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Espécies Exóticas Invasoras no Nordeste do Brasil - Cepan

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Tarciso C. C. LeãoWalkiria Rejane de AlmeidaMicheleTarcisodeLeãoSá DechoumWalkiria Sílvia Rejane Renate de Almeida ZillerMichele de Sá DechoumSílvia Ziller<strong>Espécies</strong> <strong>Exóticas</strong> <strong>Invasoras</strong><strong>Espécies</strong> <strong>Exóticas</strong> <strong>Invasoras</strong><strong>no</strong> <strong>Nordeste</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong><strong>no</strong> <strong>Nordeste</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>Contextualização, Manejo e Políticas PúblicasContextualização, Manejo e Políticas Públicas


<strong>Espécies</strong> <strong>Exóticas</strong> <strong>Invasoras</strong><strong>no</strong> <strong>Nordeste</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>:Contextualização, Manejo e Políticas Públicas1


CEPAN – Centro de Pesquisas Ambientais <strong>do</strong> <strong>Nordeste</strong>Severi<strong>no</strong> Ribeiro PintoDiretor-presidente e Diretor de ProjetosCristiane LucenaDiretora-administrativaRenata TorresGestora-financeiraInstituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação AmbientalGisele BolzaniPresidenteGeral<strong>do</strong> Morceli Bolzani JúniorVice-PresidenteSílvia Renate ZillerDiretora-executiva2


Tarciso C. C. LeãoWalkiria Rejane de AlmeidaMichele de Sá DechoumSílvia Renate Ziller<strong>Espécies</strong> <strong>Exóticas</strong> <strong>Invasoras</strong><strong>no</strong> <strong>Nordeste</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>:Contextualização, Manejo e Políticas PúblicasCEPANInstituto HórusRecife, 20113


REALIZAÇÃOCentro de Pesquisas Ambientais <strong>do</strong> <strong>Nordeste</strong> (<strong>Cepan</strong>)Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação AmbientalREVISÃO TÉCNICADiele LôboSônia Aline RodaREVISÃO ORTOGRÁFICAConsultextoILUSTRAÇÃOPrograma Global de <strong>Espécies</strong> <strong>Invasoras</strong> (Gisp)FOTOGRAFIASCréditos nas fotosAPOIOConservação Internacional <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>MonsantoAssociação para a Proteção da Mata Atlântica <strong>do</strong> <strong>Nordeste</strong> (Amane)Da<strong>do</strong>s internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara <strong>Brasil</strong>eira <strong>do</strong> Livro, SP, <strong>Brasil</strong>)Leão, T. C. C.; Almeida, W. R.; Dechoum, M.; Ziller, S. R.<strong>Espécies</strong> <strong>Exóticas</strong> <strong>Invasoras</strong> <strong>no</strong> <strong>Nordeste</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>: Contextualização,Manejo e Políticas Públicas / Tarciso C. C. Leão, Walkíria Regina Almeida, MicheleDechoum, Sílvia Renate Ziller – Recife: <strong>Cepan</strong>, 2011.99 páginas: il., fig.,tab.ISBN: 978-85-64352-00-11. <strong>Espécies</strong> <strong>Exóticas</strong> <strong>Invasoras</strong>. 2. Mata Atlântica – <strong>Nordeste</strong> – <strong>Brasil</strong>. 3-Conservação da biodiversidade. 4. Política Ambiental. I. Leão, Tarciso. II TítuloCDD - 570Para citação bibliográfica, usar a seguinte referência: LEÃO, T. C. C,; ALMEIDA, W. R.; DECHOUM, M.;ZILLER, S. R. 2011. <strong>Espécies</strong> <strong>Exóticas</strong> <strong>Invasoras</strong> <strong>no</strong> <strong>Nordeste</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>: Contextualização, Manejo ePolíticas Públicas. Centro de Pesquisas Ambientais <strong>do</strong> <strong>Nordeste</strong> e Instituto Hórus deDesenvolvimento e Conservação Ambiental. Recife, PE. 99 p.Esta publicação está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Atribuição-Uso NãoComercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 3.0 <strong>Brasil</strong>.4


SUMÁRIOPARTE UM Contextualização1. O PROBLEMA DAS ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS ................................. 92. UNIDADES DE CONSERVÃO E ESPÉCIES EXÓTICA INVASORAS . . . . . . . . 153. HÁBITATS MAIS AMEAÇADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17PARTE DOIS <strong>Espécies</strong> <strong>Exóticas</strong> <strong>Invasoras</strong> <strong>no</strong> <strong>Nordeste</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>4. SISTEMA DE INFORMAÇÃO SOBRE ESPÉCIES EXÓTICASINVASORAS NO BRASIL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215. LISTA DE ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS ....................................................... 236. ANIMAIS EXÓTICOS INVASORES ................................................................................ 257. PLANTAS EXÓTICAS INVASORAS ................................................................................ 52PARTE TRÊS Manejo e Políticas Públicas8. DIRETRIZES PARA O MANEJO DE ESPÉCIES EXÓTICASINVASORAS EM ÁREAS NATURAIS TERRESTRES ................................................. 779. A CONSTRUÇÃO DE UMA ESTRAGÉGIA ESTADUAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84Referências Bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88Anexo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 975


PARTE UMCONTEXTUALIZAÇÃO


1.O problema das <strong>Espécies</strong> <strong>Exóticas</strong> <strong>Invasoras</strong>O planeta Terra vive hoje uma das maiorescrises de perda de biodiversidade já<strong>do</strong>cumentadas. As previsões dessa perda para apróxima década são alarmantes, especialmente<strong>no</strong>s países com alta diversidade (Wilson, 1997).Dentre as mais de 47 mil espécies avaliadasquanto ao risco de extinção em escala global,pouco mais de um terço (36%) corre riscos reaisde desaparecer caso as ameaças à biodiversidadenão sejam controladas (CDB, 2010). Entre 1970e 2006, as populações de animais vertebra<strong>do</strong>sdiminuíram em média 31% em escala global, e,<strong>no</strong>s trópicos, essa redução foi de 59% (WWF,2008).De forma resumida, as principais causasdiretas da perda de biodiversidade são: aconversão de hábitats naturais em atividadeshumanas, como o avanço da fronteira agrícola;as mudanças climáticas; as espécies exóticasinvasoras; a superexploração; e a poluição(Millennium Ecosystem Assessment, 2005).Neste livro, abordaremos o problema dasespécies exóticas invasoras.De acor<strong>do</strong> com as definições a<strong>do</strong>tadas pelaConvenção Internacional sobre DiversidadeBiológica (CDB, 1992) na 6ª Conferência dasPartes (CDB COP-6, Decisão VI/23, 2002), umaespécie é considerada exótica (ou introduzida)quan<strong>do</strong> situada em um local diferente <strong>do</strong> de suadistribuição natural por causa de introduçãomediada por ações humanas, de formavoluntária ou involuntária. Se a espécieintroduzida consegue se reproduzir e gerardescendentes férteis, com alta probabilidade desobreviver <strong>no</strong> <strong>no</strong>vo hábitat, ela é consideradaestabelecida. Caso a espécie estabelecidaexpanda sua distribuição <strong>no</strong> <strong>no</strong>vo hábitat,ameaçan<strong>do</strong> a biodiversidade nativa, ela passa aser considerada uma espécie exótica invasora.Essas definições fornecidas pela CDB sãoutilizadas como referência para a construção debases legais e de políticas públicas pelos paísessignatários da Convenção, como o <strong>Brasil</strong>, e sãoa<strong>do</strong>tadas como base pelo Programa Global de<strong>Espécies</strong> <strong>Invasoras</strong> (Gisp). Por meio <strong>do</strong> Decreto n°2, de 03 de fevereiro de 1994, o <strong>Brasil</strong>estabeleceu um compromisso legal com a CDBcomprometen<strong>do</strong>-se a a<strong>do</strong>tar e aplicar, <strong>no</strong> seuterritório, as ações e os princípios da Convenção.No âmbito das espécies exóticas invasoras, issoquer dizer que o País deve “impedir que sejamintroduzidas e deve controlar ou erradicarespécies exóticas que ameacem ecossistemas,hábitats ou espécies” (art. 8h da CDB, 1992). Amensagem desse artigo foi transposta para a Leide Crimes Ambientais (art. 61 da Lei Federal n°9.605/98), que considera crime ambiental adisseminação de <strong>do</strong>enças ou pragas ou espéciesque possam causar da<strong>no</strong> à agricultura, àpecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas.As introduções de espécies podem servoluntárias, quan<strong>do</strong> há alguma intenção de usoda espécie para fins específicos; ou involuntária,quan<strong>do</strong> a introdução ocorre acidentalmente,como <strong>no</strong> caso de pragas agrícolas e vetores de<strong>do</strong>enças — vírus e bactérias (CDB COP-6,Decisão VI/23, 2002). Frequentemente, aintrodução voluntária de uma espécie exótica9


Yuri Yashin, achatina.ru, Bugwood.orgpode levar à introdução acidental de outrasespécies a ela associadas, como é o caso deparasitas associa<strong>do</strong>s aos peixes introduzi<strong>do</strong>s ematividades de piscicultura. Tais parasitas,introduzi<strong>do</strong>s acidentalmente, podemcomprometer a sanidade ambiental dapiscicultura e causar <strong>no</strong>vas <strong>do</strong>enças emecossistemas naturais.Introduções intencionais de espécies sãomotivadas por diversas razões que tangem finssociais, econômicos e até ambientais. <strong>Espécies</strong>foram e são introduzidas para embelezar praçase jardins, para uso na agropecuária, comoalternativa de renda e subsistência parapopulações de baixa renda, para controlebiológico de pragas e por outras razões.O caracol-gigante-africa<strong>no</strong> (Achatina fulica),por exemplo, foi introduzi<strong>do</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> na décadade 1980 como um substituto da criação deescargot sem que houvesse qualquer estu<strong>do</strong> demerca<strong>do</strong>, verificação de experiências análogasem outros países ou autorização <strong>do</strong> órgãocompetente. O resulta<strong>do</strong> é que a comercializaçãofoi um fracasso, levan<strong>do</strong> ao aban<strong>do</strong><strong>no</strong> decria<strong>do</strong>uros e à soltura de caracóis <strong>no</strong> ambiente.Atualmente, o caracol-gigante-africa<strong>no</strong> já ocorreem pelo me<strong>no</strong>s 23 <strong>do</strong>s 26 esta<strong>do</strong>s brasileiros(Thiengo et al., 2007).No <strong>Brasil</strong>, já foram registradas 386 espéciesexóticas invasoras e 11.263 ocorrências deinvasão, de acor<strong>do</strong> com o banco de da<strong>do</strong>snacional de espécies exóticas invasoras (vejahttp://i3n.institutohorus.org.br). Consideran<strong>do</strong>apenas as espécies terrestres registradas nessebanco de da<strong>do</strong>s, cerca de 70% foramintroduzidas intencionalmente, quase semprepor motivação econômica. As principais causasdessas introduções são o uso ornamental e a10


criação de animais de estimação, que juntosrepresentam cerca de 40% das introduçõesintencionais.Alguns <strong>do</strong>s casos mais graves de invasãobiológica <strong>no</strong> <strong>Nordeste</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> sãoconsequências de introduções voluntárias. Umcaso emblemático é o <strong>do</strong> tucunaré (Cichlaocellaris) e da tilápia (Oreochromis niloticus) emrios, lagos e açudes, o que certamente resultouem diversas extinções locais de espécies, comperda de biodiversidade em escala regional(Rosa e Groth, 2004). Essas introduções foramintensificadas por programas de gover<strong>no</strong> que,por meio <strong>do</strong> Departamento de Obras Contra aSeca (D<strong>no</strong>cs), <strong>do</strong> Ministério da IntegraçãoNacional, levaram à introdução de 42 espécies depeixes e crustáceos em aproximadamente 100reservatórios de água <strong>do</strong>ce <strong>no</strong> <strong>Nordeste</strong> (Gurgele Fernan<strong>do</strong>, 1994; Reaser et al., 2005).No ambiente marinho-costeiro,diferentemente da tendência geral, a maior partedas introduções ocorre de mo<strong>do</strong> acidental. Osmaiores vetores de introdução involuntária <strong>no</strong>ambiente marinho-costeiro são as águas delastro e a incrustação em cascos de embarcaçõesque atracam <strong>no</strong>s portos (Gisp, 2005; Farrapeiraet al., 2007), sobretu<strong>do</strong> navios com rotasinternacionais. Em Pernambuco, por exemplo,pelo me<strong>no</strong>s 12 espécies exóticas de animaismarinhos foram encontradas <strong>no</strong>s cascos denavios que atracaram <strong>no</strong> porto <strong>do</strong> Recife, ealgumas foram reconhecidas como invasoras(Farrapeira et al., 2007). Por meio dessa mesmavia, foi introduzida, na zona estuarina <strong>do</strong> Recife,a espécie exótica Mytilopsis leucophaeta (sururubranco),que tem a capacidade de formarcolônias com alta densidade de indivíduos,inclusive sobre colônias <strong>do</strong> sururu nativo (Souzaet al., 2005; JRB de Souza, comunicação pessoal).Em um <strong>do</strong>s casos mais conheci<strong>do</strong>s de invasãobiológica <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, a <strong>do</strong> mexilhão-<strong>do</strong>ura<strong>do</strong>(Lim<strong>no</strong>perna fortunei), a introdução involuntáriaocorreu via água de lastro de navios (Gisp,2005). O mexilhão-<strong>do</strong>ura<strong>do</strong> é nativo <strong>do</strong> sudesteasiático e foi detecta<strong>do</strong> pela primeira vez naAmérica <strong>do</strong> Sul em 1991, <strong>no</strong> Rio da Prata, naArgentina. A partir daí, estima-se que em 10a<strong>no</strong>s a espécie tenha se desloca<strong>do</strong> cerca de 2.400km aderida a cascos de embarcações e a outrasestruturas e equipamentos de navegação, pescae mergulho, bem como através da extração e <strong>do</strong>transporte de areia das margens <strong>do</strong>s rios.No trecho brasileiro <strong>do</strong> Rio Paraná, omexilhão-<strong>do</strong>ura<strong>do</strong> foi detecta<strong>do</strong> pela primeiravez na Usina Hidrelétrica de Itaipu, em abril de2001, e hoje já se encontra <strong>no</strong> Pantanal matogrossense.A espécie atinge densidadespopulacionais de até 150 mil indivíduos pormetro quadra<strong>do</strong>, que resultam em incrustaçõesmassivas e obstrução de tubulações e filtros deágua de estações de tratamento, indústrias eusinas hidrelétricas, causan<strong>do</strong> graves perdaseconômicas (Gisp, 2005). A Usina Hidrelétrica deItaipu sofreu grandes prejuízos com o mexilhão<strong>do</strong>ura<strong>do</strong>,assim como o Departamento Municipalde Águas e Esgotos de Porto Alegre/RS.Impactos similares também ocorreram emecossistemas terrestres com a introdução deespécies de plantas. Na Caatinga da Paraíba, porexemplo, há estu<strong>do</strong>s que mostram que a invasãoda algaroba (Prosopis juliflora) provoca perda debiodiversidade (Andrade et al., 2008) e podereduzir a disponibilidade de água. Segun<strong>do</strong>Andrade et al. (2008), a invasão por essa espéciediminui drasticamente a riqueza de árvores earbustos nativos e compromete a regeneraçãonatural da vegetação nativa. A espécie éclassificada, na África <strong>do</strong> Sul, como a segunda11


espécie exótica invasora que mais consome águae, portanto, prioritária para controle <strong>no</strong> país.A disseminação das espécies exóticasinvasoras vem causan<strong>do</strong> grandes da<strong>no</strong>seconômicos (Gisp, 2005). Uma estimativa feitaem 2005 mostrou que as espécies exóticasinvasoras custam aos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s mais de120 bilhões de dólares por a<strong>no</strong> (Pimentel et al.,2005). Em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, as perdas naagricultura são estimadas em até 248 bilhões dedólares por a<strong>no</strong> (Bright, 1999).No <strong>Brasil</strong>, apesar de ainda haverrelativamente pouca informação disponívelsobre o assunto, as perdas agrícolas anuaisrelacionadas a algas, ácaros e plantas exóticasinvasoras em lavouras estão em tor<strong>no</strong> de 42,6bilhões de dólares (Pimentel et al., 2001). Essenúmero tende a subestimar a gravidade <strong>do</strong>problema, pois não estão computa<strong>do</strong>s impactosambientais, extinção de espécies, perda deserviços ambientais, custos de prevenção econtrole e custos deriva<strong>do</strong>s de problemas desaúde humana. Para se ter uma ideia, em 2002 oMinistério da Saúde gastou 1 bilhão de reais <strong>no</strong>programa de controle da dengue, <strong>do</strong>s quais 85%foram emprega<strong>do</strong>s na vigilância e <strong>no</strong> controle <strong>do</strong>mosquito (Braga e Valle, 2007).Custos origina<strong>do</strong>s por espécies exóticasinvasoras podem ser claramente observa<strong>do</strong>squan<strong>do</strong> produtos específicos são afeta<strong>do</strong>s. Aprodução <strong>do</strong> algodão (Gossypium sp.), porexemplo, cultiva<strong>do</strong> em vários esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>,vem decrescen<strong>do</strong> <strong>no</strong>s últimos 15 a<strong>no</strong>s em váriaspartes, principalmente devi<strong>do</strong> à invasão <strong>do</strong>bicu<strong>do</strong>-<strong>do</strong>-algo<strong>do</strong>eiro (Antho<strong>no</strong>mus grandis)(Reaser et al., 2005). Esse besouro foi detecta<strong>do</strong>pela primeira vez em 1983 <strong>no</strong>s esta<strong>do</strong>s de SãoPaulo e da Paraíba, a partir de onde a suadispersão para a maioria das áreas produtorasfoi incrivelmente rápida. Em me<strong>no</strong>s de 10 a<strong>no</strong>s,to<strong>do</strong>s os esta<strong>do</strong>s brasileiros produtores dealgodão já estavam invadi<strong>do</strong>s (Lukefahr et al.,1994).<strong>Espécies</strong> exóticas invasoras também causamimpactos aos ecossistemas, uma vez quemodificam os ciclos ecológicos naturais, afetan<strong>do</strong>os serviços por eles presta<strong>do</strong>s. A algaroba(Prosopis juliflora), introduzida na Caatinga,12


atinge o lençol freático profun<strong>do</strong> e pode exaurirreservas vitais de água em ambientes onde esserecurso é escasso (Andrade et al., 2008), o quetende a prejudicar o funcionamento <strong>do</strong>ecossistema e reduzir a disponibilidade de águapara populações humanas e atividades agrícolas.A disseminação de espécies exóticasinvasoras também pode representar problemase custos à saúde humana em função da entradade patóge<strong>no</strong>s e parasitas exóticos. O platelmintoSchistosoma mansoni, agente causa<strong>do</strong>r daesquistossomose e provavelmente originário daÁfrica, foi dissemina<strong>do</strong> pelo mun<strong>do</strong> e já infectoumais de 80 milhões de pessoas (Morgan et al.,2001), sen<strong>do</strong> 3 milhões só <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> (Who,1998). Três caracóis de água <strong>do</strong>ce (Biomphalariaglabrata, B. tenagophila e B. straminea) são osresponsáveis por sua transmissão <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Natentativa de controle biológico das populaçõesdesses caracóis, foi introduzi<strong>do</strong> o caracol-damalásia(Mela<strong>no</strong>ides tuberculata), que competepor alimento com os caracóis hospedeiros edevora seus ovos. Entretanto, o caracol-damalásiaé um hospedeiro intermediário deoutros parasitas, especialmente um trematódeocausa<strong>do</strong>r da paragonimíase (Paragonimus sp.),que também afeta o homem (Reaser et al., 2005).O esforço mundial para tentar conter a gripesuína (AH1N1), que hoje já é considerada umapandemia, é outro exemplo de dispersão de<strong>do</strong>enças exóticas — só em maio de 2009, ogover<strong>no</strong> brasileiro disponibilizou 147 milhões dereais para ações preventivas.A introdução de espécies exóticas pode serfacilmente observada <strong>no</strong>s centros urba<strong>no</strong>s <strong>do</strong><strong>Brasil</strong>, onde, por exemplo, árvores e arbustosexóticos têm si<strong>do</strong> amplamente utiliza<strong>do</strong>s <strong>no</strong>paisagismo (Santos et al., 2008). A frequentepresença de espécies exóticas em centrosurba<strong>no</strong>s funciona como um importante centroirradia<strong>do</strong>r de invasões biológicas (Dehnen-Schmutz et al., 2007) e pode ser consideradauma das principais causas de homogeneizaçãobiológica em escala global (McKinney, 2006). Atradição de usar espécies exóticas naarborização de ruas, praças e parquesdesvaloriza a riqueza da biodiversidade <strong>do</strong>smunicípios e descaracteriza a composiçãonatural, favorecen<strong>do</strong> o desenvolvimento de umacultura cada vez mais distanciada <strong>do</strong> ambientenatural circundante. De mo<strong>do</strong> geral, diferentescidades brasileiras utilizam um conjunto similarde espécies exóticas nas arborizações públicas.Quan<strong>do</strong> são utilizadas árvores exóticasreconhecidamente invasoras, cujas sementes sãodispersas por aves e morcegos, os riscos deinvasão e da consequente perda debiodiversidade são maiores.Em função da grande escala e <strong>do</strong> aumento<strong>do</strong>s problemas associa<strong>do</strong>s às espécies exóticasinvasoras, a atenção da sociedade global voltadapara esse tema vem sen<strong>do</strong> cada vez maior (vejaCDB, 2010). A experiência internacional mostraque a estratégia mais eficiente para enfrentar oproblema é evitar <strong>no</strong>vas introduções (Ziller et al.,2007), uma vez que, trabalhan<strong>do</strong>-se comestratégias de prevenção, os custos são me<strong>no</strong>rese as chances de resolver os problemas sãomaiores quan<strong>do</strong> comparadas às estratégias decontrole pós-invasão. Os custos de controle deuma espécie exótica invasora são crescentes como passar <strong>do</strong> tempo, e, por vezes, em estágiosavança<strong>do</strong>s de invasão, torna-se praticamenteimpossível a sua erradicação. Por isso, éimportante que gover<strong>no</strong>s estaduais e municipaisreconheçam o quanto antes as ameaças dasinvasões biológicas <strong>no</strong>s seus territórios paraa<strong>do</strong>tar medidas de prevenção e controle dasespécies exóticas invasoras, em concordânciacom a Estratégia Nacional sobre <strong>Espécies</strong>13


<strong>Exóticas</strong> <strong>Invasoras</strong> (Resolução Conabio n° 5/09)e o compromisso <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> com a ConvençãoInternacional sobre Diversidade Biológica (CDB,1992).14


2.Unidades de conservação e <strong>Espécies</strong> <strong>Exóticas</strong> <strong>Invasoras</strong>Segun<strong>do</strong> o Sistema Nacional de Unidades deConservação (Lei Federal nº 9.985/00), éproibida a introdução de espécies exóticas emUnidades de Conservação (UCs). As Unidades deConservação são instituídas legalmente peloPoder Público para garantir que se faça demaneira adequada a conservação da naturezadentro de limites territoriais defini<strong>do</strong>s (art. 2º,Lei <strong>do</strong> SNUC nº 9.985/00). Portanto, dentro dasUnidades de Conservação, as ameaças àbiodiversidade devem ser prevenidas,controladas e eliminadas.Após a criação de uma Unidade deConservação, o desafio seguinte é fazer com queesta contribua efetivamente para a conservaçãoda biodiversidade e <strong>do</strong> ecossistema como umto<strong>do</strong>. A invasão por espécies exóticas éconsiderada a primeira causa de perda debiodiversidade em Unidades de Conservação(Gisp, 2005; Ziller e Zalba, 2007); portanto, não éaceitável o não enfrentamento <strong>do</strong> problemanessas áreas.De acor<strong>do</strong> com o art. 31 da lei que estabeleceo Sistema Nacional de Unidades de Conservação(Lei Federal nº 9.985/00), é proibida aintrodução de espécies exóticas em Unidades deConservação de proteção integral. A EstratégiaNacional sobre <strong>Espécies</strong> <strong>Exóticas</strong> <strong>Invasoras</strong>(Resolução Conabio nº 5/09) reconhece eenfatiza a necessidade de ações de erradicação,controle e monitoramento de espécies exóticasinvasoras nas UCs. Em Pernambuco, por meio <strong>do</strong>Sistema Estadual de Unidades de Conservação(Seuc-PE, Lei Estadual nº 13.787/09), é proibidaa introdução de espécies exóticas em Unidadesde Conservação de proteção integral (art. 37), e éestabeleci<strong>do</strong> que sejam tomadas medidas quedesestimulem a introdução dessas espécies nasunidades de uso sustentável (art. 38). Nasregiões Sul e Sudeste, respectivamente, osesta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Paraná e <strong>do</strong> Espírito Santodeterminaram legalmente que devem serelabora<strong>do</strong>s pla<strong>no</strong>s de controle e erradicação dasespécies exóticas invasoras nas Unidades deConservação estaduais (Portaria IAP nº 192/05 eInstrução Normativa nº 3/07).As Unidades de Conservação de proteçãointegral devem ser consideradas com especialatenção, pois são refúgios naturais que devemser salvaguarda<strong>do</strong>s em regime de perpetuidade.A presença de espécies exóticas invasoras nessasáreas é incompatível com a conservação dabiodiversidade e <strong>do</strong>s recursos naturais e devemser objeto de erradicação ou de controlepermanente. Invasões biológicas, ao contrário deoutras formas de degradação, tendem a crescerindefinidamente ao longo <strong>do</strong> tempo, e, devi<strong>do</strong> àcrescente pressão de propágulos existentenessas áreas, assim como à fragmentação e àantropização das áreas <strong>no</strong> entor<strong>no</strong>, os cuida<strong>do</strong>sdevem ser re<strong>do</strong>bra<strong>do</strong>s para impedir a chegadade espécies exóticas invasoras e/ou promover aerradicação destas.Em Unidades de Conservação de usosustentável, as espécies exóticas utilizadas comfins produtivos devem ser manejadas em regimede contenção e controle para evitar aproliferação para fora das áreas destinadas ao15


cultivo. É importante regulamentar o uso e aprodução de espécies exóticas nas UCs de usosustentável e nas zonas de amortecimento deUCs de proteção integral para evitar que elassejam focos permanentes de disseminação deespécies exóticas invasoras. Políticas públicas deapoio com visão de desenvolvimento sustentávele valorização da biodiversidade nativa sãofundamentais para que essa regulamentação sejapossível.Sabe-se que, atualmente, grande parte dasUnidades de Conservação <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> contémespécies exóticas invasoras. Vale ressaltar quenão há registro específico de Unidades deConservação que não possuam espécies exóticasinvasoras em seu interior, ainda que isso sejapossível, especialmente <strong>no</strong> bioma Amazônia.Embora a informação não esteja disponível emmaior detalhe, a expressiva ocorrência dessasespécies em áreas protegidas indica anecessidade de melhorar o nível de informaçãoexistente e de tomar atitudes imediatas paraestabelecer estratégias de prevenção e controledessas espécies. Também é claro que osproblemas decorrentes de invasões biológicas sópodem ser trata<strong>do</strong>s de forma eficiente através deiniciativas governamentais que permitam atingirescala e fazer frente às ameaças, que podem serglobais.16


Michel Metran3.Hábitats mais ameaça<strong>do</strong>sA tendência, em to<strong>do</strong>s os hábitats, é de que osimpactos causa<strong>do</strong>s pelas espécies exóticasinvasoras aumentem com o tempo. Entretanto,esses impactos são especialmente maiores nasilhas e <strong>no</strong>s sistemas de água <strong>do</strong>ce, como rios elagos (Millennium Ecosystem Assessment,2005).Geralmente, as espécies nativas das ilhas têmpopulações pequenas, distribuição limitada efalta de adaptação a preda<strong>do</strong>res, o que as tornamais vulneráveis à extinção por espéciesexóticas invasoras <strong>do</strong> que por espécies de áreascontinentais (Vitousek, 1997; Fernandez, 2004).Populações me<strong>no</strong>res, limitadas pela pequenaárea e disponibilidade de recursos das ilhas, sãonaturalmente mais vulneráveis à extinção.Associa<strong>do</strong> ao fato de muitas espécies em ilhasserem endêmicas, as taxas de extinção global emilhas são e<strong>no</strong>rmes, e acredita-se que a principalcausa dessas extinções seja as espécies exóticasinvasoras (Millennium Ecosystem Assessment,2005). Nas ilhas, as espécies evoluíram, muitasvezes, sem preda<strong>do</strong>res e desenvolveram hábitosextremamente vulneráveis a preda<strong>do</strong>resinvasores comuns, como gatos, serpentes e ratos.Por exemplo, em Fernan<strong>do</strong> de Noronha havia umgrande rato endêmico (Noronhomys vespuccii)que foi extinto provavelmente por causa daintrodução acidental <strong>do</strong> rato <strong>do</strong>méstico (Rattusrattus) (Fernandez, 2004). Outro casoemblemático em Noronha é o da introduçãovoluntária de 2casais de teiú (Tupinambismerianae) na década de 1950. A intenção era deque os lagartos caçassem os ratos, mas elespassaram a se alimentar de ovos de aves quenidificam na ilha e ampliaram sua população17


e<strong>no</strong>rmemente (Gisp, 2005). Em 2004, foiestimada uma população de teiús entre 2 mil e 8mil indivíduos na ilha principal. O problema daintrodução de preda<strong>do</strong>res em ilhas que possuemespécies com hábitos especialmente vulneráveisà predação, como o hábito de pôr ovos <strong>no</strong> chão,fez com que milhares de espécies de aves fossemextintas das ilhas com a colonização humana(Fernandez, 2004).Sistemas de água <strong>do</strong>ce formam hábitatsisola<strong>do</strong>s e com muitos endemismos,apresentan<strong>do</strong> vulnerabilidades às invasõesbiológicas similares às das ilhas. Em rios e lagos,as espécies exóticas invasoras são apontadascomo a segunda maior causa da perda debiodiversidade (Millennium EcosystemAssessment, 2005). As invasões em lagos estãoentre as mais catastróficas. A introduçãovoluntária da perca-<strong>do</strong>-nilo (Lates niloticus) <strong>no</strong>Lago Vitória, na África, para desenvolver aindústria pesqueira, teve consequênciasdesastrosas para a fauna endêmica <strong>do</strong> lago epara as populações <strong>do</strong> entor<strong>no</strong>. Cerca de <strong>do</strong>isterços das espécies de peixes nativos <strong>do</strong> lagoforam extintos ou ficaram ameaça<strong>do</strong>s deextinção, e a principal fonte de proteína dascomunidades locais foi eliminada (Ogutu-Ohwayo, 1990; Kaufman, 1992). Para abiodiversidade, fato semelhante ocorreu emvárias lagoas <strong>no</strong> Esta<strong>do</strong> de Minas Gerais, onde foi<strong>do</strong>cumentada uma redução de 50% na riquezade peixes nativos após 10 a<strong>no</strong>s da introdução <strong>do</strong>tucunaré (Cichla ocellaris), <strong>do</strong> apaiari(Astro<strong>no</strong>tus ocellatus) e da piranha-vermelha(Pygocentrus nattereri) (Reaser et al., 2005).18


ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS NO NORDESTE DO BRASILPARTE DOIS19


4.Sistema de informação sobre espécies exóticas invasoras<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>O início da coleta e sistematização deinformações sobre espécies exóticas invasoras<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> ocorreu em 2003, por iniciativa <strong>do</strong>Instituto Hórus de Desenvolvimento eConservação Ambiental e da The NatureConservancy. Em 2005, com o apoio <strong>do</strong>Ministério <strong>do</strong> Meio Ambiente/Probio, aprospecção de da<strong>do</strong>s ganhou abrangêncianacional com a realização <strong>do</strong> Informe Nacionalsobre <strong>Espécies</strong> <strong>Exóticas</strong> <strong>Invasoras</strong>, e um bancode da<strong>do</strong>s foi estrutura<strong>do</strong> com apoio da redetemática de espécies exóticas invasoras (I3N) daRede Interamericana de Informação sobreBiodiversidade (Iabin). A mesma estrutura debase de da<strong>do</strong>s está em uso em outros 17 paísesnas Américas, com vistas a facilitar a troca deinformações em nível continental.Durante a execução <strong>do</strong> projeto <strong>do</strong> InformeNacional sobre <strong>Espécies</strong> <strong>Exóticas</strong> <strong>Invasoras</strong>, aprospecção de informações sobre espéciesexóticas invasoras <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> e seus locais deocorrência foi realizada por consultores em cadabioma brasileiro e por redes de pesquisa<strong>do</strong>resem instituições de ensi<strong>no</strong> e pesquisa.A primeira validação de resulta<strong>do</strong>s foi feitaem uma reunião com especialistas promovidapelo Ministério <strong>do</strong> Meio Ambiente em outubrode 2005. O Instituto Hórus de Desenvolvimento eConservação Ambiental continua coletan<strong>do</strong>informações sobre espécies exóticas invasoras<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> e disponibiliza os da<strong>do</strong>s para consultapor meio <strong>do</strong> site www.i3n.institutohorus.org.brou por consultas via e-mail. A validação ocorrepor consultas e aporte de especialistas que têmacesso à base de da<strong>do</strong>s via site <strong>do</strong> instituto. Essabase de da<strong>do</strong>s constituiu a principal referência<strong>do</strong>s registros de espécies conti<strong>do</strong>s neste livro.Após quase uma década de construçãocontínua desse banco de da<strong>do</strong>s brasileiro deespécies exóticas invasoras, começa a serdesenha<strong>do</strong> um quadro da situação das invasõesbiológicas em escala nacional, embora ainda nãoseja possível ter uma dimensão fiel destas paramuitas espécies e regiões. Neste livro,aproveitamos o avanço e acúmulo deconhecimento <strong>no</strong> tema para darmos início àdivulgação para toda a sociedade <strong>do</strong> problemadas invasões biológicas na Região <strong>Nordeste</strong> <strong>do</strong><strong>Brasil</strong>. As informações contidas <strong>no</strong>s capítulosseguintes são especialmente importantes paragestores ambientais — seja de Unidades deConservação, de órgãos ambientais estaduais oumunicipais, de empresas, entre outros —, quevêm se deparan<strong>do</strong> cada vez mais com aproblemática das invasões biológicas e queprecisam de um bom entendimento sobre oassunto para tomar boas decisões nas suas áreasde atuação.21


5.Lista de espécies exóticas invasorasNos próximos capítulos, serão apresentadaslistas e informações acerca de espécies deanimais (Capítulo 6) e de plantas (Capítulo 7)exóticas invasoras, ou potencialmente invasoras,situadas em 7 esta<strong>do</strong>s da Região <strong>Nordeste</strong>(Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, RioGrande <strong>do</strong> Norte e Sergipe). A inclusão de umaespécie nessas listas foi feita quan<strong>do</strong> haviaregistro de estabelecimento (e, em poucos casos,quan<strong>do</strong> havia apenas registro da presença) daespécie exótica em ambiente natural, de acor<strong>do</strong>com informações obtidas na base de da<strong>do</strong>snacional de espécies exóticas invasoras e emdiversas publicações científicas regionais. Noentanto, cada espécie apresenta um riscodiferencia<strong>do</strong> de ser invasora e causar impactosecológicos, sociais e econômicos. Por isso, cadaespécie foi classificada de acor<strong>do</strong> com o seu riscopotencial. Temos ainda poucas informações parafazer uma análise de risco precisa, mas já épossível fazer algumas distinções relativas paramelhor orientar os esforços de pesquisa, omonitoramento e o manejo. Classificamos asespécies em 3 categorias de risco:(1) Alto risco: espécies exóticas queapresentam reconheci<strong>do</strong> potencial invasor naRegião ou em outras regiões, estão estabelecidasem ambientes naturais <strong>no</strong> <strong>Nordeste</strong>, ocorremem, pelo me<strong>no</strong>s, 3 <strong>do</strong>s 7 esta<strong>do</strong>s estuda<strong>do</strong>s eapresentam, <strong>no</strong> mínimo, 10 registros.(2) Médio risco: espécies exóticas queoferecem potencial risco por serem reconhecidascomo invasoras na Região ou em outras regiões,por ocorrerem em pelo me<strong>no</strong>s 3 esta<strong>do</strong>s ou porterem, pelo me<strong>no</strong>s, 10 registros.(3) Baixo risco: espécies exóticas que aindanão foram reconhecidas como invasoras naRegião ou em outras regiões, ocorrem em me<strong>no</strong>sde 3 esta<strong>do</strong>s e têm me<strong>no</strong>s de 10 registros.As espécies de alto risco são aquelas que jáestão estabelecidas e já expressam suacapacidade de invasão na Região <strong>Nordeste</strong>. Como<strong>no</strong>s baseamos em informações muitosimplificadas para fazer essa classificação, épossível que as espécies de médio e baixo riscospossam, de fato, apresentar maiores impactos. Aintenção de criação da lista com a classificação émais a de iniciar um processo de elucidação <strong>do</strong>problema das invasões <strong>no</strong> <strong>Nordeste</strong> <strong>do</strong> queclassificar em definitivo as ameaças. Açõesrelacionadas ao manejo dessas espécies devemser realizadas com cuida<strong>do</strong>, baseadas emavaliações prévias mais aprofundadas, nas quaisparticipem especialistas capazes de orientá-las ereferendá-las com base <strong>no</strong> melhor conhecimentodisponível <strong>no</strong> momento.O número de ocorrências registradas ainda épeque<strong>no</strong> e certamente não reflete a realidadedas espécies exóticas invasoras <strong>no</strong> <strong>Nordeste</strong>. Obaixo número de registros é um indicativo deque pouco se conhece sobre a potencial invasãodessas espécies e de que há necessidade de ummaior esforço de pesquisa e descrição dasinvasões por técnicos e pesquisa<strong>do</strong>res. Embora onúmero de registros possa subestimar o grau deameaça de espécies pouco registradas — comoconsequência de poucos estu<strong>do</strong>s — ou23


superestimar a ameaça de espécies comrelativamente mais registros, esse número deveestar relaciona<strong>do</strong> com a frequência deocorrência real e a percepção da invasão pelospesquisa<strong>do</strong>res.Para cada espécie listada, são fornecidasinformações básicas de rápi<strong>do</strong> entendimento eos potenciais impactos da referida espécie (vejaCaracterização das <strong>Espécies</strong>, seções 6.2 e 7.2).Dentre as espécies de alto risco, 14 (7 animais e7 plantas) são abordadas com mais detalhessobre origem, distribuição global, histórico daintrodução, descrição da invasão, característicasdiferenciais e impactos decorrentes da invasão(veja Maiores Ameaças, seções 6.3 e 7.3).24


6.Animais exóticos invasoresAbaixo estão listadas 69 espécies de animais exóticos invasores ou potencialmente invasoresencontra<strong>do</strong>s em 7 esta<strong>do</strong>s da Região <strong>Nordeste</strong> (Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, RioGrande <strong>do</strong> Norte e Sergipe), ordena<strong>do</strong>s de acor<strong>do</strong> com seus respectivos hábitats (água <strong>do</strong>ce, marinhocosteiroe terrestre), suas formas biológicas e seus <strong>no</strong>mes populares. A lista contém também o riscode invasão (RI) — veja Seção 5 para explicação —, o <strong>no</strong>me científico, os esta<strong>do</strong>s onde foramencontra<strong>do</strong>s registros (Reg.) e o número total de registros consideran<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os 7 esta<strong>do</strong>s.6.1.Lista das espécies de animaisHábitat / Forma biológica /Nome popularRI* Nome científico AL CE PB PE PI RN SE Reg #ÁGUA DOCE 1288Crustáceos 3Camarão-gigante-damalásia,pitu++MacrobrachiumrosenbergiiCE SE 2Camarão-pinta<strong>do</strong> + Metapenaeus mo<strong>no</strong>ceros PB 1Moluscos 48Berbigão + Corbicula largillierti CE 1Berbigão + Corbicula fluminea PB 1Melanóide +++ Mela<strong>no</strong>ides tuberculatus AL CE PB PE PI RN 26Physa européia ++ Physella acuta PB 20Peixes 1235Apaiari +++ Astro<strong>no</strong>tus ocellatus PB PE RN 180Bagre-<strong>do</strong>-canal ++ Ictalurus punctatus CE 2Beta ++ Betta splendens CE PE 4Carpa-capim ++ Cte<strong>no</strong>pharyngo<strong>do</strong>n idella PB 10Carpa-comum +++ Cyprinus carpio CE PB PE PI RN 222Guarú ++ Poecilia reticulata PE 1Matrinchã, piraputanga + Brycon hilarii CE 1Pescada-branca, corvina,pescada-<strong>do</strong>-piauí+++PlagioscionsquamosissimusAL PE RN 12Piranha + Serrasalmus spilopleura RN 1Piranha-vermelha ++ Pygocentrus nattereri CE PB 11Tambaqui +++ Colossoma macropomum AL CE PB PE PI RN SE 238Tamoatá, tamboatá ++ Hoplosternum littorale CE 1Tilápia ++ Oreochromis macrochir PB 40Tilápia ++ Oreochromis sp. PB SE 5Tilápia, tilápia-<strong>do</strong>-nilo +++ Oreochromis niloticus AL CE PB PE PI RN 24425


Hábitat / Forma biológica /Nome popularRI* Nome científico AL CE PB PE PI RN SE Reg #Tatuzinho-de-jardim + Agabiformius lentus PE 1Tatuzinho-de-jardim + Niambia squamata PE 1Insetos 614Abelha-africanizada +++ Apis mellifera CE PB PE PI RN 144Formiga-cabeçuda-urbana ++ Phei<strong>do</strong>le megacephala PE 1Mosca, mosca-<strong>do</strong>-figo ++ Zaprionus indianus PE 4Mosquito-da-dengue +++ Aedes aegypti PB PI 446Mosquito-da-dengue +++ Aedes albopictus PE RN 18Rola-bosta-africa<strong>no</strong> ++ Digitonthophagus gazella PI 1Mamíferos 364Cachorro ++ Canis familiaris PE RN 5Camun<strong>do</strong>ngo +++ Mus musculus CE PE RN 172Gato ++ Felis catus PE 1Mico-de-cheiro + Saimiri sciureus PE 1Mico-estrela, sagui-detufo-preto++ Callithrix penicillata PE 1Mocó ++ Kero<strong>do</strong>n rupestris PE 1Rato, ratazana +++ Rattus <strong>no</strong>rvegicus PB PE RN 173Rato-preto, gabiru +++ Rattus rattus CE PB PE 10Moluscos 14Caracol-gigante-africa<strong>no</strong> +++ Achatina fulica AL CE PB PE RN SE 14Répteis 2Briba-de-casa, lagartixa + Hemidactylus mabouia PE 1Teju, teiú ++ Tupinambis merianae PE 1* RI = risco de invasão: + (baixo risco), ++ (médio risco), +++ (alto risco). O detalhamento destas categoriasencontra-se na Lista de <strong>Espécies</strong> <strong>Invasoras</strong>, Seção 5.# Reg = número de registros da espécie <strong>no</strong>s 7 esta<strong>do</strong>s27


Martins et al. (2006)SyristShawn Liston, AF, Bugwood.org6.2.Caracterização das espécies de animaisÁGUA DOCECrustáceosMacrobrachium rosenbergiiCamarão-gigante-da-malásiaADistribuição natural: Ocea<strong>no</strong> In<strong>do</strong>-Pacífico, na Índia eMalásia.Impactos: Como esse camarão é afeta<strong>do</strong> pelo vírus da manchabranca, o escape de indivíduos contamina<strong>do</strong>s para o ambientenatural representa séria ameaça às espécies nativas. Podecausar desequilíbrio nas populações de camarões nativos ereduzir a biodiversidade, visto ser um carnívoro voraz.Observações: Introduzi<strong>do</strong> em várias partes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> paracultivo. No <strong>Brasil</strong>, sua criação proliferou a partir da década de1980.Referências: Instituto Hórus (2009), Tavares e Men<strong>do</strong>nça Jr.(2004).AMetapenaeus mo<strong>no</strong>cerosCamarão-pinta<strong>do</strong>Distribuição natural: Ocea<strong>no</strong> In<strong>do</strong>-Pacífico.Impactos: Há risco de tornar-se competi<strong>do</strong>r de espéciesnativas de peneídeos <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.Observações: Onívoro. Provavelmente introduzi<strong>do</strong> via águade lastro de navios. Já foi introduzi<strong>do</strong> em vários países <strong>do</strong>Mediterrâneo.Referências: Instituto Hórus (2009), Tavares e Men<strong>do</strong>nça Jr.(2004).BMoluscosCorbicula largilliertiBerbigãoB CDistribuição natural: China, Rios Yangtsé e Kiang.Impactos: <strong>Espécies</strong> exóticas <strong>do</strong> gênero Corbicula têm aumenta<strong>do</strong> rapidamente suas densidades populacionaisonde têm si<strong>do</strong> introduzidas, poden<strong>do</strong> causar impactos negativos aos moluscos nativos por competição.Observações: Adensa-se mais nas margens <strong>do</strong>s açudes. Com a chegada de Corbicula fluminea, geralmente aespécie desaparece, pois é competitivamente inferior. É facilmente confundida com Corbicula fluminea.Referências: Instituto Hórus (2009), Mansur et al. (2004).Corbicula flumineaBerbigãoCDistribuição natural: Sudeste Asiático.Impactos: Causou diminuição drástica <strong>no</strong> número de moluscos nativos após sua introdução <strong>no</strong>s rios Paraná eParanapanema, <strong>no</strong> Sul-Sudeste <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>. Quan<strong>do</strong> introduzi<strong>do</strong>, rapidamente ultrapassa a densidade populacional<strong>do</strong>s Corbiculidae nativos e demais espécies de bivalves nativos. Já causou grandes perdas econômicas devi<strong>do</strong> àsua incrustação e consequente entupimento de tubulações de água em usinas hidrelétricas.Observações: Introduzi<strong>do</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> provavelmente via água de lastro de navios. Primeiramente registra<strong>do</strong> <strong>no</strong>Rio Grande <strong>do</strong> Sul, na década de 1970. Espécie estabelecida na Europa, Austrália, África e nas Américas <strong>do</strong> Nortee <strong>do</strong> Sul.Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005), Mansur et al. (2004).28


Dennis LAndré KarwathAnimal Diversity WebWikimediaMela<strong>no</strong>ides tuberculatusMelanóide, caramujo-da-malásiaDDistribuição natural: <strong>Nordeste</strong> africa<strong>no</strong> e sudeste asiático.Impactos: Altera as comunidades bentônicas <strong>no</strong>s ambientes que coloniza. É hospedeiro intermediário detrematódeos parasitas de aves e mamíferos, o que pode causar-lhe a morte.Observações: Introduzi<strong>do</strong> em vários lugares <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> para controle biológico de caramujos hospedeirosintermediários <strong>do</strong> Schistosoma mansoni, agente causa<strong>do</strong>r da esquistossomose. Espécie reconhecida comoinvasora em diversos esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, invasora <strong>no</strong> Golfo <strong>do</strong> México e <strong>no</strong> Caribe.Referências: Instituto Hórus (2009), Fernandez et al. (2003), Reaser et al. (2005), Rocha-Miranda e Martins-Silva (2006).Physella acutaPhysa européiaDistribuição natural: Europa, Mediterrâneo e ÁfricaObservações Provavelmente introduzida via aquaricultura,misturada ao substrato de plantas de aquário. Invasora <strong>no</strong>sEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s (Havaí) e em Porto Rico.Referências: Instituto Hórus (2009).PeixesAstro<strong>no</strong>tus ocellatusApaiariEDistribuição natural: Bacia <strong>do</strong> Rio Amazonas <strong>no</strong> Peru, naColômbia e <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.Impactos: Predação de espécies nativas, incluin<strong>do</strong>invertebra<strong>do</strong>s aquáticos e peixes, provocan<strong>do</strong> redução dabiodiversidade nativa.Observações: Introduzi<strong>do</strong> voluntariamente em diversos lagose açudes <strong>do</strong> <strong>Nordeste</strong> na aquicultura. Espécie invasora naAustrália, em Porto Rico e <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s (Havaí).Referências: Instituto Hórus (2009), DNOCS (2002).Ictalurus punctatusBagre-<strong>do</strong>-canalFDistribuição natural: Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s.Impactos: Comumente, torna-se numericamente <strong>do</strong>minanteonde é introduzi<strong>do</strong>. Afeta negativamente a comunidade nativade peixes.Observações: Sua produção tem aumenta<strong>do</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Suaintrodução para utilização na aquicultura na Nova Zelândianão foi permitida em função de ser uma espécie com alto riscode invasão.Referências: Instituto Hórus (2009), Townsend eWinterbourn (1992), Vitule et al. (2009).DEFBetta splendensBetaGDistribuição natural: Àsia, na bacia <strong>do</strong> rio Mekong.Impactos: Espécie agressiva. Pode competir fortemente comoutras espécies nativas de peixes e causar exclusão porcompetição.Observações: Introdução voluntária para utilização naaquicultura. Vendi<strong>do</strong> como peixe ornamental para criação emaquários. Espécie invasora na Venezuela e na Colômbia.Referências: Instituto Hórus (2009), Ojasti (2001).G29


Cte<strong>no</strong>pharyngo<strong>do</strong>n idellusCarpa-capimHDistribuição natural: Ásia (China e Sibéria oriental).Impactos: Competição com espécies nativas, destruição davegetação aquática <strong>do</strong>s rios e lagos. Porta para disseminaçãode patóge<strong>no</strong>s e parasitas.Observações: Segunda espécie de peixe mundialmente maisproduzida na aquicultura de água <strong>do</strong>ce. Nos países onde foiintroduzida, estabeleceu-se em 42% e causou efeitosecológicos adversos em 3,3%. Invasora na África <strong>do</strong> Sul.Referências: Instituto Hórus (2009), Casal (2006).Cyprinus carpioCarpa-comumIDistribuição natural: Ásia Central até o Mar Negro e o rioDanúbio na EuropaImpactos: Tem o hábito de revolver os sedimentos <strong>no</strong> fun<strong>do</strong>de rios e lagos durante a sua alimentação, causan<strong>do</strong> turbidezexcessiva da água, o que é prejudicial ao bom funcionamento<strong>do</strong> ecossistema aquático. Preda larvas e ovos de outros peixes.A presença de carpas pode resultar na diminuição dadiversidade da fauna nativa por competição e predação.Observações: Introdução voluntária para utilização naaquicultura. Já foi introduzida em pelo me<strong>no</strong>s 121 países.Juntamente com a introdução das carpas, foi introduzi<strong>do</strong>acidentalmente o parasita Lernaea cyprinacea (Copepoda),causa<strong>do</strong>r da lerniose, motivo de grandes prejuízos àpiscicultura. É o peixe invasor de água <strong>do</strong>ce que apresentamaior frequência de impactos ecológicos adversos em escalaglobal. Invasora na Guatemala e <strong>no</strong> México.Referências: Instituto Hórus (2009), Casal (2006).Poecilia reticulataGuarúJDistribuição natural: Venezuela, Barba<strong>do</strong>s, Trindade, <strong>no</strong>rte<strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> e Guianas.Impactos: Considerada espécie agressiva em relação àictiofauna nativa <strong>no</strong>s locais invadi<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. Temcausa<strong>do</strong> declínio de espécies nativas <strong>no</strong>s esta<strong>do</strong>s de Nevada,Wyoming e Havaí devi<strong>do</strong> à sua alimentação, que tem comobase os ovos de espécies de peixes nativos.Observações: Utilizada como uma espécie ornamental devi<strong>do</strong>à sua cauda colorida. Possui alta resistência a variaçõesambientais. Acredita-se que essa espécie ocorra em diversosrios <strong>no</strong>s Brejos de Altitude de Pernambuco e da Paraíba.Invasora na África.Referências: Instituto Hórus (2009), Rosa e Groth (2004).Brycon hilariiMatrinchã, piraputangaKDistribuição natural: Rio Paraguai, baixo Rio Paraná (abaixo<strong>do</strong> Reservatório de Itaipu) e <strong>no</strong> alto rio Amazonas.Impactos: Não há informação. Pode afetar espécies nativaspor competir por espaço e alimento.Observações: Peixe migra<strong>do</strong>r, aprecia<strong>do</strong> pela qualidade dacarne e pela pesca esportiva, além de ser um <strong>do</strong>s grandesatrativos turísticos de Bonito, <strong>no</strong> Mato Grosso <strong>do</strong> Sul, de onde énativo.Referências: Instituto Hórus (2009), Sanches e Galetti (2007).HIJKSérgio Velu<strong>do</strong> Marrabbio2 James Dowling-Healey, ADW Eric Engbretson, US -FWS, Bugwood.orgPlagioscion squamosissimusPescada-branca CorvinaDistribuição natural: Venezuela ao Peru e <strong>Brasil</strong>30


Tanya Dewey, Animal Diversity WebTi<strong>no</strong> StraussFFWCCA, Bugwood.orgImpactos: Alimenta-se principalmente de camarões e peixes.Observações: Introdução voluntária para utilização na aquicultura. Espécie encontrada em diversos lagos,açudes e rios <strong>do</strong> <strong>Nordeste</strong>. Foi introduzida na Bacia <strong>do</strong> Rio Paraná, haven<strong>do</strong> trechos <strong>no</strong>s quais é uma das espéciesde peixe com maior abundância.Referências: Instituto Hórus (2009), Bennemann et al. (2006).Serrasalmus spilopleuraPiranhaDistribuição natural: América <strong>do</strong> Sul: bacia <strong>do</strong> rio Guaporé até a Argentina.Observações: Na Lagoa de Extremoz, <strong>no</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Norte, alimenta-se principalmente deinsetos.Referências: Instituto Hórus (2009), Raposo e Gurgel (2003), Agostinho (2003).Pygocentrus nattereriPiranha-vermelhaLDistribuição natural: Bacias <strong>do</strong> Amazonas, <strong>do</strong> Paraguai e <strong>do</strong> Paraná; e rios da costa <strong>no</strong> <strong>no</strong>rdeste <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>Impactos: Comprovada redução de espécies de peixes em lagos de Minas Gerais após sua introdução, chegan<strong>do</strong>essa redução a até 50%.Observações: Na Bacia <strong>do</strong> Rio Doce, onde foi introduzida e causa perda de biodiversidade, é evitada pelospesca<strong>do</strong>res. Invasora <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e <strong>no</strong> México.Referências: Instituto Hórus (2009), Reaser et al. (2005), Alves et al. (2007).Colossoma macropomumTambaquiMDistribuição natural: América <strong>do</strong> Sul, nas bacias <strong>do</strong> Amazonas e Ori<strong>no</strong>co.Impactos: Predação e competição com espécies nativas de diversos grupos, provocan<strong>do</strong> redução dabiodiversidade.Observações: Introduzi<strong>do</strong> voluntariamente em diversos lagos e açudes <strong>do</strong> <strong>Nordeste</strong> para utilização naaquicultura. Espécie invasora na França e <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s.Referências: Instituto Hórus (2009), DNOCS (2002), Rosa e Groth (2004).Hoplosternum littoraleTamboatá, tamoatáNDistribuição natural: América <strong>do</strong> sul AndinaImpactos: Pode reduzir a biodiversidade nativa através dacompetição por recursos. Na Bacia <strong>do</strong> Rio Doce, em Minas Gerais,o estabelecimento <strong>do</strong> tamboatá tem si<strong>do</strong> relaciona<strong>do</strong> à redução<strong>do</strong> número de espécies de peixes.Observações: É comumente utiliza<strong>do</strong> como isca para a pesca.Referências: Instituto Hórus (2009), Latini et al. (2004).Oreochromis macrochirTilápiaDistribuição natural: Sul da ÁfricaImpactos: Predação de peixes e zooplânctons. Competição comespécies nativas.Observações: Introduzida voluntariamente para a aquicultura.Referências: Instituto Hórus (2009).Oreochromis sp.TilápiaDistribuição natural: ÁfricaImpactos: Similares aos das espécies Oreochromis niloticus e O.mossambicus.Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005)Oreochromis niloticusTilápia, tilápia-<strong>do</strong>-NiloDistribuição natural: Rios litorâneos de Israel; rio Nilo; bacia<strong>do</strong> lago Chad e rios Niger, Benue, Volta, Gambia e Senegal.Impactos: Espécie onívora que se reproduz precocemente.Essas características resultam na predação de diversas espéciesaquáticas nativas e <strong>no</strong> seu rápi<strong>do</strong> aumento populacional, comconsequente competição por alimento e espaço.NLM31


www.infoagro.go.crGM Stolz, US FWS, Bugwood.orgObservações: Introduzida voluntariamente em diversos lagos eaçudes <strong>do</strong> <strong>Nordeste</strong>. Invasora na Bélgica, em Burundi, emCamarões, na China, na Costa <strong>do</strong> Marfim, na In<strong>do</strong>nésia, emMadagascar, na Austrália, <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e na Nicarágua.Referências: Instituto Hórus (2009), DNOCS (2002), GISP(2005).Oreochromis mossambicusTilápia-de-MoçambiqueODistribuição natural: Centro-Leste da ÁfricaImpactos: Similares aos da espécie Oreochromis niloticus.Observações: Invasora em Java, na In<strong>do</strong>nésia, em Singapura, <strong>no</strong>Japão, <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e na Malásia.Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005).OTrichogaster trichopterusTricogasterDistribuição natural: Malásia, Vietnã e TailândiaObservações: Introduzi<strong>do</strong> através <strong>do</strong> comércio de peixes paraaquário. É um peixe vigoroso, com vida longa e alta taxareprodutiva.Referências: Instituto Hórus (2009).PCichla mo<strong>no</strong>culusTucunaréDistribuição natural: Bacia AmazônicaImpactos: Peixe carnívoro. Ocupa o espaço de outros peixes e preda espécies nativas, incluin<strong>do</strong> invertebra<strong>do</strong>saquáticos e peixes. Tem si<strong>do</strong> responsabiliza<strong>do</strong> pela extinção de peixes em Lagoa Santa, Minas Gerais.Observações: Introduzi<strong>do</strong> voluntariamente em diversos açudes e lagos <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>.Referências: Instituto Hórus (2009), Pompeu e Alves (2003).Cichla ocellarisTucunaréDistribuição natural: Bacia Amazônica e Araguaia - TocantinsImpactos: Peixe carnívoro. Ocupa o espaço de outros peixes e preda espécies nativas, incluin<strong>do</strong> invertebra<strong>do</strong>saquáticos e peixes. No Panamá, provocou uma redução de 99% nas populações de peixes <strong>no</strong> Lago Gatún, Canal<strong>do</strong> Panamá, além de inúmeras extinções.Observações: Introduzi<strong>do</strong> voluntariamente em diversos lagos e açudes <strong>do</strong> <strong>Nordeste</strong>. Reproduz-se tanto emáguas paradas quanto em águas correntes. Espécie invasora <strong>no</strong> Panamá.Referências: Instituto Hórus (2009), DNOCS (2002), Rosa e Groth (2004), Zaret e Paine (1973).RéptilTrachemys scriptaTartaruga-de-orelha-vermelhaPDistribuição natural: Vale <strong>do</strong> rio Mississipi, <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>sImpactos: Ocupação de nichos de outras espécies de tartarugas, competição por alimento e espaço deassoalhamento, predação de espécies nativas.Observações: Introduzida em várias partes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> através <strong>do</strong> comércio de animais para aquário e paraestimação.Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005)MARINHO-COSTEIROAnêmonasHaliplanella lineataAnêmonaDistribuição natural: Ocea<strong>no</strong> PacíficoObservações: Foi encontrada em cascos de navios atraca<strong>do</strong>s <strong>no</strong> porto <strong>do</strong> Recife <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2005.32


