dentes <strong>com</strong> vítimas em Curitiba.Flávio Krüger: É fundamentalo papel dos meios de <strong>com</strong>unicação.E o rádio mais ainda. Tem maisfacilidade de alcance para o motoristaque está no trânsito. O condutor nãopode ler um jornal ou instalar uma televisãono carro e dirigir ao mesmo tempo.Mas <strong>com</strong> o rádio é diferente. Eleestá sintonizado numa determinadaemissora e já recebe a informação.Agora, o papel da mídia não é só informar.Também é fazer <strong>com</strong> que o ouvintereflita, pense na informação epasse a ter uma opinião formada sobreo assunto. Por <strong>exemplo</strong>, quando ocorreum atropelamento <strong>com</strong> morte. Épreciso passar para o ouvinte porqueaquilo ocorreu. De quem foi à culpa?É possível amenizar a situação? O quefazer para não ocorrer novamente, oupelo menos diminuir a incidência des-te tipo de acontecimento? Enfim, analisarum “simples” acidente em diversoscontextos: educacional e social,por <strong>exemplo</strong>.O que é mais eficaz, aplicaçãode multas única e exclusivamente,ou deve existir uma conscientizaçãoe reeducação de trânsitoatuando em conjunto <strong>com</strong> as medidaspunitivas?Jurandir Ambonatti:Apenas campanhas de reeducação ede conscientização não bastam.Infelizmente, muitos motoristas sóaprendem depois de receber umamulta. A partir daí passam a respeitaras leis de trânsito, pensando mais nolado financeiro. O motorista precisater consciência que o carro é uma armapoderosa. Para o bem ou para omal. Prepa-rar os motoristas do futuropode <strong>ser</strong> uma boa saída. Nesta linhaaparecem trabalhos importantes,<strong>com</strong>o as blitze educativas realizadaspelo <strong>Detran</strong>, e as atividades desenvolvidaspelo Núcleo de Educação eCidadania, da Diretran.Flávio Krüger: É muito maisimportante uma campanha de educaçãono trânsito. Só que o brasileiro sórespeita as leis quando pesa no bolso.Quando houve a implantação do radarde velocidade, em Curitiba, as duas primeirasmultas eram apenas educativas.Mesmo assim, a maioria dos motoristasque recebeu multas educativas acabouefetivamente multada, porque pelaterceira vez, acabou excedendo o limitemáximo de velocidade permitido.Além da educação, é preciso uma fiscalizaçãorigorosa. O que falta é maisrespeito as leis de trânsito.PEDESTRESCuidado, eles voam!Flávio Krüger: “É muito mais importante uma campanhade educação no trânsito. Só que o brasileiro só respeita asleis quando pesa no bolso”Foto: Anderson MacielAndréa e Arquimedes: trabalhoe estudo justificam a pressados curitibanosFoto: SMCSCuritibanos ocupam o sexto lugar no ranking da velocidade dos pedestresA correria da vida moderna,marcada pelos horários e inúmeros<strong>com</strong>promissos a cumprir, faz <strong>com</strong>que os pedestres caminhem em ritmocada vez mais acelerado. Os curitibanosnão escapam desta tendênciamundial. Em recente estudo realizado<strong>com</strong> intuito de medir a velocidade<strong>com</strong> que os pedestres transitam,Curitiba foi a sexta colocada entre váriascidades pesquisadas ao redor domundo.A pesquisa contou <strong>com</strong> a participaçãodo Conselho Britânico depromoção cultural e da Universidadede Hertfordshire na Inglaterra, e consistiuna análise da velocidade média<strong>com</strong> que os pedestres percorriam18,3 metros em uma rua movimentada,<strong>com</strong> calçada larga, nivelada, livrede obstáculos, vazia o suficiente, demodo que fosse possível as pessoaspercorrem o trajeto em sua máximavelocidade. Foram analisados apenasos pedestres adultos, sozinhos eque não utilizavam celulares e/ou carregavamsacolas de <strong>com</strong>pras.Ainda <strong>com</strong>o parte desta pesquisa,foi feita a <strong>com</strong>paração <strong>com</strong> umestudo sobre a velocidade dos pedestresrealizado em 1994, e descobriuseque hoje os pedestres andam, emmédia, 10% mais rápidos. De certaforma a<strong>com</strong>panhando até mesmo ocrescimento de suas economias, aCidade de Cingapura e o municípiochinês, Guangzhou, foram as cidadesque apresentaram o maior crescimento,<strong>com</strong> pedestres caminhando em velocidadessuperiores em 30 e 20 porcento, respectivamente, em <strong>com</strong>paraçãoà década passada. As capitais daDinamarca (Conpenhagen) e daEspanha (Madrid) mostraram que possuemos pedestres mais velozes daEuropa, superando Londres e Paris.CuritibaA capital paranaense foi aúnica cidade sul-americana presentena lista das dez primeiras classificadasna pesquisa. O aposentado Délciode Oliveira (82) também já havia percebidoque nos últimos anos os pedestresestão <strong>com</strong> os passos maisapressados. “Antigamente as pessoasnão andavam tão apressadas.Acredito que nos últimos dez anos oscuritibanos aceleraram o caminhar.“O que é ruim. Sempre procuro viraté a praça Ozório e olhar o movimento.Vejo as pessoas tão apressadasque nem reparam mais ao seu redor.Se mudarem alguma coisa na ruaXV ou na Ozório, tem gente que <strong>vai</strong>demorar meses para reparar nessasmudanças”, afirma o ob<strong>ser</strong>vadorDélcio.Outro ob<strong>ser</strong>vador das ruasde Curitiba é Valdir Alves da Cruz18 19
