Número 41 - Publicado em 30/04/2010 - Guia Maçônico do Rio ...
Número 41 - Publicado em 30/04/2010 - Guia Maçônico do Rio ...
Número 41 - Publicado em 30/04/2010 - Guia Maçônico do Rio ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Informativo CHICO DA BOTICA<br />
- Ano 6 Edição 0<strong>41</strong>- <strong>30</strong> Abr. <strong>2010</strong> -<br />
oja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas<br />
À SOMBRA DAS COLUNAS<br />
Ir ∴ RICARDO ZANELLO*<br />
Página 6<br />
“Não é verossímil que to<strong>do</strong>s se engan<strong>em</strong>; mas<br />
antes, isso test<strong>em</strong>unha que o poder de b<strong>em</strong><br />
julgar, e de distinguir o verdadeiro <strong>do</strong> falso que<br />
é aquilo a que se chama o bom senso ou a<br />
razão, é naturalmente igual <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os<br />
homens; da mesma forma que a diversidade<br />
das nossas opiniões não provém <strong>do</strong> fato de<br />
uns ser<strong>em</strong> mais razoáveis <strong>do</strong> que outros, mas<br />
unicamente <strong>do</strong> fato de nós conduzirmos os nossos<br />
pensamentos por vias diversas, e de não<br />
considerarmos as mesmas coisas." (René Descartes,<br />
Discurso <strong>do</strong> Méto<strong>do</strong>, I parte).<br />
S<strong>em</strong>pre me disseram que aos “olhos prepara<strong>do</strong>s” o<br />
mun<strong>do</strong> t<strong>em</strong> outro significa<strong>do</strong>. Quan<strong>do</strong> adentramos no T<strong>em</strong>plo<br />
Maçônico pela primeira vez, a sensação quase indescritível<br />
é a da exuberância de cores e de objetos que estão<br />
posiciona<strong>do</strong>s segun<strong>do</strong> uma lógica ainda incompreensível.<br />
Tu<strong>do</strong> está certo e <strong>em</strong> lugar planeja<strong>do</strong>, mas aos<br />
“olhos experientes”, quan<strong>do</strong> o T<strong>em</strong>plo se transforma <strong>em</strong><br />
Loja, há uma transmutação, e o mesmo local onde encontrávamos<br />
apenas objetos, identificamos informações, lições,<br />
alertas que deixam o silencio <strong>do</strong> objeto que habitam<br />
e gritam como um apelo para a consciência <strong>do</strong>s Maçons.<br />
Assim, nos propor<strong>em</strong>os a transitar pelo campo da<br />
transmutação de três el<strong>em</strong>entos que compõ<strong>em</strong> o t<strong>em</strong>plo<br />
maçônico. Falar<strong>em</strong>os sobre as colunas Jônica, Dórica e<br />
Coríntia que se posicionam nos altares <strong>do</strong> Venerável Mestre,<br />
<strong>do</strong> 1º Vigilante e <strong>do</strong> 2º Vigilante, respectivamente.<br />
Qual a função desses<br />
el<strong>em</strong>entos coloca<strong>do</strong>s<br />
de forma pouco<br />
evidente nos altares<br />
das Joias <strong>do</strong><br />
T<strong>em</strong>plo?<br />
Por que essas colunas<br />
não se destacam<br />
ao mais simples o-<br />
lhar <strong>do</strong>s profanos ou<br />
até mesmo <strong>do</strong> Maçom<br />
inicia<strong>do</strong>?<br />
E, por fim, por que<br />
dizer que estamos à<br />
sombra dessas colunas?<br />
Em primeiro lugar<br />
vamos distinguir colunas<br />
de pilares. Os<br />
pilares s<strong>em</strong>pre sustentam<br />
algo, as colunas,<br />
ao contrário, não t<strong>em</strong> essa função. Portanto ora falar<strong>em</strong>os<br />
das colunas <strong>em</strong> comento quan<strong>do</strong> abordarmos o<br />
aspecto físico, visível, ora mencionar<strong>em</strong>os a sua função<br />
como colunas, por mais contraditório que essa coexistência<br />
pareça.<br />