USDA ARS PU, Bugwood.orgReferências: Farrapeira et al. (2007).Aiptasia pallidaAnêmona-<strong>do</strong>-marDistribuição natural: Ocea<strong>no</strong> Atlântico (sul <strong>do</strong>s EUA e Caribe).Observações: Foi encontrada em cascos de navios atraca<strong>do</strong>s <strong>no</strong> porto <strong>do</strong> Recife <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2005.Referências: Farrapeira et al (2007).AscídiaStyela plicataAscídia solitáriaDistribuição natural: Costa leste Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s.Impactos: Impactos ainda não estuda<strong>do</strong>s, mas pode competir com outros organismos por espaço e alimento.Observações: Foi encontrada em cascos de navios atraca<strong>do</strong>s <strong>no</strong> Porto <strong>do</strong> Recife <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2005.Referências: Instituto Hórus (2009), Farrapeira et al. (2007).CrustáceosLitopenaeus vannameiCamarão-branco-<strong>do</strong>-pacífico, camarão-cinzaQDistribuição natural: Costa oriental <strong>do</strong> Ocea<strong>no</strong> Pacífico, desde a costa da Califórnia, <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, até acosta de Tumbes, <strong>no</strong> Peru.Impacto: Possível transmissor da Síndrome da Necrose Idiopática Muscular (NIM), que representa sério riscopara crustáceos nativos, e potencial porta<strong>do</strong>r <strong>do</strong> vírus da mancha branca.Observações: O sistema de seu cultivo em viveiros tem deteriora<strong>do</strong> regiões estuarinas e manguezais.Caranguejos <strong>do</strong> manguezal que recebem as águas <strong>do</strong>s tanques podem ser contamina<strong>do</strong>s com metais pesa<strong>do</strong>s,contaminan<strong>do</strong> também os pesca<strong>do</strong>res e o público que se alimenta deles. Atualmente, o camarão-branco-<strong>do</strong>pacíficoconstitui o essencial da produção brasileira de camarões marinhos cultiva<strong>do</strong>s. Também é comercializa<strong>do</strong>como isca viva.Referências: Instituto Hórus (2009), Santos e Coelho (2002), Tavares e Men<strong>do</strong>nça Jr. (2004).Penaeus mo<strong>no</strong><strong>do</strong>nCamarão-tigre-giganteDistribuição natural: Ocea<strong>no</strong> In<strong>do</strong>-PacíficoObservações: Foi utiliza<strong>do</strong> em cultivos na década de 1970, porém substituí<strong>do</strong> pela espécie Litopenaeusvannamei <strong>no</strong> início <strong>do</strong>s a<strong>no</strong>s 1980. Está reproduzin<strong>do</strong>-se e completan<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o seu ciclo biológico em ambientenatural em Pernambuco. Espécie invasora <strong>no</strong> Mediterrâneo, <strong>no</strong> Atlântico ocidental, <strong>no</strong> Vietnã, na Austrália, naTailândia, <strong>no</strong> Sri Lanka, nas Filipinas, em Moçambique, em Bangladesh, em Taiwan, na Malásia e <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.Referências: Instituto Hórus (2009), Coelho et al. (2001), Santos e Coelho (2002).Temora turbinataCopépodeDistribuição natural: Indetermina<strong>do</strong>Impactos: Causa diminuição da população da espécie nativa Temora stylifera.Observações: O primeiro registro <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> foi <strong>no</strong> estuário <strong>do</strong> Rio Vaza-Barris, em Sergipe, na década de 1990.Pode ter chega<strong>do</strong> ao <strong>Brasil</strong> via água de lastro. Atualmente, <strong>do</strong>mina várias áreas costeiras e estuarinas <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>.Referências: Instituto Hórus (2009), Cavalcanti et al(2008), Silva et al (2004)QPseu<strong>do</strong>diaptomus trihamatusCopépo<strong>do</strong>Distribuição natural: In<strong>do</strong>-PacíficoImpactos: Desloca espécies nativas. Transmissor deectoparasitas (protozoários e isópodes) a espéciesnativas.Observações: Acredita-se que a espécie foiintroduzida acidentalmente junto com um lote <strong>do</strong>camarão Penaeus mo<strong>no</strong><strong>do</strong>n trazi<strong>do</strong> das Filipinas, <strong>no</strong>final da década de 1970. Constatada pela primeira vez<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> em um viveiro de camarão <strong>no</strong> Rio Grande <strong>do</strong>Norte. Por ocasião da despesca, o copépode foi libera<strong>do</strong>para as águas costeiras.33


Referências: Instituto Hórus (2009).Amphibalanus reticulatusCracaDistribuição natural: : Desconhecida.Impactos: Forma incrustações em substratos artificiais, como cascos de navios, plataformas de petróleo eoutros, poden<strong>do</strong> aumentar os custos de manutenção das estruturas.Observações: No <strong>Brasil</strong>, foi primeiramente encontrada em Pernambuco <strong>no</strong> a<strong>no</strong> 1990, segui<strong>do</strong> da Bahia em 1993.Em 2005, foi encontrada em cascos de navios atraca<strong>do</strong>s <strong>no</strong> Porto <strong>do</strong> Recife. Encontrada também ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong>mun<strong>do</strong> nas latitudes tropicais.Referências: Farrapeira et al. (2007), Neves e Rocha (2008).Amphibalanus subalbidusCracaDistribuição natural: Esta<strong>do</strong>s uni<strong>do</strong>s.Observações: Foi encontrada em cascos de navios atraca<strong>do</strong>s <strong>no</strong> porto <strong>do</strong> Recife <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2005.Referências: Celis et al. (2007), Farrapeira et al. (2007).Conchoderma auritumCracaDistribuição natural: DesconhecidaObservações: Foi encontrada em cascos de navios atraca<strong>do</strong>s <strong>no</strong> porto <strong>do</strong> Recife <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2005.Referências: Instituto Hórus (2009), Farrapeira et al. (2007).Conchoderma virgatumCracaDistribuição natural: Cosmopolita.Observações: O primeiro registro da espécie <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> ocorreu em 2005, <strong>no</strong> litoral de Pernambuco, quan<strong>do</strong> foiencontrada em cascos de navios atraca<strong>do</strong>s <strong>no</strong> Porto <strong>do</strong> Recife. É uma das espécies <strong>do</strong>minantes <strong>no</strong>s cascos <strong>do</strong>snavios.Referências: Farrapeira et al. (2007), Foster e Willan (1979).Megabalanus coccopomaCracaDistribuição natural: Costa Pacífica das Américas (da Califórnia até o Peru).Impactos: Ocupa a mesma faixa que a ocupada pela espécie M. tintinnabulum <strong>no</strong>s costões rochosos, mas não foiobservada exclusão competitiva. Provavelmente, há competição com outros organismos por espaço. Incrustamseem cascos de navios, plataformas de petróleo, tubulações de usina, entre outros substratos consolida<strong>do</strong>sdisponíveis <strong>no</strong> ambiente marinho. Esses substratos podem ficar totalmente cobertos por cracas, causan<strong>do</strong> acorrosão acelerada <strong>do</strong>s metais, o aumento <strong>no</strong> custo de manutenção de embarcações e equipamentos, o aumento<strong>do</strong> arrasto de embarcações e, consequentemente, mais gastos com combustíveis.Observações: O primeiro registro <strong>no</strong> litoral brasileiro foi na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro, na década de1970, embora seja sugeri<strong>do</strong> que a colonização da M. coccopoma <strong>no</strong> litoral <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> tenha se da<strong>do</strong> na década de1940. A rota de dispersão pode ter si<strong>do</strong> a água de lastro conten<strong>do</strong> larvas da espécie.Referências: Instituto Hórus (2009).Striatobalanus amaryllisCracaDistribuição natural: Ocea<strong>no</strong> In<strong>do</strong>-Pacífico OcidentalImpactos: Compete com outros organismos por espaço. Incrusta-se em cascos de navios, plataformas depetróleo, entre outros substratos consolida<strong>do</strong>s disponíveis <strong>no</strong> ambiente marinho, poden<strong>do</strong> deixá-los totalmentecobertos, causan<strong>do</strong> a corrosão <strong>do</strong>s metais e o aumento <strong>no</strong> custo de manutenção.Observações: Estabelecida em Pernambuco. Espécie introduzida <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> provavelmente via incrustação e/ouágua de lastro. Está <strong>no</strong> litoral pernambuca<strong>no</strong> desde a década de 1990.Referências: Instituto Hórus (2009), Farrapeira et al. (2007), Farrapeira (2008), Neves et al. (2005).Charybdis helleriiSiri, siri-biduDistribuição natural: Ocea<strong>no</strong> In<strong>do</strong>-PacíficoImpactos: Estima-se que, na Baía de To<strong>do</strong>s os Santos, Esta<strong>do</strong> da Bahia, a espécie C. hellerii já seja maisabundante <strong>do</strong> que a nativa Callinectes larvatus. Compete com espécies nativas por hábitat e alimento.Observações: Introduzida, provavelmente, através da água de lastro de navios. Invasora <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, emCuba, na Colômbia, na Venezuela, <strong>no</strong> México e <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.34


Referências: Instituto Hórus (2009), Coelho e Santos (2003).MedusaBlackfordia virginicaMedusaDistribuição natural: Europa, <strong>no</strong> mar Negro e <strong>no</strong> mar CáspioObservações: Medusa muito comum em estuários de várias partes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Está estabelecida <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> há,pelo me<strong>no</strong>s, 40 a<strong>no</strong>s. Encontrada em diversas localidades de Pernambuco, como <strong>no</strong> estuário da Ilha deItamaracá, nas bacias <strong>do</strong>s rios Capibaribe e Pina.Referências: Freire et al. (2008), Freire e Pérez (2007), Genza<strong>no</strong> et al. (2006), Paranaguá (1963).MoluscosCorbicula flumineaBerbigãoDistribuição natural: Sudeste AsiáticoImpactos: A espécie causou diminuição drástica <strong>no</strong> número de moluscos nativos após sua introdução <strong>no</strong>s riosParaná e Paranapanema. Quan<strong>do</strong> introduzida, rapidamente ultrapassa a densidade populacional <strong>do</strong>sCorbiculidae nativos e demais espécies de bivalves nativos. Já causou grandes perdas econômicas devi<strong>do</strong> àincrustação e o consequente entupimento de tubulações de água em usinas hidrelétricas.Observações: Introduzida <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> provavelmente via água de lastro. Primeiramente registrada <strong>no</strong> Rio Grande<strong>do</strong> Sul, na década de 1970. Estabelecida na Europa, na Austrália, na África e nas Américas <strong>do</strong> Norte e <strong>do</strong> Sul.Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005), Mansur et al. (2004).Perna pernaMexilhão, mexilhão marromDistribuição natural: Atlântico Oriental, costa oeste da ÁfricaImpactos: Pode ter causa<strong>do</strong> alterações na estrutura de comunidades nativas brasileiras de costões rochosos <strong>no</strong>passa<strong>do</strong>. Incrusta em substratos consolida<strong>do</strong>s naturais (costões rochosos) e artificiais. Cascos de navios eplataformas de petróleo podem ficar completamente cobertos por indivíduos dessa espécie, o que causa acorrosão <strong>do</strong>s metais e o aumento <strong>no</strong> custo de manutenção.Observações: Possivelmente, foi introduzida de forma acidental na costa brasileira, entre os séculos XVIII e XIX,pelos navios negreiros, que poderiam apresentar cascos incrusta<strong>do</strong>s com indivíduos da espécie. É um <strong>do</strong>smaiores mexilhões, poden<strong>do</strong> atingir 170 milímetros de comprimento. Muito utiliza<strong>do</strong> na alimentação humana.Introduzi<strong>do</strong> também <strong>no</strong> Caribe, <strong>no</strong> Golfo <strong>do</strong> México, na Venezuela e <strong>no</strong> Mar Mediterrâneo.Referências: Instituto Hórus (2009), Souza et al. (2004).Mytilopsis leucophaetaSururu-brancoDistribuição natural: América <strong>do</strong> NorteImpactos: Pode causar alterações na estrutura das comunidades nativas de costões rochosos <strong>do</strong> litoralbrasileiro.Observações: Foi introduzi<strong>do</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> provavelmente via água de lastro, sen<strong>do</strong> encontra<strong>do</strong> pela primeira vezem julho de 2004, na região estuarina adjacente ao Porto <strong>do</strong> Recife, em Pernambuco, incluin<strong>do</strong> desde a áreaportuária até os rios Tejipió e Capibaribe. Espécie estabelecida em Pernambuco.Referências: Instituto Hórus (2009), Farrapeira et al. (2007), Souza et al. (2005).PoliquetaPoly<strong>do</strong>ra nuchalisPoliquetaDistribuição natural: Atlântico Ocidental e Caribe.Observações: Introdução acidental, para utilização na aquicultura, em Salva<strong>do</strong>r, na Bahia, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 1995. Suaintrodução esteve, provavelmente, associada ao cultivo de ostras. Não há estu<strong>do</strong>s que descrevam a situação daespécie <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Invasora <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s.Referências: Instituto Hórus (2009).35


Lee Karney, US FWS, Bugwood.orgJJ.Mosesso, NBII, Bugwood.orgTERRESTREAnfíbioLithobates catesbeianusRã-touroDistribuição natural: Porções central e leste <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e sul <strong>do</strong> Canadá.Impactos: Compete com anfíbios nativos. As larvas podem ter impacto significativo em algas bentônicas,perturban<strong>do</strong> a estrutura da comunidade aquática. Adultos são responsáveis por níveis significativos de predaçãode anfíbios nativos e de espécies de cobras e tartarugas. Transmissora de quitridiomicose, <strong>do</strong>ença provocada porum fungo também invasor que já levou à perda de mais de 70 espécies de anfíbios na América <strong>do</strong> Sul e AméricaCentral em situações de epidemias provocadas pelo aquecimento global.Observações: Introduzida <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 1935. Seu cultivo despertou grande interesse econômico graças àfacilidade de criação, precocidade de crescimento, resistência a enfermidades e ao interesse pela sua carne.Devi<strong>do</strong> a escapes <strong>do</strong>s cria<strong>do</strong>uros, são facilmente encontradas em cursos de água que drenam a área <strong>do</strong>scria<strong>do</strong>uros, que, em grande parte, são ilegais. Invasora <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, <strong>no</strong> Canadá, <strong>no</strong> México, <strong>no</strong> Caribe, naGuatemala, na Europa, nas Filipinas, na Ásia e em diversos países da América <strong>do</strong> Sul.Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005), La Marca e Lips (2005), Pounds et al (2006).AvesEstrilda astrildBico-de-lacreDistribuição natural: Sul da ÁfricaImpactos: No Parque Nacional de Brasília, observou-se que o bico-de-lacre ingere as sementes e facilita adispersão de capim-gordura (Melinis minutiflora), espécie exótica invasora <strong>no</strong>s Cerra<strong>do</strong>s.Observações: Geralmente vista em ban<strong>do</strong>s que podem conter mil indivíduos. É considerada uma das espécies deaves mais numerosas <strong>no</strong> planeta. Invasora em Portugal, na Espanha e <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s (Havaí).Referências: Instituto Hórus (2009).Passer <strong>do</strong>mesticusPardalRDistribuição natural: Eurásia e <strong>no</strong>rte da ÁfricaImpactos: Desloca espécies nativas em função de competiçãopor recursos <strong>do</strong> ambiente. Tem comportamento agressivo edesloca outras aves que tentam nidificar em seu território.Observações: Introduzi<strong>do</strong> intencionalmente nas Américas.Encontra<strong>do</strong> em maior abundância em áreas urbanas, suburbanase agrícolas.Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005), GISD (2009).QBrotogeris chiririPeriquito-de-encontro-amareloReferências: Farias et al. (2008).Columba liviaPombo-<strong>do</strong>mésticoSDistribuição natural: Europa, <strong>no</strong>rte da África e su<strong>do</strong>este daÁsiaImpactos: Compete com espécies nativas por alimento. Podegerar híbri<strong>do</strong>s com espécies nativas <strong>do</strong> gênero Columba, Rinclusive com a espécie Columba picazuro. Pode ser vetor dezoo<strong>no</strong>ses, sen<strong>do</strong> também um problema de saúde pública.Transmissor de ornitose; encefalite; <strong>do</strong>ença de Newcastle, virosecorrente em galinheiros; criptococose; toxoplasmose;intoxicação por salmonela; e diversas outras <strong>do</strong>enças.Observações: Introdução voluntária. Espécie com preferênciapor áreas próximas a habitações humanas. Invasora em mais de90 países.Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005), GISD (2009).RS36


Ciro Alba<strong>no</strong>, Pereira et al. (2008)David Cappaert, Michigan State University, Bugwood.orgApril Nobile, AntWebPyrrhura lepidaTiriba-pérolaTDistribuição natural: Pará e MaranhãoObservações: Há uma população com 12 indivíduosestabelecida <strong>no</strong> Parque Estadual de Dois Irmãos, <strong>no</strong> Recife,Pernambuco. É uma espécie oficialmente ameaçada de extinção.Referências: Pereira et al. (2008), Farias et al. (2008).CrustáceosAgabiformius lentusTatuzinho-de-jardimDistribuição natural: MediterrâneoObservações: Ocorrência em Fernan<strong>do</strong> de Noronha.Referências: Instituto Hórus (2009), Leistikow e Wägele(1999), Lemos de Castro (1971), Souza-Kury (1998).TNiambia squamataTatuzinho-de-jardimDistribuição natural: África <strong>do</strong> SulObservações: Ocorre em Fernan<strong>do</strong> de Noronha.Referências: Araújo e Taiti (2007), Instituto Hórus (2009),Souza-Kury (1998).InsetosApis melliferaAbelha-africanizadaUDistribuição natural: África, Europa e ÁsiaImpactos: Compete com abelhas nativas por pólen e néctar,levan<strong>do</strong> vantagem sobre estas em função <strong>do</strong> maior tamanho <strong>do</strong>corpo e maior raio de voo. Também causa impacto a espécies deaves, pois invade ninhos localiza<strong>do</strong>s em ocos de árvores. Podecomprometer a reprodução de espécies nativas e de espéciescom importância comercial, como o maracujá, devi<strong>do</strong> àcompetição com espécies nativas de abelhas que polinizam essasplantas.Observações: Presente em praticamente to<strong>do</strong> o continenteamerica<strong>no</strong>.Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005), GISD (2009),Reaser et al. (2005).Phei<strong>do</strong>le megacephalaFormiga-cabeçuda-urbanaVDistribuição natural: ÁfricaImpactos: Desloca invertebra<strong>do</strong>s nativos da comunidade invadidapor agressão direta. Em locais onde essa formiga é abundante,ocorre a redução da população de vertebra<strong>do</strong>s. Afeta as plantasdiretamente, através da coleta de semente, ou indiretamente,crian<strong>do</strong> um hábitat favorável a insetos fitófagos, que reduzem aprodutividade da planta.Observações: Estabelecida em Pernambuco. É considerada umapraga <strong>do</strong>méstica, causan<strong>do</strong> da<strong>no</strong>s a cabos elétricos, telefônicos ede irrigação.Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005).UVZaprionus indianusMosca, mosca-<strong>do</strong>-figoDistribuição natural: África e ÍndiaW37


Gary J. SteckSusan Ellis, Bugwood.orgImpactos: Espécie generalista, o que a torna capaz de colonizar com sucesso substratos utiliza<strong>do</strong>s por espéciesnativas. É considerada a praga <strong>do</strong> figo (Ficus carica), causan<strong>do</strong> da<strong>no</strong>s e reduzin<strong>do</strong> a produção em até 40% e aexportação em 80%.Observações: Estabelecida em Pernambuco. Desde sua primeira descrição <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, em Santa Isabel, São Paulo,em março de 1999, essa espécie tem se espalha<strong>do</strong> rapidamente pelo País.Referências: Instituto Hórus (2009), Lima Filho et al. (2008).Aedes aegyptiMosquito-da-dengueDistribuição natural: ÁfricaImpactos: Principal vetor de transmissão <strong>do</strong> vírus causa<strong>do</strong>r da dengue e da febre amarela <strong>no</strong>s huma<strong>no</strong>s.Observações: Largamente dissemina<strong>do</strong> em ambientes urba<strong>no</strong>s, ten<strong>do</strong> sua reprodução facilitada em locais comágua parada. Ampla dispersão pelo mun<strong>do</strong>.Referências: Instituto Hórus (2009).Aedes albopictusMosquito-da-dengueXDistribuição natural: Sudeste da Ásia, ilhas <strong>do</strong>s ocea<strong>no</strong>s Índicoe Pacífico, China, Japão e oeste de MadagascarImpactos: Mosquito transmissor de <strong>do</strong>enças. Ataca, além <strong>do</strong>shuma<strong>no</strong>s, anfíbios, répteis e aves. Tem um papel importante natransmissão de algumas arboviroses (como a febre amarela). Éum potencial vetor da dengueObservações: Acredita-se que tenha si<strong>do</strong> introduzi<strong>do</strong> de formaacidental por meio <strong>do</strong> comércio marítimo de minério de ferroentre o <strong>Brasil</strong> e o Japão na década de 1980. A espécie éconsiderada uma das 100 piores invasoras <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Invasora<strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, <strong>no</strong> Caribe e em diversos países da América<strong>do</strong> Sul e da Europa.Referências: Albuquerque et al. (2000), Ayres et al. (2002),GISD (2009), Lowe et al.(2000).Digitonthophagus gazellaRola-bosta-africa<strong>no</strong>Distribuição natural: Regiões tropicais da África, península daArábia, Índia e Sri LankaImpactos: Pode causar da<strong>no</strong>s às populações de besouros nativose à biodiversidade.Observações: Introduzi<strong>do</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> para fins de controlebiológico de moscas. Foi introduzi<strong>do</strong> também <strong>no</strong> Havaí, em 1958,na Austrália, em 1968, <strong>no</strong> Chile e <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s.Referências: Instituto Hórus (2009), Matavelli e Louzada(2008).WXMamíferosCanis familiarisCachorroDistribuição natural: Considerada cosmopolita, mas seu ancestral direto, Canis lupus, é originário <strong>do</strong>Hemisfério Norte.Impactos: Causa grande impacto na fauna nativa, sen<strong>do</strong> preda<strong>do</strong>r de mamíferos terrestres, tais como gambás,lobos-guará e tamanduás-mirins. Podem também transmitir <strong>do</strong>enças à fauna nativa. Predam desovas frescas deChelonia mydas, a tartaruga-verde, <strong>no</strong> Parque Nacional Marinho de Fernan<strong>do</strong> de Noronha.Referências: Instituto Hórus (2009), GISD (2009)38


Forest Starr and Kim StarrDiele LôboMus musculusCamun<strong>do</strong>ngoZDistribuição natural: Região <strong>do</strong> Mediterrâneo até a ChinaImpactos: Transmissora de <strong>do</strong>enças a populações humanas.Considerada espécie-problema na agricultura, causan<strong>do</strong> da<strong>no</strong>s aculturas agrícolas e em estoques de alimentos. Tem causa<strong>do</strong> aextinção de espécies nativas em ecossistemas invadi<strong>do</strong>s,principalmente pela predação de ninhos de aves em ilhasoceânicas.Observações: Considerada uma das 100 piores espécies invasoras<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. A distribuição <strong>do</strong> Mus musculus é mais extensa que ade qualquer outro mamífero. Considerada uma espéciesinantrópica <strong>no</strong>civa pela legislação brasileira (InstruçãoNormativa nº 141, de 19 de dezembro de 2006) e, observa<strong>do</strong>s osdetalhes da legislação vigente, passível de controle semautorização <strong>do</strong> Ibama.Referências: Instituto Hórus (2009), GISD (2009), IBAMA (2006),Lowe et al.(2000).Felis catusGatoAaImpactos: Grande preda<strong>do</strong>r da fauna nativa e vetor de <strong>do</strong>ençascomo toxoplasmose e sarcosporidiose, que podem sertransmitidas ao homem. Gatos ferais são considera<strong>do</strong>sresponsáveis pela extinção de pelo me<strong>no</strong>s 8 espécies de aves emilhas.Observações: Considerada uma das 100 piores espécies invasoras<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005), GISD (2009),Lowe et al.(2000).Saimiri sciureusMico-de-cheiroAbDistribuição natural: Floresta AmazônicaObservações: Introduzi<strong>do</strong> voluntariamente na Reserva Biológicade Saltinho (Tamandaré) há cerca de 25 a<strong>no</strong>s por servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>antigo Instituto <strong>Brasil</strong>eiro <strong>do</strong> Desenvolvimento Florestal (IBDF).Referências: Barboza et al. (2004), Instituto Hórus (2008), Falcão(2006)Callithrix penicillataMico-estrela, sagui-de-tufo-pretoDistribuição natural: Espécie nativa <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> em São Paulo,em Minas Gerais, <strong>no</strong> Tocantins, <strong>no</strong> Piauí, na Bahia, em Mato Grosso<strong>do</strong> Sul, em Goiás e <strong>no</strong> Distrito Federal.Impactos: Compete com a fauna nativa, causan<strong>do</strong> desequilíbrio nacomunidade local. Pode hibridizar com outras espécies <strong>do</strong> gênero.Observações: Espécie introduzida acidentalmente <strong>no</strong> municípiode Floresta, em Pernambuco, ten<strong>do</strong> produzi<strong>do</strong> híbri<strong>do</strong>s com aespécie Callithrix jacchus.Referências: Instituto Hórus (2009), Monteiro da Cruz et al(2002).YZAbAaDavid Blank Phil Myers, Museum of Zoology, University of MichiganKero<strong>do</strong>n rupestrisMocóAcDistribuição natural: <strong>Nordeste</strong> brasileiro, na região <strong>do</strong> semiári<strong>do</strong>Impactos: Alimenta-se de frutos, poden<strong>do</strong> dispersar sementes emodificar a vegetação. Alimenta-se também de raízes de árvores,poden<strong>do</strong> levá-las à queda, expon<strong>do</strong> o solo e provocan<strong>do</strong> processoserosivos.Observações: Foi introduzi<strong>do</strong> em Fernan<strong>do</strong> de Noronha, emmea<strong>do</strong>s de 1960, pelos militares, para servir de caça aos solda<strong>do</strong>s.É nativo na região <strong>do</strong> semiári<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Nordeste</strong>.Ac39


David G. Robinson, USDA APHIS PPQ, Bugwood.orgPostdlf, WikimediaWikimediaReferências: Instituto Horus (2009), Moura-Britto e Patrocínio(2005), Sazima e Haemig (2006).Rattus <strong>no</strong>rvegicusRato, ratazanaAdDistribuição natural: <strong>Nordeste</strong> da ChinaImpactos: Transmissão de <strong>do</strong>enças a huma<strong>no</strong>s e ataques a ninhosde aves. É agressivo com outras espécies e desloca ratos nativos.Causa sérios da<strong>no</strong>s a plantações e propriedades rurais. Principalresponsável pela transmissão da leptospirose.Observações: Segun<strong>do</strong> a Instrução Normativa nº 141, de 19 dedezembro de 2006, é considerada uma espécie sinantrópica <strong>no</strong>civae, observa<strong>do</strong>s os detalhes da legislação vigente, passível decontrole sem a autorização <strong>do</strong> Ibama. Encontrada empraticamente to<strong>do</strong>s os locais onde há ocupação humana.Referências: Instituto Hórus (2009), GISD (2009), IBAMA (2006),Pimentel et al. (2000).AdRattus rattusRato-de-casa, rato-preto, gabiruDistribuição natural: ÍndiaImpactos: Onívoro, capaz de alimentar-se de uma grandevariedade de plantas e animais nativos. Preda ovos e aves jovens.Frequentemente desloca espécies de ratos nativos, ocupan<strong>do</strong> o seunicho. Provavelmente foi causa<strong>do</strong>r da extinção de um grande rato(Noronhomys vespuccii) endêmico <strong>do</strong> Arquipélago de Fernan<strong>do</strong> deNoronha.Observações: Considerada uma das 100 piores espécies invasoras<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Adapta-se a praticamente qualquer tipo de ambiente.Tem causa<strong>do</strong>, direta ou indiretamente, a extinção de váriasespécies ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> planeta. Considerada uma espéciesinantrópica <strong>no</strong>civa pela legislação brasileira (InstruçãoNormativa nº 141, de 19 de dezembro de 2006).Referências: Amori e Clout (2003), Brandão-Filho (2003), GISD(2009), IBAMA (2006), Moura-Britto e Patrocínio (2005), Pimentelet al. (2000).AeMoluscoAchatina fulicaAfCaracol-gigante-africa<strong>no</strong>AeDistribuição natural: África, da África <strong>do</strong> Sul a Moçambique <strong>no</strong> sul e <strong>do</strong> Quênia à Somália ao <strong>no</strong>rte.Impactos: Preda<strong>do</strong>r de plantas e competi<strong>do</strong>r por espaço com outras espécies, em função <strong>do</strong> aumentopopulacional acelera<strong>do</strong>. A espécie ataca praticamente qualquer lavoura, causan<strong>do</strong> prejuízos econômicos.Também compete com espécies nativas em ambientes florestais. É vetor de 2vermes que transmitem <strong>do</strong>enças:Angiostrongylus costaricensis, causa<strong>do</strong>r da angiostrongilíase ab<strong>do</strong>minal; e Angiostrongylus cantonensis, causa<strong>do</strong>rda angiostrongilíase meningoencefálica humana.Observações: Introduzi<strong>do</strong> <strong>no</strong> País na década de 1980 para criação alternativa ao escargot. O fracasso dastentativas de comercialização levou os cria<strong>do</strong>res a soltar os caracóis <strong>no</strong> ambiente. Reproduz-se rapidamente eem grande quantidade. Dispersou-se amplamente, poden<strong>do</strong> ser encontra<strong>do</strong> em praticamente to<strong>do</strong> o <strong>Brasil</strong>.Invasora <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, na China, na Martinica, na França, nas Ilhas Maldivas, nas Filipinas e na Austrália.Considerada uma das 100 piores espécies invasoras <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.Referências: Instituto Hórus (2009), Fischer et al. (2006), GISD (2009), Lowe et al.(2000).RépteisHemidactylus mabouiaBriba-de-casa, lagartixaAfDistribuição natural: ÁfricaObservações: Foi introduzida acidentalmente <strong>no</strong> Novo Mun<strong>do</strong>, tornan<strong>do</strong>-se uma coloniza<strong>do</strong>ra de sucesso,amplamente representada <strong>no</strong> sul da América <strong>do</strong> Norte, na América Central e na América <strong>do</strong> Sul. Espécie comumem toda a Região <strong>Nordeste</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, porém sempre encontrada em construções ou estruturas de origemhumana. É <strong>no</strong>turna e alimenta-se de insetos.40


GISP 2005Referências: Anjos e Rocha (2008), Instituto Hórus (2009), Freitas e Silva (2005), Rocha e Anjos (2007), Sazimae Haemig (2006).Tupinambis merianaeTeju, teiúAgDistribuição natural: <strong>Brasil</strong>, Argentina e Uruguai. Ocorre em quase todas as regiões <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> continental,me<strong>no</strong>s na Floresta Amazônica.Impactos: Em Fernan<strong>do</strong> de Noronha, o teiú afeta negativamente populações de aves <strong>no</strong> arquipélago, pois sealimenta de ovos e filhotes de aves. O Projeto Tamar registra a predação de ovos de tartarugas nas épocas dedesova. Essa espécie dispersa sementes de frutos cultiva<strong>do</strong>s, como o cajá e o caju. Alimenta-se de materialvegetal, larvas de insetos, roe<strong>do</strong>res, grilos, gastrópodes, aves marinhas e da lagartixa-mabuia (Mabuyamaculata), endêmica de Fernan<strong>do</strong> de Noronha.Observações: Introdução voluntária de 2casais para controle biológico de roe<strong>do</strong>res em Fernan<strong>do</strong> de Noronha,na década de 1950. O teiú estabeleceu-se na ilha, aumentan<strong>do</strong> sua população e tornan<strong>do</strong>-se invasor. Estimativaspopulacionais chegaram a apontar uma população entre 2 mil e 8 mil indivíduos na ilha principal, numa área de17 km². Estima-se ainda que o potencial de nascimentos por a<strong>no</strong> seja de 18 mil filhotes, cujo estabelecimento éreduzi<strong>do</strong> pelo hábito de canibalismo da espécie, que se alimenta de seus próprios ovos e neonatos. É espécieexótica invasora apenas em Fernan<strong>do</strong> de Noronha e nativa <strong>no</strong> continente. Encontra-se amplamente dispersa emtoda a ilha principal <strong>do</strong> arquipélago, com alta densidade.Referências: Instituto Hórus (2009), Freitas e Silva (2005), GISP (2005).Ag41


