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amor-degradação-morte em dois contos de lygia fagundes telles

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Revista Litteris Literatura Número 6Nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2010- (...) Que é que era ver<strong>de</strong> como o mar e seus peixinhos?- O vestido que a princesa mandou fazer para a festa.- Como um campo <strong>de</strong> flores. Para que serve isto, Lorena?- É um peso <strong>de</strong> papel, <strong>amor</strong>.(...)- (...) Quais as funções <strong>de</strong> um anjo?- S<strong>em</strong>pre ouvi dizer que anjo é o mensageiro <strong>de</strong> Deus.(...)- (...) Chamar a adaga e o anjo <strong>de</strong> bugigangas, que é isso? O anjo vaicorrendo contar pra Deus.-Não é um anjo intrigante –advertiu [Lorena], encarando-o (TELLES,1999,p.11, 12,13).int<strong>em</strong>pestivas:Em outros momentos, repreen<strong>de</strong> o marido por suas atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sajeitadas e- Cuidado, querido, você vai quebrar os <strong>de</strong>ntes!(...)- (...) Pois saiba o senhor que muito mais importante do que sermos amadosé amar, ouviu b<strong>em</strong>? É o que nos distingue <strong>de</strong>sse peso <strong>de</strong> papel que você vaifazer o favor <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>em</strong> cima da mesa antes que quebre, sim?(...)- (...) Por que você não ficou comportadinho? Hum... (TELLES, 1999, p.11,13-15).Mais patéticas ainda são as atitu<strong>de</strong>s <strong>em</strong> que Miguel tentou cravar os <strong>de</strong>ntes nabola <strong>de</strong> vidro, encostou os lábios na face da imag<strong>em</strong> do anjo, soprou três vezes e murmuroualgumas palavras, tateou-lhe as feições e <strong>de</strong>pois revelou à mulher ter confi<strong>de</strong>nciado ao anjoque ela não o amava mais. A mulher nega esse fato, porém diante do irr<strong>em</strong>ediável, ele chora,“<strong>de</strong> costas para ela e inclinado para o abajur” (TELLES, 1999, p.13). Neste momento, fazuma <strong>de</strong>claração aflitiva e fatídica:- Veja, Lorena, veja... Os objetos só têm sentido quando têm sentido, foradisso... Eles precisam ser olhados, manuseados. Como nós. Se ninguém meama, viro uma coisa ainda mais triste do que essas, porque ando, falo, indo evindo como uma sombra, vazio, vazio. É o peso <strong>de</strong> papel s<strong>em</strong> papel, ocinzeiro s<strong>em</strong> cinza, o anjo s<strong>em</strong> anjo, fico aquela adaga ali fora do peito. Paraque serve uma adaga fora do peito? (TELLES, 1999, p.13).Miguel elabora uma espécie <strong>de</strong> questionamento sobre os motivos <strong>de</strong>permanecer ali, naquela vida s<strong>em</strong> perspectivas <strong>amor</strong>osas. Configura-se, assim, aos olhos doleitor, a tensão, o conflito da trama: diante do esmaecimento do <strong>amor</strong> <strong>de</strong> Lorena, MiguelRevista Litteris www.revistaliteris.com.br ISSN: 1983 7429www.revistaliteris.com.br Número 6

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