12 <strong>Brasil</strong> Econômico Sábado, 17 de abril, 2010BRASILBric tem longocaminho para setornar um blocoEspecialistas veem avanços nas cúpulas de líderes dospaíses emergentes, mas ressaltam as divergências eassimetrias que existem entre as nações que formam o grupoSílvio Ribassribas@brasileconomico.com.brApesar dos avanços obtidospela segunda cúpula do Bric –<strong>Brasil</strong>, Rússia, Índia e China –,as diferenças estruturais entreesses países ainda se revelammaiores do que as convergências.A reunião dos chefes deEstado e de governo, realizadaquinta-feira em Brasília, reforçoua articulação políticados maiores emergentes emtorno do interesse de ampliarsua influência nos rumos daeconomia mundial. Especialistasouvidos pelo BRASIL ECO-NÔMICO discordam, contudo,da capacidade do Bric de atuarcomo bloco e não apenas comofórum diplomático. Em paralelo,os governos reconhecemgrande espaço para cooperaçãoem áreas como a tecnológicae a financeira.“As assimetrias entre osquatro países e suas respectivasprojeções de poder na políticainternacional são marcantes,dificultando a aliançaefetiva tanto em termos defensivos(bloqueio e veto)quanto ofensivos (agenda comume ação coordenada)”,afirma o pesquisador CarlosPio, da Universidade de Brasília(UnB). Ele aponta distorçõespor trás da sigla criadapelo economista do GoldmanSachs Jim O’Neill, em 2001,Discussão sobrea reforma políticadas Nações Unidas,defendida pelaÍndia e, sobretudo,pelo <strong>Brasil</strong>, se chocacom o desinteressede Rússia e deChina ceder espaçoscomo membrosefetivos do Conselhode Segurançaque vão do poderio militar decada membro aos graus de inserçãono comércio global, doritmodecrescimentoederelaçõescom os Estados Unidos.“O pleito de <strong>Brasil</strong> e Índia demudar a ONU esbarra na Rússiae China, que não queremdividir poder no Conselho deSegurança”, diz.Apesar disso, o presidenteLuiz Inácio Lula da Silva explicitaambições do <strong>Brasil</strong> emocupar posições destacadasnuma futura governança global.No discurso de anfitrião dacúpula ,afirmou que o grupotem papel fundamental naconstrução de nova ordem internacional,“mais justa, representativae segura”. CarlosPio acredita que a reforma dasagências financeiras multilateraisé até objetivo comum dosBrics, mas “não há muita identidade”entre os quatro sobre oque exigir do Fundo MonetárioInternacional (FMI), do BancoMundial (Bird) e da OrganizaçãoMundial do Comércio(OMC). “Todos estão se tornandoeconomias de mercado,dependentes do comércio externo(sobretudo a China) egrandes credores”, observa.Embora queiram reduzir opeso político e econômico dosEUA, nenhum membro tambémpoderia substituir o papeldo mercado americano,maior importador mundial, ede Washington como líder dadefesa de regras internacionaisliberais de comércio. “Emmeio a essa realidade, o Bric jáse coloca como pólo de poder.Aúltimacúpulaeaprimeira,de Yekaterinburg (Rússia,2009), já serviram para desfazerarestas, estimular negóciose ajustar posições no cenárioexterno”, avalia AmadoLuiz Cervo, historiador daUnB. Ele vê a urgência de melhorano diálogo bilateral do<strong>Brasil</strong> com a Índia para, porexemplo, abrir o mercadoagrícola. Pragmático, o primeiro-ministroManmohanSingh já declarou que, antesde sócio, a Índia também éuma concorrente do <strong>Brasil</strong> nomercado global.PERFIS DISTINTOSCaracterísticas e posições de cada integrante do Bric no contexto globalCONSELHO DE SEGURANÇA DA ONUGOVERNANÇA GLOBALARSENAL NUCLEARALTERNATIVA AO DÓLAROUTROS FÓRUNSEm campanha para se tornar membro efetivoDefesa enfática da reforma de órgãos multilateraisNão tem e defende uso pacífico da energia atômicaDefende uso de moedas locais no comércio bilateralArticulações no G20, no Mercosul, Ibas, OEA e outrosMembro efetivo e resistente à abertura de vagasDefesa genérica da reforma de órgãos multilateraisDono do segundo maior arsenal nuclear do planetaDefende uso de moedas locais ou de cestas de moedasMembro do G8, com ação diplomática com EUA e UECandidato a se tornar membro não permanenteDefesa genérica da reforma de órgãos multilateraisImportante poderio nuclear e tensões com vizinhosQuer estudos sobre uso de moedas locais no comércioArticulações no G20, Ibas e no bloco de países asiáticosMembro efetivo e resistente à abertura de vagasExpectativa de ocupar espaços deixados pelos EUAImportante poderio nuclear e tensões com vizinhosQuer estudos sobre uso de moedas locais no comércioPeso sobre regimes comunistas e o bloco asiáticoFonte: especialistas
