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Número 41 - Publicado em 30/04/2010 - Guia Maçônico do Rio ...

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À GLÓRIA DO G∴ A∴ D∴ U ∴<br />

AUG :. RESP :. LOJ :. “FRANCISCO XAVIER FERREIRA<br />

DE PESQUISAS MAÇÔNICAS” - JURISDICIONADA AO GORGS<br />

Fundada <strong>em</strong> 19 de nov<strong>em</strong>bro de 1995<br />

INFORMATIVO CHICO DA BOTICA<br />

Registro na ABIM nº. 18-B<br />

Ano 6, Edição nº. 0<strong>41</strong> Data: <strong>30</strong> de abril de <strong>2010</strong><br />

Nesta edição:<br />

EDITORIAL: "Pesquisan<strong>do</strong> Painéis <strong>do</strong>s Graus Simbólicos”<br />

Editorial: "Pesquisan<strong>do</strong><br />

Painéis <strong>do</strong>s Graus Simbólicos”<br />

LIBERDADE DE PENSAR<br />

Ir .·. Sérgio Quirino Guimarães<br />

- Pág. 2 e 3<br />

A CORDA – uma reflexão<br />

histórico-filosófica!<br />

Ir .·. Joaquim Monte -<br />

Pág. 3, 4 e 5<br />

A DESTINAÇÃO DO HO-<br />

MEM, ENQUANTO SER<br />

VIVENTE -Ir .·.Antônio <strong>do</strong><br />

Carmo Ferreira - Pág. 5<br />

À SOMBRA DAS COLU-<br />

NAS - Ir.·. RICARDO ZA-<br />

NELLO- Pág. 6 e 7<br />

SOBRE TIRADENTES E A<br />

MAÇONARIA - Ir.·. Artêmio<br />

G Hoffmann - Pág. 8<br />

Especiais:<br />

• Chico Social<br />

• Reflexões<br />

• Rapidinhas <strong>do</strong> Chico<br />

• Conhecimento<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

6<br />

Caros Irmãos:<br />

Estamos colocan<strong>do</strong> a disposição <strong>do</strong>s Irmãos nosso Boletim da Chico da Botica,<br />

edição de nº. <strong>41</strong>, trazen<strong>do</strong> importantes t<strong>em</strong>as que nos r<strong>em</strong>et<strong>em</strong> a uma reflexão importante<br />

para a continuidade <strong>do</strong> progresso de nossa Ord<strong>em</strong>.<br />

Como já informa<strong>do</strong> na edição anterior, nosso objetivo para este ano é a pesquisa<br />

sobre os Painéis utiliza<strong>do</strong>s nas Lojas <strong>em</strong> suas sessões. Para início estar<strong>em</strong>os preparan<strong>do</strong><br />

um trabalho com a finalidade de ser utiliza<strong>do</strong> como instrução nas respectivas<br />

sessões de Loja.<br />

O trabalho estará foca<strong>do</strong>, inicialmente, nos Ritos pratica<strong>do</strong>s no Grande Oriente<br />

<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> Grande <strong>do</strong> Sul, GORGS, ao qual estamos filia<strong>do</strong>s, e, futuramente poderá ser<br />

estendi<strong>do</strong> às d<strong>em</strong>ais Potências.<br />

Esperamos poder divulgar os resulta<strong>do</strong>s deste trabalho através de um pequeno<br />

livro a ser lança<strong>do</strong> na com<strong>em</strong>oração <strong>do</strong> 15º aniversário de fundação de nossa Loja de<br />

Pesquisa, a Chico da Botica, <strong>em</strong> 19 de nov<strong>em</strong>bro de <strong>2010</strong>.<br />

Também este ano estar<strong>em</strong>os procuran<strong>do</strong> um maior intercâmbio com as Lojas de<br />

Pesquisas no Brasil e no Exterior, para uma maior divulgação da cultura maçônica e<br />

proporcionar uma ligação entre os Irmãos que estudam e pesquisam. Estamos cientes<br />

de que estas Lojas pod<strong>em</strong> auxiliar com uma grande base de da<strong>do</strong>s sobre os mais diversos<br />

assuntos maçônicos.<br />

Renovan<strong>do</strong> nossos desejos de uma boa leitura a to<strong>do</strong>s e na esperança de que<br />

os assuntos coloca<strong>do</strong>s a vossa disposição sejam úteis para o desenvolvimento da cultura<br />

maçônica ficamos no aguar<strong>do</strong> de que to<strong>do</strong>s os Irmãos se entusiasm<strong>em</strong> e envi<strong>em</strong><br />

suas pesquisas e escritos para que sejam diss<strong>em</strong>inadas e sirvam como fonte de desenvolvimento<br />

da cultura maçônica.<br />

Esperamos poder divulgar<br />

os resulta<strong>do</strong>s deste trabalho<br />

através de um pequeno livro a<br />

ser lança<strong>do</strong> na com<strong>em</strong>oração<br />

<strong>do</strong> 15º aniversário de fundação<br />

de nossa Loja de Pesquisa, a<br />

Chico da Botica, <strong>em</strong> 19 de nov<strong>em</strong>bro<br />

de <strong>2010</strong>.<br />

Um TFA a to<strong>do</strong>s<br />

Loja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas - GORGS<br />

"...As vezes tenho a impressão de que a Maçonaria ora como instituição e<br />

diversas vezes através de seus m<strong>em</strong>bros caminha <strong>em</strong> busca de um nivelamento<br />

com o mun<strong>do</strong> profano, quan<strong>do</strong> o certo seria o contrário, praticar no<br />

mun<strong>do</strong> profano, dentro de suas possibilidades, os preceitos MAÇÔNICOS”.<br />

Ir.·. Adimilson Luiz Stodulski ... ( E mail 14/<strong>04</strong>/<strong>2010</strong>)


Página 2<br />

Informativo<br />

CHICO DA BOTICA<br />

oja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas<br />

LIBERDADE DE PENSAR<br />

Ir .·. Sérgio Quirino Guimarães *<br />

CONHECIMENTO<br />

• Logosofia: <strong>do</strong> Dicionário<br />

substantivo f<strong>em</strong>inino<br />

Rubrica: filosofia.<br />

<strong>do</strong>utrina ético-filosófica, fundada<br />

pelo pensa<strong>do</strong>r argentino González<br />

Pecotche (1901-1963), que busca<br />

ensinar o hom<strong>em</strong> a conquistar sua<br />

autotransformação através da e-<br />

volução consciente <strong>do</strong> pensamento,<br />

que assim se liberta de influências<br />

sugestivas.<br />

NOTÍCIAS RAPIDINHAS DA CHICO<br />

1. CONVITE PARA REUNIÃO DE MAIO<br />

A reunião da Chico da Botica<br />

acontece no terceiro sába<strong>do</strong> de cada<br />

mes e os IIr.·. estão convida<strong>do</strong>s para<br />

apresentar<strong>em</strong> trabalhos e impressões<br />

sobre o Painel <strong>do</strong>s Graus, t<strong>em</strong>a objeto<br />

de estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> corrente ano. Participe!<br />

2. PUBLICAÇÕES NO INFORMATIVO<br />

CHICO DA BOTICA<br />

IIr∴ Efetivos, Correspondentes e Colabora<strong>do</strong>res<br />

contatar:<br />

- Marco A. Perottoni - E mail: perotoni.ez@terra.com.br<br />

- Artêmio G. Hoffmann - E mail: mannhoff@gmail.com<br />

Obs.: os textos publica<strong>do</strong>s são de inteira responsabilidade<br />

