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Ano V • nº 98 • 25 de maio a 7 de junho • R$ 3,50 - Roteiro Brasília

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VERSO & PROSAO gran<strong>de</strong>sertão<strong>de</strong>ntroda genteObra-prima <strong>de</strong> GuimarãesRosa completa <strong>50</strong> anosmais viva do que nuncaRICARDO PEDREIRAMuita gente diz que antes <strong>de</strong> lerGran<strong>de</strong> Sertão: Veredas é melhorpassar primeiro por outras obras“menores” <strong>de</strong> Guimarães Rosa, comoseus contos e novelas. Seria umaforma <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r e se acostumar aouniverso e à linguagem do escritor enão receber um choque que afaste oleitor <strong>de</strong>finitivamentedo difícil romance <strong>de</strong>Rosa.Não sei não.Primeiro, porque é complicado falarem obras “menores” <strong>de</strong> Guimarães,que escreveu tanta coisa maravilhosa.Depois, porque vale a pena tambémpegar logo o touro pela unha, encararo <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> uma vez. É uma leituratão fascinante, uma experiência tãomarcante, que não há razão paraadiá-la.O livro está completando<strong>50</strong> anos em 2006 e tem sidoDeus é paciência.objeto <strong>de</strong> muita reverência ecomemoração. Quem for a São Paulo,por exemplo, não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong>visitar a interessantíssima exposiçãosobre Gran<strong>de</strong> Sertão montada nonão menos interessante e recéminauguradoMuseu daLíngua Portuguesa,na Estação da Luz.É coisa <strong>de</strong> encher osolhos.Mas por que um livro é tão badaladoa ponto <strong>de</strong> ser homenageado com umaexposição? Leia Gran<strong>de</strong> Sertão e veja.É uma revolução nalinguagem, um gran<strong>de</strong>romance-poema,um mergulho nasprofun<strong>de</strong>zas da alma humana. Comcerteza, um dos <strong>maio</strong>res da literaturabrasileira e, para muita gente, daliteratura mundial.É uma história contada pelo ponto<strong>de</strong> vista <strong>de</strong> um ex-jagunço – agorapacato fazen<strong>de</strong>iro, às margens do SãoFrancisco, naquele mundão entreSossego traz <strong>de</strong>sejos.Toda sauda<strong>de</strong> é uma espécie <strong>de</strong> velhice.Minas e Bahia – que lutou em bandose viu muita guerra e drama. Riobaldorecorda numa gran<strong>de</strong> narrativa, relatadapara um senhor da cida<strong>de</strong>, sua vida,dúvidas e filosofias.“Viver é muito perigoso”, dizsempre Riobaldo,numa frase que setornou espécie <strong>de</strong>resumo da obra. Elefala do seu encontro com o <strong>de</strong>mônio– “o Coisa-Ruim, o Bo<strong>de</strong>-Preto, oMorcegão, o Xu, o O” – e do pacto queteriam feito. Fala <strong>de</strong> sua amiza<strong>de</strong> pelojagunço Reinaldo, que <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>scobreser na verda<strong>de</strong> Diadorim – umarevelação (para quem já sabe do que setrata essa revelação, não precisa contar;para quem não sabe, melhor <strong>de</strong>ixar).Fala também das guerras no sertão,que faziam dos bandos <strong>de</strong> jagunçosverda<strong>de</strong>iros exércitos medievais. Tudonuma linguagem reinventada, emque Guimarães Rosa buscou recriar<strong>de</strong> forma poética a oralida<strong>de</strong> do povoiletrado do interior.Sobre a linguagemdo livro, para muitosconsi<strong>de</strong>rada seu gran<strong>de</strong>26

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