Ao longo de sua existência, a Maçonaria t<strong>em</strong> se vali<strong>do</strong><br />
de fatos e el<strong>em</strong>entos <strong>em</strong> seus rituais que agregam,<br />
principalmente, valores éticos e morais, como ex<strong>em</strong>plo<br />
aos seus m<strong>em</strong>bros, a nós mesmos, crian<strong>do</strong> assim uma<br />
vasta simbologia.<br />
Rizzar<strong>do</strong> Da Camino, <strong>em</strong> sua obra “Os Painéis da<br />
Loja de Aprendiz” (1994), assevera: “as colunas são símbolos<br />
da verticalidade, ou seja, de elevação, ascensão,<br />
harmonização com Deus”.<br />
Com relação aos três pilares que sustentam a ord<strong>em</strong><br />
e as lojas Maçônicas (Sabe<strong>do</strong>ria, Força e Beleza), existe<br />
uma integração, num contexto mais amplo, com outros<br />
símbolos como as colunas e as velas, que estudadas <strong>em</strong><br />
conjunto permitirão um entendimento e uma visão mais<br />
completa sobre o t<strong>em</strong>a.<br />
As colunas já eram utilizadas na Maçonaria primitiva<br />
inglesa como candelabros ou tocheiros e sua finalidade<br />
exclusiva era de iluminar o T<strong>em</strong>plo, constituin<strong>do</strong>-se apenas<br />
<strong>em</strong> a<strong>do</strong>rnos. Com o t<strong>em</strong>po, porém, ganharam definição<br />
específica no simbolismo, cujas origens nos r<strong>em</strong>et<strong>em</strong><br />
ao mun<strong>do</strong> helênico.<br />
O perío<strong>do</strong> greco-romano nos revela uma das épocas<br />
mais férteis e bonitas <strong>em</strong> termos de criação artística na<br />
história da humanidade. Ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> épocas de grandes<br />
conquistas e realizações, com razão a Maçonaria transportou<br />
para nossas lojas e na ritualística os simbolismos<br />
das três colunas, inspira<strong>do</strong> nas três grandes ordens de<br />
arquitetura originárias da Grécia.<br />
Fal<strong>em</strong>os da Coluna Jônica, que orna o altar <strong>do</strong> Venerável<br />
Mestre. A Ord<strong>em</strong> Jônica representava a graça e o<br />
f<strong>em</strong>inino. A coluna apresentava fuste mais delga<strong>do</strong> e não<br />
se firmava diretamente sobre o estilóbata, mas sobre uma<br />
base decorada. O capitel era forma<strong>do</strong> por duas espirais<br />
unidas por duas curvas.<br />
Os Jônios eram gregos, como os atenienses que estabeleceram<br />
povoações costeiras ao longo <strong>do</strong> Mar Egeu,<br />
na Ásia Menor e Europa, muitas delas como Mileto e Éfeso,<br />
floresceram e, junto com Atenas desenvolveram sofisticada<br />
cultura que mais tarde ficou conhecida como Mun<strong>do</strong><br />
Helênico.<br />
A Sabe<strong>do</strong>ria, que permite <strong>em</strong>preender as mudanças<br />
simboliza o Venerável Mestre e é representada pela coluna<br />
Jônica. A Sabe<strong>do</strong>ria é uma das maiores, senão a mais<br />
importante das qualidades <strong>do</strong> hom<strong>em</strong>; com o t<strong>em</strong>po, com<br />
a vivência e a experiência, ela se expande e se fortalece,<br />
permitin<strong>do</strong> ao seu senhorio o equilíbrio das atitudes e o<br />
livre arbítrio nas decisões.<br />
A Sabe<strong>do</strong>ria <strong>em</strong>ana <strong>do</strong> Oriente, de onde surge o sol<br />
para irradiar o dia e onde está senta<strong>do</strong> o Venerável Mestre<br />
para dirigir os nossos trabalhos.<br />
Analis<strong>em</strong>os, agora, a importância e características<br />
da Coluna Dórica e o pilar maçônico por ela representa<strong>do</strong>.