e s p e c i a lshutterstockDéb o r a Ho r n26Locus • Janeiro 2009Inovação no DNAFinep lança programa para estimular a geração de empreendimentosinovadores e combater os fatores que reduzem as chances decrescimento das MPEs. Com R$ 240 milhões para distribuir somenteem 2009, Prime será operado por incubadoras de empresasHá dois anos, a rotina da pesquisadoraVera Fantinato mudou completamente.Professora aposentada da UniversidadeEstadual de São Paulo (Unesp), eladecidiu transformar em negócio o estudodesenvolvido durante o doutorado no finaldos anos 1980. A dedicação à pesquisa,que pretende colocar no mercado um iogurtecapaz de reduzir a incidência deamigdalite, passou a ser dividida com asnovas atribuições de empreendedora. Daobtenção da patente à busca por financiamento,Vera deparou-se com um universodesconhecido. “A parte que se refere à pesquisasempre foi mais fácil, afinal eu dominoo assunto. Mas o processo de aberturae estruturação da empresa representaum grande desafio, pois tudo é novidade.Sinto que não tenho todos os subsídios necessáriosao gerenciamento do negócio”,afirma Vera, que abrigou o empreendimentono Centro Incubador de EmpresasTecnológicas (Cietec), de São Paulo.Neste ano, Vera e outros tantos empreendedoresbrasileiros terão a rara oportunidadede receber apoio financeiro paratransformar idéias inovadoras em negóciossustentáveis. Lançado no final de2008 pela Financiadora de Estudos e Projetos(Finep), do Ministério da Ciência eTecnologia (MCT), o Programa PrimeiraEmpresa Inovadora (Prime) concederáR$120 mil em recursos não-reembolsáveis(é isso mesmo: dinheiro dado) a mais de 2mil empreendimentos de todo o país. Enão pára por aí: as empresas que cumpri-
em os objetivos da etapa inicial receberãomais R$120 mil a juro zero – a serempagos em 100 parcelas.Não é à toa que o Prime tem deixadoem polvorosa empreendedores, investidorese gestores de incubadoras e parquestecnológicos de todo o país. Segundo especialistas,se tudo correr como o esperado,o programa tem potencial para revolucionaro sistema de inovação brasileiro.“O Prime deve proporcionar o surgimentode 5,4 mil empresas inovadoras nospróximos quatro anos. Nesse período, osrecursos totais do programa ultrapassamR$ 1,3 bilhão. Estamos apostando muitonesse projeto porque cada empresa beneficiadavai impactar positivamente a cadeiaprodutiva em que está inserida”, explicao diretor de inovação da Finep,Eduardo Costa.ajudar na gestão dosempreendimentos nascentesao mesmo tempoem que garante adedicação do empresárioao projeto inovador”,afirma Gina.Conforme o regulamentodo programa, osR$ 120 mil recebidospela empresa na primeiraetapa deverãoser destinados à contrataçãode recursoshumanos qualificadose de serviços de consultoriaespecializadanas áreas jurídica, financeira e de gestão.Quem pode participarA empreendedora Vera:gestão da empresaainda representa umgrande desafioStúdio código nove/sirlene oliveiraFoco nas nascentesIntegrando o Plano de Ação 2007-2010do MCT, o Prime reúne característicasque o diferem de outros programas de fomentoà inovação implantados no Brasilnas últimas décadas. Isso por que, conformea superintendente da área de pequenasempresas inovadoras da Finep, Gina Paladino,foi elaborado com base na constataçãode duas deficiências recorrentes nessetipo de empreendimento. “Por um lado,os empreendedores carecem de conhecimentona área de gestão, essencial para obom encaminhamento dos negócios. Poroutro, quando esses empreendedores, geralmentepessoas com formação técnicade alto nível, participam ativamente daadministração da empresa, encontram dificuldadespara se dedicar ao desenvolvimentode projetos inovadores”, explica.A oportunidade para combater essasfragilidades veio com o advento da subvençãoeconômica, em 2004. “A partirdesse mecanismo foi possível elaborar umprograma que prevê a alocação de recursosem um conjunto de competências paraEmpresas nascentes, com no máximo dois anos de existência– contados a partir da data de lançamento do edital. Caso aempresa ainda não tenha sido formalizada, no envio da primeiraproposta não é necessário apresentar o registro no CadastroNacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ). O mais importante éapresentar produtos ou serviços com elevado nível de inovaçãoe um plano de negócios que indique as reais possibilidades decrescimento da empresa.Como participarNo site de cada incubadora-âncora (veja box na pág. 29) estãodisponíveis, além do edital completo, os formulários eletrônicospara preenchimento. Na primeira fase, deve ser enviada umaproposta simplificada, contendo uma breve descrição daempresa, dos produtos, da tecnologia e do mercado em quepretende atuar. Um plano de negócios mais aprofundado seráelaborado pelas empresas contempladas após a realização doprograma de treinamento previsto no edital.Principais critérios de seleção• Grau de inovação do produto/serviço• Viabilidade e potencial de mercado• Potencial de retorno econômico-financeiro• Consistência do plano de negócios27Locus • Janeiro 2009