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Número 27 - Publicado em 15/09/2008 - Guia Maçônico do Rio ...

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Página 2InformativoCHICO DA BOTICAoja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas MaçônicasNICOLA ASLAN - UMA VIDA DEDICADA À CULTURA MAÇÔNICAIr ∴ João Fernan<strong>do</strong> Moreira *Assunto: DoutrinasDo DicionárioDEISMO:Substantivo masculinoRubrica: filosofia.Doutrina que considera a razãocomo a única via capaz de nosassegurar da existência deDeus, rejeitan<strong>do</strong>, para tal fim, oensinamento ou a prática dequalquer religião organizada [Odeísmo difundiu-se principalmenteentre os filósofos enciclopedistase foi o precursor <strong>do</strong>ateísmo moderno.]Obs.: p.opos. a 1teísmo....Brasileiro por afeição,pela constituição familiar epelos serviços presta<strong>do</strong>s ànossa Maçonaria e às letraspátrias durante <strong>do</strong>is terçosde sua existência, NicolaAslan teve sobre nós a vantag<strong>em</strong>da perspectiva, dapessoa que veio de fora eenxerga muito mais <strong>do</strong> queo comum <strong>do</strong>s brasileiros,priva<strong>do</strong>s de uma observaçãoimparcial pelas tradiçõese os hábitos <strong>em</strong> relaçãoaos fatos <strong>do</strong>mésticos ....Aniversariantes de set<strong>em</strong>brom<strong>em</strong>bro efetivo25 - Srª. Rosangela esposa <strong>do</strong> Ir∴ALBERTO VARRIALEm<strong>em</strong>bro correspondente01 - Ir∴ DERLY HALFELD ALVES16 - Srª. Rosamaria esposa <strong>do</strong> Ir∴CARLOS WALDYR RODRIGUESPALEO29- Srª. Nely esposa <strong>do</strong> Ir∴ JOÃOQUINTAos aniversariantesnossas felicitaçõesIntroduçãoNicola Aslan é o mais erudito <strong>do</strong>s escritores maçônicos brasileiros. Brasileiro sim,pois, apesar de ter nasci<strong>do</strong> na Grécia e conserva<strong>do</strong> a nacionalidade italiana de seuspais, chegou ao Brasil com 23 anos de idade, ten<strong>do</strong> faleci<strong>do</strong> aos 74 anos, meio século,portanto, de um perío<strong>do</strong> de vida laboriosa e produtiva neste país, onde educou seus filhose conheceu os netos.Aos 50 anos de idade entrou para a Maçonaria. Em 24 anos de intensa atividadedentro da Ord<strong>em</strong>, deixou vários livros publica<strong>do</strong>s. Percorreu várias Lojas fazen<strong>do</strong> conferências,pronuncian<strong>do</strong> palestras, receben<strong>do</strong> vários títulos honoríficos e diplomas, ten<strong>do</strong>ocupa<strong>do</strong> a cadeira nº. 6 da Acad<strong>em</strong>ia Maçônica de Letras, no <strong>Rio</strong> de Janeiro, da qual foitambém funda<strong>do</strong>r. Ocupou vários cargos importantes nas administrações das Lojas aque pertenceu, b<strong>em</strong> como na Alta Administração da Obediência, <strong>em</strong> funções ligadas àcultura e ao ensino.O Autor e o meioNicola Aslan, filho de pais italianos, nasceu a 8 de junho de 1906, na Ilha de Chios,Arquipélago <strong>do</strong> Mar Egeu, porém conservou a nacionalidade de seus genitores. Os pais,Pedro Aslan e Josefina Carneri Aslan tinham formação superior, ambos cirurgiões dentistas,sen<strong>do</strong> a mãe diplomada <strong>em</strong> Atenas e <strong>em</strong> Paris. A ilha de Chios, então sob o <strong>do</strong>mínioturco, guardava recordações <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio genovês e foi, posteriormente <strong>em</strong> 1912,conquistada pela Grécia. Esta ilha, de aspecto ári<strong>do</strong>, montanhosa, de clima saudável,banhada pelas correntes <strong>do</strong> mar Egeu, famosa entre os antigos pela excelência <strong>do</strong> seuvinho, na Idade Média já era alvo das disputas políticas de árabes, turcos, gregos e europeus.Esta ilha, <strong>em</strong>bora pertença à Grécia, está