<strong>do</strong>s autores.<br />

Aniversariantes<br />

ABRIL<br />

- Ir∴ Efetivos:<br />

09 Abr. MARCO A. MACHADO.<br />

- Ir∴ Correspondentes:<br />

01 Abr. DANGLER T. GUIMARÃES;<br />

08 Abr. PEDRO MOACYR M. CAMPOS;<br />

15 Abr. ANTONIO DO C.FERREIRA<br />

19 Abr. JOÃO QUINT<br />

22 Abr. ABSAI GOMES BRITO;<br />

27 Abr. JORGE R.DE SENNA.<br />

Aniversariantes! Nossas<br />

Felicitações!!!<br />

Saudações estima<strong>do</strong>s Irmãos,<br />

uma das realizações que conquistamos ao<br />

nos tornarmos verdadeiros Maçons é a<br />

LIBERDADE DE PENSAR<br />

Muitos Irmãos direcionam sua vida maçônica à<br />

pratica da filantropia, ao estu<strong>do</strong> esotérico, à<br />

história de nossa Ord<strong>em</strong>, ao aprimoramento da<br />

ritualística e muitos outros aspectos. Porém<br />

esquec<strong>em</strong> que <strong>em</strong> nossa passag<strong>em</strong> de Maçons<br />

Operativos para Maçons Especulativos o que<br />

nos norteava era o aprimoramento <strong>do</strong> hom<strong>em</strong><br />

pelo estu<strong>do</strong> e prática de valores éticos e morais.<br />

Prática esta que, sejamos sinceros, precisamos<br />

reencetar <strong>em</strong> nosso Labor.<br />

Por ser intrínseco a sua natureza, o hom<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre desejou o sentimento<br />

de Liberdade e o primeiro ao qual teve consciência da posse foi o da<br />

“Liberdade de Pensamento”.<br />

Nosso Ir.'. Emílio Castelar expressou-se: “S<strong>em</strong> Liberdade, o pensamento,<br />

alma da ciência, cai no silêncio e morre!” Toda realização é precedida de<br />

um pensamento, portanto dev<strong>em</strong>os ter a consciência que pod<strong>em</strong>os estar sob<br />

a influência nefasta de “pensamentos alheios”. Ser “Livre e de Bons Costumes”<br />

é uma condição supra material e corpórea, ela é espiritual e mental!<br />

O Ir.'. Castellani escreveu: “Liberdade designa a faculdade de fazer ou<br />

deixar de fazer uma coisa por vontade própria, s<strong>em</strong> se submeter às imposições<br />

alheias; o gozo <strong>do</strong>s direitos de hom<strong>em</strong> livre...” Dev<strong>em</strong>os nos desvencilhar<br />

<strong>do</strong>s opressores, das paixões e <strong>do</strong>s preconceitos. O Maçom que abdica de<br />

sua Liberdade deve ser expulso <strong>do</strong> nosso meio, pois não sen<strong>do</strong> ele senhor<br />

<strong>do</strong>s seus pensamentos por conseqüência de seus atos, jamais respeitará nossos<br />

compromissos.<br />

O Ir.'. Spinoza (1632-1677) foi o primeiro <strong>do</strong>s livres pensa<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s<br />

T<strong>em</strong>pos Modernos, seus textos sobre Ética e Liberdade de Pensar deveríam<br />

ser arduamente intercambia<strong>do</strong>s <strong>em</strong> nossas Lojas.<br />

No Livro <strong>do</strong>s Espíritos <strong>do</strong> Ir.'. Allan Kardec (18<strong>04</strong>-1869), na questão de<br />

número 833, t<strong>em</strong>os o seguinte esclarecimento: ”No pensamento goza o hom<strong>em</strong><br />

de ilimitada liberdade, pois que não há como pôr-lhe peias. Pode-se deter<br />

o vôo, porém, não aniquilá-lo” e segue: 835. A liberdade de consciência é<br />

uma conseqüência da liberdade de pensar? Resposta: A consciência é um<br />

pensamento íntimo, que pertence ao hom<strong>em</strong> como to<strong>do</strong>s os outros pensamentos.<br />

836. O hom<strong>em</strong> t<strong>em</strong> o direito de opor entraves à liberdade de consciência?<br />

Resposta: Não mais <strong>do</strong> que à liberdade de pensar, porque somente a Deus<br />

pertence o direito de julgar a consciência. Se o hom<strong>em</strong> regula pelas suas leis<br />

as relações de hom<strong>em</strong> para hom<strong>em</strong>, Deus, por suas leis naturais, regula as<br />

relações <strong>do</strong> hom<strong>em</strong> com Deus. 837. Qual é o resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s entraves à liberdade<br />

de consciência? Resposta: Constranger os homens a agir de maneira diversa<br />

ao seu pensar, o que os tornará hipócritas. A liberdade de consciência é<br />

uma das características da verdadeira civilização e <strong>do</strong> progresso.<br />

Nossos IIr.'. Muçulmanos sab<strong>em</strong> muito b<strong>em</strong> da importância da liberdade<br />

de pensar e questionar, pois o Livro da Lei (Alcorão) ensina que pensar é um


Informativo CHICO DA BOTICA<br />

- Ano 6 Edição 0<strong>41</strong>- <strong>30</strong> Abr. <strong>2010</strong> -<br />

Continuação: LIBERDADE DE PENSAR<br />

oja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas<br />

A CORDA – uma reflexão histórico-filosófica!<br />

Ir .·. Joaquim Monte *<br />

Página 3<br />

sinal de Fé e a justiça é praticada pelo pensamento e a<br />

reflexão. “Na criação <strong>do</strong>s céus e da terra e na alternância<br />

<strong>do</strong> dia e da noite há sinais para os sensatos, que mencionam<br />

Deus, estan<strong>do</strong> <strong>em</strong> pé, senta<strong>do</strong>s ou deita<strong>do</strong>s, e medit<strong>em</strong><br />

na criação <strong>do</strong>s céus e da terra...” (3:190-191).<br />

“...Assim Deus vos elucida os seus versículos, a fim de<br />

que mediteis” (2:219). “... Tais ex<strong>em</strong>plos propomos aos<br />

humanos, para que raciocin<strong>em</strong>” (59:21).<br />

Nosso sobrinho Carlos Bernar<strong>do</strong> González Pecotche<br />

(1901-1963) cria<strong>do</strong>r da Logosofia, nos alerta sobre a<br />

atenção que dev<strong>em</strong>os manter sobre nossos pensamentos<br />

para que não percamos a liberdade e o <strong>do</strong>mínio sobre o<br />

mesmos. “O governo <strong>do</strong> indivíduo está exerci<strong>do</strong> – ditatorialmente<br />

