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a produção da subjetividade ea apropriação do espaço na periferia ...

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achou um menino dentro duma caixa de papelão enrola<strong>do</strong> com uma toalha mais unslençóis, assim enrola<strong>do</strong>, um menino a coisa mais <strong>do</strong> bonitinha, porque tava morto...Aí, a turma se revoltaro tu<strong>do</strong>. Aí, nóis parava o caminhão e não dexava mais ir.(Do<strong>na</strong> Zulmira, abril/2008).Embora vivessem <strong>do</strong> lixo e no lixo não se viam como lixo. Aqueles “espelhos”despe<strong>da</strong>ça<strong>do</strong>s refletiram uma r<strong>ea</strong>li<strong>da</strong>de, porém, ao contrário destes, sabiam-se vivos. E, dessemo<strong>do</strong>, como vivos, levantaram-se contra aquela situação. Reivindicaram, lutaram e vencerama batalha. Transformaram aquele lugar e assim transformaram-se a si mesmos. ConformeVala<strong>da</strong>res disse: “o sujeito não aban<strong>do</strong><strong>na</strong>, nunca, a busca de seu lugar (...) esta busca é sempreum fazer, uma ação singular, sempre transforma<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> ambiente, dito <strong>na</strong>tural.” (2000, p. 86).Destarte, pode-se associar o atual nome <strong>do</strong> bairro, Re<strong>na</strong>scer, ao re<strong>na</strong>scimento <strong>da</strong>Fênix, a ave queima<strong>da</strong> <strong>da</strong> mitologia grega. Em vez de re<strong>na</strong>scer <strong>da</strong>s cinzas, os mora<strong>do</strong>res <strong>da</strong>lire<strong>na</strong>sceram <strong>da</strong> pirita, <strong>do</strong> lixo, <strong>do</strong> descaso, <strong>da</strong> humilhação e <strong>da</strong> miséria. A ár<strong>ea</strong>, enquantoambiente degra<strong>da</strong><strong>do</strong>, ou seja, também enquanto espelho <strong>do</strong> homem, re<strong>na</strong>sceu <strong>do</strong> fogo <strong>do</strong>enxofre e pela ação coletiva foi transforma<strong>da</strong>. Segun<strong>do</strong> Gonçalves (2002), pela ação sobre oentorno a pessoa e a comuni<strong>da</strong>de transformam o espaço deixan<strong>do</strong> os rastros de suas ações,isto é, as suas marcas e o incorporam a seus processos de razão e emoção de uma forma ativae atualiza<strong>da</strong>.A luta trava<strong>da</strong> <strong>na</strong>quele bairro teve muitas mulheres à frente <strong>da</strong> batalha. As cincomulheres entrevista<strong>da</strong>s tinham filhos, duas tinham mari<strong>do</strong>. Mulheres Guerreiras, como asAmazo<strong>na</strong>s, que pertencem a uma socie<strong>da</strong>de matriarcal em um mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>mi<strong>na</strong><strong>do</strong> peloshomens. Como guerreiras genuí<strong>na</strong>s é que essas mulheres <strong>do</strong> bairro Re<strong>na</strong>scer/Mi<strong>na</strong> Quatroempunharam as armas que estavam ao alcance de suas mãos para defenderem o seu lugarcontra as am<strong>ea</strong>ças presentes <strong>na</strong>s regras de relacio<strong>na</strong>mento humano cria<strong>da</strong>s pela cultura:Tentaro invadir comigo aqui dentro! Aí, eu peguei um facão que eu tinha dessetamanho e enfrentei, né! É meu e eu não vou <strong>da</strong>r pra ninguém! (...) Então, eu tiveque r<strong>ea</strong>gir <strong>da</strong> minha espécie pra não perder o que era meu, porque eu era sozinha etinha 3 filhos, né? (DONA IRACI, abril/08).O ser social produzi<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> acesso à cultura se coloca<strong>do</strong> em situaçãoextrema pode r<strong>ea</strong>gir acio<strong>na</strong><strong>do</strong> pelas forças mais primitivas, no caso, pelo instinto de vi<strong>da</strong>.Do<strong>na</strong> Iraci foi buscar no instinto de sua espécie a força para defender o seu espaço social, nocaso, a sua casa.Para Gifford (1987, p. 137 apud VALERA; POL; e VIDAL, s/d, p. 45) ocomportamento de Do<strong>na</strong> Iraci traz em si o fenômeno <strong>da</strong> territoriali<strong>da</strong>de defini<strong>da</strong> por ele comoum padrão de comportamentos e atitudes manti<strong>do</strong> por um indivíduo ou grupobas<strong>ea</strong><strong>do</strong> no controle percebi<strong>do</strong>, intencio<strong>na</strong>l ou r<strong>ea</strong>l de um espaço físico definível,

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