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Presença musical italiana na formação do teatro brasileiro - ArtCultura

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16BALDISSONE, Giusi apudSGOTTO, Mario. La fabbricadelle meraviglie: <strong>teatro</strong> e spettacolonell’Ottocento a Vercelli.Torino: SEB 27, 2003, p.13 e 14 (Línea Teatrale – 5).17MAGALDI, Sábato, op. cit.,p. 61.Gramatica em 1896, quanto à própria forma de <strong>teatro</strong> proposta em seu conjunto:ape<strong>na</strong>s a tragédia não ia ao encontro de “contami<strong>na</strong>ções”, a comédia, ao contrário, eraproposta com a aproximação a formas <strong>do</strong> espetáculo de variedade, ao <strong>teatro</strong> de bonecose a outras formas espetaculares que iam da montagem <strong>do</strong> balão aerostático àexibição de animais em jaulas, a jogos de magia e fantasistas [...]. Tu<strong>do</strong> isso, longe decaracterizar uma realidade provincial que não mantinha bem diferenciadas as formasbaixas e as formas altas da representação teatral, ao contrário, caminhava <strong>na</strong>direção típica assumida pelo <strong>teatro</strong> em to<strong>do</strong>s os paises europeus: a da mistura <strong>do</strong>sgêneros e das formas, a da espetacularização das novidades, <strong>do</strong> próprio progresso daciência e da técnica. [...] Única exceção, em função <strong>do</strong>s custos de montagem, o <strong>teatro</strong> deópera, que freqüentemente resultou decepcio<strong>na</strong>nte devi<strong>do</strong> à modéstia <strong>do</strong>s recursosemprega<strong>do</strong>s. 16Um quadro histórico contami<strong>na</strong><strong>do</strong> de <strong>musical</strong>idadeApesar das limitações de toda ordem, a comédia de Martins Pe<strong>na</strong> representa de fato omarco inicial da fixação <strong>do</strong>s costumes <strong>brasileiro</strong>s, que são explora<strong>do</strong>s por JoaquimManoel de Mace<strong>do</strong>, José de Alencar, França Júnior e Artur Azeve<strong>do</strong>, os principaiscultores <strong>do</strong> gênero, numa continuidade de trabalhos que vem até o princípio desteséculo.Numerosos traços da comédia de Martins Pe<strong>na</strong> reaparecem nos sucessores, conservan<strong>do</strong>o seu eco e as qualidades mais autênticas. Pode-se afirmar que os textos de reaisméritos que se distinguem <strong>na</strong> segunda metade <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong> <strong>na</strong>scem de umasugestão contida em suas farsas despretensiosas. 17Nestes <strong>do</strong>is trechos de Sábato Magaldi, colhi<strong>do</strong>s de sua detalhadaanálise das obras de um <strong>do</strong>s mais importantes dramaturgos <strong>brasileiro</strong>s,estão assi<strong>na</strong>la<strong>do</strong>s os aspectos substanciais da pedra angular da nossacomédia de costume, lugar de fundação <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> e meio de construçãoda tradição teatral brasileira, em virtude <strong>do</strong> papel decisivo desempenha<strong>do</strong>pelo <strong>teatro</strong> de Martins Pe<strong>na</strong> (Rio de Janeiro, 1815-Lisboa, 1848): a“fixação <strong>do</strong>s costumes <strong>brasileiro</strong>s”, a construção de “farsas despretensiosas”,a emergência de “sucessores”.No que se refere aos modelos inpira<strong>do</strong>res <strong>do</strong> autor, além de elementosestruturais e temáticos da comédia nova, Magaldi e outros estudiososconvocam os entremezes ibéricos, mais que a alta comédia francesade Molière, cujos tipos psicológicos Martins Pe<strong>na</strong> não conseguiuimitar, reelaborar.Martins Pe<strong>na</strong> foi bravo conhece<strong>do</strong>r e também exímio cronistafolhetinista <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> lírico. São seus os folhetins publica<strong>do</strong>s <strong>na</strong> sessão Asema<strong>na</strong> lírica <strong>do</strong> Jor<strong>na</strong>l <strong>do</strong> Commercio, em que Pe<strong>na</strong> a<strong>na</strong>lisou o espetáculolírico da Corte, entre agosto de 1846 e outubro de 1847, cuidan<strong>do</strong>tanto das questões de gênero como <strong>do</strong>s problemas de ence<strong>na</strong>ção nos palcos<strong>do</strong> Rio de Janeiro. Mas, como veremos, sua relação com a lírica <strong>italia<strong>na</strong></strong>não se esgotou <strong>na</strong>s pági<strong>na</strong>s <strong>do</strong>s folhetins: a lírica <strong>italia<strong>na</strong></strong> foi motivo defun<strong>do</strong> de sua comediografia, permitin<strong>do</strong>, por exemplo, que a “mania daNorma” e a “sensibilidade das almas” provocada por Bellini protagonizassema comédia O diletante, de 1844:Ato únicoSala em casa de José Antônio. No fun<strong>do</strong>, porta de saída; à direita e esquerda, portas70<strong>ArtCultura</strong>, Uberlândia, v. 9, n. 15, p. 61-81, jul.-dez. 2007

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