<strong>do</strong>, <strong>de</strong> no. CQ 027203, sen<strong>do</strong> informa<strong>do</strong> dainexistência <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumento verda<strong>de</strong>iro com tal numeração,indagan<strong>do</strong> ao conduzi<strong>do</strong> sobre o fato, confessan<strong>do</strong> que utiliza-se<strong>de</strong> vários nomes falsos e que sua qualificação verda<strong>de</strong>iraseria Uel Leite <strong>de</strong> Souza... Proce<strong>de</strong>u novo contato como referi<strong>do</strong> policial fe<strong>de</strong>ral, informan<strong>do</strong> o nome verda<strong>de</strong>iro<strong>do</strong> conduzi<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> informa<strong>do</strong> que seria pessoa bastanteconhecida nos meios policiais, sen<strong>do</strong> procura<strong>do</strong> pela PolíciaFe<strong>de</strong>ral no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Roraima, informan<strong>do</strong> que possui prisãopreventiva <strong>de</strong>cretada contra sua pessoa... Apresentadiversos antece<strong>de</strong>ntes criminais pela prática <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong>substância entorpecente e <strong>de</strong>litos diversos, confirman<strong>do</strong>-sea expedição <strong>de</strong> <strong>do</strong>is manda<strong>do</strong>s <strong>de</strong> prisão em processos emtrâmite no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Roraima (proc. 016/99 e 0146/99). Emseguida a autorida<strong>de</strong> policial <strong>de</strong>terminou a prisão em flagrante<strong>de</strong>lito <strong>do</strong> acusa<strong>do</strong> pela prática <strong>do</strong>s <strong>de</strong>litos <strong>de</strong> roubo euso <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumento falso”.A aeronave Navajo <strong>de</strong> prefixo PT-LVT foi comprada porOdarício Quirino Ribeiro Neto ao sr. Arnal<strong>do</strong> Macha<strong>do</strong>Diniz, pelo preço <strong>de</strong> R$ 232.400,00, através <strong>do</strong> contrato <strong>de</strong>compra e venda <strong>de</strong> aeronave data<strong>do</strong> <strong>de</strong> 22 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1999,através <strong>de</strong> um sinal <strong>de</strong> R$ 50.000,00 mais 24 parcelas <strong>de</strong> R$7.600,00 representa<strong>do</strong>s por notas promissórias com vencimentosmensais inician<strong>do</strong>-se em 22 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1999 eencerran<strong>do</strong>-se em 22 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2001. Como em casosanteriores, após a prisão <strong>de</strong> Uel Leite <strong>de</strong> Souza, provi<strong>de</strong>nciou-seum contrato <strong>de</strong> compra e venda da mesma aeronave,que teria si<strong>do</strong> vendida a um advoga<strong>do</strong> paraguaio,comerciante <strong>de</strong> soja, <strong>de</strong> nome Facun<strong>do</strong> Jorge CanovaSpelling, com en<strong>de</strong>reços em Assunção e em Ponta Porá,MS, à rua Francisco <strong>Paulo</strong> Mascenas, n. 50 - <strong>São</strong> João.Comprada por Odarício Ribeiro a pouco mais <strong>de</strong> R$200.000,00 (duzentos mil reais) em 22 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1999, aprazo, a mesma aeronave teria si<strong>do</strong> vendida por este aoadvoga<strong>do</strong> paraguaio, em 25 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1999, pelaquantia <strong>de</strong> US$ 200.000,00 (duzentos mil dólares), à vista,em moeda nacional. “Coinci<strong>de</strong>ntemente”, o <strong>do</strong>cumentoapresenta<strong>do</strong> para sustentar essa versão foi autentica<strong>do</strong>pelo cartório <strong>de</strong> Vila Guilherme, em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, exatamenteno dia 28 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2000, data da prisão <strong>de</strong> Uel Leite<strong>de</strong> Souza, em Americana, e da fuga <strong>do</strong>s assaltantes <strong>do</strong>carro forte paranaense.A respeito <strong>de</strong>ssa “transação”, é <strong>de</strong> se registrar que, em29 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1999, José Ferreira da Silva foi <strong>de</strong>ti<strong>do</strong>numa abordagem <strong>de</strong> rotina da Polícia Fe<strong>de</strong>ral a um ônibusda viação Mota que fazia a rota <strong>de</strong> Campo Gran<strong>de</strong>, MS, a<strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, acompanha<strong>do</strong> <strong>de</strong> João Apolinário Santos.Ferreira levava consigo 200 mil dólares, e <strong>de</strong>clarou queesses recursos eram <strong>de</strong>riva<strong>do</strong>s da venda da aeronave PT-LVT a José Roberto <strong>do</strong>s Santos, mora<strong>do</strong>r em CampoGran<strong>de</strong>, e que teria contrata<strong>do</strong> Apolinário para escoltá-lo. O“segurança” foi preso por porte ilegal <strong>de</strong> uma pistola 9 mm.5.4.3.3. JOÃO ROBERTO SALOMÃO TRANSPORTAADENIR LUCANo dia 19 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1999, no aeroclube situa<strong>do</strong> emBarra <strong>do</strong> Jucu, município <strong>de</strong> Vila Velha, ES, agentes daPolícia Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Espírito Santo apreen<strong>de</strong>ram, em po<strong>de</strong>r<strong>de</strong> A<strong>de</strong>nir Luca, uma aeronave bimotor, mo<strong>de</strong>lo E-55, <strong>de</strong>cor branca e listas bege, prefixo PT-JPQ, juntamente comcerca <strong>de</strong> R$ 6.700,00 em dinheiro, um veículo caminhoneteChevy e uma pequena porção <strong>de</strong> maconha, encontrada nofun<strong>do</strong> falso da carroceria <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> veículo. À PolíciaFe<strong>de</strong>ral capixaba, A<strong>de</strong>nir Luca, conheci<strong>do</strong> como Tutu,<strong>de</strong>clarou que: “trabalha com compra e venda <strong>de</strong> aviões eveículos, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Atibaia, SP; trabalha com JoséGomes Filho e Odalíçio (sic) Ribeiro, na empresa <strong>de</strong>nominadaUnião Sistemas e Serviços e Peças Ltda, em Atibaia;... que foram Ribeiro e José Gomes quem solicitaram ao<strong>de</strong>clarante que viessem a essa cida<strong>de</strong> com vistas a verificaro aeroplano mo<strong>de</strong>lo Navajo, pois tinham interesse emadquiri-lo; que o <strong>de</strong>clarante <strong>de</strong>ixou a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Atibaia, noavião bimotor mo<strong>de</strong>lo E-55, prefixo PT-JPQ, <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong><strong>de</strong> José Gomes Filho; que José Gomes Filho é proprietárioda referida aeronave já aproximadamente três meses,contu<strong>do</strong>, somente ten<strong>do</strong> transferi<strong>do</strong> para seu nome há 15dias atrás; ... que o <strong>de</strong>clarante não é piloto da aeronave, e,por esse motivo, contratou o piloto João Roberto Salomão,para que o trouxesse a essa cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vila Velha; ... que háaproximadamente um mês e meio João Roberto Salomãopresta serviços ao <strong>de</strong>clarante, certo que trabalha como freelance; que esclarece que João Roberto por três vezes jávoou para o <strong>de</strong>clarante, sen<strong>do</strong> que as viagens foram no trechoAtibaia/Maringá, Atibaia/Cuiabá e Atibaia/Vila Velha”.Em seu <strong>de</strong>poimento, no mesmo dia, João RobertoSalomão acrescenta mais da<strong>do</strong>s: “que já realizou aproximadamentecinco viagens para Tutu, a saber nos trechosAtibaia/Arapongas (PR), Atibaia/Amambaí (MS),Atibaia/Arapongas, Atibaia/Barbacena (MG), um sobrevôo atitulo <strong>de</strong> experiência na própria cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Atibaia e este últimovôo, Atibaia/Vila Velha, com escala em Barbacena; ...que o <strong>de</strong>clarante em to<strong>do</strong>s os trechos que viajou pilotou aaeronave bimotor, mo<strong>de</strong>lo E-55, prefixo PT-JPQ; que temconhecimento que a referida aeronave pertence a JoséGomes Filho, que po<strong>de</strong> ser localiza<strong>do</strong> no aeroporto <strong>de</strong>Atibaia, no hangar União Manutenção e Aviação”. Ambos,A<strong>de</strong>nir Luca e Salomão, sustentam que Luciano Pignaton,<strong>de</strong>ti<strong>do</strong> com eles no aeroclube <strong>de</strong> Vila Velha, tinha lhes trazi<strong>do</strong>peixes e camarões que haviam compra<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua pessoa.A ação da Polícia Fe<strong>de</strong>ral em Vila Velha concluía umainvestigação que teve início em 9 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1999, quan<strong>do</strong>cerca <strong>de</strong> 400 quilos <strong>de</strong> maconha foram transporta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>Mato <strong>do</strong> Grosso <strong>do</strong> Sul para o Espírito Santo. Celso LuizSampaio, conheci<strong>do</strong> como Gor<strong>do</strong>, pretensamente comerciante<strong>de</strong> automóveis em Vitória, prestou o seguinte <strong>de</strong>poimentoà Polícia Fe<strong>de</strong>ral em 13 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1999: “que ointerroga<strong>do</strong> é traficante <strong>de</strong> maconha, já ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> preso econ<strong>de</strong>na<strong>do</strong> por tráfico <strong>de</strong> substância entorpecente duasvezes, pela Justiça <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Mato Grosso <strong>do</strong> Sul; ...que sempre trazia maconha da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> CoronelSapucaia/MS, para o Espírito Santo; ... que há cerca <strong>de</strong> <strong>do</strong>ismeses, esteve mais uma vez na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cel. Sapucaia e,como <strong>de</strong> praze, adquiriu maconha da pessoa conhecidacomo Rocé, <strong>de</strong> nacionalida<strong>de</strong> paraguaia; que nas ocasiõesanteriores adquiriu <strong>de</strong> Rocé no máximo trinta quilos <strong>de</strong>maconha; que nesta última vez adquiriu 420 quilos, ten<strong>do</strong>freta<strong>do</strong> um avião <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sérgio <strong>de</strong> Tal, resi<strong>de</strong>nteem Cel. Sapucaia, pelo valor <strong>de</strong> R$ 25.000,00, para transportara substância entorpecente até a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> PedroCanário/ES; ... que o interroga<strong>do</strong> mostrou a Sérgio a pista<strong>de</strong> pouso on<strong>de</strong> <strong>de</strong>veria pousar com a aeronave e <strong>de</strong>scarregara maconha; que esta pista estava localizada na fazendada família Jantorno, na localida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Praia <strong>do</strong>s Baianos,município <strong>de</strong> Ecoporanga, ES; ... que a maconha estavaprevista <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>sembarcada no dia 9 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1999;que <strong>de</strong> fato a maconha chegou nesta data, porém não foi<strong>de</strong>sembarcada na pista on<strong>de</strong> estava prevista pelo fato <strong>do</strong>piloto Sérgio ter acha<strong>do</strong> que ela era um pouco pequena;que Sérgio aterrissou em uma pista <strong>de</strong> pouso existente nazona rural <strong>do</strong> distrito <strong>de</strong> Cristal <strong>do</strong> Norte, no município <strong>de</strong>Pedro Canário/ES; que Sérgio telefonou para o interroga<strong>do</strong>comunican<strong>do</strong>-lhe este fato; ... que a maconha não seencontrava no local menciona<strong>do</strong> por Sérgio, ten<strong>do</strong> o encarrega<strong>do</strong><strong>de</strong>duzi<strong>do</strong> que ela tivesse si<strong>do</strong> furtada”.O comparsa <strong>de</strong> Celso “Gor<strong>do</strong>”, Joel Braga, confirmasua história e acrescenta: “que ficou combina<strong>do</strong> que CelsoGor<strong>do</strong> iria dar para o interroga<strong>do</strong> a quantia <strong>de</strong> R$ 5.000,00pelo transporte da maconha até a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vitória/ES, fatoesse que iria acontecer no dia 9 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1999;que,naquela data, o interroga<strong>do</strong> dirigiu-se a pista <strong>de</strong> pousoantes mencionada, sen<strong>do</strong> que, por volta das 14,20 horas,um avião bimotor <strong>de</strong> cor branca sobrevoou a pista, porémnão chegou a aterrissar; ... que o interroga<strong>do</strong> ligou paraCelso mais tar<strong>de</strong>, e este lhe disse que o piloto <strong>do</strong> avião <strong>de</strong>nome Sérgio havia lhe comunica<strong>do</strong> que não havia pousa<strong>do</strong>naquela pista por ser pequena; ... que soube através <strong>de</strong>Celso Gor<strong>do</strong> que o avião, após pousar na pista <strong>de</strong> Cristal<strong>do</strong> Norte, pousou no aeroporto <strong>de</strong> Governa<strong>do</strong>r Valadares,MG, para reabastecimento, ten<strong>do</strong> toma<strong>do</strong> rumo ignora<strong>do</strong>”.Na ca<strong>de</strong>rneta <strong>de</strong> vôo da aeronave, estão registra<strong>do</strong>svôos <strong>de</strong> <strong>São</strong> Carlos, SP, para Cuiabá, MT, no dia 7 <strong>de</strong> abril<strong>de</strong> 1999, e <strong>de</strong> Cuiabá para Atibaia no dia 10 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1999.No entanto, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com lau<strong>do</strong> <strong>de</strong> 5 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong>1999 assina<strong>do</strong> por <strong>do</strong>is peritos criminais fe<strong>de</strong>rais <strong>de</strong> Vitória,ES, constata-se por <strong>do</strong>is <strong>do</strong>cumentos que a referida aeronave<strong>de</strong> Prefixo PT-JPQ foi abastecida em 9 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1999no aeroporto <strong>de</strong> Governa<strong>do</strong>r Valadares, MG, pela empresaPassos Combustíveis <strong>de</strong> Aviação Ltda. Conclui da análise<strong>de</strong>sses <strong>do</strong>cumentos o <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> Júlio César Ran<strong>do</strong>wSantana, da Delegacia <strong>de</strong> Prevenção e Prevenção aEntorpecentes da Polícia Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Espírito Santo: “<strong>de</strong>acor<strong>do</strong> com a análise superficial das ca<strong>de</strong>rnetas da aeronavese vê a incoerência <strong>de</strong> localida<strong>de</strong>s nos planos <strong>de</strong> vôo aliregistra<strong>do</strong>s, visto que em 9 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1999 referida aeronaveabasteceu em Governa<strong>do</strong>r Valadares, quan<strong>do</strong> segun<strong>do</strong>informações <strong>de</strong> Celso Luiz Sampaio, o piloto Sérgio lhe avisaraque teria <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> a maconha em local diverso <strong>do</strong> anteriormentecombina<strong>do</strong>. Segun<strong>do</strong> Celso, essa ligação teriaocorri<strong>do</strong> da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Gov. Valadares, on<strong>de</strong> Sérgio estavaabastecen<strong>do</strong> a aeronave para retornar ao Mato Grosso <strong>do</strong>Sul. ESSA DELEGACIA NÃO TEM DÚVIDAS QUE A AERO-NAVE PT-JPQ FOI A AERONAVE QUE TRANSPORTOU OSMAIS DE 400 QUILOS DE MACONHA NA LOCALIDADE DECRISTAL DO NORTE - DISTRITO DE PEDRO CANÁRIO”.Quanto à proprieda<strong>de</strong> da referida aeronave, foi a CPIinformada pelo Sr. Chefe <strong>do</strong> Registro AeronáuticoBrasileiro (RAB) foi autorizada a inscrição <strong>de</strong> transferência<strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> da aeronave mo<strong>de</strong>lo E-55 marcas PT-JPQem nome <strong>de</strong> José Gomes Filho, CPF/CGC 290.379.488-04,com en<strong>de</strong>reço na rua <strong>do</strong> Aeroporto hangar 10 Alvinópolis,Atibaia/SP, que por compra e pelo preço <strong>de</strong> R$ 45.000,00adquiriu <strong>de</strong> José Loureço Moraes da Silva, com en<strong>de</strong>reço àrua Tancre<strong>do</strong> Neves, 274 - sala 204 bloco A, Iguatemi/BA,conforme instrumento <strong>de</strong> compra e venda <strong>de</strong> 21 <strong>de</strong> maio<strong>de</strong> 1999”. Estaria, pois, a aeronave em po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> seu anterior<strong>do</strong>no, o <strong>de</strong>puta<strong>do</strong> fe<strong>de</strong>ral pela BA, José Lourenço, nadata da entrega da droga no Espírito Santo. No entanto, aCPI levantou junto ao <strong>de</strong>puta<strong>do</strong> um instrumento particular<strong>de</strong> contrato <strong>de</strong> venda e compra <strong>de</strong> aeronave <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> fevereiro<strong>de</strong> 1999, no qual consta a compra <strong>de</strong>sta mesma aeronave,naquela data, pela sra. Cláudia Leme <strong>de</strong> Carvalho,com en<strong>de</strong>reço à av. Jorge Cazane, 557 - Vila Cazane -Londrina/PR, pelo valor <strong>de</strong> R$ 80.000,00. Apesar da compra<strong>do</strong>raser <strong>do</strong> Paraná, a cláusula 6a. <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> instrumento<strong>de</strong>termina que “fica eleito o foro da comarca <strong>de</strong>Atibaia, SP, para dirimir qualquer questão acerca <strong>de</strong>stecontrato”. Mais um caso em que a quadrilha sediada emAtibaia manipula informações <strong>de</strong> registro <strong>de</strong> aeronavesenvolvidas com o tráfico <strong>de</strong> drogas junto ao RAB.Quanto a A<strong>de</strong>nir Luca, “Tutu”, foragi<strong>do</strong> e com mandato<strong>de</strong> prisão preventiva <strong>de</strong>cretada pela Justiça Paulista porsuas ligações com o grupo criminoso <strong>de</strong> Atibaia, foi cita<strong>do</strong>várias vezes no <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> José Gomes Filho à CPI <strong>do</strong>Narcotráfico da Assembléia <strong>Legislativa</strong> como a pessoa quehavia apresenta<strong>do</strong> a Gomes e a Ribeiro a pessoa <strong>de</strong> RamonMorel. Questiona<strong>do</strong> várias vezes sobre seu interesse emlocalizar A<strong>de</strong>nir Luca pelo telefone celular, Gomes <strong>de</strong>clarouque queria encontrar “Tutu” para retomar contato comRamon Morel.5.4.4. A QUADRILHA “ESQUENTA” E MODIFICA ASAERONAVESOuvi<strong>do</strong> pelas CPIs <strong>do</strong> Narcotráfico da Câmara <strong>do</strong>sDeputa<strong>do</strong>s e da Assembléia <strong>Legislativa</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, ocomerciante Plínio Ferreira Filho conta em <strong>de</strong>talhes os contatosmanti<strong>do</strong>s por Odarício Quirino Ribeiro Neto e JoséGomes Filho com oficiais da Aeronáutica da reserva, integrantesda Escola <strong>de</strong> Pilotagem <strong>de</strong> Maricá, convida<strong>do</strong>s porambos para prestar serviços em Atibaia, no hangar União.Um <strong>de</strong>les, o pai <strong>do</strong> <strong>de</strong>poente, Plínio Ferreira, não aceitou oemprego ao verificar tratar-se <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s suspeitas. Ooutro, Norberto Novotny, também ouvi<strong>do</strong> por esta CPI, éacusa<strong>do</strong> <strong>de</strong> ter aceito participar <strong>do</strong> esquema. Novotnynegou as acusações. Abaixo, os principais trechos <strong>do</strong>s<strong>de</strong>poimentos presta<strong>do</strong>s nos autos <strong>de</strong> inquérito policial acargo <strong>do</strong> 82o DP <strong>de</strong> Maricá, RJ:5.4.4.1. PLÍNIO FERREIRA FILHO“Que o <strong>de</strong>clarante é filho <strong>do</strong> ex-major Plínio Ferreira; ...que, em vin<strong>do</strong> morar aqui (Maricá), o pai <strong>do</strong> <strong>de</strong>claranteencontrou-se com seu velho amigo e colega daAeronáutica, coronel Macha<strong>do</strong>, o qual lhe fizera o convite<strong>de</strong> vir trabalhar na Escola <strong>de</strong> Pilotagem <strong>de</strong> Maricá, comochefe <strong>de</strong> manutenção; ... que informa o <strong>de</strong>clarante que noaeroporto <strong>de</strong> Maricá havia um avião que, no ano <strong>de</strong> 1998,já estava para<strong>do</strong> há cerca <strong>de</strong> um ano, sen<strong>do</strong> esta aeronave,<strong>de</strong> prefixo PT-BHK, mo<strong>de</strong>lo Aero-Comman<strong>de</strong>r; ... que, diasapós, pousou no aeroporto <strong>de</strong> Maricá uma aeronave comquatro pessoas, da empresa União Sistemas e Serviços, asquais também foram procurar o <strong>de</strong>clarante, para tratarsobre a compra da mesma aeronave; ... que o <strong>de</strong>clarante,na oportunida<strong>de</strong>, foi convida<strong>do</strong> a trabalhar nesta empresa,ten<strong>do</strong> i<strong>do</strong> com estas pessoas, um <strong>de</strong>les se chama JoséGomes Filho, Odarício Quirino Ribeiro Neto e <strong>Paulo</strong> daMota Flores, até Atibaia, por cinco ou seis vezes; ... que,para fazer a homologação daquele hangar, Gomes eOdarício convidaram o pai <strong>do</strong> <strong>de</strong>clarante, o Major Plínio, <strong>de</strong>vez que, sen<strong>do</strong> militar, po<strong>de</strong>ria agilizar o andamento <strong>do</strong>spapéis, se necessário; que o ai <strong>do</strong> <strong>de</strong>clarante houve porbem ir junto com o capitão Norberto Novotny, o qual trabalhavacomo auxiliar <strong>do</strong> pai <strong>do</strong> <strong>de</strong>clarante; que no mês <strong>de</strong>agosto <strong>de</strong> 1998 foram até esta empresa, em Atibaia, o<strong>de</strong>clarante, seu pai e o capitão Novotny; que, em lá chegan<strong>do</strong>foram a uma reunião, reunião esta em que chegou, emda<strong>do</strong> momento, um senhor, cujo nome o <strong>de</strong>clarante não selembra...; que, durante a reunião este senhor expôs aospresentes um esquema que consistia aeronaves na Bolívia,aeronaves estas roubadas no Brasil, e, em retornan<strong>do</strong>-aspara cá, a exemplo <strong>de</strong> automóveis, seriam as mesmas“esquentadas” e, em sequida, vendidas; que o <strong>de</strong>clarantenotou que seu pai major Plínio, não gostou daquela conversa,observan<strong>do</strong> sua expressão facial, falan<strong>do</strong> seu paiaos presentes que não era favorável a esse tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>,fora da legalida<strong>de</strong>;... que, no dia seguinte retornan<strong>do</strong> aoRio <strong>de</strong> Janeiro no carro <strong>do</strong> capitão Novotny e, durante aviagem, o pai <strong>do</strong> <strong>de</strong>clarante disse ao capitão Novotny queaquele pessoal <strong>de</strong>veria “mexer” com drogas e que estavasentin<strong>do</strong> que estava se meten<strong>do</strong> on<strong>de</strong> não <strong>de</strong>via, no que ocapitão Novotny disse que “só quero me dar bem; não meimporto se eles mexem com drogas, roubo <strong>de</strong> carros ouaeronaves”; que o <strong>de</strong>clarante e seu pai disseram ao capitãoNovotny que não ficariam nesse negócio;... que o capitãoNovotny por seu turno continuou fazen<strong>do</strong> viagens àquelaempresa em Atibaia; ... que informa o <strong>de</strong>clarante, o capitãoia sempre à sextas-feiras e retornava às quartas-feiras; queo pai <strong>do</strong> <strong>de</strong>clarante, o major Plínio, sempre reclamava como coronel Macha<strong>do</strong> sobre as faltas <strong>do</strong> capitão, mas o coronelsempre abonava as faltas <strong>de</strong> Novotny; que, <strong>de</strong>sconfia<strong>do</strong>das faltas <strong>do</strong> capitão Novotny, o <strong>de</strong>clarante resolveu ligarcerta feita para o hotel em Atibaia, o mesmo on<strong>de</strong> ficaráanteriormente, e pedia para falar com o capitão Novotny;que a esposa <strong>de</strong>ste era quem atendia e dizia que o capitãoestava no hangar da empresa União Sistemas e Serviços,<strong>de</strong> José Gomes e Odarício; que ligações <strong>de</strong>sse tipo, emsemanas seqüentes, eram feitas pelo <strong>de</strong>clarante; que ocoronel Macha<strong>do</strong> portanto, ficou saben<strong>do</strong> <strong>do</strong> esquema <strong>do</strong>capitão Novotny, o verda<strong>de</strong>iro objetivo <strong>de</strong> suas faltas eon<strong>de</strong> po<strong>de</strong>ria ser encontra<strong>do</strong>, saben<strong>do</strong>, pois, que o capitãoestava envolvi<strong>do</strong> com aquelas pessoas;... que o coronelMacha<strong>do</strong> pegou o <strong>de</strong>clarante pela camisa, lhe dizen<strong>do</strong>, ematitu<strong>de</strong> agressiva, que não era para o <strong>de</strong>clarante se meternesse esquema, pois po<strong>de</strong>ria até ser morto;... que o coronelMacha<strong>do</strong> começou a hostilizar tanto o <strong>de</strong>clarante comoa seu pai, o major Plínio, o que causou o pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>missão<strong>de</strong> seu pai;... que, após a <strong>de</strong>missão <strong>de</strong> seu pai, o <strong>de</strong>clarantepassou a receber informações <strong>de</strong> uma pessoa, cujonome não se recorda, e que fora <strong>de</strong> Manaus para trabalharna empresa União como mecânico, e que fora convidadapara participar <strong>do</strong> esquema <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> aviões da Bolíviapara o Brasil; que, como também não quizesse entrar nesteesquema, referi<strong>do</strong> mecânico sofreu ameaças <strong>de</strong> morte porparte <strong>de</strong>les; que, uma semana <strong>de</strong>pois, esse mecânico viajounuma picape <strong>de</strong>sse empresa até Lençóis Paulistas,on<strong>de</strong> sofreu um aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> tráfego, vin<strong>do</strong> a falecer; que,na época, o <strong>de</strong>clarante tomou ciência <strong>de</strong> um comentárioque dizia que o aci<strong>de</strong>nte fora prepara<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> a picapefechada por um carro <strong>de</strong> cor preta; que, no último diaque o <strong>de</strong>clarante esteve em Atibaia, fora informa<strong>do</strong> pelomecânico <strong>Paulo</strong> da Mota Flores, o qual esteve em Maricá,no primeiro contato com o <strong>de</strong>clarante, para que saísse fora<strong>de</strong> envolvimento com José Gomes e Odarício, <strong>de</strong> vez queos mesmos eram po<strong>de</strong>rosos traficantes, ladrões <strong>de</strong> carro ehomicidas;... que informa o <strong>de</strong>clarante que o aeroporto <strong>de</strong>Atibaia não tem nenhum controle <strong>de</strong> tráfego aéreo; que,informa mais, que o pessoal <strong>de</strong> Atibaia, Gomes e Odarício,viajavam constantemente para Amarais, na região <strong>de</strong>Campinas, on<strong>de</strong> o aeroporto também não tem nenhum tipo<strong>de</strong> controle <strong>de</strong> tráfego aéreo, sen<strong>do</strong> que, na comunida<strong>de</strong> daaviação executiva civil, entre pilotos e proprietários <strong>de</strong>aeronaves, comenta-se que o aeroporto <strong>de</strong> Amarais éponto <strong>de</strong> embarque e <strong>de</strong>sembarque <strong>de</strong> drogas, sen<strong>do</strong>, portantoperigoso o pouso naquele local”.Os personagens <strong>de</strong>ssa história narrada por PlínioFerreira Filho tiveram <strong>de</strong>stino trágico. No curto perío<strong>do</strong> <strong>de</strong>um mês, três assassinatos abalaram o município <strong>de</strong>Maricá, localiza<strong>do</strong> no litoral norte, <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong>Janeiro, a 55 quilometros da capital. No dia vinte e seis <strong>de</strong>abril <strong>de</strong> 1999, o itáliano Franco Pelliciotta, <strong>do</strong>no <strong>do</strong> HotelPark Lane e suspeito <strong>de</strong> ser distribui<strong>do</strong>r <strong>de</strong> drogas naregião <strong>do</strong>s lagos, foi morto no Hotel por três homens. Nodia trinta <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1999, o tenente coronel reforma<strong>do</strong> daAeronáutica <strong>Paulo</strong> Roberto Macha<strong>do</strong>, chefe da Escola <strong>de</strong>Pilotagem <strong>de</strong> Maricá e amigo <strong>do</strong> italiano, foi seqüestra<strong>do</strong> emorto próximo ao aeroporto. Por fim, Wal<strong>de</strong>mir PereiraMacha<strong>do</strong>, vulgo Wal, braço direito <strong>do</strong> italiano nos negócios,foi morto a tiros em um bar.5.4.4.2 - NORBERTO NOVOTNYOuvi<strong>do</strong> em <strong>de</strong>zesseis <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1999 peloMinistério Público <strong>de</strong> Maricá, o capitão da AeronáuticaNorberto Novotny, também ouvi<strong>do</strong> por esta CPI, negou asacusações <strong>de</strong> envolvimento com a quadrilha <strong>de</strong> Atibaia eas mortes em Maricá:“que somente trabalhou para a empresa UniãoSistema, Serviços e Peças Ltda no ano <strong>de</strong> 1998, sen<strong>do</strong> certoque só trabalhava neste local às segundas-feiras, seu dia<strong>de</strong> folga na escola <strong>de</strong> pilotagem;... que os <strong>do</strong>nos da empresaUnião são Odarício Quirino Ribeiro Neto e José Gomes;que, na verda<strong>de</strong>, José Gomes é sócio da referida empresa,mas afirma que não é; que não sabe o porquê <strong>de</strong> JoséGomes a<strong>do</strong>tar esta postura;... que trabalhou na empresaem tela durante o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> um ano e seis meses, eis quecomeçou a trabalhar lá em agosto <strong>de</strong> 1998; que em maio<strong>de</strong>ste ano, o <strong>de</strong>poente <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> comparecer a este local<strong>de</strong> trabalho pelo não pagamento <strong>de</strong> salários;... que foi àAtibaia, mais precisamente à empresa <strong>de</strong> Odarício, através<strong>do</strong> capitão Plínio e <strong>de</strong> seu filho; que isto ocorreu em agosto<strong>de</strong> 1998; que, na verda<strong>de</strong>, Odarício e José Gomes queriamcontratar os serviços <strong>do</strong> <strong>de</strong>poente e <strong>do</strong> capitão Plínio paraque regularizasse a oficina existente no local;... que o<strong>de</strong>poente não percebeu nada <strong>de</strong> anormal na movimentação<strong>de</strong> aeronaves no local, nem neste primeiro encontro nemdurante to<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> que trabalhou na empresa; que o<strong>de</strong>poente nunca <strong>de</strong>sconfiou que as merca<strong>do</strong>rias transportadaspelas aeronaves seriam substâncias entorpecentes;...que quan<strong>do</strong> o <strong>de</strong>poente esteve pela primeira vez no hangarem Atibaia reitera que da reunião <strong>de</strong> contratação <strong>de</strong> seusserviços e <strong>do</strong>s serviços <strong>do</strong> capitão Plínio, participaram tambémPlínio Ferreira Filho, Odarício, José Gomes e <strong>Paulo</strong>;...o <strong>de</strong>poente nega que na reunião tivesse si<strong>do</strong> veicula<strong>do</strong>qualquer assunto no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvidapela empresa em Atibaia teria envolvimento com aeronavesroubadas ou mesmo como rota <strong>de</strong> aeronaves proce<strong>de</strong>ntesda Bolívia e “esquentadas” no Brasil”.5.4.4.3. AS MODIFICAÇÕES CONSTATADAS PELO DACNos dias 23 e 24 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2000, a pedi<strong>do</strong> da CPI,uma equipe <strong>do</strong> SERAC 4 coor<strong>de</strong>nada pelo capitão avia<strong>do</strong>rÂngelo Russo Neto realizou vistoria especial nos hangaresUnião e Família Gomes, <strong>de</strong> Atibaia. No relatório apresenta<strong>do</strong>em 29 <strong>de</strong> março, os militares da Aeronáutica indicam que“apesar da suspensão das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>terminada por esseServiço, através <strong>do</strong> ofício 019/4DT1B/0769, <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> março<strong>de</strong> 2000, verificamos que as seguintes aeronaves encontravam-serealizan<strong>do</strong> serviços <strong>de</strong> manutenção: PT-LHP; PT-IHU;PT-ESX; e PT-BVJ. Os responsáveis pela qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s serviços,sr. Cesário Vítor Rodrigues Milton - CDAC 447540 e o sr.Pedro Dias da Silva - CDAC 638650, não encontravam-se presentesna empresa durante a vistoria.”O serviço presta<strong>do</strong> na aeronave <strong>de</strong> prefixo PT-ESX foiassim <strong>de</strong>scrita pela equipe <strong>do</strong> SERAC 4: “efetuada a montagemdas asas e a colocação <strong>do</strong>s motores nas respectivasnaceles no perío<strong>do</strong> da suspensão. A aeronave sofreu inci<strong>de</strong>nteno mês <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong>ste ano, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Araguari/MG, o qual não foi comunica<strong>do</strong>; conforme o previstono IAC 3127-43-0890, foi observa<strong>do</strong> ainda que a referidaaeronave estava equipada com tanques <strong>de</strong> combustívelcom capacida<strong>de</strong> maior que a prevista pelo fabricante daaeronave, sem ter si<strong>do</strong> apresentada a homologação.” Poressa situação, os oficiais sugerem a suspensão <strong>do</strong> certifica<strong>do</strong><strong>de</strong> aeronavegabilida<strong>de</strong> da aeronave PT-ESX, pelo código6 (“situação técnica irregular”), por apresentar modificaçãonão homologada, além <strong>de</strong> terem emiti<strong>do</strong> auto <strong>de</strong> infraçãopela continuida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s serviços da União Sistemas, Serviçose Peças Ltda. durante o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> suspensão, bem comosugeriram a suspensão <strong>do</strong> cre<strong>de</strong>nciamento, por 180 dias,<strong>do</strong>s responsáveis pela qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s serviços da União.5.4.5. A QUADRILHA ILUDE O JUDICIÁRIOEntre as artimanhas utilizadas pelo grupo <strong>de</strong> transporteaéreo <strong>de</strong> drogas <strong>de</strong> Atibaia para iludir o Po<strong>de</strong>r Judiciário,<strong>de</strong>stacamos o aconteci<strong>do</strong> com a aeronave Bonanza, <strong>de</strong> prefixoPT-IGO, <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> José Gomes Filho, conformecertidão expedida pelo RAB, <strong>de</strong> oito <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1993à vinte e cinco <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1998. Diz o relatório <strong>do</strong>inquérito policial 071/00: “no dia 22 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1998, apolícia fe<strong>de</strong>ral pren<strong>de</strong>u em flagrante por tráfico <strong>de</strong> entorpecentesSan<strong>do</strong>val Oliveira Bittencourt, Maria Ingrid Villarroel<strong>de</strong> Perez, Rosa Almanza <strong>de</strong> Villaroel e Marcos AurélioNunes Soares. Os policias da Polícia Fe<strong>de</strong>ral receberam<strong>de</strong>núncia <strong>de</strong> que haveria um avião monomotor trazen<strong>do</strong>cocaína da Bolívia, e que este pousaria em algum aeroportonão fiscaliza<strong>do</strong>, provavelmente o <strong>de</strong> Atibaia. Deslocaram-seentão para o referi<strong>do</strong> aeroporto, ali permanecen<strong>do</strong>, observan<strong>do</strong>a movimentação. Avistaram então a aeronave prefi-