– por um ou vários pensamentos que formam um<br />

desejo, o qual instiga os instintos até obrigá-los a satisfazer<br />

suas exigências.<br />

Enquanto o ser viver alheio por completo a quanto<br />

ocorre <strong>em</strong> sua região mental e não conhecer a chave mediante<br />

a qual poderá obter um severo controle sobre ela,<br />

não poderá jamais alegar que é <strong>do</strong>no de si mesmo e, portanto,<br />

não poderá pensar livr<strong>em</strong>ente.”<br />

Termino este artigo citan<strong>do</strong> Dom Quixote da La<br />

Mancha: “... a Liberdade é um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>ns mais preciosos<br />

que nos outorgam os céus. Com ela não se pod<strong>em</strong> comparar<br />

to<strong>do</strong>s os tesouros que o mar encerra e a terra encobre.<br />

Por ela se pode e se deve sacrificar a vida”.<br />

A “Liberdade de Pensar” é a ponte que nós dá a<br />

“Liberdade de Passar” de uma região para outra região e<br />

assim nos tornarmos verdadeiros Pontífices.<br />

A intenção deste pequeno artigo é despertar <strong>em</strong><br />

você a vontade de promover <strong>em</strong> sua Loja intercâmbios<br />

sobre normas de conduta, ética, moral, liberdades, fraternidade<br />

consciente, cidadania, aplicação real <strong>do</strong> conceito<br />

de igualdade e assuntos que nos elev<strong>em</strong> de forma comportamental<br />

e espiritual.<br />

Questionamos os absur<strong>do</strong>s da Sociedade Brasileira<br />

e o que estamos fazen<strong>do</strong> para que tais atitudes não sejam<br />

praticadas <strong>em</strong> nosso meio? L<strong>em</strong>br<strong>em</strong>-se que to<strong>do</strong>s nós,<br />

independente <strong>do</strong> Grau ou <strong>do</strong> Cargo, somos responsáveis<br />

pela honradez da Maçonaria Mundial.<br />

Grato pela atenção. TFA<br />

Sérgio Quirino Guimarães<br />

ARLS Presidente Roosevelt 025<br />

Segundas-feiras, T<strong>em</strong>plo 801<br />

Palácio Maçônico – Grande Loja<br />

Belo Horizonte – Minas Gerais<br />

A CORDA<br />

A Corda é um feixe de fibras enroladas entre si. Em<br />

geral é uma transa com seus fios dispostos <strong>em</strong> torno de<br />

um núcleo, forman<strong>do</strong> uma peça resistente. Essa resistência<br />

depende da natureza <strong>do</strong> material que compõe as fibras<br />

e está diretamente ligada ao número de el<strong>em</strong>entos e, também,<br />

de como é feito o seu entrelaçamento.<br />

Esse formato (feixe de fibras entrelaçadas) confere à<br />

corda mais resistência à tração. Eclesiastes (Antigo Testamento)<br />

diz que se “alguém prevalecer contra um, <strong>do</strong>is lhe<br />

resistirão”! E acrescenta que o “cordão de três <strong>do</strong>bras não<br />

se arrebenta com facilidade”.<br />

Uma corda b<strong>em</strong> tracionada (como no violão) <strong>em</strong>ite<br />

sons que pod<strong>em</strong> compor melodias e sinfonias harmoniosas<br />

(músicas). Pode ser utiliza<strong>do</strong> para medir espaços, a-<br />

marrar e puxar cargas ou, até mesmo, enforcar pessoas.<br />

OS LAÇOS E OS NÓS<br />

Nó é uma formação na qual a corda se enrola e se <strong>em</strong>baraça<br />

<strong>em</strong> si mesma: pode ser aperta<strong>do</strong> como um “nó cego”<br />

ou folga<strong>do</strong> como um “nó frouxo”. Em geral, quan<strong>do</strong> a<br />

corda é entrelaçada e o nó não é aperta<strong>do</strong> é chama<strong>do</strong> de<br />

laço.<br />

O nó é um méto<strong>do</strong> de apertar ou segurar uma corda<br />

por amarração e entrelaçamento. Os laços chama<strong>do</strong>s “nós<br />

de união”, prend<strong>em</strong> uma corda na outra como “laços de<br />

amizade” - vínculos afetivos que un<strong>em</strong> as pessoas também<br />

umas às outras!<br />

A CORDA MAÇÔNICA<br />

Na Sociedade <strong>do</strong>s Construtores (<strong>em</strong>brião da Maçonaria<br />

atual) uma corda com nós era desenhada no chão com<br />

pedra ou carvão, alegoricamente fazen<strong>do</strong> parte de um Painel<br />

representativo <strong>do</strong>s instrumentos usa<strong>do</strong>s pelos Pedreiros<br />

Livres.<br />

Este desenho (inicialmente risca<strong>do</strong> <strong>do</strong> chão) foi substituí<strong>do</strong><br />

por uma corda que, depois, foi elevada para junto <strong>do</strong><br />

Teto <strong>do</strong> T<strong>em</strong>plo. Essa mudança pode ser entendida como<br />

significan<strong>do</strong> a elevação espiritual <strong>do</strong>s Irmãos (que deixaram<br />

de trabalhar no chão com o cimento físico e, então,<br />

passaram a trabalhar num plano superior com o cimento<br />

místico, que é a argamassa da Espiritualidade).<br />

As paredes <strong>do</strong>s T<strong>em</strong>plos Maçônicos sustentam uma<br />

corda circundante com 81 nós que recebe várias conotações<br />

interpretativas e filosóficas: os nós são mais referencia<strong>do</strong>s<br />

como laços de união entre os irmãos.<br />

Na Iniciação de Aprendiz (<strong>em</strong> muitas Lojas), quan<strong>do</strong> o<br />

profano entra no T<strong>em</strong>plo ele se encontra (1) com os olhos<br />

venda<strong>do</strong>s; e (2) com o corpo amarra<strong>do</strong> por uma corda.<br />

Esta corda fica presa ao corpo <strong>do</strong> Profano por um nó que<br />

ata suas pontas. Durante o ritual as vendas são retiradas


Informativo CHICO DA BOTICA<br />

- Ano 6 Edição 0<strong>41</strong>- <strong>30</strong> Abr. <strong>2010</strong> -<br />

oja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas<br />

Continuação: A CORDA – uma reflexão histórico-filosófica!<br />

Página 4<br />

para que ele receba a luz (a luz lhe é dada), mas a corda<br />

não é desamarrada, pois a liberdade não lhe é dada (ele<br />

t<strong>em</strong> que a conquistar ao longo de sua vida maçônica).<br />

Uma CORDA DE SETE NÓS ou laços <strong>em</strong>oldura o Painel<br />

Alegórico <strong>do</strong> Grau de Aprendiz no Rito Escocês Antigo<br />

e Aceito. Para alguns autores, os 7 nós representam 7<br />

pontas de uma Estrela, 7 Estrelas de um firmamento, 7<br />

Artes e Ciências Liberais. Outros autores diz<strong>em</strong> que simboliza<br />

a Cadeia de União: união fraternal que liga de mo<strong>do</strong><br />

indissolúvel to<strong>do</strong>s os Maçons <strong>do</strong> Globo, s<strong>em</strong> distinções<br />

n<strong>em</strong> condições. Este entrelaçamento representa, também,<br />

o segre<strong>do</strong> que deve rodear nossos augustos mistérios.<br />

Em outros graus, outras cordas! Corda que amarra e<br />

pela qual são conduzi<strong>do</strong>s suspeitos de haver cometi<strong>do</strong>s<br />

crimes! Corda que prende as mãos de qu<strong>em</strong> se encontra<br />

preso ao mun<strong>do</strong> material e, por isso, não apresenta condições<br />

de libertar-se para o desenvolvimento espiritual! Como<br />

uma peia (corda amarrada nos pés de um animal) que<br />

o prende para que ele não se afaste de seu <strong>do</strong>no.<br />

Uma CORDA DE 81 NÓS é a maior delas: tu<strong>do</strong> é simbólico<br />

no contexto maçônico! Se a corda é a Maçonaria,<br />

cada Loja é um nó! Se a corda é a Loja, com obreiro e um<br />

nó! Mas, de um jeito ou de outro, não faz diferença: a corda<br />

deve ser forte e os laços firmes, porém suaves! Como<br />

na Cadeia de União, onde a força <strong>do</strong>s irmãos (Feixe de<br />

Esopo) se une por meio de mãos entrelaçadas (laços de<br />

amor).<br />

Os nós da corda, <strong>em</strong> forma de “oito deita<strong>do</strong>s”, l<strong>em</strong>bram<br />

a infinitude <strong>do</strong>s laços que un<strong>em</strong> os maçons e que, estes<br />

laços, não pod<strong>em</strong> ser aperta<strong>do</strong>s: isto significaria a interrupção<br />

e o estrangulamento da fraternidade que deve e-<br />

xistir entre os Irmãos.<br />

O laço central da corda, situa<strong>do</strong> acima <strong>do</strong> Trono de<br />

