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A poética da fluidez em Michèle Roberts - UNESP-Assis

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Polliana Cristina de Oliveira<strong>Roberts</strong> tentam reinventar as identi<strong>da</strong>des f<strong>em</strong>ininas, propostas, assim, comomais produtivas que restritivas. Sua ampliação ficcional crescente usa omaterial histórico como base romanesca e indica sua fascinação <strong>em</strong> literalmentereescrever a história, reimaginando o passado com o intuito de recriar inúmeraspossibili<strong>da</strong>des.Por meio do contexto amalgâmico sucintamente acima mencionado,<strong>Roberts</strong> desconstrói, na dimensão do imaginário, metanarrativas patriarcais quedefin<strong>em</strong> as mulheres e provoca, desse modo, o repensar acerca <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>deabsoluta que pregam essas narrativas mestras ocidentais. Os romances deMichèle <strong>Roberts</strong> nos instigam o agir, o questionar, o narrar, de modo areconstruir a identi<strong>da</strong>de f<strong>em</strong>inina, que é fragmenta<strong>da</strong> e multifaceta<strong>da</strong>, diferentedo sujeito unitário do cartesianismo; por conseguinte, eles estimulam o leitor aromper estereótipos de f<strong>em</strong>inili<strong>da</strong>de construídos pela socie<strong>da</strong>de patriarcal aolongo de milênios.Certas protagonistas como Hat, <strong>em</strong> In the Red Kitchen, adotam aautori<strong>da</strong>de masculina na tentativa de se inscrever na História 3 , enquantooutras, Flora Milk, por ex<strong>em</strong>plo, no mesmo romance, produz<strong>em</strong> umaf<strong>em</strong>inili<strong>da</strong>de mascara<strong>da</strong> na tentativa de evadir ou controlar a política masculinado patriarcado, por meio de táticas narrativas lineares e não-lineares. Há umatensão na narrativa de <strong>Roberts</strong> entre a aparente construção linear e a implícitaou explícita construção <strong>da</strong> narrativa. Essa tensão ecoa uma similar com relaçãoà identi<strong>da</strong>de, tal como uni<strong>da</strong>de/fragmentação <strong>da</strong> narrativa a qual se liga àuni<strong>da</strong>de/fragmentação <strong>da</strong> protagonista.As obras de <strong>Roberts</strong> implicitamente propõ<strong>em</strong> um ato de narração com afinali<strong>da</strong>de de reconstruir e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, desconstruir a identi<strong>da</strong>def<strong>em</strong>inina estereotipa<strong>da</strong>. Em todos seus romances, ao menos uma <strong>da</strong>sprotagonistas é uma escritora ou se move para a escrita. Escrever não traz umaresolução simples, no entanto, como Rachel Blau DuPlessis aponta, a mulherescritora representa uma contradição cultural:3 Termo utilizado neste trabalho designar a História sacraliza<strong>da</strong>, que silencia as minorias e criaparadigmas.Miscelânea, <strong>Assis</strong>, vol.6, jun./nov.2009 198

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