o discurso de identidade no debate online sobre uma bebida - IEL
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III Simpósio Nacional Discurso, I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e Socieda<strong>de</strong> (III SIDIS)DILEMAS E DESAFIOS NA CONTEMPORANEIDADECompreen<strong>de</strong>-se que existem especificida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>correntes da própriaarquitetura do ambiente virtual, como o potencial para a efetivação <strong>de</strong> <strong>uma</strong>i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> antes apenas imaginadas, ou nas relações entre invisibilida<strong>de</strong> e vigilância,que reconfiguram o problema da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> auxiliada pelos dispositivos tec<strong>no</strong>lógicos.Po<strong>de</strong>-se pensar, com Vilches (2009:39), que “quanto mais os indivíduos percebem erepresentam sua própria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, melhor funciona a comunicação digital”. Comorecorda Mitra (1997:57), i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e comunida<strong>de</strong> são formadas ao redor <strong>de</strong><strong>discurso</strong>s compartilhados pelos membros que habitam o espaço virtual transnacionaldos computadores e da internet (Marti<strong>no</strong>, 2009:145).Isso não significa, <strong>de</strong> saída, pensar a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> a partir das tec<strong>no</strong>logias, oque estaria a um passo <strong>de</strong> certo <strong>de</strong>terminismo, mas <strong>de</strong> observar articulações,interrelações e disseminações em fluxo das várias i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s em um espaço <strong>no</strong> quala própria i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> “indivíduo” ganha <strong>no</strong>vos contor<strong>no</strong>s sem se dissociarcompletamente da anterior (Mitra, 1997:58). Como lembra Castells (2011:49), nasocieda<strong>de</strong> em re<strong>de</strong> tanto as dinâmicas <strong>de</strong> dominação quanto <strong>de</strong> resistência seestruturam a partir da formação <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s, e formulação <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> ataque e<strong>de</strong>fesa a partir <strong>de</strong>ssas re<strong>de</strong>s. Sob risco da reificação da tec<strong>no</strong>logia, é preciso não<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> lado a dimensão h<strong>uma</strong>na <strong>de</strong> suas práticas.Nesse sentido, e exclusivamente nesse sentido, não há <strong>discurso</strong> <strong>no</strong> espaçovirtual que não tenha existência latente <strong>no</strong> âmbito das relações sociais offline. Aforma das interações sociais na internet respeita e se vale das possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ssaarquitetura da comunicação, mas não <strong>de</strong>termina os conteúdos que se relacionamcom os valores, significados e sentidos do contexto cultural <strong>no</strong> qual tec<strong>no</strong>logia eusuários estão enfeixados. Um dos comentários pertencentes ao corpus assinala essarelação. A criadora da página “Bring back our Earl Grey Tea”, <strong>no</strong> Facebook mencionaa tentativa <strong>de</strong> se fazer ouvir pelos canais tradicionais da empresa e como, diante dafalha nessa relação, ela se <strong>de</strong>cidiu por trazer a discussão para o espaço das re<strong>de</strong>ssociais:I set the page up on Facebook as I was so upset by the taste of the 'new andimproved' blend I bought without realising the change. Correspon<strong>de</strong>nce withTwinings PR resolved <strong>no</strong>thing so I thought I might be able to change thingsvia Facebook. If all who hate the changed blend like the page and we gete<strong>no</strong>ugh we might be able to do something.- Hilary, Nottingham, England [01]No âmbito dos <strong>de</strong>bates <strong>online</strong>, essas questões se traduzem na postura que osatores exibem perante seus pares. Questiona-se a extensão das alterações que as