D.O.E.; Po<strong>de</strong>r Legislativo, <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, 112 (117), sába<strong>do</strong>, 22 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2002 – SUPLEMENTO – 13xo PT-IGO, que havia acaba<strong>do</strong> <strong>de</strong> pousar levan<strong>do</strong> à bor<strong>do</strong>as três primeiras pessoas supra citadas. Elas <strong>de</strong>sceram <strong>do</strong>avião, sen<strong>do</strong> recepcionadas por Marcos Aurélio, que estavapróximo ao local <strong>do</strong> pouso. Os policiais fe<strong>de</strong>rais abordaramestas pessoas, e as mulheres se i<strong>de</strong>ntificaram como sen<strong>do</strong><strong>de</strong> nacionalida<strong>de</strong> boliviana. Foi realizada uma busca naaeronave, na qual foram encontradas, acondicionadas emcinco malas, 92 pacotes conten<strong>do</strong> cerca <strong>de</strong> 90 quilos <strong>de</strong>cocaína. San<strong>do</strong>val, segun<strong>do</strong> o <strong>de</strong>poimento <strong>do</strong>s policiaisfe<strong>de</strong>rais Luiz Antonio da Cruz Pineli, Geral<strong>do</strong> Barizon Filho eWashington da Cunha Menezes teria dito à eles que a aeronavepertencia a Ramon Morel, retiran<strong>do</strong>-a na fazenda <strong>de</strong>le,<strong>de</strong>slocan<strong>do</strong>-se até a Bolívia, pegan<strong>do</strong> as duas bolivianasjuntamente com a droga e ruman<strong>do</strong> para Atibaia;...“A PT-IGO foi então apreendida, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>positada em29 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1998 à Dirsenei Teixeira Rosa, presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong>aeroclube <strong>de</strong> Campinas. Este, em 24 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1998, pe<strong>de</strong> a<strong>de</strong>svinculação <strong>do</strong> compromisso <strong>de</strong> fiel <strong>de</strong>positário. O agentefe<strong>de</strong>ral Manoel Divino <strong>de</strong> Moraes, incumbi<strong>do</strong> <strong>de</strong> localizaroutra pessoa que reunisse condições e aceitasse o encargo,encontrou Luiz Henrique Malavasi, que aceitou o <strong>de</strong>pósito...“Neste meio tempo, Gomes entrou, em 31 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong>1998, com uma AÇÃO RESCISÓRIA CONTRATUAL, combinadacom um PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA, consistenteem BUSCA E APREENSÃO da referida aeronave.Segun<strong>do</strong> o Instrumento Particular <strong>de</strong> Contrato <strong>de</strong> Venda eCompra <strong>de</strong> Aeronave com Reserva <strong>de</strong> Domínio, <strong>do</strong>cumentoanexo à ação rescisória, Gomes teria vendi<strong>do</strong> a PT–IGOpara Patrocínio Gonçalves na data <strong>de</strong> 02 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1998,ten<strong>do</strong> como testemunhas Odarício e Aristi<strong>de</strong>s Marques daRosa, funcionário <strong>do</strong> hangar Família Gomes. O contratocuja xerocópia encontra-se neste inquérito policial, entretanto,não possui reconhecimento <strong>de</strong> firma. Pelo contrato,R$ 5.000,00 são pagos no ato e o restante da seguinteforma: R$ 45.000,00 em 20/05/1998 e duas parcelas <strong>de</strong> R$50.000,00 e, 13 <strong>de</strong> junho e 13 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1998. Totaliza estacompra o valor <strong>de</strong> R$ 150.000,00. Os pagamentos das parcelasteriam si<strong>do</strong> assegura<strong>do</strong>s por meio <strong>de</strong> notas promissórias,cujas xerocópias encontram-se anexas à ação. Naação, é <strong>de</strong>clara<strong>do</strong> que Patrocínio <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> pagar as parcelas<strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> junho e 13 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1998.“Em 05 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1998, é expedida pela Comarca <strong>de</strong>Atibaia uma carta precatória cível para que fosse feita aBusca e Apreensão da PT-IGO. Os advoga<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Gomesrequereram uma carta precatória itinerante, sen<strong>do</strong> atendi<strong>do</strong>spelo juiz <strong>de</strong> direito Romeu Estevão Ramos. A PT-IGO terminousen<strong>do</strong> apreendida por meio <strong>de</strong>sta carta precatória cívelitinerante, apesar <strong>de</strong> já estar apreendida pela polícia fe<strong>de</strong>ral”.A retomada <strong>de</strong>sta aeronave por Gomes teve lancescinematográficos no aeroporto <strong>do</strong> Campo <strong>de</strong> Marte, em<strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, on<strong>de</strong> estava sob <strong>de</strong>pósito para Luiz HenriqueMalavasi. No dia 13 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1998, José Gomes Filho,seu advoga<strong>do</strong> Pascoal Antonio Sabino Furlani e a Oficial <strong>de</strong>Justiça Denise Giovanetti, da 18a. Vara CÔvel da Capital,retiraram a aeronave <strong>do</strong> local, levantan<strong>do</strong> vôo sem autorizaçãoda torre <strong>de</strong> controle, <strong>de</strong>colan<strong>do</strong> pela pista <strong>de</strong> táxi, <strong>de</strong>forma irregular e sem os <strong>do</strong>cumentos exigi<strong>do</strong>s pelo DAC. O<strong>de</strong>lega<strong>do</strong> <strong>de</strong> polícia civil Roberto Bayerlen e policiais lota<strong>do</strong>sno Campo <strong>de</strong> Marte ainda tentaram impedir a <strong>de</strong>colagem,sem sucesso.Continua ainda o relato nos autos <strong>do</strong> inquérito 071/00sobre a burla ao Judiciário neste caso: “Nomea<strong>do</strong> fiel<strong>de</strong>positário da PT-IGO, Gomes, por meio <strong>de</strong> seus advoga<strong>do</strong>s,solicita ao juiz <strong>de</strong> direito <strong>de</strong> Atibaia a citação <strong>de</strong>Patrocínio por meio <strong>de</strong> carta precatória à cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> CoronelSapucaia - MS. Em 28 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1998, o Oficial <strong>de</strong>Justiça Nelson Ta<strong>de</strong>u Tânica cita Patrocínio em Amambaí -MS, cida<strong>de</strong> próxima a Coronel Sapucaia. A aeronave foilevada para Atibaia, on<strong>de</strong> foi submetida à manutenção nohangar <strong>de</strong> Odarício. Em 23 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1998, Gomesrequer a suspensão da Busca e Apreensão, alegan<strong>do</strong> terentra<strong>do</strong> em um acor<strong>do</strong> com Patrocínio. Denota-se aí absolutatrama urdida. Foi encontrada, entre as apreensões <strong>de</strong>Odarício, uma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> serviço para a PT-IGO em nome<strong>de</strong> Gomes neste perío<strong>do</strong>, com entrada na União em 07 <strong>de</strong>outubro <strong>de</strong> 1998 e saída em 06 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1998. Em25 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1998, a venda é comunicada ao DAC”.5.4.6. CONCLUSÕESO inquérito policial 071/00 concluiu com a representaçãopela <strong>de</strong>cretação da prisão preventiva <strong>de</strong> José GomesFilho, Odarício Quirino Ribeiro Neto, José Ferreira da Silva,Odair da Conceição Correa, Abrahão Jacob, Wilson Matiasda Silva, Vito Santo Lestinge, José Tavares da Silva, CarlosAntonio Carvalho Parreira, João Roberto Salomão e A<strong>de</strong>nirLuca. O Ministério Público apresentou a <strong>de</strong>núncia contraesses onze integrantes da quadrilha <strong>de</strong> Atibaia e o julgamento<strong>de</strong>ve acontecer nas próximas semanas.As investigações sobre Atibaia e suas ramificaçõespelos vários esta<strong>do</strong>s cujos casos foram relata<strong>do</strong>s possibilitarama esta CPI a compreensão <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> atuação<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s traficantes no transporte aéreo <strong>de</strong> suas drogas.O <strong>de</strong>smantelamento da quadrilha Morel pelas ações <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adasa partir da CPI Fe<strong>de</strong>ral e pela Polícia Fe<strong>de</strong>ral, bemcomo pela guerra com traficantes rivais, e a prisão <strong>de</strong>Val<strong>de</strong>nor Marchezan e sua posterior con<strong>de</strong>nação, isolarama quadrilha <strong>de</strong> Atibaia e ajudaram a <strong>de</strong>smontar esse esquemacriminoso <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong> por esta CPI.A CPI <strong>do</strong> Narcotráfico da Assembléia <strong>Legislativa</strong> agra<strong>de</strong>ceà CPI Fe<strong>de</strong>ral, à relatora <strong>do</strong> caso <strong>de</strong> Maricá, <strong>de</strong>putadafe<strong>de</strong>ral Laura Carneiro (RJ), à Polícia Fe<strong>de</strong>ral e à Polícia Civil<strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Mato Grosso, Mato Grosso <strong>do</strong> Sul, Pará,Espírito Santo, Minas Gerais, Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, Paraná eRio <strong>de</strong> Janeiro, à CPI <strong>do</strong> Narcotráfico da Assembléia<strong>Legislativa</strong> <strong>do</strong> Mato Grosso, na pessoa <strong>de</strong> sua presi<strong>de</strong>nte,<strong>de</strong>putada estadual Serys Slhessarenko, e à <strong>de</strong>dicação daequipe <strong>do</strong> GERCO/DENARC e <strong>do</strong>s integrantes <strong>do</strong> GAERPApela inestimável colaboração aos trabalhos da Comissão.A investigação sobre rotas aéreas, roubo e adulteração<strong>de</strong> aeronaves, pistas clan<strong>de</strong>stinas e outros temas correlatospermiti<strong>do</strong>s pela ilustração <strong>do</strong> caso <strong>de</strong> Atibaia permitiram aesta Comissão verificar que esse po<strong>de</strong> ser um caminhopara que se atinja, na ação policial <strong>de</strong> repressão ao <strong>narcotráfico</strong>,médios e gran<strong>de</strong>s traficantes, contribuin<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssaforma a uma ação mais qualificada e eficaz das Polícias.5.5. PORTOS DE SANTOS E DE SÃO SEBASTIÃO5.5.1. O Porto <strong>de</strong> SantosO Porto <strong>de</strong> Santos, área fe<strong>de</strong>ral, administrada peloEsta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> por Decreto <strong>de</strong> 1986, é ainda objeto <strong>de</strong>concessão a particulares. “Portos particulares”, como os daCOSIPA e outros, são administra<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma privada ecom fiscalização somente das autorida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rais. Cerca<strong>de</strong> 02 (<strong>do</strong>is) auditores da Receita Fe<strong>de</strong>ral permanecem <strong>de</strong>forma relativamente assídua nesses “Portos”, efetuan<strong>do</strong>fiscalização tributária e aduaneira.Atualmente há no Porto <strong>de</strong> Santos 77 armazéns, 15 galpõese 41 pátios.A CODESP (Companhia Docas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong><strong>Paulo</strong>), em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> recente Lei Fe<strong>de</strong>ral, possui atribuição<strong>de</strong> Autorida<strong>de</strong> Portuária, manten<strong>do</strong> a administração<strong>do</strong> Porto <strong>de</strong> Santos com auxílio da Guarda Portuária, custeadapor recursos próprios da Companhia. Assim, mencionadaGuarda efetua a segurança patrimonial da ZonaPortuária sem que possua Po<strong>de</strong>r Fiscaliza<strong>do</strong>r, a não ser acooperação com as autorida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rais e aduaneiras.A estrutura organizacional da Autorida<strong>de</strong> Portuária <strong>de</strong>Santos conta atualmente com um Superinten<strong>de</strong>nte e osseguintes serviços: secretaria, apuração, cre<strong>de</strong>nciamento,policiamento geral, policiamento da margem direita, policiamentoda margem esquerda e trânsito, realiza<strong>do</strong>s poremprega<strong>do</strong>s da CODESP. As ativida<strong>de</strong>s operacionais contamcom emprega<strong>do</strong>s das categorias <strong>de</strong> Inspetores daGuarda Portuária I e II, agentes, Rondantes, GuardasPortuários e Guardas <strong>de</strong> Trânsito.<strong>São</strong> atribuições da Guarda Portuária:* controlar acesso e circulação <strong>de</strong> pessoas e cargas naárea <strong>do</strong> Porto Organiza<strong>do</strong>, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as normas eregulamentos em vigor;* orientar e controlar o tráfego <strong>de</strong> veículos nas áreas<strong>de</strong> uso público <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> Porto Organiza<strong>do</strong>;* implantar e reciclar procedimentos <strong>de</strong> combate aincêndio;* prover vigilância patrimonial nas instalações e própriosda Autorida<strong>de</strong> Portuária;* controlar o acesso e circulação <strong>de</strong> pessoas nas instalaçõesda Autorida<strong>de</strong> Portuária <strong>de</strong> Santos;* articular-se com a Polícia Fe<strong>de</strong>ral, a Polícia Marítimae <strong>de</strong>mais autorida<strong>de</strong>s que atuam em segurança na área <strong>do</strong>Porto Organiza<strong>do</strong>, com o objetivo <strong>de</strong> harmonizar os procedimentos<strong>de</strong> segurança portuária <strong>de</strong> suas respectivas responsabilida<strong>de</strong>s.A extensão da Zona Portuária é <strong>de</strong> aproximadamente60 quilômetros, 16 <strong>de</strong>stes constituí<strong>do</strong>s <strong>de</strong> armazéns, alguns<strong>do</strong>s quais particulares.Segun<strong>do</strong> o Sr. Elias Carneiro Júnior, da DelegaciaSindical em Santos da Unafisco, o Porto <strong>de</strong> Santos respon<strong>de</strong>por 35% <strong>de</strong> toda movimentação <strong>de</strong> cargas <strong>do</strong> país.Movimenta em média 70 mil contêineres mensalmente.A Receita Fe<strong>de</strong>ral, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1968 continua com o mesmoefetivo <strong>de</strong> fiscais. O corpo da Receita Fe<strong>de</strong>ral é estrutura<strong>do</strong>por fiscais, técnicos e auxiliares, ou seja, os agentes quefazem o trabalho burocrático.Destaca<strong>do</strong>s para o Porto <strong>de</strong> Santos há aproximadamente200 fiscais, os quais estão distribuí<strong>do</strong>s em duasgran<strong>de</strong>s áreas: a que cuida <strong>do</strong>s tributos internos, operan<strong>do</strong>com mais ou menos 50 fiscais na zona secundária e quesão responsáveis pelo Imposto <strong>de</strong> Renda, IPI, CPMF, IOF eoutros; e a outra área, que cuida <strong>do</strong> comércio exterior,on<strong>de</strong> há cerca <strong>de</strong> 150 auditores fiscais lota<strong>do</strong>s na zona primária,que correspon<strong>de</strong> a toda área portuária. Desses 150fiscais, 80 a 85 <strong>de</strong>les normalmente exercem trabalhos internosburocráticos, ou ocupam cargos <strong>de</strong> chefia, como,Inspetor chefe, Chefia da tributação, Chefia da fiscalização,<strong>de</strong>ntre outros. O restante exerce trabalhos externos, trabalhos<strong>de</strong> campo, que se referem, por exemplo, à abertura efiscalização <strong>do</strong>s contêineres.Conforme, ainda, informações <strong>do</strong> Sr. Elias CarneiroJúnior, que além <strong>de</strong> membro <strong>do</strong> Sindicato é fiscal aduaneiro,o Porto <strong>de</strong> Santos funciona 24 horas por dia e durante anoite só há um fiscal <strong>de</strong> plantão, sem qualquer auxiliar outécnico, o que <strong>de</strong>monstra claramente a situação em que oPorto se encontra hoje.Em estu<strong>do</strong> recente feito pela própria Receita Fe<strong>de</strong>ralem Brasília, enten<strong>de</strong>-se que para ter um atendimentorazoável seria necessário, no mínimo, quatro vezes maisque o contingente atual.O Porto <strong>de</strong> Santos é aponta<strong>do</strong> como porta <strong>de</strong> saída <strong>do</strong><strong>narcotráfico</strong> internacional, consoante informação fornecidapelo diretor <strong>do</strong> DENARC, Dr. Marco Antonio MartinsRibeiro <strong>de</strong> Campos, e também pela Polícia Francesa.A imprensa espanhola recentemente noticiou, com<strong>de</strong>staque, a apreensão <strong>de</strong> 119,8 quilos <strong>de</strong> cocaína naAlfân<strong>de</strong>ga <strong>do</strong> Porto <strong>de</strong> Barcelona.A carga, segun<strong>do</strong> apurou-se, era proce<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Porto<strong>de</strong> Santos, sen<strong>do</strong> que os fiscais aduaneiros e a guarda civildaquele país já estavam <strong>de</strong> sobreaviso com os produtosprovenientes <strong>de</strong> áreas que eles chamam <strong>de</strong> “zona sensívelou quente”. No caso, o Brasil faria parte <strong>de</strong>ssa área.Ocorre que a <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> controle e fiscalizaçãoda movimentação <strong>de</strong> cargas, já tratadas anteriormenteneste Relatório, concorrem para que o nosso paíscontinue figuran<strong>do</strong>, vergonhosamente, nas listas <strong>de</strong> “zonassuspeitas” das alfân<strong>de</strong>gas internacionais. Em contrapartida,os gran<strong>de</strong>s contrabandistas e traficantes têm o Brasil emalta conta para <strong>de</strong>senvolver seus negócios escusos e ilegais.5.5.2. DAS DILIGÊNCIAS REALIZADASFoi realizada no dia 11 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2.000, reuniãoda Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito no Plenário daCâmara Municipal <strong>de</strong> Santos, que foi prestigiada pelasseguintes autorida<strong>de</strong>s e pessoas: Carlos Mantovani Calejon(verea<strong>do</strong>r e presi<strong>de</strong>nte da Câmara Municipal <strong>de</strong> Santos),Odair Gonzalez, José Antonio Marques Almeida, FaustoFigueira, Cassandra Maroni, Marcus <strong>de</strong> Rosis, SuelyMorga<strong>do</strong>, Sérgio Bonavi<strong>de</strong>s, A<strong>de</strong>lino Rodrigues, TomasSo<strong>de</strong>rberg (verea<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Município <strong>de</strong> Santos), MarcoCalvo (verea<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Município <strong>de</strong> <strong>São</strong> Vicente), Dr. AntonioCarlos Macha<strong>do</strong> Jr. (<strong>de</strong>lega<strong>do</strong> da DISE/Santos), Dr. CaetanoVercine (<strong>de</strong>lega<strong>do</strong> da DIG/Santos), Dr. Alberto Corazza(diretor <strong>do</strong> DEINTER 6/Santos), Dr. José <strong>Paulo</strong> Spagna(assistente <strong>do</strong> DEINTER 6/Santos), Dr. Eduar<strong>do</strong> Rossini(promotor <strong>de</strong> Justiça), Elias Carneiro Júnior (presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong>Sindicato Nacional <strong>do</strong>s Auditores Fiscais da ReceitaFe<strong>de</strong>ral/ Delegacia Sindical em Santos), José Joaquim <strong>de</strong>Almeida Júnior (secretário <strong>do</strong> Sindicato Nacional <strong>do</strong>sTécnicos da Receita fe<strong>de</strong>ral/Delegacia Sindical em Santos),José Castanheira (presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Sindicato <strong>do</strong>sConserta<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s Portos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>)Everandyr Cirilo <strong>do</strong>s Santos (presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> SINDAPORT eCoor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r da Intersindical Portuária) e Guilherme <strong>do</strong>Amaral Távora ( presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> SINDOGEESP).Nessa oportunida<strong>de</strong>, os <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>s visitaram algunsórgãos públicos na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Santos, tais como, MinistérioPúblico, Po<strong>de</strong>r Judiciário, Polícia Civil e Polícia Militar eapresentaram relatos sobre a importância e o resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong>sencontros que tiveram naquela cida<strong>de</strong> para levantamento<strong>de</strong> informações e da<strong>do</strong>s sobre o <strong>narcotráfico</strong> na região.Em alguns instantes, os assuntos trata<strong>do</strong>s pelos integrantes<strong>de</strong>sta CPI, durante as visitas aos órgãos públicos, oforam em caráter reserva<strong>do</strong>, apenas para conhecer melhora área e também para a coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s e informaçõessobre o <strong>narcotráfico</strong>, restringin<strong>do</strong>-se, em outros casos, apenasa uma visita cordial <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cimentos pela recepçãooferecida a esta CPI que havia si<strong>do</strong> instalada nas <strong>de</strong>pendências<strong>do</strong> Legislativo <strong>de</strong> Santos, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratar<strong>de</strong> questões afetas a esta Comissão.Durante a referida reunião, usaram da palavra tambémos verea<strong>do</strong>res Carlos Mantovani Calejon, Suely Morga<strong>do</strong>,A<strong>de</strong>lino Rodrigues e o Senhor Elias Carneiro Júnior, o qualentregou <strong>do</strong>cumento à presidência da CPI.Estan<strong>do</strong> o sub-relator para Portos <strong>de</strong>sta CPI convida<strong>do</strong>para participar <strong>de</strong> seminário junto à Polícia Francesa, nacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paris, sem qualquer custo para a Assembléia<strong>Legislativa</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, foi manti<strong>do</strong> contato comOliver da Silva, primeiro secretário da Embaixada <strong>de</strong> Françaem Brasília, e Lionel Delaporte, oficial <strong>de</strong> ligação para assuntos<strong>de</strong> <strong>narcotráfico</strong> na Embaixada <strong>de</strong> França em Brasília,ten<strong>do</strong> este último agenda<strong>do</strong> entrevista pessoal com o Sr.Françoise Jaspart, chefe da Delegacia Central para repressão<strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas. O encontro aconteceu na data <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong>abril <strong>do</strong> ano em curso, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nanterre, França, on<strong>de</strong>foi confirmada a rota anteriormente mencionada.Já antes, mais precisamente no dia 09 <strong>de</strong> março <strong>de</strong>2000, foi feita a primeira visita oficial <strong>de</strong> membros <strong>de</strong>staCPI ao Porto <strong>de</strong> Santos, on<strong>de</strong> reuniram-se com o presi<strong>de</strong>nteda CODESP - Companhia Docas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>,Dr. Wagner Rossi, além <strong>de</strong> vários representantes das autorida<strong>de</strong>sportuárias e sindicalistas, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> discuti<strong>do</strong>sassuntos referentes as dificulda<strong>de</strong>s e mazelas da zona portuária.Nessa mesma oportunida<strong>de</strong>, foi chamada a atenção<strong>do</strong>s senhores <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>s sobre problemas envolven<strong>do</strong> terminais<strong>de</strong> cargas priva<strong>do</strong>s, pois estes se utilizam <strong>de</strong> segurançapor eles próprios contratada.Os membros da CPI visitaram ainda a Receita Fe<strong>de</strong>ral,on<strong>de</strong> foram recebi<strong>do</strong>s pelo Superinten<strong>de</strong>nte Harol<strong>do</strong> daCosta Amorim, o qual explicou o funcionamento da fiscalizaçãoda alfân<strong>de</strong>ga, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> claro que esta é feita poramostragem e sobretu<strong>do</strong> voltada para os produtos <strong>de</strong>importação, não sen<strong>do</strong> priorida<strong>de</strong> os produtos <strong>de</strong> exportação,cuja fiscalização, ressaltou, não ultrapassa 3% <strong>do</strong>scontêineres. Explicou também que raramente são utiliza<strong>do</strong>sscanners, não haven<strong>do</strong>, portanto, uma fiscalizaçãoespecífica para <strong>narcotráfico</strong>.Dan<strong>do</strong> continuida<strong>de</strong> a essa primeira visita oficial aoPorto <strong>de</strong> Santos, os senhores <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>s visitaram a baseda Polícia Fe<strong>de</strong>ral, <strong>de</strong>ntro da zona primária, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>stafeita foram recebi<strong>do</strong>s pelo diretor da Polícia Fe<strong>de</strong>ral, Dr.Arioval<strong>do</strong> Peixoto, o qual, utilizan<strong>do</strong>-se da lancha da PolíciaFe<strong>de</strong>ral, mostrou aos presentes toda a extensão <strong>do</strong> Porto.A Polícia Fe<strong>de</strong>ral, para aten<strong>de</strong>r as suas atribuições noPorto <strong>de</strong> Santos, conta com a Delegacia “A” <strong>do</strong> Departamento<strong>de</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral, com o Núcleo Especial <strong>de</strong> PolíciaMarítima (NEPOM) e com o serviço <strong>de</strong> plantão.Dispon<strong>do</strong> <strong>de</strong> três lanchas, os vinte componentes <strong>do</strong>NEPOM, forma<strong>do</strong>s em equipes, executam o patrulhamentoconstante das embarcações atracadas ao longo <strong>do</strong>s <strong>do</strong>zequilômetros <strong>de</strong> cais acostável, ou ancoradas na barra, nointuito <strong>de</strong> prevenir a ocorrência <strong>de</strong> crimes a bor<strong>do</strong>.Outros quatro policiais revezam-se, como plantonistas,no trabalho diuturno <strong>de</strong> visita oficial aos navios, a fim <strong>de</strong>liberá-los para operar, após conferência <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos eda situação <strong>do</strong>s tripulantes e passageiros.No que tange aos registros operacionais <strong>de</strong>ssa Delegacia,convém ressaltar que as apreensões <strong>de</strong> drogas ocorrem,via <strong>de</strong> regra, fora da zona portuária.É também relevante frisar a dificulda<strong>de</strong> freqüente <strong>de</strong> seprovar, nos autos <strong>do</strong> inquérito policial, a real <strong>de</strong>stinação,ao exterior, <strong>do</strong> produto apreendi<strong>do</strong>, o que leva o procedimentocriminal a ser aprecia<strong>do</strong> pela Justiça Estadual local.Nos últimos cinco anos foram instaura<strong>do</strong>s apenas trinta eseis inquéritos policiais fe<strong>de</strong>rais, relativos a crimes previstosna Lei <strong>de</strong> Entorpecentes, sen<strong>do</strong> vinte e quatro inicia<strong>do</strong>s porauto <strong>de</strong> prisão em flagrante e os <strong>de</strong>mais através <strong>de</strong> portaria.Nesse perío<strong>do</strong>, a bor<strong>do</strong> <strong>de</strong> navios ou na faixa portuáriaocorreram as seguintes apreensões:* policiais fe<strong>de</strong>rais apreen<strong>de</strong>ram 1,2 quilo <strong>de</strong> cocaína, em13.04.95, na zona <strong>do</strong> cais, e mais 53 quilos da mesma substância,em 15.11.95, no interior <strong>do</strong> navio “BEBEDOURO”.* guardas portuários localizaram 400 gramas <strong>de</strong> maconha,em 08.07.95, e mais 10 quilos da mesma substância,em 30.11.95, na zona <strong>do</strong> cais, além <strong>de</strong> 21 quilos <strong>de</strong> cocaína,em 01.03.96, no interior <strong>do</strong> navio “SOL DO BRASIL”.* funcionários da alfân<strong>de</strong>ga arrecadaram 238 frascos<strong>de</strong> lança-perfume, em 04.03.99, no interior <strong>do</strong> navio“COSTA MARINA”.As mais recentes prisões em flagrante executadas porpoliciais da Delegacia supra mencionada foram:* 13.02.00 - Via Anchieta - um preso, com 31 quilos <strong>de</strong>cocaína e, aproximadamente, 3 quilos <strong>de</strong> maconha.* 13.07.99 - Ro<strong>do</strong>viária <strong>de</strong> Santos/SP - <strong>do</strong>is presos com40 quilos <strong>de</strong> maconha.* 29.06.99 - Bairro <strong>de</strong> Peruíbe/SP - um preso com 90quilos <strong>de</strong> maconha.* 01.06.99 - Ro<strong>do</strong>viária <strong>de</strong> Santos/SP - três presos com10 quilos <strong>de</strong> cocaína.* 27.05.98 - Bairro <strong>de</strong> Santos/SP - <strong>do</strong>is presos com 53quilos <strong>de</strong> maconha.* 12.02.98 - Bairro <strong>de</strong> Santos/SP - <strong>do</strong>is presos com 2quilos <strong>de</strong> cocaína.Em continuida<strong>de</strong> às diligências, <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>s da CPI foramnovamente ao Porto <strong>de</strong> Santos, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> recebi<strong>do</strong>s pelaDra. Diva Kodama, diretora da Receita Fe<strong>de</strong>ral em Santos, aqual disponibilizou <strong>do</strong>is auditores fiscais para que, na presença<strong>do</strong>s parlamentares, proce<strong>de</strong>ssem a abertura <strong>de</strong> algunscontêineres, sem que nada <strong>de</strong> anormal fosse constata<strong>do</strong>.Por outro la<strong>do</strong>, membros da CPI, em especial o sub-Relator <strong>de</strong> Portos, mantiveram contato com o Dr. AlbertoCorazza, <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> Regional da Baixada Santista e ex-dirigente<strong>do</strong> DENARC, on<strong>de</strong> atuou efetivamente por muitosanos no combate às drogas e entorpecentes, o qual prestouvaliosas informações, além <strong>de</strong> ter <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> enormepreocupação com a situação em que se encontra o Porto <strong>de</strong>Santos, ten<strong>do</strong> da mesma forma colabora<strong>do</strong> nas informaçõeso Cel. PM Alberto Silveira Rodrigues, Comandante <strong>do</strong>CPA/I-6, da Polícia Militar <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>.Há apenas um Posto da Polícia Civil no Porto <strong>de</strong> Santos,sen<strong>do</strong> a sua atuação bastante limitada, vez que contaapenas com uma Equipe que é chefiada pelo Dr. <strong>Paulo</strong>Fernan<strong>do</strong> Felipe, <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> <strong>de</strong> Polícia, e composta <strong>do</strong>sinvestiga<strong>do</strong>r Floreal Fernan<strong>de</strong>s Júnior, Rival<strong>do</strong> SantosGuerra e <strong>Paulo</strong> Fernan<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Santos.5.5.3. DO PORTO DE SÃO SEBASTIÃONo dia 14 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2000, o sub-relator <strong>de</strong> Portos<strong>de</strong>sta CPI visitou o Porto <strong>de</strong> <strong>São</strong> Sebastião, reunin<strong>do</strong>-secom o administra<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Porto, senhor Vilson Costa, o então<strong>de</strong>puta<strong>do</strong> Estadual, Dr. <strong>Paulo</strong> Julião, o <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> da ReceitaFe<strong>de</strong>ral, Dr. Paiva, e o médico <strong>do</strong> Ministério da Saú<strong>de</strong>, Dr.Domingos, entre outras Autorida<strong>de</strong>s Portuárias, as quais,além <strong>de</strong> relatarem como funciona o Porto, mostraram todaa sua extensão, permitin<strong>do</strong> assim a obtenção <strong>de</strong> informaçõesindispensáveis para a elaboração <strong>de</strong>ste relatório.O Porto <strong>de</strong> <strong>São</strong> Sebastião é administra<strong>do</strong> pela DERSA,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1993, com base na Lei 8.630/93, on<strong>de</strong> exerce o papel<strong>de</strong> AUTORIDADE PORTUÁRIA. Dentro da Autorida<strong>de</strong>Portuária está incluí<strong>do</strong> o terminal marítimo, a travessia e oPorto <strong>de</strong> <strong>São</strong> Sebastião, que opera 50% petróleo e os outros50% cargas secas, ou seja, granéis sóli<strong>do</strong>s minerais, comopor exemplo a barrilha, sulfato <strong>de</strong> sódio e granéis sóli<strong>do</strong>svegetais como o malte e a cevada. Possui três armazénscobertos, três pátios e um Cnaga (particular) - coberto.O Porto funciona 24 horas por dia, em 4 perío<strong>do</strong>s pré<strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s<strong>de</strong> 6 horas diárias. Os funcionários próprios trabalhamem horário ordinário <strong>de</strong> segunda a sexta feira,sen<strong>do</strong> os <strong>de</strong>mais perío<strong>do</strong>s consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s extraordinários.Des<strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1996, as operações <strong>de</strong> embarque e<strong>de</strong>sembarque <strong>de</strong> cargas estão privatizadas, sen<strong>do</strong> atribuiçãoda APSS, no contexto <strong>de</strong> qualquer operação, a disponibilizaçãodas instalações públicas para sua realização.As operações portuárias passaram a ser <strong>de</strong>senvolvidaspor empresas privadas, pré-habilitadas no Porto, em regime<strong>de</strong> livre concorrência entre si, que contratam diretamenteno OGMO - Órgão Gestor <strong>de</strong> Mão <strong>de</strong> Obra, os trabalha<strong>do</strong>resportuários avulsos (estiva<strong>do</strong>res, arruma<strong>do</strong>res,vigias, conferentes e conserta<strong>do</strong>res) para o embarque ou<strong>de</strong>sembarque <strong>de</strong> cargas, fican<strong>do</strong> as administrações portuáriasrestritas às atribuições <strong>de</strong> “Autorida<strong>de</strong> Portuária” instituídasno artigo 33 da referida Lei.Questionadas as autorida<strong>de</strong>s presentes sobre possíveisirregularida<strong>de</strong>s em operações <strong>de</strong> contêineres, os mesmosinformaram que não têm conhecimento <strong>de</strong> nenhum casoreferente a tráfico <strong>de</strong> drogas no Porto até a presente data.Segun<strong>do</strong> informações colhidas junto à APSS, dificilmentehá operação <strong>de</strong> contêineres, por possuir um único “berço”,não haven<strong>do</strong> condições <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r os navios <strong>de</strong> linhasregulares, com raras exceções.Foi pergunta<strong>do</strong> ao <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> da Receita Fe<strong>de</strong>ral, Dr.Paiva, sobre a possibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ingresso <strong>de</strong> armas e drogasatravés das cargas secas, sen<strong>do</strong> que este respon<strong>de</strong>u que<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> as próprias características <strong>do</strong>s produtos minerais evegetais, torna-se completamente inviável o transporte <strong>de</strong>drogas ou armas através <strong>de</strong>sses tipos <strong>de</strong> cargas, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> astubulações, o que, se fosse tenta<strong>do</strong>, chegaria a ser um risco<strong>de</strong>snecessário para os criminosos.O contingente da Receita Fe<strong>de</strong>ral no Porto <strong>de</strong> <strong>São</strong>Sebastião é <strong>de</strong> apenas quatro fiscais e quatro técnicos, umnúmero muito inferior ao que seria necessário para suprirsuas necessida<strong>de</strong>s, tornan<strong>do</strong> assim menos eficaz sua fiscalizaçãoem relação às importações.Pergunta<strong>do</strong> também ao <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> da Receita se havia apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saída <strong>de</strong> drogas ou armas <strong>do</strong> país, através<strong>de</strong> tripulantes <strong>do</strong> Porto, o mesmo afirmou que 90% <strong>do</strong>s tripulantessão brasileiros, contrata<strong>do</strong>s através da “FRONAP”sob um critério rigoroso <strong>de</strong> seleção, e que nunca teveconhecimento <strong>de</strong> nenhuma ocorrência envolven<strong>do</strong> tripulantes<strong>do</strong> Porto <strong>de</strong> <strong>São</strong> Sebastião.As <strong>de</strong>mais autorida<strong>de</strong>s consultadas sobre o assunto,não relataram ocorrências que pu<strong>de</strong>ssem ligar o Porto <strong>de</strong><strong>São</strong> Sebastião ao tráfico internacional <strong>de</strong> drogas.5.5.4. O Caso da Arizona Machinery Sales Ltda.Em 25 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2.000, esta Comissão proce<strong>de</strong>u àoitiva <strong>de</strong> Oswal<strong>do</strong> Ferreira Vicente, proprietário da empresaArizona Machinery Sales Ltda., que <strong>de</strong>nunciou ter si<strong>do</strong> vítima<strong>de</strong> extorsão, quan<strong>do</strong> da intermediação <strong>de</strong> compra <strong>de</strong>maquinários importa<strong>do</strong>s.Segun<strong>do</strong> o relata<strong>do</strong> a esta Comissão, em 1996 o Sr.Oswal<strong>do</strong> participou da intermediação <strong>de</strong> compra <strong>de</strong> máquinaspara a Metalúrgica Osan Ltda., no valor aproxima<strong>do</strong> <strong>de</strong>US$ 4.000.000,00 (quatro milhões <strong>de</strong> dólares). Tratavam-se<strong>de</strong> máquinas importadas <strong>do</strong> Japão, que seriam embarcadasem <strong>do</strong>is lotes distintos, com <strong>de</strong>stino ao Porto <strong>de</strong> Santos.A série <strong>de</strong> irregularida<strong>de</strong>s que permearam esta operaçãoteria se inicia<strong>do</strong> com a falsificação <strong>do</strong> lau<strong>do</strong> técnico elabora<strong>do</strong>no país <strong>de</strong> origem sobre o maquinário importa<strong>do</strong>:embora se tratassem <strong>de</strong> prensas mecânicas - já existentesno Brasil à época - o lau<strong>do</strong> fora altera<strong>do</strong> para que constassemcomo “prensas hidráulicas”, sem similar no Brasil.Com isto, contaria com o benefício <strong>de</strong> redução da alíquota<strong>de</strong> IPI <strong>de</strong> 45%, para 5%.Quan<strong>do</strong> da chegada <strong>de</strong>sta merca<strong>do</strong>ria ao Porto <strong>de</strong>Santos, o <strong>de</strong>poente foi informa<strong>do</strong> que a Licença <strong>de</strong> Importaçãose encontrava vencida, ten<strong>do</strong> lhe si<strong>do</strong> exigida a quantia<strong>de</strong> US$ 100.000,00 (cem mil dólares), para o <strong>de</strong>sembaraçodas merca<strong>do</strong>rias. Diante da negativa, as máquinasforam apreendidas, sen<strong>do</strong> entregues a <strong>de</strong>positário -TRANSBRASA-TRANSITÁRIA BRASILEIRA LTDA. - on<strong>de</strong>permaneceu por um ano e meio.A empresa originalmente contratada para promovertodas as operações <strong>de</strong> importação - SETTEC - foi substituídapela empresa NEYMAR COMISSÁRIA DE DESPACHOSLTDA. Contu<strong>do</strong>, isto não impediu a <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> perdimento,face à situação irregular.Na tentativa <strong>de</strong> recuperar este maquinário, foi provi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong>o pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> re-exportação, quan<strong>do</strong> foi o <strong>de</strong>poenteinforma<strong>do</strong> que as peças seriam levadas a leilão. Emseqüência, teria lhe si<strong>do</strong> proposta a participação em leilão,garantin<strong>do</strong>-se a arrematação <strong>de</strong>stas mesmas merca<strong>do</strong>rias.Alega o <strong>de</strong>poente que este procedimento estaria sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>com a participação <strong>de</strong> fiscais aduaneiros que teriamgaranti<strong>do</strong> que ainda que existisse algum lance, seria possívelgarantir o preço pré-estabeleci<strong>do</strong> (inicialmente R$ 700mil reais, posteriormente eleva<strong>do</strong> a 900 mil reais).


