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A cidade sob a visão lírica de Manuel Bandeira - Eutomia

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Maria José <strong>de</strong> MirandaIIIConsi<strong>de</strong>rações finaisO teórico e crítico português Vitor <strong>Manuel</strong> <strong>de</strong> Aguiar e Silva diz que a arteautêntica procura realizar a beleza sem <strong>de</strong>scartar a realida<strong>de</strong>. A arte se encontracom a realida<strong>de</strong> num nível elevado (AGUIAR E SILVA, 1979). E assim a arteeleva a alma humana, ilumina o espírito e liberta o homem. Em que há, então,um <strong>de</strong>svelamento da complexa condição do homem no mundo e, por isso, aliteratura, que faz parte do mundo da arte, é conhecedora do eu profundo e darealida<strong>de</strong> mascarada pelas convenções sociais.Pensando a <strong>cida<strong>de</strong></strong>, elevar a condição humana, por meio do imaginário, éum pouco da pretensão da poesia <strong>de</strong> <strong>Manuel</strong> Ban<strong>de</strong>ira, pois seus versos, apartir do cotidiano dos comuns, dos mais comuns habitantes do centro urbano,reconhecem nas ruas os transeuntes e se coloca ao lado <strong>de</strong>les, nem superior,nem inferior a eles, mas no mesmo patamar <strong>de</strong>stes para então resgatá-los. E osujeito poético capta esse momento <strong>de</strong> revelação permitido pela poesia e dá voza estes <strong>de</strong>svalidos seres massificados. Com esta estratégia, o poeta revela a<strong>cida<strong>de</strong></strong>, principalmente a chama, e seu olhar se aproxima dos excluídos,revelando, pois, ao leitor, outras formas <strong>de</strong> ver este objeto falado por tantosmeios que é a <strong>cida<strong>de</strong></strong>. Tem-se então, pela literatura que representa o imaginário,uma reeducação do olhar próprio e alheio diante da realida<strong>de</strong>.Assim, ao falar do que lhe é próprio, Ban<strong>de</strong>ira fala do que é alheio, umavez que sua poesia simboliza a libertação da alma humana e põe o leitor diante<strong>de</strong> si mesmo, <strong>de</strong>ntro da condição humana. Nesse sentido, elabora EspinheiraFilho (2004, p. 133; grifo do autor): “Toda gran<strong>de</strong> arte é implacável, e assim<strong>de</strong>ve ser a poesia. Implacável no sentido <strong>de</strong> revelar o homem ao homem ― e,assim (talvez), salvá-lo.” Assim sendo, a poesia ban<strong>de</strong>iriana certamentecontribui para que o homem chegue um pouco mais perto <strong>de</strong> si mesmo e sealargue no outro.Revista <strong>Eutomia</strong> Ano II – Nº 01( 408-427) 425

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