Ano V • nº 98 • 25 de maio a 7 de junho • R$ 3,50 - Roteiro Brasília

CordaspopularesSpalla da Orquestra Sinfônicado Teatro Nacional, KathiaPinheiro acolhe influências dediferentes ritmos em seu discoinaugural, O Dia NasceMARCOS MAGALHÃESDesde que o primeiro violinolhe chegou às mãos, aos 11 anos, elacomeçou a ganhar intimidade comnomes complicados como Mozart, Bach eTchaikovsky. Enfermeira e pianista, a mãeimpôs o ritmo dos estudos. Cantor líricodo Teatro Municipal do Rio de Janeiro,o pai estimulou a carreira erudita que alevaria a se tornar spalla da OrquestraSinfônica do Teatro Nacional. Agora, abrasiliense por adoção Kathia Pinheirodeixa aflorar as influências populares desua juventude carioca: em O Dia Nasce,CD que lança em 6 de junho, seu violinopasseia por influências do samba, doreggae e da bossa nova.“É um disco eclético”, define Kathia,cujo tempo se divide entre os ensaiospara a orquestra e a regência de umaempresa de produção de eventosmusicais, a Toccata. “Se naorquestra mantenho sempreo contato com a músicaclássica, nos eventos eutoco muito chorinho emúsica popular brasileira.Por isso, é fácil paramim colocar um poucode sotaque de MPB nosclássicos”.Kathia é autora detodas as músicas dodisco. Duas delasinstrumentais,onde deixaa marca deum violino competente e criativo.E dez outras (além da bônus track)onde acrescenta ao violino um novoinstrumento: a voz. Como cantora, elanarra cenas de amor à vida e à natureza.E lembra, como em Sabiá, “sonhosfeitos na infância, de só fazer no mundoalianças que envolvam o amor à belezae à flor”.FORAM OITO ANOS de gestação até olançamento do CD, desde as primeirascomposições até a gravação final, coma participação de colegas da OSTN.Durante as temporadas sinfônicas, dizKathia, era difícil compor. Por causados vários ensaios, entre um concertoe outro, a música clássica ressoava emsua cabeça boa parte do tempo. Ojeito era exercer a criatividadedurante as férias. “A gente tem queestar com o HD liberado para podercompor”, brinca.Se para compor ela teve dereinventar o seu tempo, para cantarbastou reciclar antigas experiências:desde menina participou de corais emcultos evangélicos que freqüentavacom a família. A aproximação com amúsica popular também vem de longe.Ainda menina, no Rio, visitou diversosensaios de escolas de samba e tambémaprendeu a apreciar outros clássicos,como Chico Buarque e Tom Jobim.“Sempre gostei de experimentar amescla do erudito com o popular”,lembra Kathia.O resultadoagora estádisponível.As diversasfaixas trazeminfluências dosamba, da MPB tradicional,do reggae e de outros ritmos.Das três mil cópias da primeiratiragem, mais de 500 já foramvendidas, antes do lançamento,a clientes e amigos. A festa deapresentação do CD, marcadapara o Teatro Nacional, contarácom a presença do arranjadorChiquinho de Moraes, que vaireger a orquestra em três dascanções do disco. Depois, seráa vez de apresentar o trabalhoem cidades como Curitiba, Rio deJaneiro, São Paulo e Goiânia.21