karawa, iri' wari' - Fundação Nacional de Saúde - Funasa

112000). Exemplos destas disciplinas seriam a epidemiologia nutricional e a antropologianutricional, dentre outras.Mais especificamente, Wilson (1978) define a antropologia nutricional como oestudo sociocultural das atividades relativas à alimentação, na medida em que afetam asaúde e o estado nutricional; isto é, ressalta, dos usos humanos da comida, em um sensomais amplo. A autora aponta para a aproximação mútua dos estudiosos de nutrição e deantropologia: de um lado, a partir das evidências, em estudos de orientação biomédica,da influência de práticas culturalmente específicas sobre a ingesta de nutrientes; deoutro, do interesse de antropólogos no estudo do comportamento humano relacionado àalimentação, embora apenas uma parte deles manifestasse interesse pela descrição eanálise dos perfis de nutrição propriamente ditos.Pelto et al. (2000:1) assim definem o objeto de interesse da antropologianutricional: “As a field of study, nutritional anthropology is fundamentally concernedwith understanding the interrelationships of biological and social forces in shapinghuman food use and the nutritional status of individuals and populations.” Para osautores, portanto, a chave para a compreensão dos perfis de nutrição encontrados entrepopulações humanas estaria na análise das interações entre os diversos fatoresenvolvidos. Isto significa, portanto, uma ênfase no caráter dinâmico dos aspectos econtextos sob análise. A definição é visivelmente ampla, mas os autores afirmam ser defato “eclética” a natureza da disciplina, compreendendo um grande número deabordagens diferentes. De modo simplificado, as abordagens incluem temas tão diversoscomo a influência de práticas culturalmente específicas, de fatores socioeconômicos oude processos sociais mais amplos na definição das condições nutricionais, ou ainda docaráter adaptativo das práticas alimentares humanas e de seus reflexos emcaracterísticas fisiológicas ou genéticas específicas. Em comum, por outro lado, grandeparte dos estudos do campo teriam aspectos como o foco coletivo em lugar doindividual, a análise a nível domiciliar, abordagens que privilegiam a inclusão deaspectos diversos nas análises, e o registro de variáveis qualitativas e quantitativas,utilizando para tal métodos e técnicas características de campos também distintos (Peltoet al., 2000).Na verdade, a proposta de integrar aspectos biológicos e sociais nas análises dosperfis de saúde começa a se concretizar pelo menos algumas décadas antes dostrabalhos centrados nos aspectos alimentares e nutricionais. A importância de fatoressociais, políticos e econômicos na determinação dos perfis de saúde foi percebida porum número considerável de estudiosos ao longo do século XIX, e talvez expressa de