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Presença musical italiana na formação do teatro brasileiro - ArtCultura

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Presença <strong>musical</strong> <strong>italia<strong>na</strong></strong> <strong>na</strong> formação <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> <strong>brasileiro</strong>*Maria de Lourdes Rabetti (Beti Rabetti)* Este texto resulta, parcialmente,de conferência proferidano Ciclo sul <strong>teatro</strong> italianonel secon<strong>do</strong> Ottocento, <strong>na</strong>Università degli Studi di Pisa,ocorri<strong>do</strong> no Setor Teatro da Escolade Doutora<strong>do</strong>, e traduzi<strong>do</strong>por sua própria autora.Ele será publica<strong>do</strong>, em suaversão <strong>italia<strong>na</strong></strong>, em Il castellodi Elsinore, revista semestralde <strong>teatro</strong>, editada sob a chancela<strong>do</strong> Departamento de Discipli<strong>na</strong>sArtísticas, Musicais e<strong>do</strong> Espetáculo da Universitàdi Torino (Unito). Este ensaiofoi escrito no âmbito <strong>do</strong> estágiopós-<strong>do</strong>utoral realiza<strong>do</strong> <strong>na</strong>Unito, de agosto de 2007 ajulho de 2008, com a colaboraçãode Roberto Tessari e debolsa PDE/Capes. A pesquisade pós-<strong>do</strong>utoramento dedicou-seao <strong>teatro</strong> oitocentistaitaliano, por meio <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>da formação artística da bailari<strong>na</strong>Maria Bader<strong>na</strong> (CastelSangiovanni, 1828 – Rio de Janeiro,1892), tema geral <strong>do</strong>projeto de pesquisa <strong>do</strong>centejunto à Unirio.Os estu<strong>do</strong>s sobre a história <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> <strong>brasileiro</strong> concentraram-sepor muito tempo <strong>na</strong> questão de suas origens, que remontariam ao séculoXIX, se observadas suas características determi<strong>na</strong>ntes e mais persistentes.Para alguns, seu marco de origem seria o ato oficial de i<strong>na</strong>uguraçãode um edifício teatral, em princípio desti<strong>na</strong><strong>do</strong> a acolher a produção deelite, e <strong>na</strong> verdade construí<strong>do</strong> especialmente como símbolo da presençareal após a transferência da Corte portuguesa para o Brasil (1808). Logodepois da chegada, o príncipe regente D. João ordenou a construção(autorizada em 1810) de um <strong>teatro</strong> real ergui<strong>do</strong> no Largo <strong>do</strong> Rossio, como nome de Teatro São João, cuja i<strong>na</strong>uguração se deu em 12 de outubrode 1813 com a presença da família real portuguesa. Segun<strong>do</strong> a maiorparte <strong>do</strong>s historia<strong>do</strong>res, no entanto, o <strong>na</strong>scimento <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> <strong>brasileiro</strong>ocorreu somente em 1838, quan<strong>do</strong> pela primeira vez um texto dramáticocom autor e temas <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is — Antonio José ou O poeta e a Inquisição,de Gonçalves Magalhães (Domingos José Gonçalves Magalhães, Rio deJaneiro – 1811, Roma – 1882) foi ence<strong>na</strong><strong>do</strong> pela companhia teatral <strong>do</strong>grande ator João Caetano <strong>do</strong>s Santos, formada substancialmente poratores <strong>brasileiro</strong>s, e não mais <strong>do</strong>mi<strong>na</strong>da pelos atores portugueses.Por sua vez, os estu<strong>do</strong>s sobre a formação teatral brasileira <strong>do</strong> séculoXIX debateram-se, e confrontam-se ainda, com as noções de influênciae de modelos externos, que tendem a desaguar numa história dasidéias demarcada pelos fluxos de correntes literárias. Neste estu<strong>do</strong>, longede resolver tais problemas, procuro detectar e discutir o que entendecomo efetivas co-presenças em circuitos culturais e artísticos historicamentedetermi<strong>na</strong><strong>do</strong>s.Quanto ao problema das origens, o fato é que, ainda bastante distantesde qualquer conclusão, as visões sobre o propala<strong>do</strong> <strong>na</strong>scimento<strong>do</strong> <strong>teatro</strong> <strong>brasileiro</strong>, se, de início, se coligaram à defesa de um <strong>teatro</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l,percebi<strong>do</strong> como espaço ilustra<strong>do</strong> desti<strong>na</strong><strong>do</strong> a um projetociviliza<strong>do</strong>r, posteriormente se aproximaram das concepções de um grupode estudiosos conheci<strong>do</strong>s como intérpretes ou explica<strong>do</strong>res <strong>do</strong> país,estudiosos de vários campos que procuraram, em fecun<strong>do</strong>s momentos<strong>do</strong> século XX, compreender a formação <strong>do</strong> país por meio de sua arte e desua cultura, de maneira mais complexa e orgânica.O sistema literário de Antonio Candi<strong>do</strong>O chama<strong>do</strong> “grupo de explica<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Brasil” envolve um conjuntode intérpretes <strong>do</strong> país, volta<strong>do</strong>s para a percepção e a compreensão de62<strong>ArtCultura</strong>, Uberlândia, v. 9, n. 15, p. 61-81, jul.-dez. 2007

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