Salomão, é uma unidade indivisível (nó que não se desfaz<br />

por ser o princípio e fundamento <strong>do</strong> Universo) e, por isso,<br />

representa o Grande Arquiteto <strong>do</strong> Universo (Cria<strong>do</strong>r de<br />

todas as criaturas e Tece<strong>do</strong>r de todas as cordas existenciais).<br />

A união fraternal e espiritual entre to<strong>do</strong>s os maçons <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong>, que comungam ideias e objetivos da Maçonaria,<br />

t<strong>em</strong> a força / resistência da corda e a firmeza / delicadeza<br />

<strong>do</strong>s nós! Em suma: o T<strong>em</strong>plo é a força e a Loja é a união!<br />

A tolerância, a paciência e a amistosidade, transformam<br />

a corda num cabo que funciona como um imã pararaios:<br />

absorve a vibração negativa, transforma-a <strong>em</strong> energia<br />

positiva e devolve-a para os irmãos que se encontram<br />

no T<strong>em</strong>plo.<br />

Assim sen<strong>do</strong>, ao cuidar da egrégora, a corda e seus<br />

laços proteg<strong>em</strong> os obreiros, pois sua "Emanação Fluídica",<br />

que alimenta, abriga e sustenta a ambiência da Loja<br />

(clima de harmonia), eleva o espírito e enleva o coração<br />

de cada um de nós (e de to<strong>do</strong>s a um só t<strong>em</strong>po)!<br />

ARRASTANDO A CORDA A EXISTÊNCIA<br />

Vejamos esta metáfora:<br />

Durante nossa existência viv<strong>em</strong>os arrastan<strong>do</strong> uma corda<br />

que está grudada <strong>em</strong> nossas costas. Se a vida transcorre<br />

serena, a corda desliza macia (s<strong>em</strong> peso n<strong>em</strong> resistência).<br />

Mas, se a corda t<strong>em</strong> “nós”, eles enroscam e engancham<br />

ao longo da estrada da vida e, assim sen<strong>do</strong>, fica<br />

mais difícil (às vezes impossível) puxar a corda da existência.<br />

Principalmente porque nó s<strong>em</strong>pre l<strong>em</strong>bra probl<strong>em</strong>a,<br />

algo que nos interrompe e nos impede de avançar.<br />

Então, no transa<strong>do</strong> da vida, cada nó representa um<br />

obstáculo (falhas que fomos cometen<strong>do</strong> na tecedura <strong>do</strong><br />

acontecer existencial): são erros, limitações, dificuldades!<br />

São os vícios que fomos acumulan<strong>do</strong> durante nossa jornada<br />

vital!<br />

Compete a cada um de nós, (1) não fazer nós na corda<br />

que puxamos; e (2) desatar os nós que já foram feitos e,<br />

provavelmente, estão b<strong>em</strong> aperta<strong>do</strong>s.<br />

Quan<strong>do</strong> os nós engancham, precisamos por mais força<br />

para arrastar a corda! E, se a corda não for forte, ela se<br />

romperá e a vida se acabará! Diz um dita<strong>do</strong> popular que "a<br />

corda s<strong>em</strong>pre arrebenta nas costas <strong>do</strong> mais fraco".<br />

Mas, dev<strong>em</strong>os l<strong>em</strong>brar também da corda que se atira<br />

para resgatar um irmão que se encontra no fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> poço!<br />

A corda que ajuda, que conduz e que salva!<br />

______________________________________<br />

*Joaquim Monte, 31 – P.’. M.’. ARLS Hugo Simas, 92<br />

– GLP – Oriente de Curitiba.<br />

Selo com<strong>em</strong>orativo <strong>do</strong>s 200 Anos <strong>do</strong> Grande Oriente da<br />

França (1773-1973). (Bicentenaire - Grand Orient de France)<br />

A imag<strong>em</strong> mostra um esquadro projetan<strong>do</strong> sua sombra<br />

sobre a superfície <strong>do</strong> planeta Terra e o texto "Liberté - E-<br />

galité - Fraternité" (Liberdade - Igualdade - Fraternidade).<br />

Em volta, uma parte da Corda de 81 Nós, um símbolo significativo<br />

da maçonaria.<br />

Gravura feita por Georges Bet<strong>em</strong>ps.<br />

Colaboração Ir.·. VILMAR RODRIGUES DE MIRANDA - M<strong>em</strong>bro<br />

Efetivo da Loja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas


Informativo CHICO DA BOTICA<br />

- Ano 6 Edição 0<strong>41</strong>- <strong>30</strong> Abr. <strong>2010</strong> -<br />

oja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas<br />

A DESTINAÇÃO DO HOMEM, ENQUANTO SER VIVENTE<br />

Ir ∴ Antônio <strong>do</strong> Carmo Ferreira<br />

Página 5<br />

O velho Dostoievski – não tão velho como o soluço<br />

<strong>do</strong>s regatos, pois quero dizer velho, a contar <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po<br />

que separa nossas gerações - escreveu que “o segre<strong>do</strong><br />

da existência humana consiste não somente <strong>em</strong> viver,<br />

mas ainda <strong>em</strong> encontrar um motivo para viver”. Confesso<br />

que esta advertência t<strong>em</strong> me leva<strong>do</strong>, reiteradas vezes, a<br />

meditar sobre a mensag<strong>em</strong> que ela inspira.<br />

Na verdade, está <strong>em</strong> apreciação a vida, um tesouro<br />

s<strong>em</strong> similar, inigualável! Mas que, reparan<strong>do</strong> b<strong>em</strong> nos<br />

ensinamentos <strong>do</strong>s nossos antepassa<strong>do</strong>s e nas obrigações<br />

que decorr<strong>em</strong> <strong>do</strong> próprio existir, não deverá ser um b<strong>em</strong><br />

que se preste apenas ao benefício de seu possui<strong>do</strong>r.<br />

Pois há os descendentes, que n<strong>em</strong> pediram pra vir,<br />

como há os que contribu<strong>em</strong> para a sobrevivência e que<br />

por isto merecerão a correspondência, como há os que,<br />

atingi<strong>do</strong>s pela carência, dev<strong>em</strong> ser assisti<strong>do</strong>s conforme as<br />

regras da convivência social (as leis) e das recomendações<br />

de Deus (os mandamentos).<br />

Daí a sábia advertência <strong>do</strong> velho romancista de que<br />

o viver não basta. E se alguém quer descobrir <strong>em</strong> que<br />

consiste o segre<strong>do</strong> <strong>do</strong> viver, é só estabelecer um motivo.<br />

Talvez por isto, entre nós, costume-se dar maior ênfase<br />

às falações sobre filantropia, claman<strong>do</strong>, assim ou <strong>em</strong> termos<br />

pareci<strong>do</strong>s, que “não serve para viver aquele que não<br />

vive para servir”.<br />

Sigo neste raciocínio, l<strong>em</strong>bran<strong>do</strong> que ao hom<strong>em</strong>,<br />

