12.07.2015 Views

A poética da fluidez em Michèle Roberts - UNESP-Assis

A poética da fluidez em Michèle Roberts - UNESP-Assis

A poética da fluidez em Michèle Roberts - UNESP-Assis

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Polliana Cristina de OliveiraEm Castration or decaptation?, Hélène Cixous oferece uma definição deescrita f<strong>em</strong>inina:Assim é como eu definiria o corpo textual f<strong>em</strong>inina comouma economia libidinal f<strong>em</strong>inina, um regime, energias, umsist<strong>em</strong>a de desperdício de palavras necessariamenteenxotado pela cultura: um corpo f<strong>em</strong>inino textual éreconhecido pelo fato que é infinito, s<strong>em</strong> fim; não há fim,nunca termina; e é isso que torna a escrita f<strong>em</strong>inina difícilde ler. Nós aprend<strong>em</strong>os a ler livros que basicamentecolocam um final b<strong>em</strong> definido. Mas esse não t<strong>em</strong> umfinal, um texto f<strong>em</strong>inino continua e continua e <strong>em</strong> certomomento volta e a escrita continua e, para o leitor, issosignifica ser lançado para <strong>em</strong> direção ao vazio. Esses sãotextos que buscam o início, mas não as origens. A orig<strong>em</strong>é um mito f<strong>em</strong>inino; Eu s<strong>em</strong>pre quis saber de onde vim. Apergunta “De onde bebês vê<strong>em</strong>?” é, basicamente, umapergunta f<strong>em</strong>inina ao invés de masculina. A busca pelaorig<strong>em</strong>, ilustra<strong>da</strong> por Édipo, não assombra o inconscient<strong>em</strong>asculino. Especialmente, é um começo, um modo deiniciar não imediatamente com o Falo para terminar com oFalo, no entanto, começar por to<strong>da</strong>s as outrasperspectivas que constro<strong>em</strong> a escrita f<strong>em</strong>inina. Ao mesmot<strong>em</strong>po, um texto f<strong>em</strong>inino começa vinte, trinta vezes”(CIXOUS, 1991, p. 53).Aqui, há ecos <strong>em</strong> In the Visitation, conforme ressaltados no início dessebreve estudo, os quais também ressoam com a metodologia <strong>da</strong> prosa ficcionalde Michèle <strong>Roberts</strong> como um todo. Tal qual Cixous, que se repete <strong>em</strong> váriosensaios, ou talvez começando de novo e de novo, o trabalho de <strong>Roberts</strong> écontínuo e continuante. T<strong>em</strong>as e imagens são recorrentes <strong>em</strong> um texto, masreaparec<strong>em</strong> <strong>em</strong> diferentes guisos e contextos no próximo.As narrativas de Michèle <strong>Roberts</strong> evocam um outro lugar mágico, o qualé excitante e inspirado, falha <strong>em</strong> oferecer resoluções práticas.Consequent<strong>em</strong>ente, esses romances auto-reflexivos se aplicam na descrição deCixous de Féminine Écriture, to<strong>da</strong>via, apenas com o intuito de experimentaresta idéia, não para provar sua existência. Os textos aparec<strong>em</strong> conscientesdesta distinção. O confisco <strong>da</strong>s caixas cheias de material histórico de Flora ⎯suas fotografias e diários ⎯ pelo velho hom<strong>em</strong> no fim do romance In the RedMiscelânea, <strong>Assis</strong>, vol.6, jun./nov.2009 208

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!