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Presença musical italiana na formação do teatro brasileiro - ArtCultura

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25PENA, Martins, op. cit., p.233, p. 236 e 237.26Joaquim Manuel de Mace<strong>do</strong>(Itaboraí, 1820 – Rio de Janeiro,1882). Autor fecun<strong>do</strong>, degrande sucesso de público, cujoromance mais conheci<strong>do</strong> éA moreninha (1844). Situa<strong>do</strong>pelos estudiosos da formação<strong>do</strong> <strong>teatro</strong> <strong>brasileiro</strong> <strong>na</strong> linha decontinuidade entre MartinsPe<strong>na</strong> e José de Alencar, paranão falar de Arthur Azeve<strong>do</strong>,a <strong>musical</strong>idade esfuziante desuas comédias de costume(lembre-se A torre em concurso(1863), a título de exemplo)pode corroborar as considerações<strong>do</strong> presente texto.To<strong>do</strong>s — Morto! Que desgraça! (Grupam-se em re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> corpo de Antônio e caio pano)[FIM] 25A modulação cômica <strong>musical</strong> inteiramente melodramática desteato único <strong>do</strong> nosso folhetinista de <strong>teatro</strong> lírico, funda<strong>do</strong>r da tradição dacomédia de costume brasileira, cria<strong>do</strong>r ou recria<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s recursos teatraismais importantes depois utiliza<strong>do</strong>s por tantos outros autores até o fi<strong>na</strong>l<strong>do</strong> século XIX, é emblemática de uma característica presente em toda aobra de Pe<strong>na</strong> e que prosseguirá, mais ou menos fortemente, <strong>na</strong> produçãocômica em que a música foi tema importante ou estrutura fundante:composição teatral voltada para a geração de intermezzi <strong>na</strong> noitada <strong>do</strong>espetáculo sério e elegante, que também satisfazia o público da classemédia urba<strong>na</strong> paulati<strong>na</strong>mente em formação no Rio de Janeiro. Dramaturgiaconsiderada sem pretensões, distendida por um único ato, escritapensan<strong>do</strong> justamente no lugar e <strong>na</strong> duração de sua colocação emce<strong>na</strong>: os intervalos, ou ao fi<strong>na</strong>l da obra séria que era o ponto forte, se não<strong>do</strong> gosto, ao menos <strong>do</strong> projeto de teatral <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l civiliza<strong>do</strong>r.Além de criar um bem sucedi<strong>do</strong> e funcio<strong>na</strong>l sistema, a comédia decostume de Martins Pe<strong>na</strong>, ainda quan<strong>do</strong> buscou elaborar, gradualmente,uma comediografia mais empenhada, mais séria e realista, jamaisalcançou, no desenvolvimento de nossa tradição teatral, um lugar dehonra no seio <strong>do</strong> projeto iluminista ilustra<strong>do</strong>. Mas, extremamente <strong>musical</strong>e teatralizada, esta espécie inicial de <strong>teatro</strong> musica<strong>do</strong> ofereceu festividadepopular e jogo farsesco com nossas piores características ou condiçõesmais problemáticas, devidas, como vimos, à situação de privilégio,de auto-engano contínuo e necessário para sobreviver, com a liberdadepossível, em convívio com a escravidão. Comédias de costumes com tantode <strong>musical</strong>idade que, também por isso, encontraram o gosto <strong>do</strong> públicoe assim realizaram uma certa continuidade teatral espetacular noBrasil <strong>do</strong> século XIX.A capacidade de Martins Pe<strong>na</strong> de observar esses costumes e operarartisticamente, por aproximações de opostos, desnudan<strong>do</strong> falsas aparênciase descobrin<strong>do</strong> o avesso da medalha, com expedientes cômicosteatrais e musicais, trará sua grande contribuição para a constituição deuma comédia de costume brasileira que nele não se tor<strong>na</strong> tanto um reflexopassivo ou realista da “matéria local”, colocada em confronto com asperspectivas exter<strong>na</strong>s, mas é escrita justamente como matéria de ce<strong>na</strong>,como obra cômica intensamente teatralizada. Os “sucessores” deverãofazer suas contas com um funda<strong>do</strong>r desse gênero e nível e, além de colhere reformular as sugestões destas experiências iniciais tão farsescasquanto melodramáticas, e decisivas para o <strong>teatro</strong> em formação no país,terão a árdua tarefa de se endereçar para um modelo “mais alto” decomédia e de <strong>teatro</strong>: a comédia de costume realista no Brasil, como veremos,deverá confrontar-se com esta tradição de <strong>teatro</strong> cômico musica<strong>do</strong>.Represamento <strong>musical</strong> <strong>na</strong> alta comédia realistaPor meio das comédias de José de Alencar (Ceará, 1829 – Rio deJaneiro, 1877) — romancista indianista de O guarani (1857), Iracema(1865), Ubirajara (1874) e dramaturgo realista de Rio de Janeiro, verso e74<strong>ArtCultura</strong>, Uberlândia, v. 9, n. 15, p. 61-81, jul.-dez. 2007

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