Deus lhe concedeu a vida. A vida pertence a Deus. A<br />

qualquer instante ELE a solicita de volta. É como ensinava<br />

Dom Agostinho, o Bispo da Diocese de Hipona: “a vida<br />

é uma peregrinação de retorno à casa <strong>do</strong> Pai”. Da<br />

mesma forma estabeleceu o Eclesiastes, ao advertir que<br />

um dia, “quan<strong>do</strong> o corpo voltar à terra, o espírito retornará<br />

a Deus que o deu”.<br />

Mas há uma condição implícita nesta cessão da vida.<br />

É que ela não seja dedicada ao ócio. Ao não fazer, por<br />

mais que sejam os bens possuí<strong>do</strong>s e suficientes para a<br />

pessoa bastar-se materialmente a si própria. O apóstolo<br />

Paulo escreve aos Tessalonicenses e lhes diz <strong>em</strong> sua<br />

segunda carta que “se alguém não quiser trabalhar, com<br />

que cara d<strong>em</strong>andará a comida?”. Também parece aquela<br />

história <strong>do</strong> Gênesis <strong>em</strong> que mesmo o casal Adâmico sen<strong>do</strong><br />

senhor da mãe-natureza, onde aí poderia encontrar de<br />

tu<strong>do</strong> para a sobrevivência, mesmo assim ainda se fazia<br />

necessário “ganhar o pão de cada dia com o suor <strong>do</strong> rosto.”<br />

A vida, portanto, se destina à ação. Um instrumento<br />

<strong>do</strong> fazer. Uma oportunidade de produzir. O valor dela<br />

transcenden<strong>do</strong> <strong>do</strong> ter, enquanto seja este ter, <strong>em</strong> nossos<br />

dias, a chave das aberturas e <strong>do</strong>s acessos. E s<strong>em</strong>pre a<br />

senha aos desvãos equivoca<strong>do</strong>s da sociedade. A parábola<br />

<strong>do</strong>s talentos nos faz l<strong>em</strong>brar tal assertiva. O senhor,<br />

quan<strong>do</strong> fez a avaliação da distribuição <strong>do</strong>s talentos, elogiou<br />

os que haviam coloca<strong>do</strong> <strong>em</strong> movimento os talentos<br />

recebi<strong>do</strong>s, enquanto puniu severamente aqueles que guardaram<br />

a prenda que lhes foi confiada.<br />

Depois, v<strong>em</strong>-se a saber que a vida não se exercitará<br />

para o benefício apenas da pessoa <strong>em</strong> que ela está, como<br />

se essa pessoa isolar-se <strong>em</strong> si própria, e tu<strong>do</strong> fizesse e de<br />

tu<strong>do</strong> dispusesse apenas para si. Jesus Cristo ensinou, e<br />

seus discípulos deram repercussão a isto, que Ele veio<br />

para dar um novo mandamento: “o <strong>do</strong> amor ao próximo”.<br />

Mais tarde, <strong>em</strong> Madri, o filósofo Ortega y Gasset repetia o<br />

ensinamento, com a expressão – “eu sou eu e minha<br />

circunstância”. A pessoa não se limita <strong>em</strong> si. Ela terá compromisso<br />

além desta comarca <strong>do</strong> si só – com “a circunstância”.<br />

Ou, na forma da letra cristã, com “o próximo”.<br />

Já <strong>em</strong> nossos t<strong>em</strong>pos, João Paulo II abor<strong>do</strong>u o assunto<br />

<strong>do</strong> utilitarismo da vida e <strong>do</strong>s bens, <strong>em</strong> seu livro<br />

“M<strong>em</strong>ória e Identidade”. O Papa traz à baila pensamentos<br />

de Tomás de Aquino respeitantes ao bonum honestum, ao<br />

bonum utile e ao bonum delectabile. Parece querer ensinar<br />

que o b<strong>em</strong>, para ter um fim honesto, não será destina<strong>do</strong><br />

apenas ao deleite <strong>do</strong> possui<strong>do</strong>r, mas, para alcançar<br />

aquela condição, torna-se necessário ser útil a outros.<br />

L<strong>em</strong>bramos a sentença condenatória <strong>do</strong> avarento. Uma<br />

corda, muito grossa, pode até passar no orifício de uma<br />

agulha ainda que muito fina, mas o avarento terá as maiores<br />

dificuldades <strong>em</strong> conseguir ingresso na casa <strong>do</strong> Pai.<br />

A Maçonaria absorve estes ensinamentos da utilidade<br />

da vida, da destinação <strong>do</strong> hom<strong>em</strong> enquanto ser vivente,<br />

tornan<strong>do</strong>-se isto um dever para o maçom, ao dizer-se ela<br />

não somente iniciática, mas também filantrópica. Pois a<br />

Ord<strong>em</strong> não se basta na atividade t<strong>em</strong>plária. A formação <strong>do</strong><br />

ser/maçom inclui seu exercício prático na comunidade,<br />

onde o alvo é a assistência ao carente e ou, a evolução<br />

que recebe o trato de sua inteligência. O maçom estará<br />

volta<strong>do</strong>, s<strong>em</strong>pre, para a felicidade da pessoa humana – “o<br />

próximo”. Qu<strong>em</strong> leu o ritual <strong>do</strong> aprendiz haverá de ter se<br />

depara<strong>do</strong> com esta advertência de que “a maçonaria não é<br />

uma sociedade comum. Ela t<strong>em</strong> responsabilidade e deveres<br />

para com a humanidade”. Tais condições serão, por<br />

conseguinte, compromissos da Loja e de seu quadro, o<br />

qual “toda ocasião que perde de ser útil, pratica infidelidade<br />

e <strong>em</strong> cada socorro que recusa comete perjúrio”, sen<strong>do</strong><br />

a utilidade da vida, portanto, um inquestionável dever.<br />

Desejo encerrar este artigo, l<strong>em</strong>bran<strong>do</strong> uns versos<br />

da poetisa Emily Dickinson, nascida a 10.12.18<strong>30</strong>, <strong>em</strong><br />

Boston, USA, onde faleceu a 15.05.1886. Vejamos quão<br />

lin<strong>do</strong> é o seu entendimento <strong>do</strong> viver!<br />

“Não viverei <strong>em</strong> vão, se puder<br />

Salvar de partir-se um coração,<br />

Se eu puder aliviar uma vida<br />

Sofrida, ou abrandar uma <strong>do</strong>r<br />

Ou ajudar exangue um passarinho<br />

A subir de novo ao ninho...<br />

Só assim não viverei <strong>em</strong> vão”. ...................