D.O.E.; Po<strong>de</strong>r Legislativo, <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, 112 (117), sába<strong>do</strong>, 22 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2002 – SUPLEMENTO – 15conduzi<strong>do</strong> à Ca<strong>de</strong>ia Pública <strong>de</strong> <strong>São</strong> Vicente. Segun<strong>do</strong> constao mesmo encontrava-se com a posse e guarda <strong>de</strong> 14papelotes <strong>de</strong> cocaína, alegan<strong>do</strong> que trabalhava como“empregada <strong>do</strong>méstica” para o casal Giórgio <strong>de</strong> Sueli, osquais haviam lhe solicita<strong>do</strong> que ven<strong>de</strong>sse drogas para osvicia<strong>do</strong>s. O casal foi indicia<strong>do</strong>, pois não estava presente.BOPC nº123/00.5.6.2.3.4. DP SUMARÉO Ofício CPI Narco nº141/2000 encaminhou a <strong>de</strong>núncianº268, apontan<strong>do</strong> que Rafael seria o chefe <strong>do</strong> tráfico nacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sumaré, sen<strong>do</strong> o mesmo proprietário da lanchoneteVia Marte.Durante as investigações da <strong>de</strong>núncia, resultou na prisãoem flagrante <strong>de</strong> Gerson Lemes Soares, por uso <strong>de</strong><strong>do</strong>cumento falso e <strong>de</strong> Rinal<strong>do</strong> Apareci<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Reis, porporte ilegal <strong>de</strong> arma.5.6.2.3.5. DISE ARARAQUARAO Ofício CPI Narco nº097/2000 encaminhou a <strong>de</strong>núncianº097, apontan<strong>do</strong> que Fernan<strong>do</strong> Munhoz seria narcotraficantee guardaria entorpecente na Rua Bahia, 2421 - JardimPaulistano - Araraquara/SP.Durante cumprimento <strong>de</strong> Manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> Busca eApreensão na residência <strong>de</strong> Fernan<strong>do</strong>, foi apreendida umapequena porção <strong>de</strong> maconha. Fernan<strong>do</strong> não estava presentena ocasião, porém posteriormente apresentou-se admitin<strong>do</strong>ser o <strong>do</strong>no da droga, todavia negou ser traficante. Omesmo foi indicia<strong>do</strong> em Inquérito Policial, sen<strong>do</strong> que járespon<strong>de</strong>ra Inquérito por porte <strong>de</strong> entorpecente em 1998.5.6.2.3.6. DISE <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nteO Ofício CPI Narco nº 360/01 encaminhou a Den. 557,apontan<strong>do</strong> que uma mulher conhecida por “PENHA” e omotoboy ROGÉRIO seriam os responsáveis pelo tráfico <strong>de</strong>drogas na Rua Raimun<strong>do</strong> Fonseca, 159, Jardim Paulista-Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte/SP.Durante a investigação, em 24Jan01, “PENHA” foii<strong>de</strong>ntificada como sen<strong>do</strong> MARIA DA PENHA DALEFFEHONORIO, após ser presa por tráfico <strong>de</strong> entorpecentes juntamentecom ANTONIO CELSO HONÓRIO JUNIOR eJEFERSON SOUZA MELO, estes por porte <strong>de</strong> entorpecente,conforme Inquérito Policial nº012/01. Em 14Mar01, oMotoboy foi i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> como sen<strong>do</strong> ROGÉRIO APARECI-DO DA SILVA, após ser preso com 1/2 Kg <strong>de</strong> cocaína, conformeInquérito Policial nº037/01. Em 27Mar01, foi presoLUIZ CARLOS DA SILVA, irmão <strong>de</strong> ROGÉRIO, com 112g <strong>de</strong>cocaína, conforme Inquérito Policial nº056/01.Quanto ao Ofício CPI Narco nº 362, Den. 558, foi verifica<strong>do</strong>que o <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong> “MORF” trata-se <strong>de</strong> PASCOALMENDES LINHARES JUNIOR, o qual fora preso em07Jun99 por portar maconha e, em 23Mai00, preso por tráfico<strong>de</strong> cocaína, conforme Inquérito Policial nº102/00.5.6.2.4. CIDADES COM MAIS DENÚNCIASRecebemos <strong>de</strong>núncias em mais <strong>de</strong> noventa cida<strong>de</strong>s e<strong>de</strong> outros esta<strong>do</strong>s. Apresentamos a seguir três tabelas<strong>de</strong>monstrativas conten<strong>do</strong> as cida<strong>de</strong>s com <strong>de</strong>núncias recebidas(da<strong>do</strong>s atualiza<strong>do</strong>s até <strong>de</strong>n.576):TABELA DEMONSTRATIVA DE DENÚNCIAS POR CIDADES0 8 0 0 - 1 5 0 - 1 2 3 (disk-<strong>de</strong>núncia) C P I <strong>do</strong> NarcotráficoCIDADENº <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncias01- Águas <strong>de</strong> Santa Barbara 00102- Alumínio 00103- Americana 00504- Angatuba 00105- Araçatuba 00106- Araçoiaba da Serra 00207- Araraquara 00208- Atibaia 00409- Auriflama 00110- Bertioga 00111- Birigui 00112- Boituva 00113- Bragança Paulista 00114- Caçapava 00115- Campinas 00916- Caraguatatuba 00217- Capão Bonito 00118- Capivari 00119- Caieiras 00120- Cajamar 00121- Cajuru 00122- Carapicuiba 00123- Catanduva 00324- Cosmópolis 00125- Cravinhos 00126- Cubatão 00327- Descalva<strong>do</strong> 00128- Dia<strong>de</strong>ma 00229- Embu 00130- Embu-Guaçu 00131- Espírito Santo <strong>do</strong> Pinhal 00132- Guarujá 01333- Guarulhos 00634- Guaratinguetá 00135- Ibaté 00336- Ipiguá 00137- Itapetininga 00238- Itapira 00239- Itanhaém 00240- Itaquaquecetuba 00141- Itirapina 00142- Itú 00443- Jardinópolis 00144- Juquiá 00145- Jundiaí 00446- Laranjal Paulista 00147- Leme 00148- Limeira 00249- Miracatu 00150- Matão 00251- Montemor 00152- Mongaguá 00153- Mococa 00154- Marília 00155- Mairinque 00156- Mogi das Cruzes 00157- Osasco 00358- Pariqueraçu 00159- Pieda<strong>de</strong> 00660- Peruíbe 00161- Praia Gran<strong>de</strong> 03062- Presi<strong>de</strong>nte Epitácio 00163- Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte 00364- Pilar <strong>do</strong> Sul 00165- Pindamonhangaba 00166- Piracicaba 00167- Pirassununga 00168- Ribeirão Pires 00169- Ribeirão Preto 00670- <strong>São</strong> Bernar<strong>do</strong> <strong>do</strong> Campo 00471- <strong>São</strong> Caetano <strong>do</strong> Sul 00172- <strong>São</strong> Carlos 00173- <strong>São</strong> José <strong>do</strong>s Campos 00774- <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Par<strong>do</strong> 00275- <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto 00276- <strong>São</strong> João da Boa Vista 00177- <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> 15378- <strong>São</strong> Sebastião 00279- <strong>São</strong> Vicente 03280- Salto <strong>de</strong> Pirapora 00281- Santa Fé <strong>do</strong> Sul 00182- Santa Rita <strong>do</strong> Passa Quatro 00183- Santo Anastácio 00284- Santo Antonio <strong>do</strong> Pinhal 00185- Santos 12586- Sorocaba 04487- Sumaré 00988- Taubaté 00689- Taquaritinga 00190- Taquarituba 00191- Taboão da Serra 00292- Tatuí 00293- Tremembé 00194- Ubatuba 00295- Várzea Paulista 00296- Vicente <strong>de</strong> Carvalho 00397- Votorantim 004TOTAL 569O U T R O SE S T A D O SESTADONº <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncias01- Maranhão 0102- Mato Grosso 0503- Minas Gerais 0304- Paraíba 0105- Paraná 0206- Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul 0107- Santa Catarina 01TOTAL 14CIDADES COM MAIS DENÚNCIAS01- <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> 15302- Santos 12503- Sorocaba 04404- <strong>São</strong> Vicente 03205- Praia Gran<strong>de</strong> 03006- Guarujá 01307- Sumaré 00908- Campinas 00909- <strong>São</strong> José <strong>do</strong>s Campos 00710- Guarulhos 006Taubaté “Pieda<strong>de</strong> “Ribeirão Preto “TOTAL 4475.6.2.5. ASSESSORIA POLICIAL DA CPIÀ Assessoria Policial coube, além <strong>do</strong> recebimento,arquivamento e controle estatístico das <strong>de</strong>núncias, analisálas<strong>de</strong> imediato diligencian<strong>do</strong>, propon<strong>do</strong> operações etoman<strong>do</strong> as medidas cabíveis em cada caso. Soma-se asatribuições da Assessoria Policial as providências necessáriaspara solução <strong>de</strong> casos distintos ao “disk-<strong>de</strong>núncia”, taiscomo diligências, oitivas, acompanhamentos <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>s,convocações, vigilâncias, mapeamentos <strong>de</strong> locais etc.A seguir, alguns exemplos <strong>de</strong>ssas autuações:A) Em 15/06/2000, durante sessão em plenário <strong>de</strong>staCPI, esta Assessoria foi concitada a averiguar o álibi <strong>de</strong>Willian Macena da Silva (preso por homicídio <strong>do</strong>Investiga<strong>do</strong>r Policial LUCIANO STURBA) o qual alegavaque estaria trabalhan<strong>do</strong> na Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Ginástica ASPEN,durante o perío<strong>do</strong> noturno, em 20 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong>ste ano, porocasião <strong>do</strong> crime. Esta Assessoria <strong>de</strong> imediato efetuou diligências,resultan<strong>do</strong> na localização <strong>do</strong> Solda<strong>do</strong> PM REINAL-DO, o qual teria oferta<strong>do</strong> tal emprego, sen<strong>do</strong> o mesmo conduzi<strong>do</strong>,<strong>de</strong> pronto, a esta Assessoria e ouvi<strong>do</strong>, “<strong>de</strong>smontan<strong>do</strong>”o álibi <strong>de</strong> Willian.B) Entre algumas pessoas ouvidas por esta assessoria,merece <strong>de</strong>staque a oitiva <strong>do</strong> advoga<strong>do</strong> João Bento Vaz <strong>de</strong>Campos, o qual <strong>de</strong>nunciou gran<strong>de</strong> esquema <strong>de</strong> agiotageme lavagem <strong>de</strong> dinheiro <strong>do</strong> qual foi vítima. Face a investigaçãoe o levantamento <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s procedi<strong>do</strong>s, a <strong>do</strong>cumentaçãofoi encaminhada ao Ministério Público <strong>de</strong> <strong>São</strong> José <strong>do</strong>sCampos para a<strong>do</strong>ção das medidas legais cabíveis.C) Em 05/10/2000, ao receber a <strong>de</strong>núncia <strong>de</strong> que diversascaixas estavam sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>scarregadas para uma casacom muita pressa por vários elementos, em <strong>São</strong> Bernar<strong>do</strong><strong>do</strong> Campo, esta Assessoria, entrou em contato com aDelegacia Seccional <strong>de</strong> <strong>São</strong> Bernar<strong>do</strong> <strong>do</strong> Campo, resultan<strong>do</strong>na localização da casa e na recuperação da merca<strong>do</strong>ria,porém os meliantes conseguiram fugir antes da chegada<strong>do</strong>s policiais. Posteriormente, soube-se que a merca<strong>do</strong>riarecuperada era carga <strong>de</strong> frios roubada, conforme BOPC nº8347/2000 <strong>do</strong> 3º DP <strong>de</strong> <strong>São</strong> Bernar<strong>do</strong> <strong>do</strong> Campo, ten<strong>do</strong>si<strong>do</strong> instaura<strong>do</strong> Inquérito Policial a esse respeito.A Assessoria Policial é composta por integrantes daPolícia Civil e Polícia Militar <strong>do</strong> nosso Esta<strong>do</strong>.A Assessoria Policial Civil inicialmente era compostapelo Delega<strong>do</strong> <strong>de</strong> Polícia Fábio Perona, Investiga<strong>do</strong>res <strong>de</strong>Polícia Ana Paula <strong>de</strong> Almeida Lopes Firmiano, Marcos eEmerson, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> substituí<strong>do</strong>s o Delega<strong>do</strong> FábioPerona, pelo Delega<strong>do</strong> <strong>de</strong> Polícia Kleber Antonio TorquatoAltale e os Investiga<strong>do</strong>res Marcos e Emerson pelosInvestiga<strong>do</strong>res <strong>Paulo</strong> Sérgio Rosa e Erisman Maurício,sen<strong>do</strong> este último reapresenta<strong>do</strong> a SSP/SP antes <strong>do</strong> términoda CPI.A Assessoria Policial Militar inicialmente era compostapelo Capitão PM Rubens Isquier<strong>do</strong> Gonçalves, Solda<strong>do</strong> PMNelson Eduar<strong>do</strong> Matias e Solda<strong>do</strong> PM Cláudio AníbalTavares, sen<strong>do</strong> aquele Capitão substituí<strong>do</strong> pelo 2º TenentePM Carlos Alberto Rodrigues Sanches Junior.5.6.2.6. OFÍCIOS DA CPI QUE FORAM RESPONDIDOSApresentamos um quadro constan<strong>do</strong> os 292 Ofícios daCPI que foram respondi<strong>do</strong>s e analisa<strong>do</strong>s:OFÍCIO CPI RELATÓRIO ÓRGÃO APURADOR RESULTADO DA APURAÇÃO001 089 DENARC Não confirma<strong>do</strong>002 Oficio 008/00 DENARC APFD003 090 DENARC Não confirma<strong>do</strong>004 091 DENARC Não confirma<strong>do</strong>005 Oficio 008/00 DENARC Infundada006 092 DENARC Não confirma<strong>do</strong>007 Oficio 008/00 DENARC Necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> maiores inv.008 093 DENARC Não confirma<strong>do</strong>009 094 DENARC Não confirma<strong>do</strong>010 095 DENARC Confirma<strong>do</strong>, porém mu<strong>do</strong>u-se011 096 DENARC Não confirma<strong>do</strong> até o momento012 097 DENARC Não confirma<strong>do</strong>013 098 DENARC Não confirma<strong>do</strong>014 099 DENARC Não confirma<strong>do</strong>015 100 DENARC Local não existe016 101 DENARC APFD-Tráfico017 102 DENARC Não confirma<strong>do</strong>018 103 DENARC Em andamento019 104 DENARC Não confirma<strong>do</strong>020 105 DENARC Falta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s021 106 DENARC Da<strong>do</strong>s falsos022 107 DENARC Não confirma<strong>do</strong>023 108 DENARC Não confirma<strong>do</strong>024 109 DENARC Não confirma<strong>do</strong> até o momento025 110 DENARC Não confirma<strong>do</strong>026 111 DENARC Não confirma<strong>do</strong>027 112 DENARC Não confirma<strong>do</strong>028 113 DENARC Não confirma<strong>do</strong>029 114 DENARC Local não existe030 115 DENARC Não confirma<strong>do</strong>031 116 DENARC APFD-Tráfico032 251 DEINTER-6 Para instrução033 Oficio 008/00 DEINTER-7 Apoio <strong>do</strong> MP034 Oficio 008/00 DEINTER-7 Não confirma<strong>do</strong>035 197 Dise Sorocaba Não conf.036 258 CorregPM Não conf.037 258 CorregPM Não conf.038 258 CorregPM Não proce<strong>de</strong>039 258 CorregPM Não conf.040 258 CorregPM Coloral i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>041 258 CorregPM Em andamento042 258 CorregPM Não conf.043 258 CorregPM Não conf.044 258 CorregPM Não conf.045 258 CorregPM Não conf.046 258 CorregPM Não conf.048 258 CorregPM Não conf.049 258 CorregPM Não conf.050 258 CorregPM Em andamento051 258 CorregPM Não conf.052 258 CorregPM Não conf.053 258 CorregPM Da<strong>do</strong>s insuficientes054 258 CorregPM Em andamento055 258 CorregPM IPM já havia si<strong>do</strong> instaura<strong>do</strong>056 117 CORREGPOLCIVIL Não confirma<strong>do</strong>057 118 CORREGPOLCIVIL Não confirma<strong>do</strong>058 119 CORREGPOLCIVIL Não confirma<strong>do</strong>059 118 CORREGPOLCIVIL Não confirma<strong>do</strong>060 120 CORREGPOLCIVIL Não confirma<strong>do</strong>061 119 CORREGPOLCIVIL Não confirma<strong>do</strong>062 121 CORREGPOLCIVIL Não confirma<strong>do</strong>063 118 CORREGPOLCIVIL Não confirma<strong>do</strong>064 119 CORREGPOLCIVIL Não confirma<strong>do</strong>065 118 CORREGPOLCIVIL Não confirma<strong>do</strong>066 121 CORREGPOLCIVIL Não confirma<strong>do</strong>067 121 CORREGPOLCIVIL Não confirma<strong>do</strong>068 122 CORREGPOLCIVIL Não confirma<strong>do</strong>069 123 CORREGPOLCIVIL APFD-Porte ilegal <strong>de</strong> arma070 118 CORREGPOLCIVIL Não confirma<strong>do</strong>071 118 CORREGPOLCIVIL Não confirma<strong>do</strong>072 118 CORREGPOLCIVIL Não confirma<strong>do</strong>073 118 CORREGPOLCIVIL Não confirma<strong>do</strong>074 121 CORREGPOLCIVIL Não confirma<strong>do</strong>075 118 CORREGPOLCIVIL Não confirma<strong>do</strong>076 118 CORREGPOLCIVIL Não confirma<strong>do</strong>077 118 CORREGPOLCIVIL Não confirma<strong>do</strong>078 118 CORREGPOLVIVIL Não confirma<strong>do</strong>079 118 CORREGPOLCIVIL Não confirma<strong>do</strong>080 118 CORREGPOLCIVIL Não confirma<strong>do</strong>081 118 CORREGPOLCIVIL Não confirma<strong>do</strong>082 118 CORREGPOLCIVIL Não confirma<strong>do</strong>083 124 e 231 D SECC SOROCABA IP nº05/00 e Sind nº09/00084 119 CORREGPOLCIVIL Inquérito em andamento085 124 e 231 D SECC SOROCABA Local fica em MG086 124 e 231 CORREGPOLCIVIL Não confirma<strong>do</strong>087 125 CORREGPOLCIVIL Não confirma<strong>do</strong>088 124 e 231 D SECC SOROCABA EM ANDAMENTO089 124 e 231 D SECC SOROCABA Carcereiro CLOVIS ASSIS preso090 119 CORREGPOLCIVIL Não confirma<strong>do</strong>091 126 CORREGPOLCIVIL Não confirma<strong>do</strong>092 066 DP-CAMPINAS Não confirma<strong>do</strong>093 067 DP-MONTEMOR Inquérito em andamento094 079 e 159 DENARC e CORREGPM Não confirma<strong>do</strong>095 070 DISE-SOROCABA Não confirma<strong>do</strong>096 068 DP-CAMPINAS Não confirma<strong>do</strong>097 038 DISE-ARARAQUARA Inquérito em andamento098 071 DISE-SOROCABA Não confirma<strong>do</strong>099 041 DISE-SANTOS Não confirma<strong>do</strong>100 080 DENARC APFD-Tráfico101 072 DISE-SOROCABA Não confirma<strong>do</strong>102 232 CORREGPM Ex-Cap CAMARA103 081 DENARC Em andamentoOFÍCIO CPI RELATÓRIO ÓRGÃO APURADOR RESULTADO DA APURAÇÃO104 073 DP-ALUMINIO Não confirma<strong>do</strong>105 082 DENARC Não confirma<strong>do</strong>106 040 DISE-S. J. CAMPOS Não confirma<strong>do</strong>107 074 DP-VOTORANTIN Não confirma<strong>do</strong>108 075 DISE-AVARÉ Não confirma<strong>do</strong>109 076 SIG-CAPÃO BONITO Em andamento110 042 DISE-SANTOS Não confirma<strong>do</strong>111 043 DISE-SANTOS Não confirma<strong>do</strong>112 044 DISE-SANTOS Não confirma<strong>do</strong>113 045 DISE-SANTOS Não confirma<strong>do</strong>114 046 DISE-SANTOS Não confirma<strong>do</strong>115 047 DISE-SANTOS Não confirma<strong>do</strong>116 048 DISE-SANTOS Não confirma<strong>do</strong>117 049 DISE-SANTOS Não confirma<strong>do</strong>118 050 DISE-SANTOS Não confirma<strong>do</strong>119 051 DISE-SANTOS Não confirma<strong>do</strong>120 052 DISE-SANTOS Não conf./em andamento121 053 DISE-SANTOS Não confirma<strong>do</strong>122 054 DISE-SANTOS Não confirma<strong>do</strong>123 055 DISE-SANTOS Não confirma<strong>do</strong>124 056 DISE-SANTOS Não conf./em andamento126 057 DISE-SANTOS Não confirma<strong>do</strong>127 058 DISE-SANTOS Não confirma<strong>do</strong>128 059 DISE-SANTOS Em andamento129 077 e 195 19º Ciretran-Sorocaba Improce<strong>de</strong>130 060 DISE-SANTOS APFD-Tráfico131 061 SIG-CUBATÃO Não confirma<strong>do</strong>132 039 e 186 DISESÃO SEBASTIÃO Não confirma<strong>do</strong>133 062 DP-PRAIA GRANDE Em andamento134 063 DP PRAIA GRANDECorregPMEm andamentoNão conf. partic. PMs135 065 DISE-SANTOS Não confirma<strong>do</strong>136 083 DENARC Em andamento137 078 e 230 Del. Sec.Sorocaba Em andamento138 084 DENARC Ato infracional139 085 e 183 DENARC Não confirma<strong>do</strong>140 086 DENARC Não confirma<strong>do</strong>141 069 DP-SUMARÉ APFD-Porte ilegal <strong>de</strong> arma142 064 DP-PRAIA GRANDE Em andamento143 087 DENARC Não confirma<strong>do</strong>144 088 DENARC Local não existe145 037 DISE-CAMPINAS Não confirma<strong>do</strong>146 180 Del Secc Campinas José usuário148 246 D SECC PRESID Improce<strong>de</strong>VENCESLAU149 194 e 244 DENARC APFD Tráfico150 244 DENARC Em andamento155 180 DP Sumaré Josimar esta foragi<strong>do</strong>156 215 DP PARANÁ Casal <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong> já estava preso157 244 DENARC Em andamento160 187 DENARC não conf.162 258 CorregPM Não conf.163 180 DP Sumaré Dú=procura<strong>do</strong> art 180164 187 DENARC Numeral <strong>do</strong> local não existe165 232 DENARC JOÃO CARLOS é Sgt Reforma<strong>do</strong><strong>do</strong> RJ, sen<strong>do</strong> o restante não conf.167 180 Dise Jundiaí Não conf.168 154 e 258 DISE S.J. Rio Preto Não confirma<strong>do</strong> e eme CorregPMandamento170 258 CorregPM Em andamento174 180 Del Secc Campinas Roberto usuário175 180 DP Sumaré APFD <strong>do</strong>c falso176 187 e 192 DENARC e improce<strong>de</strong>nteCORREGEPOL177 251 CORREGEPOL Em andamento178 222 DENARC DADA tem problemas mentais179 180 Del Secc Piracicaba Não conf.180 187 DENARC Não conf.181 187 DENARC Não conf.183 244 DENARC Em andamento185 194 DENARC improce<strong>de</strong>188 216 DP SECC MARÍLIA Não conf.190 244 DENARC Em andamento191 187 DENARC Não conf.192 204 Del Secc Taubaté Não conf.193 246 D SECC PRES Improce<strong>de</strong>VENCESLAU195 258 CorregPM Em andamento196 222 DENARC Marina e Rose mudaram-se198 180 Del Secc Campinas Ex-carcereiro André Mangelo200 180 Del Secc Jundiaí Não conf.201 151 Del Sec Americana Improce<strong>de</strong>nte202 145 Del Sec Bauru Improce<strong>de</strong>nte203 150 DISE Limeira Não confirma<strong>do</strong>204 147 DEINTER -3 Improce<strong>de</strong>nte206 258 CorregPM Não conf.207 258 CorregPM Não conf.208 143 DENARC Já possuia o IP nº071/00209 130 e 160 Sec Adm Penit Sind CASP nº04/95-arquivada211 251 DEINTER-6 Para instrução212 185 Correg Geral MG Da<strong>do</strong>s insuficientes214 142 e 156 DENARC APFD tráfico215 148 DISE <strong>São</strong> Carlos Não confirma<strong>do</strong>227 251 DEINTER-6 Para instrução228 251 DEINTER-6 Para instrução231 165 DP Pieda<strong>de</strong> Não conf.233 251 DEINTER-6 Para instrução235 251 DEINTER-6 Para instrução236 251 DEINTER-6 Para instrução239 233 e 251 DEINTER-6 Improce<strong>de</strong>nte240 251 DEINTER-6 Para instrução241 251 DEINTER-6 Para instrução242 233 e 251 DEINTER-6 Improce<strong>de</strong>nte243 251 DEINTER-6 Para instrução244 251 e 258 DEINTER-6 e Para instrução e verifica<strong>do</strong>CorregPM que trata-se <strong>do</strong> Sd LESSA,apuração em andamento245 196 CorregPM Ex-PM Paulão246 233 DEINTER-6 Local inexiste247 233 e 258 DEINTER-6 e Improce<strong>de</strong>nte eCorregPMem andamento249 155 Correg. Adm. Penit. Não confirma<strong>do</strong>250 233 DEINTER-6 Improce<strong>de</strong>nte251 251 DEINTER-6 Para instrução252 157 Correg. Adm. Penit. Não confirma<strong>do</strong>253 251 DEINTER-6 Para instrução254 233 DEINTER-6 Improce<strong>de</strong>nte255 251 DEINTER-6 Para instrução256 251 e 258 DEINTER-6 e Para instrução e


16 – D.O.E.; Po<strong>de</strong>r Legislativo, <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, 112 (117), sába<strong>do</strong>, 22 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2002 – SUPLEMENTOOFÍCIO CPI RELATÓRIO ÓRGÃO APURADOR RESULTADO DA APURAÇÃOCorregPMem andamento257 233 DEINTER-6 Improce<strong>de</strong>nte258 233 DEINTER-6 Improce<strong>de</strong>nte259 251 e 258 DEINTER-6 e Para instrução eCorregPMem andamento260 251 DEINTER-6 Para instrução261 144 e 233 Del Secc Santos IP nº116/00 e Sind nº081/00262 251 DEINTER-6 Para instrução263 251 DEINTER-6 Para instrução261 251 DEINTER-6 Para instrução266 251 DEINTER-6 Para instrução267 233 DEINTER-6 Improce<strong>de</strong>nte268 251 DEINTER-6 Para instrução269 251 DEINTER-6 Para instrução270 158 Correg. Adm. Penit. Não confirma<strong>do</strong>271 214 CASP Arquivamento272 253 DEINTER-7 Não conf.273 199 CORREGEPOL Improce<strong>de</strong>274 232 DENARC Denuncia<strong>do</strong> <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>276 203 e 224 Del Secc Americana Andreia Piffer é procuradae CorregPM277 201 DP Santa Isabel Não conf.278 258 CorregPM Não conf.280 172 Del Secc Jales Não conf./em andamento281 244 DENARC Em andamento282 244 DENARC Em andamento284 200 DHPP Não conf. a relação285 234 DEINTER-2 Há 7 aeroportos clan<strong>de</strong>stinosem Mococa, porém não hámeios para atuação286 194 DENARC Trailler fora <strong>de</strong> func.287 187 DENARC Não conf.288 223 POL CIVIL / MS Não conf.289 234 DEINTER-2 Não conf.291 222 DENARC Escola abriga 62 menoresem liberda<strong>de</strong> assistida292 229 DP COSMÓPOLIS Local inexiste, e os nomessão <strong>de</strong> GCMs293 184 Dise Itapetininga Não conf.294 228 D SECC SOROCABA improce<strong>de</strong>nte295 236 DENARC Não conf.299 232 DENARC Não conf.300 234 SIG SUMARÉ Josimar esta foragi<strong>do</strong>. Edmoe Cleonice localiza<strong>do</strong>s, APFD<strong>de</strong> Claudio Luiz <strong>de</strong> O Ferreira301 191 Dise Jacareí Não conf.302 234 DISE JUNDIAI Em andamento303 251 CORREGEPOL Em andamento304 244 DENARC Em andamento305 198 Dise Registro Improce<strong>de</strong>307 187 DENARC Não conf.308 244 DENARC Em andamento309 190 POLCIVIL <strong>de</strong> SC Não conf./em andamento310 227 DISE SANTOS Gaspar não i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>311 244 DENARC Em andamento312 244 DENARC Em andamento313 194 DENARC Estabelec. fecha<strong>do</strong>314 201 DP Santo André Não conf.315 227 DISE SANTOS Local inexiste316 225 e 227 CorregPM e Prisão em flagrante <strong>de</strong>DISE SANTOS tráfico <strong>de</strong> Carlos e Alex317 182 DEMACRO Não conf.318 227 DISE SANTOS Wilson não esta liga<strong>do</strong> ao tráfico320 244 DENARC Em andamento321 249 32ºBPM/M Não conf. partic. <strong>de</strong> PMs322 253 DEMACRO Não conf.325 253 DEMACRO Não conf.326 242 CorregPM Em andamento328 235 D SECC SANTOS Não conf.329 232 e 243 DEINTER-2 Infundada330 202 DP Matão Improce<strong>de</strong>331 232 e 243 DEINTER-2 Infundada332 244 DENARC Em andamento333 226 e 249 CorregPM MBA na casa <strong>de</strong> Rodrigo,resultan<strong>do</strong> em Flagrante <strong>de</strong>ato infracional por tráfico334 179 Dise Santos Local não existe335 237 D SECC SOROCABA Fernan<strong>do</strong> Dini Neto,responsável pela Igreja, negou336 193 42ºDP Improce<strong>de</strong>337 237 D SECC SOROCABA Amauri Marchetti é proprietário338 179 Dise Santos Remessa a Pol Fed339 181 DP Ipiguá Não conf./em andamento340 244 DENARC Em andamento341 244 DENARC Em andamento342 179 Dise Santos APFD Peculato e Porte Arma343 244 DENARC Em andamento344 179 Del Secc Santos InqPol 140/00 e Sind 101/00348 232 e 239 DEINTER-2 João Zeni possui antecednetescriminais e esta respon<strong>de</strong>n<strong>do</strong>Inquéritos-Em andamento350 232 DEINTER-6 IP nº116/00 e Sind nº081/00351 254 DISE SANTOS Não há relação entre o<strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong> ADEMIR comIVAN, preso por tráfico352 255 DISE SANTOS Não conf.353 238 e 243 DP S J RIO PARDO “MA” foi preso em flagrantepor tráfico354 217 DP CAJAMAR A <strong>de</strong>nunciada já estava presapor tráfico355 232 CorregPM Em andamento356 218 e 251 53ºDP Foi instaura<strong>do</strong> InqPolOfícios CPI Narco (Disque Denúncia)que ainda não foram respondi<strong>do</strong>s037, 099, 120, 124, 125, 129, 134, 137, 141, 147, 151, 152,153, 154, 158, 159, 161, 166, 169, 171, 172, 173, 182, 186,189, 194, 197, 201, 210, 213, 216, 217, 218, 219, 220, 221,222, 223, 224, 225, 226, 229, 230, 231, 232, 234, 237, 238,248, 264, 265, 275, 279, 283, 290, 296, 306, 323, 324, 327,345, 346, 357, 358, 359, 361, 363, 364, 366, 367, 368, 373,375, 376, 377, 380, 381, 383, 384, 385, 386, 387, 388, 389,390, 391, 392 e393.TOTAL: 090 Ofícios em andamento.5.6.3. Severínia e Região: As <strong>de</strong>núncias <strong>de</strong> JoaquimArnal<strong>do</strong> da Silva NetoEm audiência pública, realizada na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> José<strong>do</strong> Rio Preto, em 10 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2.000, esta Comissãoouviu o <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> Joaquim Arnal<strong>do</strong> da Silva Neto,advoga<strong>do</strong> militante naquela região. Assessor daMunicipalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Severínia até 1997, <strong>de</strong>nuncia o <strong>de</strong>poentea existência <strong>de</strong> diversas operações ilegais que resultaramno <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> recursos públicos, seja através <strong>de</strong> frau<strong>de</strong> naslicitações e posterior pagamento <strong>de</strong> serviços não executa<strong>do</strong>s,seja com a utilização <strong>de</strong> notas fiscais irregulares.As notas fiscais, adulteradas ou produto <strong>de</strong> roubo,teriam como principal função “esquentar” merca<strong>do</strong>riasroubadas. Através <strong>de</strong>stas notas, as merca<strong>do</strong>rias roubadasentrariam legalmente no patrimônio <strong>de</strong> algumas empresas,que as revendiam para as Prefeituras locais, haven<strong>do</strong> casos<strong>de</strong> venda direta à Municipalida<strong>de</strong>.Declara o <strong>de</strong>poente:“Tu<strong>do</strong> isso que se passa nada mais é <strong>do</strong> que a extração<strong>do</strong> dinheiro que é feito e origina<strong>do</strong> no <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> notasfiscais. Iniciou-se essa investigação originariamente nomunicípio <strong>de</strong> Severínia e esten<strong>de</strong>u-se ao município <strong>de</strong>Guaraci, ao município <strong>de</strong> Mirassol, e são vários os municípiosaqui na macrorregião que estão envolvi<strong>do</strong>s. Mas emtodas elas foram feitas a captação <strong>de</strong>ssas notas fiscais aqui<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto <strong>de</strong> um escritório aqui estabeleci<strong>do</strong>- o escritório Anchieta - que é quem faz essa distribuição<strong>de</strong> notas fiscais através <strong>de</strong> pessoas, funcionárioscomo o Sr. Márcio Arruda da Silva. Dentre esses esquemas,alguns funcionários que se dizem funcionários <strong>do</strong>Tribunal <strong>de</strong> Contas, como o Sr. Luiz Gonzaga Souza, seemprega num esquema pré-monta<strong>do</strong>, ele se emprega emprefeituras da região, e falsifica processos licitatórios, querealmente culminam num <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> dinheiro público <strong>de</strong>valores imensuráveis em todas essas prefeituras da região.Eles se utilizam <strong>de</strong> vários meios e formas em relação aessas notas fiscais, <strong>de</strong>ntre elas, participam empresas querealmente estão sediadas, estão previamente constituídas e<strong>de</strong>pois se utilizam <strong>de</strong> empresas que jamais se constituíramem momento algum junto à Junta Comercial <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>,são empresas falsas por natureza e <strong>de</strong>pois empresas quese estabelecem falsamente utilizan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentosfalsos e, posteriormente, remetem o que elas são, sãoempresas que muito provavelmente pelo número tãopouco <strong>de</strong>las, e que estão relacionadas com medicamentos,são aquelas que justificam o roubo <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> medicamentosexistente em nossa região.(...)Essas notas também vêm através <strong>de</strong> roubos <strong>de</strong> notas,eles furtam essas notas fiscais <strong>de</strong> algumas empresas representadase empenham essas notas fiscais como justificativas.No caso <strong>do</strong>s remédios tu<strong>do</strong> aquilo que é leva<strong>do</strong> a eles,eles justificam dan<strong>do</strong> entrada. Houve pela minha partevárias representações junto à Secretaria da Fazenda <strong>de</strong><strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto, e houve muita colaboração porparte da Secretaria da Fazenda através <strong>do</strong> Dr. Dorival (?),houve um problema naquele esquema das notas fiscais,eles passaram a ser mais atrevi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> uma certa forma,porque aquelas notas fiscais que esquentavam cargas <strong>de</strong>sviadas,eles falsificavam a nota <strong>de</strong> entrada da merca<strong>do</strong>riajunto a empresa para justificar a possível venda às prefeituras.Isso tornou-se um círculo vicioso, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse próprioesquema e obviamente o dinheiro <strong>de</strong>svia<strong>do</strong> era aqueledinheiro que também subsidiava o próprio tráfico através<strong>de</strong> Monobloco, que foi servi<strong>do</strong>r público na PrefeituraMunicipal <strong>de</strong> Severínia, através <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> serviçosgerais lá <strong>de</strong>ntro, ele realizava obras e tu<strong>do</strong> o mais.Quan<strong>do</strong> ele <strong>de</strong>sviava em colaboração com o prefeito evários outros envolvi<strong>do</strong>s como Araré <strong>de</strong> Agostinho Pinto,porque nas duas prefeituras tanto <strong>de</strong> Severínia quanto <strong>de</strong>Guaraci, os <strong>do</strong>is chefes <strong>de</strong> compras eram parentes, eramprimos entre si; o assessor jurídico chama-se JoséFernan<strong>de</strong>s, vulgo Bicu<strong>do</strong>, ele junto com o chefe <strong>de</strong> compras<strong>de</strong> Severínia, Araré <strong>de</strong> Agostinho Pinto era quem buscavaas notas fiscais aqui em <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto.”