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A cidade sob a visão lírica de Manuel Bandeira - Eutomia

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A <strong>cida<strong>de</strong></strong> <strong>sob</strong> a visão lírica <strong>de</strong> <strong>Manuel</strong> Ban<strong>de</strong>iraCatando comida entre os <strong>de</strong>tritos.Quando achava alguma coisa,Não examinava nem cheirava:Engolia com vora<strong>cida<strong>de</strong></strong>.O bicho não era um cão,Não era um gato,Não era um rato.O bicho, meu Deus, era um homem.Ao falar da poesia <strong>de</strong> Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, Ilza Matias <strong>de</strong> Sousa, em seutexto “Paulicéia <strong>de</strong>svairada: a poética da <strong>cida<strong>de</strong></strong>” (1995, p. 165), observa que,pelo imaginário, esse pensador do Mo<strong>de</strong>rnismo brasileiro atinge o coletivo eresgata a origem da <strong>cida<strong>de</strong></strong>, só possível pela forma literária. Idéia tambémverda<strong>de</strong>ira em Ban<strong>de</strong>ira, que, assim como Mário, soube sensivelmente <strong>de</strong>svelara subjetivida<strong>de</strong> ― mesmo que estilhaçada ― individual e coletiva, percebendoque o caos atinge a todos. Todos são vítimas das conseqüências mo<strong>de</strong>rnas,conseqüências <strong>de</strong>sastrosas e irreparáveis que coloca, sem hesitar, o ser àmargem. Mas o poeta faz o caminho inverso e enxerga o que o capitalismoexclui, colocando-se à escuta <strong>de</strong>sse ser marginalizado.E como elabora Jorge koshiyama, (2007, p. 81), “ler um poema é colocarseà escuta <strong>de</strong> um outro ser humano, não apenas <strong>de</strong> uma voz.”. A escuta nessecaso é dolorosa e <strong>de</strong>sperta a compaixão por este ser inominado que mais pareceum bicho do que propriamente humano. Trata-se, pois, <strong>de</strong> uma situaçãodrástica e ― sujeito poético, poeta e leitor, enfim, o ser humano ― está à escuta<strong>de</strong>sse <strong>de</strong>svalido e todos se encontram diante <strong>de</strong> um mal-estar vivido pelametrópole mo<strong>de</strong>rna e contemporânea provocado pelo capitalismo, situação quetem ocorrido ao largo dos dois últimos séculos e continua acentuada no início<strong>de</strong>ste. A humanida<strong>de</strong> está cega pela alienação, pelo caos urbano, e nesse sentidorelata o crítico André Bueno:Revista <strong>Eutomia</strong> Ano II – Nº 01( 408-427) 420

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