a curta distância da Turquia, separadapelo estreito de Chios, cuja costa é perfeitamente avistada. Por outro la<strong>do</strong>, a Grécia continentallhe fica a mais de c<strong>em</strong> quilômetros de distância, separada pelo Mar Egeu. Comestes da<strong>do</strong>s compreender<strong>em</strong>os a facilidade da Turquia <strong>em</strong> se apossar da ilha e a mesmafacilidade de seus habitantes de ir<strong>em</strong> à Turquia. Centro de entreposto, capital comercial<strong>do</strong> arquipélago, guarda importantes ruínas arqueológicas. Foi uma das residênciasde Homero e pátria de muitos sábios e artistas, como Aristipo, Íon, Coray, etc. T<strong>em</strong> umaexcelente biblioteca.Por força <strong>do</strong> “Direito das Capitulações”, então <strong>em</strong> vigor entre a Turquia e determinadasnações européias, foi possível manter a nacionalidade italiana <strong>do</strong>s pais. De orig<strong>em</strong>católica romana, viveu os primeiros anos de sua vida junto a segui<strong>do</strong>res grego-orto<strong>do</strong>xosnuma região onde a religião prevalecia sobre as nacionalidades.Aos 4 anos de idade passou a freqüentar uma escola dirigida pelos “Frères des ÉcolesChretiennes”, Lassalistas franceses, magistério <strong>do</strong>s mais sérios e competentes.Seus pais, ambos cirurgiões dentistas, transferiram-se para Constantinopla <strong>em</strong> buscade melhores condições de trabalho e clientela, fican<strong>do</strong> Nicola Aslan e seu irmão Noel,sob os cuida<strong>do</strong>s <strong>do</strong> avô paterno. O navio <strong>em</strong> que <strong>em</strong>barcaram foi um <strong>do</strong>s últimos a atravessaro Estreito de Dardanelos, <strong>em</strong> 1914, um pouco antes <strong>do</strong> início da Primeira GuerraMundial.Residin<strong>do</strong>, pais e filhos, <strong>em</strong> <strong>do</strong>is países inimigos e s<strong>em</strong> qualquer contato entre eles,só conseguiram se reunir novamente após o término da guerra <strong>em</strong> 1918. O reencontroaconteceu <strong>em</strong> 1919.Esse perío<strong>do</strong> de guerra se constituiu numa fase de muitas dificuldades e provaçõesocasionadas pelo longo conflito, numa ilha sitiada pelo inimigo e constant<strong>em</strong>ente bombardeadapor terra, mar e ar.Chegan<strong>do</strong> a Constantinopla aos 13 anos de idade, estu<strong>do</strong>u <strong>em</strong> outro colégio dirigi<strong>do</strong>pelos padres Lassalistas franceses. Após algum t<strong>em</strong>po, seu pai os matricula, a ele e oirmão, numa escola de língua italiana, a “Reggio Scuole Médio Italiano” onde conseguiu


Informativo CHICO DA BOTICA- Ano 4 Edição 0<strong>27</strong> - <strong>15</strong> Set. <strong>2008</strong>oja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas MaçônicasContinuação: NICOLA ASLAN - UMA VIDA DEDICADA ....Página 3chegar até o 2º ano técnico de um curso de contabilidade.Não conseguiu concluir o 3º e último ano, pois novosprobl<strong>em</strong>as obrigam-no a voltar para o colégio <strong>do</strong>s Lassalistas.A Primeira Grande Guerra terminara, mas desenvolvia-sea guerra greco-turca e a conseqüente ocupação deConstantinopla pelos turcos, até então <strong>em</strong> mãos da forçasaliadas vence<strong>do</strong>ras da Guerra Mundial. As autoridadesturcas exigiram então que os padres Lassalistas retirass<strong>em</strong>o crucifixo das salas de aula, o que não foi aceito,ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong>, por este motivo, os estabelecimentos de ensinofecha<strong>do</strong>s pelas forças de ocupação.Em conseqüência da situação política da época, e dasdificuldades financeira da família, aos 17 anos e meioinicia sua vida de bancário, <strong>em</strong>pregan<strong>do</strong>-se no “CréditLyonnais”. Dois anos mais tarde entra para o “BanqueImpériale Ottomane” .A esta altura já falava o grego, o francês, o italiano, oinglês e o turco. Dota<strong>do</strong> de aptidões literárias, chegou apublicar vários artigos <strong>em</strong> alguns pequenos jornais locais.Possuía um pen<strong>do</strong>r muito acentua<strong>do</strong> para a letras e, particularmente,pela História, a cujo estu<strong>do</strong> se dedicou comverdadeira paixão, desde a idade de 9 anos, ten<strong>do</strong> s<strong>em</strong>prese distingui<strong>do</strong> nessas 2 disciplinas. Praticamente autodidata,s<strong>em</strong>pre que lhe foi possível adquiria livros e liaincansavelmente.Residia <strong>em</strong> Ankara, a nova capital da Turquia, parecen<strong>do</strong>ter a vida sob controle, um magnífico salário e umfuturo promissor, quan<strong>do</strong> a “Lei <strong>do</strong>s 60/100” (equivalenteà Lei <strong>do</strong>s 2/3 daqui) fez com que perdesse o <strong>em</strong>prego.No novo regime, somente turcos muçulmanos podiam teralguma chance. Resolveu então <strong>em</strong>igrar, chegan<strong>do</strong> aoBrasil <strong>em</strong> 1929, <strong>em</strong> plena crise, <strong>em</strong> conseqüência <strong>do</strong> colapsoda Bolsa de Nova York. A fim de poder sobrevivernuma terra da qual n<strong>em</strong> o idioma conhecia, exerceu váriasatividades <strong>em</strong> escritórios comerciais, dan<strong>do</strong> lições defrancês e, mais tarde, até de português. Finalmente, dedicou-seao ramo de representações comerciais. Aqui, a-lém de aprender o português, familiarizou-se, através deleituras, com o espanhol. Em 1941, com 35 anos de idade,casou-se com uma brasileira, D. Guiomar BarrosoAslan, nascen<strong>do</strong> 2 filhos dessa união. Estabeleceu-secom uma microfábrica de artefatos de couro, <strong>em</strong> uma dasdependências de sua residência, <strong>em</strong> Niterói, esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><strong>Rio</strong> de Janeiro. Em 1942, <strong>em</strong> plena Segunda GuerraMundial, por possuir a cidadania italiana, ficou preso por19 dias, para averiguações, pela polícia política de GetúlioVargas, juntamente com outros de nacionalidades al<strong>em</strong>ãe japonesa, pois a Itália fazia parte <strong>do</strong> eixo Roma-Berlim-Tóquio. Terminada a Grande Guerra, dedicou-seao ramo de representações comerciais, trabalhan<strong>do</strong> comartigos de camisaria, de um mo<strong>do</strong> geral, e couros. Operous<strong>em</strong>pre nas cidades <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro, Niterói, SãoGonçalo e municípios vizinhos.VIDA MAÇÔNICAIngressou na Maçonaria com 50 anos de idade, sen<strong>do</strong>inicia<strong>do</strong> <strong>em</strong> 31/8/1956 na Loja Evolução nº. 2, de Niterói,jurisdicionada ao Grande Oriente <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiroe, posteriormente, Grande Loja Maçônica <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro. Foi eleva<strong>do</strong> <strong>em</strong> 30/11/1956 e exalta<strong>do</strong><strong>em</strong> 1/3/l957, ten<strong>do</strong> ocupa<strong>do</strong> vários cargos nas administraçõesdas Lojas, b<strong>em</strong> como fazen<strong>do</strong> parte de várias Comissões.Em 1957 filiou-se à Loja Libertação nº. 19, de Niterói,onde assumiu o cargo de Venerável Mestre <strong>em</strong> 1960. Em1964 filiou-se à Loja Rei Salomão nº. 41, da Grande Loja<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> da Guanabara.Tanto no Grande Oriente <strong>do</strong> Brasil como nas GrandesLojas ocupou numerosos e importantes cargos, s<strong>em</strong>preliga<strong>do</strong>s à educação e à cultura maçônica. No Filosofismo<strong>do</strong> Rito Escocês Antigo e Aceito