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VISÕES DA NATUREZA CÓSMICA: ROBERTO PIVA ... - UNESP-Assis

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[...]estamos sendo destruídos em nosso núcleo biológico,nosso espaço vital & dos animais está reduzido aproporções ínfimasquero dizer que o torniquete da civilização estáprovocando dor no corpo & baba histérica [...] (<strong>PIVA</strong>, 2006, p.143).A escritura transgressora e rebelde de Roberto Piva constrói seu discursocomo foco de resistência ontológica contra a visão cartesiana da vida. Ao invés deconceber o homem como um ser alienado dos processos naturais, isolado, a poesiaxamânica do autor engendra uma senda de permanente conexão entre o homem e asdiversas manifestações da rede da vida. O poeta, em sua intuição visionária, vitalista,reconhece quenão existe nenhum organismo individual que viva em isolamento. Osanimais dependem da fotossíntese das plantas para ter atendidas assuas necessidades energéticas; as plantas dependem do dióxido decarbono produzido pelos animais, bem como do nitrogênio fixadopelas bactérias em suas raízes; e todos juntos, vegetais, animais emicroorganismos, regulam toda a biosfera e mantêm as condiçõespropícias à preservação da vida (CAPRA, 2002, p. 23).O autor encara a visão da sacralidade cósmica da natureza como alternativa aomundo moderno, cujo projeto de consumo reduziu o mundo natural às noções demercadoria e recursos. A poética xamânica de Roberto Piva transforma-se numelemento que concorre para a recuperação do sagrado e do mágico enquanto forçasnaturais, caminhando para aproximar-se de visões não-mecanicistas do mundonatural, recolocando questões a respeito do diálogo não-hierárquico entre o homem eos outros seres. Segundo Capra,a visão unificada, pós-cartesiana, da mente, da matéria e da vidatambém implica uma reavaliação radical da relação entre os sereshumanos e os animais. A filosofia ocidental, na grande maioria dassuas manifestações, sempre concebeu a capacidade de raciocinarcomo uma característica exclusivamente humana, que nos distinguiriade todos os animais. Os estudos de comunicação com chimpanzésdemonstraram de maneira dramática a falácia dessa crença. Deixamclaro que entre a vida cognitiva e emocional dos seres humanos e ados animais só há uma diferença de grau; que a vida é um todo semsolução de continuidade, no qual as diferenças entre as espécies sãogradativas e evolucionárias. A lingüística cognitiva confirmouplenamente essa concepção evolutiva da natureza humana. Naspalavras de Lakoff e Johnson, “a razão, mesmo em suas formas maisabstratas, não transcende a nossa natureza animal, mas faz uso dela[...] Assim, a razão não é uma essência que nos separa dos outrosanimais; antes, coloca-nos no mesmo nível deles (CAPRA, 2002, p.79).Neste quadro pós-cartesiano, repleto de brechas para a irrupção de um novoimaginário e uma nova visão de mundo, contraposta à moderna, Piva passou a657

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