que incluíam o consumo de alimentos enlata<strong>do</strong>s,eletro<strong>do</strong>mésticos, produtos de beleza,adereços femininos e masculinos, automóveis,móveis, refrigerantes, cigarros: tu<strong>do</strong> o quepodia ser visto nas telas <strong>do</strong>s cinemas.Ficou claro que, apesar de o presidente Rooseveltmirar na questão política, o que moviamesmo a engrenagem eram a economiae o enorme merca<strong>do</strong> que surgia no Brasilpara os produtos americanos.Esse pano de fun<strong>do</strong> marcou a controversaapresentação de Carmen Miranda no Cassinoda Urca. Uma disputa política e econômicaque deixou suas marcas até mesmo nabiografia de uma das maiores artistas que oBrasil já conheceu.O genial Villa-Lobosuma linguagem musical erudita autenticamentebrasileira, incorporan<strong>do</strong> elementosde nossa cultura.Raul Villa-Lobos, pai <strong>do</strong> compositor, funcionáriopúblico e músico ama<strong>do</strong>r, deu-lheinstrução musical e adaptou uma viola paraque o pequeno Heitor iniciasse seus estu<strong>do</strong>sde violoncelo. Aos 12 anos, órfão de pai,Villa-Lobos passou a tocar em teatros, cafése bailes; paralelamente, interessou-se pelaintensa musicalidade <strong>do</strong>s “chorões” representantesda melhor música popular <strong>do</strong> Riode Janeiro e, nesse contexto, desenvolveu--se também no violão. De temperamento inquieto,empreendeu desde ce<strong>do</strong> escapadaspelo interior <strong>do</strong> país, primeiras etapas deum processo de absorção de to<strong>do</strong> o universomusical brasileiro.<strong>Era</strong> Vargas 2 – A política da boa vizinhançaÓ Tupã, deus <strong>do</strong> Brasil.Que o céu enche de solDe estrelas, de luar e de esperançaÓ Tupã, tira de mim essa saudadeAnhangá me fez sonharCom a terra que perdiO Canto <strong>do</strong> Pajé(Heitor Villa-Lobos e Paula Barros)12 . O maestroHeitor Villa-Lobos,“o maior compositordas Américas”To<strong>do</strong> personagem histórico leva consigo,além de sua obra, a inserção no mun<strong>do</strong>em que viveu. Esse é o caso <strong>do</strong> maestroe compositor Heitor Villa-Lobos (1887-1959),o maior expoente da música clássica emnosso país. O Brasil já alcançara algum renomeinternacional nesse setor, graças àobra de Antonio Carlos Gomes (1836-1896),cuja ópera mais conhecida é O Guarani, queinaugurou a transmissão ao vivo <strong>do</strong> rádio,direto <strong>do</strong> Theatro Municipal, em 7 de setembrode 1922. Mas foi Villa-Lobos que criouEm 1922, Villa-Lobos participou da Semanade Arte Moderna e, no ano seguinte,embarcou para a Europa, regressan<strong>do</strong> aoBrasil em 1924. Viajou, novamente, para aEuropa em 1927 e retornou em 1930, quan<strong>do</strong>realizou turnê por 66 cidades. A essaaltura, era um compositor de renome, aindaque ataca<strong>do</strong> violentamente por algunscríticos, que se recusavam a reconhecer osméritos de sua obra múltipla. Essa obra incluíasons de pássaros, cantos indígenas einstrumentos populares de percussão. <strong>Era</strong>um artista completo.135
<strong>Era</strong> Vargas 2 – A política da boa vizinhançaEm seu retorno, engajou-se, decididamente,no projeto nacionalista de Getúlio Vargas,que, em 1930, criou o Ministério da Educaçãoe Saúde Pública. Villa-Lobos foi chama<strong>do</strong> adar sua contribuição e colocou em prática<strong>do</strong>is de seus maiores sonhos: o de promovera educação artística <strong>do</strong>s jovens e o de levarao povo os grandes concertos musicais.“Quan<strong>do</strong> procurei formar a minha cultura,guiada pelo meu instinto e tirocínio, verifiqueique só poderia chegar a uma conclusãode saber consciente pesquisan<strong>do</strong>, estudan<strong>do</strong>obras que, à primeira vista, nada tinhamde musicais. Assim, o primeiro livro foi omapa <strong>do</strong> Brasil, o Brasil que eu palmilhei, cidadepor cidade, esta<strong>do</strong> por esta<strong>do</strong>, florestapor floresta, perscrutan<strong>do</strong> a lama de umaterra. Depois, o caráter <strong>do</strong>s homens dessaterra. Depois, as maravilhas naturais dessaterra”, afirmava. A declaração, vista hoje,com a perspectiva <strong>do</strong> tempo, demonstra aprofunda percepção que tinha o maestro dagrandeza de nosso país.1940, realizou novas concentrações orfeônicasnos estádios <strong>do</strong>s clubes Vasco da Gamae Fluminense, no Rio de Janeiro.Os americanos entre nósBrasil!Meu Brasil brasileiroMeu mulato inzoneiroVou cantar-te nos meus versosO Brasil, samba que dáBamboleio, que faz gingarO Brasil, <strong>do</strong> meu amorTerra de Nosso SenhorBrasil!Aquarela <strong>do</strong> Brasil(Ary Barroso)13613 . Villa-Lobos no estádio de São Januário emconcentração para regência de coralEm 1932, Villa-Lobos foi nomea<strong>do</strong> superintendentede Educação Musical e Artística <strong>do</strong>então Distrito Federal e, em 1942, diretor <strong>do</strong>Conservatório Nacional de Canto Orfeônico.Nesse perío<strong>do</strong>, realizou enormes concentraçõesorfeônicas, uma das quais com aparticipação de 42 mil vozes de estudantes.Em outra, em São Paulo, que denominou deExortação Cívica, tomaram parte aproximadamente12 mil vozes. Entre os anos 1930 eQuan<strong>do</strong> o maestro norte-americano LeopoldStokowski (regente <strong>do</strong> repertório clássico <strong>do</strong>desenho Fantasia, de Walt Disney), navegan<strong>do</strong>nas águas da aproximação cultural entreos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e o Brasil, veio aqui, em1940, pesquisar o melhor da nossa música,foi a Heitor Villa-Lobos que ele recorreu.Stokowski conhecia sua obra, da qual regeraalgumas peças em concertos nos anos 1930.Ele bem sabia, portanto, o que queria gravar:emboladas, sambas, marchas-rancho,até a música religiosa tocada em rituais afro.E Villa-Lobos era o homem certo para a empreitada:conhecia to<strong>do</strong>s os caminhos quelevavam <strong>do</strong> erudito ao popular e vice-versa.Respirava a natureza polirrítmica <strong>do</strong> samba,frequentava os ensaios da Mangueira, a<strong>do</strong>ravaCartola (Angenor de Oliveira): “Ele é umgênio, acerta até quan<strong>do</strong> erra”, costumavadizer sobre a natureza espontânea da obra<strong>do</strong> compositor, que não estu<strong>do</strong>u música pelosméto<strong>do</strong>s tradicionais. Ironias da história:
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