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karawa, iri' wari' - Fundação Nacional de Saúde - Funasa

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25entre outras al<strong>de</strong>ias, a <strong>de</strong> Santo André). Neste segundo momento, os Wari’ <strong>de</strong>sejavam“gente para si”, isto é, queriam o contato com os brancos. Mas tratava-se agora <strong>de</strong>outro tipo <strong>de</strong> contato, um outro tipo <strong>de</strong> relação. Isolados dos <strong>de</strong>mais subgrupos e mesmo<strong>de</strong> parte dos Oro Nao’ há mais <strong>de</strong> três décadas, os Wari’ ressentiam-se da ausência nãodaqueles que classificavam como “inimigo”, já que os conflitos com os seringueiros naregião eram cada vez mais comuns. Em lugar disso, <strong>de</strong>sejavam ter os brancos como“estrangeiros”, categoria em que encaixavam outros subgrupos Wari’ com quemmantinham relações regulares, periodicamente ritualizadas em festas intergrupais.Assim, não apenas buscaram o contato com os brancos, mas com o auxílio <strong>de</strong>stes foramao encontro dos <strong>de</strong>mais subgrupos, <strong>de</strong> quem haviam sido separados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as primeirasdécadas do século.Procurados com hostilida<strong>de</strong> em um momento (encarados, portanto, como“inimigos”) e pacificamente em outro (agora vistos como “estrangeiros”), os brancosvinham ocupar “lacunas sociológicas” que o processo <strong>de</strong> contato havia ocasionado, coma separação e a <strong>de</strong>sarticulação dos grupos. Nas palavras <strong>de</strong> Vilaça, neste segundomomento “o movimento dos Wari’ em direção aos Brancos foi, antes <strong>de</strong> tudo, ummovimento em direção à socieda<strong>de</strong> wari’, à vida social, que foi <strong>de</strong>sorganizada e mesmointerrompida com a invasão dos Brancos” (Vilaça, 1996:348). O que parecia estar emjogo em ambos os casos, portanto, era o estabelecimento <strong>de</strong> relações que marcavam ai<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> do grupo, em contraste com a alterida<strong>de</strong> representada, em graus diferentes,por aqueles que classificavam como “estrangeiros” e “inimigos”.Embora o primeiro contato pacífico entre ambas as partes tenha oficialmenteocorrido ainda na década <strong>de</strong> 50, os anos seguintes ainda foram bastante conturbados.Como já mencionamos, os conflitos seguiram ocorrendo até o final da década <strong>de</strong> 60. Emesmo após o fim dos massacres, a sobrevivência do grupo permanecia ameaçada pelainvasão <strong>de</strong> suas terras, em alguns casos com o apoio <strong>de</strong> instituições governamentais.Meireles (1986) menciona que, em meados da década <strong>de</strong> 70, o Banco do Brasilfinanciava projetos <strong>de</strong> extração <strong>de</strong> látex <strong>de</strong>ntro das terras indígenas, ignorando aexistência dos postos. Segundo a autora, à época a área do posto Pakaas Novos estavatão invadida que dificultava a sobrevivência da população indígena, que competia comos invasores pelos mesmos recursos. De fato, a regularização da situação fundiária dasáreas wari’ só começou a acontecer quase vinte anos após os primeiros contatospacíficos, com a <strong>de</strong>limitação das áreas do Lage, Ribeirão e Negro-Ocaia em 1975. Ahomologação da T.I. Pacaas Novos, com uma superfície <strong>de</strong> 279.906 ha, só teria lugarem 1991.

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