atingiu o 33º Grau.Foi nomea<strong>do</strong> Instrutor da “Escola Hiram” da GrandeLoja da Guanabara. Em 1965, apresentou a tese “Nossaposição <strong>em</strong> face <strong>do</strong> Concílio Vaticano II”, a pedi<strong>do</strong> <strong>do</strong>Grão-Mestre Irmão Álvaro Palmeira. Em 1966, por autorizaçãoexpressa <strong>do</strong> Sereníssimo Grão-Mestre da Grande Loja<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro, jurisdição a que pertencia aLoja Libertação, da qual continuou sen<strong>do</strong> m<strong>em</strong>bro, foi nomea<strong>do</strong>M<strong>em</strong>bro Honorário da Loja Henrique Valadares <strong>do</strong>Grande Oriente <strong>do</strong> Brasil.Em 1958, com <strong>do</strong>is anos de prática maçônica, publicoua “História da Maçonaria”, com 438 páginas, inician<strong>do</strong> asua brilhante trajetória de literato maçônico, constan<strong>do</strong> dedezesseis livros escritos, inúmeros artigos publica<strong>do</strong>s <strong>em</strong>revistas e mais de uma centena de conferências.Diversos outros fatos marcaram a vida <strong>do</strong> ilustre escritore maçom:Em 1966 foi nomea<strong>do</strong> Diretor <strong>do</strong> Departamento de PropagandaMaçônica e Cultura <strong>do</strong> Grande Oriente <strong>do</strong> Brasil;Em 1967 foi Grande Secretário Geral de Cultura e Orientação<strong>do</strong> GOB; M<strong>em</strong>bro <strong>do</strong> Conselho Federal da Ord<strong>em</strong>;M<strong>em</strong>bro da Comissão <strong>do</strong> Mérito Maçônico; M<strong>em</strong>bro da Comissãode Cultura <strong>do</strong> Conselho Federal da Ord<strong>em</strong>;Em 1968 foi M<strong>em</strong>bro da Comissão de Liturgia <strong>do</strong> GOB;M<strong>em</strong>bro da Comissão Especial para Revisão <strong>do</strong>s RituaisEscoceses <strong>em</strong> uso; Assessor da Comissão de Assuntos deRelações Maçônicas da Soberana Congregação da Ord<strong>em</strong>;Em 1969 foi Presidente da Comissão de Instalação <strong>do</strong>sVeneráveis eleitos no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro;Em 1970 foi Grande Secretário de Inspeção de Liturgiae Ritualística <strong>do</strong> Grande Oriente <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro(GOERJ);Grande Secretário e M<strong>em</strong>bro <strong>do</strong> ConselhoEstadual da Ord<strong>em</strong>;Em 1971 foi M<strong>em</strong>bro da Comissão de Cultura da GrandeSecretaria Geral de Cultura e Orientação <strong>do</strong> GrandeOriente <strong>do</strong> Brasil (GOB); nomea<strong>do</strong> responsável por qualquersecretaria <strong>do</strong> GOERJ, no impedimento <strong>do</strong> seu titularou adjunto;


Informativo CHICO DA BOTICA- Ano 4 Edição 0<strong>27</strong>- <strong>15</strong> Set. <strong>2008</strong>oja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas MaçônicasContinuação: NICOLA ASLAN - UMA VIDA DEDICADA ....Página 4Recebeu vários títulos, medalhas e diplomas de M<strong>em</strong>broHonorário de várias Lojas ao longo de sua vida maçônica.Participou, <strong>em</strong> 1973, da fundação <strong>do</strong> Grande OrienteIndependente <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro (GOIRJ), jurisdiciona<strong>do</strong> àConfederação Maçônica <strong>do</strong> Brasil (COMAB), Potênciasurgida de uma cisão no GOB <strong>em</strong> conseqüência de desentendimentosna eleição para o Grão-Mestra<strong>do</strong> naqueleano.Em 1974, mu<strong>do</strong>u-se para a cidade de Cabo Frio (RJ),onde continuou a trabalhar intensamente <strong>em</strong> suas obrasmaçônicas, concluin<strong>do</strong> várias delas.Em 1977, fun<strong>do</strong>u nessa mesma cidade a Loja“REGENERAÇÃO E ORDEM” jurisdicionada ao GOIRJ(COMAB).Constituiu <strong>em</strong> sua casa