A arte farmacêutica no século XVIII, a farmácia conventual eo
A arte farmacêutica no século XVIII, a farmácia conventual eo
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A <strong>arte</strong> farmacêutica <strong>no</strong> século <strong>XVIII</strong>, a farmácia <strong>conventual</strong> e oinventário da Botica do Convento de Nossa Senhora do Carmo 237trabalho farmacêutico. Só mais tarde, com o curso de boticários da Universidadede Coimbra introduzido pela reforma pombalina (1772) é que osboticários portugueses tiveram, na sua formação, acesso a um contacto coma química 18 .Quando em 1704 a primeira farmacopeia portuguesa (não oficial) foipublicada, a Pharmacopea Lusitana, o acesso à profissão de boticário podiaser feito por duas vias: através do curso de boticários da Universidade deCoimbra ou pela via do Físico‐Mor (este regime de formação vinha, emtraços gerais, desde o Regimento do Físico‐Mor do Rei<strong>no</strong> de 1521). O acessoatravés da Universidade consistia <strong>no</strong> seguinte: os candidatos matriculavamsena Universidade, aprendiam latim durante dois a<strong>no</strong>s e depois praticavama <strong>arte</strong> de boticário numa botica sob a orientação do boticário proprietário,durante quatro a<strong>no</strong>s; findo este tempo, os candidatos vinham fazerexame à Universidade de Coimbra; sendo considerados aptos, podiamexercer a <strong>arte</strong> em qualquer p<strong>arte</strong> do país. Para a frequência do curso naUniversidade foram estabelecidos partidos num número total de dez.Os partidos eram um financiamento para os que quisessem ter acesso àprofissão pela via da Universidade. A verba atribuída revertia, habitualmente,na totalidade do montante atribuído para o mestre boticário querecebia na sua botica o aprendiz. Caso sobrasse uma p<strong>arte</strong> da verbaatribuída, esse montante era dado ao aprendiz mas raramente ou nunca issoacontecia. A outra via de acesso à profissão era a do Físico‐Mor e queconsistia <strong>no</strong> seguinte: todos os que quisessem ser boticários praticavamnuma botica do país e após o tempo de prática suficiente para a aprendizagemda <strong>arte</strong>, os futuros boticários faziam exame perante o Físico‐Mor ouum seu delegado; todos os que fossem considerados aptos podiam abrirbotica em qualquer ponto do país. Esta última via era a mais escolhida poistinha vantagens económicas uma vez que a prática da <strong>arte</strong> de boticáriopodia ser feita numa botica do local de residência do candidato. O ensi<strong>no</strong>18Esta formação química era dada apenas aos alu<strong>no</strong>s do curso regular daUniversidade. Os que obtinham o diploma profissional pela via do Físico‐Mor ficavamao cuidado e à formação dada por mestres boticários e, pensamos, nem sempre haveria aadequada formação química.Ágora. Estudos Clássicos em Debate 14.1 (2012)