criação de animais de estimação, que juntosrepresentam cerca de 40% das introduçõesintencionais.Alguns <strong>do</strong>s casos mais graves de invasãobiológica <strong>no</strong> <strong>Nordeste</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> sãoconsequências de introduções voluntárias. Umcaso emblemático é o <strong>do</strong> tucunaré (Cichlaocellaris) e da tilápia (Oreochromis niloticus) emrios, lagos e açudes, o que certamente resultouem diversas extinções locais de espécies, comperda de biodiversidade em escala regional(Rosa e Groth, 2004). Essas introduções foramintensificadas por programas de gover<strong>no</strong> que,por meio <strong>do</strong> Departamento de Obras Contra aSeca (D<strong>no</strong>cs), <strong>do</strong> Ministério da IntegraçãoNacional, levaram à introdução de 42 espécies depeixes e crustáceos em aproximadamente 100reservatórios de água <strong>do</strong>ce <strong>no</strong> <strong>Nordeste</strong> (Gurgele Fernan<strong>do</strong>, 1994; Reaser et al., 2005).No ambiente marinho-costeiro,diferentemente da tendência geral, a maior partedas introduções ocorre de mo<strong>do</strong> acidental. Osmaiores vetores de introdução involuntária <strong>no</strong>ambiente marinho-costeiro são as águas delastro e a incrustação em cascos de embarcaçõesque atracam <strong>no</strong>s portos (Gisp, 2005; Farrapeiraet al., 2007), sobretu<strong>do</strong> navios com rotasinternacionais. Em Pernambuco, por exemplo,pelo me<strong>no</strong>s 12 espécies exóticas de animaismarinhos foram encontradas <strong>no</strong>s cascos denavios que atracaram <strong>no</strong> porto <strong>do</strong> Recife, ealgumas foram reconhecidas como invasoras(Farrapeira et al., 2007). Por meio dessa mesmavia, foi introduzida, na zona estuarina <strong>do</strong> Recife,a espécie exótica Mytilopsis leucophaeta (sururubranco),que tem a capacidade de formarcolônias com alta densidade de indivíduos,inclusive sobre colônias <strong>do</strong> sururu nativo (Souzaet al., 2005; JRB de Souza, comunicação pessoal).Em um <strong>do</strong>s casos mais conheci<strong>do</strong>s de invasãobiológica <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, a <strong>do</strong> mexilhão-<strong>do</strong>ura<strong>do</strong>(Lim<strong>no</strong>perna fortunei), a introdução involuntáriaocorreu via água de lastro de navios (Gisp,2005). O mexilhão-<strong>do</strong>ura<strong>do</strong> é nativo <strong>do</strong> sudesteasiático e foi detecta<strong>do</strong> pela primeira vez naAmérica <strong>do</strong> Sul em 1991, <strong>no</strong> Rio da Prata, naArgentina. A partir daí, estima-se que em 10a<strong>no</strong>s a espécie tenha se desloca<strong>do</strong> cerca de 2.400km aderida a cascos de embarcações e a outrasestruturas e equipamentos de navegação, pescae mergulho, bem como através da extração e <strong>do</strong>transporte de areia das margens <strong>do</strong>s rios.No trecho brasileiro <strong>do</strong> Rio Paraná, omexilhão-<strong>do</strong>ura<strong>do</strong> foi detecta<strong>do</strong> pela primeiravez na Usina Hidrelétrica de Itaipu, em abril de2001, e hoje já se encontra <strong>no</strong> Pantanal matogrossense.A espécie atinge densidadespopulacionais de até 150 mil indivíduos pormetro quadra<strong>do</strong>, que resultam em incrustaçõesmassivas e obstrução de tubulações e filtros deágua de estações de tratamento, indústrias eusinas hidrelétricas, causan<strong>do</strong> graves perdaseconômicas (Gisp, 2005). A Usina Hidrelétrica deItaipu sofreu grandes prejuízos com o mexilhão<strong>do</strong>ura<strong>do</strong>,assim como o Departamento Municipalde