Informativo CHICO DA BOTICA<br />

- Ano 6 Edição 0<strong>41</strong>- <strong>30</strong> Abr. <strong>2010</strong> -<br />

oja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas<br />

À SOMBRA DAS COLUNAS<br />

Ir ∴ RICARDO ZANELLO*<br />

Página 6<br />

“Não é verossímil que to<strong>do</strong>s se engan<strong>em</strong>; mas<br />

antes, isso test<strong>em</strong>unha que o poder de b<strong>em</strong><br />

julgar, e de distinguir o verdadeiro <strong>do</strong> falso que<br />

é aquilo a que se chama o bom senso ou a<br />

razão, é naturalmente igual <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os<br />

homens; da mesma forma que a diversidade<br />

das nossas opiniões não provém <strong>do</strong> fato de<br />

uns ser<strong>em</strong> mais razoáveis <strong>do</strong> que outros, mas<br />

unicamente <strong>do</strong> fato de nós conduzirmos os nossos<br />

pensamentos por vias diversas, e de não<br />

considerarmos as mesmas coisas." (René Descartes,<br />

Discurso <strong>do</strong> Méto<strong>do</strong>, I parte).<br />

S<strong>em</strong>pre me disseram que aos “olhos prepara<strong>do</strong>s” o<br />

mun<strong>do</strong> t<strong>em</strong> outro significa<strong>do</strong>. Quan<strong>do</strong> adentramos no T<strong>em</strong>plo<br />

Maçônico pela primeira vez, a sensação quase indescritível<br />

é a da exuberância de cores e de objetos que estão<br />

posiciona<strong>do</strong>s segun<strong>do</strong> uma lógica ainda incompreensível.<br />

Tu<strong>do</strong> está certo e <strong>em</strong> lugar planeja<strong>do</strong>, mas aos<br />

“olhos experientes”, quan<strong>do</strong> o T<strong>em</strong>plo se transforma <strong>em</strong><br />

Loja, há uma transmutação, e o mesmo local onde encontrávamos<br />

apenas objetos, identificamos informações, lições,<br />

alertas que deixam o silencio <strong>do</strong> objeto que habitam<br />

e gritam como um apelo para a consciência <strong>do</strong>s Maçons.<br />

Assim, nos propor<strong>em</strong>os a transitar pelo campo da<br />

transmutação de três el<strong>em</strong>entos que compõ<strong>em</strong> o t<strong>em</strong>plo<br />

maçônico. Falar<strong>em</strong>os sobre as colunas Jônica, Dórica e<br />

Coríntia que se posicionam nos altares <strong>do</strong> Venerável Mestre,<br />

<strong>do</strong> 1º Vigilante e <strong>do</strong> 2º Vigilante, respectivamente.<br />

Qual a função desses<br />

el<strong>em</strong>entos coloca<strong>do</strong>s<br />

de forma pouco<br />

evidente nos altares<br />

das Joias <strong>do</strong><br />

T<strong>em</strong>plo?<br />

Por que essas colunas<br />

não se destacam<br />

ao mais simples o-<br />

lhar <strong>do</strong>s profanos ou<br />

até mesmo <strong>do</strong> Maçom<br />

inicia<strong>do</strong>?<br />

E, por fim, por que<br />

dizer que estamos à<br />

sombra dessas colunas?<br />

Em primeiro lugar<br />

vamos distinguir colunas<br />

de pilares. Os<br />

pilares s<strong>em</strong>pre sustentam<br />

algo, as colunas,<br />

ao contrário, não t<strong>em</strong> essa função. Portanto ora falar<strong>em</strong>os<br />

das colunas <strong>em</strong> comento quan<strong>do</strong> abordarmos o<br />

aspecto físico, visível, ora mencionar<strong>em</strong>os a sua função<br />

como colunas, por mais contraditório que essa coexistência<br />

pareça.<br />

Ao longo de sua existência, a Maçonaria t<strong>em</strong> se vali<strong>do</strong><br />

de fatos e el<strong>em</strong>entos <strong>em</strong> seus rituais que agregam,<br />

principalmente, valores éticos e morais, como ex<strong>em</strong>plo<br />

aos seus m<strong>em</strong>bros, a nós mesmos, crian<strong>do</strong> assim uma<br />

vasta simbologia.<br />

Rizzar<strong>do</strong> Da Camino, <strong>em</strong> sua obra “Os Painéis da<br />

Loja de Aprendiz” (1994), assevera: “as colunas são símbolos<br />

da verticalidade, ou seja, de elevação, ascensão,<br />

harmonização com Deus”.<br />

Com relação aos três pilares que sustentam a ord<strong>em</strong><br />

e as lojas Maçônicas (Sabe<strong>do</strong>ria, Força e Beleza), existe<br />

uma integração, num contexto mais amplo, com outros<br />

símbolos como as colunas e as velas, que estudadas <strong>em</strong><br />

conjunto permitirão um entendimento e uma visão mais<br />

completa sobre o t<strong>em</strong>a.<br />

As colunas já eram utilizadas na Maçonaria primitiva<br />

inglesa como candelabros ou tocheiros e sua finalidade<br />

exclusiva era de iluminar o T<strong>em</strong>plo, constituin<strong>do</strong>-se apenas<br />

<strong>em</strong> a<strong>do</strong>rnos. Com o t<strong>em</strong>po, porém, ganharam definição<br />

específica no simbolismo, cujas origens nos r<strong>em</strong>et<strong>em</strong><br />

ao mun<strong>do</strong> helênico.<br />

O perío<strong>do</strong> greco-romano nos revela uma das épocas<br />

mais férteis e bonitas <strong>em</strong> termos de criação artística na<br />

história da humanidade. Ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> épocas de grandes<br />

conquistas e realizações, com razão a Maçonaria transportou<br />

para nossas lojas e na ritualística os simbolismos<br />

das três colunas, inspira<strong>do</strong> nas três grandes ordens de<br />

arquitetura originárias da Grécia.<br />

Fal<strong>em</strong>os da Coluna Jônica, que orna o altar <strong>do</strong> Venerável<br />

Mestre. A Ord<strong>em</strong> Jônica representava a graça e o<br />

f<strong>em</strong>inino. A coluna apresentava fuste mais delga<strong>do</strong> e não<br />

se firmava diretamente sobre o estilóbata, mas sobre uma<br />

base decorada. O capitel era forma<strong>do</strong> por duas espirais<br />

unidas por duas curvas.<br />

Os Jônios eram gregos, como os atenienses que estabeleceram<br />

povoações costeiras ao longo <strong>do</strong> Mar Egeu,<br />

na Ásia Menor e Europa, muitas delas como Mileto e Éfeso,<br />

floresceram e, junto com Atenas desenvolveram sofisticada<br />

cultura que mais tarde ficou conhecida como Mun<strong>do</strong><br />

Helênico.<br />

A Sabe<strong>do</strong>ria, que permite <strong>em</strong>preender as mudanças<br />

simboliza o Venerável Mestre e é representada pela coluna<br />

Jônica. A Sabe<strong>do</strong>ria é uma das maiores, senão a mais<br />

importante das qualidades <strong>do</strong> hom<strong>em</strong>; com o t<strong>em</strong>po, com<br />

a vivência e a experiência, ela se expande e se fortalece,<br />

permitin<strong>do</strong> ao seu senhorio o equilíbrio das atitudes e o<br />

livre arbítrio nas decisões.<br />

A Sabe<strong>do</strong>ria <strong>em</strong>ana <strong>do</strong> Oriente, de onde surge o sol<br />

para irradiar o dia e onde está senta<strong>do</strong> o Venerável Mestre<br />

para dirigir os nossos trabalhos.<br />

Analis<strong>em</strong>os, agora, a importância e características<br />

da Coluna Dórica e o pilar maçônico por ela representa<strong>do</strong>.