uma biblioteca maçônica damais respeitáveis e importantes <strong>do</strong> Brasil, com livros raros,<strong>em</strong> outros idiomas como o inglês, o francês, o italianoe o espanhol, onde estu<strong>do</strong>u, pesquisou e escreveunum trabalho intelectual <strong>do</strong>s mais vigorosos.Em 21 de março de 1972 aju<strong>do</strong>u a fundar a Acad<strong>em</strong>iaBrasileira Maçônica de Letras, onde ocupou a cadeira nº6, que t<strong>em</strong> como patrono Joaquim Gonçalves Le<strong>do</strong>, o paida Independência Brasileira, e de qu<strong>em</strong> escreveu umaextensa e notável biografia, editada <strong>em</strong> <strong>do</strong>is volumes pelaEditora Maçônica. Também pela Editora Maçônica publicou“Pequenas Biografias de Grandes Maçons Brasileiros,onde apresenta os da<strong>do</strong>s biográficos de 66 grandespersonalidades da Maçonaria Brasileira. A sua culturamaçônica é, para os padrões brasileiros, extraordinária,sobressain<strong>do</strong> no terreno da história, da filosofia, simbologia,da ritualística, da jurisprudência e da ética maçônica.Em set<strong>em</strong>bro de 1973 teve publica<strong>do</strong> na Revista EclesiásticaBrasileira o seu trabalho intitula<strong>do</strong> “O Enigma daGênese da Maçonaria Especulativa”, trabalho este republica<strong>do</strong>nas paginas 24 à 53 <strong>do</strong> Primeiro Volume <strong>do</strong>s “Anais <strong>do</strong> 1º Congresso Internacional de História e Geografia”com o titulo de “Formação Histórica da Maçonaria”,onde Nicola Aslan nos r<strong>em</strong>ete às nebulosas origensda Grande Loja de Londres, analisan<strong>do</strong> o papel socialdas tabernas na época e a importância <strong>do</strong>s clubes navida <strong>do</strong>s ingleses, descreven<strong>do</strong> a organização especulativa<strong>do</strong>s Maçons Aceitos e a fundação da primeira GrandeLoja <strong>em</strong> 1717. Na Convenção Nacional <strong>do</strong> GOB, <strong>em</strong>1965, apresentou a tese: “Nossa posição <strong>em</strong> face <strong>do</strong>Concílio Vaticano II”. No S<strong>em</strong>inário de Mestres Maçons<strong>do</strong> GOB, <strong>em</strong> 1971, apresentou a tese “Evolução Históricae Missão da Maçonaria”, publicada no Relatório da AMLde 1972-1973. Publicou numerosos trabalhos inéditos <strong>em</strong>revistas e jornais maçônicos de to<strong>do</strong> o país.Através de pro<strong>em</strong>inentes amigos da Igreja CatólicaRomana, promoveu pessoalmente um maior esclarecimentosobre os fundamentos e a orig<strong>em</strong> da Maçonaria,visan<strong>do</strong> a suspensão <strong>do</strong> interdito que pesa sobre esta,assunto que conhecia como ninguém.Brasileiro por afeição, pela constituição familiar e pelosserviços presta<strong>do</strong>s à nossa Maçonaria e às letras pátriasdurante <strong>do</strong>is terços de sua existência, Nicola Aslan tevesobre nós a vantag<strong>em</strong> da perspectiva, da pessoa que veiode fora e enxerga muito mais <strong>do</strong> que o comum <strong>do</strong>s brasileiros,priva<strong>do</strong>s de uma observação imparcial pelas tradiçõese os hábitos <strong>em</strong> relação aos fatos <strong>do</strong>mésticos. Sen<strong>do</strong> umcidadão <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> t<strong>em</strong> a superioridade de perceber tu<strong>do</strong>dentro de um contexto universal e não particular, quer not<strong>em</strong>po, quer no espaço. A vida lhe deu corag<strong>em</strong>, seriedadee tenacidade; a educação lhe deu a espiritualidade e a universalidade;a profissão lhe deu a honestidade e a meticulosidadee a vocação literária maçônica lhe deu o amor àsexcelsitudes espirituais próprias da maçonaria. Seu feitiopessoal leva-o tanto a ser sereno na