(35) que trabalha em um hotel localizadono calçadão da rua XV, no centroda cidade. “Eu até entendo a correriadas pessoas. A jornada de trabalhoé longa e temos nossa vida particulartambém. Aí é um corre daqui ecorre de lá. Eu mesmo sempre estouCuritiba foi à única cidade sul-americana presentena lista das dez primeiras classificadas na pesquisados pedestres “apressadinhos”em cima da hora, e também ando rápido”,diz Valdir, que ainda garante estarem Curitiba o mais rápido de todosos pedestres do mundo. “Olha, sefizerem uma pesquisa do pedestremais rápido, tenho certeza que um rapazque trabalha em uma loja aqui daFoto: Anderson MacielXV ganharia. Ele sempre tem que levaralgum produto a outra filial da loja,que fica na XV mesmo. Ele pareceum carro de fórmula 1”.Os inúmeros afazeres do diaa-diatambém foram enumerados pelosamigos Andréa Calgaroto (20) eArquimedes dos Santos (24). “Trabalhoo dia inteiro, estudo a noite, nãomoro tão perto nem da faculdade,nem do meu local de trabalho. Assimnão tem <strong>com</strong>o não estar sempre <strong>com</strong>pressa não é mesmo!”, diz Andréa. JáArquimedes diz que se tivesse umtempo mais extenso durante o almoço,poderia diminuir o ritmo dos passos.“Não são só os passos que ficamacelerados <strong>com</strong> o tempo curto.Almoçar às vezes parece uma provaolímpica de velocidade”, contaArquimedes, que se despede <strong>com</strong>pressa, já que o fim do seu horário dealmoço está se acabando.Anderson Maciele agências internacionais.LEGISLAÇÃOCódigo de Trânsito Brasileiro <strong>com</strong>pleta uma décadaApesar do tempo de existência, a prática e algumas regulamentações precisam de aprimoramentosVoadoresOs tempos, em segundos, cronometrados em 32 cidadesao redor do mundo estão listados abaixo:Foto: Vanussa PopoviczPedro Chalus, membro do sindicatodos taxistas de Curitiba:“Não é por falta de leis que o trânsitoestá assim”1) Cidade de Cingapura (Cingapura): 10,552) Copenhague (Dinamarca): 10,823) Madri (Espanha): 10,894) Guangzhou (China): 10,945) Dublin (Irlanda): 11,036) Curitiba (Brasil): 11,137) Berlim (Alemanha): 11,168) Nova York (Estados Unidos): 12,009) Utrecht (Holanda): 12,0410) Viena (Áustria): 12,0611) Varsóvia (Polonia): 12,0712) Londres (Grã-Bretanha): 12,1713) Zagreb (Croácia): 12,2014) Praga (República Tcheca): 12,3515) Wellington (Nova Zelândia): 12,6216) Paris (França): 12,6517) Estocolmo (Suécia): 12,7518) Liubliana (Eslovênia): 12,7619) Tóquio (Japão): 12,8320) Ottawa (Canadá): 13,72Vanussa PopoviczEm janeiro do próximo ano,o Código de Trânsito Brasileiro(CTB) <strong>com</strong>pleta dez anos. Foi reformulado<strong>com</strong> o objetivo de reduzir osacidentes por meio da educação parao trânsito e da severidade <strong>com</strong> os motoristas.Porém, temos que inferirque estes dois objetivos principaisainda precisam <strong>ser</strong> aprimoradosna prática, mas por outrolado, os sistemas nacionaisde controle de habilitação e deveículos sofreram saltos de qualidadesignificativos nesses anosde história.Como legislação de trânsito,temos apenas pontos positivospara apresentar. “As leis estãomais claras”, diz CíceroPereira da Silva, coordenador daárea de veículos do <strong>Detran</strong>/PR.Os motoristas conhecem as leis detrânsito e se <strong>com</strong>etem alguma infração“é por falta de atenção”, afirma oempresário Davi Francisco deSouza, motorista há 15 anos. Souzaacredita que, <strong>com</strong> a chegada do atualCTB, o trânsito “melhorou muito,O trânsito é um localpúblico e que a éticadeveria estar acimade qualquer<strong>com</strong>portamento<strong>com</strong> exceção de alguns motoristas estressados”.Para Silva, a falta de uma fiscalizaçãomais intensa acabou afrouxandoo cumprimento da lei. “Noprincípio do CTB, os motoristas seadequaram rápido às novas leis, asrespeitavam.”Segundo o especialista emtrânsito Alan Cannell, a poucafiscalização não justifica o descaso<strong>com</strong> a lei. “Comportamentoé uma questão de educação,informação e respeito. O respeitoà velocidade máxima, por<strong>exemplo</strong>, que é um fato em muitascidades; <strong>com</strong>o Brasília, SãoPaulo, Curitiba, etc, é conseqüênciadireta da informação”.A psicóloga especialista emtrânsito Adriane PicchettoMachado sustenta que o trânsitoé um local público e que a éticadeveria estar acima de qualquer <strong>com</strong>-20 21