“(...) o mentor intelectual disso tu<strong>do</strong> chama-se HélioKeller que também possui inúmeros relacionamentos noesquema da nota fiscal, e , principalmente, ao mentor intelectual<strong>de</strong> to<strong>do</strong> esse esquema das notas fiscais que é oJosé Luiz Ferreira <strong>do</strong> Val. Ele é um perito, um senhor <strong>de</strong><strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto que tem o escritório na R. XV <strong>de</strong>Novembro, e que falseia processos e perícias para justificaraqueles que preten<strong>de</strong>m ou não entrar no esquema, (...).Essa pessoa é quem recebe inclusive os cartões <strong>de</strong> LuizGonzaga Souza e José Luiz Ferreira <strong>do</strong> Val, os cartõescomerciais <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is possuem os mesmos en<strong>de</strong>reços e osmesmos telefones.Vários processos licitatórios, to<strong>do</strong>s eles fraudulentos,da qual esse moço participa, e que com a ajuda na distribuição<strong>de</strong>sse Márcio Arruda, simplesmente subsidia umvolume <strong>de</strong> dinheiro tal para que Hélio Keller junto com osprefeitos subsidiem nessa região, forneçam e dão subsídiostranqüilos para que Monobloco atue com a maiortranqüilida<strong>de</strong> na região.“(...) esse esquema da notas fiscais, que subsidia tu<strong>do</strong>isso, existe há muitos anos. Quem trouxe ele para a região,exercen<strong>do</strong> outras funções que não seja a função pública,Mariluce já utilizava esse esquema das notas fiscais <strong>de</strong>s<strong>de</strong> oinício <strong>do</strong> seu envolvimento na Máfia <strong>do</strong> Açúcar, porque aadministração anterior <strong>de</strong> Olímpia com o Sr. José CarlosMoreira, a atual administração <strong>de</strong> Guaraci, e a atual administração<strong>de</strong> Severínia, todas as três sempre possuíram osmesmos assessores, sempre Luiz Gonzaga Souza, sempreNereu Nadruz, uma pessoa que jamais foi ouvida até, e essecidadão é fundamental, e Araré Agostinho Pinto. Todasessas pessoas que trabalhavam nessas administraçõescomeçou por Olímpia, vieram a Severínia, foram a Guaracie sempre foram as mesmas pessoas.A relação <strong>de</strong>le aqui em <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto comJosé Luiz Ferreira <strong>do</strong> Val é imensa, estive no escritório<strong>de</strong>sse cidadão. Ele chegou a pensar inclusive em me fazerpropostas para que eu <strong>de</strong>ixasse isso para trás.(...)Severínia hoje conta com uma gama <strong>de</strong> aproximadamente70 empresas envolvidas, nas quais, no mínimo 25estão sediadas em <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto. Dessas 25, oescritório Anchieta é responsável pela contabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>lasaproximadamente em 60 a 70%. No escritório Anchietaon<strong>de</strong> trabalham Márcio Arruda da Silva, cujo proprietário éo advoga<strong>do</strong> Dr. Leonísio Nazaré Polezzi. (...)Agora, o que me<strong>de</strong>ixou mais impressiona<strong>do</strong> é que a quantida<strong>de</strong> são muitasas formas : a primeira forma , a empresa não existe, nuncase viu, não existe registro, não existe Junta Comercial, nãoexiste Secretaria da Fazenda, não existe nada. Eles simplesmentelevantam o CGC <strong>de</strong> uma empresa falsa, levantamuma inscrição estadual inexistente ou já caducada, constituema nota fiscal e empenham nessas prefeituras.”Além <strong>do</strong> envolvimento das autorida<strong>de</strong>s municipais,afirma o <strong>de</strong>poente que não se trata apenas <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio <strong>de</strong>recursos e sim, <strong>de</strong> uma “re<strong>de</strong> organizada”, envolvida comroubou <strong>de</strong> cargas e com o <strong>narcotráfico</strong>.“Depois que <strong>de</strong>scobri que isso realmente era originário<strong>de</strong> dinheiro lava<strong>do</strong> através <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas, num <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>dia recebi um telefonema anônimo em minha casa,em que o prefeito e o ex-<strong>de</strong>lega<strong>do</strong> <strong>de</strong> polícia <strong>de</strong> Severínia,Dr. Carlos Donizete Nogueira receberiam uma muambanum sítio próximo a Severínia. Apenas me <strong>de</strong>ixou extremamentecurioso que o guarda que naquele exato momento,embora estivessem em cinco, seis, <strong>de</strong>z carros da polícia,sabe-se lá eu quantos, eles receberiam essa muamba porvolta <strong>de</strong> uma hora da madrugada. Por volta da uma horada madrugada, esse sítio é e, frente ao posto <strong>de</strong> IvoArioval<strong>do</strong> Pimenta, a um quilometro e meio <strong>de</strong> Severínia,on<strong>de</strong> também há indícios <strong>de</strong> que foi ele o adquirente <strong>do</strong>motel <strong>do</strong> Sr. Jacob Perez, <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Bonito, e é<strong>de</strong>sse município que são trazidas as drogas para o la<strong>do</strong> <strong>de</strong>Severínia e <strong>de</strong> <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto. Tu<strong>do</strong> isso ocorreu eisso <strong>de</strong>ixou-me bastante atônito porque essa polícia chegoupróximo ao local on<strong>de</strong> seria <strong>de</strong>scarrega<strong>do</strong> o caminhão,e na porteira <strong>de</strong> entrada <strong>de</strong>sse sítio, simplesmente nãopu<strong>de</strong> imaginar e é difícil <strong>de</strong> se imaginar mas vários camburõesda polícia permitiram que um Fiat Uno que estavaestaciona<strong>do</strong> ali com quatro elementos <strong>de</strong>ntro fugissem <strong>do</strong>local. Esse Fiat a<strong>de</strong>ntrou-se no município <strong>de</strong> Severínia emalta velocida<strong>de</strong> e sei que num <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> momento nãoconseguiram pegar ele.Num <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> momento, um solda<strong>do</strong> da PM <strong>de</strong>Severínia chama<strong>do</strong> solda<strong>do</strong> Alves, foi ele quem chegou atéao <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> <strong>de</strong> polícia e disse se ele estava procuran<strong>do</strong> umFiat Uno cor cinza na cida<strong>de</strong>. O <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> disse que sim,abordaram o carro, fizeram o boletim por <strong>de</strong>sobediência, ocara alegou que os quatro estavam usan<strong>do</strong> droga naquelelocal. Só que o motorista nunca soube dizer quem eram osoutros três, nunca souberam e jamais investigaram quemsão os outros três.Deus é muito gran<strong>de</strong>, e quatro meses <strong>de</strong>pois, esse solda<strong>do</strong>da PM foi preso junto com Monobloco num flagrantefeito pela polícia <strong>de</strong> Pitangueiras, em que ele portava umamoto roubada, um carro foi balea<strong>do</strong>, eles estavam <strong>de</strong>posse <strong>de</strong> um monte <strong>de</strong> fardas e armas da Polícia Militar nomunicípio <strong>de</strong> Pitangueiras. Acho que isso foi o princípio <strong>de</strong>tu<strong>do</strong> e aprofun<strong>de</strong>i as minhas investigações. Em primeirolugar, o ex-investiga<strong>do</strong>r <strong>de</strong> polícia <strong>de</strong> Severínia, Adrianinhorecentemente foi exonera<strong>do</strong> da polícia por ter si<strong>do</strong> con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>por tráfico internacional portan<strong>do</strong> três quilos <strong>de</strong>cocaína, junto com um colombiano no município <strong>de</strong>Guariba. Esse ex-<strong>de</strong>lega<strong>do</strong> <strong>de</strong> polícia também era quemautomaticamente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> mais ou menos 1990 quan<strong>do</strong> elea<strong>de</strong>ntrou na polícia (?), já mantinha contatos intensos comMário Lúcio, já sabia <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os esquemas das notas fiscais,visto que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> aquela época Mário Lúcio já participou<strong>do</strong> esquema da máfia das notas fiscais com relação aoproblema da máfia <strong>do</strong> açúcar.Como se constata <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>poimento, <strong>de</strong>ntre os principaisenvolvi<strong>do</strong>s, estariam Mario Lucio Lucatelli, ex prefeito<strong>de</strong> Severínia e Waltecir Monteiro, ex prefeito <strong>de</strong> Guaraci.Acusa ainda o <strong>de</strong>poente que estas ativida<strong>de</strong>s seriam <strong>de</strong>conhecimento <strong>do</strong> então <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> <strong>de</strong> Polícia <strong>de</strong> Severínia,Dr. Carlos Donizete Nogueira.Afirma, por fim, que Mario Lucio Lucatelli, ex prefeito<strong>de</strong> Severínia, estaria liga<strong>do</strong> a um conheci<strong>do</strong> traficantedaquela região, Luiz Carlos Antunes Silva, conheci<strong>do</strong> comoMonobloco. Além <strong>de</strong> primo <strong>do</strong> ex-prefeito, Monoblocoestaria associa<strong>do</strong> às diversas pessoas citadas, no tráfico <strong>de</strong>drogas naquela região. Ao ser questiona<strong>do</strong> sobre a relaçãoestabelecia entre esse esquema frio <strong>de</strong> notas fiscais e omonobloco, afirma o <strong>de</strong>poente:“ Mas se <strong>de</strong>stina dinheiro ao Monobloco <strong>de</strong> uma formaassim atrevida. Por um perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> Banco Itaú da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Olímpia, o próprio Monobloco tinha uma conta corrente queera movimentada pelo prefeito no ano <strong>de</strong> 99. Era o próprioMário Lúcio quem preenchia os cheques em nome <strong>do</strong> BancoItaú <strong>de</strong> Olímpia em nome <strong>do</strong> monobloco XXXX. Aliás, parte<strong>do</strong> esquema, numa época, foi <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> no conta da mãe<strong>de</strong>le, <strong>do</strong> Babão, da mãe <strong>do</strong> prefeito; a outra parte <strong>do</strong> esquemafoi <strong>de</strong>stinada à conta <strong>de</strong> Osval<strong>do</strong> Augusto AntunesJúnior, que é o pai <strong>do</strong> advoga<strong>do</strong> Flávio Antunes, que trabalhano processo aqui em <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto.”“De to<strong>do</strong> esse esquema procurei acompanhá-lo verda<strong>de</strong>iramente.Monobloco no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais atuacom o codinome <strong>de</strong> “Paraguaio”, e ali ele tem realmenteuma pressão muito forte entre os municípios que participam<strong>do</strong> Triângulo da Maconha ali no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas,Ituiutaba e <strong>São</strong> Francisco <strong>de</strong> Sales.Depois daí, ele também tem a sua atuação, on<strong>de</strong> elecapta, porque ele vem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o município <strong>de</strong> Ponta Porã, naverda<strong>de</strong> não se capta nada em Ponta Porã. (...) Nessa vila<strong>de</strong> Coronal Sapucai é on<strong>de</strong> ele tem um verda<strong>de</strong>iro esquema,junto a uma pessoa <strong>de</strong> nome Ramón.”“Ali, eles se utilizam em alguns momentos <strong>de</strong> umacaminhonete D 20 vermelha para trazer <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>de</strong> cá, complacas <strong>de</strong> Campo Ver<strong>de</strong>, Mato Grosso. Isso me estranhaporque Campo Ver<strong>de</strong>, Mato Grosso, é on<strong>de</strong> por ser próximoe entre meio a Ron<strong>do</strong>nópolis e Cuiabá, é um <strong>do</strong>s poucosmunicípios <strong>do</strong> Mato Grosso que possui uma pista <strong>de</strong>aeronaves, e ali se <strong>de</strong>sce e sobe a to<strong>do</strong> momento. Essacaminhonete era vista a to<strong>do</strong> instante em Severínia, porqueo contato <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>ssas maiores firmas subsidiadas econstituídas com fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>sviar esse dinheiro nada mais é<strong>do</strong> que uma firma que era utilizada por Geral<strong>do</strong> RodriguesNé(?), que é um “laranja” <strong>de</strong>les, cujo relacionamento <strong>de</strong>lecom um <strong>do</strong>s assessores <strong>do</strong> prefeito , Nil<strong>do</strong> Hortêncio, quetem vários parentes no município <strong>de</strong> Fernandópolis, on<strong>de</strong>eu tinha para<strong>do</strong> as minhas investigações se iniciava comrelação a mostrar o vínculo <strong>de</strong>sse elemento com a famíliaFaria, <strong>de</strong> Fernandópolis.”“Luciano Scalon é o outro braço <strong>de</strong> Monobloco, e éparente <strong>do</strong> vice-prefeito <strong>de</strong> Nipoã, José Carlos Cazelato, e étambém irmão mais novo, e traficante com várias passagenspela polícia. (...) é irmão <strong>de</strong> Marcos Scalon, que foipreso recentemente, questão da um mês a <strong>do</strong>is mesesmais ou menos, por roubo <strong>de</strong> tratores a um sítio a um quilômetro<strong>de</strong> Severínia, vizinho <strong>do</strong> sítio a que seria <strong>de</strong>stinadaa muamba, e que receberia Dr. Carlos Nogueira.(...)esses tratores eram transporta<strong>do</strong>s para o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>Mato Grosso <strong>do</strong> Sul, muito provavelmente para a fazenda<strong>do</strong> então prefeito municipal visto que ele era dirigi<strong>do</strong> porum funcionário público municipal <strong>de</strong> nome SérgioStringuini. Depois disso daí, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1998, tomei ciência <strong>do</strong>la<strong>do</strong> em que participa o esquema das notas fiscais <strong>de</strong>Guaraci, um <strong>de</strong>les é um japonês chama<strong>do</strong> Nelson Akazaki.Um dia, ele esteve em minha casa em companhia <strong>de</strong>alguns verea<strong>do</strong>res e inclusive, naquela época ele me disseque ele queria me fazer uma revelação: relatou que eleleva<strong>do</strong> 50 mil dólares para a base aérea <strong>de</strong> Pirassununga, atítulo <strong>de</strong> pagamento <strong>de</strong> uma droga que seria entregue nomunicípio <strong>de</strong> Icém por uma pessoa chamada Nilza Bekara.(...)a droga caia na ponte da represa da Enseada Azul, naUsina <strong>de</strong> Marimbon<strong>do</strong>, e ali eram buscadas por pesca<strong>do</strong>res<strong>do</strong> município <strong>de</strong> Fronteira. Numa noite, tentei por váriasvezes, mas por inexperiência nesse setor, não consegui filmar,mas a droga é jogada ali na represa <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> e écaptada e levada a Nilza Bekara, ela busca <strong>do</strong> outro la<strong>do</strong>da fronteira nesse Ka<strong>de</strong>t.”Observe-se que afirma o <strong>de</strong>poente a existência <strong>de</strong> umare<strong>de</strong> envolven<strong>do</strong> diversos municípios e autorida<strong>de</strong>s, naqual estaria sen<strong>do</strong> repeti<strong>do</strong> o procedimento <strong>de</strong> fraudar contaspúblicas, <strong>de</strong>svian<strong>do</strong>-se recursos, através <strong>de</strong> notas falsas,aquisição <strong>de</strong> medicamentos provenientes <strong>de</strong> cargas<strong>de</strong>sviadas. Estabelece o <strong>de</strong>poente uma ligação entre osdiversos casos, através <strong>de</strong> relações pessoais entre osenvolvi<strong>do</strong>s - parentesco, relações <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> - ou consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>uma semelhança entre as frau<strong>de</strong>s praticadas (notasfalsas ou falsificadas, merca<strong>do</strong>rias adulteradas, em que nãose po<strong>de</strong> constatar a origem, fornecimento <strong>de</strong> notas friasatravés <strong>de</strong> um mesmo escritório ou empresa). Dentre asrelações citadas,“Todas as vezes que esses prefeitos eram processa<strong>do</strong>sem ações civis públicas, todas as vezes o primeiro advoga<strong>do</strong>que se apresentava para <strong>de</strong>fendê-los era o Sr. MarcosBarbur. Ele é uma pessoa que tem ligações em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>.É triste e prefiro até não acreditar mas estive com ele,não ouvi da boca <strong>de</strong> outras pessoas, ouvi da boca <strong>do</strong> Sr.Régis <strong>de</strong> Oliveira que ele iria nos ajudar naquela época porqueuma das pessoas que o ajudava em campanhas políticas,era uma das pessoas que subsidiavam o prefeito, chamava-seBadi Aydar, que ofereceu a ele 300 mil dólarespara a campanha política. On<strong>de</strong> isso vai, não sei, mas ouvida boca <strong>de</strong>le, <strong>do</strong> próprio <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>. Estávamos em quatro efomos procurá-lo pela pessoa que é, pela respeitabilida<strong>de</strong>que tínhamos e que achávamos que como uma pessoa <strong>de</strong>bem, uma pessoa da região, po<strong>de</strong>ria nos orientar sobre amelhor forma <strong>de</strong> agir. Pudéssemos nos orientar falan<strong>do</strong> vaipor aqui, ou vai por ali. A resposta que ele nos <strong>de</strong>u em<strong>do</strong>is minutos curtos e claros foi: um <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s em vários<strong>de</strong>sses processos em ações civis públicas que se movecontra o prefeito <strong>de</strong> Olímpia na comarca <strong>de</strong> Olímpia contrao prefeito <strong>de</strong> Severínia, om Sr. Antonio Carlos Brancato,assessor <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Salim Curiati e <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> NabiAbi Chedid é testemunha. O Sr. Antonio Carlos Brancatotem escritório na Av. Paulista, nº 837, Edifício das Nações,11º andar. Ele teve o seu escritório ali. Dias atrás saiu dali eele é testemunha em alguma <strong>de</strong>ssas ações. Emiti esse precatóriopara <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> para que ele ouvi<strong>do</strong> em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>.Antonio Carlos Brancato é advoga<strong>do</strong>, e hoje assessor <strong>do</strong>s<strong>de</strong>puta<strong>do</strong>s Nabi Abi Chedid e <strong>de</strong> Salim Curiati. E foramessas as informações que peguei em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>.Quan<strong>do</strong> fui para lá para tentar falar com ele, não consegui.Conversei com ele uma vez, e outras vezes jamaistive a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conversar com ele novamente. Mastu<strong>do</strong> o que ouvi era motivo <strong>de</strong> gozação, <strong>de</strong> que aquilo nãovirava nada, <strong>de</strong> que aquilo era balela, que ninguém atingiaMário Lúcio Lucatelli, era sempre isso, essas conversas.”Acrescente-se que o <strong>de</strong>poente esclareceu ter toma<strong>do</strong>conhecimento <strong>de</strong> tais operações após investigações realizadasdurante cerca <strong>de</strong> três anos. Ainda como servi<strong>do</strong>r municipal,constatou a existência <strong>de</strong> uma compra <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> construção<strong>de</strong> alto valor. Ao procurar diretamente o fornece<strong>do</strong>r,este negou ter forneci<strong>do</strong> qualquer material àquela prefeitura:“As notas fiscais iniciaram-se ali em Severínia no primeirodia da administração Mário Lúcio. No dia 2 <strong>de</strong> janeiro<strong>de</strong> 1997, ele empenhava notas fiscais furtadas <strong>de</strong> umaempresa <strong>de</strong> Barretos chamada JM Filhos & Filhos LTDA.(...) Jamais soube o que ocorria até que no final <strong>de</strong> 1997,<strong>de</strong>parei-me com uma nota fiscal <strong>de</strong> compra <strong>de</strong> material <strong>de</strong>construção em que o valor era superfatura<strong>do</strong>, e além <strong>do</strong>valor superfatura<strong>do</strong> a nota fiscal era <strong>de</strong> 250 quilômetros <strong>do</strong>município, sen<strong>do</strong> que em Severínia tem três lojas <strong>de</strong> materiais<strong>de</strong> construção, e em Olímpia, que é ao la<strong>do</strong> <strong>de</strong>Severínia, tem umas cinco <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte.Em primeiro, achei aquilo infinitamente estranho, fuiaté o município <strong>de</strong> Sabino, da on<strong>de</strong> era a empresa MacronMateriais para Construção LTDA. (...)Num <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> dia, inconforma<strong>do</strong> com aquilo,liguei para a empresa, e pedi que os <strong>do</strong>nos da empresa emSabino me recebessem. Me apresentei e pedi para queeles me recebessem lá em Sabino :- Mas o que o senhor quer ?- Quero conversar com vocês pessoalmente.- Fui até Sabino e conversei com o proprietário, e ocara quase teve um enfarte, caiu duro, passou mal.- Jamais, nem sei on<strong>de</strong> fica Severínia, não sei o que lá,etc, etc...- Qual o nome <strong>do</strong> proprietário ?- Ah...eu tenho, eu levanto, tenho comigo e <strong>do</strong>u aossenhores.- Ele negou que tivesse forneci<strong>do</strong> material <strong>de</strong> construçãopara a prefeitura.- Falou que jamais emitiu uma nota fiscal para a prefeitura<strong>de</strong> Severínia.”Na sequência, esta Comissão proce<strong>de</strong>u à oitiva <strong>do</strong> exprefeito, Mário Lúcio Lucatelli, que negou as acusações feitas:“Em primeiro lugar, quero <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já colocar à disposiçãoo meu sigilo bancário à disposição; meu e <strong>de</strong> toda a minhafamília, à disposição. Já <strong>de</strong>ixo autoriza<strong>do</strong> também o sigilobancário da prefeitura no meu tempo <strong>de</strong> mandato, 1997 a2000. Deixo autoriza<strong>do</strong> a esta Comissão a quebra <strong>do</strong> sigilobancário meu, da minha família e da prefeitura também.(a pessoa que me antece<strong>de</strong>u aqui é meu inimigo público<strong>de</strong>clara<strong>do</strong>).Era funcionário público municipal e foi por mim <strong>de</strong>miti<strong>do</strong>bem como sua esposa. A partir <strong>do</strong> momento da <strong>de</strong>missão,já foi <strong>de</strong>miti<strong>do</strong> justamente por ter ojeriza ao trabalho.A partir <strong>do</strong> momento da exoneração, essa pessoa começoua me perseguir até hoje.Quero dizer que, com relação às notas que ele fala quesão notas frias, eu, como prefeito, não tenho esse <strong>do</strong>m <strong>de</strong>saber se as notas são frias ou não. Por quê? A prefeituratem o recebe<strong>do</strong>r da merca<strong>do</strong>ria. Não sou o setor responsável.No pátio, na saú<strong>de</strong>, mesmo <strong>de</strong>ntro da prefeitura.(...) Funcionários <strong>de</strong> 25 a 30 anos <strong>de</strong> prefeitura; pessoasresponsáveis e que foram lá e disseram que as obrasestavam lá e que as merca<strong>do</strong>rias por ele dito que são notasfrias que as merca<strong>do</strong>rias foram recebidas. Também, parase ter uma noção, que as três firmas por ele apontadas, asmerca<strong>do</strong>rias não chegam há mais <strong>de</strong> seis ou sete mil reaise que foram merca<strong>do</strong>rias todas entregues.(...)as notas tanto <strong>de</strong> Keller e <strong>de</strong> Rodrigues são obras<strong>de</strong> construção <strong>de</strong> salas <strong>de</strong> aula que estão lá atestadas porengenheiro, atestadas por quem <strong>de</strong> direito que recebeu aobra da prefeitura. Os asfaltos que foram construí<strong>do</strong>s, digase<strong>de</strong> passagem, o preço mais barato da região foi o que eupaguei pelos asfaltos da minha cida<strong>de</strong>, certo! Todas asobras em conformida<strong>de</strong> com a Lei nº 866, certo! E tambémdizer que as obras estão prontas e entregues.(...) Quero dizer também que contra ele há vários processospor injúria, calúnia e difamação, certo! Dizer tambémque estou juntan<strong>do</strong> os <strong>do</strong>cumentos e que a gente estáaqui à disposição <strong>de</strong>ssa Comissão.”Sobre as relações com o traficante conheci<strong>do</strong> comoMonobloco:


D.O.E.; Po<strong>de</strong>r Legislativo, <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, 112 (117), sába<strong>do</strong>, 22 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2002 – SUPLEMENTO – 17“O Monobloco, nobre <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>, é meu primo, primolegítimo. E um dia ouvi <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Nabi uma coisa quenão vou me esquecer nunca mais na minha vida: queprimo e irmão a gente não escolhe. Então, ele é meu primolegítimo, a mãe <strong>de</strong>le é irmã da minha mãe, ele tem trinta epoucos anos, eu tenho 42; ele cuida da vida <strong>de</strong>le. Eu nuncative uma relação sequer com ele. Ele nunca foi funcionárioda prefeitura, nunca usou <strong>de</strong> prefeitura para se fazer e seprojetar nesse ramo. Ele está foragi<strong>do</strong> porque estou saben<strong>do</strong>que ele tem manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> prisão. Mas, há <strong>do</strong>is anos, eleera uma pessoa <strong>de</strong> bem na cida<strong>de</strong>, estava lá tentan<strong>do</strong> serecompor <strong>do</strong>s erros <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> e to<strong>do</strong>s o aceitavam emqualquer roda <strong>de</strong> cerveja, em qualquer papo. Era uma pessoabem relacionada na cida<strong>de</strong>. Quero dizer também quenunca usei conta <strong>de</strong> Monobloco; nunca tive nada a ver comconta <strong>de</strong>le em Itaú, em qualquer banco que seja. O meurelacionamento com ele é <strong>de</strong> pura amiza<strong>de</strong> <strong>de</strong> um primocom outro primo.”Em relação às acusações <strong>de</strong> possuir um patrimôniosuperior aos seus rendimentos, afirma o <strong>de</strong>poente:“E com relação a fazendas no Mato Grosso, <strong>de</strong>vo dizerlheo seguinte: minha mulher recebeu uma herança hácerca <strong>de</strong> 30 anos e há 15 anos atrás ela passou para onome <strong>do</strong>s filhos e esse sítio que a gente tinha emSeverínia, eu queria ven<strong>de</strong>r para comprar uma proprieda<strong>de</strong>em Cacilândia, certo? Porque eu não queria mais mexercom laranja e sim com pasto. Ela concor<strong>do</strong>u e, como estavano nome <strong>do</strong>s meus filhos, tive que obter alvará judicialpara obter a permuta, ven<strong>de</strong>r aqui e comprar lá. Tu<strong>do</strong> issofoi passa<strong>do</strong> pelo crivo <strong>do</strong> Judiciário e isso foi uma operaçãoque foi feita em 98. Então, com o mesmo dinheiro quevendi aqui, comprei lá.”Por fim, em relação ao <strong>de</strong>nunciante, Joaquim Arnal<strong>do</strong>da Silva Neto, <strong>de</strong>squalifica as acusações alegan<strong>do</strong> ter origemem problemas pessoais e <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m política, originadasno perío<strong>do</strong> em que este trabalhava na Prefeitura:“(o <strong>de</strong>nunciante trabalhou) Na campanha <strong>de</strong> 96 paraprefeito. A relação <strong>de</strong> que, quan<strong>do</strong> estava na prefeitura, elequeria coor<strong>de</strong>nar to<strong>do</strong>s os atos da prefeitura e quan<strong>do</strong> iatrabalhar, queria mandar na prefeitura, coisa que eu nãoadmitia, certo? A minha relação com ele hoje é <strong>de</strong> inimigopúblico número um <strong>de</strong>clara<strong>do</strong>. Ele mesmo <strong>de</strong>clara isso.”“ele trabalhou na campanha, foi por mim nomea<strong>do</strong> equatro meses <strong>de</strong>pois...