meditação assim comoarrebata<strong>do</strong> na defesa <strong>do</strong>s seus pontos de vista. T<strong>em</strong>pera<strong>do</strong>com a luta e os contrat<strong>em</strong>pos próprios de sua vida naTurquia, adquiriu uma forte personalidade. Foi um pensa<strong>do</strong>rque deu sua mensag<strong>em</strong>, fruto de seus estu<strong>do</strong>s, pesquisase convicções pessoais, das quais nós pod<strong>em</strong>os discordar,<strong>em</strong>bora fique s<strong>em</strong>pre conosco o dil<strong>em</strong>a irr<strong>em</strong>ediávelde que isto acontece <strong>em</strong> função de um melhor discernimentonosso, ou quiçá maior ignorância. É um filósofo, ouseja, amante da sabe<strong>do</strong>ria, título no melhor senti<strong>do</strong> da palavra,que só os grandes pensa<strong>do</strong>res gregos receberam daposteridade.Faleceu <strong>em</strong> 2 de maio de 1980, aos 74 anos incompletos,no exercício <strong>do</strong> veneralato dessa Loja que fun<strong>do</strong>u.Por solicitação <strong>do</strong>s maçons <strong>do</strong> Oriente de Cabo Frio, aCâmara Municipal da Cidade aprovou a consignação <strong>do</strong>seu nome a uma importante rua <strong>em</strong> um <strong>do</strong>s bairros maisvaloriza<strong>do</strong>s da cidade, rua esta situada ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> prédioda Prefeitura local.A revista maçônica “A Trolha” estampou sua efígie nacapa de sua edição de set<strong>em</strong>bro de 2006, com<strong>em</strong>oran<strong>do</strong> oCentenário de seu Nascimento, e publicou na mesma revista,às páginas 22 e 23, artigo sobre Nicola Aslan, de autoriade seu filho, o Irmão Ítalo Aslan, ilustra<strong>do</strong> com fotografias.Também, para que não passasse desapercebi<strong>do</strong> o registrodesse centenário, alguns admira<strong>do</strong>res da obra <strong>do</strong>autor resolveram fazer uso de um serviço disponível nosCorreios que permite a impressão, sob encomenda, de seloscom<strong>em</strong>orativos, os quais poderão ser utiliza<strong>do</strong>s <strong>em</strong>postagens normais ou simplesmente guarda<strong>do</strong>s como l<strong>em</strong>brança.Neste caso, uma l<strong>em</strong>brança <strong>do</strong> centenário de nascimentode um importante escritor, pesquisa<strong>do</strong>r e estudiosoda Arte Real e que muito contribuiu, juntamente com outrosmaçonólogos brasileiros, para o desenvolvimento <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>e <strong>do</strong> conhecimento da Maçonaria <strong>em</strong> nossa Pátria.Obras PublicadasSegue-se abaixo a relação de suas obrasque vieram a público, <strong>em</strong> ord<strong>em</strong> cronológicade edição:


Informativo CHICO DA BOTICA- Ano 4 Edição 0<strong>27</strong> - <strong>15</strong> Set. <strong>2008</strong>Continuação: NICOLA ASLAN - UMA VIDA DEDICADA ....oja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas MaçônicasA QUINTESSÊNCIAIr ∴ Luis Reinal<strong>do</strong> Sciena*Página 5História da Maçonaria, Cronologia, Documentos (Ensaio)(1959); Editora Espiritualista Ltda. Rua Frei Caneca,19 – <strong>Rio</strong>1959Estu<strong>do</strong>s Maçônicos sobre Simbolismo (1969); Edições NicolaAslan Ltda. Cabo Frio, RJPequenas Biografias de Grandes Maçons Brasileiros (1973);Editora Maçônica – <strong>Rio</strong> de Janeiro – GB.O Enigma da Gênese da Maçonaria Especulativa (estu<strong>do</strong> publica<strong>do</strong>pela Revista Eclesiástica Brasileira) (1973); e republica<strong>do</strong><strong>em</strong> “Formação Histórica da Maçonaria” 1º Volume – págs. 24 à53. (Anais <strong>do</strong> 1º Congresso Internacional de História e Geografia)<strong>Rio</strong> de Janeiro – 19 a 21 de março de 1981.Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia (4vol.) (1974/1976); Editora Artenova S. A. – <strong>Rio</strong> de Janeiro – GB.Biografia de Joaquim Gonçalves Le<strong>do</strong> (Subsídios) (2 vol.)(1973); Editora Maçônica – <strong>Rio</strong> de Janeiro – RJ.Comentários ao Ritual <strong>do</strong> Aprendiz-Maçom (1977); Editora Maçônica– <strong>Rio</strong> de Janeiro – RJ - 1977O Livro <strong>do</strong> Cavaleiro Rosa-Cruz (1977) Editora Artenova S.A. –São Cristóvão- <strong>Rio</strong> de Janeiro – RJ.Instruções para Loja de Perfeição (o Grau 4º); Editora Maçonica– <strong>Rio</strong> de Janeiro – RJ – 1979.Instruções para Loja de Perfeição (Graus 5º ao 14º); EditoraMaçônica – <strong>Rio</strong> de Janeiro – RJ – 1980.Instruções para Capítulos (Graus <strong>15</strong>º ao 18º); Editora Maçônica– <strong>Rio</strong> de Janeiro – RJ - 1984.Instruções para Conselhos de Ka<strong>do</strong>sh (Graus 19º ao 30º); EditoraMaçônica – <strong>Rio</strong> de Janeiro – R J – 1984 .Uma Radioscopia da Maçonaria (1979);Edições Nicola Aslan Ltda. Cabo Frio – Est. Do <strong>Rio</strong> – 1979.A Maçonaria Operativa (1979); Gráfica Editora Aurora Ltda. –<strong>Rio</strong> de Janeiro – RJ -História Geral da Maçonaria – Perío<strong>do</strong> Operativo (1979);Gráfica Editora Aurora Ltda. – <strong>Rio</strong> de Janeiro – R J.História Geral da Maçonaria (Fastos da Maçonaria Brasileira)(1979); Gráfica Editora Aurora Ltda. <strong>Rio</strong> de Janeiro – R J .Landmarques e outros probl<strong>em</strong>as Maçônicos; Gráfica EditoraAurora Limitada – <strong>Rio</strong> de Janeiro, R J – 1979.Nicola Aslan escreveu e publicou ainda vários artigos <strong>em</strong> revistase boletins maçônicos, entre os quais destacam-se:Boletim <strong>do</strong>s Corpos Filosóficos da Maçonaria Escocesa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro;Boletim da Águia Branca e Negra;Boletim <strong>do</strong> Supr<strong>em</strong>o Conselho para o Rito Escocês Antigo eAceito <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro.BIBLIOGRAFIA CONSULTADA-Da<strong>do</strong>s sobre Nicola Aslan envia<strong>do</strong>s pelo Irmão Ítalo Aslan, filho <strong>do</strong>biografa<strong>do</strong>.-Os Maçons: Vida e Obra – Morivalde Calvet Fagundes – EditoraAurora – 1991. páginas 117 à 124.- Revista “ A Trolha” Nº 239, de set<strong>em</strong>bro de 2006 – págs. 22 e 23.- Da<strong>do</strong>s esparsos ao longo de to<strong>do</strong>s seus livros publica<strong>do</strong>s.- Atlas Geográfico Melhoramentos – Pe. Geral<strong>do</strong> José Pauwels-- Edições Melhoramentos- 36ª Edição.* João Fernan<strong>do</strong> Moreira - M<strong>em</strong>bro Correspondente da"Chico da Botica" - M<strong>em</strong>bro Efetivo da Acad<strong>em</strong>ia Maçônicade Letras <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> Grande <strong>do</strong> Sul, Cadeira Nº. 16.As idéias originais atribuídas aos grandes filósofos gregos(Sócrates, Platão, Aristóteles e principalmente Pitágoras), de queto<strong>do</strong>s os corpos, vivos ou não, são compostos por terra, fogo ar eágua (os quatro átomos), parece aos olhos <strong>do</strong> Sec. XXI algo muitoprimitivo e desprovi<strong>do</strong> de caráter científico. Por sinal, é muitofácil associar idéias místicas a essa concepção e justificá-la pormeio de argumentos pouco prováveis e de impossível verificação.Porém não pod<strong>em</strong>os desconsiderar a racionalidade científica<strong>do</strong>s gregos que, para dizer pouco, mol<strong>do</strong>u o pensamento ocidentalmoderno. E num exercício de raciocínio, vamos voltar paraépoca de Pitágoras (570/71 – 496/97 AC), e fazer uma pesquisacientífica imaginária: <strong>do</strong> que é feito um ser humano?Durante a vida, precisamos de alimentos. Esses alimentos, dealguma forma, se