Informativo CHICO DA BOTICA<br />

- Ano 6 Edição 0<strong>41</strong>- <strong>30</strong> Abr. <strong>2010</strong> -<br />

oja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas<br />

Página 7<br />

Continuação: À SOMBRA DAS COLUNAS<br />

A Força simboliza o primeiro vigilante, e é representa<strong>do</strong><br />

pela coluna Dórica. A força é o instrumento de que<br />

necessitamos par poder executar as nossas tarefas<br />

Os Dórios eram habitantes <strong>do</strong> Peloponeso (região da<br />

Grécia antiga). De rígida formação tribal, os Dórios eram<br />

nômades, pobres e analfabetos; gradativamente, porém,<br />

foram aban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong> essas condições e se estabelecen<strong>do</strong><br />

<strong>em</strong> cidades , crian<strong>do</strong> uma aristocracia fundiária. Estabeleceram<br />

importantes cidades como Esparta, Creta e Rhodes,<br />

as mais conhecidas. Certamente que a força a que<br />

nos referimos <strong>em</strong> nossas oficinas não é e n<strong>em</strong> poderia ser<br />

a força bruta, mas a força de nossa vontade interior. Como<br />

Aprendizes, já víamos <strong>em</strong> ocasiões anteriores e ver<strong>em</strong>os,<br />

s<strong>em</strong>pre como Maçons, que necessário dispor de<br />

muita força de vontade, de esforço contínuo, para desbastar<br />

a nossa Pedra Bruta.<br />

E é isto que nos faz l<strong>em</strong>brar o primeiro vigilante, que<br />

no Ocidente, termina<strong>do</strong> o dia, cabe-lhe “fechar a Loja e<br />

pagar os Obreiros, que representa a força e o apoio de<br />

to<strong>do</strong> o trabalho”, e o incentivo para continuar a jornada<br />

A Ord<strong>em</strong> Dórica era simples e maciça. O fuste da<br />

coluna era monolítico e grosso. O capitel era uma almofada<br />

de pedra. Nascida <strong>do</strong> sentir <strong>do</strong> povo grego, nela se<br />

expressa o pensamento. Sen<strong>do</strong> a mais antiga das ordens<br />

arquitetônicas grega, a ord<strong>em</strong> dórica, por sua simplicidade<br />

e <strong>em</strong>presta uma ideia de solidez e imponência, características<br />

que dev<strong>em</strong> ser expressas pelo caráter <strong>do</strong> 1º Vigilante.<br />

Por fim, exaurin<strong>do</strong> a análise das características das<br />

colunas e pilares que deles <strong>em</strong>anam, verifiqu<strong>em</strong>os a Coluna<br />

Coríntia, que ornamenta o altar <strong>do</strong> 2º Vigilante.<br />

A Beleza simboliza o segun<strong>do</strong> vigilante e é representada<br />

pela Coluna Coríntia. A beleza se reporta aos a<strong>do</strong>rnos,<br />

l<strong>em</strong>bran<strong>do</strong>-nos as maravilhas <strong>do</strong> universo, a vida e a<br />

natureza, caminhos estes que nos levam a Deus, o G.`.,<br />

A.`.D.`.U.`..<br />

Corinto, também no Peloponeso, se caracterizou como<br />

próspero centro comercial industrial, rivalizan<strong>do</strong> com<br />

Atenas e Esparta.<br />

A Coluna Coríntia, das três ordens é a que manifesta<br />

a forma mais elegante. A beleza na liturgia Maçônica, porém<br />

não é a estética, não é a de formas e aparências. Na<br />

maioria das vezes não pod<strong>em</strong>os enxergá-la, pois ela está<br />

oculta; está dentro de nós, protegida sob o manto da moral,<br />

da humildade, da compreensão, da vontade de aprender,<br />

e colaborar e servir ao próximo.<br />

Ao longo de nossa caminhada, não raras vezes, poder<strong>em</strong>os<br />

fraquejar. Mas é aí, neste instante, que o segun<strong>do</strong><br />

vigilante nos chama de volta ao trabalho “para que a<br />

obra tenha prosseguimento”, essa obra interminável, que<br />

a construção <strong>do</strong> nosso “eu”, nosso t<strong>em</strong>plo particular.<br />

Concluin<strong>do</strong>, é notório que a arte é um <strong>do</strong>m divino, uma<br />

manifestação que prov<strong>em</strong> <strong>do</strong> Cria<strong>do</strong>r, <strong>do</strong> G.`. A.`.D.`.U.`..<br />

Se não, como explicar a capacidade <strong>do</strong> ser humano para<br />

tantas realizações grandiosas, justamente nós, seres de<br />

dimensões liliputianas ante a grandeza monumental <strong>do</strong><br />

Universo?<br />

No caso <strong>em</strong> estu<strong>do</strong>, a arte v<strong>em</strong> colaborar com a simbologia<br />

<strong>em</strong>pregada pela Maçonaria. Explicamos.<br />

S<strong>em</strong>pre que nos falam que a sombra cobre este ou<br />

aquele objeto, ou que alguém vive à sombra de alguém ou<br />

de alguma instituição, passa-nos a impressão de que<br />

qu<strong>em</strong> se aproveita da sombra o faz de mo<strong>do</strong> que aproveite<br />

de benefícios s<strong>em</strong> ter méritos.<br />

No caso <strong>em</strong> análise, quer<strong>em</strong>os reinterpretar essa alocução.<br />

Estar à sombra das colunas significa que estamos<br />

aproveitan<strong>do</strong> a projeção das virtudes <strong>em</strong>anadas pelas colunas<br />

da Sabe<strong>do</strong>ria, Força e Beleza.<br />

Se t<strong>em</strong>os luzes que irradiam virtudes, nós estamos à<br />

sombra das colunas que as representam, virtudes essas<br />

que firmam suas posições materialmente nas colunas mas<br />

que traz<strong>em</strong> <strong>em</strong> sua projeção a essência <strong>do</strong>s pilares da<br />

Maçonaria.<br />

Mas não nos esqueçamos que os símbolos t<strong>em</strong> <strong>em</strong><br />

seu significa<strong>do</strong> “mão dupla”, isto é, assim como irradiam<br />

princípios maçônicos, da mesma forma cobram a reflexão<br />

e atitude <strong>do</strong> maçom, experiência que leva à Sabe<strong>do</strong>ria,<br />

destino final almeja<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s.<br />

RICARDO ZANELLO - M.·. M.·.<br />

Regeneração 3ª –Londrina - PR<br />

COMAB – Grande Oriente <strong>do</strong> Paraná<br />

Bibliografia<br />

ASLAN, Nicola. Grande dicionário enciclopédico de<br />

Maçonaria e simbologia,, Editora A Trolha , 1996<br />

CAMINA, Rizzar<strong>do</strong> Da. Os painéis da Loja de Aprendiz,<br />

Editora A Trolha , 1994<br />

CASTELLANI, José. Liturgia e Ritualística <strong>do</strong> Grau de<br />

Aprendiz Maçom, “A Gazeta Maçônica”;<br />

DESCARTES, René. Discurso <strong>do</strong> Méto<strong>do</strong>, Ediouro,<br />

pág.<strong>41</strong>.<br />

KRIEGER FILHO, Jorge Paulo, in Sabe<strong>do</strong>ria, Força e<br />

Beleza sustentam a loja, O PRUMO, n.137, Ano XXXI,<br />

MAIO/JUNHO/2001, pg.12-13<br />

TROLHA, Xico. Símbolos maçônicos e suas origens,<br />

Editora A Trolha , 1996


Organização<br />

AUG :. RESP :. LOJ :.<br />

“FRANCISCO XAVIER FERREIRA<br />

DE PESQUISAS MAÇÔNICAS” -<br />

JURISDICIONADA AO GORGS<br />

T<strong>em</strong>plo : Leonello Paulo Palu<strong>do</strong><br />

Centro T<strong>em</strong>plário - 3º andar<br />

Rua Aureliano de Figueire<strong>do</strong> Pinto, 945<br />

Dia da Oficina: 3º Sába<strong>do</strong> de cada mês Hora: 10:00 h<br />

Informativo CHICO DA BOTICA<br />

- Ano 6 Edição 0<strong>41</strong>- <strong>30</strong> Abr. <strong>2010</strong> -<br />