6.3.Maiores ameaças de espécies de animaisTilápia-<strong>do</strong>-nilo – Oreochromis niloticusCom ocorrência natural apenas em partes daÁfrica e <strong>do</strong> Oriente Médio (Gisp, 2005), a tilápia<strong>do</strong>-nilojá foi introduzida em pelo me<strong>no</strong>s 85países (Casal, 2006) e está presente <strong>do</strong> <strong>no</strong>rte aosul das Américas, em partes da Europa e <strong>no</strong>sudeste da Ásia (Gisp, 2005; Vitule et al., 2009).É uma das 10 principais espécies da aquiculturaem água <strong>do</strong>ce <strong>no</strong> mun<strong>do</strong> e uma das 4 que maiscausa efeitos ecológicos adversos (Casal, 2006).As mesmas características que a tornam uma dasespécies preferidas para a aquicultura,sobretu<strong>do</strong> <strong>no</strong> <strong>Nordeste</strong>, faz com que seja umaespécie com alto poder de invadir e causar da<strong>no</strong>sà comunidade biológica em que é inserida(Attayde et al., 2007).A produção de peixes de água <strong>do</strong>ce <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>está muito associada ao uso de espécies exóticas(Vitule et al., 2009). Para aumentar a produção eoferta de alimento à população humana <strong>no</strong>semiári<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Nordeste</strong>, o D<strong>no</strong>cs iniciou, nadécada de 1930, um programa de peixamento dereservatórios de água <strong>do</strong>ce — isto é, açudes,lagoas, etc. —, por meio <strong>do</strong> qual foramintroduzidas 42 espécies de peixes e crustáceosna Região (Gurgel e Fernan<strong>do</strong>, 1994). Destas, 14espécies de peixes e 1 de camarãoestabeleceram-se com sucesso.A espécie considerada mais produtiva eintroduzida em centenas de reservatórios <strong>do</strong>semiári<strong>do</strong> é a tilápia-<strong>do</strong>-nilo (D<strong>no</strong>cs, 2002). Parase ter uma ideia, em 2002 o D<strong>no</strong>cs distribuiu 20milhões de alevi<strong>no</strong>s de diversas espécies, quetiveram como desti<strong>no</strong> 518 açudes públicos, 950açudes particulares, 56 lagoas, 444 viveiros e 48baterias de tanques-rede (D<strong>no</strong>cs, 2002). Entre asprincipais espécies distribuídas estavam atilápia-<strong>do</strong>-nilo, o tambaqui (Colossomamacropomum) e o tucunaré comum (Cichlaocellaris), todas exóticas e com alto poder deinvasão e de desestruturação de ecossistemasaquáticos.Entre as características da tilápia-<strong>do</strong>-nilo quea tornam uma espécie com alto poder de invasão,estão a alta tolerância a variações ambientais, aalta variedade de alimentos que pode consumir(de zooplânctons a peixes) e a alta taxa decrescimento populacional (Attayde et al., 2007).A tilápia-<strong>do</strong>-nilo pode aumentar rapidamente otamanho da população e se tornar <strong>do</strong>minante,alteran<strong>do</strong> a estrutura da comunidade aquática,reduzin<strong>do</strong> a abundância de microcrustáceosplanctônicos, aumentan<strong>do</strong> a abundância demicroalgas e reduzin<strong>do</strong> a transparência da água(Attayde et al., 2007; Vitule et al., 2009).Em um reservatório na Caatinga <strong>do</strong> RioGrande <strong>do</strong> Norte, por exemplo, foi observa<strong>do</strong>que, após a introdução da tilápia-<strong>do</strong>-nilo, houveredução populacional das espécies nativas42


Thiago “TH”Prochilodus brevis, Leporinus sp. e Hopliasmalabaricus, bem como da espécie introduzidaPlagioscion squamosissimus (pescada-branca) —espécie mais frequente <strong>no</strong> reservatório antes daintrodução da tilápia-<strong>do</strong>-nilo (Menescal, 2002).Tucunaré – Cichla ocellaris e Cichla spp.Existem 15 espécies <strong>do</strong> gênero Cichla, todaspopularmente conhecidas por tucunaré eocorren<strong>do</strong> originalmente nas bacias <strong>do</strong>s riosAmazonas, Tocantins e Ori<strong>no</strong>co (Kullander eFerreira, 2006). Nas outras partes da América <strong>do</strong>Sul onde também ocorre, o tucunaré não énativo, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> introduzi<strong>do</strong> pelo homem. Esseé o caso nas regiões <strong>Nordeste</strong>, Sudeste e Sul <strong>do</strong><strong>Brasil</strong>.Embora já esteja amplamente disperso <strong>no</strong><strong>Brasil</strong>, a taxa de introdução <strong>do</strong> tucunaré embacias onde não é nativo é crescente, sobretu<strong>do</strong>por causa <strong>do</strong>s programas de estocagem de peixes(peixamento), escapes acidentais da aquicultura,<strong>do</strong> controle biológico de espécies indesejadas eincremento da pesca esportiva (Latini et al.,2004; Agostinho et al., 2005; Alves et al. 2007).Agravante para esse cenário é o poder <strong>do</strong>tucunaré de mudar drasticamente a estrutura dacomunidade biológica na qual se estabelece,poden<strong>do</strong> provocar a extinção de até 50% dasespécies de peixes nativos (Zaret e Paine, 1973;Alves et al., 2007). Dentre os peixes maisintroduzi<strong>do</strong>s em bacias hidrográficas brasileiras,o tucunaré certamente é um <strong>do</strong>s que maisameaçam a biodiversidade (Latini et al., 2004;Agostinho et al., 2005; Alves et al. 2007).Uma das primeiras introduções de tucunaréregistradas ocorreu <strong>no</strong> município deMaranguape, Ceará, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 1939. No<strong>Nordeste</strong>, a introdução <strong>do</strong> tucunaré vem sen<strong>do</strong>feita em grande escala, de forma que é a quartaespécie de peixe mais produzida e distribuídapelo D<strong>no</strong>cs <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2002, e a segunda espéciede peixe (depois da tilápia-<strong>do</strong>-nilo) maiscapturada <strong>no</strong>s açudes públicos <strong>do</strong> <strong>Nordeste</strong> —11% das capturas (Paiva et al., 1994 apud Soareset al., 2007).O tucunaré é um preda<strong>do</strong>r piscívoro quetende a ocupar o topo da cadeia alimentar <strong>no</strong>slagos onde é introduzi<strong>do</strong> (Latini et al., 2004).Isso faz com que a espécie seja introduzida para43


controlar a superpopulação de outras espécies,como a tilápia (Moura-Britto e Patrocínio, 2005).Peixes preda<strong>do</strong>res de topo tendem a sercoloniza<strong>do</strong>res de eleva<strong>do</strong> sucesso, poisapresentam vantagens sobre as espécies nativasque não têm adaptações para evitar a predação(Alves et al., 2007).O tucunaré também tem eleva<strong>do</strong> cuida<strong>do</strong>parental, o que contribui para aumentar sua taxade sobrevivência <strong>no</strong> ambiente (Latini et al.,2004). Outra característica importante é atendência ao canibalismo à medida que as presasse tornam escassas, poden<strong>do</strong> ser este o seuprincipal comportamento alimentar em lagosonde foi introduzi<strong>do</strong> (Gomiero e Braga, 2004).Essas características tornam-<strong>no</strong> uma espécieinvasora de grande sucesso e que provocagrandes impactos ambientais.Entre os principais impactos decorrentes daintrodução e <strong>do</strong> estabelecimento <strong>do</strong> tucunaré,estão alterações na composição e na estrutura dacomunidade biológica e a massiva extinção localde espécies nativas. No Lago Gatún, <strong>no</strong> Panamá, aintrodução <strong>do</strong> tucunaré causou mudança radicalna composição de peixes e a eliminação de 6 das8 espécies nativas mais comuns (Zaret e Paine,1973). Na Bacia <strong>do</strong> Rio Doce, em Minas Gerais,50% das espécies de peixes de um lago foramextintas após a introdução <strong>do</strong> tucunaré e dapiranha-vermelha (Pygocentrus nattereri) (Alveset al., 2007). Em outro lago, <strong>no</strong> município deLagoa Santa, em Minas Gerais, aproximadamente70% das espécies de peixes foram extintas <strong>no</strong>decorrer de 150 a<strong>no</strong>s; entre as principais causassuspeitas está a introdução <strong>do</strong> tucunaré e deoutras 4 espécies de peixes exóticos (Pompeu eAlves, 2003).Nos ecossistemas aquáticos invadi<strong>do</strong>s portucunaré, observam-se também outrasalterações nas comunidades de peixes, tais comoredução <strong>no</strong> tamanho das populações de peixespeque<strong>no</strong>s, por causa <strong>do</strong> aumento na predação, emudanças na dieta de outros peixes piscívoros,por causa da competição com o tucunaré(Pompeu e Godinho, 2001).O controle de peixes como o tucunaré onde aespécie já está estabelecida tende a ser ineficazdevi<strong>do</strong> ao seu eleva<strong>do</strong> sucesso de colonização,como também acontece com a piranha-vermelha(Pygocentrus nattereri), o tambaqui (Colossomamacropomum) e a tilápia-<strong>do</strong>-nilo (Oreochromisniloticus) (Alves et al., 2007). Dessa forma, omais recomenda<strong>do</strong> para a atenuação deproblemas decorrentes de processos de invasãopor espécies de peixes parecem ser medidaspreventivas que visem reduzir <strong>no</strong>vasintroduções (Latini et al., 2004; Alves et al.,2007), amparadas por <strong>no</strong>rmas legais federais eestaduais já existentes e a serem construídas.Paralelamente, deve-se trabalhar cominformação pública, capacitação técnica para osgestores públicos e toma<strong>do</strong>res de decisão sobreos efeitos adversos da introdução de peixesexóticos e com pesquisa para o desenvolvimentoda aquicultura com espécies nativas.Camarão-branco, camarão-branco-<strong>do</strong>pacífico– Litopenaeus vannameiO camarão-branco é nativo <strong>do</strong> Ocea<strong>no</strong>Pacífico leste, ocorren<strong>do</strong> desde o México até o<strong>no</strong>rte <strong>do</strong> Peru (Holthuis, 1980). Sua introdução<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> ocorreu provavelmente em 1981, <strong>no</strong>Rio Grande <strong>do</strong> Norte, para utilização naaquicultura (Tavares e Men<strong>do</strong>nça Jr., 2004).Atualmente, o camarão-branco é praticamente a44


única espécie de camarão marinho cultiva<strong>do</strong> <strong>no</strong><strong>Brasil</strong>, sen<strong>do</strong> cultivada em 14 esta<strong>do</strong>s, sobretu<strong>do</strong>na Região <strong>Nordeste</strong> (Tavares e Men<strong>do</strong>nça Jr.,2004; Ferreira et al., 2008).Em comparação com camarões nativos, ocultivo <strong>do</strong> camarão-branco é mais produtivo(Ferreira et al., 2008). Algumas característicasbiológicas <strong>do</strong> camarão-branco determinam seubom desempenho e sua alta produtividade emsistema de cultivo, tais como rusticidade, rápi<strong>do</strong>crescimento e alta tolerância a diferentescondições ambientais (Santos, 2009). Essascaracterísticas, entretanto, também conferemalta capacidade de invasão à espécie.No seu hábitat natural, o camarão-brancoocorre desde águas rasas até 72 m deprofundidade, sen<strong>do</strong> os adultos encontra<strong>do</strong>s emambiente marinho e os jovens, em ambienteestuari<strong>no</strong> (Holthuis, 1980). As evidências de queo camarão-branco está se estabelecen<strong>do</strong> emáguas estuarinas e costeiras <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> sãocrescentes (Ferreira et al., 2008).Santos e Coelho (2002) concluíram que ocamarão-branco está completan<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o seuciclo biológico em ambiente natural <strong>no</strong> litoral <strong>do</strong>Rio Grande <strong>do</strong> Norte. Nesse estu<strong>do</strong>, a espécie nãosó foi coletada em diferentes fases de vida, comochegou a representar 70% <strong>do</strong> total de camarõespeneídeos captura<strong>do</strong>s. Também foi possívelestabelecer uma relação entre a abundância <strong>do</strong>camarão-branco <strong>no</strong> ambiente natural e osescapes de espécimes <strong>do</strong>s viveiros <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> dechuva (Santos e Coelho, 2002). Para se ter umaideia, <strong>no</strong> complexo lagunar Papari-Guaraíras, <strong>no</strong>Rio Grande <strong>do</strong> Norte, onde havia entre 400 e 500viveiros de camarão, a produção média porca<strong>no</strong>a de pesca<strong>do</strong>r era de 20 kg de camarão porsemana, mas, <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> chuvoso de junho de2002, quan<strong>do</strong> os escapes foram mais frequentes,a produção subiu para 60 kg por semana, <strong>do</strong>squais 70% era de camarão-branco (Santos eCoelho, 2002).Ainda são poucas as evidências de problemasambientais associa<strong>do</strong>s à introdução de camarõesexóticos (Moss et al., 2001). Um possível impactoda introdução <strong>do</strong> camarão-branco é adisseminação de <strong>do</strong>enças para populações decrustáceos nativos (Ferreira et al., 2008), umavez que a espécie pode ser vetora de vírus quecausam sérias <strong>do</strong>enças em crustáceos. Doençascomo essas eliminaram, em 1995, 95% <strong>do</strong>sestoques de camarão-branco <strong>no</strong> sul <strong>do</strong> Texas(Tavares e Men<strong>do</strong>nça Jr., 2004). Caso o camarãobrancose estabeleça e prolifere <strong>no</strong> ambientenatural, serão espera<strong>do</strong>s também impactos comoa alteração da estrutura da comunidade nativa ea redução da biodiversidade nativa (Moss et al.,2001).Os viveiros de cultivo parecem ser asprincipais fontes dissemina<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> camarãobrancopara o ambiente natural (Santos eCoelho, 2002), uma vez que esses viveirosapresentam estrutura física frágil que permiteescapes em perío<strong>do</strong>s de cheia. Por isso, Santos eCoelho (2002) recomendam que a estruturafísica <strong>do</strong>s viveiros seja constantementemonitorada pelo Ibama ou por órgão ambientalestadual, como uma forma de prevenirintroduções acidentais.Outra recomendação é o investimento naprodução de camarões nativos <strong>no</strong> <strong>Nordeste</strong>,como o camarão-rosa (Farfantepenaeus subtilis eF. brasiliensis), que apresenta grande potencialpara cultivo, maior valor de merca<strong>do</strong> que ocamarão-branco e serve como uma opção quedará maior segurança ao setor produtivo (Souza45


et al., 2009). Estu<strong>do</strong>s sobre produção decamarão-rosa já estão em andamento <strong>no</strong><strong>Nordeste</strong> e devem ser incentiva<strong>do</strong>s para criaralternativas reais ao camarão-branco (Souza etal., 2009). Novos estu<strong>do</strong>s são necessários paragerar a base técnica para a produção <strong>do</strong>scamarões alternativos em grande escala.Vale destacar que, de maneira geral, o cultivode camarão tem desperta<strong>do</strong> grande preocupaçãoem escala mundial quanto a outros impactosambientais negativos, como a destruição demanguezais e a poluição de águas estuarinascom efluentes <strong>do</strong>s viveiros (Moss et al., 2001;Naylor et al., 2000; Páez-Osuna, 2001). Essesimpactos têm estimula<strong>do</strong> a a<strong>do</strong>ção peloscarcinicultores de medidas mitiga<strong>do</strong>ras (Boyd,2003; Hopkins et al., 1995), o que deve serfomenta<strong>do</strong> e cobra<strong>do</strong> pelos órgãos defiscalização <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Guias de melhores práticaspara a carcinicultura já existem e estão sen<strong>do</strong>utiliza<strong>do</strong>s por organizações certifica<strong>do</strong>ras eagências de fiscalização ambiental em diversospaíses (Boyd, 2003; vejawww.aquaculturecertification.org; veja tambémBoas Práticas de Manejo (BPMs) emwww.embrapa.br).Caracol-gigante-africa<strong>no</strong> – Achatina fulicaO caracol-gigante-africa<strong>no</strong> (Achatina fulica) é,como seu <strong>no</strong>me indica, nativo da África. Suadistribuição vem se expandin<strong>do</strong> desde o séculoXIX, graças a interesses huma<strong>no</strong>s. Atualmente,ocorre em pelo me<strong>no</strong>s 43 países distribuí<strong>do</strong>s empraticamente to<strong>do</strong>s os continentes (Gisd, 2009)por causa de introduções voluntárias. Achatinafulica tem si<strong>do</strong> considera<strong>do</strong> o caracol terrestremais introduzi<strong>do</strong>, com maior amplitude deinvasão e a principal praga entre os caracóis(Raut e Barker, 2002). Além disso, é considera<strong>do</strong>uma das 100 piores espécies invasoras <strong>do</strong>mun<strong>do</strong> (Lowe et al., 2000).No <strong>Brasil</strong>, o caracol-gigante-africa<strong>no</strong> foiintroduzi<strong>do</strong> <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 1988, <strong>no</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>Paraná, quan<strong>do</strong> alguns espécimes foramcompra<strong>do</strong>s em uma feira de agricultura (Teles eFontes, 2002 apud Thiengo et al., 2007). Emborasem a devida licença para importação e cultivo,algumas pessoas rapidamente se organizaramem cooperativas e passaram a produzir ocaracol-gigante-africa<strong>no</strong> em instalações <strong>no</strong>squintais de casa, com o interesse de vendê-locomo alimento análogo ao escargot verdadeiro(Helix pomatia e H. aspersa) (Thiengo et al.,2007). No entanto, o empreendimento parece tersi<strong>do</strong> mal planeja<strong>do</strong> <strong>do</strong> ponto de vista econômicoe <strong>do</strong>s hábitos de consumo <strong>do</strong>s brasileiros,resultan<strong>do</strong> em fracasso nas vendas. Semmerca<strong>do</strong>, milhões de caracóis foram soltos emdiversos ambientes e esta<strong>do</strong>s, o que causourápida invasão em to<strong>do</strong> o País. Atualmente, ocaracol-gigante-africa<strong>no</strong> já ocorre em pelome<strong>no</strong>s 23 <strong>do</strong>s 26 esta<strong>do</strong>s brasileiros (Thiengo etal., 2007). No Esta<strong>do</strong> de Alagoas, por exemplo, ainvasão <strong>do</strong> caracol-gigante-africa<strong>no</strong> preocupa aSecretaria de Esta<strong>do</strong> da Saúde, que publicou aNota Técnica nº 01/2007 (disponível emhttp://portal.saude.al.gov.br/suvisa/<strong>no</strong>de/256,acessa<strong>do</strong> em 14 de maio de 2009) informan<strong>do</strong>sobre a proliferação <strong>do</strong> caracol, as possíveis<strong>do</strong>enças transmitidas e formas de controle. Alémdisso, a <strong>no</strong>ta informa que técnicos dessasecretaria estão visitan<strong>do</strong> alguns municípios como objetivo de identificar a ocorrência da espéciee orientar a população sobre sua captura e suaeliminação.Longe de seus inimigos naturais, o caracolgigante-africa<strong>no</strong>tem aumenta<strong>do</strong> sua população46


Jovens tendem a se alimentar deplantas vivas, enquanto indivíduosvelhos ou muito peque<strong>no</strong>s tendem ase alimentar de folhas mortas (Gisd,2009; Fischer et al., 2006).rapidamente em muitos lugares <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>. Emáreas urbanas, onde parece ser mais comum,pode ocupar ro<strong>do</strong>vias e caminhos, chegan<strong>do</strong> aponto de causar transtor<strong>no</strong> à movimentaçãopública (Gisp, 2005). O caracol-gigante-africa<strong>no</strong>é frequente em jardins e, principalmente, emterre<strong>no</strong>s baldios, onde tem abrigo, alimento epode procriar livremente. Na cidade deParnamirim, Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Norte, em5 meses de esforços de captura,aproximadamente 4 mil kg de caracol foramcoleta<strong>do</strong>s e destruí<strong>do</strong>s (Thiengo et al., 2007). Nazona rural, o caracol-gigante-africa<strong>no</strong> proliferaem culturas agrícolas de pequena escala e áreasaban<strong>do</strong>nadas. A Floresta Atlântica também temsi<strong>do</strong> invadida pelo caracol (Fischer et al., 2006),sen<strong>do</strong> uma espécie muito abundante <strong>no</strong> litoral<strong>do</strong> Paraná.Entre as características que podem explicar oalto poder de invasão <strong>do</strong> caracol-giganteafrica<strong>no</strong>estão a alta taxa reprodutiva, a altacapacidade de sobrevivência em condiçõesadversas e a grande variedade de vegetais <strong>do</strong>squais pode se alimentar. Uma fêmea <strong>do</strong> caracolgigante-africa<strong>no</strong>pode pôr até 1,2 mil ovos emum a<strong>no</strong> (Gisp, 2005). Com apenas 6 meses deidade, o animal já está apto a se reproduzir,alcançan<strong>do</strong> até 9 a<strong>no</strong>s de vida (Gisd, 2009).No <strong>Brasil</strong>, há alguns estu<strong>do</strong>s querelatam impactos decorrentes oupotenciais da invasão <strong>do</strong> caracolgigante-africa<strong>no</strong>.Na agricultura,registraram-se perdas de até 30% naprodução em pequenas propriedades— isto é, me<strong>no</strong>res de 10 hectares (Thiengo et al.,2007). No Vale <strong>do</strong> Ribeira, <strong>no</strong> sul <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> deSão Paulo, o caracol causou perdas na produçãode banana e complicações indiretas pelautilização indiscriminada de moluscicida(Thiengo et al., 2007).A proliferação <strong>do</strong> caracol tem si<strong>do</strong> alertadatambém como um problema de saúde pública,pois o caracol-gigante-africa<strong>no</strong> é vetor <strong>do</strong>nematódeo Angiostrongylus cantonensis,causa<strong>do</strong>r da meningite eosi<strong>no</strong>fílica <strong>no</strong> homem e,possivelmente, <strong>do</strong> Angiostrongylus costaricensis,causa<strong>do</strong>r da angiostrongilíase ab<strong>do</strong>minal (Teleset al., 1997).Quanto aos impactos sobre a biodiversidade<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, sabe-se que espécies nativas decaracóis grandes, especialmente <strong>do</strong> gêneroMegalobulimilus, estão sofren<strong>do</strong> da<strong>no</strong>s naFloresta Atlântica <strong>do</strong> Paraná, onde o caracolgigante-africa<strong>no</strong>invade ambientes de florestasconservadas (Fischer et al., 2006). Outrosgêneros de caracol, como o Orthalicus spp. e oThaumastus spp., também são potencialmenteameaça<strong>do</strong>s (Thiengo et al., 2007; Eston et al.,2006). O caracol-gigante-africa<strong>no</strong> já estápresente em algumas Unidades de Conservaçãode proteção integral <strong>no</strong> País (Eston et al., 2006;47


Faraco e Lacerda, 2004), a exemplo da ReservaBiológica União, em Casimiro de Abreu, <strong>no</strong> Riode Janeiro, área importante para a conservação<strong>do</strong> mico-leão-<strong>do</strong>ura<strong>do</strong>.Ratazana, rato-marrom – Rattus <strong>no</strong>rvegicusAlgumas espécies de rato são comensais dehuma<strong>no</strong>s e têm si<strong>do</strong> introduzidas onde o homemtem chega<strong>do</strong> e se estabeleci<strong>do</strong>. Essas espécies sedispersaram por toda a Europa entre os séculosXVI e XVIII e hoje estão em to<strong>do</strong>s os continentes,exceto na Antártica (Myers e Armitage, 2004).Foram introduzidas acidentalmente em diversospaíses através <strong>do</strong>s navios de explora<strong>do</strong>res ecoloniza<strong>do</strong>res europeus e certamente foramresponsáveis pela extinção de várias espécies emilhas de to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> (Amori e Clout, 2003). No<strong>Brasil</strong>, a ratazana supostamente chegou com osprimeiros explora<strong>do</strong>res europeus. As principaisespécies de rato comensal e invasor são o ratopreto(Rattus rattus), a ratazana (R. <strong>no</strong>rvegicus) eo camun<strong>do</strong>ngo (Mus musculus).A ratazana é a maior das 3 principais espéciesde rato invasor e pode ocorrer onde houvercomida e abrigo, sen<strong>do</strong> muito frequente nasredes de esgoto e <strong>no</strong>s porões de edifícios (Gisp,2005; Myers e Armitage, 2004). Hácaracterísticas na ratazana que podemexplicar sua alta capacidade de invasão esua facilidade de estabelecimento. Aprimeira é que a espécie é capaz de sealimentar de quase tu<strong>do</strong>. Nas cidades,alimenta-se principalmente de restos decomidas das pessoas, mas em ambientesnaturais pode se alimentar de matériaorgânica vegetal (de folha a raiz) e animal(de mamíferos a zooplânctons), fungos edetritos em geral (Gisd, 2009; Myers eArmitage, 2004).A ratazana tem atividade principalmente<strong>no</strong>turna, é ótima nada<strong>do</strong>ra (por isso tambémconhecida por rato-d’água) e tem altacapacidade para aprender rotas que levam alugares ricos em alimentos. Os maioresindivíduos podem atingir 40 cm de comprimentoe até 500 g de peso. Podem aumentar apopulação rapidamente, reproduzin<strong>do</strong>-se até 7vezes por a<strong>no</strong>, com perío<strong>do</strong> de gestação deaproximadamente 23 dias. Uma única fêmeapode gerar 60 filhotes por a<strong>no</strong>, que podem sercuida<strong>do</strong>s em ninhos compartilha<strong>do</strong>s; isto é, se amãe é morta, outras fêmeas continuam a cuidar<strong>do</strong>s filhotes, que se tornam independentes após4 ou 5 semanas (Myers e Armitage, 2004).Como nas invasões por ratos frequentementemais de uma espécie está envolvida, é difícildiferenciar o impacto causa<strong>do</strong> por cada espécie.De uma forma geral, foi estima<strong>do</strong> que cadaindivíduo adulto de rato invasor <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>sUni<strong>do</strong>s gera um custo ao país de 15 dólares pora<strong>no</strong>. Soman<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os ratos <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s,o custo total seria de mais de 19 bilhões dedólares ao a<strong>no</strong> (Pimentel et al., 2005). Partedesse alto custo é resultante de da<strong>no</strong>s emculturas agrícolas, contaminação de reservas dealimentos por fezes e urina e da<strong>no</strong>s a cabos48


GISP 2005elétricos e telefônicos (Gisd, 2009; Gisp, 2005).Impactos na saúde humana também são degrande relevância. Doenças associadas aos ratos,como a peste bubônica, já mataram maishuma<strong>no</strong>s que todas as guerras juntas. Os ratos,sobretu<strong>do</strong> a ratazana, podem causar impactos nacomunidade de plantas através da destruição desementes e plântulas, dificultan<strong>do</strong> a regeneraçãode muitas espécies (Gisd, 2009; Amori e Clout,2003). Alguns exemplos mostram que o impactona fauna nativa é um desastre. São conhecidaspelo me<strong>no</strong>s 53 espécies de aves predadas pelaratazana, e isso certamente foi a causa daextinção de várias espécies em ilhas. Na Paraíba,<strong>no</strong> município de Intermares, foi registrada apredação, pela ratazana, de ovos e filhotes detartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata),espécie criticamente ameaçada de extinçãosegun<strong>do</strong> a União Internacional para Conservaçãoda Natureza (IUCN), 2008; Gisd, 2009; Zeppeliniet al. 2007). Há diversos casos que relacionam aextinção de espécies em ilhas com a invasão deratos (Amori e Clout, 2003).No <strong>Brasil</strong>, a Instrução Normativa nº 141, de19 de dezembro de 2006, reconhece as 3principais espécies de rato invasor (Rattusrattus, R. <strong>no</strong>rvegicus e Mus musculus) comocomponentes da fauna sinantrópica <strong>no</strong>civa eregulamenta o seu manejo e controle.ovos resistentes à dessecação (Lounibos, 2002;Honório et al., 2009). É o principal vetor dadengue e da febre amarela <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> e por issotem si<strong>do</strong> alvo de controle através de grandescampanhas de saúde <strong>no</strong> País (Braga e Valle,2007).A espécie já foi eliminada 2 vezes <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>(1955 e 1976), mas se restabeleceu em seguida(Braga e Valle, 2007) devi<strong>do</strong> à insuficiência demedidas preventivas a <strong>no</strong>vas introduções —sobretu<strong>do</strong> <strong>no</strong> transporte de merca<strong>do</strong>rias epessoas. Hoje, o mosquito-da-dengue ainda éfoco de uma das principais campanhas de saúde<strong>no</strong> País; <strong>no</strong> entanto, desde 2001 o gover<strong>no</strong>aban<strong>do</strong><strong>no</strong>u a meta de erradicar o mosquito epassou a trabalhar com o objetivo de controlá-lo(Braga e Valle, 2007).O custo de controle <strong>do</strong> mosquito-da-dengue éaltíssimo. Em 2002, o Ministério da Saúdeinvestiu 1 bilhão de reais <strong>no</strong> programa decontrole da dengue, <strong>do</strong>s quais 85% foramemprega<strong>do</strong>s na vigilância e <strong>no</strong> controle <strong>do</strong>mosquito. Em 2003, esse custo foi de 790milhões de reais, emprega<strong>do</strong>s basicamente emcusteio, compra de equipamentos e inseticidas,manutenção e capacitação de pessoal e ações decomunicação social (Braga e Valle, 2007).Mosquito-da-dengue – Aedes aegyptiA espécie Aedes aegypti é protagonista deuma ampla e bem-sucedida invasão ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong>mun<strong>do</strong>. Provavelmente originária <strong>do</strong> oeste daÁfrica, acredita-se que foi introduzida <strong>no</strong> NovoMun<strong>do</strong> entre os séculos XV e XVII a bor<strong>do</strong> denavios negreiros e continua a ser dispersa aore<strong>do</strong>r <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, sobretu<strong>do</strong> em navios conten<strong>do</strong>Caso uma estratégia preventiva integradativesse si<strong>do</strong> implementada, envolven<strong>do</strong> setores49


