12.07.2015 Views

A cidade sob a visão lírica de Manuel Bandeira - Eutomia

A cidade sob a visão lírica de Manuel Bandeira - Eutomia

A cidade sob a visão lírica de Manuel Bandeira - Eutomia

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

A <strong>cida<strong>de</strong></strong> <strong>sob</strong> a visão lírica <strong>de</strong> <strong>Manuel</strong> Ban<strong>de</strong>irahistória, percebe uma outra realida<strong>de</strong> e parece anterior a todas asreligiões e filosofias. (PAZ, 1993, p. 144)As atitu<strong>de</strong>s dos gran<strong>de</strong>s poetas também vêm <strong>de</strong>ssa negação àmo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> porque querem uma realida<strong>de</strong> menos separatista, menosindividualista e mais humana, o que os faz tomar para si a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>gritar pelo outro, <strong>de</strong> gritar por justiça. E porque estes são dotados <strong>de</strong>sta vozoutra e, como disse Adorno (1983, p. 199), “sentem a dor do mundo e extrai <strong>de</strong>lesua poética”, têm ainda mais a função direta <strong>de</strong> sugerir, inspirar, ensinar emostrar, pelo viés da imaginação, a verda<strong>de</strong>ira realida<strong>de</strong> marcada pelaabundância capitalista, a qual não fez ninguém mais feliz, mais sábio e nemmelhor.Idéia essa que faz jus à provocação do crítico José Guilherme Merquior emseu Razão do Poema (1996, p. 112) ao dizer que: “se querem poesia mais amena,primeiro que a vida se faça amena”, portanto, “a poesia é dura porque a vida éassim”.Diante disso, uma pergunta que <strong>de</strong>ve ser feita agora é: como se po<strong>de</strong>assegurar a <strong>sob</strong>revivência humana frente ao que virou a vida nada amena nosgran<strong>de</strong>s centros urbanos? Pergunta que parece ainda não ter resposta e quetalvez a única solução possível esteja na arte, na literatura, que com suagran<strong>de</strong>za, representa até a mais árdua realida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ntro da verda<strong>de</strong> da arte, éclaro. E ainda nas palavras <strong>de</strong> Paz (1983, p. 147), “a poesia exercita nossaimaginação e assim nos ensina a reconhecer as diferenças e a <strong>de</strong>scobrir assemelhanças”, logo, “o poema é um mo<strong>de</strong>lo do que po<strong>de</strong>ria ser a socieda<strong>de</strong>humana.”E porque a vida urbana não é amena, o poeta está cansado da turbulênciada <strong>cida<strong>de</strong></strong> real ― habitável, mas que não acolhe seus moradores como <strong>de</strong>via,pois sua práticas são incompatíveis com as experiências dos habitantes(LYNCH, 1999, p. 125). Por isso ele procura uma forma <strong>de</strong> resolução para oproblema e cria a <strong>cida<strong>de</strong></strong> imaginária, criando, assim, a sua própria Pasárgada quetambém é a do outro, por isso escreve:Vou-me embora pra PasárgadaLá sou amido do reiLá tenho a mulher que eu queroRevista <strong>Eutomia</strong> Ano II – Nº 01( 408-427) 422

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!