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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - PEGS

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43XX, os últimos vindos principalmente do Rio Grande do Sul, queadquiriram as porções de terras restantes que ainda não estavamlegalizadas, tudo mediante incentivo dos governos estadual e federal. Aacesso a terra, regulado, à época, pela Lei de Terras de 1850, estabeleciaque a posse da terra dar-se-ia somente com a aquisição econômica. Adisponibilidade de terra para os colonos recém-chegados à região deu-sepela decisão governamental de estabelecer como terras devolutasaquelas que não possuíam registros e nem oficialmente produziamriquezas econômicas, justamente as porções territoriais dos indígenas ecaboclos (GOULART, 2009).A partir da década de 30, com a ascensão ao poder de GetúlioVargas, ocorre uma reconfiguração das forças políticas no Estado. Asfamílias Konder e Luz, que representavam o capitalismo mercantil dolitoral, perderam espaço político para a família Ramos, representantedos latifundiários da região de Lages, o que permitiu aos comerciantesque se aproveitaram da expansão populacional da região a aproximaçãoperante o aparato estatal, como foi o caso, por exemplo, de AtílioFontana, do grupo Sadia. A política de substituição do Governo Vargasfavoreceu a produção de gêneros alimentícios na região, especialmenteaqueles derivados de suínos e aves, para abastecimento da regiãosudeste do país, que então se voltava à produção industrial.Produziu-se, assim, uma ruptura com o sistema tradicional dedomínio e uso das terras até então desenvolvido por índios e caboclos.Sem o acesso a terra, esses estratos étnicos tornaram-se, ao longo doperíodo histórico e com reverberação nos dias atuais, ou importantemão-de-obra do parque agroindustrial que se instalou nesse território,cuja estratégia de reprodução social assenta na venda da força detrabalho, amiúde enfrentando condições laborais não decentes, oupopulações marginalizadas, como os indígenas e os assentados dareforma agrária, dependentes dos programas sociais do GovernoFederal, quando acessíveis. Estrangeiros em sua própria terra, negadosna condição de sujeitos da história de seu próprio território 14 .A concentração dos meios de produção, portanto, que começoucom a presença do sindicato Farquhar no início do século XX,intensificou-se após a década de 30 com os grandes conglomeradosprodutivos do ramo alimentício. O jogo político que se desenvolveuconsistiu muito menos em um processo de representação de setores da14 Fato, nesse sentido, é o espaço periférico concedido, pela historiografiabrasileira, a tal conflito. Back (2012, -) caracterizou a situação como o “zumbido nosso passado recente”, “autêntico buraco negro da História do Brasil”.

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