Águas e Esgotos de Porto Alegre/RS.Impactos similares também ocorreram emecossistemas terrestres com a introdução deespécies de plantas. Na Caatinga da Paraíba, porexemplo, há estu<strong>do</strong>s que mostram que a invasãoda algaroba (Prosopis juliflora) provoca perda debiodiversidade (Andrade et al., 2008) e podereduzir a disponibilidade de água. Segun<strong>do</strong>Andrade et al. (2008), a invasão por essa espéciediminui drasticamente a riqueza de árvores earbustos nativos e compromete a regeneraçãonatural da vegetação nativa. A espécie éclassificada, na África <strong>do</strong> Sul, como a segunda11
espécie exótica invasora que mais consome águae, portanto, prioritária para controle <strong>no</strong> país.A disseminação das espécies exóticasinvasoras vem causan<strong>do</strong> grandes da<strong>no</strong>seconômicos (Gisp, 2005). Uma estimativa feitaem 2005 mostrou que as espécies exóticasinvasoras custam aos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s mais de120 bilhões de dólares por a<strong>no</strong> (Pimentel et al.,2005). Em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, as perdas naagricultura são estimadas em até 248 bilhões dedólares por a<strong>no</strong> (Bright, 1999).No <strong>Brasil</strong>, apesar de ainda haverrelativamente pouca informação disponívelsobre o assunto, as perdas agrícolas anuaisrelacionadas a algas, ácaros e plantas exóticasinvasoras em lavouras estão em tor<strong>no</strong> de 42,6bilhões de dólares (Pimentel et al., 2001). Essenúmero tende a subestimar a gravidade <strong>do</strong>problema, pois não estão computa<strong>do</strong>s impactosambientais, extinção de espécies, perda deserviços ambientais, custos de prevenção econtrole e custos deriva<strong>do</strong>s de problemas desaúde humana. Para se ter uma ideia, em 2002 oMinistério da Saúde gastou 1 bilhão de reais <strong>no</strong>programa de controle da dengue, <strong>do</strong>s quais 85%foram emprega<strong>do</strong>s na vigilância e <strong>no</strong> controle <strong>do</strong>mosquito (Braga e Valle, 2007).Custos origina<strong>do</strong>s por espécies exóticasinvasoras podem ser claramente observa<strong>do</strong>squan<strong>do</strong> produtos específicos são afeta<strong>do</strong>s. Aprodução <strong>do</strong> algodão (Gossypium sp.), porexemplo, cultiva<strong>do</strong> em vários esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>,vem decrescen<strong>do</strong> <strong>no</strong>s últimos 15 a<strong>no</strong>s em váriaspartes, principalmente devi<strong>do</strong> à invasão <strong>do</strong>bicu<strong>do</strong>-<strong>do</strong>-algo<strong>do</strong>eiro (Antho<strong>no</strong>mus grandis)(Reaser et al., 2005). Esse besouro foi detecta<strong>do</strong>pela primeira vez em 1983 <strong>no</strong>s esta<strong>do</strong>s de SãoPaulo e da Paraíba, a partir de onde a suadispersão para a maioria das áreas produtorasfoi incrivelmente rápida. Em me<strong>no</strong>s de 10 a<strong>no</strong>s,to<strong>do</strong>s os esta<strong>do</strong>s brasileiros produtores dealgodão já estavam invadi<strong>do</strong>s (Lukefahr et al.,1994).<strong>Espécies</strong> exóticas invasoras também causamimpactos aos ecossistemas, uma vez quemodificam os ciclos ecológicos naturais, afetan<strong>do</strong>os serviços por eles presta<strong>do</strong>s. A algaroba(Prosopis juliflora), introduzida na Caatinga,12
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Referências BibliográficasAGOSTIN
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5. A Lei nº 9.985/2000, que instit
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