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Cardápio17.4.10Sempre que um jornalista entrevista outrojornalista a respeito de jornalismo suspeita-sede que o resultado da conversa pode nãointeressar ao restante da humanidade. Claro,nem todo o mundo que lê notícia estáinteressado nos pormenores de sua confecção,da mesma forma que consumidores, sei lá, desucrilhos podem não se emocionar com oassunto do plantio de cereais. Esta consideraçãoé importante porque, a partir da página 26,o repórter Luiz Henrique Ligabue entrevista,de Nova York, o veterano repórter Gay Talese —mas isso não deve afugentá-lo, leitor, porque,acima de sua pessoa jurídica, Talese é um dosmaiores contadores de histórias de não ficçãode todos os tempos. Apontado por Tom Wolfecomo o precursor do New Journalism — queredigia reportagens com técnicas da literatura—, ele surge, na conversa com Ligabue, comoalguém de outro tempo, cuja arte, ele alerta, estásendo solapada pela tecnologia que exige rápidaapuração dos fatos e poucos caracteres de texto.Ao lado de Gay Talese, figura nesta edição umoutro jornalista de primeiríssima linha, o editorda revista Carta Capital, Mino Carta. Na página22, ele tece considerações fundamentais sobrea pizza napolitana. Deguste-as. Fred Melo Paiva