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perdida_-_carina_rissi

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~ 140 ~local, examinando minuciosamente pra ver se eu havia deixado escapar alguma coisa.Não encontrei nada além da pedra em que tropecei. A mesma pedra em formato de meiabola que me desequilibrou em 2010 e me fez cair em 1830. Parecia ser muito antiga,metade coberta de grama, metade exposta. Perguntei-me por que ninguém nunca seincomodou em tirá-la do caminho.Tive certeza, naquele instante, que realmente estava no mesmo lugar de antes.Que aquele pasto em muitos anos se transformaria numa pracinha, o mesmo lugar ondese ergueria a imensa metrópole. A minha metrópole. Era uma coisa boba, mas me sentimelhor por ao menos saber disso.Ian me explicava e apontava até onde iam os limites de suas terras e com quaisfamílias faziam fronteira. Uma delas era a família de Teodora. Descemos um pouco noterreno levemente inclinado e paramos perto da margem de um rio. Um rio de águasclaras e límpidas — sem pneu, garrafas, papel, ou qualquer outro tipo de porcariaboiando. O mesmo rio que transbordava a cada chuva, inundando as ruas da cidade,poluído e fétido, há oito quadras do meu prédio. Fiquei surpresa que aquele mesmoriacho já tenha sido um dia assim tão limpo.— Nossa! É lindo aqui! — não pude me conter.— Eu sabia que gostaria do riacho. De alguma forma, ele me faz lembrar você.— ele pegou uma pedrinha e atirou na água, que fez um glup ao cair.— A mim? — não consegui entender a comparação.— Sim. Assim como este rio, você segue seu curso. Se uma pedra aparecer nasua frente, você simplesmente contorna e tenta encontrar um novo caminho. E, assimcomo as águas deste rio correm em direção ao mar eu sei que você corre em direção àsua casa.Ele estava de costas, mas, no final, sua voz parecia aborrecida.— Mas imagine se, de repente, este rio resolvesse mudar seu curso e passassebem no meio da sua sala. Não seria o lugar certo, ele teria que voltar para cá. — pra serhonesta, eu também fiquei um pouco aborrecida.Sentei-me na grama na beira do rio, a margem era um pouco inclinada, mas deuma forma leve e regular, fazia um banco perfeito.Ian se sentou ao meu lado depois de alguns instantes.— Eu sei disso. — ele ainda fitava as águas. — Mas ainda posso desejar quefique em minha casa por mais um tempo.Não tive certeza se ainda falávamos sobre o rio.— Ah! Ian. — sacudi a cabeça exaurida. — Acho que, se não fosse por você, eujá teria enlouquecido. Você tem sido um amigo e tanto. Se eu pudesse te contar tudo...

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