11.07.2015 Views

O olhar da Análise do Discurso sobre o texto publicitário - Eutomia

O olhar da Análise do Discurso sobre o texto publicitário - Eutomia

O olhar da Análise do Discurso sobre o texto publicitário - Eutomia

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

494mostrar e dizer. O ethos, segun<strong>do</strong> o autor, se mostra no ato <strong>da</strong> enunciação, ele não é dito noenuncia<strong>do</strong>.Maingueneau (2005) também retomou a retórica antiga, contu<strong>do</strong>, amplian<strong>do</strong> oconceito de ethos. Ao afirmar que o ethos, diferentemente <strong>do</strong> que pensava a retóricaclássica, pertence também ao <strong>texto</strong> escrito, não estan<strong>do</strong> restrito somente à orali<strong>da</strong>de,Maingueneau amplia e reformula esse conceito. Segun<strong>do</strong> o autor, o ethos apresenta umcaráter e uma corporali<strong>da</strong>de, revela<strong>da</strong>s através <strong>do</strong> “tom” que o enuncia<strong>do</strong>r dá <strong>do</strong> seudiscurso ao co-enuncia<strong>do</strong>r. Pode-se dizer, então, que o tripé tom/caráter/corporali<strong>da</strong>deconstitui o cerne <strong>da</strong> concepção de Maingueneau <strong>sobre</strong> ethos.O tom é defini<strong>do</strong>, por Maingueneau (2001), como sen<strong>do</strong> a voz que atesta o dito,possibilitan<strong>do</strong> ao co-enuncia<strong>do</strong>r formar uma imagem <strong>do</strong> enuncia<strong>do</strong>r (e não, é claro, <strong>do</strong>corpo <strong>do</strong> produtor efetivo <strong>do</strong> <strong>texto</strong>), através de indícios textuais de várias ordens. Essaimagem exerce o papel de “fia<strong>do</strong>r” <strong>do</strong> que é dito. O fia<strong>do</strong>r apresenta um caráter e umacorporali<strong>da</strong>de. O ‘caráter’ corresponde a este conjunto de traços psicológicos que o leitorouvinte atribui espontaneamente à figura <strong>do</strong> enuncia<strong>do</strong>r, em função <strong>do</strong> seu mo<strong>do</strong> de dizer.Deve-se dizer o mesmo a propósito <strong>da</strong> ‘corporali<strong>da</strong>de’ que remete a uma representação <strong>do</strong>corpo <strong>do</strong> enuncia<strong>do</strong>r <strong>da</strong> formação discursiva. Corpo que não é ofereci<strong>do</strong> ao <strong>olhar</strong>, que não éuma presença plena, mas uma espécie de “fantasma” induzi<strong>do</strong> pelo destinatário comocorrelato de sua leitura, conforme defende o autor.Se os <strong>do</strong>is elementos <strong>do</strong> ethos, quais sejam, o caráter e a corporali<strong>da</strong>de, foremintegra<strong>do</strong>s à discursivi<strong>da</strong>de, segun<strong>do</strong> Maingueneau (1997a, p.48), o discurso passa a serindissociável <strong>da</strong> forma pela qual “toma corpo”. Desse mo<strong>do</strong>, o “caráter” está associa<strong>do</strong> a“um feixe de traços psicológicos” e a “corporali<strong>da</strong>de” está relaciona<strong>da</strong> a “uma compleição<strong>do</strong> corpo <strong>do</strong> fia<strong>do</strong>r” inseparável de uma maneira de se vestir e se movimentar no espaçosocial.O autor introduz a noção de incorporação, ou seja, a mescla essencial entre umaformação discursiva e seu ethos que ocorre através <strong>do</strong> procedimento enunciativo. Esseconceito pode ser descrito <strong>da</strong> seguinte forma:• a enunciação leva o co-enuncia<strong>do</strong>r a conferir um ethos ao fia<strong>do</strong>r, ela lhedá corpo;

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!