transformam <strong>em</strong> corpo humano e nos sustentam.Consideran<strong>do</strong> a cadeia alimentar, tu<strong>do</strong> o que consumimos éde orig<strong>em</strong> vegetal, o que conduz à pergunta: vegetais são feitos<strong>do</strong> que? A mais óbvia resposta é terra.S<strong>em</strong> a água os vegetais não se desenvolv<strong>em</strong>. Além disso, nossoconsumo de água é notável. A água é muito diferente da terrae juntos formam lama que, grosso mo<strong>do</strong>, é comparável <strong>em</strong> viscosidadee densidade a certos flui<strong>do</strong>s corporais.O ar é essencial para as plantas e para nós. O consumo diretode ar pela respiração também o coloca na condição de el<strong>em</strong>entoconstituinte.O Sol é essencial para a vida. Ele é a força transforma<strong>do</strong>ra deterra, água e ar <strong>em</strong> plantas. As plantas com água e ar <strong>em</strong> seres<strong>do</strong> reino animal, incluin<strong>do</strong> nós. O melhor representante terrenodesse poder transforma<strong>do</strong>r é o fogo.Logo, não é difícil concluir que nós somos feitos de terra, água,ar e fogo, assim como to<strong>do</strong>s os d<strong>em</strong>ais corpos anima<strong>do</strong>s e inanima<strong>do</strong>s,<strong>em</strong> diferentes concentrações <strong>do</strong>s quatro el<strong>em</strong>entos.Parece uma hipótese razoável consideran<strong>do</strong> que o principalinstrumento de investigação <strong>do</strong>s gregos era a lógica.Mas nós, diferent<strong>em</strong>ente de corpos inanima<strong>do</strong>s, t<strong>em</strong>os consciênciade nossa própria existência, somos movi<strong>do</strong>s por idéias e<strong>em</strong>preend<strong>em</strong>os ações transforma<strong>do</strong>ras. Isso conduziu à idéia daexistência de um quinto el<strong>em</strong>ento superior aos quatro primeiros, aquintessência, que nos fez passar <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> quaternário (da matériainanimada) ao mun<strong>do</strong> quinário. Do mun<strong>do</strong> da matéria para omun<strong>do</strong> da vida e da inteligência.Para representar o ser humano e a inteligência, a escola Pitagóricaapropriou-se <strong>do</strong> pentagrama como seu símbolo e estu<strong>do</strong>usuas propriedades mat<strong>em</strong>áticas. Interpreta-se sua forma como ade um ser humano com 5 prolongamentos (braços, pernas e cabeça),e a inteligência é representada pelo centro <strong>do</strong> pentagrama.Uma vez inseri<strong>do</strong> no mun<strong>do</strong> da inteligência, anima<strong>do</strong> pela quintessência,o ser humano inicia seu aprendiza<strong>do</strong> e a construção desua representação <strong>do</strong> universo. T<strong>em</strong>os ferramentas para esseaprendiza<strong>do</strong> e construção: nossos senti<strong>do</strong>s e nossa inteligência.Atualmente, sab<strong>em</strong>os que obt<strong>em</strong>os informações <strong>do</strong> meio ambientepor meio <strong>do</strong>s 5 senti<strong>do</strong>s que exploram o meio ambiente (visão,audição, gustação, olfato e tato), o senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> equilíbrio que écapaz de avaliar a posição de nosso corpo <strong>em</strong> relação ao campogravitacional (o labirinto), o fluxo contínuo <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po e o esta<strong>do</strong> denosso organismo (informações processadas, <strong>em</strong> sua maioria,inconscient<strong>em</strong>ente).Interessa-me nessa abordag<strong>em</strong> os 5 senti<strong>do</strong>s que nos dão a-cesso a exploração <strong>do</strong> meio ambiente e às informações veiculadaspelas linguagens humanas (verbal, escrita, gestual etc).

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