<strong>do</strong> meio ambiente e da saúde, certamente o custodas ações seria mais baixo, e a chance de sucessoem evitar a entrada <strong>do</strong> mosquito teria si<strong>do</strong>maior. Dessa forma, fica clara a importância dese trabalhar integradamente com prevenção, eisso ainda é possível em algumas regiões <strong>do</strong><strong>Brasil</strong>, onde o mosquito não está presente.A A. aegypti ocorre quase exclusivamente <strong>no</strong>ambiente peri<strong>do</strong>méstico e preferencialmente emreservatórios artificiais com água limpa, sen<strong>do</strong>mais rara a ocorrência em reservatóriosnaturais, como tanques de bromélias, mesmoque próximos às casas (Lourenço de Oliveira etal., 2004). O interior da floresta não parece serum ambiente favorável à A. aegypti, embora aespécie também possa aí ocorrer. Na Floresta daTijuca, <strong>no</strong> Rio de Janeiro, a A. aegypti nãooviposita a uma distância maior <strong>do</strong> que 100metros das casas adentran<strong>do</strong> na floresta(Lourenço de Oliveira et al., 2004).No entanto, outra espécie de mosquito-dadenguecongenérica, a Aedes albopictus, temmaior capacidade para se desenvolver <strong>no</strong>ambiente florestal e vem amplian<strong>do</strong> suadistribuição ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> nas últimas duasdécadas, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> registrada <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> pelaprimeira vez em 1986 (Honório et al., 2009).Como também é vetor da dengue, é crescente apreocupação com a invasão dessa espécie.Interessante é que a invasão da A. albopictus temsi<strong>do</strong> relacionada a uma redução na abundânciade A. aegypti. A A. albopictus já é consideradauma das 100 piores espécies exóticas invasorasem escala global (Lowe et al., 2000).O cenário de acelera<strong>do</strong> crescimento dapopulação, com urbanização desordenada eprecariedade <strong>no</strong> abastecimento de água, <strong>no</strong>esgotamento sanitário e na coleta de lixo,favorece o aumento da abundância <strong>do</strong> mosquitoe da emergência da dengue (Claro et al., 2004). Oabastecimento precário de água em bairros comme<strong>no</strong>r estrutura força os habitantes a armazenarágua em depósitos <strong>do</strong>mésticos, que são grandescria<strong>do</strong>uros <strong>do</strong> mosquito. Sem coleta e destinaçãoadequada <strong>do</strong> lixo, a tendência é o acúmulo emáreas peri<strong>do</strong>miciliares, que também servem decria<strong>do</strong>uros para o mosquito-da-dengue (Claro etal., 2004).As campanhas de controle da <strong>do</strong>ença têm ti<strong>do</strong>eficiência limitada, e o problema associa<strong>do</strong> àinvasão <strong>do</strong> mosquito tem se mostra<strong>do</strong> complexoe de difícil solução (Claro et al., 2004; Braga eValle, 2007). No nível atual de invasão, umcontrole eficiente <strong>do</strong> mosquito-da-dengue é tãocaro e complexo que não envolve apenas umataque direto ao mosquito, mas depende demelhorias na estrutura e gestão das cidades,sobretu<strong>do</strong> na questão <strong>do</strong> saneamento, da coleta eda destinação <strong>do</strong> lixo (Claro et al., 2004).Pardal – Passer <strong>do</strong>mesticusO pardal, tão comum nas cidades brasileiras,é originário da Europa, Ásia e <strong>do</strong> <strong>no</strong>rte da África.Foi introduzi<strong>do</strong> na América <strong>do</strong> Sul, na América<strong>do</strong> Norte, <strong>no</strong> sul da África, na Austrália e na NovaZelândia. Atualmente, é comum em muitas áreaspovoadas, sen<strong>do</strong> a estreita associação compessoas um <strong>do</strong>s principais motivos de suaproliferação (Gisd, 2009). Normalmente éencontra<strong>do</strong> ao re<strong>do</strong>r de edificações, fazendas ecidades (Gisd, 2009).O pardal foi introduzi<strong>do</strong> voluntariamente nasAméricas. É provável que a primeira introduçãona América <strong>do</strong> Sul tenha ocorri<strong>do</strong> em Bue<strong>no</strong>sAires, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 1872 (Gisp, 2005). Na Serra <strong>do</strong>Baturité, <strong>no</strong> Ceará, já ocorre pelo me<strong>no</strong>s desde50


1986, onde parece ter si<strong>do</strong> introduzi<strong>do</strong> pormonges capuchinhos (Girão et al., 2007).e tendem a eliminá-los de determinadas áreaspor competição. Nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, o pardal éconsidera<strong>do</strong> praga agrícola por comer grãoscultiva<strong>do</strong>s, como milho, trigo e aveia, além defrutas e verduras (Gisd, 2009). O pardal e oestorninho europeu (Sturnus vulgaris) causamda<strong>no</strong>s a culturas agrícolas <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>sestima<strong>do</strong>s em 1 bilhão de dólares por a<strong>no</strong>(Pimentel et al., 2000).O pardal também está associa<strong>do</strong> à dispersãode cerca de 30 <strong>do</strong>enças que afetam o homem e osanimais <strong>do</strong>mésticos (Pimentel et al., 2005). Entreestas, está a febre <strong>do</strong> oeste <strong>do</strong> Nilo, que afeta ohomem e já é considerada <strong>do</strong>ença emergente naAmérica <strong>do</strong> Sul, com risco crescente para o <strong>Brasil</strong>(Petry, 2006; Pauvolid-Corrêa e Varella, 2008).A área de ocorrência <strong>do</strong> pardal tende a estarvinculada às áreas mais abertas, onde háassentamentos huma<strong>no</strong>s. Sua dieta consisteprincipalmente de sementes de gramíneas ououtras plantas ruderais, de grãos e insetos. Noentanto, em áreas urbanas, especializaram-se emcomer restos de comida e migalhas (Gisp, 2009).Os problemas associa<strong>do</strong>s ao pardal são taisque, na Austrália, a espécie foi classificada comode extremo risco por apresentar: (1) alto riscode causar da<strong>no</strong>s às pessoas, (2) alta capacidadede se estabelecer <strong>no</strong> ambiente e (3) altopotencial para se tornar uma praga (Gisd, 2009).Dessa forma, ficou proibida a sua introdução emqualquer lugar <strong>do</strong> País onde ainda não ocorre.Em áreas rurais, há relatos de que os pardaispodem expulsar pássaros nativos de seus ninhos51


7.Plantas exóticas invasorasAbaixo estão listadas 51 espécies de plantas exóticas invasoras ou potencialmente invasorasencontradas em 7 esta<strong>do</strong>s da Região <strong>Nordeste</strong> (Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, RioGrande <strong>do</strong> Norte e Sergipe), ordena<strong>do</strong>s de acor<strong>do</strong> com suas respectivas formas de vida (arbusto,árvore, ervas e trepadeiras) e seus <strong>no</strong>mes populares. A lista contém também o risco de invasão (RI)— veja a Seção 5 para explicação —, o <strong>no</strong>me científico, os esta<strong>do</strong>s onde foram encontra<strong>do</strong>s registros eo número total de registros consideran<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os 7 esta<strong>do</strong>s (Reg.).7.1.Lista das espécies de plantasForma de vida / NomepopularRI* Nome científico AL CE PB PE PI RN SE Reg #Arbustos 270Algodão-de-seda +++ Calotropis procera CE PE PI RN SE 21Bambu ++ Bambusa sp. PB 1Bambu +++ Bambusa vulgaris PB PE PI 26Bananeira-ornamental + Musa ornata PB 1Cafezeiro ++ Coffea arabica PI 1Dracena ++ Dracaena fragans RN 1Mamona +++ Ricinus communis CE PB PE PI RN SE 193Palma-forrageira +++ Opuntia ficus-indica AL PE PI RN SE 26Árvores 765Acácia-australiana ++ Acacia mangium PE PI 6Acácia-negra ++ Acacia mearnsii PB 24Algaroba +++ Prosopis juliflora CE PB PE PI RN SE 179Castanhola ++ Terminalia catappa CE PE 2Casuarina +++CasuarinaequisetifoliaPE PI RN SE 11Dendezeiro +++ Elaeis guineensis PB PE SE 77Espatódea, bisnagueira ++SpathodeacampanulataPB RN 2Eucalipto ++ Eucalyptus sp. PB PI 6Goiabeira ++ Psidium guajava CE PB PE 4Ipê-de-jardim ++ Tecoma stans CE PE RN 3Jambolão, azeitonapretaJambo-vermelho ++Jaqueira ++Leucena +++++ Syzygium cumini CE PI 2SyzygiummalaccensisArtocarpusheterophyllusLeucaenaleucocephalaCE 1CE PB PE PI RN 6AL CE PB PE PI RN SE 124Limoeiro ++ Citrus X limon PB PE 352


Forma de vida / NomepopularRI* Nome científico AL CE PB PE PI RN SE Reg #Mangueira ++ Mangifera indica CE PB PE RN 7Nim +++ Azadirachta indica AL CE PB PE PI RN SE 261Pinus ++ Pinus sp. SE 1Sabiá ++Saboneteira, <strong>no</strong>z-daíndiaMimosacaesalpiniifoliaCE PE 2++ Aleurites moluccana CE 1Salgueiro-amarelo ++ Acacia longifolia PB 23Turco, espinho-dejerusalém+++ Parkinsonia aculeata PB PE RN 19Vassoura-vermelha ++ Do<strong>do</strong>naea viscosa PB 1Ervas 693Braquiária +++ Urochloa sp. PE RN SE 80Braquiária ++ Urochloa stolonifera RN 1Cana-brava, taquara-<strong>do</strong>rei<strong>no</strong>Canarana, capimcapivaraCapim-agulha,braquiarinha+ Arun<strong>do</strong> <strong>do</strong>nax PE 1++Echi<strong>no</strong>chloa crusgalliPI RN 5+++ Urochloa humidicola AL PE PI RN SE 185Capim-andropogon ++ Andropogon gayanus PB PI 6Capim-bermuda ++ Cy<strong>no</strong><strong>do</strong>n dactylon PB 1Capim-braquiária +++ Urochloa decumbens AL PI SE 178Capim-búfalo, capimbuffelCapim-colonião ++Capim-elefante +++++ Cenchrus ciliaris AL PB PE PI RN SE 198MegathyrsusmaximusPennisetumpurpureumPB 1RN 1Capim-gordura ++ Melinis minutiflora PB 1Capim-pangola +++ Digitaria eriantha AL PE RN 13Cravo-de-defunto ++Maria-sem-vergonha,beijoColeostephusmyconisPB 1++ Impatiens walleriana CE RN 2Pita, piteira ++ Furcraea foetida PB PE 2Sisal ++ Agave sisalana PE PI 5Tiririca, alho-bravo ++ Cyperus rotundus PB 11Trapoeraba-roxa,lambari++ Tradescantia zebrina RN 1Trepadeiras 6CryptostegiaAlamanda-roxa ++CE 6grandiflora* RI = risco de invasão: + (baixo risco), ++ (médio risco), +++ (alto risco). O detalhamento dessas categoriasencontra-se na Lista de <strong>Espécies</strong> <strong>Exóticas</strong> <strong>Invasoras</strong>, Seção 5.# Reg. = número de registros da espécie <strong>no</strong>s 7 esta<strong>do</strong>s.53


Forest Starr and Kim StarrForest Starr and Kim StarrARBUSTOS7.2Caracterização das espécies de plantasCalotropis proceraAlgodão-de-sedaADistribuição natural: Sri Lanka, Índia, China e MalásiaImpactos: É uma grande ameaça à biodiversidade nativa, poiscompete vigorosamente por nicho e recursos naturais com asespécies nativas.Observações: Invade com muita frequência áreas de Caatinga <strong>no</strong><strong>Nordeste</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> e também áreas de Cerra<strong>do</strong>, como acontece <strong>no</strong>Esta<strong>do</strong> de São Paulo. É também invasora na Austrália, <strong>no</strong> Caribe e<strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s (Havaí).Referências: Instituto Hórus (2009).Bambusa sp.BambuDistribuição natural: ÁsiaImpactos: Invade áreas de sub-bosque em florestas nativas, nasquais forma densos aglomera<strong>do</strong>s, competin<strong>do</strong> por espaço elumi<strong>no</strong>sidade com espécies nativas.Observações: <strong>Espécies</strong> <strong>do</strong> gênero são invasoras nas Ilhas Cook, nasIlhas Fiji, em Niue, em Palau, em Tonga, na Nova Zelândia e naFrança (Ilhas Reunião).Referências: Instituto Hórus (2009).ABambusa vulgarisBambuBDistribuição natural: África e ÁsiaImpactos: Forma touceiras extensas, excluin<strong>do</strong> espécies nativas.Observações: Invade margens de rios, beiras de estradas e áreasabertas. Invasora <strong>no</strong> Caribe, <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s (Havaí), na NovaZelândia (Ilhas Cook), em Fiji, em Niue, em Palau, em Tonga, naFrança (Ilhas Reunião) e em ilhas <strong>do</strong> Pacífico.Referências: GISD (2009).Musa ornataBanana-florDistribuição natural: Espanha (região de Málaga)Impactos: Forma grandes e densos aglomera<strong>do</strong>s, impedin<strong>do</strong> oestabelecimento e o desenvolvimento de outras espécies em função<strong>do</strong> sombreamento excessivo. A longo prazo, a espécie pode <strong>do</strong>minaro sub-bosque da floresta e impedir a regeneração natural.Observações: Ocorre preferencialmente em ambientes de solofértil, a ple<strong>no</strong> sol.Referências: Instituto Hórus (2009).Coffea arabicaCafezeiroCDistribuição natural: EtiópiaImpactos: Compete com as espécies nativas <strong>no</strong>s estratos inferioresde formações florestais, interferin<strong>do</strong> <strong>no</strong> processo de regeneraçãonatural e de sucessão desses remanescentes.Observações: Frequentemente encontrada <strong>no</strong> sub-bosque deformações florestais em estágios médio e avança<strong>do</strong> de regeneração,em climas tropicais e subtropicais. Invasora <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s(Havaí), Equa<strong>do</strong>r (Galápagos), Polinésia Francesa, Fiji, Suriname,Venezuela, Peru, Panamá, Nicarágua, México, Madagascar, Austrália,Honduras, Guiana, El Salva<strong>do</strong>r, Bolívia e Nova Zelândia (ilhas Cook).Referências: Instituto Hórus (2009).BC54


Forest Starr and Kim StarrForest Starr and Kim Starr Forest Starr and Kim StarrDracaena fragansDracenaDistribuição natural: ÁfricaImpactos: Forma aglomera<strong>do</strong>s densos que impedem a regeneraçãode espécies nativas e causa desbarrancamento das margens eassoreamento.Observações: Amplamente disseminada <strong>no</strong> sub-bosque da Florestada Tijuca, especialmente nas suas bordas.Referências: Ribeiro e Zaú (2007), Instituto Hórus (2009).Ricinus communisMamonaDDistribuição natural: África tropical e região <strong>no</strong>rdeste da ÁfricaImpactos: Perda de biodiversidade em ecossistemas abertos e emáreas degradadas devi<strong>do</strong> ao adensamento e à competição comespécies nativas. A invasão também provoca impactos negativossobre áreas agrícolas e de pastagens.Observações: Apresenta tendência a invadir ambientesdegrada<strong>do</strong>s, como beira de ro<strong>do</strong>vias, margens de rios e terrasagricultáveis. Utilizada para a produção de biocombustível emsistema sem nenhum tipo de contenção além das áreas de produção,o que tende a ocasionar processos de invasão em áreas naturais. Éinvasora em mais de 100 países, incluin<strong>do</strong> Argentina, Chile,Guatemala, Austrália,Referências: Instituto Hórus (2009), Oliveira (2004)DOpuntia ficus-indicaPalmaEDistribuição natural: Regiões áridas da América Central,principalmente <strong>no</strong> MéxicoImpactos: Forma agrupamentos densos que impedem ocrescimento da vegetação nativa.Observações: Invasora na África <strong>do</strong> Sul, <strong>no</strong> Equa<strong>do</strong>r (IlhasGalápagos), <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s (Havaí e Califórnia) e na França(Ilhas Reunião).Referências: Instituto Hórus (2009), Silva e Santos (2006).EÁRVORESAcacia mangiumAcácia-australianaFDistribuição natural: Malásia, Austrália, ilhas Molucas, PapuaNova-Guiné, In<strong>do</strong>nésia.Impactos: Compete por espaço e, por alelopatia, impede agerminação de sementes de espécies nativas. Pode causardesequilíbrio hídrico, especialmente em caso de invasão emambientes ciliares.Observações: Invasora em Bangladesh, em Camarões, na CostaRica, <strong>no</strong> Havaí, nas Filipinas, nas Ilhas Cook, na Micronésia, emPalau e nas Ilhas Comoro. No <strong>Brasil</strong>, é invasora <strong>no</strong> Amapá e emRoraima, na região Amazônica, bem como na Floresta Atlântica e emáreas de restinga <strong>no</strong>s esta<strong>do</strong>s da Bahia, <strong>do</strong> Espírito Santo e <strong>do</strong> Rio deJaneiro.Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005).Acacia mearnsiiAcácia-negraDistribuição natural: Região sudeste da Austrália e da Tasmânia.F55


Forest Starr and Kim StarrForest Starr and Kim StarrForest Starr and Kim StarrImpactos: Produz grande quantidade de sementes com viabilidade<strong>no</strong> solo por cerca de 50 a<strong>no</strong>s. As numerosas plantas geradas tendema <strong>do</strong>minar o ambiente invadi<strong>do</strong>, com subsequente expulsão dasespécies nativas, ocasionan<strong>do</strong> perda de biodiversidade. As árvoresfixam nitrogênio e alteram o balanço de nutrientes <strong>no</strong> solo, afetan<strong>do</strong>a capacidade de sobrevivência de plantas nativas. Por ser umaespécie de rápi<strong>do</strong> crescimento e apresentar grande potencialinvasor em áreas ripárias, absorve grande quantidade de água,poden<strong>do</strong> diminuir sua disponibilidade em rios e córregos cujasmargens estão sen<strong>do</strong> invadidas.Observações: Invade ambientes abertos, preferencialmentealtera<strong>do</strong>s, dispersan<strong>do</strong>-se por margens de ro<strong>do</strong>vias e cursos deágua, florestas ripárias, restingas, florestas xerófilas e mésicas ecampos. Invasora na França (Ilhas Reunião), na Espanha, emPortugal, na Itália, na Romênia, na África <strong>do</strong> Sul, na Tanzânia e <strong>no</strong>sEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s (Havaí e Califórnia).Referências: Instituto Hórus (2009).Prosopis julifloraAlgarobaGDistribuição natural: Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e México.Impactos: É grande consumi<strong>do</strong>ra de água, tenden<strong>do</strong> a alterar oregime hídrico, provocan<strong>do</strong> escassez de água em regiões com baixapluviosidade. Aumenta o risco de incêndios por acúmulo debiomassa. Invade áreas abertas e florestas degradadas. Formaaglomera<strong>do</strong>s densos, excluin<strong>do</strong> outras espécies por sombreamento.Invade áreas de agricultura e pastagens, geran<strong>do</strong> alto custo decontrole.Observações: A ocupação e a expansão de sua invasão são bastantefavorecidas por perturbações antrópicas e pela proximidade acursos de água.Referências: Instituto Hórus (2009), Pega<strong>do</strong> et al. (2006), Lins eSilva (1997).Terminalia catappaCastanholaDistribuição natural: Áreas litorâneas <strong>do</strong> leste da Índia, In<strong>do</strong>china,Malásia, Austrália, Filipinas e Taiwan.Impactos: Compete com a vegetação nativa <strong>no</strong> processo desucessão natural, poden<strong>do</strong> prejudicar o desenvolvimento daregeneração natural em função de sombreamento causa<strong>do</strong> pela suacopa.Observações: Invade principalmente regiões costeiras e restingas.É invasora em diversas ilhas <strong>do</strong> Pacífico, entre elas Havaí, IlhasMariana, Ilhas Manu, Ilhas Cook e Arquipélago de Galápagos.Referências: Instituto Hórus (2008), Siqueira (2006), Sanches et al.(2007).Casuarina equisetifoliaCasuarinaIDistribuição natural: Austrália, In<strong>do</strong>nésia, Índia, Bangladesh,Ceilão, Malásia e Sri Lanka.Impactos: Sombreamento da vegetação nativa e deslocamentodessas espécies.Observações: Frequentemente encontrada em restingas e praias<strong>do</strong> litoral brasileiro, uma vez que é muito utilizada para a contençãode dunas. Invasora <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s (Havaí e Flórida), em PortoRico, nas Bahamas, nas ilhas <strong>do</strong> Caribe e na Argentina.Referências: Instituto Hórus (2009) Reaser et al. (2005).HGHElaeis guineensisDendezeiroDistribuição natural: Costa ocidental da África (golfo de Guiné),nas florestas tropicais da costa da Libéria até Angola.I56


Forest Starr and Kim StarrForest Starr and Kim StarrForest Starr and Kim StarrImpactos: Invade fragmentos florestais, inclusive áreas de florestaripária, forman<strong>do</strong> adensamentos e causan<strong>do</strong> <strong>do</strong>minância sobreespécies nativas.Observações: Invasora <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s (Havaí), na PolinésiaFrancesa, nas Ilhas Cook, na Micronésia e em Palau.Referências: Instituto Hórus (2008).Spathodea campanulataEspatódea, bisnagueiraJDistribuição natural: Leste da África.Impactos: Apresenta tendência a formar densos agrupamentos,impedin<strong>do</strong> o crescimento das espécies nativas. Também impede asucessão natural das florestas. As flores têm alcaloides tóxicos, quepodem causar envenenamento de beija-flores e abelhas.Observações: A dispersão de sementes pelo vento dificulta muito ocontrole da espécie. É invasora na Austrália (Ilha Christmas), <strong>no</strong>sEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s (Havaí), na Polinésia Francesa e em Fiji.Referências: Instituto Hórus (2009).Eucalyptus sp.EucaliptoDistribuição natural: Austrália e Pacífico Sul.Impactos: Apresenta forte <strong>do</strong>minância sobre a vegetação nativa,deslocan<strong>do</strong> espécies herbáceas. Quan<strong>do</strong> invade áreas de várzeas emargens de rios, pode levar à redução da disponibilidade hídrica emcursos de água.Observações: <strong>Espécies</strong> <strong>do</strong> gênero invadem ecossistemas abertos,expostos à insolação plena.Referências: Instituto Hórus (2009).Psidium guajavaGoiabeiraKDistribuição natural: América Tropical (sul <strong>do</strong> México e <strong>no</strong>rte daAmérica <strong>do</strong> Sul).Impactos: Invade áreas em diferentes níveis de perturbação eforma densas touceiras, eliminan<strong>do</strong> a vegetação nativa e exercen<strong>do</strong>sua <strong>do</strong>minância.Observações: Invasora em ilhas <strong>do</strong> Pacífico, na Nova Zelândia, naAustrália, em na Nova Caledônia, em Fiji, <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s (Havaíe Flórida), em Porto Rico, <strong>no</strong> Zimbábue, <strong>no</strong> sudeste da África, naMalásia, <strong>no</strong> Equa<strong>do</strong>r (Ilhas Galápagos), em Cuba e <strong>no</strong> Japão. No<strong>Brasil</strong>, invasora em áreas de Floresta Ombrófila Aberta, FlorestaOmbrófila Densa, Restingas, Savana (Cerra<strong>do</strong>), Floresta OmbrófilaDensa Submontana, Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas eÁreas de Tensão Ecológica (Floresta Ombrófila Densa-FlorestaOmbrófila Mista).Referências: Instituto Hórus (2009), Biondi e Pedrosa-Mace<strong>do</strong>(2008).Tecoma stansIpê-de-jardimDistribuição natural: México e sul <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s.Impactos: Compete com espécies nativas <strong>no</strong> processo deregeneração natural em áreas degradadas. Forma densosaglomera<strong>do</strong>s, o que leva ao sufocamento da vegetação nativaregenerante e à perda de biodiversidade <strong>no</strong>s ecossistemas. Perda deárea pastoril devi<strong>do</strong> à invasão da espécie, que dificilmente écontrolada, uma vez que rebrota vigorosamente após o controlemecânico. Impede o uso de 10 mil hectares para fins de pastagem naregião de Londrina, Paraná, onde o prejuízo é estima<strong>do</strong> em 45milhões de reais por a<strong>no</strong>.Observações: É frequentemente utilizada na arborização das viaspúblicas. Invasora na África <strong>do</strong> Sul, na Austrália, na Argentina, emMadagascar, na Índia, <strong>no</strong> Paquistão, <strong>no</strong> Panamá, na FrançaLJKL57


(Polinésia Francesa – Ilhas Marquesas) e <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s(Havaí).Referências: Instituto Hórus (2009), Lorenzi et al. (2003), Bre<strong>do</strong>wet al. (2004).Syzygium cuminiAzeitona, JambolãoMDistribuição natural: Índia, Paquistão, Bangladesh, Nepal e Butão,Sri Lanka e Ilhas Maldivas (to<strong>do</strong> o subcontinente india<strong>no</strong>, comexceção das regiões semiáridas <strong>do</strong> Sind, Rajastão e Punjab).Impactos: Compete com espécies nativas, dificultan<strong>do</strong> o processode regeneração e, assim, interferin<strong>do</strong> na sucessão vegetal.Observações: Invade preferencialmente áreas de florestassecundárias e agrícolas aban<strong>do</strong>nadas. Invasora na África <strong>do</strong> Sul, naNova Zelândia (Ilhas Cook), nas Ilhas Fiji, na Polinésia Francesa, <strong>no</strong>sEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s (Guam, Havaí, Flórida), na França (Nova Caledônia),em Niue, em Palau, em Tonga, na China, na In<strong>do</strong>nésia, na Malásia ena Austrália.Referências: Instituto Hórus (2009).Forest Starr and Kim Starr Forest Starr and Kim Starr Tarciso LeãoSyzygium malaccensisJambo-vermelhoNDistribuição natural: Índia e Malásia.Impactos: Domina o ambiente e desloca espécies nativas.Observações: Invasora nas Ilhas Fiji, <strong>no</strong> Equa<strong>do</strong>r (Ilhas Galápagos),<strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s (Havaí) e na Polinésia FrancesaReferências: Instituto Hórus (2009).Artocapus heterophyllusJaqueiraODistribuição natural: Índia e Península da Malásia.Impactos: Ocupa áreas florestais e substitui a vegetação nativa,inibin<strong>do</strong> a germinação de sementes por alelopatia. Em Ilha Grande,Rio de Janeiro, em áreas <strong>do</strong>minadas por jaqueiras, a riqueza depeque<strong>no</strong>s mamíferos é me<strong>no</strong>r <strong>do</strong> que em áreas sem a <strong>do</strong>minância daespécie. Em áreas naturais <strong>do</strong>minadas por jaqueiras, a fauna depeque<strong>no</strong>s mamíferos acaba alimentan<strong>do</strong>-se quase queexclusivamente <strong>do</strong>s frutos da espécie e dispersan<strong>do</strong>-a, emdetrimento da dispersão de espécies nativas, deven<strong>do</strong>, ao longo <strong>do</strong>tempo, afetar o processo de sucessão natural.Observações: Adapta-se facilmente a uma grande diversidade deambientes, principalmente <strong>no</strong>s sub-bosques de florestas. Invasoraem áreas florestais em quase to<strong>do</strong>s os esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>Nordeste</strong>, <strong>no</strong>Espírito Santo e <strong>no</strong> Rio de Janeiro. Como as sementes são dispersaspor animais, é difícil conter e/ou prever sua dispersão, o quedificulta ou inviabiliza a eficiência <strong>do</strong> controle em áreas naturais.Referências: Instituto Hórus (2009), H. Bergallo (comunicaçãopessoal).MNLeucaena leucocephalaLeucenaDistribuição natural: América Central e México.Impactos: Impede a regeneração natural e o estabelecimento deespécies nativas por alelopatia. É muito <strong>do</strong>minante e produz grandequantidade de sementes viáveis.Observações: Invade margens de florestas, beiras de estradas,áreas degradadas e beiras de rios. É invasora em mais de 100países. É um sério problema <strong>no</strong> Parque Nacional de Fernan<strong>do</strong> deNoronha.Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005), Randall (2002).PO58


Citrus X limonLimoeiroQDistribuição natural: Sudeste asiático.Observações: Invasora <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, <strong>no</strong> México, <strong>no</strong> Chile, naArgentina, na Itália, na Espanha, na Grécia, na Turquia, <strong>no</strong> Líba<strong>no</strong>,na África <strong>do</strong> Sul, na Austrália, nas Filipinas, em Fiji, na NovaCaledônia e <strong>no</strong> Equa<strong>do</strong>r (Ilhas Galápagos). No <strong>Brasil</strong>, invade áreasde Floresta Ombrófila Densa, Floresta Estacional, FlorestaEstacional Semidecidual e Formações Pioneiras de InfluênciaMarinha (Restingas).Referências: Instituto Hórus (2009), Biondi e Pedrosa-Mace<strong>do</strong>(2008).Mangifera indicaMangueiraDistribuição natural: Ásia.Impactos: A invasão da espécie em ambientes ciliares podeprovocar alteração <strong>do</strong> pH da água devi<strong>do</strong> ao apodrecimento dasfolhas e <strong>do</strong>s frutos em grande quantidade. Impacto sobre adispersão de espécies nativas zoocóricas, uma vez que é muitoutilizada como fonte de alimento por animais, diminuin<strong>do</strong> oconsumo de frutos e, consequentemente, a dispersão de espéciesnativas.Observações: Invade áreas ciliares <strong>do</strong> semiári<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Nordeste</strong>brasileiro. É também invasora <strong>no</strong> México, na Austrália, na China, <strong>no</strong>sEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s (Havaí), <strong>no</strong> Equa<strong>do</strong>r (Ilhas Galápagos), em Fiji, naPolinésia Francesa, em Guam, <strong>no</strong> Japão, em Nauru, na NovaCaledônia, em Niue, na França (Ilhas Reunião), nas Ilhas Maurício,em Tonga e <strong>no</strong> Paquistão.Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005), Xavier e More<strong>no</strong>(2008).Azadirachta indicaNimSDistribuição natural: Ocorre naturalmente nas florestas secas <strong>do</strong>Deceão e Karnataka — na Índia —, em Mianmá e <strong>no</strong> Sri Lanka.Impactos: Compete com outras espécies arbóreas em ambientesflorestais e <strong>do</strong>mina pela ação de substâncias alelopáticas, inibin<strong>do</strong> agerminação de espécies nativas. Altera o regime hídrico,principalmente em ecossistemas abertos, em que substitui avegetação de peque<strong>no</strong> porte. Torna-se <strong>do</strong>minante à medida que ainvasão aumenta.Observações: Invasora na Austrália, na República Dominicana, naÍndia, em Gana, na Gâmbia, na região <strong>do</strong> Sahel, além de outrospaíses da África Ocidental. Atualmente representa um fator deprejuízo a fazendeiros em países africa<strong>no</strong>s, a quem faltam recursospara fazer controle em regiões invadidas, impactan<strong>do</strong> áreas decultivo e produção agrícola.Referências: Instituto Hórus (2009), Randall (2002).Pinus sp.PinusDistribuição natural: Hemisfério <strong>no</strong>rte: América <strong>do</strong> Norte, Europae Ásia.Impactos: Em ecossistemas campestres, a invasão de qualquerespécie <strong>do</strong> gênero Pinus representa a total substituição davegetação nativa devi<strong>do</strong> ao sombreamento, ao aumento na acidez<strong>do</strong> solo, à perda de fertilidade e ao eleva<strong>do</strong> consumo de água, quepode até impactar o nível <strong>do</strong> lençol freático.Observações: Ocorre comumente em áreas degradadas de florestase ambientes abertos, secos até muito úmi<strong>do</strong>s. <strong>Espécies</strong> <strong>do</strong> gênerosão invasoras <strong>no</strong> Canadá, Argentina, Uruguai, Chile, Austrália, NovaCaledônia, Nova Zelândia, em Madagascar, Malaui e África <strong>do</strong> Sul.Referências: Instituto Hórus (2009).ROPQRSForest Starr and Kim Starr Forest Starr and Kim Starr Forest Starr and Kim Starr Forest Starr and Kim Starr59