- Qual era o cargo que ele exercia na prefeitura?Era cargo <strong>de</strong> gabinete; assessor <strong>de</strong> gabinete. Me pareceque era isso. A mulher <strong>de</strong>le era outro cargo. Eu exonereios <strong>do</strong>is porque ele estava crian<strong>do</strong> muito atrito <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>grupo que a gente tinha forma<strong>do</strong> <strong>de</strong>ntro da prefeitura.”Seis meses após a realização da audiência públicamencionada, esta Comissão recebeu <strong>do</strong> <strong>de</strong>nuncianteJoaquim Arnal<strong>do</strong> da Silva Neto, 20 (vinte) volumes conten<strong>do</strong>inúmeros <strong>do</strong>cumentos coleta<strong>do</strong>s pelo <strong>de</strong>nunciante.De sua análise, pu<strong>de</strong>mos observar o já afirma<strong>do</strong> quan<strong>do</strong><strong>de</strong> seu <strong>de</strong>poimento: o <strong>de</strong>nunciante estabelece um paraleloentre as frau<strong>de</strong>s constatadas em algumas prefeiturasdaquela região, que resultaram em <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> recursospúblicos. Aponta o <strong>de</strong>nunciante a existência <strong>de</strong> uma ligaçãopela coincidência entre os meios utiliza<strong>do</strong>s: as notas fiscais,adulteradas ou falsas, eram utilizadas para justificar o pagamento<strong>de</strong> serviços não realiza<strong>do</strong>s ou para “esquentar” merca<strong>do</strong>riasroubadas, que posteriormente eram vendidas àsprefeituras locais. Estas notas fiscais seriam obtidas, em suamaioria, junto a um único escritório, situa<strong>do</strong> em <strong>São</strong> José<strong>do</strong> Rio Preto. Além disso, estabelece uma relação entre asdiversas irregularida<strong>de</strong>s em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> relações pessoais- parentesco ou amiza<strong>de</strong> - entre os envolvi<strong>do</strong>s.A relação com o <strong>narcotráfico</strong>, funda-se exclusivamentenas relações pessoais: o conheci<strong>do</strong> traficante da região -Monobloco - é primo <strong>do</strong> ex-prefeito <strong>de</strong> Severínia e temosapenas a afirmação <strong>do</strong> <strong>de</strong>nunciante <strong>de</strong> que parte <strong>do</strong>s recursospúblicos <strong>de</strong>svia<strong>do</strong>s teriam benefica<strong>do</strong> Monobloco. As<strong>de</strong>mais ligações apontadas entre pessoas próximas ao exprefeito<strong>de</strong> Severínia, assim como a alegada ligação entreeste e o antigo <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> da mesma cida<strong>de</strong>, também sãofundadas em relações pessoais.Cumpre <strong>de</strong>stacar que os <strong>de</strong>svios <strong>de</strong> recursos foramobjeto <strong>de</strong> investigação, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> promovidas ações civispúblicas, pelo Ministério Público local, em face das autorida<strong>de</strong>sresponsáveis pelo <strong>de</strong>svio. O ex-prefeito <strong>de</strong> Severínia,por exemplo, tem seus bens pessoais bloquea<strong>do</strong>s em <strong>de</strong>corrência<strong>de</strong> ação civil pública proposta pelo Ministério Público.A investigação necessária à apuração da alegada relaçãoentre as frau<strong>de</strong>s e sua ligação com o roubo <strong>de</strong> carga ecom o <strong>narcotráfico</strong>, escaparia à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>staComissão, caben<strong>do</strong>, contu<strong>do</strong>, recomendar a remessa <strong>do</strong>sdiversos <strong>do</strong>cumentos coleta<strong>do</strong>s pelo <strong>de</strong>nunciante aoGAECO-Grupo <strong>de</strong> Atuação Especial <strong>de</strong> Repressão ao CrimeOrganiza<strong>do</strong>, <strong>do</strong> Ministério Público <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>.6. FUGAS E TRANSFERÊNCIASFRAUDULENTAS DE PRESOSLIGADOS AO NARCOTRÁFICOE AO CRIME ORGANIZADO6.1. HISTÓRICOA mudança na execução da pena <strong>de</strong>corrente da reformapenal <strong>de</strong> 1984, provocada pelas propostas inseridas norelatório da Comissão sobre o Sistema Penitenciário, queaconteceu na Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s, inaugurou uma sensíveltransformação no sistema prisional brasileiro. Na justificativada sua aplicação fica evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong> que o gran<strong>de</strong>problema <strong>do</strong> Direito Penal é o cumprimento da pena.Decorre daí, a enorme, e por vezes estéril discussãosobre a implantação <strong>de</strong> penas alternativas, objetivan<strong>do</strong> evitar,ou reduzir, quanto possível, as penas privativas <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>,principalmente <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao esgotamento da capacida<strong>de</strong><strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> acolher condignamente seus con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s.Inserida hoje na atual Parte Geral <strong>do</strong> Código Penal amatéria em apreço foi burilada com tratamento científico esistemático, resultan<strong>do</strong> na visão progressiva da aplicaçãoda sentença judicial. Consiste portanto, no trânsito <strong>do</strong> con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>,por etapas, <strong>de</strong> situação mais grave, para outrasmenos graves, até reconquistar a plenitu<strong>de</strong> <strong>do</strong> direito àvida em socieda<strong>de</strong>.O regime <strong>de</strong> cumprimento da pena mais rigoroso,conheci<strong>do</strong> como “fecha<strong>do</strong>” indica a privação da liberda<strong>de</strong>,em estabelecimento <strong>de</strong> segurança máxima ou média. Demo<strong>do</strong> progressivo, o sentencia<strong>do</strong> po<strong>de</strong>rá alcançar o regimesemi-aberto em função <strong>de</strong> requisito objetivo (cumpri<strong>do</strong>pelo menos um sexto da pena) e <strong>de</strong> exigências subjetivasque evi<strong>de</strong>nciem potencialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> convivência, nos limitesjuridicamente impostos.Lembran<strong>do</strong> as festejadas palavras <strong>de</strong> Michael Foucault,o objeto das penas não é a expiação <strong>do</strong> crime, cuja <strong>de</strong>terminação<strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>ixada ao Ser Supremo, mas preveniros <strong>de</strong>litos da mesma espécie. Assim, a aplicação <strong>do</strong> dispositivolegal em análise, mantém por uma la<strong>do</strong> a expectativa<strong>do</strong> apena<strong>do</strong> <strong>de</strong> evoluir rumo à liberda<strong>de</strong> enquanto o preparagradativamente para esta reinserção e, por outro, alivia areduzida capacida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> investimentos na manutençãoe construção <strong>de</strong> novas unida<strong>de</strong>s prisionais.O mínimo exigível e espera<strong>do</strong> pela socieda<strong>de</strong> é garantia,oferecida pelo Esta<strong>do</strong>, <strong>de</strong> que o sentencia<strong>do</strong> cumpra asua pena, observa<strong>do</strong>s os benefícios já explana<strong>do</strong>s e emcondições mínimas <strong>de</strong> recuperação ao convívio social. Noentanto, tal expectativa nem sempre é alcançada, mercê <strong>de</strong>inúmeras fugas e evasões fartamente noticiadas nos jornaisdiários, aliadas as condições subhumanas <strong>de</strong>stinadasaos recolhi<strong>do</strong>s nos presídios e carceragens existentes em<strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> (ironicamente o Esta<strong>do</strong> mais <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> economicamenteno País).6.2. Situação <strong>do</strong> Atual Sistema Penitenciário <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>Conforme atesta o <strong>de</strong>poimento <strong>do</strong> Sr. Lourival Gomes,então coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r da COESPE quan<strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong> perante aComissão, a realida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s presídios e das ca<strong>de</strong>ias públicas<strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> é lastimável e preocupante. Pa<strong>de</strong>cem as unida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> recolhimento <strong>de</strong> superpopulação carcerária originan<strong>do</strong>péssimas condições <strong>de</strong> atendimento e constantes<strong>de</strong>monstrações <strong>de</strong> revolta e violência. Ten<strong>do</strong> como base ocenso penitenciário Nacional, elabora<strong>do</strong> em 1995, relatouele que o sistema recebe em média 1000 presos por mês.Assim, na data da pesquisa inicial, havia em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>cerca <strong>de</strong> 55.000 presos, crescen<strong>do</strong> para aproximadamente59.000 em 1996, 62.278 e, 1997, 73.615 em 1998, e alcançan<strong>do</strong>87.000 em 1999.Segun<strong>do</strong> o <strong>de</strong>poente não foi só numérica a transformação<strong>do</strong> sistema prisional nesse perío<strong>do</strong>. Conforme da<strong>do</strong>sapresenta<strong>do</strong>s, houve uma mudança no perfil <strong>de</strong>sses presos,pois, anteriormente eram pessoas mais velhas, sentenciadasa penas curtas, em função da baixa periculosida<strong>de</strong>.Em geral eram assisti<strong>do</strong>s pelas famílias, e em gran<strong>de</strong> parteprofissionaliza<strong>do</strong>s. Hoje, são pessoas jovens, com penaslongas, sem assistência familiar, sem profissionalização, euma gran<strong>de</strong> parte usuária <strong>de</strong> drogas.Outro aspecto por ele aborda<strong>do</strong> diz respeito ao quadro<strong>de</strong> funcionários aloca<strong>do</strong>s nos serviços <strong>de</strong> guarda e administraçãocarcerária que, <strong>de</strong> forma idêntica, passou poruma modificação, no caso negativa. Os profissionais qualifica<strong>do</strong>scomo agentes penitenciários anteriormente erammelhor prepara<strong>do</strong>s, pois haviam poucas sindicâncias porfacilitação <strong>de</strong> fuga. Atualmente o número <strong>de</strong> sindica<strong>do</strong>s poresse motivo cresceu assusta<strong>do</strong>ramente.De forma geral, o Sistema Penitenciário <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>enfrenta hoje inúmeros problemas em razão da superpopulaçãocarcerária, insuficiência <strong>de</strong> pessoal especializa<strong>do</strong> paraa <strong>de</strong>manda da questão, lentidão na aplicação da Justiça, naprogressão das penas, aliadas as dificulda<strong>de</strong>s econômicasinerentes ao processo evolutivo <strong>do</strong> País.Para se ter uma idéia prática <strong>do</strong> que vem acontecen<strong>do</strong>na re<strong>de</strong> da COESPE, assim como nas Ca<strong>de</strong>ias públicas,foram pesquisa<strong>do</strong>s em noticiários várias situações <strong>de</strong> rebeliõese fugas ocorridas no ano <strong>de</strong> 1999.6.3. Rebeliões e Fugas ocorridas no ano <strong>de</strong> 1999Mês <strong>de</strong> AgostoEm 30 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1999, seis presos arma<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pistolascalibres 45 e 9 mm ren<strong>de</strong>ram o carcereiro e fugiramda Delegacia <strong>de</strong> Ribeirão Pires, no ABC.Em 28 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1999, houve fuga no PresídioDACAR 10, localiza<strong>do</strong> na Baixada Santista, litoral sul <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong>. Os fugitivos escaparam por meio <strong>de</strong> um túnel <strong>de</strong>cerca <strong>de</strong> 20 metros. Ao to<strong>do</strong>, 56 presos escaparam e ummorreu. O local tem capacida<strong>de</strong> para 512 presos e estavacom 620.Em 24 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1999, 50 a<strong>do</strong>lescentes infratoresfugiram, durante à noite da Unida<strong>de</strong> Imigrantes daFundação Estadual <strong>do</strong> Bem-Estar <strong>do</strong> Menor (Febem).Em 17 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1999, três presos foram feri<strong>do</strong>spelos companheiros durante rebelião, que durou novehoras, na Ca<strong>de</strong>ia Pública <strong>do</strong> Município <strong>de</strong> Tatuí. O motimteve início às 8:00 horas, com os <strong>de</strong>tentos <strong>de</strong>struin<strong>do</strong> quatrodas oito celas e atean<strong>do</strong> fogo nos colchões. Os amotina<strong>do</strong>stomaram como reféns <strong>do</strong>is presos, que foram amarra<strong>do</strong>se espanca<strong>do</strong>s. A situação só foi normalizada no final datar<strong>de</strong> <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> negociações que autorizaram a transferência<strong>de</strong> 21 presos para outras ca<strong>de</strong>ias da região.Em 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1999, ocorreu a fuga <strong>de</strong> oito presospela porta da frente <strong>do</strong> DACAR 2 - Ca<strong>de</strong>ião <strong>de</strong> Pinheiros, nazona oeste. A fuga aconteceu durante o <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> presosao Delega<strong>do</strong> Emeriano Dini, da Correge<strong>do</strong>ria, que apurava<strong>de</strong>núncias <strong>de</strong> espancamento contra policiais <strong>do</strong>GARRA durante revista feita na noite anterior.Em 15 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1999, houve fuga <strong>de</strong> 61 presos <strong>do</strong>50º Distrito Policial no Itaim Paulista, zona sul, durante vistoriaque estava sen<strong>do</strong> realizada nas celas. O <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> <strong>de</strong>plantão, um investiga<strong>do</strong>r e um carcereiro foram surpreendi<strong>do</strong>spelos presos que haviam serra<strong>do</strong> as gra<strong>de</strong>s; após subtraíramsuas armas e empreen<strong>de</strong>ram fuga em massa <strong>do</strong> DP.Em 15 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1999, houve a fuga <strong>de</strong> 41 presos<strong>do</strong> 27º DP, em Campo Belo, - zona sul, quan<strong>do</strong> <strong>do</strong>ishomens vesti<strong>do</strong>s com farda e colete à prova <strong>de</strong> bala da PMren<strong>de</strong>ram os policiais <strong>do</strong> distrito e abriram caminho para aentrada <strong>de</strong> outros 13 elementos, fortemente arma<strong>do</strong>s comrevólveres, espingardas e metralha<strong>do</strong>ras, que invadiram a<strong>de</strong>legacia, liberaram os <strong>de</strong>tentos, fornecen<strong>do</strong>-lhes armas.Em 15 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1999, ocorreu um “resgate” nacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Araraquara. Um grupo libertou 10 presos dapenitenciária, consi<strong>de</strong>rada <strong>de</strong> segurança máxima. Na fuga,o ban<strong>do</strong>, arma<strong>do</strong> <strong>de</strong> metralha<strong>do</strong>ras, pistolas e um fuzil AR-15, roubou vários veículos e fez 20 reféns. Os fugitivos, namaioria, são assaltantes <strong>de</strong> banco.Em 14 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1999, ocorreu uma fuga no 98º DP,Jardim Miriam, zona sul. Os presos utilizaram um túnelpara sair no estacionamento <strong>do</strong> distrito. No total, 12homens conseguiram sair.Em 08 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1999, houve rebelião na Ca<strong>de</strong>iaPública <strong>de</strong> Jundiaí/SP. Após fuga frustrada, os presos fizeram<strong>do</strong>is carcereiros como reféns e ameaçaram explodirum <strong>de</strong>les, que ficou algema<strong>do</strong> a um botijão <strong>de</strong> gás. No finalda manhã, eles libertaram os reféns, mas, às 14 horas,quan<strong>do</strong> a Tropa <strong>de</strong> Choque da PM entrou para revistar osxadrezes, o motim recomeçou, fican<strong>do</strong> bem mais violento.Os <strong>de</strong>tentos <strong>de</strong>struíram tu<strong>do</strong>, invadiram as celas <strong>do</strong> seguro,mataram três colegas e feriram 13, um <strong>de</strong>les em esta<strong>do</strong>grave. A situação só foi controlada às 16h30, quan<strong>do</strong> aJuíza Correge<strong>do</strong>ra da cida<strong>de</strong> autorizou a remoção <strong>de</strong> 10presos para Itatiba e 10 para Campo Limpo Paulista.Em 05 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1999, o Presídio EdgardMagalhães <strong>de</strong> Noronha, Tremenbé, <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, foi invadi<strong>do</strong>por oito homens que usavam coletes da Polícia Civil,metralha<strong>do</strong>ras e pistolas; pren<strong>de</strong>ram em uma sala três funcionários,roubaram um malote com R$ 50 mil, que seriampagos a presos que prestam serviços para empresas, efugiram atiran<strong>do</strong>.Mês <strong>de</strong> JulhoEm 24 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1999, houve uma rebelião na Febem<strong>do</strong> Tatuapé, na zona leste, que durou mais <strong>de</strong> 50 horas,provocan<strong>do</strong> muito tumulto e <strong>de</strong>struição em sete unida<strong>de</strong>s.Ao to<strong>do</strong>, 542 a<strong>do</strong>lescentes infratores fugiram.Mês <strong>de</strong> JunhoEm 17 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1999, com réplicas <strong>de</strong> armas e umapistola 9mm em mãos, quatro presos da Penitenciária <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> (Carandiru), zona norte, aproveitaram a troca <strong>de</strong>plantão para tentar fugir pela porta da frente. Como forambarra<strong>do</strong>s por agentes penitenciários, os <strong>de</strong>tentos iniciaramo motim e mantiveram 25 funcionários como reféns durantealgumas horas.Em 15 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1999, na Penitenciária-2 <strong>de</strong> Bauru,interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, ocorreu a fuga <strong>de</strong> 37 presos.Ela aconteceu logo após a entrega <strong>de</strong> alimentaçãonoturna. Os presos serraram um alambra<strong>do</strong>, pularam osegun<strong>do</strong> e também serraram o terceiro que dá acesso àárea externa da penitenciária.Em 17 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1999, na Penitenciária-2 <strong>de</strong> Bauru,um grupo <strong>de</strong> presos resistiu à substituição <strong>do</strong> ex-diretor damesma, que fora <strong>de</strong>miti<strong>do</strong> horas após a fuga <strong>de</strong> 37 presos,ocorrida no dia 15 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1999, em que os presos cortarame pularam os alambra<strong>do</strong>s que cercam o estabelecimento.O grupo assassinou um preso a golpes <strong>de</strong> estilete eenviou a orelha da vítima aos novos diretores, com aadvertência que matariam um <strong>de</strong>tento por dia se o ex-diretornão retornasse ao cargo.Em 17 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1999, na Ca<strong>de</strong>ia Pública <strong>do</strong>Município <strong>de</strong> <strong>São</strong> Roque, ocorreu uma rebelião que durouaproximadamente seis horas; os 109 presos atearam fogonos colchões e cobertores, <strong>de</strong>struíram duas celas e aindamantiveram um carcereiro como refém por várias horas.Os presos tentaram quebrar a porta <strong>de</strong> acesso à recepção,mas recuaram <strong>de</strong>pois que os policiais começaram a disparartiros <strong>de</strong> metralha<strong>do</strong>ras contra a porta na tentativa <strong>de</strong>contê-los. A situação só foi controlada no final da tar<strong>de</strong><strong>de</strong>pois que cinco presos foram transferi<strong>do</strong>s para outrasca<strong>de</strong>ias da região.Em 13 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1999, um grupo arma<strong>do</strong> <strong>de</strong> pistola9mm, quatro bandi<strong>do</strong>s usan<strong>do</strong> máscaras <strong>de</strong> borracha, resgatou63 presos da Ca<strong>de</strong>ia Pública <strong>de</strong> Sumaré, interior <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>. Os mascara<strong>do</strong>s ren<strong>de</strong>ram os <strong>do</strong>is carcereiros<strong>de</strong> plantão, que foram obriga<strong>do</strong>s abrir os ca<strong>de</strong>a<strong>do</strong>s<strong>de</strong> quatro celas, permitin<strong>do</strong> a saída <strong>do</strong>s <strong>de</strong>tentos. Apenas12 homens preferiram continuar na carceragem e nãoacompanhar os fugitivos, que roubaram sete carros <strong>de</strong>mora<strong>do</strong>res vizinhos da penitenciária.Em 13 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1999, na Unida<strong>de</strong> Tatuapé daFebem, na Capital, 15 a<strong>do</strong>lescentes fugiram. Cerca <strong>de</strong> 80a<strong>do</strong>lescentes que participaram da rebelião eram infratoresgraves - autores <strong>de</strong> assassinatos, assaltos, estupros e traficantes.Durante a revolta ele queimaram colchões, <strong>de</strong>struíramca<strong>de</strong>iras e materiais permanentes da Unida<strong>de</strong>, ao final,foram <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>s pelos monitores quan<strong>do</strong> tentavam fugir.Em 07 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1999, na Penitenciária 2 <strong>do</strong> Município<strong>de</strong> Franco da Rocha (Penitenciária Mário <strong>de</strong> MouraAlbuquerque), 850 presos voltaram para as celas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>14 horas <strong>de</strong> rebelião em que mantinham oito agentes penitenciáriosreféns. Os rebela<strong>do</strong>s quebraram vários objetos,queimaram papéis e, só após horas <strong>de</strong> negociação, <strong>de</strong>cidiramsoltar os reféns, que, segun<strong>do</strong> a polícia, não sofreramferimentos.Em 06 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1999, ocorreu a maior fuga emmassa <strong>do</strong> país, no Présídio <strong>de</strong> Putim, <strong>São</strong> José <strong>do</strong>s Campos,na qual 345 presos escaparam. Eles <strong>de</strong>ixaram o presídiopelo portão principal. Há indícios que a escapada <strong>de</strong> quasetoda a população carcerária teve ajuda <strong>de</strong> policiais.Mês <strong>de</strong> MaioEm 15 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1999, uma tentativa <strong>de</strong> fuga e o início<strong>de</strong> uma rebelião na ca<strong>de</strong>ia anexa ao 1º Distrito Policial<strong>de</strong> <strong>São</strong> Vicente acabaram em troca <strong>de</strong> tiros, com cinco presose <strong>do</strong>is policiais civis balea<strong>do</strong>s. Com armas que entraramirregularmente no presídio, os <strong>de</strong>tentos tomaram <strong>do</strong>iscarcereiros como reféns e tentaram fugir. Comanda<strong>do</strong>spelo próprio <strong>de</strong>lega<strong>do</strong>, 25 policiais civis invadiram a ca<strong>de</strong>iaa houve troca <strong>de</strong> tiros, que resultou em cinco <strong>de</strong>tentos e<strong>do</strong>is policiais feri<strong>do</strong>s. Depois da revista foram encontradastrês armas <strong>de</strong> fogo e vários estiletes.Mês <strong>de</strong> AbrilEm 04 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1999, um sargento da Polícia militarfoi <strong>de</strong>ti<strong>do</strong> ao participar <strong>de</strong> uma tentativa <strong>de</strong> resgate <strong>de</strong> traficantesno 65º Distrito Policial, acompanha<strong>do</strong> <strong>de</strong> quatrohomens fortemente arma<strong>do</strong>s.Mês <strong>de</strong> FevereiroEm 19 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1999, na 4ª Delegacia (VilaNogueira), em Campinas, um grupo <strong>de</strong> 15 presos conseguiufugir, <strong>do</strong>minan<strong>do</strong> a equipe <strong>de</strong> plantão <strong>do</strong> distrito comuma pistola fabricada com sabão, cola e papel <strong>de</strong> cigarro.Em 15 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1999, 34 fugiram <strong>do</strong> 22º DP, em<strong>São</strong> Miguel Paulista, na zona leste. Assaltantes, traficantes,assassinos e estelionatários saíram por meio <strong>de</strong> um buracoaberto da cela <strong>de</strong> nr. 08. Os presos usaram cordas improvisadascom lençóis.Em 10 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1999, no Presídio da PraiaGran<strong>de</strong>, litoral sul <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, <strong>de</strong>tentos tentaramfugir, mas foram surpreendi<strong>do</strong>s pelos policiais damuralha; iniciaram uma rebelião, que resultou na morte <strong>de</strong>oito presidiários.Mês <strong>de</strong> JaneiroEm 19 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1999, presos da Ca<strong>de</strong>ia Pública <strong>de</strong>Santo André, anexa ao 4º Distrito daquela cida<strong>de</strong> no ABC,tentaram fugir estouran<strong>do</strong> a pare<strong>de</strong> <strong>do</strong> xadrez 12 com umabomba <strong>de</strong> fabricação artesanal. O artefato fez um buraco<strong>de</strong> aproximadamente 70 centímetros na pare<strong>de</strong>. A aberturadava no pátio externo, mas a fuga acabou não dan<strong>do</strong> certojustamente por causa <strong>do</strong> estouro, que chamou a atenção<strong>do</strong>s policias <strong>de</strong> plantão.6.4. Medidas governamentais para minimizar o dilemaPara alívio <strong>de</strong>sta pressão existente no Sistema PrisionalPaulista, bem como para minimizar o dilema entre pren<strong>de</strong>r otransgressor da lei ou flexionar na aplicação da pena, competenteao Judiciário, O Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve alocar mais recursosorçamentários <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a construção e reforma <strong>de</strong>Presídios. O Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> conta hoje, com 67Estabelecimentos Prisionais espalha<strong>do</strong>s em to<strong>do</strong> o seu território.As políticas governamentais para a área <strong>de</strong>veria seguiro exemplo <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 1998, quan<strong>do</strong> foram inauguradas 16Unida<strong>de</strong>s com capacida<strong>de</strong> para recolher 13.440 presos.Seguin<strong>do</strong> a linha <strong>de</strong> raciocínio indicativa <strong>de</strong> que os sentencia<strong>do</strong>spor crimes economicamente motiva<strong>do</strong>res, aí inclusosos narcotraficantes, não são conti<strong>do</strong>s no Sistema, nempermanecem nele por tempo razoável, a pedi<strong>do</strong>s, foi pelo Sr.Lourival Gomes, envia<strong>do</strong> informações sobre a relação <strong>de</strong>presos liga<strong>do</strong>s ao <strong>narcotráfico</strong>, a relação <strong>de</strong> presos fugitivosliga<strong>do</strong>s ao <strong>narcotráfico</strong>, bem como da relação <strong>de</strong> traficantestransferi<strong>do</strong>s e com pedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> transferência para outrosEsta<strong>do</strong>s, relação <strong>de</strong> sindicâncias instauradas contra AgentesPenitenciários, relativas ao tráfico <strong>de</strong> entorpecentes.Através <strong>de</strong>le, tivemos ciência, também <strong>de</strong> presos, liga<strong>do</strong>sao <strong>narcotráfico</strong>, que fugiram enquanto faziam serviçosna parte externa <strong>do</strong>s presídios. Indaga<strong>do</strong> sobre como haviaobti<strong>do</strong> essa autorização, não soube respon<strong>de</strong>r, ten<strong>do</strong> apenasdito, que, naquela data, havia baixa<strong>do</strong> uma Portaria,proibin<strong>do</strong> tal coisa, <strong>do</strong>cumento este, encaminha<strong>do</strong> por fax aCPI, e, curiosamente data<strong>do</strong> <strong>do</strong> dia da oitiva <strong>do</strong> Dr. Lourival.No mesmo dia, ouvimos o Dr. Sérgio Abdalla,Delega<strong>do</strong> <strong>de</strong> Polícia responsável pelo sistema carcerário <strong>do</strong>DECAP, que nos informou existir no DECAP cerca <strong>de</strong> 11.000presos, além <strong>de</strong> várias sindicâncias instauradas contraCarcereiros, para apurar seus envolvimentos em fugas <strong>de</strong>presos. Disse também, das dificulda<strong>de</strong>s existentes, principalmentenos xadrezes <strong>do</strong>s Distritos Policiais, superlota<strong>do</strong>s,e da gran<strong>de</strong> preocupação com os resgates <strong>de</strong> presosque vêm acontecen<strong>do</strong>.Foi solicita<strong>do</strong> a ele que nos encaminhasse as seguintesinformações:* relação <strong>de</strong> presos liga<strong>do</strong>s ao <strong>narcotráfico</strong>* relação <strong>de</strong> presos evadi<strong>do</strong>s liga<strong>do</strong>s ao <strong>narcotráfico</strong>* relação <strong>de</strong> presos transferi<strong>do</strong>s, e para on<strong>de</strong>; liga<strong>do</strong>sao <strong>narcotráfico</strong>* relação <strong>de</strong> sindicâncias instauradas contra carcereiros,incluin<strong>do</strong> nomes, locais on<strong>de</strong> trabalhavam e on<strong>de</strong>estão atualmente.O Dr. Sérgio Abdalla, acabou por criar uma polêmica,ao afirmar que 1245 carcereiros estariam indicia<strong>do</strong>s porfacilitação <strong>de</strong> fuga, o que não foi confirma<strong>do</strong> por ele, quan<strong>do</strong>chama<strong>do</strong> para esclarecer esta <strong>de</strong>claração em outra data.Em outra sessão da CPI, foi ouvi<strong>do</strong> o Dr. Naief Saad,Delega<strong>do</strong> <strong>de</strong> Polícia responsável pelo sistema carcerário <strong>do</strong>DEMACRO, que não trouxe gran<strong>de</strong> informações.Na mesma sessão, ouvimos o Dr. José Carneiro <strong>de</strong>Campos Rolim Neto, Assessor <strong>do</strong>s Assuntos Prisionais daSecretaria <strong>de</strong> Segurança Pública, que comprometeu-se a nosencaminhar todas as informações solicitadas. Recebemos,posteriormente, as seguintes informações solicitadas:* Secretaria <strong>de</strong> Assuntos Penitenciários - COESPE* presos liga<strong>do</strong>s ao <strong>narcotráfico</strong>: 6.541* foragi<strong>do</strong>s liga<strong>do</strong>s ao <strong>narcotráfico</strong>: 210* transferi<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> sistema COESPE: 1.374* transferi<strong>do</strong>s para outros Esta<strong>do</strong>s: 30* sindicâncias por apreensão <strong>de</strong> entorpecentes <strong>de</strong>ntro<strong>do</strong> sistema: 938* funcionários sindica<strong>do</strong>s por facilitação <strong>de</strong> entrada <strong>de</strong>drogas no sistema: 20Estes da<strong>do</strong>s referem-se ao perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1998 e 1999.* Secretaria <strong>de</strong> Segurança Pública* presos relaciona<strong>do</strong>s com <strong>narcotráfico</strong>: 6.725* fugitivos relaciona<strong>do</strong>s com <strong>narcotráfico</strong>: 2.085* sindicâncias que não <strong>de</strong>ram ensejo a ProcessoAdministrativo, referentes a apreensão <strong>de</strong> entorpecentes efacilitação <strong>de</strong> fuga: 2.079* processos administrativos relaciona<strong>do</strong>s a apreensão<strong>de</strong> entorpecentes e facilitação <strong>de</strong> fuga: 290* policiais civis indicia<strong>do</strong>s por facilitação <strong>de</strong> fuga: 303* inquéritos policiais instaura<strong>do</strong>s por facilitação <strong>de</strong>fuga: 1.453Tais da<strong>do</strong>s referem-se aos últimos 5 anos.6.5. ConclusõesDiante das oitivas relatadas, bem como das informaçõesrecebidas preliminarmente, chegamos às seguintesconclusões:1. Facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fuga:Verificamos que existe quase que uma “indústria <strong>de</strong>fuga”, que sem dúvida conta com a ajuda tanto <strong>de</strong> PoliciaisCivis como <strong>de</strong> Agentes Penitenciários. O número <strong>de</strong> sindicânciasinstauradas e <strong>de</strong> policiais indicia<strong>do</strong>s atesta, <strong>de</strong>forma clara, tal situação.Principalmente, presos liga<strong>do</strong>s ao <strong>narcotráfico</strong>, quecomumente tem condições financeiras razoáveis, com certezanão ficam muito tempo nas ca<strong>de</strong>ias.2. Dificulda<strong>de</strong> na obtenção <strong>de</strong> estatísticas confiáveis:Notamos claramente, tanto pela <strong>de</strong>mora na chegada,bem como pela própria disparida<strong>de</strong> entre os vários da<strong>do</strong>sestatísticos, que existe uma enorme dificulda<strong>de</strong>, por parte<strong>do</strong>s órgãos competentes em fornecer informações referentesaos presos e aos fugitivos. Dentre a enorme quantida<strong>de</strong><strong>de</strong> material referente aos mesmos, que foram encaminha<strong>do</strong>sa esta Comissão, percebemos que os númerosmudam, a cada da<strong>do</strong> envia<strong>do</strong>.Quero crer, mesmo, que a partir da instalação da CPI, eda solicitação das informações, foi que, tanto a COESPEquanto o Sistema Prisional da Secretaria da SegurançaPública, conseguiram fazer um levantamento sobre suassituações atuais, com relação a fugas, sindicâncias e presosrecolhi<strong>do</strong>s liga<strong>do</strong>s à questão <strong>do</strong> <strong>narcotráfico</strong>.3. Transferências inexplicáveis:Através <strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos envia<strong>do</strong>s, percebemos situaçõesinusitadas, tais como que repentinamente são transferi<strong>do</strong>sou para ca<strong>de</strong>ias sem qualquer segurança, ou paraoutros Esta<strong>do</strong>s, on<strong>de</strong> segun<strong>do</strong> consta, respon<strong>de</strong>m por <strong>de</strong>litosmenores, como por exemplo, uma lesão corporal; ouentão alegam querer estar perto <strong>de</strong> suas famílias. Em ambasas situações, acabam evadin<strong>do</strong>-se com toda tranquilida<strong>de</strong>.