>>> Informativo Virtual destaca . . .<br />

Datas importantes de abril:<br />

• 19 - Dia <strong>do</strong> Índio<br />

• 19 - Dia <strong>do</strong> Exército Brasileiro<br />

• 21 - Tiradentes, Dia <strong>do</strong> Policial Militar<br />

• 22 - Descobrimento <strong>do</strong> Brasil<br />

Página 8<br />

SOBRE TIRADENTES E A MAÇONARIA<br />

Joaquim José da Silva Xavier nasceu na fazenda <strong>do</strong> Pombal, comarca <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> das Mortes, próximo a Vila de<br />

São José Del Rei. (Atual Tiradentes) no ano de 1746, não se saben<strong>do</strong>, porém o dia de seu nascimento.<br />

Muito se t<strong>em</strong> fala<strong>do</strong> sobre se Tiradentes era maçom e se os ideais da Inconfidência Mineira seguiam os princípios<br />

da Ord<strong>em</strong>. Opiniões divergentes cercam diversos autores e o t<strong>em</strong>a é objeto de discussões nos grupos maçônicos por toda<br />

a parte. Assim se pronuncia o Ir.·. José Castellani: “Dentre to<strong>do</strong>s os conjura<strong>do</strong>s alguns <strong>do</strong>s quais, como Maciel, têm<br />

sua qualidade Maçônica praticamente aceitra – é o Tiradentes o que suscita maior número de especulações e elucubrações,<br />

por parte de escritores Maçons tendenciosos, que procuram ver, <strong>em</strong> cada vulto histórico, um maçom, mesmo que<br />

não haja nenhuma base histórica para que seja feita tal afirmação. Lúcio José <strong>do</strong>s Santos, comentan<strong>do</strong> as afirmações de<br />

Joaquim Felício <strong>do</strong>s Santos – segun<strong>do</strong> as quais o Tiradentes seria Maçom e que, quan<strong>do</strong> r<strong>em</strong>ovi<strong>do</strong> da Bahia, teria introduzi<strong>do</strong><br />

a Maçonaria na Comarca <strong>do</strong> Serro – diz o seguinte: Quer-nos parecer que há bastante exagero no que acima v<strong>em</strong><br />

afirman<strong>do</strong>. Que os patriotas brasileiros na Europa se tivess<strong>em</strong> feito iniciar nas Lojas Maçônicas e que, portanto, alguns<br />

conjura<strong>do</strong>s foss<strong>em</strong> Maçons, é perfeitamente possível e mesmo provável (...) Mas, <strong>em</strong> to<strong>do</strong> o processo da Inconfidência<br />

nenhum vestígio se encontra de ação propriamente Maçônica... O texto é precioso pois na realidade se a Maçonaria já<br />

tivesse prestígio e força suficiente para promover uma insurreição, por que não teria para impedir que seus filha<strong>do</strong>s foss<strong>em</strong><br />

condena<strong>do</strong>s ao degre<strong>do</strong> perpétuo e - no caso de Tiradentes – à morte na forca?”<br />

Afora esta opinião outros autores t<strong>em</strong> por certo a afirmativa de que a Inconfidência foi um processo dentro <strong>do</strong>s<br />

princípios maçônicos. E trabalhos, peças de arquitetura e mais artigos foram assim se desenvolven<strong>do</strong>. Laura Pinca <strong>em</strong><br />

um artigo, Tiradentes, o bode expiatório, para MONTFORT Associação Cultural, trata <strong>do</strong> t<strong>em</strong>a assim: “Novos estu<strong>do</strong>s<br />

históricos apresentam uma inconfidência mineira diferente daquela que nos narram os livros didáticos. Embora a historiografia<br />

oficial considere a inconfidência mineira (1789) como uma grande luta para a libertação <strong>do</strong> Brasil, o historia<strong>do</strong>r inglês<br />

Kenneth Maxwell, autor de "A devassa da devassa" (<strong>Rio</strong> de Janeiro, Terra e Paz, 2ª ed. 1978.) que esteve recent<strong>em</strong>ente<br />

no Brasil, diz que "a conspiração <strong>do</strong>s mineiros era, basicamente, um movimento de oligarquias, no interesse da<br />

oligarquia, sen<strong>do</strong> o nome <strong>do</strong> povo invoca<strong>do</strong> apenas como justificativa", e que objetivava, não a independência <strong>do</strong> Brasil,<br />

mas a de Minas Gerais.<br />

Desta forma o assunto evolui. O termo factóide nossos dicionários, ainda não apresentam uma definição, mas na<br />

Wikipédia, a enciclopédia livre é fácil encontrar o seguinte significa<strong>do</strong>: Um factóide é um fato divulga<strong>do</strong> com sensacionalismo<br />

pela imprensa, este pode ser verdadeiro ou não. Trata-se também de propaganda política mal intencionada. Têm-se<br />

notícia <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> termo já na década de 50. O propósito de um factóide é gerar deliberadamente um impacto diante da<br />

opinião pública de forma à manipulá-la de acor<strong>do</strong> com as aspirações de poderosos grupos que se utilizam de sua influência<br />

na mídia... O certo é que a nossa Ord<strong>em</strong> assumiu de fato a orig<strong>em</strong> da Inconfidência formada por princípios maçônicos<br />

como norte <strong>do</strong> movimento e seu mártir maior como símbolo duma resistência ao absolutismo da época como nos conta<br />

Françoise Jean de Oliveira Souza, <strong>em</strong> seu artigo Em busca de uma tradição inventada, reportag<strong>em</strong> para Duetto, História<br />

Viva, edição 47, set<strong>em</strong>bro de 2007: “A partir de 1870, a maçonaria elege Tiradentes como seu símbolo maior e reivindica<br />

a organização <strong>do</strong> levante <strong>do</strong>s inconfidentes. A escolha de Tiradentes como herói nacional não é difícil de ser explicada.<br />

Com a publicação da obra de Joaquim Norberto de Souza e Silva, História da Conjuração Mineira (1873), que ressaltava<br />

o fervor religioso <strong>do</strong> personag<strong>em</strong> nos últimos momentos de sua vida, inúmeras representações simbólicas tornaramse<br />

possíveis, aproximan<strong>do</strong>-o à figura de Cristo...”. Por esta razão v<strong>em</strong>os que a verdade ainda está sen<strong>do</strong> buscada, o que<br />

é o grande objetivo da Maçonaria. Nossa história nos prega muitos fatos dessa natureza. Como ex<strong>em</strong>plo: 1) as origens da<br />

maçonaria <strong>em</strong> que facultam alguns autores, de que Adão, com sua folha de parreira seria o primeiro maçom revesti<strong>do</strong><br />

com seu avental; 2) se Jesus Cristo foi maçom ou não, da<strong>do</strong> sua vivência não revelada na Bíblia <strong>do</strong>s 13 aos <strong>30</strong> anos <strong>em</strong><br />

que viveu junto aos essênios, onde teria si<strong>do</strong> inicia<strong>do</strong>, como também vivi<strong>do</strong> na Índia e no Egito. (a obra de Castellani<br />

"Crendices e Manias <strong>em</strong> Nome da Maçonaria" trata dessa suposição).<br />

E assim, nossa história continua sen<strong>do</strong> revelada, mesmo que um factóide seja planta<strong>do</strong> <strong>em</strong> nossa cultura e se for<br />

positivo, que germine e traga s<strong>em</strong>pre novos ensinamentos. Viva! Tiradentes! O Mártir de nossa Independência!<br />

Ir.·. Artêmio G Hoffmann - MM - M<strong>em</strong>bro Efetivo Loja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas e União Fraternal - GORGS

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