Mimosa caesalpiniifoliaSabiáTDistribuição natural: Espécie endêmica <strong>do</strong> ecossistema Caatinga,na formação de Savana Estépica.Impactos: Domina formações florestais em regeneração,dificultan<strong>do</strong> a sucessão natural de espécies nativas (observada emremanescentes de Floresta Ombrófila Aberta, em Alagoas, em áreana qual a espécie foi utilizada como cerca viva e invadiu a áreaadjacente). Possível potencial alelopático.Observações: Ocorre exclusivamente em ambientes abertos e comalta taxa de insolação.Referências: Instituto Hórus (2009), Lopes e Piña-Rodrigues(1997).Aleurites moluccanaSalgueiro-amarelo, saboneteira, <strong>no</strong>gueiraDistribuição natural: Austrália e Tasmânia.Impactos: Pode alterar a disponibilidade de nutrientes e de água <strong>no</strong>solo em função da elevada taxa de absorção. Provoca a redução dadiversidade biológica por exercer <strong>do</strong>minância. Observa-se a inibiçãoda germinação de espécies nativas (provável ação alelopática).Observações: Invasora <strong>no</strong> Uruguai, em Portugal, na África <strong>do</strong> Sul eestá avançan<strong>do</strong> ao longo da costa <strong>no</strong>rte da Argentina e <strong>no</strong> Sul <strong>do</strong><strong>Brasil</strong>..Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005).Acacia longifoliaAcáciaDistribuição natural: Austrália e Tasmânia.Impactos: Altera a disponibilidade de nutrientes e de água <strong>no</strong> soloem função da elevada taxa de absorção. Provoca a redução dadiversidade biológica em ecossistemas por exercer <strong>do</strong>minância. Emflorestas ciliares, observa-se a inibição da germinação de espéciesnativas.Observações: Invasora <strong>no</strong> Uruguai, em Portugal, na África <strong>do</strong> Sul eestá avançan<strong>do</strong> ao longo da costa <strong>no</strong>rte da Argentina e <strong>no</strong> Sul <strong>do</strong><strong>Brasil</strong>.Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005),Parkinsonia aculeataTurco, espinho-de-jerusalémDistribuição natural: Regiões semi-áridas da América <strong>do</strong> Norte.Impactos: Compete com a flora nativa, resultan<strong>do</strong> em perdaexpressiva da biodiversidade local.Observações: É possível observar maciços populacionais emmargens e leitos de lagoas e açudes temporários, locaispreferenciais de invasão da espécie. Em Sossego, na Paraíba, foramcontabiliza<strong>do</strong>s 1.493 indivíduos da espécie em uma área de 3 milm².Referências: Oliveira et al. (2007).Do<strong>do</strong>naea viscosaVassoura-vermelhaWDistribuição natural: De São Paulo ao Rio Grande <strong>do</strong> Sul, emvegetação de restinga e em dunas mais próximas ao mar.Observações: Invasora na Colômbia, na Polinésia Francesa e naNamíbia. A espécie adapta-se a uma grande variedade de solos,inclusive rochosos e secos, sen<strong>do</strong> muito resistente a perío<strong>do</strong>sprolonga<strong>do</strong>s de seca.Referências: Instituto Hórus (2009).UVSTUVWForest Starr and Kim Starr Forest Starr and Kim Starr Forest Starr and Kim Starr APNE/CNIP60


ForestSta randKimSta rForest Starr and Kim StarrForest Starr and Kim StarrForest Starr and Kim StarrERVASUrochloa sp.BraquiáriaDistribuição natural: África (regiões tropicais).Impactos: Compete com a vegetação nativa durante a regeneração,comprometen<strong>do</strong> o processo de sucessão natural.Observações: Invade áreas de formações abertas, bem comoambientes degrada<strong>do</strong>s e áreas de pastagens.Referências: Instituto Hórus (2009).Urochloa stoloniferaBraquiáriaDistribuição natural: África (regiões tropicais).Impactos: Compete com a vegetação nativa em regeneração,comprometen<strong>do</strong> o processo de sucessão natural.Observações: Invade áreas de formações abertas, bem comoambientes degrada<strong>do</strong>s e áreas de pastagens. É invasora <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>sUni<strong>do</strong>s, na Austrália (porção <strong>no</strong>rte), na Índia, <strong>no</strong> Sri Lanka, emMianmá, na Tailândia, na In<strong>do</strong>nésia e nas Ilhas Fiji.Referências: Instituto Hórus (2009).Arun<strong>do</strong> <strong>do</strong>naxCana-bravaXDistribuição natural: Ásia e Europa.Impactos: Pode formar densos aglomera<strong>do</strong>s devi<strong>do</strong> à reproduçãovegetativa e, por isso, ocupa áreas extensas, excluin<strong>do</strong> a vegetaçãonativa e a fauna a ela associada, interferin<strong>do</strong> também nadisponibilidade hídrica em ambientes ári<strong>do</strong>s.Observações: Fragmentos <strong>do</strong>s rizomas são facilmente transporta<strong>do</strong>spelos cursos de água, originan<strong>do</strong> <strong>no</strong>vos pontos de invasão em longasdistâncias.Referências: Instituto Hórus (2009), Siqueira (2006).Echi<strong>no</strong>chloa crus-galliCanarana, Capim-arrozDistribuição natural: Europa, África e Ásia.Impactos: Desloca espécies nativas <strong>do</strong> ambiente natural,especialmente em formações vegetais abertas.Observações: Invade ambientes tropicais abertos e áreas degradadasem to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>. Invasora em mais de 20 países.Referências: Instituto Hórus (2009).Urochloa humidicolaCapim-agulhaDistribuição natural: África Tropical (regiões leste e sudeste).Impactos: Invade e <strong>do</strong>mina áreas desmatadas e áreas úmidas;obstrui peque<strong>no</strong>s cursos de água, prejudican<strong>do</strong> a qualidade da água eda fauna aquática; dificulta o restabelecimento da vegetação florestale a substituição da vegetação nativa.Observações: Invasora em muitos esta<strong>do</strong>s <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, em Fiji, emNiue, em Kiribati e <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s (Flórida).Referências: Instituto Hórus (2009).Andropogon gayanusCapim-andropogonZDistribuição natural: Da costa oeste <strong>do</strong> Senegal até o leste <strong>do</strong> Sudão,Moçambique, Botsuana, Namíbia e África <strong>do</strong> Sul.Impactos: A savana invadida pela A. gayanus tem capacidade decombustão 7 vezes maior <strong>do</strong> que aquela ocupada por espécies nativas.Dessa forma, a espécie altera os ciclos naturais de fogo e,consequentemente, a estrutura da vegetação em regeneração.Observações: Apresenta excelente adaptação a solos áci<strong>do</strong>s e deYXYZ61


aixa fertilidade, desenvolven<strong>do</strong>-se melhor em solos profun<strong>do</strong>s e bemdrena<strong>do</strong>s. O cultivar Planaltina escapa <strong>do</strong> cultivo com facilidade etende a ocupar ambientes marginais e perturba<strong>do</strong>s <strong>no</strong> DistritoFederal e em Goiás. As demais espécies <strong>do</strong> gênero são daninhas,encontradas em quase to<strong>do</strong> o território nacional. Invasora <strong>no</strong> <strong>no</strong>rte daAustrália.Referências: Instituto Hórus (2009).Cy<strong>no</strong><strong>do</strong>n dactylonCapim-bermudaAaDistribuição natural: África Oriental e <strong>do</strong> sul da Europa.Impactos: Compete com espécies nativas e agrícolas por espaço,umidade, nutrientes e oxigênio. Essa espécie é um problema comumem culturas de algodão, amen<strong>do</strong>im, café, espécies cítricas, fumo, entreoutras.Observações: Ocorre comumente em áreas degradadas, tais comobeira de estradas, terre<strong>no</strong>s baldios e locais úmi<strong>do</strong>s e com altos níveisde nitrogênio. Invasora na Austrália, na Nova Zelândia, nas Filipinas,em Camboja, em Cingapura, na Tailândia, <strong>no</strong> Vietnã, em Tonga, nasIlhas Salomão, em Samoa, nas Ilhas Galápagos, <strong>no</strong> Chile, na Colômbia,em El Salva<strong>do</strong>r, na Guatemala, em Honduras, na Nicarágua, <strong>no</strong> Peru,<strong>no</strong> México, <strong>no</strong> Havaí, na Micronésia, nas Ilhas Fiji, na PolinésiaFrancesa, nas Ilhas Guam, em Kiribati, nas Ilhas Marshall, em Nauru,na Nova Caledônia, em Niue, em Palau e na Malásia.Referências: Instituto Hórus (2009).AaForest Starr and Kim Starr Forest Starr and Kim Starr Forest Starr and Kim StarrUrochloa decumbensCapim-braquiáriaDistribuição natural: África <strong>do</strong> Sul.Impactos: Invasora agressiva de áreas de Cerra<strong>do</strong>, causan<strong>do</strong><strong>do</strong>minância sobre o ambiente. Forma densas touceiras e expulsa asespécies nativas de seu hábitat. Na Amazônia, a planta ocorre emterra firme, em solos argilosos ou are<strong>no</strong>-argilosos.Observações: Invasora <strong>no</strong> Equa<strong>do</strong>r (arquipélago de Galápagos).Referências: Instituto Hórus (2009), Kissmann (1997).Cenchrus ciliarisCapim-búfaloAbDistribuição natural: África, Índia, ilhas Canárias e MadagascarImpactos: Forma densas touceiras que impedem a permanência edeslocam espécies nativas, deixan<strong>do</strong>-as mais suscetíveis ao fogo. Háevidências de alelopatia sobre espécies nativas.Observações: Invasora na Austrália, em Fiji, na Nova Caledônia, <strong>no</strong>sEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s (su<strong>do</strong>este e Havaí), <strong>no</strong> México, na Macronésia e emTonga.Referências: Instituto Hórus (2009), Nurdin e Fulbright (1990).Urochloa maxima (*)Capim-coloniãoDistribuição natural: Congo, Tanzânia, Guiné, Quênia, Zimbábue,Índia .Impactos: Forma densos aglomera<strong>do</strong>s em ecossistemas abertose em áreas degradadas. Pode suprimir ou competir com a floralocal em solos férteis, provocan<strong>do</strong> acúmulo de biomassa morta, oque funciona como uma boa fonte de combustível para incêndios.É resistente ao fogo e rebrota vigorosamente após incêndios,sen<strong>do</strong> capaz de deslocar outras espécies exóticas invasoras, comoo capim-gordura (Melinis minutiflora) e o capim-jaraguá(Hyparrhenia rufa).Observações: Invasora em mais de 40 países. Há referências deque seja um problema em mais de 20 tipos de culturas.Referências: Instituto Hórus (2009).(*) Outros <strong>no</strong>mes aceitos para a espécie: Megathyrsus maximus ePanicum maximum.AcAbAc62


AhForest Starr and Kim StarrPennisetum purpureumCapim-elefanteAdDistribuição natural: África tropical.Impactos: Forma densos povoamentos, especialmente em áreasúmidas, onde <strong>do</strong>mina o espaço de espécies nativas.Observações: Invade áreas encharcadas, canais e outras áreasúmidas. É invasora em mais de 20 países.Referências: Instituto Hórus (2009)Melinis minutifloraCapim-gorduraDistribuição natural: África.Impactos: Cresce sobre a vegetação herbácea nativa, causan<strong>do</strong>sombreamento e morte dessa vegetação e, assim, deslocan<strong>do</strong>espécies nativas de flora e fauna. Também gera aumento daquantidade de incêndios <strong>no</strong> Cerra<strong>do</strong>, com eliminação tanto dasplantas nativas quanto <strong>do</strong> banco de sementes preexistentes <strong>no</strong>solo. Em pesquisa realizada na Estação Ecológica <strong>do</strong> JardimBotânico de Brasília, detectou-se que a invasão por esta espécieinterfere <strong>no</strong> crescimento de espécies nativas, especialmente daCecropia pachystachya.Observações: Invade preferencialmente áreas degradadas eecossistemas abertos e ensolara<strong>do</strong>s. É fortemente invasora emlocais recém-queima<strong>do</strong>s, pois rebrota vigorosamente após osincêndios.Referências: Instituto Hórus (2009).Digitaria erianthaCapim-pangolaAfDistribuição natural: África <strong>do</strong> Sul.Impactos: Altamente agressiva, com relatos de problemas em 60países, infestan<strong>do</strong> mais de 30 culturas de importância econômica.Espécie particularmente hábil <strong>no</strong> processo de competição,causan<strong>do</strong> da<strong>no</strong>s em culturas anuais e em viveiros. Tambémapresenta efeitos alelopáticos sobre várias plantas cultivadas.Observações: Invade áreas degradadas, áreas agrícolas evegetação campestre. É invasora <strong>no</strong> México.Referências:Instituto Hórus (2009), Kissmann (1997).Coleostephus myconisCravo-de-defuntoAgDistribuição natural: Região mediterrânea.Impactos: Cresce em alta densidade e, por <strong>do</strong>minância, deslocaas espécies nativas.Observações: Tolerante a geadas, invade terre<strong>no</strong>s baldios,pastagens, hortas e beira de estradas. Prefere solos modifica<strong>do</strong>s,bem drena<strong>do</strong>s e com boa incidência de luz. Invasora <strong>no</strong> Japão e naregião da Galícia.Referências: Instituto Hórus (2009).Impatiens wallerianaMaria-sem-vergonha, beijoAhDistribuição natural: África (Tanzânia a Moçambique).Impactos: Domina completamente áreas sombreadas,especialmente em ambientes úmi<strong>do</strong>s, deslocan<strong>do</strong> plantas nativasde sub-bosque .Observações: A espécie <strong>do</strong>mina o sub-bosque das florestas dearaucárias (Araucaria angustifolia) em to<strong>do</strong>s os 3 esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Sul<strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>.Referências: Instituto Hórus (2009), Reaser et al. (2005).AeAdAeAfAgAhForest Starr and Kim Starr AlvesgasparForest Starr and Kim Starr Forest Starr and Kim Starr63


Forest Starr and Kim StarrForest Starr and Kim StarrFurcraea foetidaPita, piteiraDistribuição natural: <strong>no</strong>rte da América <strong>do</strong> Sul e AméricaCentral.Impactos: Avança sobre áreas rupestres, deslocan<strong>do</strong> bromélias evegetação rupestre. Quan<strong>do</strong> em alta densidade, impede odeslocamento da fauna..Observações: Invasora <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s (Havaí), nas IlhasFiji, nas Ilhas de Santa Helena e nas Ilhas Maurício.Referências: Instituto Hórus (2009).AiAgave sisalanaSisalDistribuição natural: México (Península de Yucatán).Impactos: Expulsão de espécies nativas por ocupação <strong>do</strong> espaçoe adensamento.Observações: Invade preferencialmente regiões costeiras.Invasora em ilhas e em arquipélagos <strong>no</strong> Ocea<strong>no</strong> Pacífico (Havaí,Polinésia, Micronésia), na África <strong>do</strong> Sul e na Austrália.Referências: Instituto Hórus (2009).Cyperus rotundusTiririca, alho-bravoAjDistribuição natural: Provavelmente originária da Índia.Impactos: Os indivíduos desta espécie produzem toxinas queafetam a germinação, a brotação e o desenvolvimento de outrasespécies. A espécie também pode ser hospedeira alternativa parafungos <strong>do</strong> gênero Fusarium e para diversas espécies denematoides.Observações: Invade hortas, jardins, pomares e lavouras.Invasora em Samoa, na Austrália, na Nova Zelândia, em Niue, nasIlhas Cook, nas Ilhas Galápagos, na Micronésia, em Fiji, naPolinésia Francesa, em Guam, <strong>no</strong> Havaí, em Kiribati, nas IlhasMarshall, em Nauru, na Nova Caledônia, em Palau, nas Filipinas,em Samoa, em Tonga, <strong>no</strong> Camboja, <strong>no</strong> Chile, na China, naColômbia, na In<strong>do</strong>nésia, <strong>no</strong> Japão, na Malásia, <strong>no</strong> México, emBrunei, <strong>no</strong> Peru, em Singapura, na Tailândia, <strong>no</strong> Vietnã e nas IlhasMaurício.Referências: Instituto Hórus (2009).Tradescantia zebrinaTrapoeraba-roxa, lambarilDistribuição natural: América Central e México.Impactos: Dificulta a regeneração natural de espécies nativas.Observações: Invade preferencialmente os sub-bosques deformações florestais em regeneração, alteran<strong>do</strong> as condições parao estabelecimento de plântulas de espécies nativas. É invasora<strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s (Havaí), <strong>no</strong> Equa<strong>do</strong>r (Arquipélago deGalápagos), em Fiji, nas Ilhas Cook e na França (PolinésiaFrancesa).Referências: Instituto Hórus (2009), Tole<strong>do</strong> Filho et al. (2008).AiAj64


Forest Starr and Kim StarrTREPADEIRACryptostegia grandifloraAlamanda-roxaAkDistribuição natural: Su<strong>do</strong>este de Madagascar.Impactos: Desenvolve-se sobre as copas de árvores nativas,impedin<strong>do</strong> a passagem de luz e levan<strong>do</strong>-as à morte porsombreamento excessivo, pelo peso de sua cobertura e/ou porasfixia, quan<strong>do</strong> os ramos se enrolam ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s troncos. Aredução da intensidade lumi<strong>no</strong>sa também limita ou até anula aregeneração natural.Observações: Invasora na Austrália, <strong>no</strong> leste da África, <strong>no</strong> Egito, <strong>no</strong>Marrocos, nas Ilhas Maurício, na Índia, <strong>no</strong> sudeste da Ásia, <strong>no</strong>México, <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, na França (Nova Caledônia) e nas IlhasFiji.Referências: Instituto Hórus (2009)Ak65


7.3.Maiores ameaças de plantasNim – Azadirachta indicaA espécie popularmente conhecida como nimé uma árvore nativa da Índia e <strong>do</strong> su<strong>do</strong>esteasiático que foi introduzida <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> na décadade 1980 pelo Instituto Agronômico <strong>do</strong> Paraná(Iapar) por meio de sementes originárias dasFilipinas e, posteriormente, teve seu cultivoimplanta<strong>do</strong> nas regiões Norte, <strong>Nordeste</strong>, Sudestee Centro-Oeste (Bittencourt, 2006).O nim é amplamente utiliza<strong>do</strong> como umaespécie para agroflorestas, uma vez que suassementes contêm substâncias que podem serusadas na produção de pesticidas naturais, nãoagressivos ao meio ambiente (Gisp, 2005).Entretanto, essa espécie mostrou-se altamenteinvasora em outras partes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> onde foiintroduzida. Em Gana, na África Ocidental, asperdas na agricultura e os impactos ambientaisprovoca<strong>do</strong>s por esta espécie excedem qualquerbenefício econômico (Gisp, 2005). A espécierepresenta um fator de prejuízo a fazendeiros, aquem faltam recursos para realizar o controleem áreas invadidas, que incluem áreas de cultivoagrícola e de uso pastoril, trazen<strong>do</strong> impactoseconômicos e sociais. A Reserva de Fauna ShaiHills Game, em Gana, tinha, já em 2005, 60% desua área completamente <strong>do</strong>minada pelo nim apartir de um processo de invasão (InstitutoHórus, 2009 – Bright Kankam, com. pessoal).Atualmente, a espécie é invasora emecossistemas diversos, desde campos e Cerra<strong>do</strong>saté ecossistemas florestais, bem como em áreasdegradadas, pastagens e áreas agrícolas, ten<strong>do</strong>grande potencial de invasão e de impacto sobreecossistemas naturais na savana estépica(Caatinga; Instituto Hórus, 2009). No <strong>Brasil</strong>, aespécie também já tem se dissemina<strong>do</strong> emformações vegetais tropicais, como na FlorestaAmazônica, e é hoje uma ameaça à diversidadebiológica na Bacia <strong>do</strong> Rio Xingu, onde já épossível observar processos de invasão emflorestas ciliares (G. Durigan, com pess.). NaRegião <strong>Nordeste</strong>, há 259 ocorrências de nimregistradas na Base Nacional de Da<strong>do</strong>s sobre<strong>Espécies</strong> <strong>Exóticas</strong> <strong>Invasoras</strong>, incluin<strong>do</strong> oArquipélago de Fernan<strong>do</strong> de Noronha.O nim tem capacidade para alterar aestrutura de ecossistemas abertos, causan<strong>do</strong>significativa perda de espécies porsombreamento e pela alta densidadepopulacional. Libera fitoquímicos <strong>no</strong> solo e inibea germinação de espécies nativas (alelopatia),exercen<strong>do</strong> <strong>do</strong>minância ao longo <strong>do</strong> tempomesmo em ambientes florestais. Pode aindaalterar o regime hídrico local (Gist, 2009),especialmente em regiões de baixa pluviosidade.A eficácia <strong>no</strong> controle é pouco viável, dada adispersão por aves e morcegos.Mamona – Ricinus communisA mamona é uma espécie arbustiva bastantecomum em to<strong>do</strong> o <strong>Brasil</strong>, principalmente <strong>no</strong><strong>Nordeste</strong> brasileiro. As informações a respeitode sua origem ainda permanecem controversas,uma vez que muitos pesquisa<strong>do</strong>res acreditamque essa espécie seja originária <strong>do</strong> continenteafrica<strong>no</strong>, com a Etiópia e a região <strong>do</strong> leste daÁfrica aponta<strong>do</strong>s como os centros de diversidade(Moshkin, 1986), enquanto outros afirmam ser aÁsia o centro de origem dessa espécie (Hemerly,1981).66


Devi<strong>do</strong> à sua extraordinária capacidade deadaptação aos diferentes ecossistemas, a espécieé disseminada em vários continentes. No <strong>Brasil</strong>,acredita-se que a chegada das sementes tenhaocorri<strong>do</strong> <strong>no</strong> século XVI, trazida pelosexplora<strong>do</strong>res europeus para o cultivo e autilização <strong>do</strong> óleo das sementes para ailuminação das ruas. Hoje em dia, em resposta auma excelente aclimatação, grandes populaçõesde mamona podem ser observadas em terre<strong>no</strong>sbaldios, áreas agrícolas, proximidades dehabitações rurais ou terre<strong>no</strong>s recentementerevolvi<strong>do</strong>s (Instituto Hórus, 2009). Assim, aocupação e expansão da mamona são bastantefavorecidas pelas perturbações antrópicas. NaRegião <strong>Nordeste</strong>, há 203 ocorrências de mamonaregistradas na Base Nacional de Da<strong>do</strong>s sobre<strong>Espécies</strong> <strong>Exóticas</strong> <strong>Invasoras</strong>.Com o lançamento <strong>do</strong> Programa Nacional deProdução e Uso de Biodiesel (PNPB), em 2004, amamona foi designada pelo Gover<strong>no</strong> Federalcomo um <strong>do</strong>s pilares de sua política de inclusãosocial da agricultura familiar na cadeia produtivada agroenergia, transforman<strong>do</strong>-a em umaimportante alternativa de cultivo para a região<strong>do</strong> semiári<strong>do</strong> <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong>, principalmente por serde fácil adaptação e ter boa resistência aperío<strong>do</strong>s de seca, além de proporcionar trabalhoe renda para as populações locais. No entanto, oaumento populacional e a expansão da espéciepara fora das áreas de cultivo têm ocasiona<strong>do</strong>problemas ambientais, como a perda debiodiversidade em ecossistemas abertos devi<strong>do</strong>ao sombreamento excessivo, a restrição àcirculação da fauna, além de ocasionar da<strong>no</strong>ssociais e econômicos, como a perda de áreasutilizadas por produtores para lavouras epastagens.Para melhor aproveitamento <strong>do</strong>s benefíciosofereci<strong>do</strong>s pela espécie sem acarretar da<strong>no</strong>s aosecossistemas naturais, a produção <strong>do</strong>biocombustível <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> deve ser estabelecida apartir de estratégias para o desenvolvimentosustentável.Além disso, as sementes da mamona contêmríci<strong>no</strong>, um alcaloide extremamente tóxico paraanimais e seres huma<strong>no</strong>s. As folhas tambémpossuem a toxina, porém em me<strong>no</strong>rconcentração. Os sintomas da intoxicação emanimais geralmente aparecem após algumashoras ou poucos dias. Quan<strong>do</strong> ingeridas, assementes podem causar problemasgastrointestinais, e as folhas, problemasneuromusculares (Instituto Hórus, 2009).67


Algaroba – Prosopis julifloraA espécie arbórea conhecida <strong>no</strong> <strong>Nordeste</strong>como algaroba ou algarobeira é originária <strong>do</strong>sEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e <strong>do</strong> México (Lorenzi et al.,2003). Foi introduzida <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> em 1942, emSerra Talhada, Pernambuco, por meio desementes trazidas <strong>do</strong> Peru (Azeve<strong>do</strong>, 1961), e,alguns a<strong>no</strong>s depois, outras sementes trazidas <strong>do</strong>Sudão foram introduzidas em Angicos, RioGrande <strong>do</strong> Norte, em 1948 (Lima e Silva, 1991).Primeiramente, a espécie foi introduzida comfinalidade de plantio para suplementaçãoalimentar <strong>do</strong> ga<strong>do</strong> (Nobre, 1982);posteriormente, a espécie foi difundida na regiãocomo alternativa econômica para forragem eprodução de madeira e lenha (Pega<strong>do</strong> et al.,2006), o que favoreceu a sua disseminaçãointencional em vários municípios na região.A maior distribuição da espécie encontra-sena Região <strong>Nordeste</strong> (Lima e Silva, 1991), onde há179 ocorrências de algaroba registradas na Basede Da<strong>do</strong>s Nacional sobre <strong>Espécies</strong> <strong>Exóticas</strong><strong>Invasoras</strong>, incluin<strong>do</strong> o Arquipélago de Fernan<strong>do</strong>de Noronha. Entretanto, contrapon<strong>do</strong>-se aobaixo número de ocorrências registradas nessabase, encontram-se relatos da <strong>do</strong>minância daespécie. Segun<strong>do</strong> Nascimento (2008), essaespécie pode ser observada <strong>do</strong>minan<strong>do</strong> extensasáreas, e estima-se que 500 mil hectares daCaatinga, ecossistema <strong>do</strong>minante da Região,estejam invadi<strong>do</strong>s pela algaroba. Segun<strong>do</strong>Franco (2008), hoje são mais de 10 milhões deindivíduos só na Paraíba, principalmente naregião <strong>do</strong> Cariri.No <strong>Nordeste</strong>, a algaroba ocorrepreferencialmente em locais de clima semiári<strong>do</strong>,sen<strong>do</strong> encontrada em densos povoamentos deáreas degradadas, agrícolas e de pasto, comotambém ao longo de canais de irrigação e nasproximidades de açudes (Lima et al., 2002). Aespécie também é frequente invasora em matasciliares e baixadas sedimentares (Pega<strong>do</strong> et al.,2006; Franco 2008). Assim, a ocupação e aexpansão da algaroba são bastante favorecidaspelas perturbações antrópicas e pelaproximidade de cursos de água (Lins e Silva,1997).O sucesso da algaroba como invasora podeestar relaciona<strong>do</strong> com a produção massiva desementes e a sua eficiente dispersão. Assementes podem ser dispersas a longasdistâncias. Já em escala local, são os animais,tanto de criação quanto selvagens, quedisseminam as sementes após comerem osfrutos. Outro fator que contribui para o sucessoda invasão da espécie é a capacidade da sementede permanecer <strong>do</strong>rmente por até 10 a<strong>no</strong>s <strong>no</strong> solo(Gisp, 2005).Devi<strong>do</strong> às suas características de ocupação eà formação de aglomera<strong>do</strong>s populacionais, aalgaroba pode esgotar reservas vitais de água emambientes onde esse recurso é escasso,68


tornan<strong>do</strong>-o, dessa forma, indisponível para asespécies nativas (Gisp, 2005). Além disso, essaespécie ameaça negativamente a biodiversidadelocal pela exclusão da vegetação nativa (Gisp,2005). Recentemente, foi demonstra<strong>do</strong> queáreas de Caatinga na Paraíba invadidas pelaalgaroba são mais pobres em espécies arbóreas earbustivas nativas (Pega<strong>do</strong> et al., 2006) e têmme<strong>no</strong>r abundância de indivíduos na regeneraçãodesses <strong>do</strong>is grupos (Andrade et al., 2008) <strong>do</strong> queem áreas onde a espécie não está presente. Emoutro estu<strong>do</strong>, Nascimento (2008) verificou que apresença de algaroba aumenta a mortalidade daMimosa tenuiflora, Erythrina velutina,Caesalpinia microphylla e Caesalpinia férrea —espécies nativas da Caatinga — em experimentosde competição simulada. Assim, observa-se que apresença dessa espécie pode comprometer asobrevivência e a regeneração das espéciesnativas <strong>no</strong> ecossistema.Vale ressaltar que, na África <strong>do</strong> Sul, aalgaroba é a espécie exótica invasora queapresenta a segunda maior taxa de consumo deágua, sempre apresentan<strong>do</strong> preferência porambientes ripários e levan<strong>do</strong> ao rebaixamento<strong>do</strong> lençol freático e ao esgotamento de cursos deágua. Estima-se que as espécies <strong>do</strong> gêneroconsumam, <strong>no</strong> país, 191 milhões de metroscúbicos de água por a<strong>no</strong>, consideran<strong>do</strong> umaárea invadida de um 1,8 milhão de hectares(Versveld et al., 1998).Leucena – Leucaena leucocephalaA leucena é uma espécie arbórea, nativa <strong>do</strong>México e da América Central, que teve seucultivo fortemente promovi<strong>do</strong> por organizaçõesinternacionais devi<strong>do</strong> à sua utilidade como fontede forragem e lenha (Gisp, 2005). Nominadaárvore milagrosa <strong>no</strong>s primeiros a<strong>no</strong>s <strong>do</strong> seucultivo global, essa espécie — de crescimentorápi<strong>do</strong>, fixa<strong>do</strong>ra de nitrogênio e bastantetolerante à seca — foi vista como fontealternativa de alimentação para animais decriação, principalmente em locais onde essesrecursos são escassos (Gisp, 2005).Como consequência, a espécie apresenta-sedistribuída na maior parte das regiões tropicaise subtropicais <strong>do</strong> planeta. Atualmente, estáamplamente disseminada na América <strong>do</strong> Sul,onde foi introduzida na maioria <strong>do</strong>s países. No<strong>Brasil</strong>, é encontrada em quase to<strong>do</strong>s os esta<strong>do</strong>s,sen<strong>do</strong> bastante frequente nas regiões Sul eSudeste e, principalmente, na Região <strong>Nordeste</strong>,onde é encontrada em áreas de Caatinga. Suapresença <strong>no</strong> Arquipélago de Fernan<strong>do</strong> deNoronha é considerada particularmenteproblemática, pois está em processo de<strong>do</strong>minância de grande parte <strong>do</strong> ambienteA algaroba é bastante valorizada em muitasregiões da América <strong>do</strong> Sul, razão pela qual aerradicação dessa espécie invasora não é umaopção. Uma possível solução para o conflito deinteresses econômicos ou ecológicos em tor<strong>no</strong>da algaroba é o seu controle populacional e omanejo através de plantações agroflorestais(Gisp, 2005).69


