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karawa, iri' wari' - Fundação Nacional de Saúde - Funasa

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9cultural habit. The job of the anthropologist in applied nutrition is to view a nutritionalproblem within its cultural context and, on the basis of analysis of both the problem andthe culture, to suggest a plan of action which may be followed in such a manner that,whatever change must be brought about, the least resistance will be generated by therequired intervention.” Sua afirmação, ainda que consi<strong>de</strong>rando fundamental aparticipação <strong>de</strong> antropólogos na abordagem das questões nutricionais – o que járepresenta uma proposta <strong>de</strong> ampliação dos horizontes dos estudos – po<strong>de</strong> ser vista aindacomo um reflexo do mesmo olhar particularista, senão etnocêntrico, que Cattle (1977)aponta.O que transparece em seu discurso é a existência <strong>de</strong> problemas atribuíveis apráticas culturalmente específicas e, do ponto <strong>de</strong> vista das ciências nutricionais,<strong>de</strong>letérias. E, portanto, passíveis <strong>de</strong> reorientação, isto é, <strong>de</strong> uma correção direcionadapelos agentes dos programas. Trata-se <strong>de</strong> uma visão, <strong>de</strong>ste modo, que coloca abiomedicina em uma posição paradigmática, a partir da qual as práticas nativas sãoavaliadas (Langdon, 2000). O pressuposto <strong>de</strong> que os agentes das mudanças <strong>de</strong>têm osconhecimentos, e que a solução dos problemas por eles i<strong>de</strong>ntificados resi<strong>de</strong> em colocarestes mesmos conhecimentos em prática – ainda que da forma menos traumáticapossível – é tão somente coerente em um discurso etnocêntrico e, mais que isso,marcado pela racionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>dutiva, baseada no método experimental (Ritenbaugh,1982). Não teço aqui uma crítica à argumentação <strong>de</strong> Freedman, e nem caberia fazê-lo,quase trinta anos após a publicação <strong>de</strong> seu artigo. No entanto, faço uso da citação para<strong>de</strong>stacar que, se a distância temporal e a trajetória dos <strong>de</strong>bates observada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> entãopo<strong>de</strong>m tornar <strong>de</strong>snecessário ou inapropriado este contraponto, o discurso do autorparece surpreen<strong>de</strong>ntemente atual não apenas na produção acadêmica relativa à temáticanutricional, mas especificamente nas práticas dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que atuamjunto aos Wari’ -, para não dizer junto aos povos indígenas do país (ver Langdon, 2000).A adoção <strong>de</strong> uma perspectiva antropológica nos estudos em nutrição e, em termosmais amplos, na abordagem <strong>de</strong> questões <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, apresenta um gran<strong>de</strong> potencial para asua compreensão (Goodman et al., 2000). No entanto, as possibilida<strong>de</strong>s que seapresentam po<strong>de</strong>m ser severamente limitadas pela pressuposição <strong>de</strong> que a cultura possaconstituir, em sua especificida<strong>de</strong>, um obstáculo às ações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, impedindo a livreimplantação das mudanças julgadas necessárias pelos representantes da biomedicina. Ese este tipo <strong>de</strong> pressuposto já foi superado nas discussões acadêmicas (Langdon, 2003),ele ainda se mostra presente na operacionalização, a nível local, da atenção à saú<strong>de</strong>indígena. Neste contexto, o conhecimento antropológico por vezes parece permanecer

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