Sábado, 17 de abril, 2010 <strong>Brasil</strong> Econômico 13DivulgaçãoComércio entre <strong>Brasil</strong> e Japão sobe 14%O fluxo de comércio entre o <strong>Brasil</strong> e o Japão aumentou cerca de 14%no primeiro trimestre deste ano, e tudo indica que o país voltaráao mesmo nível de comércio de 2008, segundo o ministro interino doDesenvolvimento, Ivan Ramalho, ao apresentar a delegação japonesa queparticipou da terceira reunião bilateral do Comitê Conjunto de PromoçãoComercial e de Investimentos, em Brasília . As delegações discutiramtambém a remoção de entraves burocráticos às relações comerciais.RicardoStuckert/PR“A segunda cúpulado Bric, em Brasília,mostrou quepodemos e devemostratar de outrospontos da agendaglobal, como otráfico de drogas,o crime organizadoeoterrorismoDmitry Medvedev,presidente da Rússia“Considero muitoimportante queintensifiquemoso comércio entreos países do Bric,ajudando assima promover umaforte retomadano crescimento daeconomia mundialHu Jintao,presidente da ChinaO Bric não éapenas uma sigla.Avançamos comogrupo que tem papelfundamental paraa construção deuma nova ordemmundial, mais justa,representativae seguraLuiz Inácio Lula da Silva,presidente do <strong>Brasil</strong>A participaçãoem fóruns comoo dos Brics éuma forma de nosfortalecer paraenfrentar problemasglobais que impactama Índia, entre elesas questões financeirae ambientalManmohan Singh,primeiro-ministro da ÍndiaLíderes dos Brics: bloco ainda precisasuperar as diferenças entre seus membrosO presidente russo, DmitryMedvedev, tem dado apoio genéricoàs bandeiras do Bric de reformaspara se evitar novas crisesfinanceiras globais, mas tem delidar com uma economia internamarcadapelopoucodinamismoempresarial, ainda afetada pelopeso estatal dos tempos soviéticos.“O mercado consumidor decarnes russo deverá ter um papelPODER DOMÉSTICOMaior e mais estável democracia da América do SulDemocracia com forte poder de intervenção estatalParlamentarismo, maior democracia do planetaEstado policial, ditadura do Partido Comunistaimportante para os frigoríficosbrasileiros, fato que já torna aaproximação dos países estratégica”,disse Cervo.O presidente chinês Hu Jintao,é o chefe de Estado do paísque efetivamente lidera economicamenteos países emergentes,com as maiores taxasde crescimento e impacto diretono mundo. ■ECONOMIAParque industrial variado, empresariado dinâmicoBaixa diversificação, ênfase em energia e no EstadoParque industrial limitado, dinamismo empresarialParque industrial diversificado, dinamismo estatalBanco russo quer cartão BNDESPresidente de instituiçãobrasileira fará visitaà Rússia em junho próximoSimone Cavalcantiscavalcanti@brasileconomico.com.brA criação de um banco de fomentocomum ao <strong>Brasil</strong>, Rússia,Índia e China (Bric) aindaestá no campo das intenções eprecisa de longo caminho paramaturar. No entanto, isso nãoimpede que experiências bemsucedidasjá possam ser adotadaspelas instituições envolvidas.E, por enquanto, o que semostra mais interessado nacooperação imediata com oBanco Nacional de DesenvolvimentoEconômico e Social(BNDES) é o russo Vnesheconombank(Banco para o ComércioExterno). Está marcadapara junho uma visita do presidenteda instituição brasileira,Luciano Coutinho, à sede dobanco, em São Petersburgo.Em conversas que antecederama cúpula do Bric, que aconteceuem Brasília essa semana,o chefe do banco russo,VladimirDmitriev, fez o convite aCoutinho. O executivo está interessadoem implantar em seupaís um similar do cartãoBNDES. O facilitador de créditobrasileiro foi criado em 2003 e,desde lá, já registrou desembolsosde R$ 5 bilhões dos quais97% foram para micro e pequenas.O sistema conta hoje com12 mil fornecedores e 9,2 mildistribuidores nos quais os empresáriospodem comprar pagandocom seu cartão, cujo limitefoi ampliado recentementepara a R$ 1 milhão.Depois de passar pela Rússia,o representante do BNDESdeve desembarcar em territóriochinês — ainda sem datamarcada, mas ainda em 2010 —para conversas com o ChinaDevelopment Bank (CDB).“Mas, se para criar uma associaçãocom países de mesmacultura já demora, como foi ocasodoMercosul,oquedirácom países tão distintos”, ressaltauma fonte do banco defomento brasileiro.Na quinta-feira à noite, osquatro presidentes assinaramum memorando de entendimentoentre os bancos de desenvolvimentocom o objetivo deconstituir uma associação permanente.O entendimento dosgovernoséodequeessauniãopode viabilizar os projetos deinfraestrutura dos quais os integrantesdo Bric precisam paraestabelecer seu crescimentoeconômico de longo prazo. ■
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