terrestre (Gisp, 2005). Segun<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s da BaseNacional sobre <strong>Espécies</strong> <strong>Exóticas</strong> <strong>Invasoras</strong>, há124 ocorrências de leucena na Região <strong>Nordeste</strong>.Essa espécie invasora pode formaraglomera<strong>do</strong>s mo<strong>no</strong>específicos, substituin<strong>do</strong> avegetação natural, o que dificulta a circulação dafauna nativa e expõe o solo à erosão. Essaespécie compõe a lista das 100 espéciesinvasoras mais agressivas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> (ISSG, s/d).A leucena é comumente encontrada ao longo demargens de ro<strong>do</strong>vias, em áreas degradadas,agrícolas e de pastagens, além de serfrequentemente observada invadin<strong>do</strong> bordas deflorestas e margens de rios (Instituto Hórus,2009). A <strong>do</strong>minância exercida também impede aregeneração natural da vegetação nativa, como éo caso da Floresta Nacional de Pacotuba, situada<strong>no</strong> município de Cachoeiro de Itapemirim,Espírito Santo, onde sua presença prejudica odesenvolvimento <strong>do</strong> plantio realiza<strong>do</strong> para arecuperação da área (Xavier e More<strong>no</strong>, 2008).A espécie pode também ter impactosnegativos sobre animais não ruminantes queconsomem as folhas e sementes, uma vez que oalto teor <strong>do</strong> ami<strong>no</strong>áci<strong>do</strong> mimosina presentenessas estruturas, quan<strong>do</strong> consumidas emgrandes quantidades, pode provocar problemasà saúde <strong>do</strong>s animais (Instituto Hórus, 2009).GramíneasO histórico de introdução das espécies degramíneas oriundas das savanas <strong>do</strong> continenteafrica<strong>no</strong> é bastante antigo e teve como principalmotivação o cultivo para produção de forragempara o ga<strong>do</strong> (Cox et al., 1988). Um númeroconsiderável de gramíneas foi introduzi<strong>do</strong>intencionalmente em várias localidades <strong>do</strong>mun<strong>do</strong>, especialmente nas regiões semiáridas eáridas das Américas <strong>do</strong> Norte e <strong>do</strong> Sul (Williamse Baruch, 2000). Nessas regiões, essas espéciestêm facilmente escapa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s cultivos ecoloniza<strong>do</strong> áreas seminaturais e naturais comrápida taxa de expansão, causan<strong>do</strong> prejuízosecológicos que comprometem a estabilidade <strong>do</strong>secossistemas (Williams e Baruch, 2000).Em muitos casos, a introdução intencional deespécies exóticas representa importantesbenefícios para a eco<strong>no</strong>mia local e regional dasáreas onde foram introduzidas, e, na maioriadesses casos, os atributos que fazem com queelas tragam benefícios econômicos são osmesmos que as tornam invasoras (Arraiga et al.,2004). Dessa forma, <strong>no</strong>vas introduções podemsignificar recursos econômicos imediatos para aregião, mas, posteriormente, podem acarretarsérios da<strong>no</strong>s ecológicos ao hábitat (Sakai et al.,2001), o que também pode comprometer diretae indiretamente os benefícios econômicostrazi<strong>do</strong>s (Lonsdale, 1994).Na América <strong>do</strong> Sul, a região semiárida <strong>do</strong><strong>Nordeste</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> foi alvo de um grandenúmero de introduções intencionais degramíneas (Cox et al., 1998). Devi<strong>do</strong> àscondições ambientais, foram introduzidas naregião espécies de fácil estabelecimento,resistentes à seca e com alta produtividade(Williams e Baruch, 2000), tais como Cenchrusciliaris (capim-búfalo), Melinis minutiflora(capim-gordura) e, mais recentemente,Andropogon gayanus (capim-andropogon),Pennisetum purpureum (capim-elefante),Digitaria eriantha (capim-pangola) e váriasespécies <strong>do</strong> gênero Urochloa — em sua maioriaconhecidas como braquiárias (Bogdan, 1977;Williams et al., 1995). Atualmente, todas essasespécies são consideradas invasoras emdiferentes formações vegetais <strong>do</strong> <strong>Nordeste</strong>brasileiro, sen<strong>do</strong> comumente responsáveis por70


promoverem da<strong>no</strong>s ecológicos e econômicos aosecossistemas dessa região (Corrêa, 1975;Lorenzi, 2008).A conversão de ecossistemas naturais emambientes antropiza<strong>do</strong>s, como áreas urbanas oudestinadas à agropecuária, aumenta adisponibilidade de recursos limita<strong>do</strong>s e geraconstantes oportunidades para a colonização deespécies e para o crescimento populacional deespécies tolerantes às <strong>no</strong>vas condições impostas(Hobbs, 2000). D’Antonio e Meyerson (2002)afirmam que espécies exóticas invasoras tendema ser as primeiras a recolonizar ambientes apósdistúrbios, agin<strong>do</strong> como espécies pioneiras,mesmo quan<strong>do</strong> não estavam presentes nacomunidade antes, e, a partir daí, devem alteraros processos sucessionais.<strong>Espécies</strong> das famílias Poaceae e Fabaceae sãograndes coloniza<strong>do</strong>ras de áreas degradadas eantropizadas. Acredita-se que por característicasexpressas por fatores fisiológicos, tais como afotossíntese C4 nas plantas da família Poaceae ea fixação de nitrogênio nas plantas da famíliaFabaceae, determinantes para a colonizaçãobem-sucedida em locais com alta incidência deradiação solar e com solo pobre em nutrientese/ou matéria orgânica. Essas famílias tambémsão as mais representativas dentro <strong>do</strong> universode plantas exóticas invasoras <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.Devi<strong>do</strong> à rápida expansão e à grande área deocupação das gramíneas na Região <strong>Nordeste</strong>,tornam-se necessárias estratégias de manejo econtrole para minimizar os da<strong>no</strong>s causa<strong>do</strong>s pelasespécies exóticas após seu estabelecimento emáreas naturais e seminaturais. Por outro la<strong>do</strong>, aerradicação completa geralmente não é possívelpara as espécies exóticas invasoras jáamplamente difundidas e constantementeutilizadas. Então, o desenvolvimento de práticaspara a redução da expansão e o estabelecimentode <strong>no</strong>vas populações e, consequentemente, <strong>do</strong>sseus impactos negativos <strong>no</strong> ambiente sãoconsidera<strong>do</strong>s como medidas alternativas decontrole das espécies exóticas invasoras (IUCN,2000).Seguem, abaixo, informações sobre algumasdas gramíneas exóticas invasoras presentes emáreas naturais da Região <strong>Nordeste</strong>.Capim-búfalo – Cenchrus ciliarisConhecida popularmente como capim-búfalo,essa espécie, originária da África, <strong>do</strong> OrienteMédio e da Índia, foi introduzida <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> em1952, em São Paulo, objetivan<strong>do</strong>-se a produçãode forragem e pasto para criações de ga<strong>do</strong>(Instituto Hórus, 2009). Como não se obtevesucesso em São Paulo, foi levada para a Região<strong>Nordeste</strong>, onde atualmente é considerada aespécie de maior potencial forrageiro.Atualmente, há registros de invasão da espécieem to<strong>do</strong>s os esta<strong>do</strong>s da Região <strong>Nordeste</strong> <strong>do</strong><strong>Brasil</strong>, principalmente em áreas de Caatinga.A espécie é utilizada para incrementar aprodução pecuária nas áreas tropicais esubtropicais secas das Américas (Gisp, 2005) efacilmente tende a se alastrar para as áreas quecircundam os locais de pastagem, onde costumaalimentar incêndios, geralmente não tolera<strong>do</strong>spelas espécies nativas (Gisp, 2005; InstitutoHórus, 2009). Adicionalmente, há evidência deação alelopática, uma vez que lixivia<strong>do</strong>s de folhase raízes dessa espécie reduziram as taxas degerminação das sementes e o comprimento daraiz de espécies nativas (Nurdin e Fulbrigth,1990).71


Braquiárias – Urochloa sp.Popularmente conhecidas como braquiárias,as espécies <strong>do</strong> gênero Urochloa estãoamplamente disseminadas em to<strong>do</strong> o <strong>Brasil</strong>,onde foram introduzidas principalmente comoforragem para ga<strong>do</strong> (Instituto Hórus, 2009). Há,atualmente, registros de invasão de espécies <strong>do</strong>gênero Urochloa em quase todas as formaçõesvegetais ocorrentes <strong>no</strong>s diferentes ecossistemasbrasileiros, incluin<strong>do</strong> áreas de campos, Cerra<strong>do</strong>s,áreas úmidas e áreas florestais desmatadas(Instituto Hórus, 2009).Essas espécies facilmente escapam das áreasde pastagem e passam a invadir ambientesnaturais, onde tendem a substituir e excluirgramíneas nativas superiores em termos dequalidade da forragem produzida. Da mesmaforma, seu emprego para revegetação de taludesao longo das ro<strong>do</strong>vias potencializa ainda maissua dispersão a grandes distâncias (InstitutoHórus, 2009), como ocorre com frequência àsmargens de ro<strong>do</strong>vias <strong>no</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul, ondeo estabelecimento de braquiárias já constitui umsério risco à produtividade pastoril <strong>do</strong>s campossuli<strong>no</strong>s.Problemas ambientais causa<strong>do</strong>s pela invasãodas braquiárias advêm da exclusão de espéciesnativas, o que leva à perda da biodiversidade. Emambientes florestais converti<strong>do</strong>s em pastagens,observa-se que espécies de braquiárias, uma vezestabelecidas como invasoras, dificultam aregeneração florestal por sufocar mudas emdesenvolvimento (Instituto Hórus, 2009).Dendezeiro – Elaeis guineensisO dendezeiro, nativo das florestas tropicaisda costa oeste da África (costa da Guiné), foilargamente introduzi<strong>do</strong> para cultivo em regiõestropicais em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> (Gisp, 2005). NaAmérica <strong>do</strong> Sul, a espécie foi introduzida pelosportugueses e espanhóis durante o século XVI.Posteriormente, em mea<strong>do</strong>s da década de 1950,plantações de dendezeiros foram estabelecidasem várias partes <strong>do</strong> continente. Atualmente, aespécie é invasora em muitas ilhas <strong>do</strong> Pacífico,bem como em diversas partes da América <strong>do</strong> Sul,especialmente nas florestas <strong>do</strong> <strong>Nordeste</strong>brasileiro (Gisp, 2005).A introdução da espécie <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> ocorreuainda <strong>no</strong> século XVII, provavelmente feita pelosescravos africa<strong>no</strong>s. A principal região deocorrência de invasão da espécie <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> é aBahia, estenden<strong>do</strong>-se ao sul para o EspíritoSanto, ao <strong>no</strong>rte até Pernambuco e ao oeste até oAcre, possivelmente chegan<strong>do</strong> a outras regiões.O dendezeiro comumente invade fragmentosde florestas, especialmente as áreas de florestasciliares, forman<strong>do</strong> adensamentos populacionais.Adicionalmente, as plantações de dendezeirossão responsáveis pela modificação de hábitatsnaturais, desalojan<strong>do</strong> espécies nativas de flora ede fauna (Gisp, 2005). Estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s naMalásia indicam que dendezeiros tambémservem de abrigo para espécies exóticas deformigas que se alimentam principalmente daflora nativa (Pfeiffer et al., 2008).Dos frutos da palmeira, extrai-se o óleo, que éamplamente utiliza<strong>do</strong> na fabricação decosméticos e chocolate e na culinária em geral.Atualmente, vem sen<strong>do</strong> emprega<strong>do</strong> comobiocombustível. Estima-se que, apenas <strong>no</strong> Esta<strong>do</strong>da Bahia, existam 20 mil hectares de dendezeirossubespontâneos (Moura et al. 2008), ou seja, quenão foram planta<strong>do</strong>s. Essa ocupação poderia sercaracterizada como uma invasão biológica,porém, como se dá em áreas manejadas emregime extrativista, passa a ser considerada uma72


área produtiva. O problema ocorre quan<strong>do</strong> aspalmeiras invadem áreas destinadas àconservação, principalmente de matas ciliares,muitas vezes enquadradas como Áreas dePreservação Permanente.Um elemento agravante <strong>no</strong> processo deestabelecimento e invasão <strong>do</strong> dendezeiro é a suaassociação com um inseto exótico chama<strong>do</strong>Elaei<strong>do</strong>bius subvittatus (Curculionidae),possivelmente introduzi<strong>do</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>no</strong> séculoXVI, através <strong>do</strong> mesmo tráfego negreiro quetrouxe a palmeira. E. subvittatus distingue-se dasespécies nativas como poliniza<strong>do</strong>ra maiseficiente por apresentar maior capacidade detransportar pólen. Em outras regiões <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>onde as espécies <strong>do</strong> gênero Elaei<strong>do</strong>bius não estãopresentes, muitas vezes a polinização dapalmeira precisa ser feita manualmente, paratornar a produção de óleo eco<strong>no</strong>micamenteviável (Moura et al. 2008).Nos últimos a<strong>no</strong>s, o cultivo de dendezeiroestá entre os cultivos de mais rápida expansão.Globalmente, a área destinada ao plantio dedendezeiros aumentou 43% entre 1990 e 2002(Wakker, 2004). As políticas governamentaistêm facilita<strong>do</strong> essa expansão. No <strong>Brasil</strong>, aComissão Executiva <strong>do</strong> Pla<strong>no</strong> da LavouraCacaueira (Ceplac) e a Embrapa AmazôniaOriental introduziram, em 1994, na região deUna, Bahia, outra espécie <strong>do</strong> gênero, a E.kamerunicus, reconhecida em diversas partes <strong>do</strong>mun<strong>do</strong> como a poliniza<strong>do</strong>ra mais eficiente <strong>do</strong>dendezeiro. De fato, a introdução dessa últimaespécie resultou em um incremento de 19% nafecundação, passan<strong>do</strong> de uma média de 60% defecundação para uma média de 79%, segun<strong>do</strong>da<strong>do</strong>s analisa<strong>do</strong>s por Moura et al. (2008). Maisrecentemente, com o lançamento <strong>do</strong> ProgramaNacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB),em 2004, o dendezeiro foi aponta<strong>do</strong> comoalternativa de cultivo para a região <strong>do</strong> semiári<strong>do</strong><strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong>, visan<strong>do</strong> a produção debiocombustível. No entanto, a expansão da áreade cultivo da espécie e sua invasão para foradessas áreas têm ocasiona<strong>do</strong> problemasambientais, como a perda da biodiversidade.Conforme previsto <strong>no</strong> art. 5º da Deliberaçãoda Comissão Nacional de Biodiversidade, de 25de junho de 2008, a escolha das espéciesvegetais a serem cultivadas para a produção debiocombustíveis deve priorizar oaproveitamento de espécies nativas, com opotencial econômico próprio de cada um <strong>do</strong>sbiomas brasileiros, conforme levantamentorealiza<strong>do</strong> <strong>no</strong> âmbito <strong>do</strong> projeto Plantas para oFuturo, e, ainda, deve considerar o potencialinvasor de espécies a serem cultivadas para aprodução de biocombustíveis como fator deexclusão, por meio de avaliação de risco.De acor<strong>do</strong> com o Gisp (2008), a Elaeisguineensis está na categoria das espécies que73


têm si<strong>do</strong> utilizadas para a produção debiocombustíveis e que são reconhecidamenteinvasoras. Sen<strong>do</strong> assim, entende-se que aprodução <strong>do</strong> biocombustível <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> deveriaser estimulada consideran<strong>do</strong>-se os riscos deinvasão das espécies a serem cultivadas emgrande escala, visan<strong>do</strong> um melhoraproveitamento <strong>do</strong>s benefícios ofereci<strong>do</strong>s pelosetor sem acarretar da<strong>no</strong>s aos ecossistemasnaturais.al., 2008). O projeto, entretanto, teve que serinterrompi<strong>do</strong> por conta de uma denúncia queresultou em uma ação civil pública contra oParque. Provavelmente, a divulgação <strong>do</strong>trabalho, visan<strong>do</strong> esclarecer a população, teriaevita<strong>do</strong> esse constrangimento para a direção <strong>do</strong>Parque.Jaqueira – Artocarpus heterophyllusA jaqueira, espécie arbórea originária daÍndia e da Malásia, é encontrada ocupan<strong>do</strong> áreasde florestas, onde substitui a vegetação nativa,reduzin<strong>do</strong> hábitats para a flora e a fauna nativas.Além disso, impede a germinação de sementesdas espécies nativas por ação alelopática. Essaespécie adapta-se facilmente a uma grandediversidade de ambientes, e seus frutos servemcomo alimento para muitas espécies de animaisnativos (Gisp, 2005; Instituto Hórus, 2009).A jaqueira tem papel de destaque <strong>no</strong> contexto<strong>do</strong> Parque Nacional da Tijuca. A espécie foiintroduzida <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> exatamente <strong>no</strong> Rio deJaneiro, <strong>no</strong> início <strong>do</strong> século XIX e, ao longo <strong>do</strong>último século, expandiu-se e colonizou oambiente, <strong>do</strong>minan<strong>do</strong> a vegetação da Floresta daTijuca. A previsão era de que, se nenhumamedida de contenção fosse tomada, em poucasdécadas a floresta <strong>do</strong> Parque se tornaria umagrande plantação de jaqueiras, perden<strong>do</strong>espécies nativas da flora e, consequentemente,da fauna. Em 2000, por meio de um projeto deerradicação das espécies exóticas <strong>do</strong> Parque,foram inicia<strong>do</strong>s o controle das populações dejaqueiras, além de outras plantas exóticas, e suaprogressiva substituição por espécies nativas,entre elas o palmiteiro (Euterpe edulis; Santos et74


MANEJO E POLÍTICAS PÚBLICAS CONTEXTUALIZAÇÃOPARTE TRÊS75


8.Diretrizes para o manejo de espécies exóticas invasorasem áreas naturais terrestresAs estratégias para lidar com a problemáticamundial de invasões biológicas ocasionadas porespécies exóticas <strong>no</strong>s mais diversos contextosestão associadas, em primeira instância, àprevenção, detecção precoce e resposta rápida,sen<strong>do</strong> seguidas por estratégias de erradicação econtrole.A prevenção é a primeira linha de defesacontra processos de invasões biológicas,justamente por ser a mais efetiva <strong>do</strong> ponto devista biológico e a que oferece a melhor relaçãocusto-benefício em termos financeiros. Asferramentas e os mecanismos de prevençãodevem ser volta<strong>do</strong>s a impedir ou ao me<strong>no</strong>sreduzir o número de introduções, sejam elasvoluntárias ou acidentais.Conforme disposto na ConvençãoInternacional da Diversidade Biológica (CDB), oPrincípio da Precaução sempre deve seraplica<strong>do</strong>: a não ser que exista evidênciacontundente de que uma espécie não traráda<strong>no</strong>s, deve-se assumir que trará consequênciasindesejáveis. Esse princípio pode ser usa<strong>do</strong> para,por exemplo, a tomada de decisão paraintroduções voluntárias — especialmente deespécies que apresentem histórico de invasãoem outros locais — e para a definição de quaismedidas de manejo serão exigidas para seevitarem introduções acidentais.Caso as iniciativas focadas em prevençãotenham falha<strong>do</strong> e espécies tenham si<strong>do</strong>introduzidas, redes e ações de detecção precocee resposta rápida são fundamentais para seidentificar um <strong>no</strong>vo potencial foco de invasão eerradicá-lo de imediato, sem maiores custos eem um curto intervalo de tempo. A respostarápida para prevenir a introdução, oestabelecimento ou a expansão de espéciesexóticas invasoras é apropriada mesmo se nãohouver certeza de seus impactos em longo prazo(IUCN, 2000).Quan<strong>do</strong> espécies exóticas são introduzidas ese estabelecem em ambientes naturais, asprincipais estratégias de manejo para lidar como problema são a erradicação e o controle, sen<strong>do</strong>que um programa de controle pode sercomposto por medidas para conter a dispersãoda espécie (contenção), reduzir sua abundância esua densidade e/ou mitigar seus impactos.As opções de controle e erradicação devemser avaliadas, e a definição da estratégia demanejo a ser a<strong>do</strong>tada deve ser feita em função daprobabilidade de sucesso, <strong>do</strong>s custos e <strong>do</strong>simpactos negativos atuais e potenciaisprovoca<strong>do</strong>s pela espécie-alvo. Estu<strong>do</strong>s de casosde programas de manejo bem-sucedi<strong>do</strong>s podemser utiliza<strong>do</strong>s como diretrizes, masgeneralizações não devem ser feitas, e cadasituação deve ser avaliada independentementepara a determinação de um programa ou pla<strong>no</strong>de manejo adequa<strong>do</strong> e específico.Em qualquer programa de manejo deespécies exóticas invasoras, é fundamental quese tenha em mente que o objetivo maior e final<strong>do</strong> programa nunca vai ser controlar ouerradicar uma ou mais espécies, mas, sim,77


conservar ou restaurar ecossistemas e seusserviços, hábitats e/ou espécies nativas,principalmente as endêmicas e ameaçadas deextinção. Manejar espécies exóticas invasoras ésomente um meio para se atingir um fim deconservação ambiental.8.1Partin<strong>do</strong> para a açãoDiagnósticoEm uma Unidade de Conservação de ProteçãoIntegral — como um parque nacional, porexemplo —, o diagnóstico em campo pode serfeito por meio de um levantamento emapeamento das ocorrências de espéciesexóticas na unidade e em seu entor<strong>no</strong>. Omapeamento pode ser feito com o uso de umGPS, por meio <strong>do</strong> qual devem sergeorreferenciadas todas as ocorrências depopulações e/ou indivíduos isola<strong>do</strong>s de espéciesexóticas invasoras, bem como o tipo de ambienteinvadi<strong>do</strong>, a densidade e a situação de invasão emcada ponto de ocorrência. O importante é que seconsiga identificar onde as espécies estão e quala gravidade da invasão em cada ponto deocorrência.Além da parte de levantamento emapeamento feitos em campo, é fundamentalque sejam levantadas algumas informações emreferências bibliográficas, sejam elas artigoscientíficos, publicações técnicas, websites, basesde da<strong>do</strong>s on-line, etc. Essas informações e olevantamento realiza<strong>do</strong> em campo vão fornecera base necessária para a tomada de decisão daestratégia a ser a<strong>do</strong>tada em um programa demanejo para uma espécie ou para uma área.Por meio das informações levantadas emliteratura e em campo, devem ser respondidasquestões como as que seguem abaixo.AspectosIntrodução daespécieDispersãoUso da espécieDistribuiçãoCaracterizaçãoda invasãoCaracterizaçãoQuestões a serem respondidasQuan<strong>do</strong> a espécie chegou à região?Por que chegou?Como chegou?Pode chegar <strong>no</strong>vamente?A espécie tem si<strong>do</strong> dispersa na região?Se sim, tem si<strong>do</strong> dispersa por atividades humanas ou por fatores naturais?Quais são seus vetores de dispersão?Quais são suas rotas de dispersão?A espécie tem algum uso econômico na região?Esse uso é eco<strong>no</strong>micamente relevante?Há alguma espécie nativa que possa substituí-la?A espécie está amplamente distribuída na região/área-alvo <strong>do</strong> programa ou estáconcentrada em poucos ou um único ponto?Qual o status de invasão em cada ponto/área/região de ocorrrência?Qual a densidade em cada ponto/área/região de ocorrência?Há impactos sobre espécies nativas, hábitats ou ecossistemas?Há outras espécies exóticas invasoras na área em questão?78


da áreaCaracterísticasda espécieHistórico deinvasão econtroleHá espécies nativas raras, endêmicas ou ameaçadas de extinção na área-alvo?Onde estão?Há ecossistemas únicos ou ambientalmente mais relevantes na área-alvo? Ondeestão?Quais as estratégias reprodutivas utilizadas pela espécie?Com que idade a espécie começa a gerar descendentes?Quantas vezes a espécie se reproduz em um a<strong>no</strong>?Em que época(s) <strong>do</strong> a<strong>no</strong> a espécie se reproduz?A espécie gera muitos descendentes em cada reprodução?No caso de espécie de planta, qual o tempo de viabilidade <strong>do</strong> banco de sementes?No caso de animais, a espécie é solitária ou gregária?A espécie é invasora em outros locais <strong>no</strong> mun<strong>do</strong>?São locais climaticamente semelhantes à área-alvo?São locais com ecossistemas semelhantes ao(s) da área-alvo?A espécie já foi alvo de algum programa de erradicação ou controle? Quais astécnicas utilizadas para tanto? Qual o custo? Qual a duração?Manejo adaptativoMesmo que não se tenha resposta para amaior parte das questões indicadas acima,nenhuma medida de manejo deve deixar de sertomada por falta de da<strong>do</strong>s científicos. Ainda quepossa ser arrisca<strong>do</strong> a<strong>do</strong>tar medidas de manejosem que haja informação precisa, não é realistapensar que estu<strong>do</strong>s científicos genéricos possamcontribuir decisivamente para melhorar atomada de decisões (Zalba e Ziller, 2007). Nocenário atual de degradação ambiental, asdecisões geralmente precisam ser tomadas emcaráter de urgência. Abster-se de executar umaação de manejo é uma decisão cujasconsequências podem ser tão ou mais graves <strong>do</strong>que fazer algo de forma equivocada (Zalba,2005).A chave da questão está, então, em organizara estratégia de manejo de forma a enfrentar oproblema ao mesmo tempo que se aumenta oconhecimento científico necessário para resolvêlo.Essas lacunas de informação podem sercolocadas como perguntas, e estas, por sua vez,irão orientar a formulação de hipóteses que sãopostas à prova pela estratégia de manejo. Pelocontrário, deve-se iniciar o controle e aproveitálocomo oportunidade para conhecer melhor oproblema (Zalba e Ziller, 2007).Essa é a base <strong>do</strong> manejo adaptativo (Nyberg,1999), um ciclo contínuo de ações,monitoramento, aprendizagem e ajuste de <strong>no</strong>vasações que permitem aumentar a eficiência daspráticas de controle de espécies exóticasinvasoras. No manejo adaptativo, as ações decontrole se organizam como experimentos,deixan<strong>do</strong> claras as consequências esperadas dasintervenções <strong>no</strong> caso de o diagnóstico inicial <strong>do</strong>problema e as premissas sobre o funcionamento<strong>do</strong> ecossistema estarem corretos.Estabelecimento de prioridades para manejoO número de espécies estabelecidas excede<strong>no</strong>ssa capacidade de manejo ao mesmo tempoque muitas delas não trazem impactossignificativos. Sen<strong>do</strong> assim, um <strong>do</strong>s primeirospassos <strong>do</strong> manejo é a seleção de casos de invasãoque necessitam de atenção imediata e/ouapresentam melhor oportunidade deerradicação.A definição de prioridades por espécie deveser feita consideran<strong>do</strong>-se o potencial de invasão79


de cada espécie e sua situação populacional <strong>no</strong>que se refere ao número de indivíduos e ao graude dispersão. <strong>Espécies</strong> com maior potencialinvasor que ocorrem em pequenas populações,espécies de fácil erradicação e indivíduosisola<strong>do</strong>s de espécies com alto potencial invasorainda sem expressão de invasão são prioridades.O estabelecimento de espécies exóticasinvasoras em ambientes naturais parece serfortemente favoreci<strong>do</strong> por uma maiordegradação e/ou impactos diretos sofri<strong>do</strong>s naárea de ocorrência. Por conseguinte, essas áreassão as me<strong>no</strong>s prioritárias para controle imediatose não há recursos para implementar todas asações ao mesmo tempo. Por outro la<strong>do</strong>, devemser alvo de manejo e monitoramento constantes,visan<strong>do</strong> a detecção precoce de processos deinvasão e ação imediata nesses casos.Estratégias de manejo eficientes necessitamde critérios objetivos para se definiremprioridades (Rejmánek e Pitcairn, 2003). Apriorização <strong>do</strong> controle por local de ocorrênciaou por espécie, por exemplo, tem por objetivomaximizar as oportunidades de erradicaçãoprecoce de espécies com potencial invasor eotimizar esforços de mo<strong>do</strong> a cobrir o máximo deárea, assim como áreas de alta importânciabiológica, <strong>no</strong> tempo mais curto possível.O processo de priorização pode sercomplica<strong>do</strong> parcialmente porque podem serconsidera<strong>do</strong>s muitos fatores para a suaconsolidação. Wittenberg e Cock (2001) sugeremque esses fatores sejam agrupa<strong>do</strong>s em 4categorias ou critérios, a saber:1. Extensão da distribuição das espécies naárea-alvo ou em áreas próximas.2. Impactos atuais e potenciais das espécies.3. Relevância ambiental <strong>do</strong>s hábitats/áreasque as espécies estão invadin<strong>do</strong> ou que possamvir a invadir.4. Dificuldade de controle.Os critérios são igualmente importantes, masé necessário ressaltar que o critério 1 (extensãoda distribuição) deve ser especialmenteconsidera<strong>do</strong>, pois, a longo prazo, é usualmentemais eficiente destinar recursos para prevenir<strong>no</strong>vos problemas ou erradicar invasões aindaincipientes <strong>do</strong> que para controlar invasões degrandes extensões (Wittenberg e Cock, 2001).Podem ser estabelecidas classes em cada um<strong>do</strong>s critérios, com valores propostos para cadaum <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s ou situações encontra<strong>do</strong>s. Segue,abaixo, um exemplo desse sistema para o critério“extensão da distribuição da espécie na área-alvoou em áreas próximas”:Classe Descrição Valor atribuí<strong>do</strong>1Espécie com alto potencial invasor na região, que ainda não estána área-alvo, mas em áreas próximas.12Espécie presente na área-alvo ainda em pequenas populações,mas que está começan<strong>do</strong> a se expandir rapidamente.23Espécie presente na área-alvo em muitos pontos e que continuaa expandir sua distribuição.3Consideran<strong>do</strong> somente o critério descritoacima, as espécies mais prioritárias seriam asque estivessem na classe 1, de mo<strong>do</strong> a primeiroprevenir o estabelecimento de <strong>no</strong>vas invasorasna área, seguidas por aquelas que se enquadramna classe 2, visan<strong>do</strong> eliminar peque<strong>no</strong>s focos de80


