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A cidade sob a visão lírica de Manuel Bandeira - Eutomia

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A <strong>cida<strong>de</strong></strong> <strong>sob</strong> a visão lírica <strong>de</strong> <strong>Manuel</strong> Ban<strong>de</strong>iraO poeta vê a <strong>cida<strong>de</strong></strong>, ou seja, representa a urbe por meio da chama, isto é,pelas pessoas, que neste caso são os marginalizados. É pela flui<strong>de</strong>z da chama,do humano que os versos <strong>de</strong> “Meninos Carvoeiros” apreen<strong>de</strong>m o espaçourbano. O poema traz, nas imagens <strong>de</strong>stes pequenos maltrapilhostrabalhadores, o que a <strong>cida<strong>de</strong></strong> normalmente escon<strong>de</strong> ou rejeita, já que imagens<strong>de</strong>sse tipo não comungam com a idéia <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> e, por isso mesmo, secontrapõem à visão capitalista, restando-lhes apenas a margem. Idéia essa que érecorrente em vários momentos da poesia ban<strong>de</strong>iriana, e que será aindaabordada mais à frente.Por este viés, <strong>Manuel</strong> Ban<strong>de</strong>ira que antes tinha como espaço a natureza euma subjetivida<strong>de</strong> autobiográfica muito particular, agora fala do espaço da ruae da objetivida<strong>de</strong> lírica. Então, o poeta pernambucano, como afirma Arrigucci(2000, p. 11), “é dono <strong>de</strong> um modo inconfundível <strong>de</strong> dizer as coisas quepretendia, com domínio completo do ofício, com emoção na justa medida donecessário ao assunto e <strong>de</strong>sperto para o mundo em torno”.Condições que permitiram ao poeta trazer à tona sua arte poética que étambém amor às realida<strong>de</strong>s humilhadas, logo, sua poesia é a outra voz a clamarpelo outro que tem sua voz sufocada pelos sintomas da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> e, nessesentido, diz Octávio Paz:Todos os poetas ouvem a voz outra. É sua e é alheia, é <strong>de</strong> ninguém e é<strong>de</strong> todos. Nada distingue o poeta dos outros homens e mulheres,salvo esses momentos ― raros, embora freqüentes ― em que, sendoele mesmo, é outro. (PAZ, 1993, p. 140; grifos do autor).E se o poeta é ouvidor da voz dos pequenos, sua obra é certamente um grito <strong>de</strong>alerta diante da socieda<strong>de</strong> urbana mo<strong>de</strong>rna e contemporânea, em que o ser vivea individualida<strong>de</strong> e está esfacelado. Idéia que dialoga também com a do filósofoalemão Theodor Adorno em seu texto “Lírica e Socieda<strong>de</strong>”, que expõe:O conteúdo <strong>de</strong> um poema não é mera expressão <strong>de</strong> emoções eexperiências individuais. Pelo contrário, estas só se tornam artísticasquando, exatamente em virtu<strong>de</strong> da especificação <strong>de</strong> seu tomar-formaRevista <strong>Eutomia</strong> Ano II – Nº 01( 408-427) 416

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