18 – D.O.E.; Po<strong>de</strong>r Legislativo, <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, 112 (117), sába<strong>do</strong>, 22 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2002 – SUPLEMENTO4. Envolvimento <strong>de</strong> carcereiros e agentes penitenciários:Infelizmente, o material humano que tem por obrigaçãoo trabalho <strong>de</strong> lidar com os presos; em gran<strong>de</strong> parte,tem problemas sérios <strong>de</strong> comportamento profissional, notocante à sua função. Nota-se envolvimento muito gran<strong>de</strong><strong>de</strong>sses profissionais, tanto em facilitação <strong>de</strong> fugas bemcomo na introdução <strong>de</strong> drogas na ca<strong>de</strong>ia.5. Desenvolvimento das sindicâncias e processosadministrativos:No tocante ao andamento <strong>do</strong>s Processos Administrativose Sindicâncias, é impressionante a lentidão comque os mesmos se <strong>de</strong>senvolvem.Existem casos, nos quais os agentes públicos chegama ser presos em flagrante, permanecem presos por <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>tempo e acabam por voltar ao trabalho <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>soltos. (Estão respon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ao processo criminal em liberda<strong>de</strong>).Pois os respectivos procedimentos administrativosnão foram ainda concluí<strong>do</strong>s. Eles retornam para as mesmasfunções, no exercício das quais, anteriormente, <strong>de</strong>ramcausa a fugas ou a entrada <strong>de</strong> entorpecentes.Nas cópias das sindicâncias encaminhadas pela COES-PE, encontramos casos em que foi pedida a instauração <strong>de</strong>Processo Administrativo em 04/08/1997 e o referi<strong>do</strong> processofoi instaura<strong>do</strong> em 07/06/1999. Outro caso foi o pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong>Processo Administrativo feito, <strong>de</strong>feri<strong>do</strong> em 10/03/1996 einstaura<strong>do</strong> em 03/09/1997.A CPI Estadual, tem consegui<strong>do</strong>, através <strong>de</strong> seu trabalho,fazer o que as Autorida<strong>de</strong>s competentes, das diversasáreas envolvidas com este trabalho, criem estratégias emecanismos, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> tentar aprimorar a sua forma<strong>de</strong> atuação.6.6. Estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Caso6.6.1. Miltom Alves Figueire<strong>do</strong>No dia 16 <strong>de</strong> novembro p.p. esta CPI tomou conhecimentoda fuga <strong>do</strong> <strong>de</strong>tento acima cita<strong>do</strong>, porém, ao procurarinformações junto a Casa <strong>de</strong> Detenção, nada foi informa<strong>do</strong>.Feito também contato com o 9º. Distrito Policialpara verificar se havia alguma ocorrência registrada, foiinforma<strong>do</strong> a esta CPI que nada havia referente a esta fuga.Oficiamos ao Sr. Secretário da Secretaria da AdministraçãoPenitenciária, o qual, através <strong>do</strong> Ofício SAP/GS/1329/00,nos informou que o referi<strong>do</strong> <strong>de</strong>tento encontrava-se evadi<strong>do</strong>,encaminhan<strong>do</strong>-nos também cópia <strong>do</strong> procedimentoinstaura<strong>do</strong> pela Secretaria.Pelo noticia<strong>do</strong>, o <strong>de</strong>tento Miltom Alves <strong>de</strong> Figueire<strong>do</strong>foi autoriza<strong>do</strong> pelo Diretor <strong>de</strong> Disciplina Jesus RossMartins, a pedi<strong>do</strong> <strong>do</strong> Diretor <strong>de</strong> Produção Carlos AlbertoSalce, a realizar serviços <strong>de</strong> verificação <strong>de</strong> esgoto, segun<strong>do</strong>consta, <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>de</strong> fora da Casa <strong>de</strong> Detenção.O referi<strong>do</strong> <strong>de</strong>tento saiu acompanha<strong>do</strong> por um AgentePenitenciário <strong>de</strong> nome Manoel Messias <strong>de</strong> Jesus e, quan<strong>do</strong><strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>de</strong> fora, teria empreendi<strong>do</strong> fuga corren<strong>do</strong> para umcarro mo<strong>de</strong>lo Gol, <strong>de</strong> cor cinza, que o estaria aguardan<strong>do</strong>.Quanto a <strong>de</strong>mora na comunicação da fuga, segun<strong>do</strong> Jesus<strong>de</strong>u-se em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> que ele próprio, o Diretor <strong>de</strong>Produção Carlos Alberto Salce e o motorista Luiz CarlosCorreia, no carro <strong>de</strong>ste último, resolveram procurar o<strong>de</strong>tento, ten<strong>do</strong> registra<strong>do</strong> o fato apenas no dia seguinte.A partir <strong>de</strong>ste fato a CPI convocou os seguintes funcionários<strong>do</strong> Sistema Prisional:a) Antonio Agostinho Trigo:Trata-se <strong>de</strong> Agente Penitenciário “Rondante da Noite”,no Pavilhão 04, on<strong>de</strong> se encontrava Miltom. Em suas <strong>de</strong>claraçõesinformou que o referi<strong>do</strong> preso saía pela manhã eretornava à noite, segun<strong>do</strong> ele para fazer serviços naAdministração. No dia <strong>do</strong>s fatos comunicou ao Sr. Jesus,diretor <strong>de</strong> disciplina, que ele não retornara, sen<strong>do</strong> orienta<strong>do</strong>a fazer a comunicação na hora <strong>de</strong> registros <strong>do</strong> Pavilhão.A CPI solicitou que o referi<strong>do</strong> livro fosse trazi<strong>do</strong> até areunião, o que foi feito, e pu<strong>de</strong>mos verificar que outros presostambém eram autoriza<strong>do</strong>s a sair e nem sempre retornavamà noite.b) Manoel Messias <strong>de</strong> Jesus :Trata-se <strong>do</strong> Agente Penitenciário responsável pelaescolta <strong>de</strong> Miltom Pateta que fugiu. Faz compras para presosna Casa <strong>de</strong> Detenção. Ao ser ouvi<strong>do</strong>, alegou que era aprimeira vez que escoltava o <strong>de</strong>tento Miltom quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>sua fuga. Confronta<strong>do</strong> com outras autorizações <strong>de</strong> saídapara o mesmo <strong>de</strong>tento, nas quais constava o seu nomecomo escolta, o mesmo informou que as saídas nãohaviam se consuma<strong>do</strong>.Não conseguiu explicar <strong>de</strong> forma plausível como aautorização <strong>de</strong> saída chegava à Portaria e esta saída nãoera consumada. Falou sobre o dia <strong>do</strong>s fatos, da fuga <strong>de</strong>Miltom e <strong>de</strong> suas diligencias junto com Salce e Luiz paralocalizá-lo, não ten<strong>do</strong> comunica<strong>do</strong> <strong>de</strong> pronto a fuga àPolícia como seria <strong>de</strong> praxe.Foi pergunta<strong>do</strong> a ele sobre a entrada <strong>de</strong> compras naCasa <strong>de</strong> Detenção, que seria feita por ele e mais algunsagentes, a pedi<strong>do</strong> <strong>do</strong>s presos, quan<strong>do</strong> o mesmo informouque fazia isso com autorização <strong>do</strong> Diretor <strong>de</strong> DisciplinaJesus Ross Martins.c) Jesus Ross Martins :Trata-se <strong>de</strong> Diretor <strong>de</strong> Disciplina da Casa <strong>de</strong> Detenção -Autorizava saídas e baixou “portaria” autorizan<strong>do</strong> trêsagentes a fazer compras para os presos.d) Luiz Carlos Corrêa :Trata-se <strong>de</strong> Motorista da Casa <strong>de</strong> Detenção que usou seucarro particular para diligenciar na captura <strong>do</strong> Miltom Pateta.e) Florisval<strong>do</strong> Alves da Silva :Trata-se <strong>de</strong> Ex-Diretor da Casa <strong>de</strong> Detenção, hoje Diretor<strong>do</strong> Presidio <strong>de</strong> Iaras. Acusa<strong>do</strong> <strong>de</strong> favorecer presos e promoverfestas em sua residência com a presença <strong>de</strong> presos.f) Fernan<strong>do</strong> Ta<strong>de</strong>u Reis :Trata-se <strong>de</strong> Agente Penitenciário. Segun<strong>do</strong> ele, escoltouMiltom Pateta por três vezes, para fazer serviços externos.É um <strong>do</strong>s três funcionários que fazem compras paraos presos na Casa <strong>de</strong> Detenção.g) Osmar Itaici Pereira :Trata-se <strong>de</strong> Agente Penitenciário. Falou sobre presença<strong>de</strong> presos liga<strong>do</strong>s ao PCC e sobre sua atuação no Pavilhãoem que trabalha. Não faz compras para presos e não teveligação com a fuga <strong>de</strong> Miltom.h) Edval<strong>do</strong> Justo Ferreira :Trata-se <strong>de</strong> Agente Penitenciário. Diz não ter conhecimentoe nunca escoltou Miltom Pateta. Questiona<strong>do</strong> sobreas benesses concedidas a presos que po<strong>de</strong>m pagar, informou<strong>de</strong>sconhecer.i) Walter Pereira da Silva :Trata-se <strong>de</strong> Agente Penitenciário. Estava na Casa <strong>de</strong>Detenção e atualmente exerce sua função em Iaras.Indaga<strong>do</strong> sobre a saída <strong>de</strong> presos, informou ter feito algumasescoltas autorizadas pelo Juiz, inclusive um conjunto<strong>de</strong> “rap”, que levou por três vezes ao SBT. Questiona<strong>do</strong>sobre a saída <strong>de</strong> outros presos, informou <strong>de</strong>sconhecer.j) Edson Graciano :Trata-se <strong>de</strong> Agente <strong>de</strong> Segurança Penitenciária. Chefeda Equipe <strong>de</strong> Portaria. Questiona<strong>do</strong> sobre como funcionamas saídas, informou que as autorizações eram entreguesna portaria. Esta CPI man<strong>do</strong>u buscar as pastas quecontinham tais autorizações, porém nada foi encontra<strong>do</strong>.Indaga<strong>do</strong> sobre isso, Edson informou não saber explicar ofato. Por mais que procurássemos enten<strong>de</strong>r, não foi possível<strong>de</strong>tectar como é feito o controle <strong>de</strong> saída. Quanto aocaso <strong>de</strong> Miltom, informou que o mesmo saiu com o ASPManoel Messias, que algum tempo <strong>de</strong>pois voltou sozinho,informan<strong>do</strong> a fuga <strong>do</strong> preso.k) Celso Mário Bastos :Trata-se <strong>de</strong> Agente <strong>de</strong> Segurança Penitenciária atuan<strong>do</strong>como chefe <strong>de</strong> portaria. A saída <strong>de</strong> Miltom ocorreu noplantão <strong>de</strong>le, sen<strong>do</strong> que recebeu a autorização das mãos<strong>do</strong> ASP. Segun<strong>do</strong> ele, em seus plantões, Miltom saiu algumasvezes, sempre autoriza<strong>do</strong> pelo Diretor Jesus ou peloDiretor Salce. Questiona<strong>do</strong> sobre a saída <strong>de</strong> outros presos,informou que o conjunto <strong>de</strong> “rap” saía. Indaga<strong>do</strong> sobre ospresos Van<strong>de</strong>rlei e Moisés lembrou-se também <strong>de</strong> umasaída <strong>de</strong>les, saída essa para uma igreja. Informou que asor<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> saída ficam arquivadas na Portaria e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>hum mês são jogadas fora.l) Carlos Alberto Salce :Trata-se <strong>de</strong> Diretor <strong>de</strong> Produção. Tentou explicar comofuncionam as saídas autorizadas pelos Diretores. Segun<strong>do</strong>ele, o preso Miltom era consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> <strong>de</strong> baixa periculosida<strong>de</strong>.Indaga<strong>do</strong> como é possível uma autorização <strong>de</strong> saídaser dada e o preso não sair, explicou, ou melhor, tentouexplicar que as autorizações são feitas em três vias, umasai com o agente e outra fica na Portaria.Indaga<strong>do</strong> sobre as diligências encetadas por ele,Manoel Messias e Luiz, para tentarem encontrar o presoforagi<strong>do</strong>, se estas seriam normais, informou que “saiu no<strong>de</strong>sespero, junto com os outros funcionários na tentativa<strong>de</strong> localizar o preso”. Segun<strong>do</strong> ele, todas as <strong>de</strong>núnciasadvêm <strong>de</strong> funcionários que não estão satisfeitos com asmodificações impostas pelo Dr. Maurício Guarnieri.m) Maurício Guarnieri :Na ocasião, diretor afasta<strong>do</strong> da Casa <strong>de</strong> Detenção.Segun<strong>do</strong> ele, ao transferir ou fazer modificações na Casa<strong>de</strong> Detenção, angariou inimigos. Disse ainda que foi o antigodiretor Florisval Alves da Silva quem colocou o <strong>de</strong>tentoMiltom para fazer trabalhos na Administração.Falou sobre as modificações implantadas que teriamgera<strong>do</strong> as controvérsias. Em longas <strong>de</strong>clarações MaurícioGuarnieri falou sobre os problemas da Casa <strong>de</strong> Detenção eda saída <strong>de</strong> presos, os quais segun<strong>do</strong> ele são autoriza<strong>do</strong>spelo juiz da Vara <strong>de</strong> Execuções Criminais e teceu ainda consi<strong>de</strong>rações<strong>de</strong> como trabalha os problemas.6.6.2 FUGA DE PRESOS EM RIO PRETOEm <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto, a questão da fuga <strong>de</strong> presoslevou a CPI a pedir a interdição da ca<strong>de</strong>ia pública local.Durante a sessão <strong>de</strong> trabalhos da CPI na cida<strong>de</strong>, uma testemunha,cujo nome é manti<strong>do</strong> em sigilo para sua própriasegurança, prestou importante <strong>de</strong>poimento sobre a facilida<strong>de</strong>com que um esquema <strong>de</strong> fugas foi monta<strong>do</strong> por traficantese presos liga<strong>do</strong>s ao crime organiza<strong>do</strong> para ser <strong>de</strong>tona<strong>do</strong>durante a visita da CPI a Rio Preto.De acor<strong>do</strong> com a <strong>de</strong>poente, seu mari<strong>do</strong> foi contrata<strong>do</strong>para comandar um grupo <strong>de</strong> pessoas que cavaria um buracoque ligaria a cela em que estes presos estavam com umaresidência próxima à ca<strong>de</strong>ia pública. Disse a <strong>de</strong>poente:“O Edinho ligou para o Alex, meu mari<strong>do</strong>, pediu para oAlex cavar um buraco para eles po<strong>de</strong>rem sair da ca<strong>de</strong>ia.Como ele sabe que vai ficar um bom tempo na ca<strong>de</strong>ia,pediu para fazer a fuga. Tu<strong>do</strong> bem. O Salva<strong>do</strong>r, que saiu,fugiu também na fuga, teve que abrir o buracão da ca<strong>de</strong>iapara., saiu <strong>do</strong> portão fugitivo. O Edinho entrou em contatocom ele, pediu para ele fazer to<strong>do</strong> o esquema. Ele só faziapor telefone, ligava para o Alex, para o Alex fazer as coisas...Pediram para que alugássemos uma casa... Tinha uns25 caras <strong>de</strong>ntro da casa, cavan<strong>do</strong>. Isso começou com três,sete, mas aí foi aumentan<strong>do</strong>. Entrei <strong>de</strong>ntro da casa umasduas ou três vezes, mas a maioria das vezes não ia. Nahora <strong>do</strong> almoço levava marmitex, cigarro, essas coisas,para os caras que estavam trabalhan<strong>do</strong> na fuga.”Entre os presos beneficia<strong>do</strong>s por este esquema <strong>de</strong>fuga, estaria Marcos Roberto Ciconi, vulgo “MarquinhosCiclone”, que já <strong>de</strong>pusera anteriormente à CPI em <strong>São</strong> José<strong>do</strong> Rio Preto. Ele e Edinho foram transferi<strong>do</strong>s pela autorida<strong>de</strong>policial, antes da tentativa <strong>de</strong> fuga ser <strong>de</strong>scoberta, paraRiolândia. Continua a <strong>de</strong>poente:“Foram transferi<strong>do</strong>s para Riolândia. O que aconteceu?O Salva<strong>do</strong>r ligou para o Alex e falou que não era para parara fuga. Não podia parar, porque o que estava investi<strong>do</strong> alinão po<strong>de</strong>ria ser perdi<strong>do</strong>, já tinham investi<strong>do</strong> muito ali.Então eles continuaram a fuga, e o que é mais interessante,meu mari<strong>do</strong> me falou: era mais o Edinho e o Ciclone, mascomo já tinha investi<strong>do</strong> em tu<strong>do</strong>, falou, vamos continuar etirar quem sair... Até que na noite <strong>de</strong> ontem, quatro moçospassaram mal ali <strong>de</strong>ntro, certo? A gente tinha leva<strong>do</strong> oxigênio,mas o oxigênio parece que era industrial, fazia mal. OSalva<strong>do</strong>r ligou pro Alex <strong>de</strong> tar<strong>de</strong>, eram cerca <strong>de</strong> 7 horas,dizen<strong>do</strong>: vá socorrer os que estão <strong>de</strong>ntro da casa, queestão passan<strong>do</strong> mal.As quatro pessoas que passaram mal no túnel quecavavam foram atendi<strong>do</strong>s em postos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> José<strong>do</strong> Rio Preto. Diz a <strong>de</strong>poente que: “A gente estava comme<strong>do</strong>, o Salva<strong>do</strong>r ligou para o Alex, eram cerca <strong>de</strong> 11horas da noite, e falou para o Alex não <strong>do</strong>rmir em casa quea fuga ia cair... No outro dia <strong>de</strong> manhã, o Salva<strong>do</strong>r ligoupara o Alex e falou: a fita caiu”.Procuran<strong>do</strong> seu advoga<strong>do</strong> por assuntos trabalhistas, a<strong>de</strong>poente acabou sen<strong>do</strong> convencida a prestar <strong>de</strong>poimentojunto à DIG <strong>de</strong> <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto e, posteriormente, nomesmo dia, à CPI que se instalara na cida<strong>de</strong>. Ficou claroem seu <strong>de</strong>poimento que Edinho falava, por celular, diretamenteda ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto e, <strong>de</strong>pois, dapenitenciária <strong>de</strong> Riolândia, com seus cúmplices para aorganização da fuga. A <strong>de</strong>poente e seu mari<strong>do</strong> eram abordadassempre pela mesma pessoa, Salva<strong>do</strong>r, que combinaracom eles o preço <strong>do</strong> serviço e os pagamentos para oscontrata<strong>do</strong>s para cavar o buraco da fuga. O ousa<strong>do</strong> esquema<strong>de</strong> fuga, pelo número <strong>de</strong> pessoas e pelas dimensões <strong>do</strong>túnel (<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 1,60 m <strong>de</strong> altura, percorren<strong>do</strong> quase umquarteirão entre a casa alugada e a ca<strong>de</strong>ia), <strong>de</strong>monstrauma articulação importante <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong> para permitira saída <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong> seus integrantes.Para coor<strong>de</strong>nar a fuga, o mari<strong>do</strong> da <strong>de</strong>poente receberiaum apartamento <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> traficante Edinho. Com a<strong>de</strong>scoberta <strong>do</strong> túnel, a <strong>de</strong>poente acabou se entregan<strong>do</strong> à proteçãopolicial, temen<strong>do</strong> pela sua vida e <strong>de</strong> seus familiares.As diligências policiais realizadas, resultaram na i<strong>de</strong>ntificação<strong>do</strong>s principais envolvi<strong>do</strong>s:a) EDSON JOSÉ DA COSTA, conheci<strong>do</strong> por “Edinho”,que, à época, encontrava-se preso na Ca<strong>de</strong>ia local, responsávelpela contratação <strong>de</strong> “Alex”. Segun<strong>do</strong> o relata<strong>do</strong>,Edinho propôs a Alex que executasse a escavação <strong>do</strong> túnel;como pagamento, receberia um apartamento, <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong><strong>do</strong> contratante, localiza<strong>do</strong> à Rua Auriflama, 2.511,quadra Q, apto. 11, <strong>São</strong> Jorge, <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto;b) MARIO SERGIO COSTA, conheci<strong>do</strong> por “Esquerdinha”,irmão <strong>de</strong> Edinho, é aponta<strong>do</strong> como um <strong>do</strong>s financia<strong>do</strong>res<strong>do</strong> túnel.c) MARCOS ROBERTO CICCONE, conheci<strong>do</strong> por “MarquinhosCicone”, também aponta<strong>do</strong> como um <strong>do</strong>s financia<strong>do</strong>res<strong>do</strong> túnel.d) SALVADOR RODRIGUES DE SOUZA, conheci<strong>do</strong> por“Salva<strong>do</strong>r”, fugitivo da ca<strong>de</strong>ia local, indica<strong>do</strong> por Edinhocomo a pessoa que seria responsável por orientar as escavações,uma vez que conhecia o estabelecimento prisional.e) ALEXSANDER AMADEU, conheci<strong>do</strong> por Alex, contrata<strong>do</strong>por Edinho para a execução <strong>do</strong> túnel. A partir dasindicações <strong>de</strong> Edinho e Salva<strong>do</strong>r, provi<strong>de</strong>nciou a locação<strong>do</strong> imóvel resi<strong>de</strong>ncial á rua Auriflama, 3390, El<strong>do</strong>ra<strong>do</strong>, <strong>São</strong>José <strong>do</strong> Rio Preto, a partir <strong>do</strong> qual foram inicia<strong>do</strong>s os trabalhos.Responsável, também, pela contratação da mão-<strong>de</strong>obranecessária (cerca <strong>de</strong> 25 pessoas) e pela compra <strong>do</strong>sesquipamentos para escavação.f) RENATA LUCIANO RIBEIRO, companheira <strong>de</strong> Alex,foi a locatária <strong>do</strong> imóvel no qual foram realizadas as escavações.Declarou ter ciência da finalida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s trabalhos,bem como <strong>do</strong> pagamento a ser realiza<strong>do</strong> por Edinho. Foilocalizada através <strong>do</strong> contrato <strong>de</strong> locação <strong>do</strong> imóvel, ten<strong>do</strong>si<strong>do</strong> indiciada nos autos <strong>do</strong> Inquérito Policial instaura<strong>do</strong>(artigos 351, cc art. 14, II e 288 <strong>do</strong> CPB).g) GABRIEL FABRÍCIO ROCHA DOS SANTOS, contrata<strong>do</strong>por Alex, para a escavação. Durante os trabalhos, sentiu-semal e foi socorri<strong>do</strong> em pronto socorro local, ten<strong>do</strong>forneci<strong>do</strong> nome e en<strong>de</strong>reço falsos. Foi localiza<strong>do</strong> através dacédula <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> encontrada no imóvel, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong>indicia<strong>do</strong> nos autos <strong>do</strong> Inquérito Policial instaura<strong>do</strong> (artigos351, cc art. 14, II e 288 <strong>do</strong> CPB).h) JOÃO MIGUEL LUCAS TEIXEIRA, conheci<strong>do</strong> como“Dão”, teria si<strong>do</strong> contrata<strong>do</strong> para a escavação. Existe notícia,não confirmada, <strong>de</strong> seu falecimento.i) ANDERSON RODRIGO DE ARAUJO DIAS, conheci<strong>do</strong>como “Boris”, preso em <strong>de</strong>zembro por porte ilegal <strong>de</strong>arma. Foi contrata<strong>do</strong> por Salva<strong>do</strong>r para a escavação, ten<strong>do</strong>permaneci<strong>do</strong> no local por 9 (nove) dias. Declarou ter ciênciada finalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> trabalho, bem como a participação <strong>de</strong>cerca <strong>de</strong> 25 (vinte e cinco) pessoas na execução.j) ELDER DAUD DOS SANTOS, conheci<strong>do</strong> como“Edão”, que, embora tenha <strong>de</strong>clara<strong>do</strong> ter ciência <strong>do</strong>s trabalhosque estavam sen<strong>do</strong> executa<strong>do</strong>s, nega sua participação.Justifica sua presença no local alegan<strong>do</strong> ter si<strong>do</strong> contrata<strong>do</strong>para a entrega <strong>de</strong> refeições e refrigerantes. Registra antece<strong>de</strong>ntescriminais (porte ilegal <strong>de</strong> arma e <strong>de</strong> entorpecentes).O Inquérito policial ainda se encontra em curso, vistoque, em <strong>de</strong>poimentos, os indicia<strong>do</strong>s indicam a participação<strong>de</strong> outras pessoas (“Zé”, “Pelota”, “CLAUDINHO, preso em<strong>São</strong> Bernar<strong>do</strong> <strong>do</strong> Campo”, “Araraquara, filho <strong>de</strong> MiltonCoveiro”, “Rafinha, mora<strong>do</strong>r da Vila União” e “Marquinhospreto”), que ainda restam ser i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s.Em relação à interdição da Ca<strong>de</strong>ia Pública <strong>de</strong> <strong>São</strong> José<strong>do</strong>s Campos, embora a Secretaria <strong>de</strong> Segurança Públicareconheça a existência <strong>de</strong> problemas não só em relação àestrutura, como também em relação ao número insuficiente<strong>de</strong> funcionários, conclui ser inviável a interdição, face àimpossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> obter vagas para os <strong>de</strong>ti<strong>do</strong>s naqueleestabelecimento:“(...) as condições estruturais e funcionais <strong>de</strong>sta Ca<strong>de</strong>iaPública são difíceis, pois há a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> algumasreformas, principalmente na parte hidráulica e elétrica,além da elevação <strong>do</strong>s muros que circundam a Unida<strong>de</strong>Prisional, da construção <strong>de</strong> uma guarita na ala superior eda colocação da tela <strong>de</strong> proteção sobre o pátio da ala inferior,para on<strong>de</strong> são lança<strong>do</strong>s vários objetos, tais como drogas,facas, serras e há o risco <strong>do</strong> lançamento <strong>de</strong> armas <strong>de</strong>fogo, que propiciarão fugas e rebeliões.(...)A solução i<strong>de</strong>al é a construção <strong>do</strong> Centro <strong>de</strong> DetençãoProvisória (...) urge que retiremos da Ca<strong>de</strong>ia Pública <strong>de</strong> <strong>São</strong>José <strong>do</strong> Rio Preto to<strong>do</strong>s os presos já con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<strong>de</strong> serem traficantes ou não, pois <strong>do</strong>s quatrocentos ecinqüenta presos hoje recolhi<strong>do</strong>s, mais <strong>de</strong> duzentos jáestão con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s pela Justiça e não <strong>de</strong>veriam estar nestaUnida<strong>de</strong> Prisional. A superpopulação carcerária, aliada àfalta <strong>de</strong> estrutura e <strong>de</strong> funcionários, torna a segurançaextremamente frágil, com riscos <strong>de</strong> fugas, rebeliões e <strong>de</strong>outros problemas, que fatalmente ocorrerão caso nãosejam tomadas providências urgentes.”(Despacho proferi<strong>do</strong> pelo Sr. Delega<strong>do</strong> <strong>de</strong> Polícia,Diretor da Ca<strong>de</strong>ia Pública<strong>de</strong> <strong>São</strong> José <strong>do</strong>s Campos, no Expediente GS n.20.243/00, envia<strong>do</strong>a esta Comissão em 07.02.01, através <strong>do</strong> ofício 301/01).Acrescente-se, por fim, que em Maio <strong>de</strong> 2.000, o MinistérioPúblico, da Correge<strong>do</strong>ria <strong>do</strong>s Presídios daquela Comarca,já expressava sua preocupação com a situaçãodaquela Ca<strong>de</strong>ia Pública, seja em relação ao número excessivo<strong>de</strong> presos, seja em relação à guarda precária, fato esteconfirma<strong>do</strong> pela direção daquela Unida<strong>de</strong>:“Conforme exposto em inúmeros protocola<strong>do</strong>s, há anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um número maior <strong>de</strong> carcereiros, pois parauma população carcerária <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> quatrocentos e sessentapresos, temos apenas seis carcereiros por plantão,isso quan<strong>do</strong> não há presos interna<strong>do</strong>s e esses carcereirossão responsáveis pela segurança interna e externa daca<strong>de</strong>ia, assim como da i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s presos (...) sen<strong>do</strong>que ainda tem que acompanhar advoga<strong>do</strong>s e oficiais <strong>de</strong>justiça e preparar os inúmeros presos que são encaminha<strong>do</strong>sdiariamente para audiências, exames médicos, <strong>de</strong>ntistas,enfermarias, oitivas em sindicâncias internas e nosinquéritos policiais em tramitação nos Distritos Policiais.Quan<strong>do</strong> a Polícia Militar fazia a segurança externa daca<strong>de</strong>ia havia um efetivo <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> sessenta policias, queforam substituí<strong>do</strong>s por apenas <strong>do</strong>ze carcereiros, númeroesse claramente insuficiente.”