invasão, e por aquelas da classe 3, com o objetivode reduzir ou conter ou eliminar grandesinfestações.Sugere-se que o mesmo raciocínio sejaa<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> para os outros critérios, de mo<strong>do</strong> queseja formada uma matriz ou um sistema simplesde priorização. O resulta<strong>do</strong> final obti<strong>do</strong> pelasoma <strong>do</strong>s valores e compara<strong>do</strong> com uma gradede referência pode estabelecer quais são as árease as espécies mais e me<strong>no</strong>s prioritárias paramanejo.Estratégias de manejoSão reconhecidas hierarquicamente 3estratégias para manejo de espécies exóticas quejá têm populações estabelecidas em uma dadaárea: erradicação; contenção e controle; emitigação de impacto. Segue, abaixo, a descrição<strong>do</strong>s objetivos de cada estratégia e a ordem deprioridade em programas de manejo:Prioridade Estratégias de manejo Objetivos1 ErradicaçãoAssegurar que nenhum indivíduo da espécie-alvo existirá aofinal <strong>do</strong> programa.2 Controle e contençãoApesar de alguns indivíduos ainda estarem presentes, osmesmos deverão estar em baixa densidade e/ou em me<strong>no</strong>rnúmero, e/ou com sua distribuição contida.3 Mitigação de impactoMinimizar a severidade <strong>do</strong>s impactos que uma espécieexótica invasora está causan<strong>do</strong>, mais <strong>do</strong> que manejarpopulações da espécie. São ações de curto-prazo e é váli<strong>do</strong>para casos extremos de perda de espécies.A. ErradicaçãoÉ a estratégia mais desejável e mais efetiva,por proporcionar a reabilitação completa <strong>do</strong>ecossistema ou hábitat. Entretanto, a viabilidadede um programa de erradicação deve sercuida<strong>do</strong>samente avaliada, uma vez que se esperaque, ao final da execução <strong>do</strong> programa, nãoexista mais nenhum indivíduo da espécie nempossa ocorrer uma reintrodução. Isso pode serespecialmente complica<strong>do</strong> para espécies deplantas, já que o banco de sementes podemanter-se viável ainda por muito tempo, dan<strong>do</strong>origem a <strong>no</strong>vas plantas mesmo depois que asadultas foram eliminadas. Da mesma forma paraanimais: à medida que o tempo vai passan<strong>do</strong> e aeliminação de indivíduos vai acontecen<strong>do</strong>, tornasemais difícil encontrar os últimos indivíduos deuma população, até se ter a garantia de que sechegou ao último.Sen<strong>do</strong> assim, de maneira geral, diz-se queprogramas de erradicação só são factíveisquan<strong>do</strong> as espécies não têm nenhum tipo de usona região, de mo<strong>do</strong> que não se tenha a chance dereinvasão, e em casos de invasões iniciais e emáreas geográficas isoladas. Ainda nesses casos,os custos são relativamente altos e tambémdevem ser considera<strong>do</strong>s para se determinar afactibilidade de sucesso <strong>do</strong> programa deerradicação. A maior parte <strong>do</strong>s exemplos deprogramas bem-sucedi<strong>do</strong>s de erradicação foifeita em pequenas ilhas, com espécies exóticasinvasoras de vertebra<strong>do</strong>s terrestres.B. Controle, contenção e mitigaçãoUma vez que a invasão de uma espécieexótica em uma dada área ou região é entendidacomo irreversível, as estratégias de controlepodem ser divididas em contenção ou controle81


propriamente dito. A contenção é uma formaespecífica de controle que tem como objetivorestringir a espécie exótica invasora a uma áreageográfica limitada. A população da espécie podeser suprimida por meio de diversos méto<strong>do</strong>smecânicos e químicos ao longo <strong>do</strong>s limites daárea definida. Além disso, os indivíduos queporventura estejam se dispersan<strong>do</strong> para foradessa área devem ser elimina<strong>do</strong>s, e <strong>no</strong>vasintroduções fora da área-alvo devem serprevenidas.Já o controle propriamente dito promove aredução e manutenção da densidade e daabundância da espécie-alvo abaixo de um limiteaceitável, com o objetivo de diminuir osimpactos em um nível tolerável. Nessaestratégia, tem-se como hipótese que asupressão de alguns indivíduos ou de umapopulação da espécie exótica invasora reduzirásua competitividade e, em condições ótimas,espécies nativas podem recuperar seu espaço esubstituir as invasoras.Definir esse limite de manutenção da espéciepode não ser muito fácil, mas deve ser feito antes<strong>do</strong> início da execução <strong>do</strong> programa de controle,sempre ten<strong>do</strong> como base indica<strong>do</strong>resrelaciona<strong>do</strong>s ao seu objetivo final de manejo. Olimite aceitável pode ser medi<strong>do</strong> pelo nível deimpacto sobre o ecossistema invadi<strong>do</strong>, poden<strong>do</strong>ser expresso em termos de distribuição ou dedensidade ou de uma combinação de ambas ascaracterísticas das espécies exóticas invasoraspresentes.Se nenhuma das 3 alternativas de manejopuderem ser utilizadas (erradicação, contenção econtrole), a última opção é tentar mitigar oimpacto provoca<strong>do</strong> pela espécie exótica invasorasobre espécies nativas e ecossistemas. Aestratégia significa encontrar a melhor forma dese conviver com as espécies introduzidas e podeser implementada por meio de ações de manejopontuais e de curto prazo, que são válidas paracasos extremos de perda de espécies. Pode serexemplificada por reintroduções de espéciesnativas e/ou temporadas de pesca de peixesexóticos invasores que tenham elimina<strong>do</strong> porcompleto todas as espécies nativas de um da<strong>do</strong>rio.Uma vez que a estratégia e as prioridades demanejo foram definidas, deve-se partir para aidentificação <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de controle a seremutiliza<strong>do</strong>s e para a determinação <strong>do</strong>s parâmetrosde monitoramento e repasse a serem aplica<strong>do</strong>s.A partir daí, a execução das ações de erradicaçãoe controle não devem ser postergadas.É fundamental que programas de erradicaçãoe controle sejam implementa<strong>do</strong>s comoatividades emergenciais e que entrem na rotinade manejo de áreas como as Unidades deConservação, mesmo naquelas que não tenhamseus pla<strong>no</strong>s de manejo elabora<strong>do</strong>s ou paraaquelas nas quais os pla<strong>no</strong>s de ação não façamparte <strong>do</strong>s pla<strong>no</strong>s de manejo. Quanto mais otempo passa, mais os processos de invasãotendem a se acentuar, tanto em densidade deindivíduos quanto em extensão, e maiores são asdificuldades e os custos para a solução <strong>do</strong>sproblemas.No caso de Unidades de Conservação, muitos<strong>do</strong>s problemas encontra<strong>do</strong>s, como falta derecursos financeiros, podem ser resolvi<strong>do</strong>s pormeio de soluções simples, como o treinamento eo envolvimento das comunidades locais e <strong>do</strong>sconselhos em atividades práticas voluntárias.Para tanto, é fundamental que os gestores sejamcapacita<strong>do</strong>s para trabalhar com o tema, de mo<strong>do</strong>que tenham base teórica e conhecimento práticopara aplicar <strong>no</strong> campo.Conflitos gera<strong>do</strong>s a partir de interesses emprodução e necessidades de conservação devem82


ser encara<strong>do</strong>s de maneira construtiva, buscan<strong>do</strong>sea conservação <strong>do</strong> ambiente e asustentabilidade <strong>do</strong>s sistemas produtivos. Nesseaspecto, os gover<strong>no</strong>s têm um papel crucial pararegulamentar as atividades produtivas eassegurar sua compatibilidade com aconservação da capacidade produtiva <strong>do</strong>secossistemas, <strong>do</strong>s recursos naturais e dabiodiversidade (Shine et al., 2000; Wittenberg eCock, 2001; Ziller et al., 2007).83


9.A construção de uma estratégia estadualO problema das espécies exóticas invasorasexige o envolvimento e a convergência deesforços de diferentes órgãos <strong>do</strong>s gover<strong>no</strong>sfederal, estadual e municipal, além <strong>do</strong> setorempresarial, das instituições de pesquisa e dasorganizações não governamentais (ONGs). Paraarticular esses setores sociais e promover açõesde prevenção de invasões biológicas e mitigaçãode impactos negativos das espécies exóticasinvasoras já instaladas, é necessária a construçãode uma estratégia sólida e eficaz de gover<strong>no</strong>.Uma estratégia de gover<strong>no</strong> também é umaimportante ferramenta para internalização eimplementação <strong>no</strong> País <strong>do</strong> art. 8(h) daConvenção sobre Diversidade Biológica e dasdeterminações das Decisões V/8, VI/23 e IX/4das Conferências das Partes, da CDB.Em 2009, a Câmara Técnica Permanentesobre <strong>Espécies</strong> <strong>Exóticas</strong> <strong>Invasoras</strong> da ComissãoNacional de Biodiversidade aprovou a EstratégiaNacional sobre <strong>Espécies</strong> <strong>Exóticas</strong> <strong>Invasoras</strong>, quefoi publicada por meio da Resolução Conabio nº5, de 21 de outubro de 2009. A estratégia temcomo objetivos prevenir e mitigar os impactosnegativos de espécies exóticas invasoras sobre apopulação humana, a eco<strong>no</strong>mia e o meioambiente por meio <strong>do</strong> planejamento e daexecução de ações de prevenção, erradicação,contenção ou controle de espécies exóticasinvasoras, com a articulação entre os órgãos <strong>do</strong>sgover<strong>no</strong>s federal, estadual e municipal e asociedade civil, incluin<strong>do</strong> a cooperaçãointernacional.Trata-se, atualmente, <strong>do</strong> principalinstrumento para orientar as diferentes esferas<strong>do</strong> gover<strong>no</strong> <strong>no</strong> trato das questões relativas àsespécies exóticas invasoras. Além dela, existemao me<strong>no</strong>s 3 publicações disponíveisgratuitamente que cobrem, de forma ampla eprecisa, como devem ser estruturadasestratégias governamentais e políticas públicaspara frear o avanço de espécies exóticasinvasoras e mitigar impactos de invasõesbiológicas. São elas: o Modelo para oDesenvolvimento de uma Estratégia Nacionalpara <strong>Espécies</strong> <strong>Exóticas</strong> <strong>Invasoras</strong> (Ziller et al.,2007), o Manual de Melhores Práticas paraPrevenção e Manejo de <strong>Espécies</strong> <strong>Exóticas</strong><strong>Invasoras</strong> (Wittenberg e Cock, 2001) e o Guiapara o Desenvolvimento de EstruturasInstitucionais e Legais sobre <strong>Espécies</strong> <strong>Exóticas</strong><strong>Invasoras</strong> (Shine et al., 2000), todas elaboradaspelo Gisp (www.gisp.org).Os objetivos maiores de uma estratégiagovernamental para espécies exóticas invasorasdevem ser:(1) Prevenir a entrada de <strong>no</strong>vos organismospotencialmente perigosos (tanto por meio deintroduções intencionais legais ou ilegais quantode introduções acidentais, via água de lastro denavios, por exemplo).(2) Criar um programa permanente decontrole e manejo de espécies exóticas invasorasjá estabelecidas e também das recém-detectadas,com destaque para as Unidades de Conservação.(3) Desenvolver programas e atividades deeducação, informação e sensibilização públicas.(4) Criar um arcabouço legal que <strong>no</strong>rmatizeas ações propostas <strong>no</strong>s mais diversos níveis,incluin<strong>do</strong> a regulamentação de atividades84


econômicas baseadas <strong>no</strong> cultivo, na produçãoe/ou na comercialização de espécies exóticasinvasoras.(5) Desenvolver capacidade técnica eestrutura institucional necessárias aoplanejamento e à implementação das ações.9.1.Os primeiros passosO desenvolvimento das ações acimapropostas requer uma abordagem ampla esistêmica, de mo<strong>do</strong> que é essencial a composiçãode um Comitê Estadual de Gestão representa<strong>do</strong>pelas áreas de meio ambiente, agricultura,transporte, saúde e educação da esferagovernamental, bem como por representantesda sociedade civil que possam aportarconhecimento especializa<strong>do</strong>. Esse comitê deveter auto<strong>no</strong>mia para definir prioridades e gerir aimplementação de ações e tem porresponsabilidade abordar, coordenar e uniresforços de maneira integrada e condizente coma realidade institucional de cada integrante,operan<strong>do</strong> com foco na proteção da diversidadebiológica.Paralelamente, recomenda-se um diagnósticodetalha<strong>do</strong> das espécies exóticas invasoras <strong>do</strong>esta<strong>do</strong> para facilitar o estabelecimento deprioridades de prevenção e mitigação. Éimportante identificar também as espéciespresentes <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> que têm potencial paraentrar <strong>no</strong> esta<strong>do</strong> e causar prejuízos. No banco deda<strong>do</strong>s de espécies exóticas invasoras <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>,estão disponíveis informações sobre as espéciesregistradas <strong>no</strong> País e suas ocorrênciasconhecidas, deven<strong>do</strong> ser a referênciafundamental, porém com complementação deda<strong>do</strong>s levanta<strong>do</strong>s <strong>no</strong> esta<strong>do</strong>(http://www.institutohorus.org.br).A composição de uma lista de referência parao Esta<strong>do</strong> pode ser feita através da validação, porespecialistas, das informações já registradas <strong>no</strong>banco de da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>. A complementaçãodessas informações, tanto por meio de consultasa gestores públicos nas áreas de meio ambiente,agricultura e saúde quanto por aportes degestores de Unidades de Conservação e detécnicos de extensão rural, é igualmenteimportante.A existência de uma lista oficial de espéciesexóticas invasoras e o conhecimento daspossíveis ameaças presentes em esta<strong>do</strong>s e paísesvizinhos é fundamental para o estabelecimentode prioridades e para permitir a tomada dedecisões para ações de prevenção, controle emonitoramento dessas espécies.9.2.Os componentes de uma estratégia de gover<strong>no</strong>Conforme já disposto, entende-se que osprincipais componentes de uma estratégiagovernamental sejam: (1) prevenção, detecçãoprecoce e resposta rápida; (2) mitigação emonitoramento; (3) informação e sensibilização85


pública; (4) base legal e estrutura institucional; e(5) capacitação técnica.Prevenção, detecção precoce e respostarápidaAs ações para prevenção devem serplanejadas de maneira a contemplar fiscalizaçãoe controle em áreas de fronteiras (aviões, navios,carregamentos, trânsito através de fronteirassecas, entre outros), com sistemas efetivos deinspeção contra introduções acidentais e ilegais;análise de risco e estratégias de controle emonitoramento para introduções e cultivoslegais; e medidas preventivas traduzidas empráticas de manejo de espécies exóticasinvasoras utilizadas em sistemas de cultivo.A operacionalização desses componentes visaimpedir introduções ilegais de espécies, escapede cultivos e processos de invasão a partir deintroduções legais. Caso ocorra a introdução deespécies indesejadas, é importante utilizarsistemas de detecção precoce para viabilizar suaeliminação imediata <strong>no</strong> momento em que aindaexiste maior viabilidade e me<strong>no</strong>r custo.Mitigação e monitoramentoMitigação e monitoramento referem-se aosméto<strong>do</strong>s e às ações de erradicação, contenção oucontrole de espécies exóticas invasoras que jáestão estabelecidas num determina<strong>do</strong> território.As técnicas aplicadas devem ser seguras para osseres huma<strong>no</strong>s, o meio ambiente e a agricultura,bem como aceitáveis eticamente pelosinteressa<strong>do</strong>s nas áreas afetadas.Deve-se, prioritariamente, avaliar apossibilidade de erradicação das espéciesexóticas invasoras. Quan<strong>do</strong> essa opção não forexequível, devem-se a<strong>do</strong>tar técnicas decontenção (limitação da propagação) e/oucontrole (redução <strong>do</strong>s da<strong>no</strong>s e <strong>do</strong> número depopulações e espécies).Um programa oficial de controle deve aplicarseprincipalmente às áreas públicas (Unidadesde Conservação, por exemplo) e por meio deparcerias com o setor priva<strong>do</strong> e de marcos legaisespecíficos. Deve cobrir também propriedadesparticulares em áreas de alta relevância eprioritárias para a conservação dabiodiversidade e de serviços ecossistêmicos.Deve ainda estimular a implementação de açõesde controle e manejo por meio de campanhaspúblicas, proven<strong>do</strong> informações, subsídios eextensão rural para o controle de espéciesexóticas invasoras, e monitorar as populações deespécies exóticas invasoras, com avaliaçãopermanente <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s das ações e, quan<strong>do</strong>necessário, com propostas de ajustes ao manejoemprega<strong>do</strong>.Informação e sensibilização públicaUma parte importante da prevenção àintrodução de espécies exóticas invasoras estána educação, informação e sensibilizaçãopública. A maioria das pessoas não temconhecimento sobre quais são as espéciesexóticas invasoras e os impactos causa<strong>do</strong>s emprocessos de invasões biológicas. A falta deconhecimento sobre o tema faz com que,frequentemente, pessoas contribuaminvoluntariamente para a dispersão dessasespécies por meio de práticas cotidianas, como ajardinagem e a soltura de animais <strong>do</strong>mésticosem áreas naturais. O próprio Poder Público temsuas dificuldades com os animais recolhi<strong>do</strong>s emcentros de triagem ou com iniciativas derestauração ou reposição de peixes em rios comespécies totalmente inadequadas, de forma que otema precisa ser mais bem-posto publicamente.86


O entendimento da sociedade sobre adiferenciação entre espécies exóticas invasoras eespécies nativas, assim como sobre o potencialde utilização das nativas, é fundamental para queatividades de prevenção e controle possamprosperar em to<strong>do</strong>s os níveis.Assim, recomenda-se, por exemplo,incorporar o tema invasões biológicas <strong>no</strong>scurrículos escolares e profissionais, bem comoinformar o público em geral sobre a temáticarelativa às espécies exóticas invasoras, o que sãoe quais os problemas e impactos causa<strong>do</strong>s aoambiente, à saúde humana e animal e àeco<strong>no</strong>mia e de que forma as pessoas podemcontribuir para a mitigação <strong>do</strong>s problemas etópicos decorrentes. São indica<strong>do</strong>s, também, arealização de campanhas na mídia, o apoio apublicação de livros, folhetos e cartilhas e oincentivo à geração e divulgação deconhecimento científico <strong>no</strong> tema. Esse últimoponto é especialmente importante para acontínua atualização <strong>do</strong> sistema de informaçãosobre espécies exóticas invasoras <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.Base legal e estrutura institucionalAlém da Estratégia Nacional sobre <strong>Espécies</strong><strong>Exóticas</strong> <strong>Invasoras</strong> (Resolução Conabio nº 5, de21 de outubro de 2009), já existem, na legislaçãofederal brasileira, instrumentos referentes aespécies exóticas, tais como a Lei <strong>do</strong> SistemaNacional de Unidades de Conservação (Lei nº9.985/00) e a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº9.605/98), que devem ser usadas comoreferência para o trabalho na esfera estadual(Anexo 1).A elaboração de marcos legais estaduais sefaz necessária para regulamentar questõesespecíficas, como, por exemplo, questõestécnicas e sanções administrativas para o cultivoe a criação de espécies exóticas invasoras; paraprojetos de restauração e recuperação de áreasdegradadas e reservas legais; para controle emUnidades de Conservação; e para o uso deespécies em zonas de amortecimento emUnidades de Conservação de uso sustentável,entre outros fins. Exemplos de instrumentoslegais já cria<strong>do</strong>s por esta<strong>do</strong>s como o Paraná e oEspírito Santo estão disponíveis como referência<strong>no</strong> Anexo 1.Muito relevante é a delegação de autoridade aagências ambientais que vão tratar das questõesrelacionadas a espécies exóticas invasoras e acriação de base legal para respaldar o trabalho,assim como o compromisso institucional formalcom o tema. Essa estrutura institucional precisaser reforçada com capacitação técnica para queas ações possam ser implementadas.Capacitação técnicaOs esforços de capacitação devem estardireciona<strong>do</strong>s aos distintos públicos quenecessitam melhorar sua capacidade técnica <strong>no</strong>tema invasões biológicas, como gerentes deUnidades de Conservação, agentes defiscalização, agentes de inspeção de fronteiras(nacionais e internacionais), portos e aeroportos,representantes <strong>do</strong> Ministério Público, comitêstécnicos atuan<strong>do</strong> em temas de biodiversidade,professores de to<strong>do</strong>s os níveis, organizações nãogovernamentais, profissionais de instituições deensi<strong>no</strong> e outros.87


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Anexo 1Legislação Federal <strong>Brasil</strong>eira Acerca de <strong>Espécies</strong> <strong>Exóticas</strong> <strong>Invasoras</strong>1. A Convenção sobre Diversidade Biológica, da qual o <strong>Brasil</strong> é signatário, Decreto nº2519/88 e Decreto Legislativo nº 02/94, que, em seu art. 8h, roga: “Impedir que seintroduzam, controlem ou erradiquem espécies exóticas que ameacem os ecossistemas,hábitats ou as espécies”. Ressalte-se que as duas últimas convenções tiveram como temacentral a problemática de espécies exóticas invasoras e que o Ministério <strong>do</strong> Meio Ambiente<strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> hospe<strong>do</strong>u um workshop para a América Latina em outubro de 2001 em parceriacom o Programa Global de <strong>Espécies</strong> <strong>Invasoras</strong> (Gisp), reconhecen<strong>do</strong> a relevância <strong>do</strong> temapara o País.2. A Política Nacional de Biodiversidade, Decreto nº 4.339, de 22 de agosto de 2002,publica<strong>do</strong> <strong>no</strong> Diário Oficial da União de 23 de agosto 2002. Um <strong>do</strong>s princípios básicosressalta que “A política nacional de biodiversidade reger-se-á pelas seguintes diretrizes: ‘IV.é vital prever, prevenir e combater na origem as causas da sensível redução ou perda dediversidade biológica’.Do componente I, referente ao Conhecimento da Biodiversidade, citamos o item 10.1.8:‘Inventariar e mapear as espécies exóticas invasoras e as espécies-problema, bem como osecossistemas em que foram introduzidas para <strong>no</strong>rtear estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s impactos gera<strong>do</strong>s e açõesde controle’. Ainda dentro <strong>do</strong> mesmo componente, temos o item 10.3.6: ‘Promover e apoiarpesquisas para subsidiar a prevenção, erradicação e o controle de espécies exóticasinvasoras e espécies-problema que ameacem a biodiversidade, as atividades de agricultura,a pecuária, silvicultura e aquicultura e a saúde humana.’”Do componente II, referente à Conservação da Biodiversidade, vale citar o item 11.1.13:“Promover a prevenção, a erradicação e o controle de espécies exóticas invasoras quepossam afetar a biodiversidade”.Do componente IV, referente a Monitoramento, Avaliação, Prevenção e Mitigação deImpactos sobre a Biodiversidade, citamos os itens 13.2.6: “Apoiar a realização de análises derisco e estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s impactos da introdução de espécies exóticas potencialmente invasoras,espécies potencialmente problema e outras que ameacem a biodiversidade, as atividadeseconômicas e a saúde da população; e a criação e implementação de medidas de controle”; eo item 13.2.7: “Promover e aperfeiçoar ações de prevenção, controle e erradicação deespécies exóticas invasoras e de espécies-problema”.Do componente VII, referente ao Fortalecimento Jurídico e Institucional para a Gestão daBiodiversidade, citamos o item 16.5.2: “Promover a implementação de acor<strong>do</strong>s econvenções internacionais relaciona<strong>do</strong>s com a gestão da biodiversidade, com atençãoespecial para a Convenção sobre Diversidade Biológica e seus programas e suas iniciativas”.3. A Lei de Crimes Ambientais, nº 9.605/98, <strong>no</strong>s seus arts. 31 e 61, respectivamente, dispõeo que é crime ambiental: “Introduzir espécime animal <strong>no</strong> País sem parecer técnico-oficialfavorável e licença expedida por autoridade ambiental competente” e “disseminar <strong>do</strong>ençaou praga ou espécies que possam causar da<strong>no</strong> à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ouaos ecossistemas”. A pena é de reclusão de um a 4 a<strong>no</strong>s, e multa.4. O Decreto Federal nº 3.179, de 21 de setembro de 1999, em seu art. 45, prevê multa de R$5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 2.000.000,00 (<strong>do</strong>is milhões de reais) para o crime descrito <strong>no</strong>art. 61 da Lei nº 9.605/98.97


5. A Lei nº 9.985/2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação,restringe, em seu art. 31, a introdução de espécies exóticas invasoras em determina<strong>do</strong>sespaços geográficos de proteção especial.6. A alínea a, § 2º, inciso V <strong>do</strong> art. 1º da Lei Federal nº 4.771/65, de 15 de setembro de 1965(Código Florestal), considera de interesse social as atividades imprescindíveis à proteção daintegridade da vegetação nativa, e menciona, dentre elas, a erradicação de invasoras.7. A Resolução Conama nº 369, de 28 de março de 2006, em seu art. 2º, inciso II, alínea a,reitera as disposições da Lei nº 4.771/65 ao considerar de interesse social a erradicação deespécies exóticas invasoras quan<strong>do</strong> se mostrar necessária a sua a<strong>do</strong>ção para assegurar aproteção da integridade da vegetação nativa.8. A Lei Federal nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006, que dispõe sobre a utilização eproteção da vegetação nativa <strong>do</strong> Bioma Mata Atlântica, em seu art. 3º, inciso VIII, alínea a,considera de interesse social as atividades imprescindíveis à proteção da integridade davegetação nativa e, dentre essas, a erradicação de espécies exóticas invasoras.9. A Instrução Normativa Ibama nº 179, de 25 de junho de 2008, que define as diretrizes e osprocedimentos para a destinação <strong>do</strong>s animais da fauna silvestre nativa e exóticaapreendi<strong>do</strong>s, resgata<strong>do</strong>s ou entregues espontaneamente às autoridades competentes, dizque:Artigo 3º. Os espécimes da fauna silvestre deverão ser destina<strong>do</strong>s de acor<strong>do</strong> com os critériosdesta IN para:I - Retor<strong>no</strong> imediato à natureza.II – Cativeiro.III - Programas de soltura (reintrodução, revigoramento ou experimentação).IV - Instituições de pesquisa ou didáticas.§ 1º - O espécime da fauna silvestre exótica não poderá, sob hipótese alguma, ser destina<strong>do</strong>para o retor<strong>no</strong> imediato à natureza ou a soltura.Artigo 16. O espécime com comprova<strong>do</strong> potencial de causar da<strong>no</strong>s à saúde pública,agricultura, pecuária, fauna, flora ou aos ecossistemas poderá ser submeti<strong>do</strong> ao óbito, desdeque previamente avalia<strong>do</strong> pela comissão de avaliação da Supes.10. O Decreto Federal nº 6.514, de 22 de julho de 2008, que dispõe sobre as infrações esanções administrativas ao meio ambiente, estabelece o processo administrativo federalpara apuração destas infrações e dá outras providências, determina:Artigo 25. Introduzir espécime animal silvestre, nativo ou exótico, <strong>no</strong> País ou fora de suaárea de distribuição natural, sem parecer técnico-oficial favorável e licença expedida pelaautoridade ambiental competente, quan<strong>do</strong> exigível:Multa de R$ 2.000,00 (<strong>do</strong>is mil reais), com acréscimo por exemplar excedente de:I - R$ 200,00 (duzentos reais), por indivíduo de espécie não constante em listas oficiais deespécies em risco ou ameaçadas de extinção.II - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por indivíduo de espécie constante de listas oficiais defauna brasileira ameaçada de extinção, inclusive da Cites.§ 1º Entende-se por introdução de espécime animal <strong>no</strong> País, além <strong>do</strong> ato de ingresso nasfronteiras nacionais, a guarda e manutenção continuada a qualquer tempo.§ 2º Incorre as mesmas penas quem reintroduz na natureza espécime da fauna silvestre semparecer técnico-oficial favorável e licença expedida pela autoridade ambiental competente,quan<strong>do</strong> exigível.Artigo 38. Importar ou exportar quaisquer espécies aquáticas, em qualquer estágio dedesenvolvimento, bem como introduzir espécies nativas, exóticas ou não autóctones em98


águas jurisdicionais brasileiras sem autorização ou licença <strong>do</strong> órgão competente ou emdesacor<strong>do</strong> com a obtida:Multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), com acréscimo deR$ 20,00 (vinte reais) por quilo ou fração <strong>do</strong> produto da pescaria ou por espécime, quan<strong>do</strong>se tratar de espécies aquáticas, oriundas de produto de pesca para ornamentação.§ 1º Incorre a mesma multa quem introduzir espécies nativas ou exóticas em águasjurisdicionais brasileiras sem autorização <strong>do</strong> órgão competente, ou em desacor<strong>do</strong> com aobtida.§ 2º A multa de que trata o caput será aplicada em <strong>do</strong>bro se houver da<strong>no</strong> ou destruição derecife de coral.Artigo 61. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possamresultar em da<strong>no</strong>s à saúde humana ou que provoquem a mortandade de animais ou adestruição significativa da biodiversidade:Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais).Parágrafo único. As multas e demais penalidades de que trata o caput serão aplicadas apóslau<strong>do</strong> técnico elabora<strong>do</strong> pelo órgão ambiental competente, identifican<strong>do</strong> a dimensão <strong>do</strong>da<strong>no</strong> decorrente da infração e em conformidade com a gradação <strong>do</strong> impacto.Artigo 67. Disseminar <strong>do</strong>ença ou praga ou espécies que possam causar da<strong>no</strong> à agricultura, àpecuária, à biodiversidade, à fauna, à flora ou aos ecossistemas:Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais).Artigo 84. Introduzir em unidade de conservação espécies alóctones:Multa de R$ 2.000,00 (<strong>do</strong>is mil reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais).Legislação estadual – ParanáPortaria nº 192, de 02 de dezembro de 2005 – Normatiza o processo de eliminação econtrole de espécies vegetais exóticas invasoras em Unidades de Conservação de proteçãointegral sob administração <strong>do</strong> IAP.Portaria nº 121, de 10 de julho de 2007 – Regulamenta o corte de espécies florestaisexóticas em perímetro urba<strong>no</strong>.Portaria nº 096, de 22 de maio de 2007 – Isenta a matéria-prima florestal exótica daobrigatoriedade de reposição florestal, da prévia aprovação para exploração e transporte.Portaria nº 095, de 22 de maio de 2007 – Reconhece a Lista Oficial de <strong>Espécies</strong> <strong>Exóticas</strong><strong>Invasoras</strong> para o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná e estabelece <strong>no</strong>rmas de controle.Legislação Estadual – Espírito SantoInstrução <strong>no</strong>rmativa nº 03, de 05 de fevereiro de 2007 - Normatiza o processo de eliminaçãoe controle de espécies vegetais exóticas invasoras em Unidades de Conservação sobadministração <strong>do</strong> Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema).99


iria Rejane de AlmeidaMichele de Sá DechoumSílvia Ziller<strong>Espécies</strong> <strong>Exóticas</strong> <strong>Invasoras</strong><strong>no</strong> <strong>Nordeste</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>Contextualização, Manejo e PolíticasAPOIO:100

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