(Despacho proferi<strong>do</strong> pelo Sr. Delega<strong>do</strong> <strong>de</strong> Polícia,Diretor da Ca<strong>de</strong>ia Pública<strong>de</strong> <strong>São</strong> José <strong>do</strong>s Campos, em 09 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2.000).7. RECOMENDAÇÕESTen<strong>do</strong> em vista contribuir para o aprimoramento institucional<strong>do</strong> combate ao <strong>narcotráfico</strong> em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, esta CPIapresenta as seguintes RECOMENDAÇÕES, que serãoencaminhadas aos órgãos e autorida<strong>de</strong>s competentes:1. INTEGRAÇÃO, QUALIFICAÇÃO E ESPECIALIZAÇÃODOS ORGANISMOS PERMANENTES DE COMBATE AONARCOTRÁFICOEsta CPI enten<strong>de</strong> que o grau <strong>de</strong> organização e atuação<strong>do</strong> <strong>narcotráfico</strong> reclama um mapeamento, um cruzamento<strong>de</strong> da<strong>do</strong>s e uma centralização <strong>de</strong> iniciativas impossível <strong>de</strong>serem realizadas por um único órgão ou instituição. Nestesenti<strong>do</strong>, enten<strong>de</strong>mos que as Polícias, o Ministério Público, oPo<strong>de</strong>r Judiciário e outras políticas públicas na área daSegurança <strong>de</strong>vem estar imbuídas <strong>do</strong>s princípios daINTEGRAÇÃO, da QUALIFICAÇÃO e da ESPECIALIZAÇÃO,que apresentamos como essenciais para uma maior efetivida<strong>de</strong><strong>do</strong> combate ao <strong>narcotráfico</strong>. Neste senti<strong>do</strong>, propomos:1.1. CONSTITUIÇÃO DE FORÇAS-TAREFA PARA INTE-GRAR ÓRGÃOS FEDERAIS E ESTADUAIS NO COMBATEAO NARCOTRÁFICOEsta CPI enten<strong>de</strong> que as Polícias Fe<strong>de</strong>ral, Civil e Militar,o Ministério Público Fe<strong>de</strong>ral, o Ministério Público Estadual,a Receita Fe<strong>de</strong>ral, o Banco Central e a Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>da Fazenda <strong>de</strong>vem <strong>de</strong>signar autorida<strong>de</strong>s responsáveis paraa constituição <strong>de</strong> forças-tarefa <strong>de</strong> investigação sobre a participação<strong>de</strong> pessoas e empresas nas ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> tráfico<strong>de</strong> drogas, a partir <strong>de</strong> um mapeamento comum <strong>do</strong>s principaisgrupos em ativida<strong>de</strong> no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>. A integração<strong>de</strong>ssas Instituições, além <strong>de</strong> construir uma cultura<strong>de</strong> trabalho conjunto e uma confiança inter-institucional,trará uma maior efetivida<strong>de</strong> e um caráter multidisciplinaràs investigações, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a permitir operações <strong>de</strong>stinadasa i<strong>de</strong>ntificar, reprimir e levar às barras da Justiça médios egran<strong>de</strong>s traficantes que operam em nosso esta<strong>do</strong> ou a partirdaqui para outros esta<strong>do</strong>s ou países.1.2. REDEFINIÇÃO DAS RELAÇÕES DA POLÍCIA CIVILCOM OS ÓRGÃOS FEDERAISDada a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> qualificar a ação da Polícia Civil<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> no combate ao <strong>narcotráfico</strong> e acaducida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Convênio estabeleci<strong>do</strong> entre o Esta<strong>do</strong> e aUnião em 1987, esta CPI recomenda a celebração <strong>de</strong> novopacto entre a Polícia Civil <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> e a PolíciaFe<strong>de</strong>ral, estabelecen<strong>do</strong>-se maior dinâmica <strong>de</strong> atuação einterligação direta <strong>de</strong> informações sobre tráfico <strong>de</strong> drogas.Este novo termo <strong>de</strong> convênio, a ser negocia<strong>do</strong> entre oGoverno <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e o Ministério da Justiça, <strong>de</strong>ve assegurartambém que as relações entre a Polícia Civil e a PolíciaFe<strong>de</strong>ral sejam <strong>de</strong> fortalecimento comum, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a estabeleceruma via <strong>de</strong> mão dupla na coleta e análise <strong>de</strong> informações<strong>de</strong>correntes <strong>do</strong> convênio. Será necessário igualmentea celebração <strong>de</strong> convênios visan<strong>do</strong> atuação conjunta e troca<strong>de</strong> informações entre a Polícia Civil e a Receita Fe<strong>de</strong>ral, oBanco Central, a Infraero e outras instituições que em muitopo<strong>de</strong>m colaborar para a análise das informações <strong>de</strong>correntesda investigação policial, a instrução <strong>de</strong> inquéritos policiaise processos e o preparo técnico <strong>de</strong> investiga<strong>do</strong>res e<strong>de</strong>lega<strong>do</strong>s envolvi<strong>do</strong>s no combate ao <strong>narcotráfico</strong> e em crimescorrelatos, como roubo <strong>de</strong> cargas, adulteração <strong>de</strong>notas fiscais, lavagem <strong>de</strong> dinheiro, entre outros.1.3. CRIAÇÃO DE UM SETOR DE INTELIGÊNCIA DAPOLÍCIA CIVIL NO COMBATE AO NARCOTRÁFICOEsta CPI enten<strong>de</strong> ser necessária a qualificação das informaçõesoriundas das investigações e inquéritos policiaisrelaciona<strong>do</strong>s com o <strong>narcotráfico</strong>. Falta à Polícia Civil umórgão que esteja aparelha<strong>do</strong> institucional, humana e materialmentepara centralizar, sistematizar e analisar to<strong>do</strong> oimenso volume <strong>de</strong> informações produzidas sobre o <strong>narcotráfico</strong>e o crime organiza<strong>do</strong> pelo cotidiano das ações policiais.Esta CPI não enten<strong>de</strong>, como po<strong>de</strong>ria supor-se à primeiravista, que a proposta <strong>de</strong> constituir um grupo <strong>de</strong> inteligênciana Polícia Civil Paulista especializa<strong>do</strong> em <strong>narcotráfico</strong> ecrime organiza<strong>do</strong> se contraponha à proposta <strong>de</strong> constituição<strong>de</strong> forças-tarefa com outros órgãos estaduais e fe<strong>de</strong>rais ouduplique funções da Polícia Fe<strong>de</strong>ral. Na verda<strong>de</strong>, a atual <strong>de</strong>squalificaçãoe dispersão das informações a cargo da PolíciaCivil <strong>de</strong>correm <strong>de</strong> uma acomodação à realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> esperarinformações <strong>de</strong> terceiros ou anônimas ou flagrantes <strong>de</strong>venda <strong>de</strong> entorpecentes, realida<strong>de</strong> esta construída por elementosmúltiplos (como o pequeno efetivo <strong>de</strong> investiga<strong>do</strong>rese <strong>de</strong>lega<strong>do</strong>s, a <strong>de</strong>smotivação profissional em <strong>de</strong>corrência<strong>de</strong> baixos salários e más condições <strong>de</strong> trabalho, a concentração<strong>de</strong> recursos humanos na tarefa <strong>de</strong> guarda <strong>de</strong> presosem ca<strong>de</strong>ias públicas nos distritos policiais, a corrupção<strong>de</strong> agentes públicos pelo crime organiza<strong>do</strong>, entre outros).Neste senti<strong>do</strong>, é preciso não só salientar a existência daDivisão <strong>de</strong> Inteligência e Apoio Policial, DIAP, <strong>do</strong> ServiçoTécnico <strong>de</strong> Inteligência e Informações e <strong>do</strong> GERCO - GrupoEspecial <strong>de</strong> Repressão ao Crime Organiza<strong>do</strong>, vincula<strong>do</strong>s aoDENARC, que cumprem parte das atribuições <strong>do</strong> organismoque propomos constituir. No entanto, as atribuições e meioshumanos e materiais limita<strong>do</strong>s, hoje aloca<strong>do</strong>s nestes trêsorganismos nos fazem acreditar na necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>, a partir<strong>do</strong> seu fortalecimento institucional, criar esse setor <strong>de</strong> inteligênciapolicial para atuação no combate ao <strong>narcotráfico</strong> e aocrime organiza<strong>do</strong> conexo.1.4. CENTRALIZAÇÃO NO DENARC DAS INFORMA-ÇÕES DISPERSAS NA POLÍCIA CIVIL SOBRE INVESTI-GAÇÕES EM CURSO NO COMBATE AO NARCOTRÁFICOEsta CPI <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a imediata alteração <strong>do</strong>s Decretosque compõem o marco institucional <strong>do</strong> DENARC, em particularos Decretos n. 27.409, <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1987, e n.39.918, <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1995, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a re<strong>de</strong>finir asatribuições <strong>de</strong>ste Departamento Estadual <strong>de</strong> Investigaçõessobre Narcóticos, com o objetivo <strong>de</strong> permitir uma novarelação com as DISEs - Delegacias <strong>de</strong> Investigações sobreEntorpecentes e as <strong>de</strong>legacias <strong>de</strong> polícia, no que diz respeitoao atendimento <strong>de</strong> casos relaciona<strong>do</strong>s com o <strong>narcotráfico</strong>.Essa medida quer permitir uma maior centralização <strong>de</strong>informações e investigações, bem como uma maior efetivida<strong>de</strong>no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ações estaduais coor<strong>de</strong>nadas.Entre as medidas propostas por esta CPI, estariam o envioao DENARC <strong>de</strong> todas as ocorrências registradas pelosdiversos distritos policiais que se relacionam com o tráfico<strong>de</strong> drogas, reforçan<strong>do</strong> o banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s a cargo da Divisão<strong>de</strong> Inteligência e Apoio Policial (DIAP); a progressiva informatização<strong>do</strong> registro <strong>de</strong> ocorrências, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a facilitaressa troca <strong>de</strong> informações, a exemplo <strong>do</strong> Boletim <strong>de</strong> OcorrênciaEletrônico, já disponível em algumas Delegacias;Interligação direta, operacional, <strong>do</strong> DENARC com todas as


D.O.E.; Po<strong>de</strong>r Legislativo, <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, 112 (117), sába<strong>do</strong>, 22 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2002 – SUPLEMENTO – 19Delegacias <strong>de</strong> Entorpecentes (DISEs) <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o Esta<strong>do</strong>;<strong>do</strong>tação <strong>de</strong> recursos humanos e materiais mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>se maior número para o DENARC; aumento <strong>de</strong> verba <strong>de</strong> diligênciapara o DENARC, <strong>de</strong> forma a viabilizar a execução <strong>de</strong>investigações especializadas em to<strong>do</strong> o Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong><strong>Paulo</strong>; aumento <strong>de</strong> recursos materiais e humanos para oGERCO - Grupo <strong>de</strong> Repressão ao Crime organiza<strong>do</strong>, GAPE -Grupo <strong>de</strong> Apoio e Proteção à Escola e para o SOE - Serviço<strong>de</strong> Operações Especiais, responsável pelo apoio tático emfavelas, bloqueios em outros municípios <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>; interligaçãoon-line <strong>de</strong> informações com outras Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>Polícia Especializada <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s circunvizinhos; celebração<strong>de</strong> convênios com instituições congêneres <strong>de</strong> outrospaíses para realização <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> especialização sobreprevenção e repressão às Drogas.1.5. ESPECIALIZAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO PARA OCOMBATE AO NARCOTRÁFICODentro <strong>do</strong> esforço geral <strong>de</strong> especialização dasInstituições necessárias para o combate mais efetivo ao<strong>narcotráfico</strong>, esta CPI recomenda ao Tribunal <strong>de</strong> Justiça <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> a realização <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s visan<strong>do</strong> oencaminhamento, à Assembléia <strong>Legislativa</strong>, <strong>de</strong> projeto <strong>de</strong>lei visan<strong>do</strong> a criação <strong>de</strong> Vara Especializada para processamento<strong>do</strong>s feitos relaciona<strong>do</strong>s ao tráfico <strong>de</strong> drogas, nacomarca <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, que hoje já possui um movimentosignificativo a justificar a sua criação. Essa CPI sugereainda ao E. Tribunal <strong>de</strong> Justiça que, nas comarcas on<strong>de</strong>existam uma ou mais Varas Criminais, seja <strong>de</strong>signada Varaespecífca para a distribuição <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os processos referentesao tráfico <strong>de</strong> drogas, não excluin<strong>do</strong> a competência jáexistente, que seria mantida. Essa especialização possibilitarianão só a visão integral <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o processo, como tambémuma maior uniformida<strong>de</strong> em relação às <strong>de</strong>cisões,sejam elas inci<strong>de</strong>ntais - como a autorização <strong>de</strong> medidasnecessárias no curso das investigações - como tambémnas <strong>de</strong>finitivas. Esta CPI recomenda ainda que as EscolasEstaduais e Nacionais da Magistratura e <strong>do</strong> MinistérioPúblico ministrem aulas e organizem eventos para aprimoramentodas aplicações das Leis Fe<strong>de</strong>rais <strong>de</strong> repressão aocrime organiza<strong>do</strong>, ao <strong>narcotráfico</strong>, à lavagem <strong>de</strong> dinheiro econfisco <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> origem ilícita, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a qualificar aatuação <strong>de</strong> juízes e promotores com o que há <strong>de</strong> mais atualiza<strong>do</strong>nessas legislações.1.6. ESPECIALIZAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARAO COMBATE AO NARCOTRÁFICOCria<strong>do</strong> pelo Ato 181/99, da Procura<strong>do</strong>ria Geral <strong>de</strong>Justiça, o Grupo <strong>de</strong> Atuação Especial e Prevenção aosCrimes da Lei Anti-Tóxicos - GAERPA - é composto atualmentepor seis promotores <strong>de</strong> Justiça que atuam em to<strong>do</strong>sos inquéritos policiais da comarca <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> que versamsobre tráfico <strong>de</strong> entorpecentes e acompanham os respectivosprocessos em três hipóteses específicas (agentefuncionário público, crime organiza<strong>do</strong> e investigação iniciadapelo próprio GAERPA), além <strong>de</strong> outros casos em quehaja concordância <strong>do</strong> promotor <strong>de</strong> justiça natural e <strong>de</strong>signaçãopelo Procura<strong>do</strong>r Geral <strong>de</strong> Justiça. A colaboraçãoinestimável <strong>do</strong> GAERPA com esta CPI e o acompanhamento<strong>de</strong> seu trabalho pelos <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>s da CPI fez-nos perceberque a sedimentação <strong>do</strong> trabalho no combate ao <strong>narcotráfico</strong>,no âmbito <strong>de</strong> atuação <strong>do</strong> Ministério Público, que tempor essência a ativida<strong>de</strong> jurídico-processual, exige a participaçãoem to<strong>do</strong>s os procedimentos e seus atos (inquéritos eprocessos). Grupos <strong>de</strong> atuação especial têm, por <strong>de</strong>finição,caráter transitório (art. 47, inciso V, letra d, da Lei 734/93 -Lei Orgânica estadual <strong>do</strong> Ministério Público), sen<strong>do</strong> a vocaçãonatural <strong>do</strong> GAERPA a <strong>de</strong> transformar-se em umaPromotoria <strong>de</strong> Justiça Criminal especializada na área dadroga, entendida aqui, em seus aspectos preventivos erepressivos, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> qualquer simetria noâmbito <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário. Em razão, portanto, das peculiarida<strong>de</strong>s<strong>do</strong> crime <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> entorpecentes, inclusive<strong>de</strong> suas conseqüências nas relações sociais e econômicas,há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um combate perene, que vem sen<strong>do</strong>reconheci<strong>do</strong> nos países civiliza<strong>do</strong>s e até em outros Esta<strong>do</strong>sda Fe<strong>de</strong>ração. Em suma, a criação <strong>do</strong> GAERPA funcionoucomo uma experiência piloto que <strong>de</strong>saguou no reconhecimentoda necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma atuação contínua, que sedará por intermédio da criação <strong>de</strong> promotoria <strong>de</strong> justiçaespecializada, recomendação que esta CPI encaminha aosr. Procura<strong>do</strong>r Geral <strong>de</strong> Justiça <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>.1.7. ARRECADAÇÃO DE RECURSOS PARA O COMBA-TE AO NARCOTRÁFICOEsta CPI recomenda uma ação conjunta <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>rExecutivo e <strong>do</strong> Ministério Público com o objetivo <strong>de</strong> incrementara arrecadação <strong>de</strong> recursos a serem direciona<strong>do</strong>spara o combate ao <strong>narcotráfico</strong>. Um resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> esforço<strong>do</strong> Ministério Público Estadual <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> nessa direçãopo<strong>de</strong> já ser observa<strong>do</strong> na utilização <strong>do</strong> instituto <strong>do</strong> perdimento<strong>de</strong> bens - previsto na Constituição Fe<strong>de</strong>ral - que vemsen<strong>do</strong> requeri<strong>do</strong> em vários processos judiciais. Trata-se <strong>de</strong>medida bastante pertinente, não só como pena, como pelapossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gerar recursos para o combate à própriaativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>lituosa. Em consulta realizada pelo MinistérioPúblico, verificou-se inexistir jurisprudência a respeito, concluin<strong>do</strong>-seque não vinha sen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> com a freqüência<strong>de</strong>sejável. A receita obtida é <strong>de</strong>stinada ao Fun<strong>do</strong> NacionalAnti-Drogas. Esta CPI, visan<strong>do</strong> incrementar a arrecadação<strong>de</strong>stes recursos e o seu direcionamento para o combate ao<strong>narcotráfico</strong> no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, recomenda ao E.Tribunal <strong>de</strong> Justiça <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> e à E.Procura<strong>do</strong>ria Geral <strong>de</strong> Justiça a disseminação <strong>de</strong> informaçõesjunto à Magistratura e aos membros <strong>do</strong> MinistérioPúbico sobre essa jurisprudência. Recomenda ainda umentendimento entre as Instituições envolvidas para a agilização<strong>de</strong>ste procedimento - <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a <strong>de</strong>claração <strong>do</strong> perdimento,até a avaliação final e venda em leilão - <strong>de</strong> forma aevitar a <strong>de</strong>preciação <strong>de</strong> bens, com a conseqüente ineficácia<strong>do</strong> procedimento. Por fim, essa CPI recomenda ainda aoGoverno <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, particularmente à Secretaria <strong>de</strong>Segurança Pública, a celebração <strong>de</strong> convênio com a União,através da Secretaria Nacional Anti-Drogas (SENAD), parao repasse <strong>do</strong>s recursos oriun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> processos <strong>do</strong> esta<strong>do</strong><strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> para o financiamento <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> PolíciaEspecializada e compra <strong>de</strong> equipamentos.1.8. UNIÃO DE ESFORÇOS PARA O COMBATE À IMPU-NIDADE NO CRIME DE LAVAGEM DE DINHEIROConforme afirma o relatório final da CPI <strong>do</strong>Narcotráfico da Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s, “a legislação brasileiraacerca <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> crime <strong>de</strong> ‘lavagem’ <strong>de</strong> dinheiro ouocultação <strong>de</strong> bens, direitos e valores - Lei n. 9.613, <strong>de</strong> 3 <strong>de</strong>março <strong>de</strong> 1998 - por ser <strong>de</strong> edição recente, ainda não foiaplicada o suficiente para <strong>de</strong>monstrar a sua eficácia comodispositivo jurídico <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> a punir os autores das práticas<strong>de</strong>lituosas nele previstos, esperan<strong>do</strong>-se que logo setorne instrumento <strong>de</strong> efetiva valia no auxílio ao combate ao<strong>narcotráfico</strong> e as <strong>de</strong>mais modalida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong>”.As dificulda<strong>de</strong>s para aplicação da lei foram sentidas<strong>de</strong> perto por esta Comissão, que enfrentou-as vindas <strong>de</strong>on<strong>de</strong> não se esperava: o próprio Banco Central, sob argumento<strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong> sigilo bancário. É entendimento <strong>de</strong>staCPI que a questão financeira merece especial atenção: estaconstitui a espinha <strong>do</strong>rsal que sustenta o sistema. A rígidasregras sobre a quebra <strong>de</strong> sigilo bancário e telefone <strong>de</strong>veriamser revistas. Há que se consi<strong>de</strong>rar o que significa estesigilo. No entendimento <strong>de</strong>ssa Comissão, o estatuto <strong>do</strong>sigilo não po<strong>de</strong>ria ser utiliza<strong>do</strong> para obstar a consulta, eminvestigações criminais, <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s referentes à movimentação<strong>de</strong> contas <strong>de</strong> indivíduos suspeitos ou acusa<strong>do</strong>s <strong>de</strong>vinculação com o <strong>narcotráfico</strong> ou o crime organiza<strong>do</strong>. Essaconsulta <strong>de</strong>veria ser franqueada, por exemplo, aos membros<strong>do</strong> Ministério Público, para investigação, manti<strong>do</strong> osigilo. A informação só se tornaria pública enquanto integrante<strong>de</strong> processo judicial, apresentada como prova, oque só se daria com a autorização judicial. O mesmo procedimentoseria aplica<strong>do</strong> à quebra <strong>de</strong> sigilo telefônico.Eventuais abusos po<strong>de</strong>m ser coibi<strong>do</strong>s pela legislação emvigor. Essas recomendações para rea<strong>de</strong>quação <strong>do</strong>s procedimentosque asseguram completo sigilo bancário duranteo processo <strong>de</strong> investigação <strong>de</strong> atos <strong>de</strong>lituosos pratica<strong>do</strong>spelo crime organiza<strong>do</strong> serão encaminhadas ao CongressoNacional, ao Banco Central e ao Ministério da Fazenda,para os necessários estu<strong>do</strong>s e iniciativas.1.9. MAIOR CONTROLE SOBRE OS SERVIÇOS DETELEFONIAEsta CPI, no espírito <strong>do</strong> item anterior, recomenda maiorcooperação e agilização das concessionárias <strong>do</strong>s serviços<strong>de</strong> telefonias fixa e móvel celular com as autorida<strong>de</strong>s policiale judiciária no atendimento <strong>do</strong>s monitoramentos autoriza<strong>do</strong>snos termos da Lei Fe<strong>de</strong>ral n. 9.296/96, bem como nofornecimento <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> assinantes e usuários. No que dizrespeito às concessionárias <strong>do</strong>s serviços <strong>de</strong> telefonia móvelcelular, esta CPI recomenda, quan<strong>do</strong> da venda <strong>de</strong> linhastelefônicas, em especial <strong>do</strong> tipo “pré-pago”, seja manti<strong>do</strong>um cadastro <strong>do</strong> assinante com cópias autenticadas da cédula<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, <strong>do</strong> CPF e <strong>de</strong> comprovante <strong>de</strong> residência.Solicitações neste senti<strong>do</strong> serão encaminhadas aoCongresso Nacional, ao Ministério das Comunicações e àAgência Nacional <strong>de</strong> Telecomunicações (ANATEL), para osnecessários estu<strong>do</strong>s e providências cabíveis.1.10. FORTALECIMENTO E DIVERSIFICAÇÃO DOS PRO-GRAMAS DE PROTEÇÃO A TESTEMUNHASEncerran<strong>do</strong> o presente item, essa CPI não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar<strong>de</strong> reconhecer a importância <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> proteção atestemunhas para o efetivo combate ao crime organiza<strong>do</strong> eao <strong>narcotráfico</strong>. Em várias oportunida<strong>de</strong>s, esta Comissãovaleu-se <strong>do</strong> PRO-VITA, o programa <strong>de</strong> proteção estabeleci<strong>do</strong>em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> a partir <strong>de</strong> Convênio <strong>do</strong> Governo <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> com o Ministério da Justiça. Esse apoio foi fundamentalpara assegurar a testemunhas que colaboraramcom as investigações <strong>de</strong>ssa CPI o resguar<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua integrida<strong>de</strong>física. O mesmo apoio po<strong>de</strong>mos testemunhar emrelação ao Departamento <strong>de</strong> Homicídios e Proteção àPessoa (DHPP), que também auxiliou esta CPI na proteçãoa testemunhas ameaçadas. Esta CPI recomenda aoGoverno <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> o fortalecimento <strong>do</strong> PRO-VITA, o aumento <strong>de</strong> sua <strong>do</strong>tação orçamentária <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> aeliminar <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong>s apontadas por testemunhas nele inseri<strong>do</strong>se ampliar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento a testemunhasameaçadas (hoje, são 52 as testemunhas protegidaspor esse programa) e a diversificação <strong>de</strong> programas <strong>de</strong>proteção a testemunhas, através <strong>de</strong> modalida<strong>de</strong>s direcionadaspara testemunhas que não se enquadrem nas regras econdições <strong>de</strong> segurança exigidas pelo Programa e quenecessitam <strong>de</strong> programas mais pontuais e menos prolonga<strong>do</strong>s.Essa CPI recomenda ao Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> a regulamentaçãoda Lei n. 10.354, <strong>de</strong> assistência a vítimas e proteção<strong>de</strong> testemunhas <strong>de</strong> crimes violentos, sancionada emagosto <strong>de</strong> 1999 e ainda sem a <strong>de</strong>vida regulamentação quegaranta o acesso aos direitos sociais ali assegura<strong>do</strong>s. Porfim, essa CPI recomenda a criação, no âmbito da Secretariada Administração Penitenciária, <strong>de</strong> um espaço <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> àproteção <strong>de</strong> presos que colaboram com a Justiça na elucidação<strong>de</strong> crimes cometi<strong>do</strong>s no <strong>narcotráfico</strong> e outras modalida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> crime organiza<strong>do</strong>, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a assegurar ao réuou preso colabora<strong>do</strong>r ameaça<strong>do</strong> condições <strong>de</strong> garantia <strong>de</strong>sua integrida<strong>de</strong> física e vida.2.CONTROLE E FISCALIZAÇÃO DO USO DO ESPAÇOAÉREO DE SÃO PAULO PARA O TRÁFICO DE DROGASConsi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a total fragilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s atuais mecanismos<strong>de</strong> controle <strong>do</strong> espaço aéreo <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> para coibiro tráfico <strong>de</strong> drogas através <strong>de</strong> aeronaves, e a importância<strong>de</strong> aprimoramento <strong>de</strong>sses mecanismos, essa CPI apresentaas seguintes recomendações:2.1. Criação <strong>de</strong> uma Delegacia Especializada da PolíciaCivil capaz <strong>de</strong> centralizar as informações e coor<strong>de</strong>nar açõesem apoio das <strong>de</strong>legacias <strong>de</strong> Polícia na condução <strong>de</strong> inquéritosrelaciona<strong>do</strong>s à utilização <strong>de</strong> aeronaves para o crimeorganiza<strong>do</strong> e o <strong>narcotráfico</strong>, bem como roubo <strong>de</strong> aeronavese adulteração <strong>de</strong> suas características para utilização emativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>lituosas;2.2. Desenvolvimento <strong>de</strong> uma ação permanente daPolícia Civil na i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> pistas usadas irregularmentepara pousos e <strong>de</strong>colagens <strong>de</strong> aeronaves, manten<strong>do</strong>cadastro atualiza<strong>do</strong> das pistas registradas e homologadasmediante solicitação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s ao Departamento <strong>de</strong>Aviação Civil <strong>do</strong> Ministério da Aeronáutica (SERAC-4);2.3. Manutenção, na <strong>de</strong>legacia especializada propostano item 2.1, <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s atualiza<strong>do</strong>s <strong>do</strong> BIA - BoletimInformativo <strong>de</strong> Aeronaves e <strong>do</strong> RAB - Registro AeronáuticoBrasileiro sobre as aeronaves que operam em territóriopaulista, capacitan<strong>do</strong> pessoal para a análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s edisponibilização imediata, por telefone ou Internet, particularmentesobre a proprieda<strong>de</strong> e ocorrências policiais envolven<strong>do</strong>esses aviões. Para tanto, <strong>de</strong>verá a autorida<strong>de</strong> policialsolicitar periodicamente ao Departamento <strong>de</strong> Aviação Civil(SERAC 4) a atualização <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s referentes a contratos<strong>de</strong> compra e venda, permuta, aluguel ou cessão <strong>de</strong> aeronavesa terceiros, bem como eventuais multas, infrações eoutras ocorrências referentes a elas e seus pilotos;2.4. Centralização das informações <strong>de</strong> roubo, queda,danificação ou <strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong> aeronaves em territóriopaulista, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a cruzar as investigações sobre o <strong>de</strong>stino<strong>de</strong>ssas aeronaves com sua potencial utilização em ativida<strong>de</strong>silícitas. A manutenção <strong>do</strong> atual sistema <strong>de</strong> investigação<strong>de</strong> roubo <strong>de</strong> aeronaves pelas <strong>de</strong>legacias <strong>do</strong> território on<strong>de</strong>o <strong>de</strong>lito acontece tem se mostra<strong>do</strong> incapaz <strong>de</strong> localizaressas aeronaves e <strong>de</strong>tectar sua reutilização pelo tráfico <strong>de</strong>drogas e outras ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong>. Caberá aesta <strong>de</strong>legacia especializada dar suporte aos inquéritos<strong>de</strong>correntes <strong>de</strong>stas ocorrências ou avocar para outras <strong>de</strong>legaciasespecializadas a investigação;2.5. Centralização das informações sobre fiéis <strong>de</strong>positários<strong>de</strong> aeronaves, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a que este expediente seja utiliza<strong>do</strong>para <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> aeronaves apreendidas para ativida<strong>de</strong>silícitas O problema constata<strong>do</strong> é a ausência <strong>de</strong> registroda apreensão <strong>de</strong> bens móveis, em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> seuenvolvimento na ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>lituosa. A inexistência <strong>de</strong> umregistro público - tal como no caso <strong>do</strong>s bens imóveis - possibilitaa liberação <strong>do</strong>s bens eventualmente apreendi<strong>do</strong>s pelaausência <strong>de</strong> informação da existência <strong>de</strong> qualquer “ônus”sobre este bem. Seria recomendável a criação <strong>de</strong> um registrojunto aos órgãos <strong>de</strong> fiscalização <strong>de</strong>stes bens, no qual semantivesse um cadastro da sua apreensão por envolvimentoem ato ilícito. Isto permitiria “monitorar” as liberações <strong>de</strong>stesbens. Cria<strong>do</strong> este registro, a prévia <strong>de</strong>monstração da inexistência<strong>de</strong> ônus, <strong>de</strong>veria instruir o pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> liberação. Nocaso das aeronaves, haveria o registro junto ao DAC e nocaso <strong>de</strong> automóveis, junto ao DETRAN;2.6. O Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>verá estudar a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> convênio com o Ministério da Aeronáutica para oacesso às informações <strong>de</strong> rastreamento <strong>de</strong> vôos não autoriza<strong>do</strong>sem território paulista, realiza<strong>do</strong> pelo Coman<strong>do</strong> <strong>de</strong>Defesa Aérea Brasileira, em Brasília, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a que aPolícia possa ter as coor<strong>de</strong>nadas e horários <strong>de</strong> pouso e<strong>de</strong>colagem e as respectivas rotas <strong>de</strong> vôo <strong>de</strong> aeronaves quevoam irregularmente;2.7. O DAESP <strong>de</strong>verá provi<strong>de</strong>nciar o cumprimento darecomendação <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Aviação Civil no senti<strong>do</strong><strong>de</strong> disponibilizar a vistoria <strong>de</strong> passageiros e bagagem<strong>de</strong> mão por sistema articula<strong>do</strong> <strong>de</strong> pórticos e equipamentos<strong>de</strong> raios-X em to<strong>do</strong>s os 31 aeroportos administra<strong>do</strong>s peloDAESP, já que os pórticos já estão instala<strong>do</strong>s e operan<strong>do</strong><strong>de</strong>s<strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2000;2.8. Solicitação à Polícia Fe<strong>de</strong>ral para o aumento <strong>de</strong>efetivo <strong>de</strong> suas equipes responsáveis pela atuação nosaeroportos internacionais <strong>de</strong> Cumbica, em Guarulhos, e <strong>de</strong>Viracopos, em Campinas, bem como no porto <strong>de</strong> Santos.No caso <strong>de</strong> Campinas, esta CPI recomenda a instalação <strong>de</strong>uma <strong>de</strong>legacia ou posto permanente <strong>de</strong> presença da PolíciaFe<strong>de</strong>ral no aeroporto <strong>de</strong> Viracopos, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a colaborarcom a Receita Fe<strong>de</strong>ral na verificação <strong>de</strong> eventuais crimescometi<strong>do</strong>s na movimentação internacional <strong>de</strong> cargasnaquele aeroporto.3. MUDANÇAS NOS MECANISMOS DE MOVI-MENTAÇÃO E GUARDA DE PRESOS NOS SISTEMAS CAR-CERÁRIO E PENITENCIÁRIOEm <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2.000, esta CPI, avalian<strong>do</strong> a dimensão<strong>do</strong>s problemas relaciona<strong>do</strong>s com a movimentação <strong>de</strong> presosque cumprem pena na Casa <strong>de</strong> Detenção <strong>do</strong> Carandirue as condições em que as relações entre agentes púbicos epresos privilegia<strong>do</strong>s se <strong>de</strong>senvolveram naquela unida<strong>de</strong>penal, aprovou por consenso proposta no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> sugerirà Assembléia <strong>Legislativa</strong> a constituição, ao final <strong>de</strong> nossostrabalhos, <strong>de</strong> uma nova CPI para investigar o crimeorganiza<strong>do</strong> no interior <strong>do</strong> sistema penitenciário e aprofundaras investigações sobre as relações promíscuas estabelecidaspela corrupção e pelo privilégio entre agentes públicose presos. A crise penitenciária paulista, exposta com amega-rebelião <strong>de</strong> presos ocorrida em fevereiro <strong>de</strong>ste ano,acelerou a tramitação <strong>de</strong>sta proposta, e a CPI <strong>do</strong> SistemaPenitenciário da Assembléia <strong>Legislativa</strong> foi aprovada e instaladaneste mês <strong>de</strong> junho. Portanto, essa CPI gostaria <strong>de</strong>recomendar duas providências ao sistema judiciário, referentesao problema penitenciário paulista:3.1. Provimento <strong>do</strong> cargo <strong>de</strong> Juiz Titular da Vara dasExecuções Criminais da Capital, <strong>de</strong>scentralização <strong>do</strong>s serviços<strong>de</strong> execuções criminais da Capital e <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> competênciadas mesmas execuções para as Varas já criadas por lei.A Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988, em consonância com alonga tradição <strong>do</strong> direito brasileiro, estabeleceu o princípio<strong>do</strong> juiz natural, segun<strong>do</strong> o qual ninguém será processa<strong>do</strong> esentencia<strong>do</strong> senão pela autorida<strong>de</strong> competente. A plenaeficácia <strong>de</strong>ste princípio encontra-se diretamente vinculada,não só às garantias atribuídas aos membros <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>rJudiciário, como também à <strong>de</strong>finição da lei como a únicafonte da organização judiciária.O que se constata é a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ajustar a ExecuçãoCriminal aos princípios relativos ao juiz natural. ODepartamento <strong>de</strong> Execuções Criminais, em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, cria<strong>do</strong>pelo E. Tribunal <strong>de</strong> Justiça, possui como responsável oMagistra<strong>do</strong> que venha a ser <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> para tanto. Ou seja,o cargo <strong>de</strong> Juiz das Execuções não é provi<strong>do</strong> medianteconcurso <strong>de</strong> promoção por antiguida<strong>de</strong> ou merecimento.O concurso <strong>de</strong> promoção é um importante instrumento<strong>de</strong> acesso aos cargos da Magistratura, na medida em quepreserva uma ampla margem <strong>de</strong> discricionarida<strong>de</strong>, porémvinculada. Na medida em que o cargo é provi<strong>do</strong> por <strong>de</strong>signação,reduz-se a in<strong>de</strong>pendência que é característica essencial<strong>do</strong> po<strong>de</strong>r judicial. Necessário, pois, que o cargo <strong>de</strong> Juizda Vara das Execuções Criminais seja coloca<strong>do</strong> em concurso,adaptan<strong>do</strong>-se assim às normas da Constituição Fe<strong>de</strong>ral.Ao la<strong>do</strong> da necessária revisão da forma <strong>de</strong> provimento<strong>do</strong> cargo <strong>do</strong> Juiz das Execuções Criminais, há que se revera própria organização judiciária. O processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralizaçãopara as comarcas <strong>do</strong> interior da competência antesafeta ao Departamento <strong>de</strong> Execuções Criminais, <strong>de</strong>ve seesten<strong>de</strong>r também aos serviços <strong>de</strong> execução da Capital. Aatual estrutura cartorária, com um reduzi<strong>do</strong> número <strong>de</strong>auxiliares e escreventes, um único quadro <strong>de</strong> juízes, revelaseinsuficiente ao atendimento, ocasionan<strong>do</strong> sérios prejuízosà celerida<strong>de</strong> da justiça.Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> ser possível, nos termos regimentais, oremanejamento da competência <strong>de</strong> varas num mesmo foro,nada impe<strong>de</strong> que se atribuam a varas criminais já criadaspela Lei <strong>de</strong> Organização Judiciária, a competência para oprocessamento <strong>de</strong> execuções criminais na capital, atribuin<strong>do</strong>-se-lhesos serviços por matéria ou divisão geográfica.3.2. Atribuição das funções da Correge<strong>do</strong>ria Geral <strong>do</strong>Sistema Penitenciário a um Juiz Correge<strong>do</strong>r distinto <strong>do</strong>Juiz da Execução.O quadro atual da estrutura cartorária da ExecuçãoPenal - com um reduzi<strong>do</strong> número <strong>de</strong> auxiliares e escreventese um único quadro <strong>de</strong> juízes - recomenda a separaçãodas funções próprias <strong>do</strong> procedimento da ExecuçãoCriminal e da Correge<strong>do</strong>ria <strong>do</strong> sistema penitenciário.Não há como manter a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> funções, vistoque hoje, só o procedimento da execução criminal já representauma sobrecarga ao quadro existente. Por outro la<strong>do</strong>,os números <strong>de</strong>ste complexo sistema penitenciário - comuma população carcerária <strong>de</strong> quase 100 mil reeducan<strong>do</strong>s -reclama uma correição permanente e exclusiva.Prevista na lei <strong>de</strong> Organização Judiciária, a alteraçãoda competência da Correição permanente <strong>de</strong>verá se daratravés <strong>de</strong> projeto <strong>de</strong> lei complementar <strong>de</strong> iniciativa exclusiva<strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, nos termos <strong>do</strong> artigo 24, § 4oda Constituição <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>.Esta CPI apresenta, pois, a indicação ao Tribunal <strong>de</strong>Justiça <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> para que inicie estu<strong>do</strong>s nosenti<strong>do</strong> <strong>de</strong> modificar a atual competência <strong>do</strong>s Juízes dasVaras das Execuções Criminais, com a atribuição da correiçãopermanente <strong>do</strong>s presídios a estrutura exclusiva.4. MUDANÇAS NOS MECANISMOS DE CONTROLE DAMOVIMENTAÇÃO DE CARGAS NOS AEROPORTOS INTER-NACIONAIS E PORTO DE SANTOS PELA RECEITA FEDERALEsta CPI, com base na análise realizada anteriormentesobre os procedimentos utiliza<strong>do</strong>s pela Receita Fe<strong>de</strong>ralpara controle e fiscalização da movimentação <strong>de</strong> cargasnos pontos <strong>de</strong> entrada e saída <strong>do</strong> país para pessoas e merca<strong>do</strong>riaslocaliza<strong>do</strong>s em território paulista, apresenta asseguintes recomendações com o objetivo <strong>de</strong> aprofundar oenfoque administrativo da Aduana para o cumprimento <strong>de</strong>sua função precípua, que é <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> fluxos e nãomeramente arrecadatória.4.1. Reestruturação e Reaparelhagem da AduanaConsi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que o quadro <strong>de</strong> pessoal <strong>de</strong> toda a instituiçãoé <strong>de</strong> 7.000 auditores fiscais, o que correspon<strong>de</strong>ria a1/3 (um terço) <strong>do</strong> necessário, esta CPI consi<strong>de</strong>ra que acarência <strong>de</strong> pessoal é facilmente constatável, pois a estescabe fiscalizar e controlar os luxos <strong>de</strong> comércio exteriorque operam em vias oficiais (portos, aeroportos e pontos<strong>de</strong> fronteira alfan<strong>de</strong>ga<strong>do</strong>s). Isto resulta ainda mais claro seconsi<strong>de</strong>rarmos o <strong>de</strong>scréscimo <strong>do</strong> quadro verifica<strong>do</strong> nosúltimos anos - há 25 anos se contava com 12 mil auditores.Neste senti<strong>do</strong>, esta CPI recomenda ao governo fe<strong>de</strong>ral imediatasprovidências no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> repor à Receita Fe<strong>de</strong>ralos quadros necessários ao cumprimento pleno <strong>de</strong> suas funções,bem como a garantia <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> trabalho a<strong>de</strong>quadasao <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>ssas funções.4.2. Revogação das Instruções Normativas da Secretariada Receita Fe<strong>de</strong>ral ns. 106/98, 111/98 e 114/98Esta CPI recomenda à Secretaria da Receita Fe<strong>de</strong>ral arealização <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s para a substituição das normas <strong>de</strong>fiscalização <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias e cargas contidas nasInstruções Normativas ns. 106/98, 111/98 e 114/98, já analisadasneste Relatório, por outras a serem <strong>de</strong>finidas commaior transparência e em processo negocia<strong>do</strong> com osauditores fiscais, responsáveis pela operação <strong>do</strong> sistema<strong>de</strong> controle e fiscalização e que em muito po<strong>de</strong>rão contribuir,com sua experiência acumulada, para a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong>novos procedimentos.4.3. Re<strong>de</strong>finição <strong>do</strong> Sistema Parametriza<strong>do</strong>, com apriorização da verificação física, restabelecimento da recepçãoe redução da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> canais <strong>de</strong> conferência.Esta CPI recomenda que, no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate sobreas novas condições em que a movimentação <strong>de</strong> cargas sejanormatizada pela Receita Fe<strong>de</strong>ral, sejam consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s paraefeito <strong>de</strong> parametrização as propostas apresentadas peloSindicato Nacional <strong>do</strong>s Auditores Fiscais da Receita Fe<strong>de</strong>ral(UNAFISCO SINDICAL) durante os trabalhos <strong>de</strong>staComissão, que têm como eixos a priorização da verificaçãofísica, o restabelecimento <strong>do</strong> instituto da recepção e a reduçãoda quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> canais <strong>de</strong> conferência das cargas.Esta CPI enten<strong>de</strong> que a maior parte das merca<strong>do</strong>rias queentram no país <strong>de</strong>ve ao menos ser vista: a pretexto <strong>de</strong> agilizaros fluxos, não se po<strong>de</strong> comprometer o necessário controle.Todas as merca<strong>do</strong>rias importadas, após a recepção,seriam submetidas à seleção parametrizada, que contariacom apenas <strong>do</strong>is canais <strong>de</strong> conferência: vermelha ou ver<strong>de</strong>.4.4. Ampliação da autonomia para a fiscalização localEsta CPI, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o caráter nacionaliza<strong>do</strong> e centraliza<strong>do</strong><strong>do</strong>s critérios <strong>de</strong> parametrização das cargas e merca<strong>do</strong>riasque entram e saem <strong>do</strong> país, recomenda que se <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ieum processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralização <strong>do</strong> gerenciamento <strong>do</strong>sparâmetros <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> seleção, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a que as peculiarida<strong>de</strong>slocais sejam contempladas com uma maior capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> fiscalização por parte <strong>do</strong>s auditores fiscais lota<strong>do</strong>sno próprio local. Essa medida permitiria, no entendimento<strong>de</strong>ssa CPI, uma melhor articulação <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong>s auditoresfiscais com a autorida<strong>de</strong> policial local, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a diminuiros espaços para a ativida<strong>de</strong> criminosa <strong>do</strong> <strong>narcotráfico</strong> através<strong>de</strong> cargas movimentadas entre diferentes países.5. APRIMORAMENTO DA LEGISLAÇAO SOBRE OSPODERES E PRERROGATIVAS DAS CPIS NA ASSEMBLÉIALEGISLATIVA DE SÃO PAULOConsi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> as dificulda<strong>de</strong>s enfrentadas por esta CPI,ao longo <strong>de</strong> seus trabalhos, em especial na relação com asdiversas instituições, julgamos oportuna a normatização daatuação das Comissões Parlamentares <strong>de</strong> Inquérito, instituídasna forma <strong>do</strong> § 2o <strong>do</strong> artigo 13 da ConstituiçãoEstadual, nos seguintes termos:Projeto <strong>de</strong> Lei nº , <strong>de</strong> 2000.Disciplina a atuação das Comissões Parlamentares<strong>de</strong> Inquérito instituídas na forma <strong>do</strong> §2º <strong>do</strong> artigo13 da Constituição Estadual.A Assembléia <strong>Legislativa</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> <strong>de</strong>creta:Artigo 1º - As Comissões Parlamentares <strong>de</strong> Inquérito,criadas na forma prevista no §2º <strong>do</strong> artigo 13 daConstituição <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, terão po<strong>de</strong>res próprios<strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>s judiciais, além <strong>de</strong> outros previstos emRegimento Interno da Assembléia <strong>Legislativa</strong>, para apuração<strong>de</strong> fatos <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s que ensejaram a sua formação.Parágrafo único - No âmbito territorial <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> e na apuração <strong>de</strong> fatos <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s, sãoamplos os po<strong>de</strong>res investigatórios das ComissõesParlamentares <strong>de</strong> Inquérito.Artigo 2º. Para efeitos <strong>de</strong>sta Lei, consi<strong>de</strong>ra-se agentepúblico to<strong>do</strong> aquele que exerce, ainda que transitoriamenteou sem remuneração, por eleição, nomeação, <strong>de</strong>signação,contratação ou qualquer outra forma <strong>de</strong> investidura ou vínculo,mandato, cargo, emprego ou função na administraçãodireta, indireta ou fundacional <strong>de</strong> qualquer <strong>do</strong>s Po<strong>de</strong>resda União, <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s, <strong>do</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ral, <strong>do</strong>s Municípios,<strong>de</strong> Território, <strong>de</strong> empresa incorporada ao patrimônio, <strong>de</strong>agência regula<strong>do</strong>ra, <strong>de</strong> empresa concessionária <strong>de</strong> serviçopúblico, ou <strong>de</strong> entida<strong>de</strong> cuja criação ou custeio o eráriohaja concorri<strong>do</strong> ou concorra com mais <strong>de</strong> 50% (cinqüentapor cento) da receita anual.


Esta<strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong><strong>São</strong><strong>São</strong><strong>Paulo</strong><strong>Paulo</strong>Volume 112 • Número 117 • <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, sába<strong>do</strong>, 22 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2002Volume 109 • Número 149 • <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, sába<strong>do</strong>, 7 <strong>de</strong> agostoArtigo 3º - <strong>São</strong> consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>res próprios <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>judicial para efeitos <strong>de</strong>sta Lei, além <strong>de</strong> outros previstosno Regimento Interno da Assembléia <strong>Legislativa</strong> e nalegislação, os seguintes:I - convidar ou convocar <strong>de</strong>poentes;II - tomar <strong>de</strong>poimentos, sob compromisso se assimenten<strong>de</strong>r necessário a Comissão;III - promover acareações;IV - requisitar informações e <strong>do</strong>cumentos aos particulares,agentes e órgãos públicos fe<strong>de</strong>rais, estaduais e municipais;V - efetuar as diligências on<strong>de</strong> e como se fizeremnecessárias;VI - <strong>de</strong>terminar a quebra <strong>do</strong> sigilo bancário, fiscal etelefônico, requisitan<strong>do</strong> as respectivas informações <strong>do</strong>sagentes e órgãos públicos competentes;VII - <strong>de</strong>terminar a órgão estadual a realização <strong>de</strong> perícia,lau<strong>do</strong> ou parecer técnico;VIII- requisitar o auxílio das polícias civil e militar paraassessorar seus trabalhos, bem como para exercer a segurança<strong>de</strong> testemunha, <strong>de</strong> seus membros ou <strong>de</strong> terceirosrelaciona<strong>do</strong>s aos fatos investiga<strong>do</strong>s;IX - requisitar funcionários <strong>do</strong>s serviços administrativosda Assembléia <strong>Legislativa</strong>, bem como, em caráter transitório,<strong>de</strong> órgão ou entida<strong>de</strong> da administração públicadireta, indireta ou fundacional, ou <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário,necessários aos trabalhos da comissão;X - <strong>de</strong>mais providências que se fizerem necessárias àsinvestigações.Artigo 4º - As medidas investigatórias previstas nosincisos <strong>do</strong> artigo 3º <strong>de</strong>sta Lei que importem em restrição <strong>de</strong>direitos <strong>de</strong>verão ser <strong>de</strong>vidamente fundamentadas, indicadasua necessida<strong>de</strong>, e aprovadas pelo plenário da ComissãoParlamentar <strong>de</strong> Inquérito, na forma que dispuser o regimentointerno da Assembléia <strong>Legislativa</strong>.Artigo 5º - As Comissões Parlamentares <strong>de</strong> Inquéritofuncionarão na se<strong>de</strong> da Assembléia <strong>Legislativa</strong>, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>,sempre que necessário, funcionar ou efetuar diligências emqualquer outra localida<strong>de</strong>, justificadamente.Artigo 6º - As reuniões das Comissões Parlamentares<strong>de</strong> Inquérito serão públicas, reservadas ou secretas.Artigo 7º - As reuniões serão públicas, salvo se aComissão <strong>de</strong>liberar em senti<strong>do</strong> contrário.Artigo 8º - As reuniões serão reservadas quan<strong>do</strong> amatéria pu<strong>de</strong>r ser discutida na presença <strong>de</strong> funcionários aserviço da Comissão, membros cre<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong>s e terceiros<strong>de</strong>vidamente convida<strong>do</strong>s.Artigo 9º - As reuniões serão secretas quan<strong>do</strong> a matériaa ser apreciada somente permitir a presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>s,ressalvada a presença <strong>de</strong> advoga<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>poente,quan<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua oitiva.Parágrafo único - Nas reuniões secretas servirá comosecretário da Comissão, por <strong>de</strong>signação <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte, um<strong>de</strong> seus membros, salvo <strong>de</strong>liberação em contrário.Artigo 10 - Criada a Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito,o seu Presi<strong>de</strong>nte solicitará ao Secretário Geral Parlamentara <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> funcionários <strong>do</strong> quadro <strong>de</strong> efetivos daAssembléia <strong>Legislativa</strong> para secretariar a Comissão.Artigo 11 - Para o assessoramento técnico-jurídico daComissão, o seu Presi<strong>de</strong>nte solicitará ao Procura<strong>do</strong>r-Chefeda Assembléia <strong>Legislativa</strong> a indicação <strong>de</strong>, ao menos, umProcura<strong>do</strong>r titular e um substituto.Parágrafo único - Em caso <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prática <strong>de</strong>medidas judiciais em nome da Comissão Parlamentar <strong>de</strong>Inquérito, o seu Presi<strong>de</strong>nte, após a <strong>de</strong>vida aprovação pelaComissão, encaminhará o requerimento ao Procura<strong>do</strong>r-Chefe da Assembléia <strong>Legislativa</strong>, que po<strong>de</strong>rá distribuí-lo àÁrea <strong>do</strong> Contencioso Geral da Procura<strong>do</strong>ria para a elaboração<strong>de</strong> estu<strong>do</strong> ou a prática da medida judicial pertinente.Artigo 12 - Haven<strong>do</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contratação <strong>de</strong> serviçosespecializa<strong>do</strong>s que não possam ser presta<strong>do</strong>s porórgãos públicos, qualquer membro da Comissão po<strong>de</strong>rá propora contratação <strong>de</strong> pessoa física ou jurídica especializada.§ 1º - A proposta <strong>de</strong> contratação será posta à <strong>de</strong>liberaçãoda Comissão e, sen<strong>do</strong> aprovada, a Assembléia<strong>Legislativa</strong> efetuará a contratação, com recursos provenientes<strong>do</strong> seu orçamento.§ 2º - Ressalvada a hipótese prevista no parágrafoanterior, às Comissões Parlamentares <strong>de</strong> Inquérito será<strong>de</strong>stinada verba própria para fazer face às <strong>de</strong>spesas efetuadaspor seus membros e respectiva assessoria no exercíciodas atribuições a elas atinentes, bem como para custeareventuais gastos com o <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> testemunhas,convidadas ou convocadas para prestar <strong>de</strong>poimento nase<strong>de</strong> da Assembléia <strong>Legislativa</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que resi<strong>de</strong>ntes forada Capital e das comarcas a ela contíguas.Artigo 13 - O roteiro <strong>de</strong> investigação das ComissõesParlamentares <strong>de</strong> Inquérito será aprova<strong>do</strong> na primeira reunião,após a eleição <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte, Vice-Presi<strong>de</strong>nte eRelator, observa<strong>do</strong>s aos seus atos as regras previstas nestaLei, no Regimento Interno da Assembléia <strong>Legislativa</strong>, e,subsidiariamente, no Código <strong>de</strong> Processo Penal.Artigo 14 - Toda pessoa po<strong>de</strong> ser convidada ou convocadaa prestar <strong>de</strong>poimento perante Comissão Parlamentar<strong>de</strong> Inquérito.Parágrafo único - A critério <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte da Comissão,os <strong>de</strong>poentes, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> terem si<strong>do</strong> convida<strong>do</strong>sou convoca<strong>do</strong>s, po<strong>de</strong>rão ser intima<strong>do</strong>s através <strong>de</strong> funcionárioda Assembléia <strong>Legislativa</strong> <strong>de</strong>signa<strong>do</strong>, por cartaregistrada, fac-símile, ou qualquer outro meio idôneo capaz<strong>de</strong> atingir a sua finalida<strong>de</strong>.Artigo 15 - Aquele que, regularmente intima<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ixar<strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r à convocação da Comissão para comparecimentoem data, horário e local <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s, sem motivo justifica<strong>do</strong>,po<strong>de</strong>rá ser coercitivamente conduzi<strong>do</strong>.§ 1º - A <strong>de</strong>terminação prevista no “caput” <strong>de</strong>verá serfundamentada e aprovada pelo plenário da Comissão, naforma prevista no Regimento Interno da Assembléia<strong>Legislativa</strong>.§ 2º - Aprovada a condução coercitiva <strong>do</strong> <strong>de</strong>poente, opresi<strong>de</strong>nte da Comissão <strong>de</strong>terminará à autorida<strong>de</strong> policial asua apresentação ou requisitará seja conduzi<strong>do</strong> por funcionárioda Assembléia <strong>Legislativa</strong> <strong>de</strong>signa<strong>do</strong>, que po<strong>de</strong>rásolicitar o auxílio da força pública.Artigo 16 - É <strong>de</strong> 15 (quinze) dias o prazo máximo paraas pessoas indicadas nos incisos IV e VI <strong>do</strong> artigo 3º <strong>de</strong>staLei fornecerem as informações solicitadas pelas ComissõesParlamentares <strong>de</strong> Inquérito, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser prorroga<strong>do</strong> porigual perío<strong>do</strong>.Artigo 17 - A falta injustificada <strong>de</strong> comparecimento <strong>de</strong>agente público, sem prejuízo da medida prevista no artigo 15<strong>de</strong>sta Lei quan<strong>do</strong> cabível, assim como a não prestação dasinformações ou solicitações requisitadas no prazo assina<strong>do</strong>pelas Comissões Parlamentares <strong>de</strong> Inquérito, bem comoqualquer outra ação ou omissão ten<strong>de</strong>nte a comprometer asinvestigações, importam no seu enquadramento na legislaçãoque trata das hipóteses <strong>de</strong> improbida<strong>de</strong> administrativa.Artigo 18 - Às informações obtidas em sessão secreta daComissão ou pela quebra <strong>do</strong> sigilo bancário, fiscal ou telefônico,aplica-se, no que couber, o disposto na legislaçãopenal, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser utilizadas em comunicações aos órgãoscompetentes para as <strong>de</strong>vidas providências (artigo 13, §2º, daConstituição <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>) ou no relatório final, haven<strong>do</strong> justacausa para tanto, a qual <strong>de</strong>verá ser fundamentada.Artigo 19 - To<strong>do</strong>s têm direito a receber informações <strong>de</strong>seu interesse particular contidas em <strong>do</strong>cumentos ou arquivos<strong>de</strong> Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito, ressalvadas aquelascujo sigilo seja imprescindível para assegurar o resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong>strabalhos e investigações, à segurança da socieda<strong>de</strong> e <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong>, bem como à inviolabilida<strong>de</strong> da intimida<strong>de</strong>, da vidaprivada, da honra e da imagem das pessoas.Artigo 20 - O Presi<strong>de</strong>nte da Comissão Parlamentar <strong>de</strong>Inquérito encaminhará o relatório da Comissão, aprova<strong>do</strong>na forma regimental, ao Procura<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça e aoPresi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça e, ainda, conforme o caso,a outras autorida<strong>de</strong>s administrativas ou judiciais com po<strong>de</strong>r<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, para a prática <strong>do</strong>s atos que lhes competirem.Artigo 21 - A autorida<strong>de</strong> a quem for encaminha<strong>do</strong> o relatório<strong>de</strong>verá informar ao Presi<strong>de</strong>nte da Comissão Parlamentar<strong>de</strong> Inquérito ou ao Presi<strong>de</strong>nte da Assembléia <strong>Legislativa</strong>, casoa Comissão tenha si<strong>do</strong> extinta, no prazo <strong>de</strong> 30 dias, as providênciasa<strong>do</strong>tadas ou a justificativa pela omissão.Parágrafo único - A autorida<strong>de</strong> que presidir o procedimento,administrativo ou judicial, instaura<strong>do</strong> em <strong>de</strong>corrência<strong>de</strong> conclusões <strong>de</strong> Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito, <strong>de</strong>verácomunicar ao Presi<strong>de</strong>nte da Assembléia <strong>Legislativa</strong>, semestralmente,a fase em que se encontra, até a sua conclusão.Artigo 22 - O procedimento referi<strong>do</strong> no art. 20 terápriorida<strong>de</strong> sobre qualquer outro, com exceção, na esferajudicial, <strong>do</strong>s pedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> “habeas corpus”, “habeas data” emanda<strong>do</strong> <strong>de</strong> segurança, conforme previsto em lei fe<strong>de</strong>ral.Parágrafo único - O <strong>de</strong>scumprimento <strong>do</strong> disposto no“caput” <strong>de</strong>ste artigo e no artigo prece<strong>de</strong>nte sujeitará aautorida<strong>de</strong> às sanções administrativas, civis e penais.Artigo 23 - Esta Lei entra em vigor na data <strong>de</strong> suapublicação, revogan<strong>do</strong>-se as disposições em contrário.COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITOCOMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO CONSTI-TUÍDA COM A FINALIDADE DE APURAR ORGANIZAÇÕESQUE ATUAM NO NARCOTRÁFICO NO ESTADO DE SÃOPAULO, SUAS RELAÇÕES COM ROUBO DE CARGA, ASSAS-SINATOS , LAVAGEM DE DINHEIRO E DEMAIS ATIVIDADESCRIMINOSAS RELACIONADAS COM O NARCOTRÁFICO,ASSIM COMO O ENVOLVIMENTO, A PARTICIPAÇÃO OUCOLABORAÇÃO DE AGENTES PÚBLICOS E ÓRGÃOS ESTA-TAIS NAS AÇÕES DO TRÁFICO DE DROGAS.APROVADO O RELATÓRIO FINALPLENÁRIO TIRADENTES, EM 28/6/2001a) DIMAS RAMALHO - PRESIDENTEVANDERLEI SIRAQUE - ALBERTO CALVO - JAMILMURAD - ROSMARY CORRÊA - CARLOS SAMPAIO -CELSO TANAUI - CONTE LOPES - DIMAS RAMALHO -RENATO SIMÕES - NABI ABI CHEDID.

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